Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO a) PUBLICIZAÇÃO DO PROCESSO: o processo precisa ser público, não importa o objeto do litígio. b) A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO: as regras processuais somente podem ser interpretadas de forma a não colidirem com o texto constitucional. c) JÚRI: é um direito fundamental e de cláusula pétrea (não pode ser suprimido pela Constituição). Por certos crimes, o brasileiro tem o direito de ser julgado por seus pares, por um grupo de jurados leigos. Princípios que regem o júri: Plenitude de defesa; sigilo das votações; soberania dos veredictos; competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. d) PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: não haverá juízo ou tribunal de exceção. Garantia do juiz constitucionalmente competente. e) DEVIDO PROCESSO LEGAL: Deriva do due process of law anglo-saxão, que teve sua origem na Magna Carta (1215). - Art. LIV: “Ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. - Substantivo: constitui limite ao Poder Legislativo, no sentido de que as leis devem ser elaboradas com justiça, dotadas de razoabilidade e racionalidade. - Processual: garante às pessoas um procedimento judicial justo, com direito de defesa. Consiste na somatória de direitos constitucionais aplicados ao processo: contraditório, ampla defesa, juiz natural, proibição de provas ilícitas, imparcialidade do juiz, etc. f) CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: Art. 5º, LV. - Sua violação gera nulidade absoluta, portanto, insanável. - A parte tem o direito de ser comunicada de todos os atos processuais, em tempo hábil para que possa responder. - Possibilidade de utilização de todos os meios legítimos e legais para que se possa defender de todas as alegações contrárias e de refutar decisões judiciais adversas. 1 g) PROIBIÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS: Art. 5º, LVI “São inadmissíveis no processo, as provas obtidas por meio ilícito”. Se uma prova fere norma constitucional ou fere norma legal, será prova ilícita. - A introdução de prova ilícita não gera nulidade. A consequência é o desentranhamento (retirada dos autos). - Teoria do fruto da árvore envenenada: tudo o que nasce de uma prova ilícita, também será ilícito. - Não se trata de direito absoluto, porque se admite prova ilícita para beneficiar o réu. Isto porque estaremos diante de dois direitos fundamentais, dentre as quais a liberdade do réu prevalece. h) PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: art. 5º, LVII - “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. - Súmula 444: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena base. Por isso, inquéritos e processos em andamento não podem configurar maus antecedentes, como afirma o STJ. - Esse princípio não impede as prisões cautelares. ➔ Relativização da presunção de inocência e a polêmica decisão do STF: Em outubro de 2016, o STF decidiu que o princípio da presunção de inocência não impede o início da execução da pena após a condenação em segunda instância. ➔ O STF substituiu uma regra aparentemente absoluta por uma regra mais ponderada: a) em regra, iniciará a execução da pena privativa de liberdade b) presentes os requisitos legais, ao recorrer para instância superior, poderá ser concedido efeito suspensivo a esse recurso, aguardando o réu em liberdade. ➔ A solução deve ser no caso concreto, de modo a sopesar os princípios conflitantes e de modo a não sacrificar demasiadamente nenhum dos dois princípios. i) IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL: art. 5º, LVIII - “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. - o constituinte considerou esse procedimento vexatório, motivo pelo qual, proibiu o Estado de fazê-lo, em regra, salvo nas hipóteses previstas na lei infraconstitucional. - hipóteses de restrição desse direito fundamental: 1 - documento apresentar rasura ou ter indício de falsificação; 2- constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; 2 3- estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilitar a completa identificação dos caracteres essenciais. j) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: Art. 5º, LIX - “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”. ex: crimes contra a honra (calúnia, injúria, difamação). - Ou seja, se o MP não ajuizar a ação penal dentro do prazo legal, poderá a vítima fazê-lo (através de queixa crime subsidiária). - a vítima tem o prazo de 6 meses a contar a inércia do MP. Findo esse prazo, a vítima não poderá mais processar o autor do crime. k) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS: todos os atos serão públicos e todas as decisões devem ser motivadas, fundamentadas. Art. 5º, LX: “LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Art. 93, IX: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. Regra: Publicidade Exceção: Segredo de justiça Art. 189, CPC: Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; 3 IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. → MOTIVAÇÃO: Tem 3 escopos 1) ordem subjetiva: amenizar o inconformismo da parte litigante sucumbente, mostrando-lhe os argumentos pelos quais se chegou ao provimento jurisdicional. 2) ordem técnica: garante ao interessado a possibilidade de interpor recurso adequados; enriquece e uniformiza a jurisprudência; e possibilita o controle vertical das decisões. 3) ordem pública: qualquer pessoa do povo poderá controlar a legalidade da decisão, a imparcialidade do juiz, enfim, a justiça do julgamento. L) ERRO JUDICIÁRIO: LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; M) DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO: LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. N) Princípio da RESERVA DE JURISDIÇÃO : é um termo usado para dizer que determinadas violações a direitos individuais está reservada apenas à jurisdição, ou seja, para determinados assuntos exige-se uma decisão judicial. Tradicionalmente temos a inviolabilidade do domicílio, interceptação telefônica e a prisão. → PRINCÍPIOS E REGRAS PENAIS: A) Reserva legal penal: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; B) Exigibilidade da lei escrita C) Exigibilidade da lei no sentido estrito D) Princípio da anterioridade E) Princípio da proibição de analogia 4 F) Princípio da taxatividade G) Retroatividade penal benéfica - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; H) Crimes graves: XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitose liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; I) Aplicação da pena: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; 5 d) de banimento; e) cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; J) Execução da pena: XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; → EXTRADIÇÃO: É o envio de uma pessoa para outro país, para que seja processada ou cumpra a pena. LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; → REGRAS SOBRE A PRISÃO: LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 6 LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 1. HABEAS CORPUS → CONCEITO A expressão "Habeas Corpus" significa "apresente o corpo". É o que chamam de remédio constitucional. Em outras palavras, complementando: é uma garantia constitucional que tutela a liberdade de locomoção do homem. Preceitua o art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal que: “Conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". Art. 647 do CPP: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. → Rol taxativo do que é coação ilegal está no art. 648, CPP. OBS: No H.C não existe fase de instrução probatória. As provas devem ser apresentadas imediatamente. → habeas corpus é recurso? *Importante: o CPP enquadra o HC como um recurso, entretanto, o HC não é considerado um recurso! Isso porque a utilização de recursos pressupõe uma decisão não transitada em julgado, e o remédio constitucional em questão pode ser impetrado a qualquer momento, ainda que esgotadas todas as instâncias. Além disso ele pode ser impetrado tanto contra 7 uma decisão judicial, quanto contra um ato administrativo, bastando que haja a ameaça ou a violência ao direito de ir e vir de determinada pessoa. Então, não é recurso, mas sim uma ação constitucional. Isso porque nem sempre será cabível contra uma decisão judicial. Pode ser impetrado contra ato de um delegado de polícia ou até mesmo de um particular. O HC é uma verdadeira ação penal popular, porque pode ser impetrado por qualquer pessoa do povo. Observação: aquele que limita a liberdade de locomoção da pessoa, não necessariamente é pertencente ao poder público! → ANTECEDENTES HISTÓRICOS ➔ Origem: Magna Carta, 1215. Embora, não estivesse expresso em seu texto, que previa a liberdade de locomoção. (Primeira formulação escrita). ➔ No Brasil: habeas corpus no Decreto de 1821, de D. Pedro I, que previa o direito à liberdade, mas não fazia menção nenhuma ao habeas corpus. ➔ Constituição de 1824: não fazia menção ao HC, mas previa o direito à liberdade. Também proibia a prisão de alguém sem culpa formada. ➔ o HC foi formalmente criado pelo Código de Processo Criminal de 1832. Ou seja, no Brasil o HC não surgiu como ação constitucional, mas como uma ação infraconstitucional para tutela de liberdade de locomoção. TEORIA BRASILEIRA DO HC NA CONSTITUIÇÃO DE 1891: ➔ A Constituição de 1891 praticamente redigida na íntegra por Ruy Barbosa, elevou o HC a valor de garantia constitucional, pois não falava em liberdade de locomoção, de modo que a ação passou a proteger todo e qualquer direito ameaçado ou violentado por ilegalidade e abuso de poder. ➔ Essa teoria é o tratamento diferenciado dado ao Habeas Corpus pela Constituição de 1891, através do qual a ação constitucional tutelava quaisquer direitos, e não apenas a liberdade de locomoção. ➔ habeas corpus da fome → impetrado na comarca de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX (Constituição de 1891). O governo estadual, com as finanças arruinadas, atrasou vários meses o pagamento do funcionalismo; e também não pagou os fornecedores de alimentação dos presos na cadeia. Estes (presos) 8 impetraram um habeas corpus e o juiz os mandou soltar. Assim muitos casos foram surgindo de habeas corpus contra omissões ou ações governamentais. ➔ Lembrete: na época não havia o Mandado de segurança → motivo pelo qual o HC fazia as suas vezes. ➔ Na época era a posição majoritária, no Brasil. O FIM DA TEORIA: ➔ A aplicação da Teoria Brasileira restringiu-se ao período de vigência da Constituição de 1891, nem chegando ao seu final. ➔ o HC foi limitado na reforma constitucional de 1926, somente para proteger a liberdade de locomoção e o abuso contra a prisão ilegal, ficando os direitos pessoais sem amparo legal. CONSTITUIÇÃO DE 1934 → Encontramos sua previsão no art. 113, n. 23 - “Dar-se-á o Habeas Corpus sempre que alguém sofrer, ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade, por ilegalidade ou abuso de poder. ➔ Na 3º constitucional brasileira o HC limitava-se a tutelar a liberdade de locomoção. CONSTITUIÇÃO DE 1937 (Polaca - outorgada por Getúlio Vargas) → Suprimiu o mandado de segurança (criado na CF de 1934), mas previu o Habeas Corpus: “Dar-se-á Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal, na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”. CONSTITUIÇÃO DE 1946 → Art. 141, §23 - HC sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdadede locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Nas transgressões disciplinares não cabe o HC. CONSTITUIÇÃO DE 1967 → Art. 150, §20 - sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. OU SEJA, após o fim da Teoria Brasileira do HC, em todas as Constituições subsequentes, o HC estava previsto como ação destinada a tutelar a liberdade de locomoção. 9 RETROCESSO DO HC - AI-5 DE 1968: Emitido pelo Regime Militar - Uma das consequências foi ter atingido a garantia do habeas corpus. Art. 10: “Fica suspensa a garantia do habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular”. → Encerrado o regime militar, a atual CF dispõe: LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. → EXCLUSIVO DO PROCESSO PENAL? Não. Será cabível sempre que estiver em risco a liberdade de locomoção. → Será cabível na Prisão Civil; Na Justiça do Trabalho → Observação: Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais. →DIREITO TUTELADO: Liberdade de locomoção (direito de ir e vir e ficar ou liberdade ambulatória). → Não caberá para pleitear direito à indenização; para obter documentos; para obter restituição de coisas apreendidas; para discutir questão relativa à guarda de filhos; para atacar decisão de impeachment, etc. → PESSOAS DO HABEAS CORPUS Paciente → é aquele que sofre ou está na iminência de sofrer violência ou coação ilegais em sua liberdade de locomoção. Só pode ser pessoa física (Necessariamente é pessoa humana, não pode ser PJ ou animais). O bem jurídico tutelado pelo HC é a liberdade corporal, própria das pessoas naturais. Impetrante → é quem informa o Judiciário de que o impetrado violou ou ameaçou violar o direito de locomoção do paciente e requer o HC. Pode ser pessoa física ou jurídica. ➔ Qualquer pessoa, sem a necessidade de ser ou ter advogado. ➔ Desnecessidade de procuração: é hipótese de legitimação extraordinária ou de substituição processual. 10 ➔ Observação: questiona-se a necessidade de procuração para a interposição do Recurso Ordinário contra eventual decisão que indefere o HC (O STJ decidiu que “a capacidade postulatória é requisito de admissibilidade do recurso ordinário em habeas corpus interposto por advogado, somente pode ser dispensada na hipótese em que o leigo impetra o HC”) ➔ Pode ser impetrado por: - Analfabeto → A rigor com assinatura de terceiro na petição inicial - Réu foragido → Não é necessário o recolhimento do sujeito. O paciente não precisa apresentar-se para interpor a ação. - Estrangeiro, desde que em língua portuguesa → Respeito ao princípio da publicidade do processo - Habeas Corpus apócrifo → Não se admite, segundo a jurisprudência, HC apócrifo (sem assinatura). - Adolescente ➔ Não será julgado se houver expressa discordância do paciente. ➔ Pessoa jurídica como impetrante: Pode ser impetrante do HC, desde que ele seja impetrado em favor da pessoa física (a pessoa jurídica não pode ser paciente do HC). ➔ Pode ser impetrado em favor de direito próprio ou de terceiro. Em favor de terceiro, não é necessário procuração. **A diferenciação entre impetrante e paciente é muito importante, pois ressalta que o pedido de habeas corpus não necessariamente é realizado por aquele que sofre a violência ou direito de locomoção. Isso porque, geralmente, quem está preso, seja em penitenciárias ou, até mesmo em cárcere privado, dificilmente vai conseguir informar o judiciário sobre a violação ao direito de locomoção. Impetrado ou Autoridade Coatora → é o agente coator (pode ser pessoa física ou jurídica) que, com ou sem violência, tolhe a liberdade ambulatória do paciente; é aquele contra quem é pedida a ordem de habeas corpus. ➔ REGRA: Será autoridade pública. Assim, cabe HC contra o delegado de polícia. 11 ➔ Admite-se também HC contra membro do Ministério Público. ➔ Embora não seja tão comum, é cabível contra ato de particular. ex: - Ato de presbítero que impede fiel de participar de culto religioso. - Internação de paciente contra a sua vontade. - O STJ já admitiu HC contra ato de síndico no condomínio. Detentor ou Carcerário → é aquele que detém preso o paciente, podendo ser o coator ou outra pessoa a serviço dele. **Aqui cabe a observação de que o carcerário ou detentor não correspondem à pessoa que exerce o cargo de carcereiro na prisão, pois, não necessariamente a pessoa estará presa em estabelecimento prisional, como por exemplo, nos crimes de cárcere privado. → PECULIARIDADES - Pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica; - Não há necessidade do paciente outorgar procuração ao impetrante; - Possui forma livre → Existe o clássico exemplo do preso que redigiu o habeas corpus em um rolo de papel higiênico. - O juiz não poderá impetrar "habeas corpus" em decorrência de sua função, a não ser que seja o paciente da ação; - Art. 654, § 2º do Código de Processo Penal: "os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de 'habeas corpus', quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal". - ENTRETANTO: Se o juiz conceder a ordem de ofício, deverá submeter sua decisão ao exame da instância superior (art. 574, inciso I, do CPP). - Impetrado o "habeas corpus", poderá o Tribunal ou juiz solicitar informações sobre a coação. Obtidas as informações, o remédio deverá ser apreciado em 24 horas. Na 12 primeira instância o Ministério Público não se manifesta sobre o writ, porém na segunda instância o Procurador deve se manifestar no prazo de dois dias. → COMPETÊNCIA A) COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA: - Art. 102, inciso I, alínea "c", CF: O Supremo Tribunal Federal será competente originariamente para julgar o "habeas corpus" quando o paciente for o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o Procurador Geral da República, os Ministros de Estado, os Comandantes da Marinha, do Exército, e da Aeronáutica; os membros dos Tribunais Superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. - Art. 102, inciso I, alínea "i", CF: O STF também terá competência originária "quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância." - Art. 105, inciso I, alínea "c", CF: o "habeas corpus" deverá ser endereçado ao Superior Tribunal de Justiça quando o paciente for Governador, Desembargador, membros do Tribunal de Contas dos Estados e do Distrito Federal, membros dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de contas do Município ou membros do Ministério Público da União que oficiem perante os Tribunais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. - Art. 105, inciso I, alínea "c", CF: Será ainda competente originariamente o STJ "quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral" - Art. 108, inciso I, alínea "d", CF: O "habeas corpus" deverá ser impetrado ao Tribunal Regional Federal quando a autoridade coatora for Juiz Federal. - Art. 109, inciso VII, CF: aos juízes federais compete processar e julgar os 'habeas-corpus', em matéria criminal de sua competência ou quando o 13 constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição. - O "habeas corpus" será impetrado no Tribunal Militar Estadual quando a coação partir de qualquer autoridade militar estaduale se referir a processo de competência da Justiça Militar Estadual. Na inexistência deste Tribunal, o Tribunal de Justiça será competente para julgar a ação. - Se a autoridade coatora for autoridade militar federal e se relacionar com crime cujo processo seja da competência da justiça Militar Federal, o remédio constitucional será impetrado perante o Superior Tribunal Militar. - Salienta-se que, no estado de São Paulo, quando o constrangimento referir-se à prisão civil, a competência será da Seção Civil do Tribunal de Justiça. Nos demais casos, o writ será impetrada perante o Juiz de Direito. Ademais, segundo a Súmula 690, do STF, compete a ele o julgamento de "habeas corpus" contra decisão de Turma Recursal de Juizados Especiais Criminais. B) COMPETÊNCIA RECURSAL: - Se a ordem impetrada perante o juiz singular for denegada, o interessado poderá interpor recurso em sentido estrito, conforme disposto no art. 581, X, do CPP (tal recurso depende de capacidade postulatória); ou impetrar outro "habeas corpus" diretamente no Tribunal competente. - Já se a ordem for denegada por Juiz Eleitoral, o interessado poderá apenas interpor o recurso em sentido estrito, com fundamento no art. 581, X, do CPP (art, 364 do Código Eleitoral). Entretanto, se a denegação partir do Tribunal Regional Eleitoral, poderá ser interposto recurso ordinário-eleitoral, no prazo de três dias, para o Tribunal Superior Eleitoral, com fulcro no art. 276, II, "b" e § 1º do Código Eleitoral; cabendo também ao interessado impetrar outro writ no TSE. - Frisa-se que, quando o Tribunal competente houver denegado a concessão da ordem requerida através de recurso, ou quando a ordem for negada diretamente, entende-se que o interessado poderá substituir o recurso ordinário pelo "habeas corpus", que será impetrado no STJ ou STF, conforme o caso. - Em contrapartida, na Justiça Militar todos os "habeas corpus" serão interpostos nos órgãos de 2º grau. Se o pedido for denegado caberá 14 recurso ordinário constitucional ao STJ, se a denegação partir do Tribunal Estadual; ou ao STF, se denegada a ordem pelo STM. → CLASSIFICAÇÃO O habeas corpus pode ser: 1. Preventivo: é aquele impetrado quando há ameaça de violação ao direito de locomoção do paciente. Neste caso, o pedido é de salvo-conduto, que visa impedir a prisão ou detenção pelos motivos que ensejaram a impetração do remédio. Exemplos: ● Para reconhecimento do direito ao silêncio. ● Para evitar novas prisões pela prática reiteirada de prostituição, que não é crime. ● Para evitar intimação de índio, fazendo-o deslocar da reserva indígena. É vedada pela CF a remoção dos indígenas de suas terras.. ● Para evitar futura prisão em decorrência de eventual condenação em 2ª instância. ex: foi o que fez o ex Presidente Lula. → Deve decorrer de fatos concretos e não apenas de um temor injustificável do paciente. Quando houver fundado receio de o paciente ser preso ilegalmente. → JULGADO PROCEDENTE: será concedido o salvo-conduto (uma decisão que determina que, por aquela razão, o indivíduo não poderá ser privado de sua liberdade). 2. Repressivo: é aquele impetrado quando o paciente já sofreu violação ao seu direito de locomoção. Ocorre um ato constrangedor que viola direta ou indiretamente a liberdade de locomoção. O pedido pode ser para: - que se expeça alvará de soltura (quando o paciente já está preso); - que se expeça contramandado de prisão (quando o paciente tem ordem de prisão contra ele, mas ainda não está preso); - que o juiz dê valor de fiança para oportunizar seu pagamento e consequente soltura do paciente. ● Já existe um ato 15 ● Constrangimento pode ser: A) DIRETO: já existe uma prisão ou uma ordem de prisão B) INDIRETO: já existe um inquérito policial irregular, ou um processo irregular, que poderão redundar na restrição à liberdade de locomoção. → JULGADO PROCEDENTE: - Paciente já preso: é possível a concessão do alvará de soltura; - Não esteja preso, mas haja um mandado de prisão contra ele: contramandado de prisão; - Caso de irregularidade: trancamento da ação penal ou do inquérito policial. (Esse trancamento é medida excepcional que só deve ser aplicada quando indiscutível a ausência de justa causa ou quando há flagrante de ilegalidade demonstrada). Assim, tal remédio extraordinário é cabível quando houver constrangimento ilegal ao direito de locomoção das pessoas, por violência ou coação, ou ainda quando houver iminência desse constrangimento. → FUNDAMENTOS O fundamento do HC quando impetrado será baseado em algum dos incisos do art. 648, do CPP (que é quando a coação é considerada ilegal): I - quando não houver justa causa: em sentido estrito, não haverá justa causa quando o fato imputado ao agente não estiver previsto em lei, ou quando houver alguma excludente de ilicitude ou excludente de culpabilidade e escusa absolutória. Assim, não haverá justa causa quando a lei não prever sanção para o ato ou quando o fato não preencher os requisitos determinados pela lei; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: tal dispositivo refere-se aos casos de prisão provisória (prisão em flagrante, preventiva e temporária). Ultrapassado o prazo para a realização dos atos processuais, por se tratar de prisão cautelar, considera-se que há coação ilegal em decorrência do excesso de lapso temporal, cabendo assim a concessão do writ . III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo: tal inciso refere-se somente às hipóteses de prisão temporária e preventiva decretadas durante o inquérito 16 policial, já que se decretadas durante o processo por juiz incompetente haverá nulidade "ab initio" do processo, e o "habeas corpus" será impetrado com fundamento no inciso VI deste artigo. Importante dizer que, em relação à prisão em flagrante não há o que se falar em incompetência, já que é decretada pela autoridade policial, que não é dotada de competência; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: quando desaparecer o motivo que ensejou a prisão, a sua manutenção torna-se ilegal; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza: os crimes afiançáveis são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa dois anos. Caberá "habeas corpus" também quando a fiança for arbitrada com valor excessivamente elevado; VI - quando o processo for manifestamente nulo: quando houver irregularidades no processo penal haverá constrangimento ao réu, já que, segundo a Carta Magna, "ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV). As hipóteses de nulidades encontram-se no rol do art. 564, do CPP; VII - quando extinta a punibilidade: quando o Estado perde o seu direito de punir, a imposição de sanção penal torna-se ilegal. As causas extintivas da punibilidade estão previstas no art. 107, do Código Penal (rol não taxativo). 17 → PETIÇÃO INICIAL A petição inicial do habeas corpus deverá conter (art. 654, § 1º do CPP): a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. É possível o pedido liminar no HC, desde que haja o fumus boni juris (fumaça do bom direito: deve haver prova cabal de que o paciente teve seu direito de locomoção violado) e o periculum in mora (perigo da demora: deve demonstrar o perigo do paciente ter seu direito de locomoção cerceado ou de continuar preso injustamente, se o caso, até que haja um provimento jurisdicional). → PROCEDIMENTO O procedimento do habeas corpus está disciplinado entre os artigos 647 a 667, do Código de Processo Penal: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar naiminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; 18 VII - quando extinta a punibilidade. Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus: I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição; II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia. § 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição. § 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal. Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela. Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação. Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade. Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. § 1o A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. 19 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art101ig § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as multas. Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo. Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo: I - grave enfermidade do paciente; Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção; III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal. Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença. Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso. Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas. § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão. § 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento. 20 § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial. § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. § 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo. § 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal. Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição. Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito. Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte. Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento. Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine. Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária. Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias 21 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art289.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art654 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art289. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art289. de habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal estabelecer as regras complementares. Resumidamente: → habeas corpus - coletivo Ex: presos de um determinado presídio; presas que preencham determinadas características, etc. → Admite-se, atualmente, o HC coletivo, desde que os pacientes sejam identificados ou identificáveis. Isso evitará a multiplicação de processos desnecessariamente. → Quem tem legitimidade para propor? Segundo o STF por analogia, aplica-se o conteúdo da Lei do Mandado de Injunção, que admite a modalidade coletiva. Segundo o STF, a legitimidade do HC Coletivo deve se basear no Art. 12 da Lei n. 13.300/2016: a) Ministério Público b) Defensoria Pública c) Partido político com representação no Congresso Nacional 22 d) Organização Sindical e) Entidade de classe f) Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano. →jurisprudência a) AUSÊNCIA DO RISCO DE PRISÃO: SÚMULA 693 STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. → Ou seja, se não há risco de prisão no final do processo, não será possível a impetração do HC, já que inexiste risco a liberdade de locomoção. SÚMULA 695 STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. b) HC contra decisão que decreta quebra de sigilo: É idôneo o HC se destina a fazer prova em procedimento penal. No entanto, cabe HC quando estiver em jogo qualquer constrangimento à liberdade física. c) Contra punições disciplinares militares: Art. 142, § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, exceto para análise de pressupostos de legalidade, excluída a apreciação de questões referentes ao mérito. Também é cabível habeas corpus contra punição disciplinar militar imposta por autoridade incompetente. d) Competência: A competência para julgar HC será para a autoridade judiciária que esteja acima da autoridade coatora. Exemplo: - AUTORIDADE COATORA: Delegado → Caberá HC para o juiz (federal ou estadual). - HC contra turma recursal → competência do Tribunal de Justiça do Estado ou TRF ➔ “Não cabe para o Plenário, impetração de HC contra decisão colegiada de qualquer das Turmas. 23 ➔ SÚMULA 606, STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. ➔ Assim, quando uma Turma ou uma Câmara do Tribunal nega HC, deverá ser impetrado outro HC (ou mais propriamente um recurso ordinário constitucional) contra o Tribunal, para o Tribunal que esteja acima. → DEMAIS OBSERVAÇÕES 1. A concessão da ordem a um dos impetrantes estende-se aos demais que estejam na mesma situação, conforme analogia ao art. 580 do CPP. Além disso, o pedido de "habeas corpus" poderá ser reiterado em 1º ou 2º grau, no STJ ou STF, desde que baseado em novos documentos ou argumentos. 2. De acordo com o art. 650, § 1º, do CPP, "não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal". 3. Habeas corpus é uma ação gratuita, não havendo o pagamento de custas → art. 5º, LXXVII, CF: LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. 2. MANDADO DE SEGURANÇA (Lei n. 12.016/2009) ● Origem → constituição de 1934. O mandado de segurança surgiu da restrição do habeas corpus, que, no início era utilizado para além de restrição da liberdade de locomoção (doutrina brasileira do habeas corpus). 3 pessoas relacionadas a idéia de mandado de segurança: 1. Alberto Torres (1914) → deputado; 2. Luiz Barreto (1922) → Ministro do STF propôs que fosse criado instituto semelhante ao mandado de garantia, em Amparo no México, com procedimento mais sumário; 24 3. Herculano de Freitas → deputado, apresenta os primeiros elementos, inicia os debates em relação ao instrumento que foi, mais tarde chamado de mandado de segurança. Primeiros projetos: - Mandado de proteção ou de restauração (deputado Gudesteu Pires); - Mandado de reintegração, de manutenção e proibitório (triplex) - (deputado Afrânio de Melo Franco); - Ação de manutenção (deputado Matos Peixoto); - Ordem de garantia (deputado Odilon Braga) - Até chegar no nome mandado de Segurança (constituinte João Mangabeira) - 1934, já com a possibilidade de liminar. ORIGEM: ➔ Na Constituição de 1934, com a respectiva regulamentação em 1936 (Lei n. 191). ➔ Revogação Constituição de 1934, permanecendo apenas como direito infraconstitucional, no Decreto-lei n. 6/37: não cabia mandado de segurança contra atos do Presidente da República, dos Ministros do Estado, Governadores e Interventores → Ditadura instalada. ● Tipologia do Mandado de segurança: - Repressivo: violência já ocorreu, envolvendo abuso de poder ou ilegalidade, por omissão ou ato do poder público; - Preventivo: violência está prestes a ocorrer; ● Natureza jurídica: constitucional e civil (utiliza-se o CPC subsidiariamente); A Constituição de 1934 é a primeira Constituição social, de modo que o Estado produzirá legislação que exigirá dele mesmo um tratamento protetivo em relação a alguns grupos hipossuficientes na relação econômica-social (negros, pessoas com deficiência, mulheres etc.). Os direitos são ofendidos por um ato comissivo ou omissivo, devendo o coator ser do poder público, ou que exerce uma função pública. Por exemplo, o professor é pessoa física, mas exerce função pública (educação), ainda que em instituição particular, portanto poderá haver mandado de segurança contra ele. Quando o Estado deve agir (tem obrigação de fazer) e não o faz, poderá ser impetrado mandado de segurança. ● Elementos básicos do Mandado de Segurança (art. 5º, LXIX): 25 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; - caráter remanescente e residual: qualquer outro direito que não seja abrangido pelo habeas corpus ou habeas data, desde que líquido e certo. ● Legislação → lei 12.016/2009 ● Objeto → direito líquido e certo: ➔ Direito líquido e certo = aquele que pode ser demonstrado de plano, por prova documental (ou seja, pode ser demonstrado na inicial, independentemente de dilação probatória). - Direto líquido: direito que devidamente comprovado depende somente de interpretação do juiz em relação a regra jurídica pertinente. Não podendo este alegar complexidade jurídica. Ou seja, é aquele que pode ser exercido no momento de impetração do mandado de segurança. Quer dizer que quando eu entro com mandado de segurança, eu já tenho o direito de exercer, pois já existem os requisitos. Tem a ver com a exequibilidade, com a possibilidade de exercer o direito, não dependendo de nada pra que esse direito seja realizado. - Direito certo: quer dizer que o direito é incontestável. Relacionado com a comprovação da existência do direito. Exige provas inequívocas. Então, se no caso concreto necessita de produção de provas para exercer o direito, o mandado de segurança já está excluído, até porque, não há fase probatória. No mandado de segurança deve se provar, já nos documentos juntados que: 1. O direito existe; 2. O direitoé exequível; ➔ Visa garantir uma obrigação negativa do Estado para com o cidadão, com base no princípio da legalidade. ➔ Jurisprudência: o Mandado de Segurança (MS) por possuir rito sumaríssimo, não comporta dilação probatória. ➔ Não cabe contra lei em tese, pois esta não lesa, por si só, direito individual. Seria necessário que ela se converta em ato concreto para ensejar a impetração. SÚMULA 266 STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese”. ● Legislação pertinente → Lei nº 12.016/2009. 26 → LEGITIMIDADE ● Legitimidade ativa: Pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira. O impetrante deve comparecer em juízo devidamente representado por advogado (exige-se capacidade postulatória da parte como pressuposto processual). Apenas advogados, promotores, ou procurador podem impetrar, do aspecto operacional. O impetrante é aquele que tem o interesse. Então, podem impetrar mandado de segurança, toda pessoa física ou jurídica, desde que representadas por alguém que possua o jus postulandi. No caso da pessoa jurídica, deve ser analisado se ela possui direito. Por exemplo, uma pessoa jurídica não poderia pedir por liberdade de expressão. Também pode impetrar mandado de segurança qualquer universalidade de bens (por exemplo, espólio) e órgãos públicos que possuam individualidades bem caracterizadas (ex. Ministério Público ou Mesa da Assembleia Legislativa). Ressalta-se que os órgãos públicos despersonalizados só podem agir e ser legitimados se SOMENTE DENTRO DE SUA ÁREA DE COMPETÊNCIA FUNCIONAL, EM DEFESA DE SUAS ATRIBUIÇÕES E DE SUAS GARANTIAS INSTITUCIONAIS. ● Legitimidade passiva: É uma pessoa física → autoridade coatora e qual órgão ela pertence (já que só pode ser do poder público ou com funções públicas). No caso de pessoa física que exerce função pública (por exemplo: professor), a instituição pela qual ela presta serviços poderá ser chamada para integrar litisconsórcio. ➔ Parte da doutrina entende que deve ser considerada como legitimada no polo passivo de direito público a PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO a cujos quadros pertencem à autoridade coatora. ➔ Parte da doutrina entende que o MS não é proposto contra a pessoa jurídica de direito público, mas contra a autoridade coatora. 27 → QUEM É A AUTORIDADE COATORA? ➔ Todo agente público, servidor público ou particular em colaboração com o Estado, desde que praticando ato típico de entidade estatal, que tem o poder de fazer cessar a execução ou inexecução do ato ilegal. ➔ Lei n. 12.016/2009: Manda dar ciência em todos os casos ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica representada, que para esse fim específico, passa a ter poderes para receber citação. Assim, A PESSOA JURÍDICA É LITISCONSORTE. ➔ A AUTORIDADE COATORA SEMPRE SERÁ PARTE NA CAUSA. Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. § 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. § 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. AUTORIDADE COATORA X MERO EXECUTOR MATERIAL DO ATO Autoridade: quem concreta e especificamente tem o poder sobre a situação jurídica do impetrante. Mero executor do ato: apenas obedece a autoridade. → COATOR: Autoridade superior que pratica ou ordena concreta e especificamente a execução ou inexecução do ato impugnado e responde pelas suas consequências administrativas. ➔ Nos órgãos colegiados considera-se coator o Presidente que subscreve o ato impugnado e responde pela sua execução. ➔ Nos atos complexos, coator é a última autoridade que neles intervêm. 28 → PRAZO DE IMPETRAÇÃO: É prazo considerado decadencial. Significa que uma vez violado o direito, o impetrante tomando conhecimento (oficial) da ação, tem 120 dias corridos (sem possibilidade de prorrogação) para impetrar o mandado de segurança. Assim não fazendo, o direito caduca. Poderá, é claro, pleitear o exercício de seu direito, porém em ação ordinária e não mais em sede de mandado de segurança. É claro que no mandado de segurança preventivo não há que se falar em prazo decadencial, porque só flui a partir da violência ao direito. **O mandado de segurança é mais vantajoso devido ao tempo que demora para ser julgado, menor que o da ordinária. **IMPORTANTE!! → o coator deve ser pessoa física, pois a pessoa jurídica, apesar de litisconsorte não consegue coagir ninguém. → COMPETÊNCIA: Art. 102, CF: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; Competência ORIGINÁRIA: mandado de segurança das Mesas do Senado e da Câmara dos deputados, do Tribunal de Contas da União, do PGR e do STF. Ainda no artigo 102: II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus , o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; O artigo 121 ainda dispõe, em seu § 3º, que: 29 § 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Quem pode recorrer ao STF? se nos tribunais superiores for negado a ordem do mandado de segurança, todo aquele que teve a ordem negada, tem direito de interpor recurso ordinário perante o STF. Quando cabe recurso da decisão do TSE? Artigo 121, § 4º: § 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V - denegarem habeas corpus , mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. ● Liminar São necessárias duas condições: 1. Periculum in mora → prova específica para a concessão da liminar. NÃO SE CONFUNDE COM LIQUIDEZ E CERTEZA. 2. Fumus boni juris → indícios de que o impetrante é titular de um direito, não precisando se comprovar de forma indubitável. É a fumaça do bom direito que existe na situação do mandado de segurança. Mas como deve-se tratar de direito líquido e certo, ficaremos com a certeza (falta de qualquer dúvida). Por isso, o fumus boni juris se confunde com a liquidez e a certeza. Então, deve-se comprovar: - periculum in mora - liquidez - certeza ● Requisitos identificadores do mandado de segurança São quatro: 1. Ato comissivo ou omissivo → praticado por autoridade pública de uma ação legal 2. Ilegalidade ou abuso de poder → é fazer o que a lei não determina, ou fazer o quê determinado por lei, mas em excesso. 30 3. Lesão ou ameaça de lesão a um direito líquido e certo → vide observações sobre direito líquido e certo. 4. Direito não reparado por habeas corpus ou habeas data →caráter residual. ● Exceções ao mandado de segurança: Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. Parágrafo único. (VETADO) Inciso I e II → afastam o mandado de segurança quando há procedimento administrativo ou judicial com efeito suspensivo. Então o mandado de segurança não pode ser usado como substituto recursal. O mandado de segurança era usado conjuntamente com alguns recursos, como elemento recursal. Recurso é peça processual capaz de alterar decisão, seja final ou interlocutória. Agravo de instrumento → para decisão interlocutória. É interposto em segundo grau, e até que se decida lá, a decisão de primeiro grau deve continuar produzindo efeitos. Antigamente, concomitantemente ao agravo (que não tinha efeito suspensivo), era interposto mandado de segurança para que se conseguisse efeito suspensivo. Não se pode mais utilizar essa técnica porque o agravo de instrumento, agora, tem efeito suspensivo. Nada obsta combinar mandado de segurança com recurso especial ou extraordinário. ● Custas do mandado de segurança → Exige o pagamento de custas, salvo os casos de gratuidade da justiça; → Exige representação processual; procuração; → SÚMULAS Súmula nº 430/STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança. 31 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Msg/VEP-642-09.htm Súmula nº 510/STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou medida judicial. Súmula nº 631/STF: Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário. Súmula nº 632/STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança. Súmula 625/STF – Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança; Súmula 629/STF – A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes; Súmula 630/STF – A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria; Súmula 266/STF – Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese. Súmula 269/STF – O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança; Súmula 268/STF – Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado; Súmula 101/STF – O mandado de segurança não substitui a ação popular → LEGISLAÇÃO - LEI 12.016/2009 Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. § 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. 32 https://www.aurum.com.br/blog/acao-de-cobranca/ § 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. § 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. § 2º → se refere ao artigo 173 da Constituição: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Atos de gestão comerciais → são atos negociais. Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada. Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente. → tomando ciência de que o direito foi violado, o titular tem 120 dias para impetrar o mandado de segurança. O terceiro que tiver direito dependente da impetração do mandado de segurança originário, pode impetrar o mandado de segurança no mesmo dia que o titular. Entretanto, entrando com a ação, deverá o titular originário ser notificado judicialmente, e aí os 30 dias passarão a ser contados. Não havendo manifestação do titular original nesse período, o terceiro figurará como autor principal/originário do mandado de segurança. Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação. → Refere-se ao prazo de 120 dias. Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. § 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. § 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes. 33 § 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. → ICP - Brasil: autoridade certificadora da identidade virtual do sujeito por emissão de certificados digitais, dando autenticidade de assinatura digital. Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. § 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. § 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. § 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. § 4o (VETADO) § 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. § 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. → Via: é a cópia integral da tese e documentos que inauguram uma ação, ou seja, é cópia da petição inicial e todos os documentos que a acompanham, ou ainda, a contrafé com os documentos. → Contrafé: cópia fiel da peça que dá início ao processo ou de outra que venha retificar ou alterar aquela, para que o réu seja cientificado do que está sendo demandado contra sua pessoa e possa, assim, elaborar a sua defesa em tempo hábil. NÃO INTEGRA OS DOCUMENTOSQUE ACOMPANHAM A PEÇA. → Concedida liminar no mandado de segurança, tanto o coator quanto a entidade a qual ele pertence serão intimadas para que apresentem defesa. → § 1º “cumprimento da ordem” = de exibição do documento. 34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Msg/VEP-642-09.htm → § 5º Refere-se às hipóteses de extinção sem resolução de mérito (art. 485, CPC): Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código. → Como aplica-se o art. 485 do CPC, poderá a parte reimpetrar, desde que esteja dentro do prazo de 120 dias e recolha custas e demais requisitos. → Requisitos da petição inicial → segue regra do CPC, no que for cabível: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 35 VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. → Inciso II: faltando alguns desses elementos, a petição inicial não passará pelo exame de admissibilidade. → Pedido com suas especificações = por exemplo, modulação de efeitos. → Art. 6º, § 6º: → Primeiro momento após o exame de admissibilidade, o juiz vai despachar a inicial. Aqui ele tem 3 opções, que são elencadas no art. 7º: Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; → somente em 2009, com o processo eletrônico, é que o dispositivo ganhou um pouco mais de importância. Ao despachar há uma dupla notificação: a do inciso I, para o coator, e a do inciso II, para o órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada. III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. → a questão da caução é algo que ainda está sendo discutido, porque a Constituição não exige caução, de modo que uma lei não poderia exigir. Se o ato continuar até o final do processo, a violência contínua tornará ineficaz a concessão da ordem, de modo que, quando houver fumus boni juris (fundamento relevante) e periculum in mora, será concedida a liminar. 36 § 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. → cabe agravo de instrumento → lembrar que o Código de Processo Civil mencionado no dispositivo é de 1973 e está revogado. Entretanto, aplica-se o CPC de 2015!! § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. → Se desdobra em diversas consequências tributárias. § 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença. § 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. § 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. → Não se precisa ter certeza do direito para concessão de liminar, somente ter o fumus boni juris e o periculum in mora. A tutela antecipada traz o resultado final esperado antes do encerramento do processo. O artigo que corresponde ao artigo do antigo código é o artigo 294, CPC/2015. No mandado de segurança a tutela é concedida somente de maneira incidental. Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem. Indica a boa-fé e a celeridade processual que a parte impetrante deve ter, principalmente nos 3 dias após a concessão da liminar, sob pena de cassação desta. Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como 37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art273 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art461. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art461. indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. → Repete o art. 7º, com vistas à liminar. Por isso a notificação do artigo 7º é dupla, porque pode haver concessão de liminar, e havendo concessão, deverá ser informada. → Quando se indefere a inicial? Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração. § 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre. § 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator eao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa. → Dupla notificação do coator Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias. → Prazo de informações. Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias. Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei. Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 38 § 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. → O mandado de segurança pode ser recebido em duplo efeito: suspensivo e devolutivo. Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. § 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. → recurso especial ou extraordinário, em regra não possui efeito suspensivo, mas no caso de mandado de segurança, tem. Princípio da supremacia do interesse público. § 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. § 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. § 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida. § 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. → COMPETÊNCIA: Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar. (Redação dada pela Lei nº 13.676, de 2018) 39 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13676.htm#art1 Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre. A competência originária deve ser verificada no artigo 108 da Constituição Federal: Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; Análise do processo → cabe ao relator; Análise da liminar → cabe ao presidente do Tribunal respectivo. Não se enquadrando em nenhuma dessas hipóteses, será competente a Justiça Estadual. Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão. Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada. Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. § 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator. § 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. Ordem de preferência: habeas corpus, mandado de segurança, habeas data. Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 40 O prazo de 120 dias é decadencial, não se interrompe e nem se suspende, corre direto. Esgotado (o prazo), decai o direito ao mandado de segurança, tendo o interessado, dali em diante, apenas o direito de ação ordinária. Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé. Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis. → MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO É previsto em duas situações - legitimidade ativa: 1. Pessoas jurídicas impetram mandado de segurança para garantir o direito de seus membros e associados; 2. Partidos políticos para que defendam os interesses difusos da sociedade como um todo, sem haver necessidade de um mandato especial. O objetivo é que se evite demandas repetitivas. Art. 5º, LXX, CF: LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; **RESERVA DO POSSÍVEL → limitação material, ou seja, não há orçamento suficiente para se garantir certos direitos. → É dividido em 3 tipos: 1. interesses ou direitos difusos: não é possível discernir quem é o titular desse direito, é indivisível. 41 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art46 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art49 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art49 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art330 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art330 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1079.htm 2. interesses ou direitos coletivos em sentido estrito: também são de natureza indivisível, mas o titular
Compartilhar