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JORNALISMO 
ESPECIALIZADO
Marcilene Forechi
Jornalismo de moda
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer o jornalismo de moda no século XXI.
  Identificar a moda em seus aspectos de gênero e como manifestação 
cultural.
  Examinar o contexto em que se aplica o jornalismo de tendências.
Introdução
Jornalismo de moda é uma segmentação do jornalismo que, só a partir 
do século XXI, passou a ser considerada uma área de prestígio. Um dos 
grandes desafios do segmento foi relacionar o sistema de produção 
material, ou seja, a indústria de moda, com o sistema de produção e 
consumo simbólico. Nos últimos anos, com as mídias digitais, esse seg-
mento do jornalismo ganha ainda mais destaque, passando a incluir tanto 
as publicações impressas mais tradicionais quanto novas produções, 
desenvolvidas especialmente para o ambiente digital e de forma bem 
mais segmentada. 
Neste capítulo, você vai estudar sobre os conceitos que orientam 
o segmento do jornalismo de moda, entendendo a moda como uma 
manifestação cultural que se relaciona ao gênero e, ainda, percebendo 
que o jornalismo de tendência se expande para diversas áreas além do 
vestuário. 
1 Jornalismo de moda no século XXI
A moda exerce uma infl uência econômica na sociedade contemporânea, sendo 
bem recente a sua inserção como objeto de estudos das sociedades. Em estudo 
no qual apresenta um histórico da moda ao longo dos séculos, Hellmann (2009) 
diz que se constitui um desafi o relacionar o sistema material de produção e o 
sistema de produção e consumo simbólico da moda. Nesse estudo, a autora 
considera essencial o conceito de distinção social para explicar o fenômeno 
da moda no século XXI. 
No jornalismo, a moda passa a ser considerada uma pauta de prestígio a 
partir do século XXI, passando a ocupar os espaços de economia e se rela-
cionando à cadeia produtiva. Isso começa a ocorrer a partir do momento em 
que se associa o fenômeno social da moda como bem simbólico à realidade da 
indústria têxtil, capaz de contribuir consideravelmente com o produto interno 
bruto das economias mundiais. 
O jornalismo de moda é uma especialização recente no campo do jor-
nalismo, que pode ser vista como parte de um movimento de jornalismo 
diversional. Ao se tomar brevemente o percurso histórico do jornalismo, é 
possível perceber as transformações pelas quais ele passou: de um jornalismo 
opinativo e publicista, passando por um jornalismo informacional e interpre-
tativo, até chegar ao modelo que se vivencia agora, em que há a profusão de 
novas formas de comunicar aliadas à diversidade de meios e a um estado de 
hiperconexão da sociedade. 
Em sua dissertação de mestrado, o pesquisador Tarcisio D’Almeida (2008, 
documento on-line) diz que tanto o jornalismo quanto a moda compartilham 
da mesma fugacidade em relação ao tempo. Segundo ele, o jornalismo passa 
a ser o elemento “[...] sobre o qual se erguem todas as dinâmicas entre assistir, 
testemunhar um acontecimento” e publicá-lo nos meios de comunicação, 
sejam impressos, digitais ou audiovisuais. Na visão do autor, o que constitui a 
notícia jornalística de moda é o “[...] compartilhamento por ambos os campos 
da efemeridade e da dinâmica do tempo que rege a produção e publicação de 
notícias de moda” (D’ALMEIDA, 2008, documento on-line). Destaca-se, ainda, 
que, em relação aos gêneros jornalísticos, a moda pode ser apresentada sob 
a forma de reportagem, entrevista, crítica, editoriais e análises, entre outras.
É muito comum associar o jornalismo de moda a um campo profissional de 
maior futilidade, às fofocas sobre celebridades e às tendências das estações, 
o que acaba por fazer com que estudiosos e profissionais do jornalismo não 
considerem essa especialidade com o mesmo valor que outras editorias, como 
economia e política, por exemplo. É importante, no entanto, fugir da tentação 
de considerar o jornalismo de moda como um jornalismo secundário, afinal, a 
moda se constitui em uma indústria produtiva e em uma prática cultural, que 
extrapolam o simples segmento do vestuário e das tendências.
Ana Marta Flores (2016) sugere pensar o jornalismo de moda para além 
de sua simples materialização por meio de revistas, blogs, cadernos, sites ou 
aplicativos. Ela destaca que moda e jornalismo são análogos quanto à forma e 
ao movimento e é por meio da imprensa que a moda se propaga, sendo a mídia 
Jornalismo de moda2
um “primeiro poder”, devido a sua capacidade de determinar as tendências dos 
grandes meios de comunicação. “O que a literatura sugere é que a própria for-
mação da moda está relacionada ao papel do jornalismo” (FLORES, 2016, p. 2).
Tanto o jornalismo quanto a moda surgem em períodos bem próximos, sendo 
que a Idade Moderna, marcada por intensas transformações, contribuiu para 
mudar as concepções até então existentes sobre política, cultura, comunicação 
e economia. Flores (2016) destaca, citando o pesquisador alemão Otto Groth, 
os quatro pilares do jornalismo contemporâneo: periodicidade, universalidade, 
atualidade, difusão ou publicidade. Para essa pesquisadora, as características 
da moda e do jornalismo poderiam ser espelhadas a partir desses pilares. 
  Periodicidade: esse pilar do jornalismo encontra seu correspondente na 
moda com a temporalidade cíclica, com as tendências marcadas para 
cada estação e pelas novas coleções lançadas anualmente. 
  Universalidade: esse pilar se relaciona, no mundo da moda, à pluralidade 
e ao desenvolvimento de produtos em larga escala, assim como ocorre 
no jornalismo. 
  Atualidade: a relação se encontra no princípio do novo, vital para o 
mundo da moda e para o jornalismo, na produção de seu principal 
produto, a notícia. 
  Difusão: tanto para o jornalismo quanto para a moda é preciso que 
haja publicidade. 
Segundo uma definição de Ruth Joffily (1999 apud FLORES, 2016, p. 7), o 
jornalismo de moda pode ser dividido em tendências, comportamento e serviço, 
sendo que Flores acrescenta uma quarta dimensão, que seria o jornalismo da 
moda e do estilo das celebridades. O jornalismo de moda teria como produto final 
uma “[...] conversão da criatividade das marcas e estilistas concretizada na moda 
em novos termos nos produtos jornalísticos” (FLORES, 2016, p. 7). A autora 
aponta, ainda, que o jornalismo de moda possui quatro principais características 
que se sobressaem, seja qual for a plataforma ou o meio (FLORES, 2016): 
  a imagem é prioridade no conteúdo de moda;
  o texto é carregado de referências, com destaque para o humor e jogo 
de palavras;
  o emprego de línguas estrangeiras é habitual, assim como a criação 
de neologismos;
  o juízo, a interpretação e a opinião são claramente expostos, com o uso 
do modo verbal imperativo.
3Jornalismo de moda
O jornalismo de moda se constitui em uma área de atuação especializada 
e que não se limita à produção de textos jornalísticos e às coberturas de 
eventos de moda, como desfiles e lançamentos de produtos, por exemplo. Há 
possibilidades de atuação dentro de revistas especializadas e, também, em 
cadernos nos jornais impressos, assim como em sites, blogs e programas de 
televisão, além de editoriais de moda, seja como editor, redator ou fotógrafo 
especializado em moda. 
Atualmente, outro tipo de profissional tem se destacado no jornalismo de 
moda: as blogueiras e influencers dedicadas a tratar de comportamentos e 
tendências, tanto no vestuário quanto em outros segmentos, como maquiagem 
e bem-estar. As influencers e blogueiras de moda trabalham, especialmente, 
com opiniões e não possuem necessariamente formação na área de moda ou 
do próprio jornalismo. Em relação aos veículos tradicionais, como revistas e 
jornais, os blogs têm características que os tornam atrativos para o público: a 
facilidade de atualização, a personalização e a independência editorial. Essas 
características, no entanto, não podem ser confundidas com amadorismo ou 
falta de compromisso com a qualidade de textos eopiniões. 
Em um artigo no qual discute o papel dos blogs no cenário do jornalismo 
de moda no Brasil, a pesquisadora Daniela Hinerasky (2010) destaca que as 
mudanças nos fluxos de informações em diferentes suportes midiáticos dão 
mais poderes a pessoas comuns para produzirem e publicarem informações. No 
caso do jornalismo de moda, esse cenário redefine “[...] processos e fluxos tanto 
em âmbito econômico, quanto nos sistemas de comunicação” (HINERASKY, 
2010, documento on-line). Segundo Hinerasky (2010, documento on-line), 
foi “[...] a chegada da internet comercial que levou ao boom da divulgação 
dos eventos, desfiles de moda e coleções via web e possibilitou a verdadeira 
democratização do setor”. Ela afirma que os sites, blogs e as redes sociais 
temáticas se revelam eficientes para noticiar a moda com instantaneidade, 
capacidade de conteúdo e interatividade com o público leitor. 
2 Moda, seus aspectos de gênero 
e manifestação cultural
Em uma perspectiva sociológica, a moda pode ser considerada um fenômeno 
social do século XXI, diante de sua institucionalização e do consumo, não se 
relacionando a um aspecto da sociedade e, sim, a diversos fenômenos. A moda 
se constitui em um dispositivo social defi nido, segundo Lipovetsky (2009), pela 
temporalidade breve e pelas mudanças constantes. Assim, a moda se encontra 
Jornalismo de moda4
presente em todos os aspectos da vida contemporânea, mas é no vestuário que 
ela se manifesta de forma mais visível e atinge um público mais ampliado. 
Lipovetsky (2009, p. 24) afirma que isso ocorre porque o vestuário se 
relaciona à esfera do “parecer”, aspecto em que a moda se exerce com mais 
“rumor e radicalidade”, sendo a “[...] manifestação mais pura da organiza-
ção do efêmero”. É importante destacar que a moda não pode ser analisada 
restritamente em sua relação com o vestuário ou com trajes, ainda que essa 
seja uma percepção bastante comum. De modo geral, moda é um fenômeno 
relacionado à produção e ao consumo de significados simbólicos, enquanto 
o vestuário é um sistema de consumo físico de produtos. 
Daniela Calanca (2008) destaca que a moda não se limita ao hábito de 
se vestir, mas carrega informações relacionadas aos costumes e comporta-
mentos, que variam com o tempo. Esses costumes se relacionam, também, 
a manifestações artísticas e culturais, como música, artes visuais, teatro, 
etc. As roupas, na visão dessa autora, são um meio de comunicação e podem 
ser interpretadas de acordo com a evolução da moda. Por isso, no dia a dia, 
costuma-se definir uma pessoa como moderna ou antiquada, a partir das 
roupas que usa. 
No filme Um senhor estagiário (2015), Roberto De Niro interpreta um 
aposentado que já passou dos 70 anos e se candidata a uma vaga de estagiário 
sênior em uma empresa de moda, na qual todos os funcionários e a dona da 
empresa são pessoas jovens, com menos de 30 anos. Apesar do ambiente 
descontraído da empresa, o personagem vai todos os dias ao trabalho de terno 
e gravata, como sempre fez nos 40 anos em que trabalhou na empresa na qual 
se aposentou. Quando sua chefe diz a ele que não precisa trabalhar de terno, 
ele responde simplesmente: “Me sinto bem assim”. 
Esse exemplo é capaz de ilustrar como a moda é ressignificada de forma 
diferente pelas pessoas, mas pode ser usada como elemento de análise da 
personalidade, da geração e da classe social. Calanca (2008) diz que a palavra 
moda é usada com diferentes significados e pode percorrer múltiplos caminhos 
visuais e semânticos. Pode-se destacar o uso da palavra moda em diferentes 
segmentos e apontar para alguns de seus significados. 
Um dos aspectos relevantes na indústria da moda em sua relação com 
o jornalismo é seu caráter de distinção de gênero, uma vez que, apesar de 
mudanças significativas nos últimos anos, o público feminino continua a ser 
considerado o público preferencial desse segmento. Isso pode ser observado 
fortemente no jornalismo, com a publicação de revistas especializadas em moda 
e que têm como pautas prioritárias as que se relacionam ao comportamento 
e autoconhecimento e às questões estéticas e de estilo. 
5Jornalismo de moda
Podemos estabelecer diferenças entre os termos vestuário, traje, indumentária e roupa. 
Na perspectiva de Roland Barthes (2005 apud HELLMANN, 2009, p. 11), a indumentária 
é uma realidade institucional social e coletiva, enquanto o traje ou a roupa constituem 
uma realidade individual. As duas esferas, da indumentária e da roupa, constituem um 
todo genérico ao qual denominamos vestuário. 
Pretinho básico: do luto ao luxo
Até o início do século XX, o preto era uma cor usada por viúvas, por homens 
e por empregados. Isso foi assim até a estilista Gabrielle Bonheur Chanel 
(Coco Chanel) usar um vestido preto, sem adornos ou bordados, considerado 
um escândalo na época. A criação do vestido teve por objetivo marcar o 
luto pela perda de um amor. A partir daí, a cor passou a ser símbolo, na 
moda, de discrição, elegância e sobriedade. O uso do preto e sua apropria-
ção pela moda é um bom exemplo de como a cultura está em transição e 
o mundo da moda, inserido em ambientes culturais, promove mudanças 
de comportamento. 
A palavra moda se origina do latim modus, que significa medida, ritmo, maneira, jeito. Na 
forma e no uso contemporâneos, moda vem do francês mode e, no dicionário, possui 
significados diferentes, assim como pode ser bem diversificado seu uso (MICHAELIS, 
2020): 
  maneira ou estilo de agir ou de se vestir;
  sistema de usos ou hábitos coletivos que caracterizam o vestuário, os calçados, os 
acessórios, etc., num determinado momento; 
  conjunto de tendências ditadas pelos profissionais do mundo da moda;
  arte e técnica da indústria ou do comércio do vestuário;
  estilo próprio ou maneira de agir;
  interesse excessivo ou fixação por algo.
Jornalismo de moda6
3 Jornalismo de tendência para além 
do vestuário
A moda pode ser entendida como um fenômeno social, que se manifesta como 
produção e consumo de bens simbólicos e tem no vestuário o seu mais visível 
produto físico. Como fenômeno social, trata-se, portanto, de uma manifestação 
cultural, a partir do entendimento da cultura como os modos de produção e 
reprodução simbólica de hábitos, costumes, tradições e organização social, 
que moldam as sociedades.
A indústria da moda, segundo Tarcisio D’Almeida (2008), exerce impac-
tos na sociedade em diversos aspectos, principalmente, na consolidação de 
um modelo de consumo típico dos tempos atuais e, para compreender sua 
complexidade, hoje, é preciso refletir sobre duas questões. A primeira delas 
é o que significa “tendência” e o que ela produz no imaginário das pessoas, 
tanto do ponto de vista simbólico quanto material. Como segunda questão, 
o autor aponta que é preciso entender o que é mercado e qual o seu papel no 
mundo da moda.
D’Almeida (2008) chama a atenção para o fato de que tendências são 
fabricadas e que a moda está “visceralmente” ligada à comunicação comporta-
mental. Segundo as reflexões dele, é possível compreender que o que se chama 
de tendência no mundo da moda se relaciona à “similitude” apresentada por 
diferentes estilistas e coleções em um mesmo ano. Essa similitude reforçaria o 
poder da alta costura em “ditar a moda” e, como destaca o autor, servir como 
referência criativa para o mercado de moda.
Contudo, é preciso compreender que a moda não diz respeito apenas ao 
vestuário, sendo possível perceber suas manifestações simbólicas e mate-
riais em diversos segmentos da sociedade. Assim, pode-se falar em moda 
na sua relação com comportamentos, educação, trabalho, decoração, modos 
de viver, alimentação, maquiagem, etc. Isso demonstra como a moda, mais 
do que tendências ou aparatos, constitui-se em manifestação cultural, que se 
transforma no tempo e transforma as relações e os modos de ser das pessoas 
e das sociedades. 
Quando se fala em tendência, portanto, deve-se atentar àquilo que as 
pessoas estão consumindo e a quais ideias estão sendo evidenciadasno 
espaço público. Um bom termômetro para saber sobre tendências é buscar 
7Jornalismo de moda
entender o surgimento de novos segmentos ou a ressignificação de antigos. 
Por exemplo, as tendências no segmento da alimentação, em que ao mesmo 
tempo que cresce o número de adeptos a dietas vegetarianas ou veganas, 
cresce o número de publicações especializadas no assunto. 
Essas publicações nem sempre estarão ligadas a grandes grupos ou meios de 
comunicação, uma vez que as mídias sociais — como blogs e perfis e páginas 
em redes sociais — têm sido bastante utilizadas para o chamado mercado de 
nicho. Assim, se até bem pouco tempo atrás havia diversas publicações voltadas 
para alimentação, por exemplo, explorando a diversidade desse tema, hoje, é 
possível encontrar especializações dentro da especialização, como páginas 
e blogs sobre veganos, vegetarianos, comida de “verdade”, alimentação fun-
cional, dietas restritivas de glúten, lactose, entre outros. 
É difícil definir como surge uma tendência e como ela pode ser considerada 
no mundo da moda, a partir do vestuário, e se estender a outros segmentos da 
sociedade. Porém, o que se pode dizer é que as tendências estão no centro da 
cadeia de produção do mundo da moda e “[...] movem a idealização, a confecção 
e a divulgação das novidades que influenciam o consumo” (SENAC, c2020, 
documento on-line). De acordo com a publicação, tendência de moda é o “[...] 
que se usa e se consome em determinado momento”, mas não apenas roupas, 
acessórios ou calçados. 
Desse modo, a tendência diz respeito a cores, formatos, materiais, inspira-
ções e alcança o dia a dia, por meio das revistas de moda, dos desfiles e eventos, 
das produções de televisão, como novelas, séries e programas, da internet, em 
blogs, sites e redes sociais, e, principalmente, das ruas e dos comportamentos. 
“Tendências de moda são previsões que o consumidor deve escolher para 
vestir ou comprar” (SENAC, c2020, documento on-line). Assim, os produtos 
oferecidos ao público devem estar sintonizados com o que se espera que ele 
irá estar inclinado a comprar. 
Todavia, engana-se quem pensa que as tendências estejam relacionadas 
apenas ao mundo da moda, entendida como vestuário e modos de vestir. 
As tendências são ancoradas em grandes movimentos que influenciam as 
sociedades, como a cultura, a política e o consumo. A partir de estudos 
desses movimentos, é possível traçar macrotendências, que são definidas 
a partir de um panorama global, capazes de dizer para quais aspectos 
serão direcionados interesses diversos orientados para o consumo e os 
hábitos de vida. 
Jornalismo de moda8
O movimento “faça você mesmo”, há pouco tempo, ganhou bastante 
visibilidade e passou a ser encarado como uma tendência relacionada a 
um modo de vida mais sustentável, mas não é possível dizer que se trata 
de um movimento novo. As mídias sociais e o uso intensivo da internet, 
a partir da segunda década do século XXI, contribuem para a profusão 
de blogs, sites e páginas relacionadas ao mundo da moda e do “faça você 
mesmo”. Porém, é possível apontar iniciativas anteriores que apelavam para 
a ideia de ser possível fazer produções próprias. A revista Manequim é um 
exemplo de publicação, criada em 1959, que oferece moldes e instruções 
para que as leitoras produzam suas próprias peças.
A ideia do “faça você mesmo” é uma tendência que surge, por volta da 
década de 1970, como uma resposta ao consumo de produtos industriali-
zados em larga escala. Do inglês do it yourself (DIY), o movimento não se 
restringe ao vestuário, mas se estende para o mundo da decoração, incluindo 
artesanato e marcenaria, além da alimentação. Associando-se a questões 
como sustentabilidade, desapego e vida simples, trata-se de um retorno à 
simplicidade e à necessidade de individualização. Há, atualmente, um imenso 
mercado para quem deseja fazer aquilo que, normalmente, seria pago a um 
prestador de serviços, como, por exemplo, pintar a parede da sala ou renovar 
a mesa da cozinha com azulejos coloridos. 
Se o jornalismo dá visibilidade ao movimento, pode-se considerar que 
há uma relação circular, uma vez que, ao ser transformada em notícia ou 
reportagem, essa tendência passa a ser vista como a nova moda, a nova 
onda na qual muitas pessoas querem navegar. É comum que, nas publi-
cações especializadas, famosos e celebridades mostrem suas formas de 
“faça você mesmo”. Uma pesquisa realizada pelo portal de pesquisas de 
tendências WGSN (LEE, 2012) destacou quatro fatores que contribuem 
para a popularidade desse movimento, que tem se transformado em modelo 
de negócios. 
  Cultura da recessão: na pesquisa, a recessão é apontada como um 
fator que leva jovens consumidores (principalmente) a se manterem 
atualizados no mundo da moda sem precisar gastar muito para isso. 
Há diversos blogs de DIY, que publicam tutoriais de como recriar os 
estilos das passarelas usando materiais a preços acessíveis.
  Consumo consciente: o movimento “faça você mesmo” encoraja o 
consumo consciente, o reaproveitamento de materiais e a customização. 
9Jornalismo de moda
Os adeptos do movimento acreditam no poder positivo de transforma-
ção no ato de simplificar e produzir suas próprias peças (de vestuário, 
decoração e alimentação, entre outras) para consumo. 
  Gratificação instantânea: a ideia é tentadora, afinal, é possível recriar 
uma tendência das passarelas da moda, que ainda está à venda, em 
poucos minutos e, muitas vezes, usando peças já existentes ou com-
prando a custos mínimos. 
  Individualidade e exclusividade: os adeptos do DIY se motivam, prin-
cipalmente, pela possibilidade de ter peças exclusivas e feitas sob me-
dida, que irão se diferenciar e garantir um estilo próprio, ainda que a 
inspiração venha de tendências do mundo da moda.
A Figura 1 ilustra uma linha do tempo com as principais características 
do mercado da moda em cada período.
Figura 1. Características do mercado de moda.
Fonte: D’Almeida (2008, documento on-line).
Jornalismo de moda10
CALANCA, D. História social da moda. São Paulo: Senac, 2008.
D’ALMEIDA, T. Não basta desfilar, tem que vender: (des)encontros entre moda e mer-
cado. Dobras, v. 2, n. 2, 2008. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/
article/view/383/380. Acesso em: 24 maio 2020.
FLORES, A. M. M. Jornalismo de moda: características da prática no cenário brasileiro. 
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 39., 2016, São Paulo. 
Anais [...]. São Paulo: Intercom, 2016. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/
nacional2016/resumos/R11-0679-1.pdf. Acesso em: 24 maio 2020.
HELLMANN, A. G. A moda no século XXI: para além da distinção social? 2009. Dissertação 
(Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Sociologia, UFRGS, Porto Alegre, 2009. 
Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21459/000736166.
pdf?sequence=1. Acesso em: 24 maio 2020.
HINERASKY, D. A. Jornalismo de moda no Brasil: da especialização à moda dos blogs. In: COLÓ-
QUIO DE MODA, 6., 2010, São Paulo. Anais [...]. Fortaleza: UNIFOR, 2010. Disponível em: http://
www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202010/71881_Jorna-
lismo_de_moda_no_Brasil_-_da_especializacao_a_mod.pdf. Acesso em: 24 maio 2020.
LEE, S. WGSN: os blogs de “faça você mesmo” estão virando negócio. FFW, 23 mar. 
2012. Disponível em: https://ffw.uol.com.br/noticias/moda/wgsn-os-blogs-de-faca-
-voce-mesmo-que-estao-virando-negocio/. Acesso em: 24 maio 2020.
LIPOVETSKY, G. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
MICHAELIS: dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2020. 
Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
-brasileiro/moda/. Acesso em: 24 maio 2020.
SENAC. De onde vêm as tendências de moda? São Paulo, c2020. Disponível em: http://www1.
sp.senac.br/hotsites/gcr/materiais/tendencias_de_moda.pdf. Acesso em: 24 maio 2020.
UM SENHOR estagiário. Direção,produção e roteiro: Nancy Meyers. Intérpretes: Robert De 
Niro, Anne Hathaway, Rene Russo e outros. New York: Waverly Films, 2015. 1 DVD (2h 01min).
Leituras recomendadas
BARNARD, M.; OLINTO, L. Moda e comunicação. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
BARTHES, R. Inéditos: imagem e moda. São Paulo: Martins Fontes, 2005. v. 3.
FERREIRA, J. M. Jornalismo de moda na era digital: um estudo de caso da Revista Glamour. 2018. 
Dissertação (Mestrado Profissional) — FIAM-FAAM, Centro Universitário, São Paulo, 2018.
JOFFILY, R. O jornalismo e produção de moda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
11Jornalismo de moda
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Jornalismo de moda12

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