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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS e PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - HABEAS CORPUS, MANDADO SE SEGURANÇA, HABEAS DATA, MANDADO DE INJUNÇÃO, AÇÃO POPULAR, AÇÃO CIVIL PÚBLICA (com exercícios e matéria completa!).

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO
a) PUBLICIZAÇÃO DO PROCESSO: o processo precisa ser público, não importa o
objeto do litígio.
b) A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO: as regras processuais somente
podem ser interpretadas de forma a não colidirem com o texto constitucional.
c) JÚRI: é um direito fundamental e de cláusula pétrea (não pode ser suprimido pela
Constituição). Por certos crimes, o brasileiro tem o direito de ser julgado por seus
pares, por um grupo de jurados leigos. Princípios que regem o júri: Plenitude de
defesa; sigilo das votações; soberania dos veredictos; competência para julgar os
crimes dolosos contra a vida.
d) PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: não haverá juízo ou tribunal de exceção. Garantia
do juiz constitucionalmente competente.
e) DEVIDO PROCESSO LEGAL: Deriva do due process of law anglo-saxão, que teve
sua origem na Magna Carta (1215). - Art. LIV: “Ninguém será privado de liberdade
ou de seus bens sem o devido processo legal”.
- Substantivo: constitui limite ao Poder Legislativo, no sentido de que as leis devem
ser elaboradas com justiça, dotadas de razoabilidade e racionalidade.
- Processual: garante às pessoas um procedimento judicial justo, com direito de
defesa. Consiste na somatória de direitos constitucionais aplicados ao processo:
contraditório, ampla defesa, juiz natural, proibição de provas ilícitas, imparcialidade
do juiz, etc.
f) CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: Art. 5º, LV. - Sua violação gera nulidade
absoluta, portanto, insanável.
- A parte tem o direito de ser comunicada de todos os atos processuais, em
tempo hábil para que possa responder.
- Possibilidade de utilização de todos os meios legítimos e legais para que se
possa defender de todas as alegações contrárias e de refutar decisões
judiciais adversas.
1
g) PROIBIÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS: Art. 5º, LVI “São inadmissíveis no processo, as
provas obtidas por meio ilícito”. Se uma prova fere norma constitucional ou fere
norma legal, será prova ilícita.
- A introdução de prova ilícita não gera nulidade. A consequência é o
desentranhamento (retirada dos autos).
- Teoria do fruto da árvore envenenada: tudo o que nasce de uma prova ilícita,
também será ilícito.
- Não se trata de direito absoluto, porque se admite prova ilícita para beneficiar
o réu. Isto porque estaremos diante de dois direitos fundamentais, dentre as
quais a liberdade do réu prevalece.
h) PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: art. 5º, LVII - “ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
- Súmula 444: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena base. Por isso, inquéritos e processos em
andamento não podem configurar maus antecedentes, como afirma o STJ.
- Esse princípio não impede as prisões cautelares.
➔ Relativização da presunção de inocência e a polêmica decisão do STF: Em outubro
de 2016, o STF decidiu que o princípio da presunção de inocência não impede o
início da execução da pena após a condenação em segunda instância.
➔ O STF substituiu uma regra aparentemente absoluta por uma regra mais ponderada:
a) em regra, iniciará a execução da pena privativa de liberdade
b) presentes os requisitos legais, ao recorrer para instância superior, poderá ser
concedido efeito suspensivo a esse recurso, aguardando o réu em liberdade.
➔ A solução deve ser no caso concreto, de modo a sopesar os princípios conflitantes e
de modo a não sacrificar demasiadamente nenhum dos dois princípios.
i) IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL: art. 5º, LVIII - “o civilmente identificado não será submetido
à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”.
- o constituinte considerou esse procedimento vexatório, motivo pelo qual, proibiu o
Estado de fazê-lo, em regra, salvo nas hipóteses previstas na lei infraconstitucional.
- hipóteses de restrição desse direito fundamental:
1 - documento apresentar rasura ou ter indício de falsificação;
2- constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
2
3- estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilitar a completa identificação dos caracteres
essenciais.
j) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: Art. 5º, LIX - “será admitida ação
privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”. ex: crimes
contra a honra (calúnia, injúria, difamação).
- Ou seja, se o MP não ajuizar a ação penal dentro do prazo legal, poderá a vítima
fazê-lo (através de queixa crime subsidiária).
- a vítima tem o prazo de 6 meses a contar a inércia do MP. Findo esse prazo, a vítima
não poderá mais processar o autor do crime.
k) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS: todos os
atos serão públicos e todas as decisões devem ser motivadas, fundamentadas.
Art. 5º, LX: “LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
Art. 93, IX: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais
a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação”.
Regra: Publicidade
Exceção: Segredo de justiça
Art. 189, CPC:
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
3
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir
certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo
da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
→ MOTIVAÇÃO: Tem 3 escopos
1) ordem subjetiva: amenizar o inconformismo da parte litigante sucumbente,
mostrando-lhe os argumentos pelos quais se chegou ao provimento jurisdicional.
2) ordem técnica: garante ao interessado a possibilidade de interpor recurso
adequados; enriquece e uniformiza a jurisprudência; e possibilita o controle vertical
das decisões.
3) ordem pública: qualquer pessoa do povo poderá controlar a legalidade da decisão,
a imparcialidade do juiz, enfim, a justiça do julgamento.
L) ERRO JUDICIÁRIO: LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim
como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
M) DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO: LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação.
N) Princípio da RESERVA DE JURISDIÇÃO : é um termo usado para dizer que
determinadas violações a direitos individuais está reservada apenas à jurisdição, ou seja,
para determinados assuntos exige-se uma decisão judicial. Tradicionalmente temos a
inviolabilidade do domicílio, interceptação telefônica e a prisão.
→ PRINCÍPIOS E REGRAS PENAIS:
A) Reserva legal penal: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
B) Exigibilidade da lei escrita
C) Exigibilidade da lei no sentido estrito
D) Princípio da anterioridade
E) Princípio da proibição de analogia
4
F) Princípio da taxatividade
G) Retroatividade penal benéfica - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
o réu;
H) Crimes graves:
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitose liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
I) Aplicação da pena:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
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d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
J) Execução da pena:
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;
→ EXTRADIÇÃO: É o envio de uma pessoa para outro país, para que seja processada ou
cumpra a pena.
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
→ REGRAS SOBRE A PRISÃO:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
6
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
1. HABEAS CORPUS
→ CONCEITO
A expressão "Habeas Corpus" significa "apresente o corpo". É o que chamam de remédio
constitucional. Em outras palavras, complementando: é uma garantia constitucional que
tutela a liberdade de locomoção do homem. Preceitua o art. 5º, inciso LXVIII, da
Constituição Federal que:
“Conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder".
Art. 647 do CPP:
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
→ Rol taxativo do que é coação ilegal está no art. 648, CPP.
OBS: No H.C não existe fase de instrução probatória. As provas devem ser apresentadas
imediatamente.
→ habeas corpus é recurso?
*Importante: o CPP enquadra o HC como um recurso, entretanto, o HC não é considerado
um recurso! Isso porque a utilização de recursos pressupõe uma decisão não transitada em
julgado, e o remédio constitucional em questão pode ser impetrado a qualquer momento,
ainda que esgotadas todas as instâncias. Além disso ele pode ser impetrado tanto contra
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uma decisão judicial, quanto contra um ato administrativo, bastando que haja a ameaça ou
a violência ao direito de ir e vir de determinada pessoa.
Então, não é recurso, mas sim uma ação constitucional. Isso porque nem sempre será
cabível contra uma decisão judicial. Pode ser impetrado contra ato de um delegado de
polícia ou até mesmo de um particular.
O HC é uma verdadeira ação penal popular, porque pode ser impetrado por qualquer
pessoa do povo.
Observação: aquele que limita a liberdade de locomoção da pessoa, não necessariamente
é pertencente ao poder público!
→ ANTECEDENTES HISTÓRICOS
➔ Origem: Magna Carta, 1215. Embora, não estivesse expresso em seu texto, que
previa a liberdade de locomoção. (Primeira formulação escrita).
➔ No Brasil: habeas corpus no Decreto de 1821, de D. Pedro I, que previa o direito à
liberdade, mas não fazia menção nenhuma ao habeas corpus.
➔ Constituição de 1824: não fazia menção ao HC, mas previa o direito à liberdade.
Também proibia a prisão de alguém sem culpa formada.
➔ o HC foi formalmente criado pelo Código de Processo Criminal de 1832. Ou seja, no
Brasil o HC não surgiu como ação constitucional, mas como uma ação
infraconstitucional para tutela de liberdade de locomoção.
TEORIA BRASILEIRA DO HC NA CONSTITUIÇÃO DE 1891:
➔ A Constituição de 1891 praticamente redigida na íntegra por Ruy Barbosa, elevou o
HC a valor de garantia constitucional, pois não falava em liberdade de locomoção,
de modo que a ação passou a proteger todo e qualquer direito ameaçado ou
violentado por ilegalidade e abuso de poder.
➔ Essa teoria é o tratamento diferenciado dado ao Habeas Corpus pela Constituição
de 1891, através do qual a ação constitucional tutelava quaisquer direitos, e não
apenas a liberdade de locomoção.
➔ habeas corpus da fome → impetrado na comarca de Macaé, no Estado
do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX (Constituição de
1891). O governo estadual, com as finanças arruinadas, atrasou vários
meses o pagamento do funcionalismo; e também não pagou os
fornecedores de alimentação dos presos na cadeia. Estes (presos)
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impetraram um habeas corpus e o juiz os mandou soltar. Assim muitos
casos foram surgindo de habeas corpus contra omissões ou ações
governamentais.
➔ Lembrete: na época não havia o Mandado de segurança → motivo pelo qual o HC
fazia as suas vezes.
➔ Na época era a posição majoritária, no Brasil.
O FIM DA TEORIA:
➔ A aplicação da Teoria Brasileira restringiu-se ao período de vigência da Constituição
de 1891, nem chegando ao seu final.
➔ o HC foi limitado na reforma constitucional de 1926, somente para proteger a
liberdade de locomoção e o abuso contra a prisão ilegal, ficando os direitos pessoais
sem amparo legal.
CONSTITUIÇÃO DE 1934 → Encontramos sua previsão no art. 113, n. 23 -
“Dar-se-á o Habeas Corpus sempre que alguém sofrer, ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade, por ilegalidade ou abuso de poder.
➔ Na 3º constitucional brasileira o HC limitava-se a tutelar a liberdade de locomoção.
CONSTITUIÇÃO DE 1937 (Polaca - outorgada por Getúlio Vargas) → Suprimiu o
mandado de segurança (criado na CF de 1934), mas previu o Habeas Corpus: “Dar-se-á
Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal, na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.
CONSTITUIÇÃO DE 1946 → Art. 141, §23 - HC sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdadede locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder. Nas transgressões disciplinares não cabe o HC.
CONSTITUIÇÃO DE 1967 → Art. 150, §20 - sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder”.
OU SEJA, após o fim da Teoria Brasileira do HC, em todas as Constituições subsequentes,
o HC estava previsto como ação destinada a tutelar a liberdade de locomoção.
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RETROCESSO DO HC - AI-5 DE 1968: Emitido pelo Regime Militar - Uma das
consequências foi ter atingido a garantia do habeas corpus.
Art. 10: “Fica suspensa a garantia do habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a
segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular”.
→ Encerrado o regime militar, a atual CF dispõe:
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
→ EXCLUSIVO DO PROCESSO PENAL?
Não. Será cabível sempre que estiver em risco a liberdade de locomoção.
→ Será cabível na Prisão Civil; Na Justiça do Trabalho
→ Observação: Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações
penais.
→DIREITO TUTELADO:
Liberdade de locomoção (direito de ir e vir e ficar ou liberdade ambulatória).
→ Não caberá para pleitear direito à indenização; para obter documentos; para obter
restituição de coisas apreendidas; para discutir questão relativa à guarda de filhos; para
atacar decisão de impeachment, etc.
→ PESSOAS DO HABEAS CORPUS
Paciente → é aquele que sofre ou está na iminência de sofrer violência ou coação ilegais
em sua liberdade de locomoção. Só pode ser pessoa física (Necessariamente é pessoa
humana, não pode ser PJ ou animais).
O bem jurídico tutelado pelo HC é a liberdade corporal, própria das pessoas naturais.
Impetrante → é quem informa o Judiciário de que o impetrado violou ou ameaçou violar o
direito de locomoção do paciente e requer o HC. Pode ser pessoa física ou jurídica.
➔ Qualquer pessoa, sem a necessidade de ser ou ter advogado.
➔ Desnecessidade de procuração: é hipótese de legitimação extraordinária ou de
substituição processual.
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➔ Observação: questiona-se a necessidade de procuração para a interposição do
Recurso Ordinário contra eventual decisão que indefere o HC (O STJ decidiu que “a
capacidade postulatória é requisito de admissibilidade do recurso ordinário em
habeas corpus interposto por advogado, somente pode ser dispensada na hipótese
em que o leigo impetra o HC”)
➔ Pode ser impetrado por:
- Analfabeto → A rigor com assinatura de terceiro na petição inicial
- Réu foragido → Não é necessário o recolhimento do sujeito. O paciente não precisa
apresentar-se para interpor a ação.
- Estrangeiro, desde que em língua portuguesa → Respeito ao princípio da
publicidade do processo
- Habeas Corpus apócrifo → Não se admite, segundo a jurisprudência, HC apócrifo
(sem assinatura).
- Adolescente
➔ Não será julgado se houver expressa discordância do paciente.
➔ Pessoa jurídica como impetrante: Pode ser impetrante do HC, desde que ele seja
impetrado em favor da pessoa física (a pessoa jurídica não pode ser paciente do
HC).
➔ Pode ser impetrado em favor de direito próprio ou de terceiro. Em favor de terceiro,
não é necessário procuração.
**A diferenciação entre impetrante e paciente é muito importante, pois ressalta que o
pedido de habeas corpus não necessariamente é realizado por aquele que sofre a
violência ou direito de locomoção. Isso porque, geralmente, quem está preso, seja em
penitenciárias ou, até mesmo em cárcere privado, dificilmente vai conseguir informar o
judiciário sobre a violação ao direito de locomoção.
Impetrado ou Autoridade Coatora → é o agente coator (pode ser pessoa física ou
jurídica) que, com ou sem violência, tolhe a liberdade ambulatória do paciente; é aquele
contra quem é pedida a ordem de habeas corpus.
➔ REGRA: Será autoridade pública. Assim, cabe HC contra o delegado de polícia.
11
➔ Admite-se também HC contra membro do Ministério Público.
➔ Embora não seja tão comum, é cabível contra ato de particular. ex:
- Ato de presbítero que impede fiel de participar de culto religioso.
- Internação de paciente contra a sua vontade.
- O STJ já admitiu HC contra ato de síndico no condomínio.
Detentor ou Carcerário → é aquele que detém preso o paciente, podendo ser o coator
ou outra pessoa a serviço dele.
**Aqui cabe a observação de que o carcerário ou detentor não correspondem à pessoa que
exerce o cargo de carcereiro na prisão, pois, não necessariamente a pessoa estará presa
em estabelecimento prisional, como por exemplo, nos crimes de cárcere privado.
→ PECULIARIDADES
- Pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica;
- Não há necessidade do paciente outorgar procuração ao impetrante;
- Possui forma livre → Existe o clássico exemplo do preso que redigiu o habeas
corpus em um rolo de papel higiênico.
- O juiz não poderá impetrar "habeas corpus" em decorrência de sua função, a não
ser que seja o paciente da ação;
- Art. 654, § 2º do Código de Processo Penal: "os juízes e os tribunais têm
competência para expedir de ofício ordem de 'habeas corpus', quando no curso de
processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal".
- ENTRETANTO: Se o juiz conceder a ordem de ofício, deverá submeter sua
decisão ao exame da instância superior (art. 574, inciso I, do CPP).
- Impetrado o "habeas corpus", poderá o Tribunal ou juiz solicitar informações sobre a
coação. Obtidas as informações, o remédio deverá ser apreciado em 24 horas. Na
12
primeira instância o Ministério Público não se manifesta sobre o writ, porém na
segunda instância o Procurador deve se manifestar no prazo de dois dias.
→ COMPETÊNCIA
A) COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA:
- Art. 102, inciso I, alínea "c", CF: O Supremo Tribunal Federal será
competente originariamente para julgar o "habeas corpus" quando o
paciente for o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o Procurador
Geral da República, os Ministros de Estado, os Comandantes da Marinha, do
Exército, e da Aeronáutica; os membros dos Tribunais Superiores, do
Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente.
- Art. 102, inciso I, alínea "i", CF: O STF também terá competência originária
"quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente
for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância."
- Art. 105, inciso I, alínea "c", CF: o "habeas corpus" deverá ser endereçado
ao Superior Tribunal de Justiça quando o paciente for Governador,
Desembargador, membros do Tribunal de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, membros dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de contas do
Município ou membros do Ministério Público da União que oficiem perante os
Tribunais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
- Art. 105, inciso I, alínea "c", CF: Será ainda competente originariamente o
STJ "quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral"
- Art. 108, inciso I, alínea "d", CF: O "habeas corpus" deverá ser impetrado
ao Tribunal Regional Federal quando a autoridade coatora for Juiz Federal.
- Art. 109, inciso VII, CF: aos juízes federais compete processar e julgar os
'habeas-corpus', em matéria criminal de sua competência ou quando o
13
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam
diretamente sujeitos a outra jurisdição.
- O "habeas corpus" será impetrado no Tribunal Militar Estadual quando a
coação partir de qualquer autoridade militar estaduale se referir a processo
de competência da Justiça Militar Estadual. Na inexistência deste Tribunal, o
Tribunal de Justiça será competente para julgar a ação.
- Se a autoridade coatora for autoridade militar federal e se relacionar com
crime cujo processo seja da competência da justiça Militar Federal, o remédio
constitucional será impetrado perante o Superior Tribunal Militar.
- Salienta-se que, no estado de São Paulo, quando o constrangimento
referir-se à prisão civil, a competência será da Seção Civil do Tribunal de
Justiça. Nos demais casos, o writ será impetrada perante o Juiz de Direito.
Ademais, segundo a Súmula 690, do STF, compete a ele o julgamento de
"habeas corpus" contra decisão de Turma Recursal de Juizados Especiais
Criminais.
B) COMPETÊNCIA RECURSAL:
- Se a ordem impetrada perante o juiz singular for denegada, o interessado
poderá interpor recurso em sentido estrito, conforme disposto no art. 581, X,
do CPP (tal recurso depende de capacidade postulatória); ou impetrar outro
"habeas corpus" diretamente no Tribunal competente.
- Já se a ordem for denegada por Juiz Eleitoral, o interessado poderá apenas
interpor o recurso em sentido estrito, com fundamento no art. 581, X, do CPP
(art, 364 do Código Eleitoral). Entretanto, se a denegação partir do Tribunal
Regional Eleitoral, poderá ser interposto recurso ordinário-eleitoral, no prazo
de três dias, para o Tribunal Superior Eleitoral, com fulcro no art. 276, II, "b" e
§ 1º do Código Eleitoral; cabendo também ao interessado impetrar outro writ
no TSE.
- Frisa-se que, quando o Tribunal competente houver denegado a concessão
da ordem requerida através de recurso, ou quando a ordem for negada
diretamente, entende-se que o interessado poderá substituir o recurso
ordinário pelo "habeas corpus", que será impetrado no STJ ou STF,
conforme o caso.
- Em contrapartida, na Justiça Militar todos os "habeas corpus" serão
interpostos nos órgãos de 2º grau. Se o pedido for denegado caberá
14
recurso ordinário constitucional ao STJ, se a denegação partir do Tribunal
Estadual; ou ao STF, se denegada a ordem pelo STM.
→ CLASSIFICAÇÃO
O habeas corpus pode ser:
1. Preventivo: é aquele impetrado quando há ameaça de violação ao direito de
locomoção do paciente. Neste caso, o pedido é de salvo-conduto, que visa impedir a
prisão ou detenção pelos motivos que ensejaram a impetração do remédio.
Exemplos:
● Para reconhecimento do direito ao silêncio.
● Para evitar novas prisões pela prática reiteirada de prostituição, que não é crime.
● Para evitar intimação de índio, fazendo-o deslocar da reserva indígena. É vedada
pela CF a remoção dos indígenas de suas terras..
● Para evitar futura prisão em decorrência de eventual condenação em 2ª instância.
ex: foi o que fez o ex Presidente Lula.
→ Deve decorrer de fatos concretos e não apenas de um temor injustificável do paciente.
Quando houver fundado receio de o paciente ser preso ilegalmente.
→ JULGADO PROCEDENTE: será concedido o salvo-conduto (uma decisão que
determina que, por aquela razão, o indivíduo não poderá ser privado de sua liberdade).
2. Repressivo: é aquele impetrado quando o paciente já sofreu violação ao seu direito
de locomoção. Ocorre um ato constrangedor que viola direta ou indiretamente a
liberdade de locomoção.
O pedido pode ser para:
- que se expeça alvará de soltura (quando o paciente já está preso);
- que se expeça contramandado de prisão (quando o paciente tem ordem de
prisão contra ele, mas ainda não está preso);
- que o juiz dê valor de fiança para oportunizar seu pagamento e consequente
soltura do paciente.
● Já existe um ato
15
● Constrangimento pode ser:
A) DIRETO: já existe uma prisão ou uma ordem de prisão
B) INDIRETO: já existe um inquérito policial irregular, ou um processo irregular, que
poderão redundar na restrição à liberdade de locomoção.
→ JULGADO PROCEDENTE:
- Paciente já preso: é possível a concessão do alvará de soltura;
- Não esteja preso, mas haja um mandado de prisão contra ele: contramandado de
prisão;
- Caso de irregularidade: trancamento da ação penal ou do inquérito policial. (Esse
trancamento é medida excepcional que só deve ser aplicada quando indiscutível a
ausência de justa causa ou quando há flagrante de ilegalidade demonstrada).
Assim, tal remédio extraordinário é cabível quando houver constrangimento ilegal ao direito
de locomoção das pessoas, por violência ou coação, ou ainda quando houver iminência
desse constrangimento.
→ FUNDAMENTOS
O fundamento do HC quando impetrado será baseado em algum dos incisos do art. 648, do
CPP (que é quando a coação é considerada ilegal):
I - quando não houver justa causa: em sentido estrito, não haverá justa causa quando o fato
imputado ao agente não estiver previsto em lei, ou quando houver alguma excludente de
ilicitude ou excludente de culpabilidade e escusa absolutória. Assim, não haverá justa causa
quando a lei não prever sanção para o ato ou quando o fato não preencher os requisitos
determinados pela lei;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: tal dispositivo
refere-se aos casos de prisão provisória (prisão em flagrante, preventiva e temporária).
Ultrapassado o prazo para a realização dos atos processuais, por se tratar de prisão
cautelar, considera-se que há coação ilegal em decorrência do excesso de lapso temporal,
cabendo assim a concessão do writ .
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo: tal inciso refere-se
somente às hipóteses de prisão temporária e preventiva decretadas durante o inquérito
16
policial, já que se decretadas durante o processo por juiz incompetente haverá nulidade "ab
initio" do processo, e o "habeas corpus" será impetrado com fundamento no inciso VI deste
artigo. Importante dizer que, em relação à prisão em flagrante não há o que se falar em
incompetência, já que é decretada pela autoridade policial, que não é dotada de
competência;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação: quando desaparecer o motivo
que ensejou a prisão, a sua manutenção torna-se ilegal;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza: os
crimes afiançáveis são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa dois anos. Caberá
"habeas corpus" também quando a fiança for arbitrada com valor excessivamente elevado;
VI - quando o processo for manifestamente nulo: quando houver irregularidades no
processo penal haverá constrangimento ao réu, já que, segundo a Carta Magna, "ninguém
será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV).
As hipóteses de nulidades encontram-se no rol do art. 564, do CPP;
VII - quando extinta a punibilidade: quando o Estado perde o seu direito de punir, a
imposição de sanção penal torna-se ilegal. As causas extintivas da punibilidade estão
previstas no art. 107, do Código Penal (rol não taxativo).
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→ PETIÇÃO INICIAL
A petição inicial do habeas corpus deverá conter (art. 654, § 1º do CPP):
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de
quem exercer a violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de
coação, as razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não
puder escrever, e a designação das respectivas residências.
É possível o pedido liminar no HC, desde que haja o fumus boni juris (fumaça do bom
direito: deve haver prova cabal de que o paciente teve seu direito de locomoção violado) e o
periculum in mora (perigo da demora: deve demonstrar o perigo do paciente ter seu direito
de locomoção cerceado ou de continuar preso injustamente, se o caso, até que haja um
provimento jurisdicional).
→ PROCEDIMENTO
O procedimento do habeas corpus está disciplinado entre os artigos 647 a 667, do Código
de Processo Penal:
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar naiminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
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VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a
ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição;
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos
governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus
secretários, ou aos chefes de Polícia.
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade
judiciária de igual ou superior jurisdição.
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos
responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer
o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou
de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde
que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será
renovado.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas
custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias
para ser promovida a responsabilidade da autoridade.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de
outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem
exercer a violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as
razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder
escrever, e a designação das respectivas residências.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art101ig
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade
judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as
informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será
multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer.
As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de
autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação
impor as multas.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o
paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o
detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado
da prisão e apresentado em juízo.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:
I - grave enfermidade do paciente;
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder
ser apresentado por motivo de doença.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará
prejudicado o pedido.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá,
fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro
motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz
ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
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§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o
juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade
os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação
ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou
tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo.
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal
que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as
formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal.
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas
corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou
da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário,
requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer
daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o
habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou
turma, para que delibere a respeito.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na
primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o
presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário,
prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente do tribunal,
câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que
exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no art. 289,
parágrafo único, in fine.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares
para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária.
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo
Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias
21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art289.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art654
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art289.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art289.
de habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores,
devendo o regimento interno do tribunal estabelecer as regras complementares.
Resumidamente:
→ habeas corpus - coletivo
Ex: presos de um determinado presídio; presas que preencham determinadas
características, etc.
→ Admite-se, atualmente, o HC coletivo, desde que os pacientes sejam identificados
ou identificáveis. Isso evitará a multiplicação de processos desnecessariamente.
→ Quem tem legitimidade para propor?
Segundo o STF por analogia, aplica-se o conteúdo da Lei do Mandado de Injunção, que
admite a modalidade coletiva.
Segundo o STF, a legitimidade do HC Coletivo deve se basear no Art. 12 da Lei n.
13.300/2016:
a) Ministério Público
b) Defensoria Pública
c) Partido político com representação no Congresso Nacional
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d) Organização Sindical
e) Entidade de classe
f) Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano.
→jurisprudência
a) AUSÊNCIA DO RISCO DE PRISÃO:
SÚMULA 693 STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa,
ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada.
→ Ou seja, se não há risco de prisão no final do processo, não será possível a impetração
do HC, já que inexiste risco a liberdade de locomoção.
SÚMULA 695 STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de
liberdade.
b) HC contra decisão que decreta quebra de sigilo: É idôneo o HC se destina a fazer
prova em procedimento penal. No entanto, cabe HC quando estiver em jogo
qualquer constrangimento à liberdade física.
c) Contra punições disciplinares militares: Art. 142, § 2º Não caberá habeas corpus em
relação a punições disciplinares militares, exceto para análise de pressupostos de
legalidade, excluída a apreciação de questões referentes ao mérito.
Também é cabível habeas corpus contra punição disciplinar militar imposta por
autoridade incompetente.
d) Competência: A competência para julgar HC será para a autoridade judiciária que
esteja acima da autoridade coatora. Exemplo:
- AUTORIDADE COATORA: Delegado → Caberá HC para o juiz (federal ou estadual).
- HC contra turma recursal → competência do Tribunal de Justiça do Estado ou TRF
➔ “Não cabe para o Plenário, impetração de HC contra decisão colegiada de qualquer
das Turmas.
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➔ SÚMULA 606, STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de
decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo
recurso.
➔ Assim, quando uma Turma ou uma Câmara do Tribunal nega HC, deverá ser
impetrado outro HC (ou mais propriamente um recurso ordinário constitucional)
contra o Tribunal, para o Tribunal que esteja acima.
→ DEMAIS OBSERVAÇÕES
1. A concessão da ordem a um dos impetrantes estende-se aos demais que
estejam na mesma situação, conforme analogia ao art. 580 do CPP. Além disso, o
pedido de "habeas corpus" poderá ser reiterado em 1º ou 2º grau, no STJ ou STF,
desde que baseado em novos documentos ou argumentos.
2. De acordo com o art. 650, § 1º, do CPP, "não cabe o habeas corpus contra a prisão
administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente
à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos
legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do
alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal".
3. Habeas corpus é uma ação gratuita, não havendo o pagamento de custas → art. 5º,
LXXVII, CF:
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei,
os atos necessários ao exercício da cidadania.
2. MANDADO DE SEGURANÇA (Lei n. 12.016/2009)
● Origem → constituição de 1934.
O mandado de segurança surgiu da restrição do habeas corpus, que, no início era utilizado
para além de restrição da liberdade de locomoção (doutrina brasileira do habeas corpus).
3 pessoas relacionadas a idéia de mandado de segurança:
1. Alberto Torres (1914) → deputado;
2. Luiz Barreto (1922) → Ministro do STF propôs que fosse criado instituto semelhante
ao mandado de garantia, em Amparo no México, com procedimento mais sumário;
24
3. Herculano de Freitas → deputado, apresenta os primeiros elementos, inicia os
debates em relação ao instrumento que foi, mais tarde chamado de mandado de
segurança.
Primeiros projetos:
- Mandado de proteção ou de restauração (deputado Gudesteu Pires);
- Mandado de reintegração, de manutenção e proibitório (triplex) - (deputado Afrânio
de Melo Franco);
- Ação de manutenção (deputado Matos Peixoto);
- Ordem de garantia (deputado Odilon Braga)
- Até chegar no nome mandado de Segurança (constituinte João Mangabeira) - 1934,
já com a possibilidade de liminar.
ORIGEM:
➔ Na Constituição de 1934, com a respectiva regulamentação em 1936 (Lei n. 191).
➔ Revogação Constituição de 1934, permanecendo apenas como direito infraconstitucional,
no Decreto-lei n. 6/37: não cabia mandado de segurança contra atos do Presidente da
República, dos Ministros do Estado, Governadores e Interventores → Ditadura instalada.
● Tipologia do Mandado de segurança:
- Repressivo: violência já ocorreu, envolvendo abuso de poder ou ilegalidade, por
omissão ou ato do poder público;
- Preventivo: violência está prestes a ocorrer;
● Natureza jurídica: constitucional e civil (utiliza-se o CPC subsidiariamente);
A Constituição de 1934 é a primeira Constituição social, de modo que o Estado produzirá
legislação que exigirá dele mesmo um tratamento protetivo em relação a alguns grupos
hipossuficientes na relação econômica-social (negros, pessoas com deficiência, mulheres
etc.). Os direitos são ofendidos por um ato comissivo ou omissivo, devendo o coator ser do
poder público, ou que exerce uma função pública.
Por exemplo, o professor é pessoa física, mas exerce função pública (educação), ainda que
em instituição particular, portanto poderá haver mandado de segurança contra ele.
Quando o Estado deve agir (tem obrigação de fazer) e não o faz, poderá ser impetrado
mandado de segurança.
● Elementos básicos do Mandado de Segurança (art. 5º, LXIX):
25
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;
- caráter remanescente e residual: qualquer outro direito que não seja abrangido pelo
habeas corpus ou habeas data, desde que líquido e certo.
● Legislação → lei 12.016/2009
● Objeto → direito líquido e certo:
➔ Direito líquido e certo = aquele que pode ser demonstrado de plano, por prova
documental (ou seja, pode ser demonstrado na inicial, independentemente de
dilação probatória).
- Direto líquido: direito que devidamente comprovado depende somente de interpretação
do juiz em relação a regra jurídica pertinente. Não podendo este alegar complexidade
jurídica. Ou seja, é aquele que pode ser exercido no momento de impetração do mandado
de segurança. Quer dizer que quando eu entro com mandado de segurança, eu já tenho o
direito de exercer, pois já existem os requisitos. Tem a ver com a exequibilidade, com a
possibilidade de exercer o direito, não dependendo de nada pra que esse direito seja
realizado.
- Direito certo: quer dizer que o direito é incontestável. Relacionado com a comprovação
da existência do direito. Exige provas inequívocas.
Então, se no caso concreto necessita de produção de provas para exercer o direito, o
mandado de segurança já está excluído, até porque, não há fase probatória.
No mandado de segurança deve se provar, já nos documentos juntados que:
1. O direito existe;
2. O direitoé exequível;
➔ Visa garantir uma obrigação negativa do Estado para com o cidadão, com base no
princípio da legalidade.
➔ Jurisprudência: o Mandado de Segurança (MS) por possuir rito sumaríssimo, não
comporta dilação probatória.
➔ Não cabe contra lei em tese, pois esta não lesa, por si só, direito individual. Seria
necessário que ela se converta em ato concreto para ensejar a impetração.
SÚMULA 266 STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese”.
● Legislação pertinente → Lei nº 12.016/2009.
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→ LEGITIMIDADE
● Legitimidade ativa: Pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica,
brasileira ou estrangeira. O impetrante deve comparecer em juízo devidamente
representado por advogado (exige-se capacidade postulatória da parte como
pressuposto processual).
Apenas advogados, promotores, ou procurador podem impetrar, do aspecto operacional. O
impetrante é aquele que tem o interesse. Então, podem impetrar mandado de segurança,
toda pessoa física ou jurídica, desde que representadas por alguém que possua o jus
postulandi. No caso da pessoa jurídica, deve ser analisado se ela possui direito. Por
exemplo, uma pessoa jurídica não poderia pedir por liberdade de expressão.
Também pode impetrar mandado de segurança qualquer universalidade de bens (por
exemplo, espólio) e órgãos públicos que possuam individualidades bem caracterizadas (ex.
Ministério Público ou Mesa da Assembleia Legislativa).
Ressalta-se que os órgãos públicos despersonalizados só podem agir e ser legitimados se
SOMENTE DENTRO DE SUA ÁREA DE COMPETÊNCIA FUNCIONAL, EM DEFESA DE
SUAS ATRIBUIÇÕES E DE SUAS GARANTIAS INSTITUCIONAIS.
● Legitimidade passiva:
É uma pessoa física → autoridade coatora e qual órgão ela pertence (já que só pode ser
do poder público ou com funções públicas).
No caso de pessoa física que exerce função pública (por exemplo: professor), a instituição
pela qual ela presta serviços poderá ser chamada para integrar litisconsórcio.
➔ Parte da doutrina entende que deve ser considerada como legitimada no polo
passivo de direito público a PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO a cujos
quadros pertencem à autoridade coatora.
➔ Parte da doutrina entende que o MS não é proposto contra a pessoa jurídica de
direito público, mas contra a autoridade coatora.
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→ QUEM É A AUTORIDADE COATORA?
➔ Todo agente público, servidor público ou particular em colaboração com o Estado,
desde que praticando ato típico de entidade estatal, que tem o poder de fazer cessar
a execução ou inexecução do ato ilegal.
➔ Lei n. 12.016/2009: Manda dar ciência em todos os casos ao órgão de
representação judicial da pessoa jurídica representada, que para esse fim
específico, passa a ter poderes para receber citação. Assim, A PESSOA JURÍDICA
É LITISCONSORTE.
➔ A AUTORIDADE COATORA SEMPRE SERÁ PARTE NA CAUSA.
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de
partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas
jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser
respeito a essas atribuições.
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de
serviço público.
AUTORIDADE COATORA X MERO EXECUTOR MATERIAL DO ATO
Autoridade: quem concreta e especificamente tem o poder sobre a situação jurídica do
impetrante.
Mero executor do ato: apenas obedece a autoridade.
→ COATOR:
Autoridade superior que pratica ou ordena concreta e especificamente a execução ou
inexecução do ato impugnado e responde pelas suas consequências administrativas.
➔ Nos órgãos colegiados considera-se coator o Presidente que subscreve o ato
impugnado e responde pela sua execução.
➔ Nos atos complexos, coator é a última autoridade que neles intervêm.
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→ PRAZO DE IMPETRAÇÃO:
É prazo considerado decadencial. Significa que uma vez violado o direito, o impetrante
tomando conhecimento (oficial) da ação, tem 120 dias corridos (sem possibilidade de
prorrogação) para impetrar o mandado de segurança. Assim não fazendo, o direito caduca.
Poderá, é claro, pleitear o exercício de seu direito, porém em ação ordinária e não mais em
sede de mandado de segurança.
É claro que no mandado de segurança preventivo não há que se falar em prazo
decadencial, porque só flui a partir da violência ao direito.
**O mandado de segurança é mais vantajoso devido ao tempo que demora para ser
julgado, menor que o da ordinária.
**IMPORTANTE!! → o coator deve ser pessoa física, pois a pessoa jurídica, apesar de
litisconsorte não consegue coagir ninguém.
→ COMPETÊNCIA:
Art. 102, CF:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores;
o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral
da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
Competência ORIGINÁRIA: mandado de segurança das Mesas do Senado e da Câmara
dos deputados, do Tribunal de Contas da União, do PGR e do STF.
Ainda no artigo 102:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus , o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
O artigo 121 ainda dispõe, em seu § 3º, que:
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§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem
esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
Quem pode recorrer ao STF? se nos tribunais superiores for negado a ordem do mandado
de segurança, todo aquele que teve a ordem negada, tem direito de interpor recurso
ordinário perante o STF.
Quando cabe recurso da decisão do TSE? Artigo 121, § 4º:
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem habeas corpus , mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.
● Liminar
São necessárias duas condições:
1. Periculum in mora → prova específica para a concessão da liminar. NÃO SE
CONFUNDE COM LIQUIDEZ E CERTEZA.
2. Fumus boni juris → indícios de que o impetrante é titular de um direito, não
precisando se comprovar de forma indubitável. É a fumaça do bom direito que existe
na situação do mandado de segurança. Mas como deve-se tratar de direito líquido e
certo, ficaremos com a certeza (falta de qualquer dúvida). Por isso, o fumus boni
juris se confunde com a liquidez e a certeza.
Então, deve-se comprovar:
- periculum in mora
- liquidez
- certeza
● Requisitos identificadores do mandado de segurança
São quatro:
1. Ato comissivo ou omissivo → praticado por autoridade pública de uma ação legal
2. Ilegalidade ou abuso de poder → é fazer o que a lei não determina, ou fazer o quê
determinado por lei, mas em excesso.
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3. Lesão ou ameaça de lesão a um direito líquido e certo → vide observações
sobre direito líquido e certo.
4. Direito não reparado por habeas corpus ou habeas data →caráter residual.
● Exceções ao mandado de segurança:
Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de
caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.
Parágrafo único. (VETADO)
Inciso I e II → afastam o mandado de segurança quando há procedimento administrativo ou
judicial com efeito suspensivo. Então o mandado de segurança não pode ser usado
como substituto recursal.
O mandado de segurança era usado conjuntamente com alguns recursos, como elemento
recursal.
Recurso é peça processual capaz de alterar decisão, seja final ou interlocutória.
Agravo de instrumento → para decisão interlocutória. É interposto em segundo grau, e até
que se decida lá, a decisão de primeiro grau deve continuar produzindo efeitos.
Antigamente, concomitantemente ao agravo (que não tinha efeito suspensivo), era
interposto mandado de segurança para que se conseguisse efeito suspensivo. Não se pode
mais utilizar essa técnica porque o agravo de instrumento, agora, tem efeito suspensivo.
Nada obsta combinar mandado de segurança com recurso especial ou extraordinário.
● Custas do mandado de segurança
→ Exige o pagamento de custas, salvo os casos de gratuidade da justiça;
→ Exige representação processual; procuração;
→ SÚMULAS
Súmula nº 430/STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo
para o mandado de segurança.
31
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Msg/VEP-642-09.htm
Súmula nº 510/STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança ou medida judicial.
Súmula nº 631/STF: Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não
promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.
Súmula nº 632/STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração
de mandado de segurança.
Súmula 625/STF – Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de
mandado de segurança;
Súmula 629/STF – A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor dos associados independe da autorização destes;
Súmula 630/STF – A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria;
Súmula 266/STF – Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese.
Súmula 269/STF – O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança;
Súmula 268/STF – Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com
trânsito em julgado;
Súmula 101/STF – O mandado de segurança não substitui a ação popular
→ LEGISLAÇÃO - LEI 12.016/2009
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de
partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas
jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser
respeito a essas atribuições.
32
https://www.aurum.com.br/blog/acao-de-cobranca/
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de
serviço público.
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá
requerer o mandado de segurança.
§ 2º → se refere ao artigo 173 da Constituição:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Atos de gestão comerciais → são atos negociais.
Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem
patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou
entidade por ela controlada.
Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de
terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o
fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.
→ tomando ciência de que o direito foi violado, o titular tem 120 dias para impetrar o
mandado de segurança. O terceiro que tiver direito dependente da impetração do mandado
de segurança originário, pode impetrar o mandado de segurança no mesmo dia que o
titular. Entretanto, entrando com a ação, deverá o titular originário ser notificado
judicialmente, e aí os 30 dias passarão a ser contados. Não havendo manifestação do titular
original nesse período, o terceiro figurará como autor principal/originário do mandado de
segurança.
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo
fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.
→ Refere-se ao prazo de 120 dias.
Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado
de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.
§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou
outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade.
§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.
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§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as
regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.
→ ICP - Brasil: autoridade certificadora da identidade virtual do sujeito por emissão de
certificados digitais, dando autenticidade de assinatura digital.
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual,
será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha
vinculada ou da qual exerce atribuições.
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou
estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de
terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em
cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão
extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem
far-se-á no próprio instrumento da notificação.
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
emane a ordem para a sua prática.
§ 4o (VETADO)
§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial,
se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
→ Via: é a cópia integral da tese e documentos que inauguram uma ação, ou seja, é cópia
da petição inicial e todos os documentos que a acompanham, ou ainda, a contrafé com os
documentos.
→ Contrafé: cópia fiel da peça que dá início ao processo ou de outra que venha retificar
ou alterar aquela, para que o réu seja cientificado do que está sendo demandado contra
sua pessoa e possa, assim, elaborar a sua defesa em tempo hábil. NÃO INTEGRA OS
DOCUMENTOSQUE ACOMPANHAM A PEÇA.
→ Concedida liminar no mandado de segurança, tanto o coator quanto a entidade a qual ele
pertence serão intimadas para que apresentem defesa.
→ § 1º “cumprimento da ordem” = de exibição do documento.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Msg/VEP-642-09.htm
→ § 5º Refere-se às hipóteses de extinção sem resolução de mérito (art. 485, CPC):
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por
mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular
do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral
reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
→ Como aplica-se o art. 485 do CPC, poderá a parte reimpetrar, desde que esteja dentro do
prazo de 120 dias e recolha custas e demais requisitos.
→ Requisitos da petição inicial → segue regra do CPC, no que for cabível:
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
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VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere
o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste
artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à
justiça.
→ Inciso II: faltando alguns desses elementos, a petição inicial não passará pelo exame de
admissibilidade.
→ Pedido com suas especificações = por exemplo, modulação de efeitos.
→ Art. 6º, § 6º:
→ Primeiro momento após o exame de admissibilidade, o juiz vai despachar a inicial. Aqui
ele tem 3 opções, que são elencadas no art. 7º:
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via
apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as
informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;
→ somente em 2009, com o processo eletrônico, é que o dispositivo ganhou um pouco mais
de importância.
Ao despachar há uma dupla notificação: a do inciso I, para o coator, e a do inciso II, para o
órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada.
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e
do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo
facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o
ressarcimento à pessoa jurídica.
→ a questão da caução é algo que ainda está sendo discutido, porque a Constituição não
exige caução, de modo que uma lei não poderia exigir.
Se o ato continuar até o final do processo, a violência contínua tornará ineficaz a concessão
da ordem, de modo que, quando houver fumus boni juris (fundamento relevante) e
periculum in mora, será concedida a liminar.
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§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de
instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo
Civil.
→ cabe agravo de instrumento → lembrar que o Código de Processo Civil mencionado no
dispositivo é de 1973 e está revogado. Entretanto, aplica-se o CPC de 2015!!
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza.
→ Se desdobra em diversas consequências tributárias.
§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da
sentença.
§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.
§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se
estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de
1973 - Código de Processo Civil.
→ Não se precisa ter certeza do direito para concessão de liminar, somente ter o fumus
boni juris e o periculum in mora. A tutela antecipada traz o resultado final esperado antes do
encerramento do processo. O artigo que corresponde ao artigo do antigo código é o artigo
294, CPC/2015.
No mandado de segurança a tutela é concedida somente de maneira incidental.
Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a
requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao
normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as
diligências que lhe cumprirem.
Indica a boa-fé e a celeridade processual que a parte impetrante deve ter,
principalmente nos 3 dias após a concessão da liminar, sob pena de cassação desta.
Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação
da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao
Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município
ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art273
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art461.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art461.
indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual
suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.
→ Repete o art. 7º, com vistas à liminar. Por isso a notificação do artigo 7º é dupla, porque
pode haver concessão de liminar, e havendo concessão, deverá ser informada.
→ Quando se indefere a inicial?
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de
mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal
para a impetração.
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a
competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos
tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.
Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos
cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator eao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar
recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa.
→ Dupla notificação do coator
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o
representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.
→ Prazo de informações.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao
juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.
Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo,
ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à
autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei.
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de
jurisdição.
§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.
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§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente,
salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.
§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença
concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica
federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a
contar da data do ajuizamento da inicial.
→ O mandado de segurança pode ser recebido em duplo efeito: suspensivo e devolutivo.
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do
Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o
presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão
fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito
suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua
interposição.
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste
artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de
eventual recurso especial ou extraordinário.
→ recurso especial ou extraordinário, em regra não possui efeito suspensivo, mas no caso
de mandado de segurança, tem. Princípio da supremacia do interesse público.
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando
negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas
contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de
suspensão a que se refere este artigo.
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar,
em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão,
podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes,
mediante simples aditamento do pedido original.
→ COMPETÊNCIA:
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do
processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.
(Redação dada pela Lei nº 13.676, de 2018)
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13676.htm#art1
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá
agravo ao órgão competente do tribunal que integre.
A competência originária deve ser verificada no artigo 108 da Constituição Federal:
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
Análise do processo → cabe ao relator;
Análise da liminar → cabe ao presidente do Tribunal respectivo.
Não se enquadrando em nenhuma dessas hipóteses, será competente a Justiça
Estadual.
Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos,
quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será
substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.
Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos
tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário,
quando a ordem for denegada.
Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito,
não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos
patrimoniais.
Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade
sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.
§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se
seguir à data em que forem conclusos ao relator.
§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.
Ordem de preferência: habeas corpus, mandado de segurança, habeas data.
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e
vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
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O prazo de 120 dias é decadencial, não se interrompe e nem se suspende, corre direto.
Esgotado (o prazo), decai o direito ao mandado de segurança, tendo o interessado, dali em
diante, apenas o direito de ação ordinária.
Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos
infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação
de sanções no caso de litigância de má-fé.
Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança,
sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950,
quando cabíveis.
→ MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
É previsto em duas situações - legitimidade ativa:
1. Pessoas jurídicas impetram mandado de segurança para garantir o direito de seus
membros e associados;
2. Partidos políticos para que defendam os interesses difusos da sociedade como um
todo, sem haver necessidade de um mandato especial.
O objetivo é que se evite demandas repetitivas.
Art. 5º, LXX, CF:
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
**RESERVA DO POSSÍVEL → limitação material, ou seja, não há orçamento suficiente para
se garantir certos direitos.
→ É dividido em 3 tipos:
1. interesses ou direitos difusos: não é possível discernir quem é o titular desse direito,
é indivisível.
41
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art46
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art49
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art49
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art330
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art330
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1079.htm
2. interesses ou direitos coletivos em sentido estrito: também são de natureza
indivisível, mas o titular

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