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O TRATAMENTO JURÍDICO DAS FAKE NEWS: A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

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1 
 
 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE CRICIÚMA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
O TRATAMENTO JURÍDICO DAS FAKE NEWS: 
A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
Raoni Pagani 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Araranguá, 11 de junho de 2020. 
2 
 
1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO 
 
1.1 TÍTULO: O TRATAMENTO JURÍDICO DAS FAKE NEWS 
 
1.2 AUTOR: Raoni Pagani 
Email: raonepagani@outlook.com 
Telefone: 48-9.9613-5019 
 
1.3 CURSO: Direito 
 
1.4 DISCIPLINA: Trabalho de Conclusão de Curso I 
 
1.5 SUGESTÕES PARA ORIENTAÇÃO: 
Keite Wieira 
Juliana Paganini 
 
2 OBJETO 
 
2.1 Tema 
 
O tratamento jurídico das fake news. 
 
2.2 Delimitação do Tema 
 
A violação dos direitos da personalidade. 
 
2.3 Problema 
 
A propagação de notícias falsas pode violar os direitos da personalidade e gerar 
responsabilidade civil para quem as divulga? 
 
2.4 Hipótese 
 
Os países democráticos possuem, no geral, ferramentas de proteção à imagem, 
intimidade e honra do cidadão. Evidentemente, as fake news ou notícias com matérias 
3 
 
imprecisas que posteriormente se revelem falsas, são frequentes nos meios tradicionais de 
imprensa e podem atingir os direitos de personalidade de um indivíduo. Dessa forma, se 
algum indivíduo produz uma notícia falsa, disseminando, por exemplo, que o senador de 
uma cidade cometeu o crime de corrupção e essa notícia tiver repercussão direta na honra 
e na imagem do político, este pode, portanto, buscar a identificação do autor e buscar a 
responsabilização do mesmo. 
 
2.5 Variáveis 
 
Notícias falsas. Direitos da personalidade. Danos morais. Provedores de Conteúdo. 
 
3. JUSTIFICATIVA 
 
 A disseminação de notícias falsas violadoras dos direitos de personalidade estão 
cada vez mais frequentes no cenário brasileiro, sobretudo no ambiente virtual. O extenso 
alcance que as notícias falsas atingem na web é muito preocupante, uma vez que o dano 
ao indivíduo pode ser tornar severo e de difícil reparação. 
 A liberdade de expressão se compreende em um direito respaldado pelo texto 
constitucional de 1988 e em outras leis infraconstitucionais, sendo algo que deve ser 
assegurado a todos os indivíduos. No entanto, a liberdade de expressão, muitas vezes, 
entra em rota de colisão com outros direitos fundamentais como, por exemplo, a dignidade 
da pessoa humana, que é o alicerce para a compreensão dos direitos personalíssimos, tais 
como: direito à imagem, à honra e à intimidade. 
 Diante dessa conjuntura de colisão de direitos e de severas violações por fake news 
propagadas no ambiente virtual, demonstra-se necessário verificar a responsabilidade civil 
dos provedores de redes sociais diante de notícias falsas violadoras de direitos 
personalíssimos que forem disseminadas na sua plataforma através de terceiros. 
 
4. OBJETIVOS 
 
4.1 Objetivo Geral 
 
 O objetivo geral do estudo consiste em analisar como a propagação de fake news 
tem sido tratada pela legislação brasileira e como sua disseminação pode atingir os direitos 
de personalidades do indivíduo. 
4 
 
 
4.2 Objetivos Específicos 
 
a) Apresentar o processo histórico do conceito de fake news; 
b) Investigar os direitos de personalidade; 
c) Analisar como as notícias falsas podem violar os direitos de personalidade; 
d) Verificar a controvérsia entre fake news e o direito à liberdade de expressão; 
 
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA INICIAL 
 
5.1 FAKE NEWS 
 
A definição de fake news não é necessariamente recente, tendo em vista que é – de 
modo bastante simplório – uma forma de desinformação com a finalidade de desorganizar 
as estruturas de poder. Todavia, incluído no âmbito da Era da Informação aqui exposto, o 
referido fenômeno possui a capacidade de intensificar reestruturações no direito à 
informação e, também, nas próprias dinâmicas institucionais que integram o Estado. 
Evidentemente, a propagação de fake news é longínqua, mesmo que a periodicidade 
e proporção que estas podem alcançar atualmente é reflexo da elevação dos meios e 
veículos de comunicação, sobretudo a internet, mas sua origem provavelmente advém 
desde o início da comunicação entre os indivíduos. Como elucida Braga (2018, p. 203), em 
seu estudo, o surgimento da internet propiciou, e muito, a reincidência de casos de fake 
news: 
 
Se uma mentira repetida mil vezes se torna verdade, com o advento da internet uma 
mentira pode ser repetida, cantada, recitada, filmada e fotografada um milhão de 
vezes, atraindo a atenção de um grupo incontável de usuários que buscam 
informações na internet. 
 
Na sociedade da informação, a qual se observa, a existência e a facilidade da 
divulgação e propagação de informações, dados ou notícias pela sociedade em geral 
influencia exponencialmente na elevação da disseminação de fake news e boatos. Isso 
acontece, pois, as informações disseminadas, não passam por nenhuma análise, 
verificação ou filtro, não sendo estas submetidas a análises em torno de sua veracidade. 
A propagação, em sua maior parte, é feita por indivíduos sem vínculos com a 
imprensa ou meios de comunicação o que eleva, por conseguinte, a frequência do 
5 
 
fenômeno denominado fake news, em alusão à expressão cunhada na língua inglesa. 
As notícias falsas em sua maioria possuem tons apelativos e assustadores, sobre 
algum assunto em relevância, o que as tornam chamativas para a disseminação em massa 
no ambiente virtual, podendo ir muito além de um mero boato, surtindo reflexos no âmbito 
civil e penal. O direito de informar e ser informado, consagrados como base da 
comunicação social, quando utilizados de modo equivocado, gera a constituição de um 
ambiente não democrático, uma vez que o pensamento crítico é influenciado e manipulado 
parar servir a interesses relativos a terceiros. 
 
Nesse sentido, os ensinamentos de Sleiman (2018, p. 45) apontam quatro possíveis 
razões que ensejariam a disseminação de fake news: 
 
(i) receitas publicitárias, ou seja, busca-se gerar acessos reiterados a determinadas 
páginas; (ii) concorrência desleal, prática utilizada entre empresas que querem de 
alguma forma derrubar seu oponente; (iii) consumidor descontente, em que ao 
efetivar reclamações de empresas cria notícias falsas a fim de denegrir a imagem 
do estabelecimento; e, por último, porém, não menos importante, (iv) 
concorrência política, nesse caso, as notícias falsas são utilizadas como ferramenta 
ilícita de campanha. 
 
Todas as razões expostas pela autora têm em comum uma única finalidade, qual 
seja impactar, através de notícias falsas, uma marca ou um indivíduo, atingindo diretamente 
sua honra e reputação, negócios ou carreira. O maior obstáculo encontrado no tocante a 
esse fenômeno é a identificação do indivíduo que realiza a primeira publicação, dando 
origem à fake news. Desse modo, se ocorre adversidades na identificação do autor, 
evidentemente se demonstra inviável extirpar tais notícias, sendo provável apenas controlá-
las após efetivada sua publicação. 
Ademais, é preciso analisar que a divulgação de notícias falsas está sujeita a custos 
e benefícios a todos os indivíduos incluídos no processo de propagação, 
independentemente da finalidade envolvida, “o que nem de longe é obstáculo para inibir o 
autor a não divulga-la, inclusive porque, dependendo da notícia, ele terá lucros que 
compensarão a realização do erro.” (PINHEIRO, 2016, p. 253) 
Dessa forma, os incentivos privados para a elaboração de notícias falsas dependem 
dos possíveis custos e benefícios englobados na atividade. Por um lado, o disseminador 
de notícias poderá obter vantagens econômicas e não econômicas (como o contentamento 
de sua ideologia política) com a propagação de fake news. Por outro lado, a elaboração e 
gestão de informações socialmente indesejadas acarretarão custos para o disseminador, 
assim como o risco de imposição de sanções, no âmbito civil e criminal. Segundo Braga 
6 
 
(2018, p. 198) “em inúmeros cenários, os benefícios tendem atranspassar os custos da 
disseminação de fake news.” 
Desse modo, vale destacar que a propagação de notícias falsas se encontra, na 
maioria das vezes, diretamente atrelada a uma consequência econômica, isto é, o referido 
fenômeno, apesar de demandar gastos para ser concretizado, pode acarretar lucros ao 
disseminador ou fazer com que o indivíduo ou marca por ele atingido deixe de obter lucros. 
Assim, partindo-se para uma análise jurisprudencial do tema, um dos casos mais 
famosos sobre fake News no Brasil trata-se da difamação do veterinário Luiz Lauriano, no 
canil municipal de Piracicaba, em São Paulo. As rés do caso, Mônica Rodrigues e Monique 
Denadai foram condenadas ao pagamento de indenizações por danos morais no montante 
de R$ 10.000,00 reais cada ao profissional, uma vez que Monique publicou em uma rede 
social fotos de uma cadela castrada pelo veterinário com suas vísceras à mostra após 
complicações pós-cirúrgicas. 
A disseminação da história foi fortalecida quando Mônica, uma conhecida ativista 
protetora de animais em Piracicaba, que nem ao menos conhecia Monique, divulgou a 
publicação, assim, o Desembargador José Roberto Neves Amorim eludia no acórdão do 
caso: 
 
A partir do momento em que uma pessoa usa sua página pessoal em rede social 
para divulgar mensagem inverídica ou nela constam ofensas a terceiros, como no 
caso em questão, por certo são devidos danos morais. Há responsabilidade dos que 
‘compartilham’ mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, pelos 
desdobramentos das publicações, devendo ser encarado o uso deste meio de 
comunicação com mais seriedade e não com o caráter informal. (BRASIL, 2013) 
 
Os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo mantiveram a 
decisão que havia condenado as rés pelo acontecido, a primeira por ter elaborado a 
publicação e a segunda por ter divulgado. O magistrado do primeiro grau ressaltou também 
que, embora a liberdade de expressão seja um direito constitucional, não é absoluto e deve 
ser exercido com cautela e responsabilidade, em respeito aos demais valores protegidos 
constitucionalmente, como, por exemplo, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
dos indivíduos. 
Desse modo, é possível destacar que o entendimento jurisprudencial, apesar de não 
haver extensas quantidade de julgados, tem sido conivente com o dano indenizável no 
tocante à disseminação de fake news no ambiente virtual. 
 
5.2 DIREITOS DA PERSONALIDADE 
7 
 
 
Inicialmente, verifica-se que os denominados direitos da personalidade são 
amparados pelo texto constitucional de 1988 que determina que todos os indivíduos são 
iguais perante a lei, sem qualquer diferenciação, a fim de assegurar à sociedade pátria e 
aos estrangeiros residentes, direitos como: intimidade, honra e imagem. Sendo, também, 
assegurado o direito de pleitear danos materiais ou morais por qualquer um destes. 
(BRASIL, 1988) 
 
Nesse contexto, Sehreiber (2013, p. 05) assevera acerca dos direitos da 
personalidade: 
 
A expressão foi concebida por jusnaturalistas franceses e alemães para designar 
certos direitos inerentes ao homem, tidos como preexistentes ao seu 
reconhecimento por parte do Estado. Eram, já então, direitos considerados 
essenciais à condição humana, direito sem os quais todos os outros direitos 
subjetivos perderiam qualquer interesse para o indivíduo, ao ponto de se chegar a 
dizer que, se não existissem, a pessoa não seria mais pessoa. 
 
No que tange à legislação infraconstitucional, cabe ao Código Civil a competência 
para regular a matéria pois, apenas com a promulgação do referido Código, que o legislador 
ordinário aferiu devido amparo jurídico ao tema. Uma vez que aferiu onze artigos voltados 
para os direitos de personalidade, são destacados os direitos ao próprio corpo da norma, 
ao nome, à honra e à privacidade. 
 
5.2.1 Direito à honra 
 
 A honra pode ser compreendida de duas maneiras: objetiva e subjetiva. A primeira 
delas se refere à reputação do indivíduo, o que dispõe sobre o nome e a fama no âmbito 
familiar, profissional e/ou comercial. A honra subjetiva compreende o sentimento pessoal 
de estima, isto é, a consciência da própria dignidade humana. 
 A palavra honra está ligada à boa fama que o indivíduo detém mediante a sociedade, 
isto é, compreende-se em seu prestígio social e está relacionada com a reputação do 
indivíduo mediante o meio social em que se encontra inserido. O direito à honra busca 
resguardar todos os fatos inverídicos que possam atentar contra a personalidade do 
indivíduo, seja na forma como é vista socialmente, bem como contra fatos verídicos, mas 
que não podem ser comprovados. (FARIAS, 2000) 
 A honra se trata de um dos direitos de personalidades mais importantes à sociedade 
pois, na chamada "Era da Informação", a todo momento são dispostos juízos de valores 
sobre a personalidade, ações e/ou omissões dos indivíduos. Por este viés, o direito à honra 
8 
 
possui papel fundamental na contemporaneidade. 
 
 Nesse contexto, Farias (2000, p. 109) explana duas características inerentes à 
honra: 
 
Tem-se como primeira característica que a honra é inerente a todos os seres 
humanos, independente de ração, religião, cor, sexo, isto é, ela tem como 
fundamento a própria dignidade da pessoa humana e a segunda dispõe que ela 
existe sobre dois aspectos distintos: o objetivo e o subjetivo. 
 
 Em análise ao entendimento do supracitado autor, verifica-se que a honra objetiva 
compreende uma definição externa, ou seja, aquilo que determinada coletividade pensa 
sobre um indivíduo. Por seu turno, a honra objetiva consiste no juízo de valor aferido pela 
sociedade a quem está inserido a ela, de modo geral, consiste na reputação do indivíduo 
mediante àqueles com quem convive. (FARIAS, 2000) 
 No tocante ao caráter subjetivo, o conceito mostra-se interno, isto é, trata-se do que 
o indivíduo pensa sobre si próprio, o sentimento permeado em sua cabeça sobre sua 
dignidade moral e/ou sua autoestima. Assim, cumpre evidenciar que os dois aspectos 
podem ser passíveis de violação, cabendo assim, uma possível reparação pelo dano 
sofrido. 
 
5.2.2 Direito à imagem 
 
 No que versa acerca do direito de imagem, compreende-se que o mesmo encontra 
disposição legal no artigo 5°, X e XXVIII da Carta Magna de 1988 dentro do título que 
abrange os direitos e as garantias fundamentais ao cidadão. Insta frisar que o mesmo 
também é abarcado pela legislação infraconstitucional, sendo disposto no artigo 11 e 
seguintes do Código Civil pátrio. (BRASIL, 1988) 
 Dessa forma, dentre os direitos de personalidades constantes na integridade moral, 
encontra-se também o direito à imagem. Em consonância à doutrina de Gagliano e 
Pamplona Filho (2014, p. 167) "a imagem, em definição simplificada, constitui a expressão 
exterior sensível da individualidade humana, digna de proteção jurídica." O referido autor 
expõe que não se trata apenas da integridade física do indivíduo, mas também da proteção 
elencada aos componentes identificadores da pessoa como, por exemplo, a fisionomia, 
sensações, personalidade e características do comportamento. 
 
 Nesse diapasão, Farias (2000, p. 120) elucida que: 
9 
 
 
A proteção constitucional não se limite ao semblante ou a rosto, estende-se a 
qualquer parte do corpo humano, como a reprodução de um pé, de um braço, de 
uma mão, de um busto. Em suma, o direito à imagem abrange não só a face do 
indivíduo, alcança também qualquer parte distinta de seu corpo. 
 
 Dessa forma, o autor evidenciou que a proteção no tocante à imagem não engloba 
apenas determinas partes do corpo, mas sim, o mesmo como um todo. Importante 
mencionar que o CCB tutelou o direito à imagem em seu artigo 20°. Vejamos: 
 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, 
ou a publicação, a exposição ou autilização da imagem de uma pessoa poderão 
ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe 
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins 
comerciais. 
 
 Apesar dessa disposição na legislação pátria, a doutrina majoritária destaca uma 
falha no dispositivo em sua parte final, no momento em que acaba por restringir à retratação 
pelo dano à imagem apenas nos casos onde forem afrontadas "a honra, a boa fama, a 
respeitabilidade ou se destinarem a fins comerciais". Isto ocorre, pois, o direito à imagem é 
caracterizado como autônomo, possuindo sua tutela independente da configuração de 
lesão à honra, intimidade ou de a imagem ter sido usada para fins comerciais, bastando 
apenas, ocorrer sem o consentimento do indivíduo para que haja devida indenização. 
 
5.2.3 Direito à vida privada 
 
 O direito à vida privada encontra-se intrínseco ao direito à intimidade, sendo 
entendido por muitos como sinônimo deste, todavia, os mesmos não devem se confundir. 
Por este viés, o referido direito encontra respaldo no texto constitucional, que dispõe 
expressamente e de modo separado ambos os direitos. Vejamos: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação. 
 
 Tecendo distinção à intimidade e a vida privada do indivíduo, Silva (2014, p. 210) 
alega que "a intimidade integra a esfera íntima do indivíduo, os seus pensamentos, desejos 
e convicções, enquanto a vida privada significa o direito do indivíduo de ter e viver a própria 
10 
 
vida." 
 De modo oposto como ocorre no direito à intimidade, que engloba a esfera íntima do 
indivíduo, informações que não deseja compartilhar com os outros, até mesmo pessoas 
próximas, a vida privada encontra-se correlacionada com as informações que interessam 
apenas ao indivíduo e àqueles que fazem parte do seu âmbito privado, pessoas que 
denotam confiança ao mesmo, razão pela qual devem ser protegidas da curiosidade alheia 
e divulgação ao público. 
 Por este viés, na atual sociedade da informação, tais direitos ganharam destaque, 
uma vez que se torna cada vez mais difícil se proteger e resguardar sua vida privada e 
intimidade da curiosidade alheia, informações estas que diz respeito apenas ao indivíduo e 
àqueles a quem confia. Importante destacar que o direito à vida privada encontra disposição 
no artigo 21 do Código Civil, que denota: "ser a vida privada da pessoa inviolável, podendo 
o magistrado adotar medidas a fim de impedir ou cessar sua violação." (BRASIL, 2002) 
 
5.3 LIBERDADE DE EXPRESSÃO VS. FAKE NEWS 
 
Com o advento das leis de acesso à informação observado na última década, novos 
caminhos têm sido almejados em busca de um Estado Democrático de Direito, muitas 
vezes, por meio do acesso à informação e da garantia de publicidade dos atos. A título de 
exemplo, em consonância ao censo comparativo legal evidenciado por Souza (2018, p. 
135): “até o ano de 2008, mais de setenta países haviam adotado leis de acesso à 
informação, demonstrando uma relevante mudança de paradigma sobre sua importância”. 
 
Na seara jurídica, Souza (2016, p. 136) ressalta que: 
 
A informação é objeto de dois direitos distintos: o direito de informação como direito 
ativo de liberdade; e como direito social passivo consistente em uma expectativa 
positiva (direito ao livre acesso às informações). Ambos sentidos – o direito de 
liberdade de expressão e o direito a receber informações – verificam-se como 
direitos autônomos e coletivos que pertencem a todos e a cada um 
simultaneamente. 
 
Sendo assim, o referido direito carece de garantias explícitas constitucionais, quais 
sejam: as garantias primárias, que se traduzem nas obrigações relativas ao Poder Público 
de prestar informações e garantir uma imprensa livre; e as garantias secundárias, que se 
relevam na possibilidade de exigi-las em juízo. 
Em resumo, a informação e sua proteção foram regulamentadas como bases da 
11 
 
democracia contemporânea. Contudo, do mesmo modo que definições políticas e jurídicas 
se modificam e evoluem, a sociedade também muda, exigindo que com ela se modifique a 
nossa relação de busca e proteção da informação. 
No tocante ao cenário brasileiro, no qual “crise” pare ser a expressão chave do 
momento e tensões ideológicas se originam constantemente em distintas mídias, não é 
preciso muito para desequilibrar as relações entre indivíduo e instituição – analisadas aqui 
em uma acepção ampla –, “que inclui administração pública, organizações civis, partidos 
políticos, etc.” Daí decorre a essencialidade de se buscar a segurança cognitiva. (ALMEIDA, 
2015, p. 188) 
Assim, é possível aferir que a busca pela segurança cognitiva se trata de uma 
preocupação com o bem-estar psicológico da sociedade, a qual atualmente e de modo 
contínuo sofre bombardeios de diversos tipos de informação, seja por televisores, internet 
ou até mesmo pela propagação de boatos. Assim, o referido cenário possui a capacidade 
de elaborar (ou pelo menos dar margem) aos receios e medos do cidadão, viabilizando 
premissas contextuais de vulnerabilidades que, segundo Salles (2018, p. 39): “podem ser 
facilmente exploradas por indivíduos ou grupos interessados.” Por essa razão, emerge a 
preocupação com as denominadas fake news. 
A criação e a propagação de notícias falsas se tratam de atos atentatórios ao Estado 
Democrático de Direito, como já exposto, e acarretam a necessidade de limites dos direitos 
à liberdade de expressão, assim como seus desdobramentos (liberdade de informar e ser 
informado), “além de atentar também contra a credibilidade da imprensa, que detém como 
finalidade o alcance e a divulgação de notícias verídicas.” (PINHEIRO, 2016, p. 260) 
A grande satisfação dos direitos referidos aconteceu após um período nebuloso na 
história brasileira. Após a ditadura militar, que teve início com o golpe de 1964, em que 
aconteciam censuras políticas e ideológicas, se fez essencial garantir, no texto 
constitucional, a liberdade de expressão, um direito garantido pela Constituição Federal de 
1988, assim como o direito à informação. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
[...] 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
[...] 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença. 
 
Dessa maneira, compreende-se que a liberdade de expressão consiste no direito de 
12 
 
se expor, externar suas ideologias, pensamentos e acepções, não passando, 
necessariamente, a ideia de compromisso com a veracidade que a liberdade de informação 
detém, por exemplo. Nos dizeres do ministro Gilmar Mendes (2016, p. 264), o direito à 
liberdade de expressão “é um dos mais relevantes direitos fundamentais, correspondendo 
a uma das mais antigas reivindicações dos homens de todos os tempos.” 
Assim, a liberdade de expressão consiste em um relevante instrumento democrático, 
uma vez que assegura a todos o direito de se expressarem, não apenas com informações, 
mas com outros tipos de manifestações, sejam estas artísticas, científicas, políticas, etc. 
Segundo Marmelstein (2019, p. 127) “é na exposição de pensamentos, no diálogo, no 
confronto de ideias que reside a importância da democracia, em que todos podem participar 
por todos os meios possíveis.” 
Evidentemente,contudo, apesar da liberdade de expressão apresentar posição de 
preferência, esta não é um direito absoluto, isto é, não se pode confundir liberdade com 
abuso, portanto, o referido direito possui limitações. Por vezes, a manifestação de ideias 
pode ferir um direito fundamental de outrem como, por exemplo, a imagem e a honra. Por 
essa razão, a identificação do propagador é essencial, permitindo a sua identificação para 
possível responsabilização pelos danos causados à vítima. 
 
Nesse sentido, cumpre ressaltar que é vedado também o anonimato na provação de 
informações ou opiniões, como bem elucida Vasconcellos (2019, p. 159): 
 
Veda-se, entretanto, o anonimato, manifestações apócrifas – aquilo que não tem 
nome – no sentido de que toda a divulgação do pensamento deve ser nominada, a 
fim de se atribuir eventual responsabilidade àquele que a manifestou. É que 
eventual ultrapassagem dos limites no momento da divulgação do pensar pode 
ensejar responsabilidades de cunho civil e/ou penal. 
 
Para tanto, a liberdade de expressão se consiste em uma relevante ferramenta no 
alcance da democracia, pois incentiva a apresentação de informações, fatos, assim como 
ideias, desde que não depreenda em danos prejudiciais à possíveis vítimas, sendo prevista, 
nessa situação, a censura repressiva ou punitiva. 
Portanto, tendo em vista que o texto constitucional de 1988 defende a liberdade de 
expressão, o Poder Judiciário, desse modo, não poderia intervir para afastar a propagação 
de fake news lesivas aos direitos de personalidade. Nesse cenário, possível desrespeito 
haveria de solucionar-se em perdas e danos, assim, após a violação do direito 
constitucional, poderá a vítima pedir reparação pelo dano sofrido. No entanto, isso pouco 
representa a garantia de proteção judicial efetiva contra lesão ou ameaça de lesão a direito 
13 
 
se a intervenção apenas ocorrer após a realização do ato. 
 
6. CONCEITOS OPERACIONAIS 
 
a) Fake news: a expressão é utilizada para se referir à propagação de notícias falsas ou 
imprecisas. 
b) Direitos da personalidade: são os direitos irrenunciáveis e intransmissíveis que todo 
cidadão tem de controlar a utilização de seu corpo, nome, imagem, aparências e quaisquer 
outros elementos constitutivos de sua identidade. 
c) Liberdade de expressão: é o direito que permite os indivíduos manifestarem sua opinião 
sem o receio de retaliações, de modo a permitir que as informações sejam acessadas por 
inúmeros meios, de maneira independente e sem censura. 
d) Informação: é o emaranhado de dados e conhecimentos organizados, a fim de elaborar 
referências sobre um estabelecido fato ou fenômeno. 
 
7. METODOLOGIA 
 
No que se refere ao método de abordagem, a pesquisa será qualitativa, pois 
compreende um método de investigação científica que se intensifica na acepção subjetiva 
do objeto analisado, sendo esmiuçadas suas particularidades. 
 O método de procedimento será bibliográfico-documental, o mesmo almeja capturar 
e analisar a realidade para que o pesquisador obtenha êxito em seus objetivos delineados. 
Assim, o referido método é regido pela transparência e objetividade da pesquisa, sendo 
definido, portanto, como o método que desenvolve investigações a partir de trabalhos e 
estudos já realizados por outros indivíduos. 
A pesquisa será básica e descritiva, a mesma que se desenvolve por meio da 
elaboração de conhecimento científico e de interesses coletivos, isto é, sem denotar um 
efeito prático direto. A pesquisa básica possui como finalidade o aprofundamento em um 
conhecimento científico, o qual já foi estudado, almejando complementar algum elemento 
ou particularidade da pesquisa feita anteriormente. 
 
8. ESTRUTURA BÁSICA DO ARTIGO CIENTÍFICO 
 
RESUMO 
 
14 
 
INTRODUÇÃO 
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE FAKE NEWS 
1.1 BREVE HISTÓRICO E CONCEITO 
1.2 OS REFLEXOS NO CENÁRIO ELEITORAL BRASILEIRO 
2. OS DIREITOS DE PERSONALIDADE E A RESPONSABILIZAÇÃO PELAS FAKE 
NEWS 
2.1 OS DIREITOS DA PERSONALIDADE VS. FAKE NEWS 
2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL 
3. A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E FAKE NEWS 
3.1 O CONTROLE JUDICIAL NO CONTEXTO TECNOLÓGICO 
3.2 A CONTROVÉRSIA ENTRE FAKE NEWS E O DIREITO À LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO 
CONCLUSÃO 
REFERÊNCIAS 
9. CRONOGRAMA 
 
ATIVIDADES AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO 
Levantamento 
bibliográfico 
X 
Leituras e 
fichamentos 
X 
Pesquisas X X 
Redação X X 
Revisão X 
Defesa Pública X 
 
10. REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, Juliana Evangelista de. Responsabilidade civil dos provedores de serviços 
de Internet. Revista de Direito Privado, v. 62. 2015. 
 
BRAGA, Renê Morais da Costa. A indústria das fake news e o discurso de ódio. In: 
PEREIRA, Rodolfo Viana (Org.). Direitos políticos, liberdade de expressão e discurso de 
ódio. Volume I. Belo Horizonte: IDDE, 2018. p. 203-220. ISBN 978-85-67134-05-5. 
Disponível em: https://goo.gl/XmUwkd. Acesso em 07/05/2020. Acesso em 07/05/2020. 
 
BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. 1988. 
 
15 
 
BRASIL. Código Civil brasileiro. Lei. 10.406, de janeiro de 2002. 
 
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AP nº 4000515-21.2013.8.26.0451. 
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/arquivos/2013/12/art20131204-08.pdf Acesso 
em 01 de jun. 2020. 
 
FARIAS, Edilsom Pereira de. Colisão de direitos: a honra, a intimidade e a vida privada e 
a imagem versus a liberdade de expressão e informação. 2ª Ed. Atual. Porto Alegra. 2000. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Direito civil: parte geral. 16 Ed. 
Rev. e Atual. São Paulo: Saraiva. 2014. 
 
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Bonet. Curso de Direito 
Constitucional. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
SALLES, Fernanda Mazzafera. Fake news: muito além do campo moral da autoria. In: 
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital aplicado 3.0. São Paulo: Ed. RT, 2018. 
 
SILVA, Virgílio Afonso da. Direitos Fundamentais: conteúdo essencial, restrições e 
eficácia. 2. ed. 2. tiragem, São Paulo: Malheiros editores, 2014. 
 
SOUZA, Carlos Affonso; LEMOS, Ronaldo. Marco civil da internet: construção e 
aplicação. Juiz de Fora: Editar Editora, 2016. 
 
SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. 2° Ed. Rev. e Atual. São Paulo: 
Editora Atlas, 2013. 
 
SLEIMAN, Cristina Moraes. Fake news: o que está por trás dessa prática. In: PINHEIRO, 
Patricia Peck. Direito digital aplicado 3.0. São Paulo: Ed. RT, 2018. 
 
 
VASCONCELLOS, Clever. Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. 
 
11. BIBLIOGRAFIA A SER CONSULTADA 
 
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 13. ed. – São Paulo: 
Atlas, 2019. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: 
responsabilidade civil. Vol. 3. 19. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2019. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Vol. 4: responsabilidade civil. 14. 
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 20. ed. rev., atual. e ampl. – São 
16 
 
Paulo: Saraiva, 2016. 
 
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. rev. e atual. até a EC nº 95, de 15 
de dezembro de 2016 – São Paulo: Atlas, 2017. 
 
PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. 1 ed. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2012. 
 
		2021-09-07T02:07:12-0300
	Raoni da Silva Pagani Elias

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