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PROFESSOR Me. Adriano Ruy Matsuo Me. Fábio Luiz Iba Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. ATIVIDADES DE ACADEMIA Google Play App Store 2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Sabrina Novaes Designer Educacional Patrícia Ramos Peteck, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa, Ilustração André Azevedo, Bruno Pardinho, Welington Vainer Satin de Oliveira Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MATSUO, Adriano Ruy ; IBA, Fábio Luiz. Atividades de Academia. Adriano Ruy Matsuo; Fábio Luiz Iba. Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. 210 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1.Atividade . 2.Academia . 3.Educação Física EaD. I. Título. ISBN 978-65-5615-039-0 CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Me. Adriano Ruy Matsuo Natural de Maringá, Paraná, Brasil. Possui graduaçãoem Bacharel em Educa- ção Física (2011), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialização em Fisiologia Humana: Funcionamento do Organismo Humano no Contexto Interdisciplinar (2013), pela UEM. Mestrado em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (CAPES 4), na área de Desempenho Humano e Atividade Física; linha de pesquisa em Atividade Física e Saúde (2018). Tem experiência na área de academia, atuando como personal trainer, professor na musculação e em diferentes modalidades de ginásticas de academia. Atualmente é professor do curso de Educação Física EAD da UniCesumar. http://lattes.cnpq.br/2456149959756244 Me. Fábio Luiz Iba Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2005). MBA em Gestão Empresarial (2011) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014), ambos pela mesma Universidade. Mestrado em Administração pelo programa de pós-graduação oferecido pela Universidade Estadual de Maringá na linha de Organização e Mercado (2018). Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós graduação EAD, na área de administração e gestão de projetos. http://lattes.cnpq.br/6939160957684922 apresentação do material ATIVIDADES DE ACADEMIA Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia! Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são, ati- vidades como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que, estas foram e são ativi- dades que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Porém, é importante destacar que, atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes. Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca- demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o conteúdo relativo as ginásticas é devido a sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus conhecimentos para as demais atividades físicas da academia. Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte a sua atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como, em diversos outros espaços. Para isso, num primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness, tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades ofertadas em uma academia de ginástica. Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes a ginástica de academia. Começare- mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas, e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula. Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia, que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim como, a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência. O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo. Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica! Ótima leitura e bons estudos! sumário UNIDADE I A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS 14 História da Academia de Ginástica 20 Fitness e Wellness 24 Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica 50 Gabarito UNIDADE II INTRODUÇÃO A GINÁSTICA DE ACADEMIA 56 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 70 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 84 Elementos Musicais na Ginástica de Academia 97 Gabarito UNIDADE III MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 104 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos 116 Modalidades que fazem o uso de equipamentos 128 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia 139 Gabarito UNIDADE IV PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 144 Treinamento Desportivo e a ginástica de aca- demia 150 Planejamento e Organização de uma aula de ginástica de academia 156 Elementos para um coaching de excelência 170 Gabarito UNIDADE V GESTÃO E EMPREENDEDORISMO 176 Administração e seus principais conceitos 180 Processo administrativo 184 Estrutura organizacional 188 Empreendedorismo e plano de negócios 198 Gabarito REFERÊNCIAS Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • História da Academia de ginástica • Fitness e Wellness • Atividades ofertadas em uma academia de ginástica Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia de ginástica. • Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da academia. • Apresentar as atividades comumente praticadas e oferecidas na academia. A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS unidade I INTRODUÇÃO O lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de aca- demia, nesta primeira unidade, trataremos deste nosso am- biente de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso, serão apresentadas as principais atividades que, atualmente, são desenvolvidas nela. Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido, veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina- ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas. Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão físi- ca, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos, também, que, o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia, meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física. Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer- tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica- mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí- cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza- do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência melhor ao aluno, como a avaliação física. Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura! 14 Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades presentes na academia, realizando um sucinto res- gate histórico deste estabelecimento de atividades voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos componentes da aptidão física. Contudo, antes de entrarmos nesta discussão, é importante entender a origem da expressão “academia de ginástica”, utilizada, aqui no Brasil,para designar estabeleci- mentos deste tipo. O termo “academia” tem origem na escola funda- da por Platão, chamada de Academia, devido ao local onde estava instalado o bosque de Academos (GA- ARDER, 1995). É relevante destacar que, juntamente com a educação do intelecto, o cuidado com o corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmente, para designar um conjunto de exercícios físicos que têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento físico (FONTANA; REPPOLD, 2014). História da Academia de Ginástica 15 EDUCAÇÃO FÍSICA O movimento gerado por Sandow e Atlas se forta- leceu, na década de 70, com as publicações da The International Federation of Bodybuilding and Fitness (IFBB), em português “Federação Internacional de Bodybuilding e Fitness”, com o surgimento de ato- res, como Arnold Schwarzenegger e de franquias, como a, mundialmente conhecida, Gold´s Gym. O surgimento das academias de ginástica ocor- reu no século XIX, na Europa, mais precisamente na Alemanha (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014) e na Bélgica (CAPINUSSU; COSTA, 1989). Estes espaços eram conhecidos como ginásios (ou Tur- nkunst na Alemanha) e tinham como objetivo edu- car e condicionar, fisicamente, homens e mulheres, por meio de exercícios físicos e aparelhos específi- cos. A partir do século XX, houve aumento e pro- pagação das academias tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, onde as práticas mais oferecidas eram o halterofilismo e a ginástica. Apesar do grande destaque que a ginástica rece- beu no século XIX, em decorrência do movimento ginástico europeu, foi por meio de dois fisiculturis- tas, Eugen Sandow (1867-1925) e Char- les Atlas (1892- 1972), que se ini- ciou a globalização da academia e da cultura fitness, no começo do século XX (ANDREAS- SON; JOHANSSON, 2014). Essa globali- zação ocorreu, por meio de palestras internacionais, revis- tas e materiais sobre técnicas e treinamen- to físico, promovidos por ambos os atletas. Figura 1 - Eugen Sandow. Fonte: Wikimedia (2006, on-line)1. Figura 2 - Charles Atlas. Fonte: Wikimedia (2019, on-line)2. Figura 3 - Logomarca mundialmente conhecida da Gold´s Gym 16 Paralelamente ao desenvolvimento do halterofilismo, ainda na década de 70, os exercícios aeróbicos, suge- ridos pelo pesquisador norte americano Dr. Kenneth H. Cooper, passaram a ter notoriedade e serviram de estímulo para o desenvolvimento de uma forma específica de ginástica, que envolvia a música com movimentos coreografados, denominada de Aerobic Dancing (SORENSEN, 2019, on-line)5. Podemos di- zer que esta forma de ginástica deu origem às mo- dalidades de ginástica de academia contemporâneas. Uma clássica academia de ginástica entre os anos 1980 e 1990 consistia em uma sala com di- ferentes tipos de máquinas e equipamentos de treinamento, um espaço com pesos livres (barras, anilhas e halteres) e uma sala para atividades de gi- nástica em grupo. De modo geral, atualmente, as academias seguem este mesmo padrão, contudo, é possível observar aquelas que oferecem, ainda, di- ferentes espaços, como piscinas, tatames, quadras esportivas, entre outros. Figura 5 - Anilhas de diferentes pesos Figura 6 - Halteres de diferentes medidas Inaugurada no ano de 1965, em Venice Beach, na Califórnia (Estados Unidos), a Gold’s Gym era um local simples, com equipamentos caseiros, onde fisiculturistas podiam moldar seu físico. Seu aluno mais icônico foi o ator Arnold Schwarzene- gger, que, junto a seus amigos lideraram o movi- mento Bodybuilding, nos anos de 1970. A Gold’s Gym passou a ser reconhecida, mundialmente, a partir do ano de 1977, quando organizou o concurso Mister América e serviu de cenário para o filme Pumping Iron, em que Schwarzenegger e seus amigos mostraram seus treinamentos para os concursos Mister Universe e Mister Olympia. Atualmente, ela se tornou uma das maiores empresas do ramo do fitness, com mais de 700 academias em todo o mundo. Acompanhando a evolução das academias, a Gold’s Gym, oferece além do espaço da musculação (que foi seu cerne), uma variedade de programas de treinamento, como o Gold’s Burn, o Gold’s Fit e o Gold’s Cycle, visando abranger diferentes públicos. Fonte: Gold’s Gym (2019a; 2019b, on-line)3,4. SAIBA MAIS 17 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 4 - Barra 18 Foi a partir dos anos 1990 que houve a súbita expan- são das franquias de academias e das modalidades de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS- SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura fitness pode ser observada pelo número de acade- mias em todo mundo, que já somam mais de 201 mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo- calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23). A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL O modelo de academia de ginástica, semelhante ao atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil. Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e halterofilismo, sendo encontradas principalmente nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei- ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal- terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns atores de cinema, houve a expansão das academias de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em todo o mundo (FURTADO, 2009). A ginástica de academia promoveu, nos anos de 1980, o aumento de adeptos à prática de exercícios fí- sicos nesses locais, principalmente das mulheres, que buscavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remodelação das salas de halterofilismo, que passa- ram a ter máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utilização, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofilismo” foi substituído por “musculação”, ob- jetivando incluir o público que não praticava a moda- lidade por competição (FURTADO, 2009). A partir da década de 1990, há uma grande di- versificação de modalidades e produtos oferecidos, sendo esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As academias brasileiras procuram se atuali- zar oferecendo, além das tradicionais modalidades (musculação e ginástica de academia), espaços para práticas que integram força, equilíbrio e flexibilida- de, e que propiciam, além do condicionamento físi- co, também, a saúde e o equilíbrio mental. Dispo- nibilizam, também, equipamentos tecnológicos que fornecem informações detalhadas de performance, ou ainda, que simulam situações encontradas em diferentes práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços, como avaliação física, acompanhamento nutricional, fisioterápico bem como programas de treinamento específicos, seja para uma população em especial (idosos por exemplo) seja para determi- nada finalidade (para ganho ou redução de peso). Figura 7 - Esteira ergométrica 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Apesar de discutirmos, até aqui, a academia de gi- nástica enquanto local de pluralidade, no Brasil (e no mundo), existem aquelas que são especializa- das em atender determinado público, ou oferecer, exclusivamente, uma modalidade. Nesse sentido, é comum encontrar academias restritas ao atendi- mento a mulheres ou a idosos, bem como aquelas especializadas em lutas, danças ou qualquer outra prática. Focando em um único segmento, essas academias se capacitam para oferecer um trabalho de qualidade e garantem uma experiência próxima a que seus alunos desejam. Figura 8 - Simulador de escada Figura 9 - Atividades com recurso de realidade virtual 20 Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da academia de ginástica enquanto negócio, a visão que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos poucos, foram sendo agregadas outras concepções, buscando ampliar o público alvo e atingir o merca- do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou escutado esses termosem algum lugar. Contudo você saberia conceituá-los? Fitness e Wellness 21 EDUCAÇÃO FÍSICA O FITNESS O termo fitness é empregado, comumente, para de- signar a aptidão ou condicionamento físico de um indivíduo. No entanto de acordo com a etimologia, esse termo de origem da língua inglesa é composto pela palavra Fit que significa “apto” ou “adaptado”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição. Desta forma, fitness corresponde ao esta- do de se estar apto (ter aptidão) para responder às necessidades individuais. Portanto, não é um termo restrito apenas à condição física, mas à aptidão dos aspectos emocionais, intelectuais e sociais também (DANTAS et al., 2009). Nesse sentido, o fitness pode ser entendido em dimensões, as quais são influenciadas pelo ambiente e circunstâncias de vida, que contribuem para o es- tado de adaptação geral do indivíduo (ARMBRUS- TER; GLADWIN, 2001). Estas dimensões podem ser descritas como: Social, Emocional, Intelectual e Física. Veja a seguir uma breve explicação de cada uma delas (DANTAS et al., 2009). Social: re�ete-se na satisfação de necessidades básicas de afeto (aceitação e aprovação de indivíduos), realização (aprovação e aceitação recebidas do grupo) e integração (mutualidade, cooperação e lealdade do grupo). O �tness social é indicado pelo grau de harmonização de uma pessoa com os valores, a cultura, os costumes e os hábitos do grupo a que pertence. Emocional: corresponde ao grau de adequação das respostas comportamentais diante aos estímulos do meio ambiente, bem como, a habilidade de lidar com a tensão, ansiedade e a satisfação. O �tness emocional re�ete o equilíbrio emocional e a aceitação do próximo. Além disso, proporciona ao indivíduo disciplina, responsabilidade, determinação e autorrealização. Intelectual: consiste, basicamente, na capacidade de aprendizagem, na inteligência e na cultura. O �tness intelectual estimula o indivíduo a utilizar sua inteligência e criatividade para a resolução de problemas, bem como, a busca pelo conhecimento para satisfazer suas necessidades. Física: é constituída por um conjunto de fatores capazes de promover saúde, bem-estar físico e qualidade de vida. Dentre eles se encontra a aptidão física que pode ser entendida como sendo a capacidade de desenvolver as atividades físicas, sejam elas esportivas, ocupacionais ou diárias, de maneira plena. DIMENSÕES DO FITNESS A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di- mensões, podemos dizer que, no contexto da acade- mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada seria physical fitness, em português “aptidão física”. 22 Aptidão física relacionada à saúde Os principais motivos pelos quais os indivíduos pro- curam uma academia de ginástica para realizar a sua prática de atividade física são a manutenção ou me- lhora da saúde e da qualidade de vida (PORTUGAL et al., 2017; VILELA; ROMBALDI, 2015; TAHARA; SCHWARTZ; SILVA, 2003). Isto porque a atividade física, juntamente com a aptidão física, tem sido as- sociada, positivamente, a estes fatores em indivíduos de todas as faixas etárias, mas, principalmente, em adultos e idosos, cujos potenciais riscos da inativi- dade se manifestam (NAHAS, 2013). A aptidão física relacionada à saúde inclui com- ponentes apontados como fundamentais para a lon- gevidade e autonomia, capazes de reduzir os riscos de doenças ou condições crônico-degenerativas ocasionadas por baixos níveis de atividade física habitual (NAHAS, 2013). Compreendem tais com- ponentes a aptidão cardiorrespiratória (ou aptidão aeróbica), a força e resistência muscular, a composi- ção corporal e a flexibilidade. Todos eles são impor- tantes e podem ser definidos como: • Aptidão cardiorrespiratória: é a capacidade de o organismo resistir à fadiga em esfor- ços de média e longa duração. Envolvendo os sistemas cardiovascular e respiratório, ela depende, essencialmente, da captação e dis- tribuição do oxigênio para os músculos em exercício físico. Também são determinantes desse componente a ineficiência dos múscu- los em utilizar do oxigênio transportado e a disponibilidade de substratos energéticos (glicose ou gordura). Baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória têm sido correlacionados a um risco muito elevado de morte prema- tura por qualquer causa, mas especialmente por doenças cardiovasculares. Por outro lado, aumentos no nível de aptidão cardiorrespira- tória estão associados à redução de morte por todas as causas (ACSM, 2016). • Força e resistência muscular: a força muscu- lar corresponde à quantidade de força exter- na que o músculo pode aplicar contra uma resistência (CASPERSEN et al., 1985). Já a resistência muscular é a capacidade de um músculo ou um grupo muscular executar re- petidas contrações sem reduzir a eficiência do trabalho realizado. Ambas contribuem para a melhora ou manutenção da massa óssea (a redução da massa óssea está diretamente associada à mortalidade), da tolerância à gli- cose (importante no estado pré-diabético e diabético), da integridade musculotendínea, da capacidade de realizar atividades diárias, e da massa livre de gordura (relacionada à massa corporal e a taxa metabólica de repou- so) (ACSM, 2016). • Composição corporal: basicamente, ela pode ser expressa como a porcentagem re- lativa dos tecidos adiposos e magros (mús- culos, ossos e água) que compõe a massa corporal (NIEMAN, 2011). Ela é um com- ponente crítico do perfil de saúde de um in- divíduo uma vez que o acúmulo excessivo de gordura corporal é considerado um pro- blema de ordem pública e está associado a diversas doenças, como a diabetes mellitus tipo II, as dislipidemias, as doenças cardio- vasculares, certos tipos de câncer, dentre outras (PERGHER et al., 2010; VAN GAAL; MERTENS; DE BLOCK, 2006; MOKDAD et al., 2001; OLIVEIRA; FISBERG, 2003). No entanto baixos níveis de gordura corpo- ral também representam risco à saúde, pois o organismo depende de certa quantidade de gordura para manter as funções fisioló- gicas normais (HEYWARD, 2004). 23 EDUCAÇÃO FÍSICA • Flexibilidade: diz respeito ao grau de ampli- tude nos movimentos de diversas partes do corpo. É dependente das estruturas articula- res e da elasticidade de músculos e tendões. Preservar a flexibilidade facilita os movimen- tos e mantém a independência funcional e o desempenho de atividades da vida diária (e esportivas também) (HEYWARD, 2004). Usualmente, então, os programas de exercícios físi- cos desenvolvidos na academia de ginástica são (e devem continuar sendo) direcionados à promoção desses componentes relacionados à saúde. Contudo isso não significa que os componentes relacionados à performance, como a agilidade e o equilíbrio, não são estimulados, muito pelo contrário, eles também fazem (e devem fazer) parte desses programas, mas com menor ênfase. O WELLNESS O fato de as primeiras academias de ginástica terem surgido com o propósito de aperfeiçoar o condicio- namento físico dos indivíduos e de seus fundadores terem sido, muitos deles, atletas ou pessoas envol- vidas em práticas corporais, fortaleceu e propagou a ideia do fitness (FURTADO, 2009). Com o desen- volvimento das academias, a visão antes restrita à aptidão física foi se ampliando e, aos poucos, assi- milando o ideal da saúde e bem-estar, disseminado fortemente, a partir dos anos de 1970. É nesse con- texto que aparece o termo wellness. De acordo com a etimologia, o termo wellness, de origem inglesa, é composto pela palavra Well, que sig- nifica “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição, conforme dito anteriormente. Portanto, wellness tem como significado o “estar bem” ou “bem-estar” (DANTAS et al., 2009). Sugerido pelo americano Charles B. Corbin, o termo wellness pode ser entendido como a integração de todos os aspectos da saúde e do fitness (com suas dimensões), que desenvolve um potencial para vi- ver e trabalhar plenamente, contribuindo, significa- tivamente,para a sociedade (SABA, 2006). Assim, se outrora o foco era o aperfeiçoamento do físico, agora, a busca é pela qualidade de vida. É importante destacar que o conceito de wellness não deixa de enfatizar o condicionamento físico, no entanto atribui a ele valores referentes à saúde e bem-estar (FURTADO, 2009). A educação para a saúde, visando às modi- ficações do comportamento que conduzem a um estilo de vida saudável, deve ser, a priori, em uma academia. Nesse sentido, além da atividade física, quais pontos de- vem ser de conhecimento do profissional de Educação Física? REFLITA 24 Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro pensamento que surge é em relação às práticas cor- porais inerentes a este ambiente, como a musculação e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es- paço adequado para a prática de exercícios físicos, uma academia oferece muitas outras atividades que visam complementar o serviço prestado, bem como, satisfazer as necessidades de seus clientes. Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em uma academia de ginástica podem ser categoriza- das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica 25 EDUCAÇÃO FÍSICA MODALIDADES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS Em sua essência uma academia de ginástica é edifi- cada a partir da(s) modalidade(s) de exercício físico que esta oferece. Um grande desafio é elencar todas as modalidades existentes uma vez que elas variam de acordo com a época e região, assim como novas formas de exercício físico são frequentemente elabo- radas e lançadas. No entanto existem aquelas moda- lidades que, de certa forma, tornaram-se (ou estão se tornando) práticas clássicas nas academias. São al- gumas destas práticas que serão abordadas a seguir. Exercícios aeróbicos em aparelhos Exercícios aeróbicos, como a caminhada e a corrida, normalmente, demandam um espaço amplo para a sua realização, pois exigem que seus praticantes per- corram certa distância, ou mantenham o exercício por determinado tempo. É evidente que, por motivo de espaço e segurança, exercícios com movimentos cíclicos como estes não são passíveis de serem re- alizados, de forma tradicional, no interior de uma academia. Desta forma, estas práticas vêm sendo executadas com a ajuda de aparelhos específicos, que permitem a simulação dos gestos motores de maneira estacionária. Os aparelhos específicos para o desenvolvimen- to da aptidão cardiorrespiratória passaram a com- por o quadro de itens indispensáveis em uma aca- demia, a partir da década de 70, quando a prática do jogging (corrida) foi bastante difundida, por in- fluência dos estudos do Dr. Cooper. Neste contex- to, pode-se dizer que as treadmills, em português “esteiras”, foram os primeiros aparelhos deste tipo no ambiente da academia. O conceito da esteira surgiu com base em um me- canismo, criado no século XIX, para punir presidiá- rios na Inglaterra. Esse mecanismo era uma enorme roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas quais os presos realizavam o movimento em degraus, como uma escada. A máquina era grande e comprida, de maneira que vários prisioneiros eram colocados nela ao mesmo tempo (HEFFERNAN, 2015). Figura 10 - Treadmill para prisioneiros / Fonte: Wikimedia (2019, on-line)4. O movimento era constante, e a energia gerada era utilizada para bombear água, moer grãos ou fazer moinhos funcionarem, daí o nome treadmill, em que tread pode ser traduzido como “passo”, e mill como “usina” ou “moinho”. O esforço físico realizado pe- los presidiários era tão grande que o equipamento passou a ser visto como uma maneira eficiente de manter a aptidão física deles (HEFFERNAN, 2015). 26 A esteira no formato que conhecemos hoje, uma estrutura com rolamentos e uma lona, que permite o desenvolvimento de uma caminhada ou corrida estacionária, surgiu na década de 50. Desde então, ela tem passado por aprimoramentos e vem ganhan- do itens cada vez mais tecnológicos que auxiliam no controle, no deleite e na qualidade do exercício físico. Musculação A musculação é uma das principais modalidades de exercício físico em uma academia (ao menos, na maioria delas) e tem o treinamento resistido como guia para o desenvolvimento da sua prática. Os exer- cícios resistidos são, resumidamente, aqueles que exigem que a musculatura corporal se movimente (ou tente se mover) contra uma força oposta (no caso a resistência), normalmente, exercida por al- gum tipo de equipamento ou, até mesmo, pelo peso corporal (FLECK; KRAEMER, 2017). Com o advento da esteira, outros equipamentos foram elaborados com a mesma premissa, a de promover a aptidão cardiorrespiratória, por meio da simulação de movimentos esportivos. Nesse contexto, ao longo dos anos, surgiram bicicletas, remos e até máquinas que simulam os movimentos do esporte Esqui. Figura 12 - Elíptico Figura 11 - Remo ergométrico 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Um programa de treinamento de musculação bem elaborado, coerente e executado de maneira correta, pode produzir benefícios à aptidão física e a saúde, tais como, aumento da massa muscular (hipertrofia), redução da gordura corporal, melhora da força e do desempenho físico em atividades da vida diária e esportivas. Outros benefícios à saúde também são observados, como melhora na pressão arterial, no perfil lipídico e na sensibilidade à insuli- na (FLECK; KRAEMER, 2017). Apesar de não ser uma modalidade esportiva, a musculação contribui para a preparação de atletas de diferentes modalidades, além de ser a base do fisiculturismo e de algumas modalidades, como o levantamento de peso olímpico. As rotinas de exer- cícios da musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, repetições e pausas. Dependendo da forma como esses elementos são combinados, os re- sultados produzidos são diferentes. Nesse sentido, existem vários programas de trei- namento, cada qual com a sua finalidade (por exem- plo, emagrecimento, hipertrofia e ganho de força) e seu idealizador. Porém todos eles se alicerçam em seis princípios: o Princípio da especificidade, Princípio da sobrecarga progressiva, Princípio da individualidade, Princípio da variabilidade, Princípio da manutenção e o Princípio da reversibilidade (STOPPANI, 2017). Obser- ve, a seguir, um resumo de cada um desses princípios. Princípio da sobrecarga progressiva: é o contínuo aumento da intensidade do treino, ajustado de acordo com a adaptação do músculo ao estímulo dado, por meio do aumento na carga levantada, no número de repetições ou séries realizadas, ou ainda, na diminuição do tempo de descanso entre as séries. Princípio da especi�cidade: significa treinar de forma específica para produzir os efeitos específicos desejados. Princípio da individualidade: os programas de treinamento devem ser elaborados respeitando e considerando as necessidades específicas ou os objetivos e habilidades dos indivíduos. Princípio da manutenção: ao ser alcançado o objetivo do treinamento, esse pode ser mantido apenas com um programa voltado para a preservação das adaptações. Princípio da reversibilidade: quando um o programa de treinamento resistido é interrompido ou não é mantida uma frequência ou intensidade adequada, as adaptações na forca ou na hipertrofia, respectivamente, retornam à condição inicial ou deixam de progredir. Princípio da variabilidade: a adaptação do corpo, frente ao estímulo produzido pelos programas de treino, geralmente, cria um platô no processo evolutivo, que é quebrado apenas por novos estímulos. 28 Anilhas: são pesos, normalmen- te, em formato de discos e feitos de ferro fundido. Apresentam medidas variadas e um buraco no centro para serem encaixa- dos nas barras ou máquinas. Da mesma maneira que há diversos programas de treinamento, existem vários exercícios na muscula- ção para todos os segmentos corporais.Esses exercí- cios são executados utilizando-sede diferentes equi- pamentos, como: Barras: são cilindros de comprimento, diâme- tro e peso variável, feitas de diferentes ligas metálicas. Existem diferentes formatos de bar- ras, sendo as mais comuns a barra reta, em for- ma das letras “W” e “H”, e a barra hexagonal. Halteres: numa definição simples, halteres são pequenas barras, as quais possuem uma empunhadura com espaço para ape- nas uma mão. Possuem diversos formatos e tamanhos, com pesos fixos ou ajustáveis. Figura 13 - Barra hexagonal Figura 15 - Diferentes exercícios com halteres Figura 14 - Anilhas de levantamento de peso olímpico 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Máquinas com ajuste de placas de peso: são conhecidas assim por utilizarem placas de metal, normalmente, retangulares, que ficam empilhadas em um compartimento e alinhadas por um trilho. Estas possuem um elaborado sistema de cabos e roldanas para o seu funcionamento. Máquinas com ajuste de anilhas: possuem um local específico para acoplar as anilhas. Geralmente, funcionam com um sistema sim- ples de alavanca. Máquinas monoarticulares: são máquinas cujos exer- cícios desenvolvidos envol- vem apenas uma articula- ção do corpo, isolando, ao máximo, o músculo agonis- ta do movimento. Figura 17 - Máquina com ajuste de anilhas Figura 18 - Máquina monoarticular Figura 16 - Máquina com ajuste de placas de peso 30 Embora, atualmente, existam inúmeros tipos de ati- vidades físicas nas academias, a grande parte das pessoas ainda adota a musculação como exercício físico para atingir seus objetivos de saúde, estética ou performance. Máquinas multiarticulares: são má- quinas em que os exercícios desen- volvidos envolvem mais de uma arti- culação do corpo, fazendo com que o músculo agonista do movimento seja auxiliado por outro grupo muscular. Figura 19 - Máquina multiarticular 31 EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento funcional Basicamente, treinamento funcional é treinar para uma finalidade. Sua gênese está ligada à medicina esportiva, quando se observou que, a eficiência dos exercícios utilizados na reabilitação de atletas po- deria ser transferida para os programas preparação física. Seu propósito residia em ensinar os atletas a lidar com o seu peso corporal, em todos os planos de movimento, nas diferentes exigências do esporte (BOYLE, 2018). Neste contexto, o treinamento fun- cional faz o uso de vários conceitos esportivos para trabalhar elementos, como a velocidade, força, po- tência, equilíbrio e propriocepção (consciência cor- poral), de modo a melhorar o desempenho atlético e reduzir a incidência de lesões (BOYLE, 2018). A partir da premissa de que, os exercícios usados para recuperar um atleta lesionado também poderiam ser os melhores exercícios para manter e melhorar a saúde, o treinamento funcional passou a fazer parte do quadro de atividades das academias de ginástica. Assim, em vez de preparar para o esporte, os exercí- cios passam a condicionar para as atividades diárias. Um programa de treinamento funcional é es- truturado para trabalhar movimentos, não múscu- los. Desta forma, os exercícios funcionais procu- ram envolver o máximo de movimento das várias articulações bem como a integração entre os gru- pos musculares de diferentes segmentos corporais. Para tanto, são utilizados movimentos de puxar, empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar, correr e saltar (D’ELIA, 2016). Figura 20 - Região do Core / Fonte: Ice Skating Sports ([2020, on-line)6. 32 Um ponto essencial é o treinamento do Core, que compreende a região central do corpo, abrangendo as costas, o abdômen e a região pélvica. A importân- cia do Core reside no fato de que ele oferece movi- mento e suporte para todas as regiões do corpo, além disso, é onde se localiza o centro de gravidade. Re- sumidamente, o Core assume as seguintes funções: • Estabilização da cintura escapular, cintura pélvica e coluna durante os movimentos. • Produz a força para os movimentos do tronco. • Transfere a energia (força) entre o tronco e os membros. • Conexão entre membros superiores e inferiores. • Prevenção de traumas, movimentos compen- satórios e lesões de um modo geral. A maioria dos exercícios funcionais é executa- da com o peso do próprio corpo, mas também podem ser realizados com acessórios e equipa- mentos específicos, tais como as que seguem nas figuras seguintes: Figura 21 - Medicine ball Figura 22 - Kettlebell Figura 23 - Escada de agilidade Figura 24 - Bosu 33 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 25 - Resistance band Figura 26 - Corda naval 34 Em síntese, o treinamento funcional busca tornar o corpo mais inteligente, equilibrado (lados, cadeias e extremidades) e preparado para as exigências mo- toras da vida diária, por meio de exercícios que es- timulam força, equilíbrio, velocidade, resistência, agilidade, potência, mobilidade e flexibilidade. Treinamento em suspensão O treinamento em suspensão consiste na execução de movimentos com determinados segmentos cor- porais suspensos. A ideia central deste método é uti- lizar o peso corporal e a gravidade como carga para os exercícios e, desta forma, estimular o aprimora- mento dos componentes da aptidão física. Este método de treino foi desenvolvido pelos soldados das Forças de Operações Especiais da Ma- rinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team), com o intuito de manter e auxiliar na progressão do condicionamento físico durante as missões, princi- palmente, quanto estavam embarcados em navios e submarinos (TRX, 2011). 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1. Fita de ancoragem 2. Ajuste intermediário do mosquetão de ancoragem 3. Mosquetão de ancoragem 4. Laço de ancoragem inferior 5. Mosquetão principal 6. Laço de equalização 7. Trava de segurança 8. Marcas de regular a altura (pode ser baixa, intermediária ou alta) 9. Tiras de Ajuste 10. Fivelas 11. Manoplas 12. Apoio para os pés 13. Fita principal 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1. Fita de ancoragem 2. Ajuste intermediário do mosquetão de ancoragem 3. Mosquetão de ancoragem 4. Laço de ancoragem inferior 5. Mosquetão principal 6. Laço de equalização 7. Trava de segurança 8. Marcas de regular a altura (pode ser baixa, intermediária ou alta) 9. Tiras de Ajuste 10. Fivelas 11. Manoplas 12. Apoio para os pés 13. Fita principal 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1. Fita de ancoragem 2. Ajuste intermediário do mosquetão de ancoragem 3. Mosquetão de ancoragem 4. Laço de ancoragem inferior 5. Mosquetão principal 6. Laço de equalização 7. Trava de segurança 8. Marcas de regular a altura (pode ser baixa, intermediária ou alta) 9. Tiras de Ajuste 10. Fivelas 11. Manoplas 12. Apoio para os pés 13. Fita principal Figura 27 - Visão geral da fita de treinamento em suspensão. Fonte: o autor. 35 EDUCAÇÃO FÍSICA A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços de borracha nasceu o primeiro equipamento e um conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX, 2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis- Os programas de treinamento em suspensão abran- gem diversos métodos de treino, como as tradicio- nais séries e repetições separadas por determinado tempo de descanso, os treinos intervalados de alta tematização dos exercícios em suspensão deram ori- gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX. intensidade e os circuitos. Todos esses são elabora- dos a partir das progressões de movimento em que as diferentes formas de posicionamento do corpo, num mesmo exercício, conferirão maior ou menor grau de dificuldade e intensidade. Figura 28 - Exercício de agachamento utili- zando a fita de treinamento em suspensão Figura 29 - Aulas coletivas de treinamento em suspensão 36 Como a fita é ancorada (fixada) em determinada altura (entre 2,10 m e 2,70 m), na parede ou em qualquer outra estrutura, os exercíciosexploram os diferentes ângulos e a estabilidade nas mais variadas posições que o corpo pode assumir. Nesse sentido, existem movimentos em que são assumidas posi- ções na vertical, diagonal e horizontal. Figura 30 - Posicionamento do corpo na diagonal, com apoio das mãos Figura 31 - Posicionamento do corpo na horizontal, com apoio dos pés. 37 EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento individualizado (Personal trainer) De acordo com a Resolução n° 327, de 10 de outu- bro de 2016, do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2016) uma das atribuições do profissional de Educação Física é a prescrição do treinamento físico in- dividualizado. Este serviço, em que se atende de forma individualizada, é conhecido, popularmente, como Per- sonal trainer (em português “treinador pessoal”). Por meio de programas de treinamentos pla- nejados e orientados, individualmente, o Personal trainer oferece atividades físicas direcionadas tanto para a qualidade de vida quanto para fins estéticos e de alto rendimento esportivo. Esse profissional co- meçou a se destacar a partir do momento em que os meios de comunicação colocaram em evidência o exercício físico personalizado e o tornaram um es- pecialista em forma física (BOSSLE, 2008). Figura 32 - Treinamento orientado e individualizado O treinamento individualizado é ofertado em di- ferentes locais, como os condomínios residenciais, clubes, parques e, com maior destaque, as academias de ginástica. Neste último, é possível trabalhar com a musculação, o treinamento funcional, o treinamen- to em suspensão, as lutas, entre outras atividades nas quais o profissional esteja qualificado. As academias de ginástica constituem um am- biente ótimo para a prestação do serviço Personal trainer, pois, além de fornecerem o espaço e os ma- teriais para as diferentes práticas físicas, elas dis- põem de salas de avaliação, que são fundamentais para a prescrição e acompanhamento do treino indi- vidualizado, assim como, conferem proteção diante as intempéries do clima e do tempo. 38 Lutas, Danças e Natação Geralmente, atividades, como as lutas, as dan- ças e a natação são praticadas em academias (ou escolas) específicas para elas, pois deman- dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de estruturas específicas. O ensino das lutas e artes marciais compete aos profissionais da Educação Física, que possuem a ti- tulação de mestre ou o reconhecimento de treina- dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente, demandam um espaço especial, como o tatame ou o ringue, assim como, de materiais específicos, tais como sacos de pancada, manoplas de foco e apa- radores de chute. As lutas e as artes marciais mais comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu- -jitsu, o Muay Thay e o Boxe. A prática das diferentes danças também requer a presença do profissional graduado em Educação Físi- ca, e este deve ter formação específica em um ou mais estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe- cífico para a sua prática, no entanto danças, como o Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac- terística para o seu ensino. De modo geral, os esti- los de dança encontrados com mais frequências nas academias de ginástica são as danças de salão, como o samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho. O ensino da Natação é feito pelos profissionais da Educação Física que possuem certa experiên- cia com a modalidade. Para oferecer uma prática significativa e segura, as academias de ginástica dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci- das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros. Além disso, vestiários apropriados e materiais es- pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores, palmares e nadadeiras. Ginástica de academia A ginástica de academia é composta por um grande conjunto de modalidades, em que o exercício físico é executado em forma de coreografias e cadenciado por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer- cício será abordado com mais profundidade e deta- lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático. ATIVIDADES COMPLEMENTARES Com o intuito de oferecer suporte e experiência me- lhor ao aluno, assim como para a fidelização e cap- tação de novos clientes, as academias de ginástica disponibilizam muitas outras atividades que comple- mentam seus serviços. Estas atividades podem, ou não, conferir um custo adicional ao cliente, depen- dendo do tipo de serviço e por quem ele é prestado. Avaliação física A realização da avaliação física é essencial para uma intervenção segura e de qualidade, pois é por meio dela que são analisados os componentes da aptidão física, determinado o estado de saúde de um indi- víduo bem como o programa de exercícios físicos é prescrito e acompanhado. Uma academia de ginástica deve possuir um pro- tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma anamnese, a medida dos parâmetros antropométri- cos e da composição corporal, e uma análise postural. Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória, da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam- bém podem compor os elementos analisados. Con- fira a seguir algumas informações a respeito dessas avaliações no contexto da academia de ginástica. 39 EDUCAÇÃO FÍSICA • Medidas antropométricas e da composição corporal: a medida das proporções do corpo são parâmetros de referência para os padrões de saúde, de beleza e para a performance es- portiva (NAHAS, 2013). Para a fidedignidade dos resultados, é importante que os protoco- los de avaliação sejam adequados ao avalia- do e, criteriosamente, seguidos. As medidas antropométricas são, facilmente, obtidas por meio de balança, estadiômetro e fita antropo- métrica. Já os constituintes da massa corpo- ral podem ser avaliados com técnicas e pro- tocolos simples, como as dobras cutâneas ou a bioimpedância (ROCHA; GUEDES, 2013). • Anamnese: o questionário aplicado deve ser es- truturado para determinar o perfil do indivíduo. Por meio dele, deve-se investigar, principalmen- te, os possíveis problemas de saúde (de todas as ordens), o uso de medicamentos, os riscos de doenças hereditárias bem como os hábitos diários de vida (atividade física, alimentação e sono). Além deste, é interessante que o Questio- nário de Prontidão para Atividade Física, conhe- cido como PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionnaire), também faça parte do protocolo de avaliação. O PAR-Q tem como objetivo a de- tecção do risco cardiovascular e é considerado um padrão mínimo de avaliação pré-participa- ção em exercícios físicos (ACSM, 2018). 40 • Avaliação postural: o encurtamento e/ou a hipotonia muscular (baixo tônus muscular) podem gerar desequilíbrios entre pares an- tagônicos de músculos e, consequentemente, em desvios posturais. Esses desvios podem causar incômodos e dores aos seus portado- res bem como limitar a execução de certos movimentos do cotidiano e de alguns exercí- cios físicos. A utilização de um simetrógrafo para a avaliação da postura auxilia na seleção e prescrição de movimentos adequados. É im- portante destacar que, cabe ao profissional de Educação Física, apenas, prescrever exercícios que não agravem, ou evitem possíveis desvios posturais. E sempre que identificado um caso grave, encaminhá-lo aos especialistas. • Aptidão cardiorrespiratória: a capacidade cardiorrespiratória reflete o estado funcio- nal dos sistemas respiratório, cardiovascular, muscular e das suas relações fisiológicas e me- tabólicas (SILVA; DIEFENTHAELER, 2015). Ela é determinada pelo consumo máximo de oxigênio ou VO2máx., que é expresso, nor- malmente, em termos relativos (ml/kg/min) e, justamente, reflete a capacidade do organis- mo em captar, transportar e utilizar o oxigê- nio para a produção de energia (PRADO et al., 2011). O VO2máx. pode ser, facilmente, mensurado por meio de testes indiretos como o teste de banco de McArdle (1972). • Força e resistência muscular: a capacidade de produção de trabalho de um músculo ou um conjunto deles se reflete na medida da forçae resistência muscular. A força muscular pode ser medida, basicamente, de duas maneiras: estática e dinamicamente (ACSM, 2016). Es- taticamente ou de modo isométrico, a força pode ser avaliada por um dinamômetro. Dina- micamente, a força pode ser medida por meio do teste de uma repetição máxima (1 RM). Já a resistência muscular é facilmente avaliada por meio de um teste de repetições máximas em determinado tempo, como os testes de repeti- ções de abdominal e de flexão de braços. • Flexibilidade: reflete a funcionalidade dos componentes uma articulação, como os liga- mentos, tendões e músculos bem como a inte- ração entre uma série de articulações. Assim, a flexibilidade é específica para a articulação e, portanto, não existe um teste único que possa ser utilizado. No entanto um teste muito uti- lizado é o de sentar e alcançar, proposto por Wells e Dillon em que se avalia a flexibilidade da lombar, do quadril e de membros inferiores (POLLOCK; WILMORE, 1993). Tão importante quanto os dados das medidas e dos testes são as informações obtidas das análises, que permitem identificar deficiências, limitações e de- terminar as necessidades secundárias ao objetivo do aluno. Além disso, o procedimento de avaliação deve acontecer, periodicamente, para que sejam ana- lisados os efeitos decorrentes do(s) programa(s) de exercício físico e as devidas considerações e orienta- ções sejam feitas. Atendimento em primeiros socorros Pode parecer estranho, contudo o atendimento em primeiros socorros também faz parte da rotina de uma academia de ginástica. Afinal, acidentes são imprevisíveis e podem acontecer com qualquer pes- soa, em qualquer momento e em qualquer lugar. As adversidades mais comuns relacionadas à prática de atividades físicas podem ser diferenciadas em clíni- cas e traumáticas. Dentre as lesões clínicas se desta- cam o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o in- farto e a parada cardiorrespiratória. Já as principais lesões traumáticas correspondem às fraturas, aos ferimentos, às hemorragias, aos traumas de crânio, tórax e coluna (CREF4, 2014). 41 EDUCAÇÃO FÍSICA A demora que pode ocorrer no atendimento es- pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis- tências inadequadas constituem algumas das preocu- pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais maneiras de evitar complicações são: ter profissionais preparados, que sabem como agir quando adversida- des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca- demia, e possuir protocolos, equipamentos e acessórios necessários para um primeiro atendimento eficiente. Os primeiros socorros compreendem ao trata- mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia- tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito, até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006). O objetivo deste é garantir a manutenção das fun- ções vitais e evitar o agravamento das condições de saúde do atendido (BRASIL, 2003). É relevante destacar que deixar de prestar o so- corro a alguma pessoa configura crime, segundo o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL, 1940), com pena que varia de um a seis meses de detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a primeira assistência, a academia é responsável por chamar o socorro público, como o resgate do Corpo de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima. SAMU (192) O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, ou SAMU, atende pelo número de telefone 192 e presta socorro a vítimas de casos clínicos, como: - Dores no peito (podem ser sintomas de problemas cardíacos); - Intoxicação por diversos produtos; - Perda de consciência, desmaio e hemorragias; - Crises de convulsão. Os atendidos pelo SAMU são direcionados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA´s) SIATE (193) O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência, ou SIATE, atende, pelo número de telefone 193 e presta socorro a vítimas emergenciais do tipo: - Acidentes de trânsito com feridos; - Ferimentos com arma branca e de fogo; - Quedas com fraturas e ferimentos; - Choque elétrico grave; - Ataque de animais. Assim, o SIATE atende casos de alto risco de morte, de traumas, ferimentos por acidentes e fraturas expostas. Esses casos são encaminhados para os hospitais. Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor. 42 Quanto à regulamentação e fiscalização, em re- lação à prestação de primeiros socorros na aca- demia, as leis podem variam em cada estado e município, por este motivo, cabe ao gestor buscar informações a respeito do assunto para manter o estabelecimento em ordem. De modo geral, a prevenção de fatores de risco ambientais, como a manutenção e o bom estado das instalações e dos equipamentos; também como, uma anamnese adequada com informações sobre o esta- do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade- mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de situações emergenciais. Promoção e participação em eventos Um evento pode ser considerado um acontecimento estratégico que ocorre a partir de determinado in- teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo (MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser um plano de ação de Marketing de relacionamento uma vez que este representa uma tentativa das em- presas em desenvolver relações de longa duração com seus clientes (JACKSON, 1985). Existem dois fortes motivos para que uma aca- demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos são um meio de gerar a sensação de acolhimento e comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos alunos, à medida que os fazem sentir parte de um grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo- ção de eventos internos, com a participação de con- vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos externos, tornando a marca da academia mais visí- vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de romper com a monotonia causada pela rotina das aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam- -se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos eventos mais comuns acontecem por: • Comemorações de datas específicas: Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia e festas tradicionais (Festa Junina, Halloween, Natal, entre outras). • Competições: fazem parte do quadro de competições os eventos de modalidades es- portivas, como a natação, as lutas, o supino e as corridas rústicas. • Palestras: convidados especialistas apresen- tam e discutem temas relacionados aos exer- cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá- veis de vida e afins. É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so- cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta- belecimento de um cronograma de eventos baseados em datas comemorativas, eventos esportivos, assim como, na necessidade de diferentes ações com os clien- tes, faz parte do planejamento anual de uma academia. Serviços complementares Algumas academias estão se tornando grandes cen- tros multidisciplinares ao integrarem áreas afins à educação física para oferecerem serviços especiali- zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan- ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola- boração de profissionais das seguintes áreas: • Nutrição • Fisioterapia • Medicina do esporte • Estética 43 EDUCAÇÃO FÍSICA Esse movimento de integração confere praticidade ao cliente, pois este não precisará buscar tais servi- ços em outros locais. Em complemento, a integração da Educação Física com uma ou mais dessas áreas, num mesmo espaço, facilita a comunicação e a ar- ticulação das ações entre os profissionais, enrique- cendo o atendimento e podendo proporcionar me- lhores resultados. Porém é relevante destacar que o conjunto de serviços oferecidos e, consequentemen- te, o espaço e a estrutura, dependem, muitas vezes, do público alvo e da proposta de valor da academia (SABA,2012). 44 considerações finais Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a academia de ginástica e apresentação de algumas das atividades que nela são desenvolvidas. Ao recordar os conteúdos desta primeira unidade, observamos que, apesar do gran- de destaque que a ginástica recebeu no século XIX, devido ao movimento ginástico europeu, a globalização (e popularização) da academia aconteceu em decorrência da ação de pioneiros do fisiculturismo, no século XX, como Eugen Sandow e Charles Atlas. A partir dessa época, houve muitas mudanças nas academias de ginástica que as direcionaram para o que são hoje, grandes centros especializados em atividades e serviços voltados ao desenvolvimento da aptidão física e da saúde. Falamos, ainda, sobre os conceitos de Fitness e Wellness, palavras essas de origem in- glesa que significam, em termos gerais, aptidão e bem-estar, respectivamente. O termo fitness é empregado, frequentemente, para designar o condicionamento físico de um indivíduo, no entanto verificamos que seu significado etimológico vai além de apenas aptidão física, abrangendo aspectos sociais, emocionais e intelectuais, também. Já o termo wellness surgiu da necessidade de relacionar a academia à saúde e ao bem-estar. Por fim, vimos que as atividades oferecidas em uma academia podem ser categorizadas em dois grupos: as modalidades de exercícios físicos e as atividades complementares. Entre as modalidades de exercícios físicos, foram abordadas algumas das práticas clássicas observadas nas academias, como os Exercícios aeróbicos em aparelhos, a Musculação, o Treinamento Funcional e em suspensão, e o Personal trainer. Entre as atividades complementares, destacamos a avaliação física, o atendimento em primei- ros socorros, a promoção e a participação em eventos bem como citamos alguns dos serviços especializados nas esferas da saúde, bem-estar e performance, que vêm sendo oferecidos com o intuito de complementar o atendimento ao cliente da academia. Com essas palavras encerramos nossa primeira unidade. Até a próxima! 45 atividades de estudo 1. A academia de ginástica, enquanto local específico para a execução de exercí- cios físicos, tem sua origem na Europa, no século XIX. Já no Brasil, as primeiras academias datam do início do século XX, num formato bem semelhante ao que conhecemos hoje. Com base nos estudos da história da academia de gi- nástica, assinale a alternativa correta. a. Os ginásios tinham como objetivo educar e preparar, fisicamente, apenas os ho- mens, por meio de exercícios físicos vigorosos sem o uso de qualquer aparelho. b. As tradicionais academias de ginástica, entre os anos 1980 e 1990, eram, basicamente, espaços com máquinas e equipamentos de treinamento e pesos livres. c. A expansão das academias e dos hábitos fitness pelo mundo aconteceu por influência dos movimentos ginásticos europeus, durante o século XIX. d. Academias especializadas em determinados públicos, como mulheres, idosos ou atletas, não são comuns. e. O termo musculação surgiu no Brasil em substituição ao termo halterofilismo. 2. O termo fitness corresponde ao estado de se estar apto para responder às ne- cessidades individuais de maneira geral, sendo assim, não se restringe apenas à condição física. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale “V” para verdadeira e “F” para Falsa: ( ) � A flexibilidade compreende um dos componentes da aptidão física. ( ) � O termo fitness faz referência apenas à aptidão física e aos hábitos alimentares. ( ) � O fitness possui dimensões descritas como física, social, emocional e intelectual. ( ) � A dimensão física do fitness é constituída por fatores capazes de promover a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar físico. a. V, F, V e V. b. F, F, V e V. c. V, V, F e V. d. F, V, V e F. e. V, F, F e F. 46 atividades de estudo 3. O termo wellness surge em meio ao desenvolvimento das academias, quando se passou a assimilar um ideal de qualidade de vida, difundido, fortemente, a partir dos anos de 1970. Nesse contexto, qual o significado desse termo? 4. Na atualidade, são diversas as atividades ofertadas em uma academia de gi- nástica e estas podem ser categorizadas, basicamente, em modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes: I. O atendimento em primeiros socorros é de responsabilidade exclusiva do so- corro público. II. Uma rotina de treinamento funcional é estruturada para trabalhar movimen- tos, não músculos, especificamente. III. As esteiras foram baseadas em um mecanismo utilizado para punir presidiá- rios na Alemanha. IV. Os programas de musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, re- petições e pausas. Assinale a alternativa correta. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. O treinamento em suspensão foi desenvolvido por soldados da Forças de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team), com o intuito de manter e desenvolver o condicionamento físico, durante as missões. Nesse sentido, descreva em que consiste o treinamento em suspen- são e como funcionam as progressões do movimento. 47 LEITURA COMPLEMENTAR Há 14 anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte realiza a Worldwide Survey of Fitness Trends, uma pesquisa eletrônica com milhares de profissionais em todo o mundo, para determinar as tendências de saúde e fitness do ano seguinte. Essa inves- tigação é realizada anualmente e introduziu uma maneira sistemática de prever essas tendências na área do condicionamento físico. Essa pesquisa de tendências na área de condicionamento físico não procura avaliar propriamente produtos, serviços, aparelhos eletrônicos ou máquinas desenvolvidas para a prática de exercícios físicos, mas sim confirmar ou introduzir tendências que tenham um efeito positivo percebido no setor, de acordo com a opinião dos entrevis- tados. Nesse contexto, algumas das tendências identificadas em pesquisas anteriores podem aparecer por vários anos, consecutivos ou não. Normalmente a lista divulgada comtempla 20 tendências ao todo, e nos últimos anos, cinco delas tem se destacado entre as primeiras, sendo estas o High-intensity interval training (ou HIIT), os Wearables technology, o Treinamento com o peso corporal, o Trei- namento em grupo e o Personal trainer. O HIIT, em português “Treinamento intervalado de alta intensidade” é um método de treinamento onde os programas de exercícios envolvem a alternância de estímulos em alta intensidade, seguidos por um curto período de descanso (ativo ou passivo). O HIIT assumiu o primeiro lugar da lista apenas nos anos de 2014 e 2018, no entanto, sempre se mantém entre os dez primeiros. Apesar alguns profissionais do fitness alegarem potencial aumento das taxas de lesões devido ao HIIT, essa forma de exercício tem sido popular em academias de todo o mundo. Wearables technology correspondem as “Tecnologias vestíveis” como os monitores de frequência cardíaca, os dispositivos com GPS e os Smartwatches. Esses disposi- tivos permitem o controle das atividades e exercícios físico, das calorias, do tempo 48 LEITURA COMPLEMENTAR sentado, da qualidade do sono, entre outros. Desde o ano de 2016 as tecnologias vestíveis estão no topo da lista das tendências, com exceção do ano de 2018, onde assumiram a terceira colocação. O Treinamento com peso corporal é uma combinação entre exercícios com pesos livres e o peso do próprio corpo em movimentos em vários planos. Este tipo de trei- namento utiliza o mínimo de equipamentos possível, o que o torna uma maneira barata e eficaz de exercício físico. Um Treinamento em grupo é caracterizado por cinco ou mais participantes instruídos para um mesmo exercício. Os professores de exercícios em grupo ensinam, motivam e lideramaulas de movimentos coreografados. Os indivíduos, geralmente, apresentam diferentes níveis de condicionamento físico e conhecimento dos movimentos e equi- pamentos. Os programas de treinamento em grupo existem há muito tempo e têm se destacando como uma potencial tendência mundial desde as primeiras pesquisas do Colégio Americano de Medicina do Esporte. O Personal trainer continua a ser uma tendência, à medida que a profissão “treinador pessoal” se torna mais acessível, em academias, em casa e em locais de trabalho com academia. O treinamento individualizado inclui testes de condicionamento físico e o es- tabelecimento de metas para a prescrição de exercícios específicos. Desde que a Worl- dwide Survey of Fitness Trends foi publicada pela primeira vez em 2006, o Personal trainer tem sido uma das 10 principais tendências. Pesquisas como esta conferem dados importantes aos profissionais da educação física, pois os mantêm atualizados e informados sobre os exercícios, serviços e equipamentos que vêm sendo mais utilizados, e consequentemente, mais procurados pelos entusias- tas da atividade física. Implicando assim em novas possibilidades de intervenção. Fonte: Thompson (2019, p. 10-18). 49 material complementar Atividade física, saúde e qualidade de vida (sexta edição) Markus Vinícius Nahas Editora: Midiograf Sinopse: o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida foi escrito com a intenção de propagar as informações ligadas ao tema da atividade física e dos exercícios físicos relacionados à saúde e à qualidade de vida. O autor utiliza uma linguagem menos técnica, traz sugestões para autoavaliações e ações que podem ser incluídas no cotidiano da maioria das pessoas. Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros esportivos (segunda edição) Fabio Saba Editora: Manole Sinopse: o Manual Prático para Academias e Centros Esportivos utiliza uma lin- guagem clara, didática e objetiva para discutir, esclarecer e direcionar as funções do gestor no contexto da academia de ginástica. Além disso, aborda o modelo de relacionamento gerencial entre departamentos, colaboradores e clientes. Para o autor, uma academia, como qualquer outra empresa, pode ser duradoura se esti- ver dirigida às reais necessidades do seu público. Indicação para Ler Indicação para Ler 50 gabarito 1. E 2. A 3. De acordo com a etimologia, o termo wellness, de origem da língua inglesa, é composto pela palavra Well que significa “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição, conforme dito, anteriormente. Por- tanto, wellness tem como significado o “estar bem” ou “bem-estar”. 4. D 5. O treinamento em suspensão consiste na exe- cução de movimentos com determinados seg- mentos corporais suspensos. A ideia central deste método é utilizar o peso corporal e a gra- vidade como carga para os exercícios e, desta forma, estimular o aprimoramento dos compo- nentes da aptidão física. Já as progressões de movimento, acontecem com as diferentes for- mas de posicionamento do corpo, num mesmo exercício, que conferem maior ou menor grau de dificuldade e intensidade. UNIDADE II Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Aspectos históricos da ginástica de academia • Ginástica de academia e a fisiologia do exercício • Elementos musicais na ginástica de academia Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica de academia. • Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no âmbito da ginástica de academia. • Analisar alguns dos elementos da música no contexto da ginástica de academia. INTRODUÇÃO A GINÁSTICA DE ACADEMIA unidade II INTRODUÇÃO O lá aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con- textualizar, histórica e cientificamente, esta atividade que está presente na maioria das academias e possui milhares de adep- tos em todo o mundo. Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo- dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido, veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática. Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi- siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto, veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou vi- gorosa) haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo for- necimento de energia. Assim, o sistema aeróbico capaz de suprir, prati- camente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí- veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos. Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons- titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade. Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura! 56 Neste primeiro momento, realizaremos um breve resgate histórico da ginástica para que possamos en- tender de que maneira ela se consolidou enquanto modalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 57 EDUCAÇÃO FÍSICA como objetivo a preparação militar. Assim, práticas, como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle- cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto faziam parte do treinamento dos soldados. Em com- plemento, a nobreza participava de competições de esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en- tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais, como jogos simples e de caça e pesca, também eram praticados nesse período (RAMOS, 1982). No período do Renascimento, o exercício físico começou a ser pensado de outra forma, estabelecen- do novas concepções a respeito do corpo e seus cui- dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970), as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten- dência para a educação física, ao considerá-la con- teúdo da educação. Em seus programas estavam in- cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos, esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos. Os renascentistas foram influenciados pelos ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti- guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre considerado como valioso para o aprimoramento do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé- tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as formas de exercício físico eram chamadas de Ginás- tica que, de modo implícito, significava treinamento ou preparação para um esforço físico. Na Era Moderna, o exercício físico consolida-se como elemento da educação, devido à evolução do conhecimento na área da Educação Física, com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi- siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto, foi a ginástica que introduziu o exercício físico como possibilidade de educação do corpo. Partindo da concepção de ginástica como todo e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu- manos, veremos que ela semanifesta de diferentes maneiras e adquire atributos de acordo com os ob- jetivos do homem e da sociedade na qual ele estava inserido. Nesse contexto, podemos observar que, na antiguidade oriental os exercícios físicos eram expressos por meio de diferentes atividades. A luta livre, o boxe, a esgrima, a natação e o remo eram praticados pelos egípcios; os assírios e babilônicos realizavam práticas corporais funcionais (voltadas para a melhora das atividades diárias) com foco na força, agilidade e resistência. O exercício físico como instrumento de preparação para a vida e de cunho litúrgico eram praticados na Pérsia, Índia, China e no Japão (RAMOS, 1982). No período Clássico da civilização ocidental, na Grécia, o exercício físico se expressava nas prá- ticas esportivas, com a realização dos Jogos Olím- picos, sob grande influência da mitologia e do culto ao corpo. Nessa civilização, destacaram-se duas li- nhas de pensamento, a Ateniense e a Espartana. Em Atenas os exercícios físicos buscavam a formação do cidadão integral, provido de educação corporal, composta pela eficiência educacional, fisiológica, moral e estética. Já em Esparta, aspiravam à prepara- ção militar, à disciplina cívica, ao fortalecimento do corpo e à energia física e espiritual (RAMOS, 1982). Em Roma, os exercícios físicos possuíam um forte caráter prático e utilitário, sendo fundamentais para a preparação militar, objetivando a conquista e a de- fesa de territórios do império. Além disso, também eram observadas práticas de atividades desportivas, como a corrida de bigas e os combates de gladiado- res (RAMOS, 1982; SOUZA, 1997). Na Idade Média, com as Cruzadas promovidas pela Igreja Católica, os exercícios físicos tinham 58 MOVIMENTO GINÁSTICO EUROPEU: A SISTEMATIZAÇÃO DA GINÁSTICA A ginástica passou a ganhar notoriedade, a partir do século XIX, com o movimento ginástico europeu, composto por quatro Escolas: a Inglesa, a Alemã, a Francesa e a Sueca (ou Nórdica). Este movimento tinha como ideal instituir a ordem e a disciplina bem como contribuir para afirmar a ginástica como parte da educação dos indivíduos, sendo esta, baseada na ciência, na técnica e nas condições políticas da Eu- ropa na época (SOARES, 2002). A Escola Inglesa, também conhecida método in- glês ou movimento esportivo inglês, devido ao seu caráter competitivo, é um dos métodos mais conhe- cidos e difundidos mundialmente (LANGLADE; LANGLADE, 1970). Apesar de esse método não ter exercido influência direta no campo da ginástica, ele contribuiu, sobretudo, para a universalização de conceitos e para impulsionar a ginástica como es- porte olímpico. É por intermédio das Escolas Ale- mã, Francesa e Sueca que melhor compreendemos a sistematização da ginástica (LANGLADE; LAN- GLADE, 1970; SOARES, 2002). Figura 1 - Trajetória histórica da ginástica enquanto exercício físico / Fonte: o autor. 59 EDUCAÇÃO FÍSICA Escola Alemã A Escola ginástica Alemã surgiu num contexto de ideais políticos nacionalistas, onde se acreditava que a união territorial e a defesa da pátria só seriam garantidas a partir da criação de indivíduos, fortes, saudáveis e vigorosos, de espírito nacionalista (SO- ARES, 2007). Sob a influência de Johann Christoph Friedrich Guts Muths (1759-1839), conhecido como o “pai da ginástica pedagógica”, esta Escola promo- veu importantes mudanças na área da educação físi- ca e contribuições no campo da ginástica. Guts Mu- ths idealizou o método de treinamento denominado de “ginástica natural” ou “método natural” (BETTI, 1991). Seu conhecimento na área da filosofia, das ar- tes e ciências, além da sua habilidade com exercícios ginásticos e trabalhos manuais fez com que ele per- cebesse a importância e a necessidade de a educação física ser praticada seguindo os conhecimentos da fisiologia e da anatomia (TESCHE, 2001). Figura 2 - Uma das práticas do Turnkunst / Fonte: Wikipedia (2008, on-line)7. Para Guts Muths (1928), a ginástica deveria atuar so- bre os músculos e os nervos, movimentando todo o corpo tanto de maneira global quanto segmentada, impondo sempre uma sobrecarga adequada. Além disso, deveria adaptar o corpo a diferentes intensida- des de dor, fomentar a persistência e expô-lo à ação 60 O pedagogo Friederich Ludwing Jahn colaborou, significativamente, com a Escola Alemã, promo- vendo uma ginástica, também, de caráter da saúde e da moral, mas com um grande apelo militar. Esta ginástica priorizava a preparação dos jovens para guerra bem como a disseminação dos ideais higie- nistas (SOARES, 2007). Jahn utilizava obstáculos nos exercícios físicos, os quais, posteriormente, fo- EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: Saltar; Correr; Arremessar; Lutar; Escalar; Equilibrar; Levantar e carregar; Nadar; Exercícios de enrijecimento e dos sentidos; Leitura e declamação. TRABALHOS MANUAIS: Carpintaria; Tornearia; Jardinagem. JOGOS: De movimento; sentados ou de descanso. ram chamados de “Aparelhos de ginástica”. Como o propósito era reforçar o sentimento nacionalista, Friederich substituiu a palavra Gymnastik (ginásti- ca) pelo termo alemão Turnkunst, que significa “A arte da ginástica”. Jahn relacionou, aproximadamen- te, 17 grupos de exercícios, além de cinco jogos que considerava adequados para a ginástica (QUITZAU, 20115). Verifique algumas dessas práticas a seguir: dos elementos da natureza para, assim, promover seu fortalecimento e proteção. Para alcançar isso, Guts Muths selecionou um conjunto de práticas agrupadas em três grandes grupos: os Exercícios ginásticos, os Trabalhos manuais e os Jogos (QUITZAU, 20115). Confira algumas dessas práticas a seguir: 61 EDUCAÇÃO FÍSICA Escola Sueca O estudo da Escola Sueca engloba as atividades fí- sicas referentes à Suécia, à Dinamarca, à Finlândia, à Noruega, à Islândia e à Estônia-Letônia, por esse motivo, também pode ser dita como Escola Nórdica. O idealizador do método sueco é Pehr Henrik Ling (1776-1839), que propôs uma ginástica insuflada de nacionalismo e destinada a regenerar o povo, tor- nando os homens aptos para preservar a paz na Sué- cia, que havia sido arrasada pelo imperialismo russo e guerras napoleônicas. Assim, buscava-se, por meio da ginástica, criar indivíduos fortes e saudáveis, li- vres de vícios, necessários à formação da pátria (LANGLADE; LANGLADE, 1970; RAMOS, 1982). EXERCÍCIOS GINÁSTICOS: Saltar; Correr; Arremessar; Lutar; Escalar; Equilibrar; Levantar e carregar; Nadar; Exercícios de enrijecimento e dos sentidos; Leitura e declamação. JOGOS: Corrida das barras; Corrida de assalto; Jogo de bola alemão. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES: Esgrima; Nadar; Equitação; Dança; Patinação; Ficar de cabeça para baixo; Saltos mortais. 62 Ling idealizou o método de treinamento chamado “Ginástica racional” ou “Método sueco”, baseado na ciência e de caráter anatomofisiológico e médico-hi- giênico. Estas denominações permitem identificar as concepções do método criado por Ling, que agru- pa os movimentos ginásticos em lições, com um ou mais exercícios de cada grupo, de acordo com a se- guinte ordem: “1) Introdutórios; 2) Arco-flexões; 3) Movimentos de braços; 4) Movimentos de balanço; 5) Movimentos de escápula; 6) Exercícios abdo- minais; 7) Movimentos laterais do tronco; 8) Mo- vimentos lentos das pernas; 9) Pulos e saltos e 10) Exercícios respiratórios” (MORENO, 2015, p. 131). Podemos elencar alguns pontos como princípios fundamentais da proposta de Ling: • Os movimentos ginásticos devem ser basea- dos nas necessidades e nas leis do organismo humano, selecionando as formas mais efica- zes, segundo certas regras, sem esquecer as exigências da beleza. Figura 3 - Apresentação de ginástica sueca / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)8. 63 EDUCAÇÃO FÍSICA • A ginástica deve desenvolver o corpo de ma- neira harmônica, agindo sobre as suas dife- rentes partes, dentro das possibilidades de cada praticante. • Todo movimento possui uma sequência ges- tual,isto é, uma posição de partida, certo de- senvolvimento e uma posição final. • A ginástica deve desenvolver, gradualmente, o corpo por meio de exercícios com intensi- dade e dificuldade progressivas, consideran- do capacidade do praticante. • A ginástica precisa sempre associar a teoria com a prática. • Todos os exercícios são executados com voz de comando. A Ginástica, dentro do método sueco, pode ser di- vidida em quatro partes (MARINHO, 1978), a Gi- nástica pedagógica, destinada à educação formal e social; a Ginástica militar, com objetivo de prepara- ção militar; a Ginástica médica, voltada às ativida- des terapêuticas; e a Ginástica estética, preocupada com a graciosidade do corpo. Escola Francesa A Escola Francesa foi baseada nas ideias de Guts Muths e Jahn (Escola Alemã), era preocupada, tam- bém, com o corpo anatomofisiológico e possuía um caráter patriótico e moral. Seu idealizador foi o espa- nhol Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848), o qual acreditava que a ginástica produziria homens fortes, habilidosos, velozes, flexíveis, corajosos, inte- ligentes, sensíveis e adestrados. Características estas necessárias para enfrentar as dificuldades evidencia- das pelo Estado e pela sociedade. A ginástica do método de Amorós era composta por exercícios, como: marchar, trepar (incluindo o traba- lho no trapézio), equilibrar, saltar, levantar e trans- portar, correr, lançar, entre outros movimentos. Além disso, incluía práticas, como: nadar, patinar, esgrimar, dançar, atirar, jogar bola, boxear com os punhos e com os pés. A maneira como essas atividades eram desenvolvidas assemelhavam-se com o atual Circuit training ou “Treino em circuito” (RAMOS, 1982). A Calistenia Baseada na Escola Sueca, a Calistenia procurou aten- der a homens, mulheres e crianças, com exercícios ritmados e livres de grandes aparelhos (como das tradicionais escolas de ginástica da época). Podemos dizer que sua origem data do ano de 1829, com a pu- Figura 4 - Apresentação de ginástica francesa / Fonte: Wikimedia (2014, on-line)9. 64 blicação do livro intitulado “Kallistenie: Exercises for beauty and Strengh” (ou Calistenia: exercícios para a beleza e fortalecimento), do suíço Phokion Heinrich Clias (CORREIA, 2008). Exercícios com saltos e corridas.GRUPO 7: GRUPO 8: GRUPO 6: GRUPO 5: GRUPO 4: GRUPO 3: GRUPO 2: GRUPO 1: Braços e pernas. Região pôstero-superior do tronco. Região pôstero-inferior do tronco. Região lateral do tronco. Exercícios de equilíbrio. Região abdominal. Exercícios de ombro. A Calistenia era um método composto por exer- cícios com movimentos precisos, rápidos e ritmados, executados ao som de música. Esses exercícios eram realizados “às mãos livres” ou com o auxílio de apa- relhos leves, visando um trabalho global que permitisse o desenvolvimento de todos os grupos musculares bem como a simetria cor- poral (CORRÊA, 2002). Nesse contexto, os exercícios calistênicos eram, meticulosamen- te, selecionados, de forma que a série executa- da permitisse alcançar os princípios da higie- ne, da educação, da recreação e da adaptação ao ambiente da época (CORRÊA, 2002). Uma aula de Calistenia era estruturada em oito grupos de exercícios, cada qual con- templando segmentos corporais e capacida- des físicas específicas. Confira a organização desses grupos a seguir: Outro ponto a destacar é que, ao longo da aula, havia um incremento gradual de esfor- ço (intensidade), conforme eram desenvolvi- dos os grupos de exercícios. Essa relação en- tre exercício e esforço pode ser observada na Figura 5, em que a cor cinza caracteriza um esforço muito leve, a cor verde um esforço leve, a amarela um esforço moderado e as co- res alaranjado e vermelho, esforços intenso e muito intenso, respectivamente. 65 EDUCAÇÃO FÍSICA Devido aos movimentos ritmados e à utilização da música para a execução dos exercícios, a Calistenia foi uma grande influência para as ginásticas presen- tes nas academias. Movimentos do século XX e suas contribuições Ainda na Europa, a partir do século XX, surgem três grandes movimentos ginásticos, o Movimento do Centro, o Movimento do Norte e o Movimento do oeste. Todos eles foram importantes para a evolução e o surgimento das diferentes manifestações gímni- cas estabelecidas na atualidade. Foi a partir deles que surgiram as subdivisões das modalidades e as pri- meiras regulamentações das ginásticas. O Movimento do Centro teve grande influên- cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), criador de um método de educação musical por meio dos Desenvolvimento da aula Es fo rç o Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Figura 5 - Estrutura da aula de Calistenia, de acordo com o grupo de exercício e o esforço / Fonte: o autor. movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os sentidos e a expressividade. Devido à sua relação com os procedimentos técnicos e metodológicos da cultura rítmico-musical, o método de Dalcroze ins- pirou o surgimento da chamada ginástica moderna, voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode (1881- 1970) (LANGLADE; LANGLADE, 1970). De maneira geral, as contribuições do Movimen- to do Norte ao campo prático foram direcionadas à técnica de construção e à execução dos movimen- tos em si. De maneira semelhante, o Movimento do Oeste manifestou-se com um foco técnico-pedagó- gico (LANGLADE; LANGLADE, 1970). Estes três movimentos permaneceram até o ano de 1939, posteriormente, ocorreu a univer- salização dos conceitos de ginástica que resultou nas ginásticas da atualidade (LANGLADE; LAN- GLADE, 1986). 66 A GINÁSTICA NA ATUALIDADE Como você observou, a ginástica passou por gran- des transformações a partir do século XIX e, nos dias de hoje, possui uma ampla abrangência, sendo direcionada para objetivos diversos. Atualmente, podemos organizar a ginástica em cinco campos: Ginásticas de condicionamento, Ginásticas de cons- cientização corporal, Ginásticas de competição, Gi- násticas fisioterápicas e Ginástica de demonstração (SOUZA, 1992). As áreas de atuação que cada campo contempla são: GINÁSTICAS DE CONDICIONAMENTO GINÁSTICAS DE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL GINÁSTICAS DE COMPETIÇÃO GINÁSTICAS FISIOTERÁPICAS GINÁSTICA DE DEMONSTRAÇÃO Musculação, Localizada, Aeróbica, Treinamento funcional, Step, Jump, Ciclismo Indoor, Zumba, entre outras. Eutonia, Feldenkrais, Yoga, Bioenergética, Anti-ginástica, Tai Chi Chuan, entre outras. Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica, Ginástica Acrobática, Trampolim, Roda Ginástica, Tumbling, Rope Skipping, entre outras. Reeducação Postura Global (RPG), Cinesioterapia, Isostretching, entre outras. Ginástica para todos. Observando esses campos, em qual deles a Ginástica de academia se enquadra? Ela se enquadra nas Gi- násticas de condicionamento, que são caracterizadas, principalmente, pela busca da manutenção da condi- ção física e da promoção da saúde (RINALDI, 2005). É importante destacar que as manifestações gímni- cas pertencentes a este campo também estão relacio- nadas com o culto ao corpo, no sentido de atender ao padrão estético colocado comercialmente. As Ginásticas de condicionamento são, popularmen- te, conhecidas e, normalmente, são encontradas nas aca- demias, por meio de atividades que visam o desenvolvi- mento das capacidades físicas, como a força, a resistência (aeróbica e muscular) e a flexibilidade (SOUZA, 1997). A GINÁSTICA DE ACADEMIA Na década de 70, surgiu um movimento influen- ciado pelos estudos do norte americano Dr. Ken- neth H. Cooper, os quais apresentaram a prática de exercícios aeróbicos (de baixa intensidade e longa duração) como uma excelente ferramenta para me- 67 EDUCAÇÃO FÍSICA lhorar a aptidão cardiorrespiratória, a composição corporal e reduzir o risco de doenças relacionadas ao baixo nível de atividade física. As principais pu- blicações, deste pesquisador, que influenciaram esse movimento foram os livros Aerobics (1968)e The Aerobics Way (1977), em português “Aeróbicos” e “O jeito aeróbico”, respectivamente. Nesse contexto, com o objetivo de melhorar a resistência cardiovascular, Jaki Sorensen idealizou um programa de exercícios denominado de Aerobic Dancing (ou Dança aeróbica), que utilizava a mú- sica combinada a passos de dança e exercícios ca- listênicos. A música tornava os exercícios menos monótonos, o que possibilitava aumentar o núme- ro de praticantes bem como permitia desenvolver um sentido rítmico e a coordenação dos indivíduos (CERAGIOLI, 2008). É interessante dizer que, ini- cialmente, o programa de Sorensen foi destinado às esposas de militares americanos sediados em Porto Rico e era apresentado em rede de televisão local. A partir da década de 80, esse programa de exer- cícios aeróbicos ganhou maior destaque e compre- ensão social, quando a atriz Jane Fonda aderiu a ele e o promoveu para todo o mundo por meio da televi- são (CERAGIOLI, 2008). Foi assim que a Ginástica aeróbica se estabeleceu e começou sua trajetória no Fitness. No começo, os instrutores focavam, particu- larmente, nos exercícios de alto impacto, o que acar- retou muitos praticantes lesionados, formando uma imagem ruim da Ginástica aeróbica (CHARPIN, 1996). Contudo com a utilização de um método combinado, ou seja, com a alternância de exercícios de alto e baixo impacto, esta situação foi superada. Figura 6 - Capa do VHS de uma aula de ginástica aeróbica / Fonte: Fan- dom (online)10. Com a propagação do método combinado, surgiram várias academias e, consequentemente, o número de instrutores de Ginástica aeróbica aumentou. Esse au- mento gerou mudanças e inovações no formato das aulas, produzindo novas modalidades, como o Step, 68 o Fitball, o Spinning (ou Ciclismo Indoor) e a Hidro- ginástica. Já a introdução de alguns passos específicos de dança e a utilização de diferentes gêneros musicais deram origem a modalidades, como o aero-latino, ae- ro-funk e afro-aeróbica (FREITAS, 2011). Seguindo a tendência da década anterior, nos anos 1990, novos exercícios começaram a ser ex- plorados e modalidades que desenvolviam a força, a flexibilidade e, até mesmo, o equilíbrio mental, passaram a compor o quadro da Ginástica de acade- mia. É a partir dessa década que surgem as grandes empresas do Fitness, oferecendo seus programas de Ginástica pré-coreografados, provocando impacto significativo no mercado e grande diversificação das modalidades. Criadora de aulas, pré-coreografadas, consagradas, como o Body Pump, o Body Combat e o Body Balance, a Les Mills é um exemplo de empresa deste ramo. Ela foi pioneira em sistematizar as au- las de ginástica e, atualmente, seus programas são os mais conhecidos do mundo. Figura 7 - Desenvolvimento da força e resistência muscular com a ginástica Figura 8 - Desenvolvimento da flexibilidade e equilíbrio mental com a ginástica Como o próprio nome sugere, as aulas pré-coreografadas são aquelas que possuem uma sequência core- ográfica, previamente, elaborada, com movimentos definidos e alinhados ao tempo musical e às diversas sensações que a música produz. Normalmente, são produzidas por uma empresa especializada nesse ramo, que conta com uma equipe multidisciplinar encarregada de elaborar e testar as aulas. Essas aulas são comercializadas no formato de “licença de uso”, desta forma, apenas profissionais creden- ciados a essas empresas podem ministrá-las. O credenciamento, geralmente, é feito por meio de cursos (ou treinamentos) de capacitação e habilitação, com posterior avaliação e certificação. Fonte: o autor. SAIBA MAIS 69 EDUCAÇÃO FÍSICA Com as novas evidências científicas, a evolução da tecnologia e a exigência do mercado, a Ginástica de academia, ano após ano, vêm apresentando novas formas de se exercitar, oferecendo modalidades e equipamentos inovadores, mas sempre conservando a sua essência que é de ser uma aula coletiva condu- zida pela música. A Ginástica de academia no Brasil Na década de 50, a ginástica realizada em academia começou a ser difundida pela extensão brasileira da Young Men Christian Association (YMCA), em portu- guês “Associação Cristã de Moços”, instalada na cidade de São Paulo (NOVAES, 1991). É importante destacar que esta instituição de origem inglesa, com caráter reli- gioso, tem (pois ainda é atuante) suas atividades volta- das, exclusivamente, para a prática de atividade física. A respeito do surgimento e desenvolvimento das modalidades de Ginástica de academia no Bra- sil, podemos dizer que estas acompanharam o mo- vimento mundial que, como vimos anteriormente, teve início nos anos 1970, movido pela promoção e manutenção de uma vida saudável, por meio da prática regular de exercícios físicos. Atualmente, são muitas as modalidades de Gi- nástica de academia presentes no mercado brasilei- ro, incluindo aquelas pré-coreografadas, com suas propostas de modelo padrão de aula e uma identi- dade visual própria. Figura 9 - Prédio da Young Men Christian Association em Brighton, no Reino Unido 70 Transitando pela história da Ginástica de academia, você observou que, a partir da Era Moderna, por in- termédio das Escolas europeias, a ginástica passou a ser sistematizada e fundamentada pelos conhe- cimentos de anatomia e fisiologia da época. Já na pós-modernidade, com os estudos do Dr. Cooper, a ginástica ganhou novos embasamentos científicos e adquiriu o adjetivo de Aeróbica. Discutir a Ginástica de academia sob a ótica da fi- siologia, partindo do entendimento de como o corpo humano reage aos estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos, permite-nos determinar estratégias adequadas para se alcançar os objetivos das aulas. Nesse contexto, os sistemas de transferência de energia, o mo- nitoramento da intensidade e o processo de recuperação são alguns dos pontos essenciais a serem compreendidos. Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 71 EDUCAÇÃO FÍSICA DEMANDA E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA NO EXERCÍCIO FÍSICO A energia manifesta-se de muitas formas, como a ener- gia elétrica, a mecânica e a química, e todas essas for- mas são intercambiáveis, ou seja, elas podem se conver- ter umas nas outras. Podemos constatar este fenômeno durante o exercício físico, quando as fibras musculares (células musculares) convertem a energia química, ob- tida dos carboidratos, gorduras ou proteínas, em ener- gia mecânica, empregada na realização do movimento (POWERS; HOWLEY, 2017). Esse processo bioenergé- tico de transferência de energia, da forma química para a mecânica, exige uma série de reações bioquímicas e pode acontecer por três sistemas: o Sistema ATP-PCR, o Sistema glicolítico e o Sistema aeróbico. Antes de tratarmos dos sistemas, é importante re- cordar que a energia retirada dos alimentos é utilizada e armazenada nas células na forma de um composto, al- tamente energético, denominado ATP ou Trifosfato de Adenosina, e que, a degradação das moléculas de carboi- dratos, gorduras e proteínas, produzem diferentes quan- tidades de moléculas de ATP, sendo a gordura o substra- to mais rentável (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). Como dito anteriormente, existem três sistemas de transferência, o ATP-PCR, o glicolítico e o aeróbico, cada qual atendendo de maneira específica às necessida- des energéticas dos exercícios físicos. Sistema ATP-PCR O Sistema ATP-PCR constitui uma das vias anaeró- bicas de transferência de energia, ou seja, não neces- sita de oxigênio para realizar este processo, carac- terizado pela degradação da molécula de ATP bem como a sua ressíntese pela PCR, também conhecida como Fosfocreatina. A energia liberada durante a quebra (degra- dação) por hidrólise de uma molécula de ATP é repassada, diretamente, a outras moléculas que necessitam de energia (MCARDLE, KATCH; KA- TCH, 2019). Como as reservas intramusculares da molécula de ATP são limitadas e suficientes, ape- nas, para alguns segundos de esforço, sua ressíntese ocorre, continuamente.Os carboidratos (glicogênio) e as gorduras (ácidos graxos) são os principais substratos energéticos respon- sáveis pela manutenção da ressíntese contínua de ATP. No entanto uma parte de ATP ressintetizado provém, diretamente, da retirada anaeróbica de fosfato da PCR. A velocidade com que esta molécula fosforila o ADP (fornece fosfato para o ADP se tornar ATP) excede, consideravelmente, a transferência energética anaeróbi- ca a partir do glicogênio e aeróbica dos ácidos graxos (MCARDLE et al., 2019). Por estas características, o Sistema ATP-PCR for- nece energia para atividades físicas que requerem energia imediata, como os exercícios de físicos de alta intensidade e curta duração (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). Sistema glicolítico Apesar da PCR fornecer, de maneira muito rápida, a energia para a fosforilação de ATP, o maior mon- tante de energia para esse processo provém da oxi- dação (queima biológica) de carboidratos, lipídios e proteínas oriundos da alimentação (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). A Figura 10 apresenta as proporções de contribuição de cada macronu- triente para o fornecimento de energia. Observe que, de acordo com as características do exercício físico, há a predominância da utilização de deter- minado macronutriente. 72 Entre os macronutrientes, o único cuja energia ar- mazenada é capaz de gerar ATP de forma anaeró- bica é o carboidrato. Esta característica o capacita a fornecer energia rápida, acima dos níveis fornecidos pelas reações metabólicas aeróbicas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). A metabolização anaeróbica do carboidrato é feita pelo Sistema glicolítico, que se caracteriza pela degra- dação da molécula de glicose provinda do glicogênio muscular. A glicólise (quebra da molécula de glicose) anaeróbica para a ressíntese de ATP fornece energia para atividades físicas que necessitam de energia rápida, como os exercícios físicos intensos e de curta duração (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). É importante destacar que, no exercício intenso, quan- do as demandas energéticas excedem o suprimento de oxi- gênio ou sua taxa de uso, o organismo, sabiamente, passa a formar o ácido lático (e, consequentemente, o lactato) na tentativa de manter a produção de energia via glicóli- se anaeróbica. Contudo, à medida que os níveis de lactato muscular e sanguíneo se elevam e a regeneração de ATP não acompanhar sua taxa de utilização, a fadiga, rapida- mente, se estabelece e o desempenho do exercício diminui. Além disso, o aumento da acidez, ocasionada pelo acúmulo de lactato, contribui com a fadiga por inativar algumas das enzimas envolvidas na transferência energética e por inibir o funcionamento pleno da maquinaria contrátil muscular (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2-5 % 2-5 % 2-5 % 5-8 % 35% 60% 40% 55% 95% 3% 15% 70% Co nt rib ui çã o do s m ac ro nu tr ie nt es (% ) Repouso Exercício leve/moderado Exercício de alta intensidade de velocidade (explosão) Exercício de alta intensidade de endurance (resistência) Glicogênio/glicose Gorduras Proteínas Figura 10 - Contribuição dos macronutrientes para o fornecimento de energia / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2019). 73 EDUCAÇÃO FÍSICA Sistema aeróbico Conforme observado, os Sistemas Anaeróbicos pro- duzem, relativamente, poucas moléculas de ATP. Por consequência, o metabolismo aeróbico fornece, pratica- mente, toda a energia necessária quando uma atividade física avança por mais de alguns minutos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). O Sistema aeróbico refere-se às reações geradoras de energia que contam com a participação do oxigênio. Nesse contexto, é importante destacar que a degradação completa da molécula de glicose acontece em duas etapas, a glicólise anaeróbica e o ciclo do ácido cítrico. Como vi- mos anteriormente, no Sistema glicolítico, há a formação do ácido lático, que é produto do piruvato resultante gli- cólise anaeróbica. Já na presença (adequada) de oxigênio, esse piruvato é convertido em acetilcoenzima A (acetil- -CoA) que, na mitocôndria, participará do ciclo do ácido cítrico (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). A produção aeróbica de ATP acontece no interior da mitocôndria e envolve a interação de duas vias metabólica cooperativas: o ciclo do ácido cítrico e a cadeia transpor- tadora de elétrons. A principal função da primeira é com- pletar a oxidação (remoção de hidrogênio) de carboidratos, gorduras ou proteínas utilizando as coenzimas NAD+ e FAD como transportadores de hidrogênio. Os átomos de hidrogênio fornecem a energia em potencial presente nos alimentos. Neste cenário, a energia desses átomos é utili- zada na cadeia transportadora de elétrons para associar o ADP ao íon fosfato e, assim, formar o ATP (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017). O oxigênio atua como o coletor no fim da cadeia trans- portadora de elétrons, ligando-se ao hidrogênio e formando água. Este papel do oxigênio, no fim da cadeia, é determi- nante para a capacidade e manutenção da geração de ener- gia. O processo de produção aeróbica de ATP é denomina- do fosforilação oxidativa (POWERS; HOWLEY, 2017). 74 Exercícios com predomínio do Sistema Anaeróbico Exercícios com predomínio do Sistema Aeróbico CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO CADEIA TRANSPORTADORA DE ELETRONS Vias metabólicas Substratos energéticos Sistemas de transferência de energia SISTEMAS ANAERÓBICOS SISTEMA ATP-PCR SISTEMA GLICOLÍTICO ATP PCR GLICOGÊNIOGLICOSE ATP+Pi GLICÓLISEANAERÓBICA ATP CARBOIDRATOS SISTEMA AERÓBICO GORDURAS PROTEÍNAS - OXIDAÇÃO DESAMINAÇÃO Figura 11 - Diagrama dos sistemas de transferência energética, substratos energéticos, vias metabólicas e exercícios físicos / Fonte: o autor. 75 EDUCAÇÃO FÍSICA A metabolização da gordura é feita por um processo de- nominado de β-oxidação, que está intimamente relacionado ao aporte de oxigênio. A β-oxidação acontece até que toda a molécula de ácido graxo (gordura) seja degradada em ace- til-CoA, que é destinada ao ciclo do ácido cítrico (MCAR- DLE; KATCH; KATCH, 2019; POWERS; HOWLEY, 2017). Como você já sabe, o hidrogênio liberado durante esse pro- cesso é oxidado pela cadeia transportadora de elétrons. Em situações anaeróbicas, o hidrogênio permanece ligado ao NAD+ e FAD, interrompendo a metabolização das gorduras. Portanto, podemos dizer que existe uma taxa limite para o uso de ácidos graxos pelo músculo (em atividade), a qual é determinada pela intensidade do exer- cício físico. Uma vez que a potência gerada pela degrada- ção das gorduras representa, aproximadamente, metade da potência produzida pelos carboidratos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2019). Nesse contexto, a β-oxidação fornece energia para atividades físicas que necessitam de energia a longo prazo, como os exercícios físicos leves, moderados ou ligeiramente intensos e de longa duração. Sinergia dos sistemas transferência de energia Algumas atividades físicas são, predominantemen- te, mantidas por um único sistema de transferência de energia. No entanto a maioria delas é sustentada por mais de um sistema de transferência de energia, depen- dendo de suas intensidades e durações, como é o caso das modalidades de Ginástica de academia. Os Sistemas anaeróbicos proporcionam a maior parte da energia para os exercícios explosivos (muito rápidos) ou para aqueles de intensidade elevada e sus- tentada. Por outro lado, o Sistema aeróbico disponibiliza grande parte da energia para os exercícios de intensida- de leve, moderada ou, ligeiramente, elevada (POWERS; HOWLEY, 2017). A Figura 12 apresenta as proporções de contribuição relativa (%) desses sistemas em função da duração da atividade física. Veja que eles atuam, con- juntamente, contribuindo em diferentes proporções ao longo do tempo. Co nt ri bu iç ão d os s is te m as an ae ró bi co e a er ób ic o (% ) Sistema anaeróbico (%) Sistema aeróbico (%) Segundos 10 30 60 90 80 70 10 20 30 5050 2 4 50 50 10 85 15 30 95 5 60 98 2 120 99 1 Minutos 100 80 60 40 20 0 Figura 12 - Contribuição dos sistemas anaeróbicos e aeróbicos em função da duração de atividade física / Fonte: adaptada de Mcardle et al. (2019). 76 Analisando as informações dessa figura, qual se- ria o percentual de contribuição de cada sistema em uma aula de Ginástica de academia? Se pen- sarmos em uma aula com intensidade moderada à vigorosa e duração de uma hora, podemos dizer que o sistema anaeróbico contribui com, aproxi- madamente, 2% enquanto o aeróbico com 98% da energia. No início da aula, temos o predomínio dos Sistemas anaeróbicos, devido à necessidade imediata de energia e, em poucos minutos, há uma inversão onde o Sistema aeróbico passa a contri- buir cada vez mais. Esta discussão sobre os sistemas de transferên- cia de energia torna claro o enquadramento das modalidades de Ginástica de academia como “exer- cícios aeróbicos”, não é mesmo? Além disso, nossa leitura, até este ponto, permite-nos dizer que a in- tensidade é determinante do Sistema a ser utilizado e, consequentemente, do substrato energético e da duração do esforço. MONITORAMENTO E MODULAÇÃO DA IN- TENSIDADE NO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO A intensidade de um exercício físico aeróbico pode ser es- timada pela produção aeróbica de ATP, mensurada pelo consumo de oxigênio, comumente chamado de VO2. O VO2 constitui uma medida referência por estar relaciona- do diretamente com a intensidade do esforço (MCARDLE et al., 2018). Assim, conforme o esforço aumenta, o con- sumo de oxigênio se eleva, até que não seja mais possível produzir ATP pelo Sistema aeróbico. Neste momento, é identificado o consumo máximo de oxigênio (VO2máx). O fato de esse VO2máx e da frequência cardíaca máxi- ma (FCmáx) se correlacionarem, positivamente, permi- te que a frequência cardíaca também seja utilizada como ferramenta de medida da intensidade do exercício físico aeróbico. Esta correlação acontece independentemente de sexo, raça, nível de aptidão física, idade ou, até mes- mo, modalidade da atividade (MCARDLE et al., 2018). Classificando a intensidade em: muito leve, leve, moderada, vigorosa e próxima da máxima ou máxima, a Figura 13 apresenta os valores de consumo de oxigênio e frequência cardíaca, correspondentes a cada categoria. Intensidade % do VO2máx % da FC máx Muito leve Leve Moderada Vigorosa Próxima da máxima ou máxima Inferior a 37 37 a 45 46 a 63 64 a 90 Maior ou igual a 91 Inferior a 57 57 a 63 64 a 76 77 a 95 Maior ou igual a 96 Figura 13 - Classificação da intensidade do exercício físico aeróbico de acordo com o percentual do consumo de oxigênio e a frequência cardíaca. Fonte: adaptada de Garber et al. (2011). 77 EDUCAÇÃO FÍSICA Observe que os valores estão retratados como porcen- tagem, pois são determinados tendo como base o valor do VO2máx e da FCmáx. Por exemplo, para um exercício ser classificado como moderado, durante a sua realiza- ção, ele deve provocar um consumo de oxigênio entre 46 e 63 por cento (%) do valor do VO2máx de quem o está praticando, ou, então, exigir que o praticante mantenha uma frequência cardíaca entre 64 e 76 por cento (%) do valor da FCmáx, na maior parte do tempo. Controlar a intensidade é primordial para que sejam alcançados os objetivos de uma sessão de treino, em nosso caso, de uma aula de Ginástica de academia. A dose-respos- ta do exercício físico depende de fatores, como a frequên- cia, a intensidade, o tempo e o tipo de exercício (POWERS; HOWLEY, 2017) . Podemos caracterizá-los como: Analisando estes fatores, vemos que a intensidade cor- responde àquele que o professor pode exercer maior influên- cia, visto que a Frequência depende da assiduidade e do com- prometimento do aluno; a Duração (em média 60 minutos), geralmente, é determinada pela organização dos horários da academia; e o Tipo de exercício corresponde à própria moda- lidade da aula (Step, Ciclismo indoor, entre outros). Com estes apontamentos, você deve estar se pergun- tando: “Como posso controlar a intensidade?” e “Qual seria o esforço ideal a ser exigido dos alunos?”. Antes de conver- sarmos sobre estes questionamentos, é fundamental ter em mente que o grau de intensidade é relativo, ou seja, para in- divíduos diferentes pode haver múltiplas percepções para um mesmo estímulo. Esta variedade pode acontecer, devi- do a fatores, como idade, sexo e nível de aptidão física. FREQÜÊNCIA INTENSIDADE Corresponde ao número de vezes com que o exercício é realizado. Normalmente ela é expressa em dias por semana. Indica o quanto o exercício é intenso. A intensidade pode ser descrita em termos de percentual do VO2máx ou da FCmáx, de percepção subjetiva do esforço e do limiar do lactato (devido ao foco de nossos estudos, não abordamos essas duas últimas). TEMPO Refere-se ao justamente a duração do exercício. Normalmente é enunciado em minutos. É o modo ou o tipo de atividade realizada. Este, simplesmente, indica se o exercício é do tipo de resistência cardiovascular ou força, e como é realizado (por exemplo, ciclismo de rua ou ciclismo indoor). EXERCÍCIO TIPO DE 78 Monitoramento da intensidade da aula Existem diferentes ferramentas para o monitoramento da intensidade do exercício físico, mas devido às suas pratici- dade e acessibilidade, abordarremos duas delas: a escala de percepção de esforço e o monitor de frequência cardíaca. Escala de percepção de esforço A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida psicofisiológica, amplamente conhecida e muito utilizada no campo científico, clínico e esportivo (KENNEY et al., 2013; ESTON, 2012). Com esta ferramenta, os indivíduos relatam, em uma escala numérica, a sensação percebida em relação ao nível de esforço. Quando a EPE é utiliza- da, corretamente, ela demonstra ter grande precisão cujo esforço percebido coincide com as medidas objetivas da sobrecarga fisiológica, como os percentuais do VO2máx e da FCmáx (MCARDLE et al., 2018; KENNEY et al., 2013). Uma EPE muito utilizada é a de Gunnar Borg (1982), mais conhecida como Escala de Borg. Esta escala possui uma pontuação que varia de 6 a 20, categorizada, didati- camente, como: Extremamente leve, Muito leve, Razoa- velmente leve, Um pouco difícil, Difícil, Muito difícil e Extrema- mente difícil. A Figura 14 ilustra a Escala de Borg e as estimativas correspondentes da intensidade. Veja que, quanto maior o esforço percebido, maior será o número relatado pelo indivíduo. Essa é uma ferramenta sim- ples e de custo irrisório, que permite ao professor monitorar e modular o esforço de muitas pessoas, ao mesmo tempo. Além disso, gera no aluno um enten- dimento melhor (consciência) sobre a intensidade correta do exercício. A dificuldade que pode ser encontrada está nos primei- ros contatos do aluno com a es- cala sobre como classificar o es- forço que se está realizando. A relação com as medidas de sobrecarga fisio- lógica, a simplicidade e o baixo custo tornam a escala de percepção de esforço uma ótima ferramenta de monitoramento das aulas de Ginástica de academia. Que tal disponibilizá-la em suas aulas? REFLITA Figura 14 - Escala de Borg e as estimativas correspondentes da intensidade / Fonte: adaptada de Mcardle et al. (2018). Escala de percepção de esforço % do VO2máx % da FC máx 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Extremamente leve Muito leve Razoavelmente leve Um pouco difícil Difícil Muito difícil Extremamente dfícil 31 a 50 51 a 75 76 a 85 85 52 a 66 61 a 85 86 a 91 92 Classi�cação da intensidade Próxima da máxima ou máxima Vigorosa Moderada Leve 79 EDUCAÇÃO FÍSICA Monitor de frequência cardíaca A frequência cardíaca é a medida fisiológica mais usada pelos pesquisadores, treinadores e atletas para o moni- toramento da intensidade do exercício físico, por se cor- relacionar, positivamente, com o consumo de oxigênio e permitir um controle rigoroso do treinamento(KEN- NEY et al. 2013; FOSS; KETEYIAN 2000). Ela pode ser medida por meio do monitor de frequência cardíaca, usualmente, chamado de “frequencímetro”. A leitura dos batimentos cardíacos é feita por um sensor, que pode es- tar numa cinta, colocado na altura do peito ou acoplado no próprio monitor, que capta e traduz as informações do sensor, pode ser um relógio de pulso (mais comum) ou, até mesmo, um smartphone, smartwatch ou tablet. A reserva da frequência cardíaca corresponde à diferença entre a frequência cardíaca de repouso (FCrepo) e a FCmáx, expressando a amplitude de trabalho cardíaco em esforço. A FCrepo equivale à frequência normal do coração, medida com o corpo estático e relaxado. Já a FCmáx corresponde ao valor mais alto da frequência cardíaca que um indivíduo pode atingir, num esforço máximo até o ponto de exaus- tão. Ela pode ser estimada, por meio da fórmula (inde- pendentemente de raça e sexo): Figura 15 - Monitor de frequência cardíaca com sensor de cinta Figura 16 - Monitor de frequência cardíaca em smartwatch Uma prescrição adequada da intensidade deve estabe- lecer uma zona de frequência cardíaca de treinamento, com um limite inferior (mínimo) e superior (máximo) que precisam ser respeitados durante o exercício físico (KENNEY et al. 2013). Para se determinar esses limites, podemos utilizar o Método da reserva da frequência cardíaca ou Método Karvonen, em homenagem ao fi- siologista Martti J. Karvonen (FOSS; KETEYIAN, 2000). 80 FCmáx = 220 – Idade (anos) O cálculo dos limites inferior e superior da zona de fre- quência cardíaca de treinamento (FCT) é feito por meio da seguinte fórmula: FCT = FCrepo + % do limite inferior ou superior x (FCmáx - FCrepo) Para facilitar a visualização do uso dessas fórmulas, ve- jamos um exemplo. Imagine que, em uma de aula de Ciclismo indoor, um aluno, que possui um monitor de frequência cardíaca, pergunte: “Professor, qual deve ser a minha frequência cardíaca durante a aula?” Para respon- der, adequadamente, o professor seguiu algumas etapas. Primeiramente, ele verificou a FCrepo pelo monitor de frequência cardíaca que, após alguns minutos de re- pouso do aluno, informou 65 batimentos por minuto (bpm). Em seguida, sabendo que a idade de seu aluno era 25 anos, ele estimou FCmáx da seguinte maneira: FCmáx = 220 – Idade (anos) FCmáx = 220 – 25 FCmáx = 195 bpm Antes de determinar a zona de FCT, o professor estipulou os percentuais inferior e superior em 50% e 85%, respecti- vamente. Aqui, é importante destacar que esses percentuais (50% e 85%) são, frequentemente, utilizados na prescrição do exercício físico (FOSS; KETEYIAN, 2000), modulando a intensidade entre leve e vigorosa. Contudo estes valores podem ser alterados, conforme a necessidade de cada indi- víduo. Com essas as informações em mãos, ele determinou os limites inferior e superior de frequência cardíaca de trei- namento, conforme os cálculos que se seguem. Calculando o limite inferior: FCTinferior = FCrepo + % do limite inferior x (FCmáx - FCrepo) FCTinferior = 65 + 0,50 x (195 - 65) FCTinferior = 65 + 65 FCTinferior = 130 bpm Calculando o limite superior: FCTsuperior = FCrepo + % do limite superior x (FCmáx - FCrepo) FCTsuperior = 65 + 0,85 x (195 - 65) FCTsuperior = 65 + 110,5 FCTsuperior = 176 bpm Concluindo seu raciocínio, o professor orientou seu aluno para que, ao longo da aula, mantivesse uma fre- quência mínima de 130 bpm; que nos momentos mais fortes elevasse a frequência para próximo a 176 bpm; e que procurasse dosar o esforço para permanecer nesta zona de treino. Modulação da intensidade da aula Sabemos que a Ginástica de academia consolidou-se no ideal da promoção da saúde e no aprimoramento da apti- dão física dos indivíduos. Atualmente, isso não é diferente. Benefícios na composição corporal e na aptidão cardiorrespiratória são observados em exercícios com intensidade entre 60% e 90% da frequência cardíaca máxima (FOSS; KETEYIAN, 2000), ou seja, com uma intensidade variando entre moderada e vigorosa (GAR- BER et al., 2011). Dessa forma, é importante que as modalidades de Ginástica de academia proporcionem esforços nessa faixa, para que os alunos sejam contem- plados com os benefícios da sua prática. 81 EDUCAÇÃO FÍSICA A modulação da intensidade da aula acontece, es- sencialmente, por meio dos movimentos e da maneira como são executados. Movimentos complexos, que exi- gem a coordenação de diferentes segmentos corporais, num mesmo momento, requerem um esforço maior. Ao passo que, movimentos simples, demandam um vigor menor. O modo como eles são executados também in- fluencia, pois movimentos realizados em velocidade ele- vada ou com maior amplitude demandam mais energia. Além disso, métodos de influência verbal (GOMES, 2009), como o Comando, também podem exercer influ- ência sobre a intensidade do exercício. Vozes de coman- do, como: “aumenta a força”, “acelera”, “respira fundo” e “mantenha o ritmo”, ajustam o esforço do aluno. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO FÍSICO Qualquer exercício físico produz uma perturbação agu- da na homeostase do indivíduo em repouso. As exigên- cias metabólicas e desequilíbrios fisiológicos gerados são reajustados por processos que acontecem durante a recuperação (FOSS; KETEYIAN, 2000). No período da recuperação, o consumo de oxigê- nio permanece elevado por um intervalo de tempo, que pode variar de acordo o esforço realizado. Esse consumo adicional de oxigênio, acima da quantidade normal do repouso, é denominado consumo excessivo de oxigênio, após o exercício ou EPOC (do inglês excess post-exercise oxygen consumption). Basicamente, o EPOC consiste em um componente rápido e um componente lento. De acordo com a teo- ria clássica, o componente rápido representa o oxigênio necessário para a ressíntese do ATP e da fosfocreatina utilizados no início do exercício. Já o componente len- to é o resultado da remoção do lactato acumulado dos tecidos tanto pela sua conversão em glicogênio como MENOR INTENSIDADE Movimentos de menor complexidade Menor complexidade Menor amplitude Envolvimento de poucos seguimentos corporais Velocidade moderada Envolvimento de muitos seguimentos corporais Maior amplitude Maior velocidade Movimentos de maior complexidade MAIOR INTENSIDADE Figura 17 - Modulação da intensidade da aula de Ginástica de academia. Fonte: o autor. pela oxidação para gás carbônico e água. Assim, fornece a energia necessária para restaurar as reservas de glico- gênio (KENNEY, et al. 2013). Conforme essa teoria, os componentes rápido e lento são considerados reflexos da atividade anaeróbi- ca que ocorre durante o exercício. Contudo, sabemos que o EPOC depende de muitos outros fatores, liga- 82 dos a homeostase fisiológica, como: o reequilíbrio dos íons, a restauração da frequência cardíaca e da tempe- ratura corporal, o efeito de vários hormônios (cortisol, insulina, norepinefrina), a ressíntese de hemoglobina e mioglobina, e a atividade do sistema nervoso simpático (FOUREAUX et al. 2006). A Figura 18 ilustra o efeito das diferentes intensida- des do exercício físico no EPOC. Essa figura apresenta dois termos não mencionados anteriormente, o déficit de oxigênio e o Steady-state. Resumidamente, o déficit de oxigênio se refere ao atraso no consumo de oxigênio no início do exercício; e o Steady-state (em português, estado estável), reflete um equilíbrio entre a energia necessária para manter a atividade muscular e a produção de ATP pelo metabolismo aeróbico (MCARDLE et al., 2018). O exercício leve produz um pequeno déficit de oxi- gênio, pois o esforço exigido permite, rapidamente, al- cançar um consumo de oxigênio em Steady-state. Neste caso, o EPOC aproxima-se, coincidentemente, com o tamanho do déficit de oxigênio, do início do exercício. A recuperação é rápida e se processa em poucos minutos. O exercício moderado a vigoroso demanda um tempo maior para que o consumo de oxigênio alcance o Steady-state. Assim, criaum déficit de oxigênio maior comparado ao do esforço menos intenso. Consequente- mente, o tempo para o consumo de oxigênio da recu- peração retornar ao nível anterior à atividade também será maior. Observe que a curva do EPOC declina, ra- pidamente, no início, semelhante à recuperação após o exercício leve, e, em seguida, o declínio é mais gradual, até alcançar os níveis basais de repouso. No exercício físico exaustivo (próximo da intensi- dade máxima ou máxima), o consumo de oxigênio em Steady-state não é atingido, pois o esforço gerado requer mais energia do que o metabolismo aeróbico pode for- necer. Nesse cenário, a transferência de energia por vias anaeróbicas prevalece, o que ocasiona o acúmulo de lac- tato no sangue e resulta em um significativo período de tempo para que a recuperação completa seja alcançada. Exercício leve Componente rápido Exercício Repouso Tempo VO2 máx VO2 Steady-state Déficit de O2 VO2 repouso EPOCC on su m o de o xi gê ni o (V O 2) Exercício exaustivo Componente rápido Exercício Repouso Tempo VO2 máx Déficit de O2 VO2 repouso EPOCC on su m o de o xi gê ni o (V O 2) Componente lento Exercício moderado a vigoroso Componente rápido Exercício Repouso Tempo VO2 máx VO2 Steady-state Déficit de O2 VO2 repouso EPOCC on su m o de o xi gê ni o (V O 2) Componente lento EPOC Figura 18 - Efeito das diferentes intensidades do exercício físico no EPOC. Fonte: o autor. 83 EDUCAÇÃO FÍSICA Intervalo de recuperação entre sessões de exercício Com base na discussão anterior, sobre o EPOC, é preciso fazer algumas considerações a respeito dos substratos energéticos e do tempo relativo necessá- rio para uma recuperação adequada após exercícios moderados a exaustivos. A Figura 19 apresenta os tempos de recuperação após exercícios moderados a exaustivos. Figura 19 - Tempos de recuperação após exercícios moderados a exaustivos / Fonte: adaptada de Foss e Keteyian (2000). PROCESSO DE RECUPERAÇÃO Tempo de Descanso máximomínimo Restauração das reservas musculares de ATP e fosfocreatina Restauração do glicogênio muscular Restauração do glicogênio hepático Restauração do ácido lático no sangue e nos músculos 6 minutos 46 horas 24 horas 12-24 horas 1 hora Exercício contínuo Exercício intermitente 2 minutos 10 horas 5 horas Durante os primeiros três a cinco minutos do período da recuperação, parte das reservas de ATP e fosfocreatina depletadas, durante o exercício, é restaurada. Já a restau- ração do glicogênio muscular e hepático pode levar dias, sendo que, durante esse período é necessária uma inges- tão adequada de carboidratos. Um fator que influencia a velocidade de restauração do glicogênio é o tipo de exercício físico. Para exercícios contínuos, com duração de 60 minutos, a reparação é de 60% em 10 horas, sendo completada, plenamente, em 46 horas. Em exercícios in- termitentes, de curta duração (poucos minutos), a repa- ração é de 53% em 5 horas, sendo completada, totalmen- te, em 24 horas (FOSS; KETEYIAN, 2000). Além de restaurar os depósitos de substratos energé- ticos, o organismo busca, após o exercício físico, eliminar os resíduos do metabolismo e restabelecer os sistemas nervoso, cardiorrespiratório, endócrino e estrutural dos músculos. Desta forma, negligenciar o tempo necessário para o restabelecimento da condição física antes de um novo estímulo é imprudente, pois reduz o desempenho e aumenta o risco de lesões (SILVA et al., 2013). Um pensamento em comum aos alunos de acade- mia é “quanto mais, melhor”. Assim sendo, observamos que muitos destes participam de duas ou mais aulas (intensas) de Ginástica de academia, uma seguida da outra, acreditando que seus objetivos serão alcançados mais rapidamente. Mas será que isso é verdade? A par- tir de todo o conteúdo discutido, qual a sua opinião? É importante destacar que, frequentemente, o professor ministra mais de uma modalidade e pode se sujeitar a essa mesma situação também. 84 Um dos aspectos mais marcantes das modalidades de Ginástica de academia é a musicalidade. A música pas- sou a ser utilizada, mais enfaticamente, com a Ginásti- ca aeróbica, nos anos 80, quando as coreografias eram estruturadas e elaboradas, de modo que houvesse um entrosamento entre ela e os exercícios. A música, por meio de suas informações temporais, constitui uma importante ferramenta para a condu- ção dos movimentos, incitar a motivação e modular a intensidade da aula. Sendo assim, é fundamental ter o conhecimento dos seus elementos básicos para uma boa harmonia entre a música e o exercício. Elementos Musicais na Ginástica de Academia 85 EDUCAÇÃO FÍSICA ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA A música pode ser descrita como a sucessão de sons e silêncio, cuidadosamente, arranjados durante tempo de- terminado. O ritmo, a melodia, a harmonia e o timbre constituem alguns dos seus elementos, capazes de sen- sibilizar todo o organismo humano tanto de maneira psicológica quanto física, fazendo com que o receptor da música responda de maneira afetiva e corporalmente (FERREIRA, 2005). Apesar de estar presente na música, o ritmo pode ser considerado um elemento pré-musical, pois pode existir na ausência dela. Por exemplo, a circulação, a respiração, a digestão, as operações mentais e os movimentos, são marcados por um ritmo próprio e natural. A melodia compreende a organização de di- ferentes notas musicais de modo a produzir uma se- quência agradável entre os sons e o silêncio. É ela que proporciona um sentido musical para quem está es- cutando. A harmonia é responsável pela ligação entre a melodia e o ritmo, é a combinação de dois ou mais sons (nota musicais), tocados, simultaneamente, que resultam nos acordes. O timbre proporciona a distin- ção dos sons. É ele que permite diferenciar o grave do agudo e identificar a fonte emissora. Além desses, de igual importância, são os elementos de duração e intensidade. A duração do som equivale ao período em que ela se estende, que pode ser curto ou longo. A relação dela com o exercício físico é harmônica quando o movimento e som tem a mesma duração. Já a intensidade relaciona-se com a energia desprendida na produção do som, que pode gerá-los com um caráter forte ou fraco (JEANDOT, 1993). Reconhecer a inten- sidade dos sons é importante para a identificação dos compassos uma vez que estes são detectados pelos tem- pos fortes e fracos da música. ESTRUTURA MUSICAL E A ATIVIDADE RÍTMICA A partir deste ponto, nossa discussão não será pau- tada na música especificamente, mas sim, em alguns elementos pertencentes a ela, que são essenciais para o desenvolvimento das atividades rítmicas, como as mo- dalidades de Ginástica de academia. Entre estes elemen- tos, serão abordados a métrica, o pulso, o andamento, o compasso e a frase musical. A Métrica A métrica é entendida como medida, pois, por meio dela, é feita a contagem musical. Como ela divide o tem- po musical em partes iguais, no contexto das atividades rítmicas, é utilizada para medir o tempo entre a repeti- ção de um movimento e outro. Essa medida do tempo é feita, por meio do pulso. O Pulso Basicamente, o pulso corresponde à marcação ou à ba- tida da música. Nas aulas de Ginástica de academia, os movimentos são direcionados pela batida da música. É por meio do pulso que outros elementos da música, como andamento e compasso são identificados. O Andamento O andamento é a velocidade da música. Ele surge do es- paço de tempo entre os pulsos, e sua medida é feita em batimentos por minuto ou BPM. O aparelho destinado à medida do andamento é o metrônomo. Atualmente, além do modelo mecânico, existem metrônomos digi- tais e no formato de aplicativos, que podem ser instala- dos em computadores e celulares. 86 Por meio do metrônomo, o andamento pode ser clas- sificado como vagaroso, moderado e rápido (ARTAXO; MONTEIRO, 2003). Observando o Quadro 1, verifica- mos que um andamento vagaroso/lento é aquele queapresenta os BPM entre 40 e 76; um andamento mode- rado está entre 76 e 120 BPM; e um andamento rápido apresenta entre 120 a 208 BPM. Figura 20 - Metrônomo mecânico Classificação Características Batimento por minuto (BPM) Vagaroso Muito lento Lento Pausado 40 a 60 Brevemente pausado De um modo calmo, sem pressa 61 a 76 Moderado De um modo fluen- te, como quem caminha 77 a 108 Moderado Um pouco rápido 108 a 120 Rápido Rápido Vivo 120 a 168 Muito rápido O mais rápido possível 168 a 208 Quadro 1 - Classificação do andamento / Fonte: adaptado de Artaxo e Mon- teiro (2003). Normalmente, as aulas de Ginástica de academia são elaboradas com músicas que variam de 100 a 160 BPM. Modalidades, como a ginástica localizada tendem a ser estruturadas com músicas de BPM inferiores a de mo- dalidades, como o Step ou o Jump. O BPM das músicas também pode variar na mesma aula. Por exemplo, a co- reografia do aquecimento é feita com músicas de BPM menor às da parte principal da aula, que, habitualmente, exige um BPM maior, para que se alcance uma intensi- dade de treino elevada. 87 EDUCAÇÃO FÍSICA O Compasso A batida da música, que se repete de modo regular, di- vidindo-a em partes iguais e sequências de 2, 3, 4 ou mais tempos é entendida como compasso (ARTAXO; MONTEIRO, 2003). Quando a divisão é de 2 tempos, denomina-se compasso binário; de 3 tempos, compasso ternário; e de 4 tempos, de compasso quaternário. Essa divisão, como dito anteriormente, é identificada pelas características forte e fraco do som. Geralmente as músicas utilizadas nas aulas de Gi- nástica de academia são construídas com compassos quaternários. A Figura 21 ilustra, didaticamente, uma sequência de compassos quaternários. Veja que pode- mos contar as batidas no bumbo de quatro em quatro, a partir do pulso forte. Figura 21 - Compassos binários / Fonte: o autor. De maneira proposital, essa figura foi elaborada com dois compassos quaternários, que resultam numa conta- gem de oito tempos (pulsos/batidas). Esses oito tempos, frequentemente, indicam as frases musicais. A frase musical Não existe regra em relação ao tamanho da frase mu- sical, mas, habitualmente, ela é construída em oito tempos. O importante é saber que, assim como na fala ou na escrita, ela é composta por início, meio e fim. Sendo que, mudanças significativas, no instrumental, vocal, refrão, entre outros, são identificadas no início e fim da frase musical. Reconhecer as frases musicais é muito importante na Ginástica de academia, pois, geralmente, a execução dos movimentos se inicia, si- multaneamente, com o começo das frases, o que tam- bém ocorre em relação ao seu término. As frases musicais são agrupadas em períodos, os quais costumam ser formados por 8 compassos, conta- bilizando 4 frases e 32 tempos, se o compasso for qua- ternário. Identificar as frases e os períodos musicais é essencial para a elaboração da coreografia. Desse modo, antes de montar uma sequência coreográfica, é indicado o estudo da música para conhecer, por exemplo, a quan- tidade de frases que compõem a introdução ou o refrão. Da teoria para a prática Como você observou, dominar os elementos estrutu- rantes da música é essencial para o processo de elabo- ração da aula de Ginástica de academia. Assim sendo, que tal praticar um pouco essa sincronia entre música e movimento? Primeiramente, acesse o Qr-code e escute a músi- ca, procurando identificar o pulso forte e o andamento. Essa é uma música em compasso quaternário. Repare que, a cada frase musical, há a adição de um instrumen- to musical ou efeito diferente (por exemplo as palmas). FORTE FRACO MODERADO FRACO FRACO FRACOMODERADOFORTE Acesse a música Yellow Rose of Berkeley https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2565 88 Agora que você está familiarizado(a) com a música, pratique os seguintes movimentos. Figura 22 - Explicação do movimento Step touch / Fonte: o autor. Step touch O step touch é um movimento realizado lateralmente. Na sua preparação o peso corpo- ral esta apoiado sobre uma das pernas. O movimento é iniciado com um passo lateral da perna contrária a de apoio. Rapidamente, o peso corporal é transferido para a perna que se deslocou. Em seguida, a outra perna é trazida junto da primeira. Este movimento todo é repetido para retornar à posição inicial. 89 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 23 - Explicação do movimento Elevação de pernas para trás / Fonte: o autor. Elevação de pernas para trás A elevação de pernas para trás é um movimento realizado lateralmente. Assim como no step touch, na sua preparação o peso corporal está apoiado sobre a uma das perna. O movimento é iniciado com um passo lateral da perna contrária a de apoio. Rapidamente, o peso corporal é transferido para a perna que se deslocou. Em seguida, o joelho da outra perna é flexionada elevando o pé para trás. Este movimento continua alternando a perna de apoio e a fletida. Elevação de pernas para trás A elevação de pernas para trás dupla é uma variação, onde, a mesma perna flexiona e estende o joelho duas vezes seguidas, antes da troca para o apoio. 90 Treinados os movimentos, vamos executá-los no compas- so da música. Para isso, utilizaremos a nota coreográfica apresentada no Quadro 2. Observe que esta é dividida em duas grandes colunas, uma com as características da mú- sica e outra com as do exercício físico. A coluna referente à música é subdividida em: Mapeamento, que identifica as partes que compõe a música (introdução, verso, refrão e pausa); Instrumento/efeito, que apresenta, justamente, o instrumento ou o efeito que marca o início da parte ou da frase musical; e Contagem, que corresponde ao núme- ro de batidas, aqui, simbolizadas como “2x8” que são 16 pulsos. Essa representação “2x8” é utilizada, pois facilita a identificação do número de frases musicais, assim sen- do, neste caso são duas frases de oito tempos. Já a coluna referente ao exercício físico é subdividida em: Movimen- to, que identifica o exercício a ser realizado naquele mo- mento da música; Tempo, que corresponde à duração do movimento, do seu início ao fim, em número de batidas; e Repetição, que apresenta o número de vezes que o res- pectivo movimento será realizado. Música Exercício Físico Mapeamento Instrumento/efeito Contagem Movimento Tempo Repetição Introdução Baixo e caixa 2x8 Preparação para o step touch 16t Verso 1 Teclado 2x8 Step touch 4t 4x Órgão 1 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x Verso 2 Baixo e órgão 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 4x Órgão 2 3x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x Elevação de pernas para trás 4t 2x Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4t 4x Verso 3 Baixo e caixa 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4t 2x Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás 4t 2x Encerramento Redução do volume 2x8 Step touch 4t 2x Quadro 2 - Notas coreográficas / Fonte: o autor. 91 EDUCAÇÃO FÍSICA E então, como foi seu desempenho na prática? A sincro- nia fluída entre música e movimento é adquirida com ao longo do tempo, assim, não se preocupe caso tenha tido dificuldade. O importante é perceber o ajuste en- tre os elementos musicais e os exercícios, bem como, a sinergia entre a melodia da música e a característica do movimento. Nesse sentido, perceba que, nos momentos de pausa da música, onde ela incita “tranquilidade”, foi executado o step touch, que é um movimento que não exige um grande esforço. MÚSICA E MOTIVAÇÃO A música é capaz de dialogar com os sentimentos, des- pertar desejos, evocar lembranças e sensações e, ainda, estimular ações. Estas atribuições a tornam um fator motivador poderoso, com o potencial de gerar melho- ra no desempenho dos praticantes de exercícios físicos, independentemente, do objetivo da prática (NAKAMU- RA et al., 2008; MORI, 2005). Nesse sentido, é fundamental que a seleção musical contribua para a motivação no exercíciobem como para o prazer de estar no ambiente de sua prática (TEEL et al.,1999). A influência musical propicia melhor resposta do indivíduo ao exercício, à medida que favorece o des- vio da atenção de sensações, como o cansaço. Essa in- fluência pode acontecer, por meio de estímulos externos e internos (SOUZA; SILVA, 2010). O estímulo externo é causado, principalmente, pelo ritmo musical gerado do andamento, que interliga os movimentos corporais às batidas da música. O estímulo interno é ocasionado por sensações motivadoras, relacionadas a lembranças ou imagens, evocadas pela música. As aulas de Ginástica de academia, estrategicamen- te, são preparadas com músicas que possuem compas- sos bem marcados e que fazem ou fizeram sucesso em algum momento. Isso é feito, justamente, com o intuito de provocar, simultaneamente, ambos estímulos citados, anteriormente. Uma música com compassos bem marcados auxilia sua sincronização com os movimentos e permite que os alunos acompanhem, com mais facilidade, as coreogra- fias da aula. Além disso, quando a música faz ou já fez sucesso, em algum momento, pressupõe-se que ela seja conhecida dos alunos e tenha a capacidade de despertar lembranças motivadoras neles. 92 considerações finais Prezado(a) aluno(a), concluímos, aqui, a sua imersão ao universo da Ginástica de academia. Realizando um breve resgate dos conteúdos, iniciamos essa unidade contex- tualizando, historicamente, a ginástica, o que nos possibilitou entender a sua inserção nas academias, como exercício físico destinado ao aprimoramento dos componentes da aptidão física. Nesse contexto, vimos que os movimentos europeus, do século XIX, pautados nos conhecimentos anatomofisiológicos, foram responsáveis pela sistematização e pro- pagação da prática da ginástica. Uma das heranças desse período, os movimentos calistênicos foram utilizados nas primeiras aulas de Ginástica de condicionamento, coreografadas por Jackie Sorensen. Podemos dizer que ela foi uma pioneira do formato atual da Ginástica de academia. Em seguida, discutimos a fisiologia no contexto da Ginástica de academia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante os estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Nesse contexto, vimos que as vias energéticas anaeróbicas e aeróbica contribuem em proporções diferentes de acordo com a intensidade do exercício. Além disso, ressaltamos a importância do controle e modulação desta, para que os objetivos propostos para a aula sejam atingidos. Para tanto, foram sugeridos o uso da escala de percepção de esforço e o do monitor de frequência cardíaca. Realizamos, também, alguns apontamos sobre o processo de recuperação após o exercício físico, como ele acontece e a importância de respeitá-lo antes de uma nova sessão. Para finalizar o conteúdo, falamos sobre a musicalidade nas modalidades de Gi- nástica de academia. Vimos a importância dos elementos musicais, andamento e compasso, para a condução dos movimentos e a modulação da intensidade. Além disso, discutimos o efeito motivador da música e de que forma ela exerce esta in- fluência sobre os indivíduos. Com essas considerações, encerramos nossa segunda unidade. Até a próxima! 93 atividades de estudo 1. Partindo da concepção de ginástica como todo e qualquer exercício físico re- alizado pelo ser humano, podemos dizer que a origem da Ginástica de aca- demia é tão antiga quanto o homem. Com base nos estudos da história da ginástica, assinale a alternativa correta. a. As propostas de ginástica das escolas Alemã, Sueca e Francesa eram funda- mentadas no conhecimento da anatomia e da fisiologia para promover seus exercícios físicos. b. Podemos dizer que a Ginástica de academia teve início nos anos de 1990, sendo o Step, o Fitball, o Spinning e a Hidroginástica as primeiras modalidades. c. Atualmente, a ginástica é organizada em quatro campos, e a Ginástica de aca- demia se enquadra no campo da Ginástica de condicionamento. d. O incremento gradual de esforço, observado na Calistenia, acontecia de acor- do com o grupo de exercício, sendo o Grupo 8 de maior intensidade. e. No Brasil, juntamente com o movimento mundial, a Ginástica de academia surgiu nos anos de 1990. 2. O controle e a modulação da intensidade é primordial para que sejam alcan- çados os objetivos de uma aula de Ginástica de academia. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale “V” para Verdadeira e “F” para Falsa: ( ) � A modulação da intensidade numa aula de Ginástica de academia aconte- ce, essencialmente, pela maneira como são executados os movimentos. ( ) � A escala de percepção de esforço (EPE) é uma medida fisiológica ampla- mente conhecida e pode ser utilizada nas aulas de Ginástica de academia. ( ) � O consumo máximo de oxigênio constitui medida referência por estar re- lacionado, diretamente, com a frequência cardíaca máxima. ( ) � A intensidade pode ser descrita em termos de percentual do consumo máximo de oxigênio ou da frequência cardíaca máxima. a. V, V, V e F. b. F, V, F e F. c. V, F, F e V. d. F, F, V e V. e. V, F, V e F. 94 atividades de estudo 3. O sucesso no desempenho e a performance, nas mais variadas atividades físi- cas aeróbicas, depende, principalmente, de uma prescrição adequada da inten- sidade do exercício físico. Com base nesta afirmação, calcule os limites inferior e superior, da zona de frequência cardíaca de treinamento (FCT), de um indivíduo de 30 anos de idade, que apresenta uma frequência cardíaca de repouso de 60 batimentos por minuto. Considere os seguintes limites, 50% e 80%. 4. Alguns elementos pertencentes à música são essenciais para o desenvolvi- mento das atividades rítmicas, como as modalidades de Ginástica de acade- mia. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes: I. Normalmente as músicas utilizadas nas aulas de Ginástica de academia são construídas com compassos binários. II. O andamento surge do espaço de tempo entre as batidas da música e é me- dido em batimentos por minuto. III. A métrica pode ser utilizada para medir o tempo entre a repetição de um mo- vimento e outro. IV. O pulso musical corresponde à marcação ou batida da música. Assinale a alternativa correta. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. Reconhecer as frases musicais é muito importante na Ginástica de academia, porque a execução dos movimentos é alinhada às frases. Nesse sentido, ex- plique como é composto um período musical, em um compasso quaternário. 95 LEITURA COMPLEMENTAR O consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC) também pode ser lido como consumo excessivo de energia após o exercício (EPEE do inglês excess post-exercise energy expenditure), devido ao fato da análise do consumo de oxigênio possibilitar a estimativa do gasto energético, pelas trocas gasosas. Nesse contexto, o estudo de Matsuo e colaboradores procurou comparar o EPEE, induzi- dos por três protocolos diferentes de exercício realizados em cicloergômetro. O primeiro protocolo foi de treinamento intervalado de velocidade (sprint interval training - SIT), composto por 7 séries de 30 segundos de ciclismo, numa intensidade de 120% do VO2máx e um descanso de 15 segundos entre cada série. O segundo foi de treinamento aeróbico intervalado de alta intensidade (high intensity aerobic training - HIAT), composto por 3 séries de 3 minutos de ciclismo, com intensidade entre 80% e 90% do VO2máx e um descanso ativo (pedalando) de 2 minutos a 50% do VO2máx. E o terceiro foi o treinamento aeróbico contínuo (continuous aerobic training - CAT), que consistiu em 40 minutos de ciclismo, numa intensidade entre 60% e 65% do VO2máx. Foi realizada uma sessão de exercício para cada protocolo, com um intervalo de aproxi- madamente uma semana entre as sessões. Em cada uma destas foram medidas, a taxa metabólicade repouso, o gasto energético do exercício e feito um acompanhamento do gasto energético durante 180 minutos após término exercício. Participaram da pesquisa 10 homens saudáveis, com idades entre 20 e 31 anos. Os resul- tados obtidos mostraram que, a média do EPEE para o SIT foi de 32±19 kcal, para o HIAT de 21±16 kcal e para o CAT de 13±13 kcal. Já a média do gasto energético do exercício somado ao gasto energético após o seu término, foi de 109±20 kcal para o SIT, de 182±17 kcal para o HIAT, e de 363±45 kcal para o CAT. A partir desses resultados, os pesquisadores verificaram que o EPEE do CAT foi estatisti- camente menor, comparado ao do SIT. Contudo, o exercício aeróbico contínuo apresen- tou um gasto energético total (exercício somado ao repouso) significativamente maior que os exercícios intervalados. Para além dos dados apresentados, é importante refletir sobre a forma como esses exer- cícios foram aplicados. Observe que, apesar da diferença no gasto energético, as dura- ções dos protocolos foram diferentes. Será que os resultados seriam os mesmos, caso a duração fosse nivelada? Se pensarmos em termos de aprimoramento da capacidade aeróbica, será que, nesse caso, o exercício aeróbico seria melhor que o contínuo? Fonte: Matsuo et al. (2012, p. 783-789). 96 material complementar Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch Editora: Guanabara Koogan Sinopse: o livro Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano traz in- formações acerca da nutrição para a atividade física e medidas do gasto energético humano. Explica os sistemas aeróbicos e anaeróbicos de fornecimento e utilização de energia, o treinamento para a potência aeróbica e anaeróbica e os recursos es- peciais para o treinamento físico e o desempenho. Também aborda o desempenho no exercício e estresse ambiental, como grandes altitudes, temperaturas extremas e o mergulho. Outros temas discutidos referem-se aos aspectos da composição cor- poral, equilíbrio energético e controle de peso bem como o exercício no contexto do envelhecimento bem-sucedido e da prevenção de doenças. Nutrição para o esporte e o exercício William D. McArdle, Frank I. Katch e Victor L. Katch Editora: Guanabara Koogan Sinopse: o livro Nutrição para o esporte e o exercício traz informações acerca de di- gestão, absorção e assimilação dos nutrientes. Explica o papel da nutrição no meta- bolismo energético, como os nutrientes são metabolizados e como o treinamento com exercícios afeta esse metabolismo. Também aborda a mensuração e a quanti- ficação do conteúdo energético dos alimentos bem como as demandas de energia das diversas atividades físicas. Outros temas discutidos referem-se aos aspectos da nutrição que permitem otimizar o desempenho nos exercícios e a resposta ao treinamento. Além disso, explica a avaliação da composição corporal, as diretrizes esporte-específicas acerca da composição corporal e de sua avaliação, o equilíbrio energético e o controle do peso. Indicação para Ler Indicação para Ler 97 gabarito 1. A 2. C 3. Limite inferior (50%) é de 125 BPM e o limite superior (80%) é de 164 BPM. 4. D 5. Um período musical em compasso quaternário é formado por 8 compassos, contabilizando 4 frases e 32 tempos. Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Modalidades que não fazem o uso de equipamentos • Modalidades que fazem o uso de equipamentos • Modalidades aquáticas de ginástica de academia Objetivos de Aprendizagem • Apresentar algumas das modalidades de Ginástica de academia que não fazem uso de equipamentos. • Expor algumas das modalidades de Ginástica de academia que, necessariamente, fazem uso de equipamentos. • Apresentar a Hidroginástica como modalidade de Ginástica de academia. MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA unidade III Olá, aluno(a), Precisamos da sua atenção nesse momento, então, respira e vem com a gente! Para ampliarmos a sua experiência com o material, organizamos uma Unidade Digital com um glossário prático das Atividades de Academia. Lá, disponibilizamos imagens e víde- os de movimentos, passos, golpes, poses e posições que são apresenta- das ao longo dessa unidade. É importante que você siga o material com o Glossário prontinho do lado. Para acessar, basta ler o QR Code a seguir com o seu celular. Desfrute ao máximo e bons estudos! Ou acesse o link https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2739 ACESSE AQUI https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2739 INTRODUÇÃO O lá aluno(a)! Dando continuidade ao estudo de Atividades de academia, nesta terceira unidade serão apresentadas algumas das muitas modalidades existentes na atualidade. Essas mo- dalidades conferem uma alternativa de atividade física para aquelas pessoas que consideram a musculação tediosa, mas que procu- ram a academia como local para a sua prática diária de exercícios físicos. Os exercícios com música e em grupo podem fazer com que as pessoas se sintam animadas e tenham prazer pela prática de atividades que desen- volvem suas capacidades físicas. Entre as modalidades de ginástica oferecidas na academia, algumas delas não fazem uso de equipamentos para desenvolver seus exercícios. Normalmente, estas se apropriam de movimentos de outras práticas cor- porais, como a dança, as artes marciais e as práticas alternativas para ela- borar a coreografia de suas aulas. Por outro lado, uma parte considerável das modalidades de Ginástica de academia faz uso de equipamentos es- pecíficos. Algumas delas foram inspiradas e elaboradas a partir de outras práticas corporais, como o Ciclismo indoor, enquanto outras nasceram no âmbito da academia, como o Step. Além da tradicional sala de ginástica, algumas modalidades são realiza- das em outros ambientes, como aquelas praticadas na piscina. A hidroginás- tica é um exemplo clássico desse tipo de aula. Apesar de o ambiente aquático estar presente em poucas academias, com o desenvolvimento de novos equi- pamentos, atualmente, existem muitas modalidades de aula na água. Nesse contexto, para fins didáticos, as modalidades apresentadas nes- sa unidade estão divididas em três grupos: Modalidades que não fazem o uso de equipamentos, Modalidades que fazem o uso de equipamentos e Modalidades aquáticas de Ginástica de academia. A partir dessas considerações estamos preparados para continuar nossos estudos! Tenha uma ótima leitura! 104 Dentro das modalidades que não fazem o uso de equipamentos para desenvolver seus exercícios, serão apresentadas algumas possibilidades de mo- vimento daquelas que se apropriam da dança, das lutas e das práticas alternativas. É importante des- tacar que, além dos apresentados aqui, existem uma infinidade de exercícios que podem ser realizados nas aulas com estas características. GINÁSTICA AERÓBICA E DANÇA A relação entre a dança e a ginástica aeróbica data da década de 70, quando Jaki Sorensen desenvolveu seu programa intitulado Aerobic Dancing, que combinava música, dança e calistenia (MONTEIRO, 1996). Desde então, a dança, enquanto exercício físico, faz parte das grades de aula de ginástica, nas academias e clubes. Uma característica meritória dessas aulas, na atu- alidade, é o fato de serem elaboradas de forma que qualquer pessoa possa acompanhar os movimentos, ou passos, sem grandes dificuldades. Normalmente, as co- reografias apresentam opções mais simples e mais com- plexas para um mesmo passo, contemplando, assim, as necessidades do praticante iniciante e do avançado. Outro aspecto interessante é o fato de a mesma aula envolver diferentes estilos musicais, sendo o Hip Hop, o Funk, o latino (incluindo aqui o Brasil), todos os estilos de Dance e música eletrônica, os mais utilizados nos dias de hoje. Justamente devido a essa mistura, as aulas com essa característica são, comumente, chama- das, nas academias brasileiras,de aula de ritmos. Técnica dos movimentos Os diferentes estilos de dança, que fazem parte das co- reografias de uma aula, exigem que o professor conhe- ça, minimamente, a técnica dos movimentos para que consiga caracterizar cada dança. Nesse sentido, existem alguns pontos chaves que podem auxiliar a evidenciar os estilos por meio dos movimentos, sendo eles: Modalidades que não fazem o uso de equipamentos 105 EDUCAÇÃO FÍSICA Estilo O primeiro ponto diz respeito às características de cada estilo musical. Contudo não, especificamente, ao conteúdo técnico, mas em relação ao sentimento, à imagem e à atitude do movimento, aflorados pelo ritmo e pela melodia da música. Assim, a interpretação e a expressão musical, por meio do corpo, são primordiais para definir um estilo. Posição Este ponto corresponde à postura correta para cada dança. De modo geral, a postura pode ser entendida como o arranjo relativo dos segmentos corporais para uma atividade específica. Sendo assim, reproduzir, corretamente, as formas de movimentar e posicionar o corpo em cada estilo de dança é essencial para a caracterização do mesmo. Execução O terceiro ponto se refere à qualidade do movimento. Isso implica execução dos passos de forma clara, apresentando, corretamente, a posição dos segmentos corporais bem como a textura do movimento (se ele é suave ou marcado). Amplitude de movimento Este ponto se refere ao “tamanho” dos movimentos, que podem ser de grande ou de pequena amplitude e que dependem, não só do estilo da dança, mas da música utilizada na coreografia. Ritmo O quinto ponto corresponde à sincronização dos movimentos ao tempo da música. Para além da execução alinhada, as batidas musicais, também faz parte do ritmo o tempo certo da instrução dos passos, durante determinada música. 1 2 3 4 5 106 Aqui, foram apresentados cinco pontos gerais de atenção em relação à técnica dos movimentos que, quando seguidos e aplicados a todos os estilos de dança, podem garantir a inspiração e a motivação na sala de ginástica das academias. Exercícios de facilitação Existem alguns exercícios que podem auxiliar na conscientização e no controle corporal e, por conse- quência, melhorar a execução dos movimentos nas danças. Neste contexto, os exercícios demonstrados a seguir procuram trabalhar, de maneira isolada, as partes do corpo, justamente, para que seja estimula- do o domínio das mesmas. • Movimento da cabeça Com o corpo em posição ortostática, os pés afastados na linha dos ombros, os joelhos desencaixados e braços relaxados ao lado do tronco, a cabeça realiza as seguintes sequên- cias de movimentos: 1. O rosto vira para a direita, volta ao centro, vira para a esquerda, volta ao centro. 2. A cabeça inclina para trás, volta ao centro, inclina à frente, volta ao centro. • Movimento dos ombros Mantendo o corpo em posição ortostática, a cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés afastados na linha dos ombros, os joelhos desencaixados e braços relaxados ao lado do tronco, os ombros fazem os seguintes movi- mentos: 1. Projeção para frente, mais à frente, movi- mento circular para trás (duas vezes), pro- jeção para trás, mais a trás, movimento circular para frente (duas vezes). • Movimento do peito Com o corpo em posição ortostática, a cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés afasta- dos na linha dos ombros, os joelhos desencai- xados e braços relaxados ao lado do tronco, o peitoral realiza os seguintes movimentos: 1. Projeção para frente, volta ao centro, pro- jeção para trás, volta ao centro. 2. Projeção para frente, movimento circular de todo o tórax em sentido da esquerda para a direita (duas vezes). 3. Projeção para trás, movimento circular de todo o tórax em sentido da direita para a esquerda (duas vezes). • Movimento do quadril Mantendo o corpo em posição ortostática, a cabeça alinhada ao eixo longitudinal, os pés afastados um pouco além na linha dos om- bros, os joelhos desencaixados e braços re- laxados ao lado do tronco, o quadril faz os seguintes movimentos: 1. Projeção para frente, volta ao centro, pro- jeção para trás, volta ao centro. 2. Projeção para direita, volta ao centro, pro- jeção para esquerda, volta ao centro. 3. Projeção para frente, para direita, para trás, para esquerda, para frente, movi- mento circular em sentido da direita para a esquerda (duas vezes). 4. Projeção para frente, para esquerda, para trás, para direita, para frente, movimento circular em sentido da esquerda para a di- reita (duas vezes). Esses exercícios podem ser incluídos na co- reografia, principalmente, nos momentos de aquecimento e alongamento, visando refinar as habilidades dos alunos. 107 EDUCAÇÃO FÍSICA Os passos Os passos que compõem os movimentos de uma co- reografia são aqueles passíveis de execução no con- texto da Ginástica de Academia, ou seja, possuem um grau de complexidade mediano e oferecem se- gurança ao aluno. Além disso, são adaptados para que possam atingir um dos objetivos dessa modali- dade de ginástica, que é o aperfeiçoamento do con- dicionamento físico, em especial, o aeróbico. GINÁSTICA AERÓBICA E AS LUTAS Na trajetória da Ginástica de academia, uma das primeiras modalidades a se destacar com elementos provenientes das lutas foi o Tae Bo, na década de 90. Idealizado por Billy Blanks, o Tae Bo combina mo- vimentos do Taekwondo, Boxe, Muay Thai e Karatê (TAE BO NATION, on-line)11. Outra modalidade de destaque é o Body Combat, pertencente a Les Mills, que, além das lutas citadas, traz elementos do Tai Chi Chuan e da Capoeira (LES MILLS, 2019, on-line)12. A coreografia deste tipo de aula é elaborada, si- mulando um combate ou um treinamento. Desta forma, além dos golpes característicos das lutas, são utilizados deslocamentos, corrida estacionária e, até mesmo, a imitação de movimentos, como o de pular corda e de speed ball do Boxe. As músicas utilizadas possuem um BPM que oscila do andamento mode- rado ao rápido (entre 120 e 150) e abrangem, princi- palmente, os gêneros Rock in Roll e Eletrônico. Movimentos básicos Observe que, todas as lutas mencionadas são de combate em pé, isto porque, são modalidades de mais dinamismo e não necessitam de um adversário para que os golpes possam ser simulados. Nesse sen- tido, entre as inúmeras possibilidades, a seguir, são apresentados alguns dos movimentos que podem ser utilizados neste tipo de aula. Postura de lutador A postura pode ser entendida como o posiciona- mento do copo, o qual serve de base para a execução de movimentos de ataque ou defesa, nos diferentes tipos de lutas. A maioria destas bases assume coloca- ção semelhante dos segmentos corporais, principal- mente, em relação aos pés e pernas. Nesse contexto, serão apresentadas duas bases comumente obser- vadas, que, para nosso estudo, denominaremos de Base de combate e Base frontal. Em complemento, é importante destacar que, es- sas posturas envolvem uma pose de guarda realizada pelos braços, que varia de acordo com a luta. Devi- do aos golpes com os braços, que serão apresentados adiante, será demonstrada a guarda do Boxe. • Base de combate Na base de combate, um dos pés está posicio- nado à frente e o outro atrás, moderadamen- te, para a lateral, de maneira a formar a letra “L” com ambos. Pé esquerdo à frente Pé direito à frente Figura 1 - Posicionamento dos pés na base de combate / Fonte: o autor. 108 Devido ao posicionamento dos pés, o tronco fica, levemente, voltado para o mesmo lado da perna de trás. As pernas se mantêm, li- geiramente, flexionadas. A cabeça permane- ce um pouco inclinada para baixo, e o olhar voltado para frente. Os braços se posicionam em guarda do Boxe, com as mãos cerradas ao lado da mandíbula, e os cotovelos apontando para baixo, próximos às costelas. • Base frontal Na base frontal, os pés se posicionam parale- los e a uma distância um pouco maior que a largura dos ombros. As pernas se mantêm,li- geiramente, flexionadas, a cabeça e os braços mantêm o posicionamento igual ao da base de combate. Golpes com os braços Entre os vários golpes desferidos com os braços, se- rão apresentados o Jab e o Direto. Estes são golpes simples e muito conhecidos em lutas, como o Boxe e o Muay Thai. • Jab O jab é um soco rápido utilizado para atacar a região do nariz. A partir da guarda de boxe, a mão cerrada é direcionada ao alvo, realizando uma breve rotação medial, de modo que, fique em pro- nação no fim do trajeto. Para manter a inte- gridade muscular e articular, o braço não se estende totalmente. Esse movimento é im- pulsionado por uma, simultânea e discreta, rotação do tronco. Logo que atinge o fim do trajeto, rapidamente, o braço retorna à po- sição inicial. O outro braço mantém, todo o tempo, a guarda. O jab, a partir da base frontal, pode ser re- alizado com ambos os braços. Quando re- alizado em base de combate, é desferido apenas com o braço que está mais à frente, pois, o soco feito com o braço de trás recebe o nome de Direto. • Direto Conforme dito anteriormente, o direto é um soco realizado com o braço de trás, a partir da base de combate, e é usado para atacar a região do nariz e do queixo. A partir da guar- da de boxe, a mão cerrada, do braço de trás, é direcionada ao alvo, realizando breve rotação medial, de modo que fique em pronação no fim do trajeto. O braço não se estende total- mente. Esse movimento é impulsionado pela rotação do quadril, que deixa todo o tronco voltado para frente. No fim desse movimen- to, a perna de trás fica apoiada apenas na par- te anterior da planta do pé, sobre os dedos. Logo que atinge o fim do trajeto, rapidamen- te, o braço, tronco e perna retornam à posi- ção inicial, e o outro braço mantém, todo o tempo, a guarda. Golpes com as pernas Os golpes realizados com as pernas são os chutes e as joelhadas. Nesse sentido serão apresentados o Chute frontal, o Chute circular e a Joelhada frontal, que constituem os golpes de lutas, como o Taekwon- do, o Kickboxing e o Muay Thai. • Chute frontal Um chute frontal é utilizado para atacar ou criar um espaço para desferir outras técnicas. As áreas alvo são o joelho, a virilha e o estôma- go, respectivamente, alvo baixo, médio e alto. 109 EDUCAÇÃO FÍSICA A partir da transferência do peso corporal para uma das pernas, o tronco se inclina, bre- vemente, para trás. O joelho da outra perna se eleva à frente para que ela possa ser esten- dida. Esse é um movimento controlado para que seja mantida a integridade muscular e ar- ticular. No fim da extensão o pé se encontra, moderadamente, em flexão plantar. Assim que atinge o fim do trajeto, agilmente, a per- na retorna à posição inicial. No momento do chute, o antebraço perten- cente ao mesmo lado da perna de apoio se po- siciona na frente do tronco, com a mão na li- nha do osso esterno. O outro braço se estende, paralelamente, ao tronco. O chute frontal, a partir da base frontal, pode ser realizado com ambas as pernas de maneira igual. Quando realizado em base de combate, também pode ser feito com ambas as pernas, no entanto o chute feito com a perna de trás exige uma leve projeção do quadril para frente para que seja mantido o equilíbrio no movimento. • Chute circular Um chute circular tem como áreas alvo a parte interna da coxa, as costelas e a cabeça; respectivamente, alvo baixo, médio e alto. O chute circular é realizado apenas em base de combate e possui uma fase preparatória obri- gatória, que consiste em posicionar o pé de trás mais próximo ao do pé da frente, deixan- do-o com a calcanhar voltado para frente e a ponta dos dedos para trás, e voltando o tron- co, totalmente, para a lateral. A partir da fase preparatória, o peso corporal se transfere para a perna de trás, o antebraço, do lado da perna de apoio, posiciona-se na cintura, e o outro braço se estende em dire- ção ao alvo (baixo, médio e alto). O tronco é inclinado de acordo com a altura do chute. A perna que realiza o golpe é suspensa com o joelho flexionado, de forma que o pé (em flexão plantar) fique próximo ao glúteo. O chute efetiva-se com a extensão dessa perna. Assim que atinge o fim do trajeto, agilmente, a perna e, em seguida, todo o corpo retornam à base de combate. • Joelhada frontal A joelhada frontal pode ser utilizada para golpear um alvo muito próximo à frente. As áreas alvo, usualmente, são a coxa, a virilha e o estômago, respectivamente, alvo baixo, médio e alto. O movimento da joelhada fron- tal segue a mesma dinâmica do chute frontal para ambas as bases. Contudo, aqui, o ataque é feito apenas com o joelho, desta forma, a perna não é estendida. Outra diferença são os braços, que permanecem em guarda de Boxe durante todo o movimento. Recomendações de segurança Por envolver movimentos explosivos, o controle corporal é essencial para que sejam evitadas lesões ocasionadas pelo alongamento excessivo dos mús- culos e tendões bem como a tensão excessiva sobre as articulações. Em complemento, indivíduos porta- dores de patologia articular, como a osteoartrite ou apresentem instabilidade do quadril, devem evitar atividades como esta. Em salas de ginástica pequenas ou turmas gran- des, é indispensável certificar que há espaço sufi- ciente para os golpes e deslocamentos. Atingir outro participante ou um objeto da sala pode resultar em uma séria lesão. Portanto, o número de alunos deve ser limitado para que estes possam executar os mo- vimentos sem muitos riscos. 110 111 EDUCAÇÃO FÍSICA GINÁSTICA DE ACADEMIA PARA ALÉM DO ALONGAMENTO Sabemos que níveis adequados de flexibilidade são im- portantes para o desempenho atlético, a manutenção da independência funcional bem como para a execu- ção das atividades da vida diária (HEYWARD, 2004). Nesse sentido, é comum que as academias ofereçam, além das modalidades agitadas de Ginástica de acade- mia, também aulas de alongamento aos alunos. Normalmente, são aulas monótonas e de curta duração, pela própria natureza dos exercícios e, tam- bém, pela baixa adesão. Para quebrar essa tradição e conferir um sentido maior a esse tipo de aula, a sugestão, aqui, é que ela adquira um caráter holís- tico, no sentido de noção de totalidade (CHAER, 2006), de integração harmoniosa “parte-todo-parte” (BRANDÃO; CREMA, 1991). Ou seja, uma aula ca- paz de promover o treinamento do físico e do men- tal enquanto unidade, apropriando-se de elementos das ginásticas de conscientização corporal. dos movimentos são auxiliadas pelas músicas de BPM mais baixos (entre 100 e 110), calmas, com ou sem vocal, de qualquer gênero musical. A seguir são sugeridos alguns movimentos que podem compor os exercícios desse tipo de aula. Movimentos harmônicos Dentro das possibilidades de movimentos harmôni- cos, aqueles realizados na prática do Tai Chi Chuan são uma ótima opção. Os movimentos desta arte são executados de modo tão fluído e cadenciado que é, praticamente, impossível distinguir o início e o tér- mino de cada um. A respiração é, também, ritmada e entra em consonância com a fluência do exercício. Estes movimentos podem ser utilizados tanto no início, como forma de aquecimento, quanto no final, como volta à calma. Uma das posições básicas do Tai Chi Chuan é a Wu Chi. Na posição Wu Chi, o corpo permanece em posição ortostática, com os membros superiores estendidos ao lado do tronco, as palmas das mãos voltadas para trás e os pés afastados na linha dos ombros. A cabeça e os pés também estão apontados para frente e o olhar para o horizonte. A partir dessa posição, entre as opções de movi- mentação de braços, será apresentado o grande círculo. Posição Wu Chi com grande círculo No grande círculo, por meio do movimento de ab- dução, os braços (estendidos) são conduzidos para o alto. Ao longo deste trajeto as mãos assumem di- ferentes posicionamentos. Do começo até atingirem a altura dos ombros, a palma das mãos está voltada para frente. Nesse ponto, suavemente,são voltadas para cima, até se juntarem no final acima da cabeça. A Educação Física contempla múltiplos conhe- cimentos a respeito do corpo e do movimento produzidos pela sociedade, sendo assim, por que não inserir práticas corporais alternativas nas salas de ginástica de academia? REFLITA Desta forma, é interessante que essas aulas estimu- lem a flexibilidade, o equilíbrio, a harmonia e o re- laxamento, por meio de movimentos suaves, leves e introspectivos, em que não há estímulos competiti- vos, mas sim, expressões do corpo e da mente, for- mando um contexto único. A cadência e a fluidez 112 A inspiração do ar (pelo nariz) é feita durante todo esse movimento. A expiração do ar é sincronizada ao movimento de volta dos braços para a posição inicial. Esse movimento é marcado pela descida das mãos (com os dedos apontando para cima), próxi- mas ao corpo, até a linha do processo xifoide do osso esterno. Nesse ponto, as mãos se separam, natural- mente, para voltar à posição inicial. Acompanhando os braços, há a extensão e flexão das pernas. Na preparação para o grande círculo, os joelhos fle- xionam-se de maneira a posicionar o quadril um pouco para baixo. A extensão das pernas acontece em sincro- nia com a inspiração e elevação dos braços. Quando estes iniciam a volta, as pernas também retornam à po- sição flexionada. Todo esse movimento é suave e lento. Movimentos com equilíbrio Na Ginástica de academia, os exercícios para o equi- líbrio devem ser combinados a movimentos suaves e controlados para evitar a monotonia na aula. Nesse sentido, a utilização dos movimentos e poses do Ioga são uma opção. Os Ásanas, como são nomeadas estas poses, compõem a prática corporal do Ioga e são to- mados de técnicas e simbolismo espiritual. Entre os vários Ásanas que exercitam, principalmente, o equi- líbrio, serão abordados dois, o Vrksasana, ou pose da árvore, e o Vashistasana, ou pose do sábio vashista. Pose da árvore A pose da árvore é feita a partir da postura da montanha (tadasana). Basicamente, nessa pos- tura, o corpo permanece em posição ortostática, com os pés paralelos e alinhados aos ombros. Há a retroversão pélvica. Os ombros, o braço e as mãos permanecem relaxados. Na pose da árvore, o peso corporal é transferido para uma das pernas. Toda a planta do pé da perna que sustenta o corpo permanece em contato com o chão. O joelho da outra perna é flexionado, e o pé, com os dedos apontando para baixo, colocado na parte medial da coxa da perna de apoio. Os braços podem estar es- tendidos, com as mãos posicionadas acima da cabeça, dedos apontando para cima e palma unidas, ou podem estar flexionados de modo a posicionar as mãos para- lelas ao osso esterno. Aqui, também, os dedos apontam para cima e palmas unidas. Independentemente da po- sição dos braços, há o alinhamento entre cabeça, tron- co, mãos e pé de apoio. Após um período de equilíbrio, a perna de apoio é trocada. Pose do sábio vashista A pose do sábio vashista inicia-se na posição de prancha em que as mãos são alinhadas, vertical- mente, aos cotovelos e ombros, os pés afastados à largura do quadril. Da prancha, o peso corporal é transferido para um dos lados, para que o corpo se posicione em decúbito lateral, apoiado pelo bra- ço e pela perna que o sustenta. Quando o peito, o quadril e a ponta dos pés estão totalmente voltados para o lado, a perna de cima é posicionada sobre a perna de apoio, e o braço que está livre é estendi- do para o alto, de forma a ficar alinhado ao braço de apoio. A cabeça gira, e o rosto fica voltado para cima. O mesmo procedimento é realizado para o outro lado, após um tempo em equilíbrio. Movimentos de flexibilidade Os exercícios para a flexibilidade, assim como para o equilíbrio, devem ser realizados com movimentos calmos e fluídos para dar dinamismo à aula. A uti- 113 EDUCAÇÃO FÍSICA lização dos Ásanas do Ioga é uma opção aqui tam- bém. Entre os muitos existentes que treinam, sobre- tudo, a flexibilidade, será abordado o Adho mukha shvanasana, ou pose do cachorro baixo. Pose do cachorro baixo A pose do cachorro baixo é uma das Ásanas que compõe a Surya Namaskar ou Saudação ao Sol. Ela pode ser iniciada na posição de prancha. Dessa po- sição, o quadril é direcionado para cima e para trás, formando um “V” invertido com o corpo. A cabe- ça, o tronco e os braços (es- tendidos) são alinhados, as pernas permanecem esten- didas, e os calcanhares po- dem, ou não, tocar o solo, dependendo do nível de fle- xibilidade da cadeia muscu- lar posterior das pernas. Meditação e relaxamento No contexto da Ginástica de academia, a meditação é realizada com o objetivo de promover a conscienti- zação corporal e o relaxa- mento, devendo ser a parte final da aula. A exploração das sensações e percepções é feita de maneira guiada, ou seja, conduzida pela instrução do professor. A voz de comando é serena e pausada, com instru- ções que direcionam o aluno à autopercepção e relaxamento dos segmentos corporais e da mente. É interessante que haja uma transição serena entre a última coreografia da aula e a meditação. Nesse contexto, observe a baixo uma sugestão de sequência de comandos. Repare que esses comandos direcionam o in- divíduo para se deitar no chão. A posição deitada favorece a concentração e o relaxamento, por esse motivo, são propostas duas poses para meditação: a pose em decúbito dorsal e a posição fetal. 1 Sente-se no chão com as pernas flexionadas e as mãos no chão, descansando ao lado do corpo. Estenda as pernas e deite, vagarosamente, com as costas no chão, apoiando a parte posterior da cabeça, gentilmente, no chão. Relaxe o queixo e mantenha a cabeça parada, sem girar, para a direita ou esquerda. Estenda os braços abertos com a palma das mãos para cima. 5 Deixe os pés virarem para fora, joelhos soltos e panturrilhas relaxadas. 6 Deixe o corpo bem confortável e feche os olhos, lentamente. A respiração é suave e leve, inspirando e expirando pelo nariz. 2 3 4 7 114 Poses para meditação Na pose em decúbito dorsal, os segmen- tos corporais estão em contato com o solo e o rosto está voltado para cima. Os braços estendidos se acomodam afasta- dos do tronco, com a palma das mãos para cima. As pernas, também, coloca- das afastadas, e os pés em abdução. ILUSTRAÇÃO POSE EM DECÚBITO DORSAL Figura 2b - Pose em decúbito dorsal / Fonte: Acervo Unicesumar 115 EDUCAÇÃO FÍSICA A posição fetal é uma opção para aqueles in- divíduos que possuem algum problema arti- cular, que os impede de manter a pose em de- cúbito dorsal sem dor. Essa posição também é indicada para as gestantes. Na posição fe- tal, o corpo se acomoda em decúbito lateral, mantendo o alinhamento da coluna. Braços e pernas são sobrepostos e flexionados em frente ao corpo, sendo que as mãos podem, ou não, servir de apoio para a cabeça. Comandos para meditação Logo que os alunos assumem uma das poses para meditação, as instruções devem come- çar. É importante que o roteiro com os co- mandos, conforme dito, conduza o indivíduo à sua conscientização corporal e relaxamento. A meditação dura, em média, oito minu- tos e acontece à melodia de uma música, es- sencialmente, instrumental. Figura 3b - Posição fetal / Fonte: Acervo Unicesumar. Figura 3a - Posição fetal / Fonte: Acervo Unicesumar. 116 No âmbito das modalidades que fazem o uso de equipamentos para desenvolver seus exercícios, se- rão descritas algumas possibilidades de movimento das aulas mais tradicionais, que são: o Step, o Jump, a Ginástica localizada e o Ciclismo indoor. É relevante esclarecer que, além dos apresentados aqui, existem muitos movimentos que podem ser feitos nessas au- las, bem como existem muitos outros tipos de aula. STEP O step consiste em movimentos de subir e descer, gi- rar e saltar, com ou sem movimentos de braços simul- tâneos, sobre uma plataforma. Essa plataforma tem em média 100 centímetros de comprimento, por 40centímetros de largura, e altura entre 10 e 30 centíme- tros (JUCÁ, 2004). Existem, ainda, plataformas que Modalidades que fazem o uso de equipamentos 117 EDUCAÇÃO FÍSICA permitem o ajuste da altura, o que confere uma estra- tégia para o aumento da intensidade da aula. Ao longo de uma aula, o step, como é popular- mente conhecida essa plataforma, pode ser posicio- nado de duas maneiras, na horizontal e na vertical. Tendo como referência o step à frente do praticante, a posição horizontal é aquela em que o comprimen- to está paralelo ao plano frontal. Já na posição verti- cal, é a largura quem está alinhada a esse plano. Figura 5 - Posição vertical do step As coreografias do step são elaboradas com músi- cas que possuem um BPM que varia do andamento moderado ao rápido (entre 120 e 140) e envolvem, principalmente, os gêneros Pop e Eletrônico. Movimentos básicos Uma das peculiaridades do step é a alternância da perna líder, ou seja, da perna que inicia (marca) o movimento sincronizada com a batida forte no co- meço do compasso da música. Sendo assim, obser- vamos movimentos com liderança simples, onde não há troca da perna líder durante a execução, Figura 4 - Posição horizontal do step 118 mantendo um padrão unilateral, e movimentos com liderança alternada, onde há a troca da perna líder, diversas vezes durante sua execução, caracterizando um padrão bilateral. Adiante serão apresentadas algumas opções de mo- vimentos que podem ser utilizados nessa modalidade. Passo básico O passo básico consiste em subir e descer da plata- forma, onde o pé que inicia a subida, também, é o primeiro a descer. Por exemplo, partindo do solo, o pé esquerdo é colocado sobre o step e, em seguida, o direito, logo depois, o pé esquerdo retorna ao chão e, posteriormente, o direito também. O corpo se mantém alinhado ao eixo longitudinal, e os braços, normalmente, realizam o movimento de balanço natural, permanecendo com os cotovelos flexiona- dos, formando um ângulo aproximado de 90 graus. Esta dinâmica do passo básico (de subir e des- cer) é utilizada na maioria dos movimentos que compõem a coreografia de uma aula de step, poden- do sofrer algumas adaptações. Movimentos de marcha Os movimentos de marcha são semelhantes à mar- cha estacionária e, além de serem executados no chão, também podem ser feitos sobre o step. Nesses movimentos, como no passo básico, o corpo man- tém um alinhamento com o eixo longitudinal, e os braços realizam o balanço natural e fluido, perma- necendo com os cotovelos flexionados, em um ân- gulo de, aproximadamente, 90 graus. • Caminhada A caminhada pode ser feita de duas manei- ras: estacionária e em descolamento. Na ca- minhada estacionária, há uma sutil transfe- rência do peso corporal de uma perna para a outra. Com os pés próximos (em média 10 centímetros), enquanto uma perna realiza o apoio, a outra mantém o joelho semiflexio- nado e o pé em flexão plantar, com a ponta dos dedos próxima ao solo. A caminhada em deslocamento é o ato de andar, propriamente dito. Geralmente, ela é utilizada para passar de um lado para o outro do step pelo solo. • Corrida A transferência do peso corporal, de uma perna para a outra, acontece de maneira ágil na corrida. Quando uma perna realiza o apoio, a outra mantém o joelho semifle- xionado e, com a coxa elevada, de modo a formar um ângulo, aproximado, de 90 graus entre ela e o tronco. Movimentos de elevação das pernas Os movimentos de elevação das pernas, no step, podem ser feitos tanto pela ação da flexão do qua- dril quanto pela flexão do joelho. Existem diferen- tes formas de fazê-los, cada qual com suas carac- terísticas, porém, para as variações apresentadas a seguir, um ponto em comum é o alinhamento do corpo ao eixo longitudinal. • Superman O movimento superman inicia-se com o apoio da perna líder sobre o step. Simultane- amente à subida, a perna suspensa é elevada de modo que o joelho alcance a linha do qua- dril ou pouco acima dela. Esse joelho perma- nece flexionado e o pé em flexão plantar. 119 EDUCAÇÃO FÍSICA Juntamente ao movimento da perna suspen- sa, os braços também são dirigidos para a posição final. O braço, ao lado da perna de apoio, é estendido para cima, e a mão man- tida cerrada. A outra mão, também cerrada, é posicionada sobre a crista do osso ílio, fa- zendo com que o cotovelo fique flexionado e direcionado para a lateral. • Calcanhar para trás Assim como o superman, o movimento calca- nhar para trás se inicia com o apoio da perna líder sobre o step. Contudo o joelho da perna suspensa é flexionado, formando um ângulo de aproximadamente 90 graus, fazendo com que o pé seja elevado para trás. Simultaneamente ao movimento da perna suspensa, os braços também são dirigidos para a posição final. Nessa posição, os ante- braços são colocados, paralelos, em frente ao tórax, os cotovelos estão flexionados e apon- tando para baixo. As mãos podem ser cerra- das ou, ainda, finalizar com uma palma. Movimentos de cruzar por cima Há muitas maneiras de cruzar o step por cima, e estas são feitas, também, tanto com a plataforma na hori- zontal quanto na vertical. Quando posicionado na horizontal, os movimentos consistem em atravessar o step ao longo do seu comprimento. Esta travessia, geralmente, é realizada em forma de caminhada la- teral, que seria a caminhada descrita anteriormente, deslocando-se, lateralmente, porém existem outras maneiras, como a corrida e o movimento de pêndulo. Quando o step é posicionado na vertical, os mo- vimentos consistem em atravessá-lo em sua largura. Essa travessia, normalmente, é feita com o passo bá- sico (executado lateralmente) e suas variações, como por exemplo, subir com o passo básico, executar a corrida e descer no passo básico. Recomendações de segurança Em todos os movimentos realizados no step é im- prescindível subir e descer apoiando o pé todo sobre ele e amortecer a descida, evitando contatos brus- cos com o solo. Um outro ponto importante é não se distanciar da plataforma ao descer, procurando manter uma distância de um pé, aproximadamente. Isso facilita a subida, o controle do corpo, e a manu- tenção do ritmo. Movimentos de descer de frente e de subir de costas não devem fazer parte das coreografias, pois comprometem a segurança e a integridade física dos participantes. Além disso, quando são adicionados saltos às aulas, esses são executados apenas de bai- xo para cima ou, apenas, em cima do step, nunca de cima para baixo. JUMP O jump é uma modalidade na qual são realizados movimentos sobre um mini trampolim, que confere mais segurança articular, devido à sua capacidade de reduzir, em até 80%, o impacto (GROSSL et al., 2008). O mini trampolim utilizado na Ginástica de acade- mia tem o formato circular e é composto, basicamente, por molas e uma lona que constitui a superfície elástica (Figura 6). Os movimentos sobre a superfície elástica são realizados entre o centro e a costura da borda da lona. Sendo o centro a região que oferece maior impul- são e, próximo à borda, o local mais rígido. 120 Figura 6 - Mini trampolim da modalidade jump / Fonte: o autor. As aulas de jump são coreografadas com músicas que possuem um BPM que oscila do andamento moderado ao rápido (entre 120 e 140) e abrangem, principalmente, os gêneros Pop e Eletrônico. Movimentos básicos No jump, os movimentos podem ser categorizados em Classe 1 e Classe 2. A classe 1 é caracterizada pelo ataque alternado dos pés à superfície elástica (sem a perda do contato com a mesma) e pela coluna alinha- da ao eixo longitudinal. Pertencem a essa classe os movimentos de marcha, de step touch e de elevação das pernas. Já a classe 2 é identificada pelo ataque si- multâneo dos pés à lona (com uma breve fase aérea) e pela leve inclinação para frente do tronco. Fazem parte desta classe os movimentos de saltos. Embora exista esta diferenciação, em ambas as classes o ataque é feito com toda a planta do pé. Alémdisso, a for- ça aplicada é sempre direcionada para baixo, apenas. Adiante, serão apresen- tadas algumas opções de movimentos que podem ser utilizados no jump. Movimentos de marcha Os movimentos de marcha sobre o mini trampolim são semelhantes à marcha estacionária no solo (mencio- nada anteriormente). Aqui, necessa- riamente, quando uma perna realiza o apoio, ela permanece firme, mas, com o joelho desencaixado e toda a planta do pé em contato com a superfície elástica. A caminhada, a corrida e o sprint são os principais movimentos da marcha. É essencial que esses se mantenham no centro da superfície elástica. Durante a caminhada, a ponta do pé da perna elevada mantém contato com a superfície elástica. A corrida de sprint, o movimento das pernas é acelerado e, dife- rente dos demais movimentos, aqui, o tronco se posi- ciona, levemente, inclinado para frente. Movimentos de Step touch Os movimentos de step touch sobre o mini tram- polim, assim como os executados no solo são realizados deslocando o corpo, lateralmente, se- guindo o plano frontal. Desse modo, todos os mo- vimentos partem de uma posição inicial, onde o corpo está localizado próximo à borda da superfí- cie elástica. Nas variações apresentadas a seguir, o corpo permanece alinhado ao eixo longitudinal. É Região de maior impulsão Molas Região de menor impulsão Superfície elástica (lona) Costura da borda da lona 121 EDUCAÇÃO FÍSICA importante que a amplitude do deslocamento não exceda a costura da lona. • Step touch O movimento do step touch é iniciado com um passo lateral em direção ao lado oposto do mini trampolim. Rapidamente, o peso corporal é transferido para a perna que se deslocou. Em seguida, a outra perna é trazi- da junto da primeira. Este movimento todo é repetido para retornar à posição inicial. Os braços, durante o step touch, normalmente, permanecem estáticos, com os cotovelos fle- xionados e as mãos cerradas apoiadas, late- ralmente, sobre o osso ílio. • Chá-chá O movimento do chá-chá é iniciado com um saltito lateral em direção ao lado oposto do mini trampolim. Assim que a perna des- locada primeiro toca a superfície elástica, o peso corporal é transferido, e a outra perna é trazida, rapidamente, junto da primeira. Este movimento todo é repetido para retornar à posição inicial. Os braços, durante o chá-chá, realizam o balanço fluido e natural como nos movimentos de marcha. Movimentos de elevação das pernas Assim como os movimentos de step touch, os movi- mentos de elevação das pernas são realizados des- locando o corpo, lateralmente. Essa elevação das pernas pode ser resultante tanto da ação da flexão do quadril quanto da flexão do joelho. Em parte das variações apresentadas a seguir, o corpo permanece alinhado ao eixo longitudinal. • Cowboy alto Na posição inicial do cowboy alto, a perna de apoio se encontra com o joelho “desencaixa- do” e a planta do pé em total contato com a superfície elástica. A outra perna está com o joelho semiflexionado e com a coxa elevada, de modo a formar um ângulo, aproximado, de 90 graus entre ela e o tronco. Além disso, essa mesma perna mantém uma leve abdução e rotação lateral da coxa, de maneira que a perna fique inclinada e a ponta do pé direcio- nada para o centro. O movimento consiste na alternância da perna de apoio. Durante o cowboy alto os braços permane- cem estáticos, com os cotovelos flexionados e as mãos cerradas apoiadas, lateralmente, na sobre o osso ílio. • Hip Hop No movimento Hip Hop o tronco se posicio- na levemente inclinado para frente. A perna de apoio se encontra com o joelho “desencai- xado” e a planta do pé em total contato com a superfície elástica. A outra perna está com o joelho flexionado, formando um ângulo, aproximado, de 90 graus, de maneira a ele- var o pé para trás. O movimento de Hip Hop compreende a alternância da perna de apoio. Os braços aqui realizam um movimento de pêndulo, para baixo, executado pela flexão e extensão dos cotovelos. Nessa dinâmica, o braço do mesmo lado da perna de apoio, per- manece estendido, enquanto o outro está, le- vemente, flexionado. A palma das mãos é vol- tada para trás e os dedos permanecem unidos. Movimentos de salto Os movimentos de salto são caracterizados pelo ata- que, simultâneo, dos pés à superfície elástica. Em to- das as variações de salto, o tronco permanece leve- mente inclinado à frente porque esse posicionamento favorece o equilíbrio e a execução do gesto motor. 122 A dinâmica dos movimentos de salto é consti- tuída por duas fases distintas: a Fase ativa e a Fase passiva. A primeira corresponde ao momento onde a ação muscular imprime força, fazendo com que os pés empurrem a superfície elástica para baixo. A segunda consiste na projeção do corpo para cima, ocasionada pela ação do mini trampolim, através da energia potencial acumulada pelas molas e pela lona, durante a fase ativa. Uma vez que, a força imprimida sempre é dire- cionada para baixo, os saltos exigem uma precisa co- ordenação entre tronco e membros inferiores, para evitar que o todo o corpo seja lançado descontrola- damente para o alto. A referência desse controle é a cabeça. Quando o tronco assume a inclinação para frente, a cabeça se posiciona a uma distância em rela- ção ao solo. Essa distância deve ser mantida durante a execução dos saltos, sendo que, quando ela é ultra- passada significa uma falta de domínio da técnica. O movimento bem coordenado é aquele onde as articulações do quadril, joelho e tornozelo tra- balham harmonicamente, principalmente, na Fase passiva. Logo após o ataque à superfície elástica, os músculos das coxas e glúteos relaxam, fazendo com que as pernas sejam lançadas para cima e o ângulo entre as coxas e o tronco diminua. Normalmente, os movimentos de salto partem de uma posição inicial, onde o corpo está localizado no centro da superfície elástica. É importante que os pés, durante o ataque, não excedam a costura da lona. • Jumping jacks O jumping jacks, ou chinelo consiste, basica- mente, na abdução e adução das pernas, simul- taneamente. Seguindo a dinâmica dos saltos, esse é um movimento melhor visualizado no plano frontal. Os braços, durante o jumping ja- cks, normalmente, permanecem estáticos, com os cotovelos flexionados e as mãos cerradas apoiadas, lateralmente, na sobre o osso ílio. • Salto tesoura O salto tesoura é caracterizado pelo movi- mento alternado das pernas. Enquanto um pé toca a superfície elástica à frente do corpo, o outro toca atrás. Seguindo a dinâmica dos saltos, esse é um movimento melhor visuali- zado no plano sagital. Os braços durante, o salto tesoura, fazem o mesmo balanço reali- zado nos movimentos de marcha, mantendo os cotovelos flexionados, formando um ân- gulo, aproximado, de 90 graus. Recomendações de segurança Em movimentos de classe 2 não são recomendados saltos superiores a 10 centímetros, pois, colocam a segurança dos indivíduos em risco. O perigo de cair do mini trampolim é baixo, semelhante a tropeçar ao caminhar. Um ponto importante diz respeito à forma de descer do equipamento, que deve ser feita sempre de costas, com um passo para trás. A prática de exercícios sobre uma superfície ins- tável, como no mini trampolim, pode não ser indi- cada para indivíduos com problemas de instabilida- de nas articulações do quadril, joelho e tornozelo. Pessoas com problema de labirintite também devem evitar este tipo de aula. Ainda há contraindicação para gestantes, pois os movimentos podem gerar desconfortos na região abdominal e no assoalho pél- vico, além de colocar em risco a proteção do bebê. 123 EDUCAÇÃO FÍSICA GINÁSTICA LOCALIZADA A ginástica localizada é entendida como um método de condicionamento físico, que visa desenvolver, principal- mente, a resistência muscular de um músculo específico ou de um grupo muscular. Para isso, são utilizadas séries múltiplas, numerosas repetições e intervalos curtos, de exercícios resistidos (PRESTES et al.,2016). Como são exercícios resistidos, os principais materiais utilizados, nessa aula, são as barras, as anilhas, os halteres e as cane- leiras. Contudo outros equipamentos, como o kettlebell e as resistance band, podem ser igualmente utilizados. Figura 7 - Exercícios com barra e anilhas Figura 8 - Exercícios com halteres Figura 9 - Exercícios com kettlebell Figura 10 - Exercícios com resistance band 124 Nas aulas de ginástica localizada, as músicas pos- suem um BPM moderado (entre 110 e 120), pois a velocidade dos movimentos é moderada e cadencia- da. São utilizados diferentes gêneros musicais, desde que atendam às necessidades da aula. Movimentos básicos Os movimentos que compõem uma aula de ginás- tica localizada, normalmente, são aqueles encon- trados em uma sala de musculação, e a sua seleção depende do objetivo da aula. Habitualmente, esta modalidade de ginástica exercita grupos musculares específicos a cada sessão, como o tradicional GAP (ou glúteos, abdômen e pernas). No entanto, é importante que a aula contem- ple todos os segmentos corporais (tronco, membros superiores e inferiores), podendo ser dada ênfase a determinado grupo muscular. Recomendações de segurança Assim como qualquer outra mo- dalidade, o exercício na ginástica localizada deve ser praticado, pre- conizando a mecânica correta do movimento e os diversos níveis de condicionamento físico. Por segu- rança, indivíduos iniciantes, inter- mediários e avançados, realizam os movimentos com diferentes amplitudes e cargas. CICLISMO INDOOR O ciclismo indoor é uma aula realizada em bicicleta estáti- ca e, como o próprio nome diz, em local fechado (indoor). Essa modalidade foi idealizada por Jonathan Goldberg e passou a ser comercializada com o nome de Spinning a partir do ano de 1995 (SPINNING, 2019, on-line)13. Como o objetivo da modalidade é reproduzir o ciclismo de rua, a bicicleta utilizada é desenvolvida, especialmen- te, para este fim. Ela possui características semelhantes às bicicletas de corrida, que permitem variar as posições de pedalar e, assim, simular, ao longo da aula, as diferentes situações encontradas na rua (HENRIQUE, 2004). Selim Guidão Manípulo de cargaRegulagem do guidão Suporte de garrafa Sistema de freio Roda de inércia Firma pé Pé de vela Regulagem de altura do selim Regulagem de distância do selim Pedal Figura 11 - Bicicleta de ciclismo indoor 125 EDUCAÇÃO FÍSICA Regulagem do equipamento Ajustar, corretamente, a bicicleta é muito importante para pedalar com eficiência e segurança. A bicicleta de ciclismo indoor permite quatro ajustes básicos: do selim, do guidão, da distância entre o selim e o guidão e do pedal. Além desse pontos de regulagem, desta- ca-se, também, o ajuste da carga imprimida ao pedal, que (também) confere a intensidade do exercício. Ajuste do selim O selim deve ser posicionado em altura que permita, ao sentar e pedalar, leve flexão do joelho, quando o pé estiver no nível mais baixo. Esse ajuste precisa ser fei- to em dois passos. O primeiro é realizado fora da bi- cicleta. O selim deve ser colocado à altura do quadril, para isso, posiciona-se em pé, ao lado da bicicleta. O segundo passo é feito sobre a bicicleta. Senta- do no selim, com os pés nos pedais, o pé de vela é co- locado na vertical. Nessa posição, caso o pé perca o apoio no pedal mais abaixo, o banco está muito para cima. Se o pé mantém o apoio, mas o joelho está, demasiadamente, flexionado (entre 45 e 90 graus), o banco está muito para baixo. Geralmente, os alunos deixam o banco, demasiada- mente, baixo. Isto pode provocar uma tensão extra nos joelhos e reduzir a capacidade de carga durante a aula. Ajuste do guidão O guidão pode ser colocado em duas posições. Para os alunos avançados, o guidão deve permanecer na mesma altura do selim, para os alunos iniciantes ou aqueles que apresentam problemas na coluna, o gui- dão deve ser posicionado em altura superior ao selim. Ajuste da distância entre o selim e o guidão De maneira simples, a distância entre o selim e o guidão deve permitir o aluno alcançar o guidão de uma forma fácil e confortável, sem ter de se esticar muito para isso. Ajuste do pedal Os pés posicionam-se tendo como referência os me- tatarsos apoiados sobre o pedal. Para mais seguran- ça e eficiência da pedalada, os pés devem ser presos. As bicicletas de ciclismo indoor apresentam um dis- positivo chamado “firma pé” no pedal, e é ele quem exerce essa função. Ajuste da carga No ciclismo indoor, uma das maneiras de imprimir intensidade ao exercício é pelo ajuste da carga, feito pelo manípulo de carga, que, ao ser girado, confere mais ou menos resistência ao pedal. As cargas pe- sadas são utilizadas em simulações de subida, en- quanto as intermediárias são para terrenos planos, com velocidade moderada ou Sprint. Já um pedal, relativamente, leve é utilizado nas recuperações e transições entre uma música e outra. Posições e técnicas de pedalar A bicicleta de ciclismo indoor permite diferentes po- sicionamentos das mãos e do corpo para as pedala- das. Estas variações possibilitam a simulação de mo- vimentos próprios do ciclismo de rua ou montanha, com planos, descidas, subidas e sprints. 126 Posições das mãos no guidão As variações da posição das mãos são feitas de acor- do com o tipo de terreno e movimento que está sen- do simulado. • Posição estreita Na posição estreita, as mãos ficam no meio do guidão. Essa posição é realizada em sprints em terreno plano. • Posições afastadas A posição com as mãos afastadas é usada em terrenos planos, descidas íngremes, estando sentado ou em pé na bicicleta. Essa posição é utilizada para otimizar a segurança e o equi- líbrio. A maioria das bicicletas possibilitam uma acomodação alternativa das mãos afas- tadas (em posição neutra), que consiste em segurar no prolongamento do guidão, pró- ximo ao ponto onde ele inclina para cima (ponta). Essa posição é exclusiva de terrenos planos, sentado e em velocidade alta ou de subidas em posição sentada também. • Posição nas pontas As mão seguram nas pontas do guidão sem- pre em simulações de subida e posição em pé. O posicionamento destas deve estar no final do guidão, com os polegares sobre a ponta. Posicionamento do corpo A combinação das diferentes posições que o corpo as- sume, com as posições das mãos no guidão, permitem a simulação dos variados terrenos, por meio da explo- ração das técnicas de pedalar. Basicamente, essas téc- nicas são dependentes do tipo de terreno que se está pedalando. A seguir, são apresentadas algumas delas. • Técnica sentado em terreno plano Essa é a técnica básica do ciclismo indoor e pode ser usada tanto para momentos de velo- cidade quanto de recuperação. Nela, o corpo permanece sentado e se utiliza das posições afastadas das mãos, dependendo do objetivo e cadência da música. • Técnica Sprint sentado em terreno plano O Sprint sentado em terreno plano simula o ato de acelerar em uma grande reta. Essa é uma técnica avançada, pois, em situações reais, ela requer um grande esforço aliado ao posicionamento aerodinâmico do corpo. Nesse sentido, as mãos permanecem no gui- dão em posição estreita, e quadril e tronco são levemente flexionados para que o corpo se aproxime da bicicleta. Recomenda-se que essa técnica não seja prolongada por mais de 20 segundos, devido à alta velocidade e posi- cionamento do corpo. • Técnica sentado na subida Simular uma subida sentado requer o posicionamento afastado alternativo das mãos e o aumento considerável na resis- tência do pedal, acarretando diminuição da cadência. • Técnica em pé na subida A técnica em pé na subida é uma posição usada para simular subidas de montanhas ou terrenos muito inclinados. Nessa téc- nica, o apoio acontece apenas pelos pés, sendo que, no ato de pedalar o peso corpo- ral é transferido de um lado para o outro, sempre para a perna que está em extensão. Mesmo estando em pé, o tronco se mantém levementeinclinado à frente, e o quadril alinhado com a bicicleta. 127 EDUCAÇÃO FÍSICA Considerações a respeito da cadência Uma variável importante no ciclismo indoor é a ca- dência, conhecida, também, como rotações por mi- nuto (RPM). Juntamente com o ajuste da carga, a cadência determinará a intensidade do exercício ao longo da aula. De maneira geral, ela pode variar en- tre 60 e 110 RPM, sendo indispensável pedalar com uma carga mínima, mesmo nas cadências mais altas, evitando perder o contato do corpo com o selim. Normalmente, observa-se que, na técnica sentado em terreno plano, a cadência varia entre 60 e 100 RPM. No Sprint sentado, nesse mesmo terreno, há variação entre 90 e 110 RPM. Já nas técnicas que simulam su- bidas, é mantida uma cadência entre 60 e 80 RPM. Sabendo que o RPM refere-se ao número de ve- zes que o pedal completa uma volta, uma maneira prática de mensurá-lo é posicionar a mão, paralela ao chão, em uma altura que ela toque a coxa, toda vez que esta estiver na horizontal. Ao contar quan- tas vezes a perna toca a mão durante 6 segundos, o resultado é multiplicando por 10, resultando na ca- dência em 1 minuto. Por exemplo, se em 6 segundos a perna tocar a mão 9 vezes, podemos dizer que a cadência é de 90 RPM. Cadência e música Conforme dito anteriormente, para cada técnica de pedalar existe uma cadência ideal a ser mantida. Des- ta forma, a maioria das músicas que compõem a aula de ciclismo indoor tem o BPM semelhante ao RPM, ou seja, o número de batidas da música coincide com o número de voltas do pedal em um minuto. Con- tudo isto não é uma regra, pois, músicas com BPM moderado ou rápido também são utilizadas com ca- dências mais baixas. Para tanto, é feito um ajuste entre as proporções, por exemplo, músicas que apresentam um BPM entre 120 e 130 podem ser utilizadas em técnicas que simulam subidas, pois o RPM se ajusta entre 60 e 70 RPM, em uma proporção de 2 para 1. Recomendações de segurança Uma característica da bicicleta de ciclismo indo- or não vista nas bicicletas de rua é que o pé de vela continua a girar mesmo sem imprimir força com as pernas. Assim sendo, por segurança, em caso de mal súbito ou antes de descer da bicicleta, deve-se utili- zar o freio de emergência para parar os pedais. Estresses nas articulações e tecidos conjuntivos do quadril, joelhos e tornozelos bem como dores na re- gião das costas podem ser evitados, realizando o ajuste correto dos componentes da bicicleta (selim, guidão e pedal). Além disso, uma configuração incorreta difi- culta o aluno a atingir seu potencial máximo na aula. 128 Além da tradicional sala de ginástica, algumas modalidades são realizadas em outros ambientes, como aquelas praticadas na piscina. As atividades físicas em ambiente aquático fazem parte da his- tória humana, onde o homem primitivo nadava pela sua sobrevivência, como pela necessidade de recolher alimento e caça ou, ainda, de fugir de al- gum perigo em terra (CATTEU, 1990). Já na An- tiga Grécia e Roma, o ambiente aquático recebeu um novo significado, quando passou a ser ampla- mente utilizado com fins recreativos e medicinais (SKINNER; THOMPSON, 1985). Modalidades Aquáticas de ginástica de academia 129 EDUCAÇÃO FÍSICA Os exercícios realizados na água permitem que sejam atingidos os mais diversos objetivos, sendo assim, constituem uma opção de treinamento físico (PAULA; PAULA, 1998). No contexto da Ginástica de academia, a Hidroginástica é a modalidade mais conhecida de exercício realizado na água. Contudo, com o desenvolvimento de novos equipamentos, atualmente, existem diferentes tipos de aulas, como a Hidrobike e o Hidrojump. Figura 13 - Ilustração de uma aula de hidrojump / Fonte: Seu Corpo Perfeito ([2020], on-line)15. A hidrobike é uma atividade feita em uma bicicleta adaptada e totalmente submersa na água. A intensi- dade do exercício é oferecida pela própria resistência da água em conjunto com a velocidade imprimida no pedal. O hidrojump corresponde à adaptação da modalidade convencional do jump para o ambiente aquático, e o diferencial é a resistência oferecida pela água em oposição ao movimento. Figura 12 - Ilustração de uma aula de hidrobike / Fonte: Blogger Joana Angélica Hidroginástica ([2020], on-line)14. 130 HIDROGINÁSTICA A hidroginástica começou a ser sistematizada no início do século XIX, na Inglaterra, e foi levada para os Estados Unidos, na década de 60 pela Associação Cristã de Moços. Atualmente, ela está presente em vários países e é uma modalidade muito praticada no Brasil (PAULA; PAULA, 1998). Esta modalidade de Ginástica de academia é uma forma de condicionamento físico baseada em exercícios aquáticos específicos, que se utilizam da resistência da água como sobrecarga (KRUEL, 1994). Além dos exercícios a mãos livres, alguns são realizados com o auxílio de acessórios flutu- antes, como o espaguete, o halter e a prancha bem como a própria estrutura da piscina, como as pa- redes, as barras e os degraus. Entre as leis da física aplicadas na água, te- mos o Princípio de Arquimedes, que explica a flutuação e afirma que: “Quando um corpo está completo ou parcialmente imerso em um líquido, ele sofre um empuxo para cima igual ao peso do líquido deslocado”. A ação do empuxo age em sentido oposto à força da gravidade e resulta no fenômeno conhecido como flutuação. No contexto dos exercícios físicos, a flutuação facilita a execu- ção dos movimentos, reduz a tensão sobre as articulações e reduz o risco de lesões. Fonte: Bonachela (1994). SAIBA MAIS Figura 14 - Espaguete utilizado como acessório na hidroginástica 131 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 16 - Prancha utilizado como acessório na hidroginástica Figura 15 - Halter utilizado como acessório na hidroginástica 132 Na hidroginástica, a coreografia é elaborada con- siderando a resistência oferecida pela água, assim, ao ministrar a aula, os movimentos realizados pelo professor (fora da piscina) deve simular o ambiente aquático. As músicas utilizadas possuem um BPM próximo a 120 e abrangem todos os gêneros, espe- cialmente, aqueles que consigam guiar a duração dos movimentos. Movimentos básicos Os exercícios que compõem a aula envolvem movi- mentos combinados dos membros inferiores e su- periores, deslocamentos e saltitos. Basicamente, eles podem ser divididos em dois grupos: movimentos com apoio dos pés e em suspensão. A seguir, serão apresentadas algumas das possibilidades de exercí- cios que compõem uma aula de hidroginástica. Movimentos com apoio dos pés O apoio de um ou os dois pés permite que sejam reproduzidos grande parte dos movimentos realiza- dos em ambiente terrestre. Assim, a caminhada, a corrida, as elevações de perna, os chutes, os giros e os polichinelos são exercícios comuns nas coreogra- fias de hidroginástica. • Chute frontal com as duas pernas A posição inicial consiste em estar em pé, com as pernas unidas, braços estendidos à frente, submersos e paralelos ao fundo da piscina e mãos em pronação. A partir dessa posição, há um pequeno salto, e o tronco se inclina, levemente para trás. Nesse momento, o quadril é flexionado, fazendo com que os joelhos se elevem à frente para que as pernas possam ser estendidas. No fim da extensão, o pé se encontra em flexão plantar. Assim que atinge o fim do trajeto, agilmente, as pernas e o tronco retornam à posição inicial. Simultâneo ao chute, mantendo a extensão, os braços realizam um movimento para baixo e para trás, em diagonal para cada lado. Eles retornam à posição inicial juntamente com as pernas e o tronco, pelo mesmo trajeto. • Polichinelo O movimento de polichinelo na água é seme- lhante ao tradicional. Sincronizados ao mo- vimento das pernas, os braços também rea- lizam a dinâmica de abdução e adução. Eles são elevados, lateralmente, até próximo à su- perfície da água e, logo em seguida, retornam à posição inicial. Movimentos em suspensão As propriedades físicas da água permitema execu- ção de exercícios em suspensão, ou seja, a realização de movimentos sem o apoio dos pés no fundo da piscina. Essa suspensão pode ser livre ou com o au- xílio de acessórios flutuantes, como os mencionados anteriormente. • Pedalada com palmateio Na pedalada com palmateio, o corpo assume posição parecida com o “sentar em uma ca- deira”. O palmateio é executado com os bra- ços submersos e estendidos ao lado do tronco. Ele consiste no movimento repetitivo, curto e rápido, de afastar e aproximar, lateralmente, a palma das mãos do corpo. Esse movimento é realizado com o intuito de gerar propulsão para sustentar o corpo na água. Enquanto os braços realizam o palmateio, as pernas simu- lam o movimento de pedalar e, juntamente com os braços, também geram propulsão para manter o corpo suspenso. 133 EDUCAÇÃO FÍSICA • Abdução e adução dos braços com o espaguete Uma das maneiras de realizar a abdução e adução dos braços com o espaguete é com o corpo em posição parecida com o “sentar no chão com as pernas cruzadas”. Mantendo essa posição, os braços fazem o movimento de afastar e aproximar os espaguetes do cor- po. Os espaguetes são segurados pelas mãos em sua porção média. Realizado este movimento de braços, com o corpo nessa posição, possibilita o recrutamento do músculo grande dorsal. Ao mudar o posicionamento do corpo, por exemplo, estendido e inclinado para frente, recruta-se com mais intensidade o músculo peitoral maior. Considerações a respeito da aula A prática de atividades físicas no meio aquático ne- cessita de vestimenta adequada, sendo elas, sungas, maiôs e toucas. A aula de hidroginástica não requer o uso de acessórios, como óculos, sapatilhas ou outros. A temperatura da água deve ser adequada para que o corpo realize a atividade de maneira plena. Enquanto a água fria dificulta a respiração, a água quente provo- ca a fadiga precoce. Assim, recomenda-se que a tem- peratura esteja sempre entre 28 e 31 graus. O professor pode fazer uso de um banco ou qual- quer outro acessório para poder demonstrar, com clare- za, os movimentos que compõem a coreografia da aula. 134 considerações finais Estimado(a) aluno(a), encerramos, aqui, nosso estudo e nossa apresentação de algumas das muitas modalidades existentes de Ginástica de academia. Ao relembrar esta terceira unidade, verificamos que, para fins didáticos, essas modalidades podem ser divididas em três grupos: Modalidades que não fazem o uso de equipamentos, Modalidades que fazem o uso de equipamentos e Modalidades aquáticas de Ginástica de academia. A respeito das modalidades que não fazem uso de equipamentos, observamos que, ge- ralmente, estas se apropriam de movimentos de outras práticas corporais para elaborar a coreografia de suas aulas. Neste sentido, foram apresentados alguns movimentos da dança, das lutas e das práticas corporais alternativas, que fazem parte do repertório dessas modalidades de ginástica. Em relação às modalidades que fazem o uso de equipamentos, verificamos que algumas delas tiveram sua origem em outras práticas corporais, enquanto outras surgiram no âmbito da academia. Nesse cenário, estudamos alguns dos movimentos básicos que compõem as aulas de step, jump, ginástica localizada e de ciclismo indoor. Por fim, vimos que, além da tradicional sala de ginástica, existem algumas modali- dades que são realizadas em outros ambientes, como as aulas realizadas em piscina. Nesse contexto, foram abordados conteúdos sobre a hidroginástica, que é um exemplo clássico desse tipo de aula. Vimos, também, que, além dessa aula, atualmente, existem diferentes modalidades que se desenvolvem em ambiente aquático. Conforme destacado ao longo dessa unidade, os movimentos aqui apresentados são apenas alguns dos muitos que compõem essas aulas, sendo necessário estudo com- plementar para aprofundar seu conhecimento. Além disso, é relevante destacar que existem outras modalidades que não foram abordadas aqui e que também conferem um objeto de estudo extra. Com essas palavras encerramos nossa terceira unidade. Até a próxima! 135 atividades de estudo 1. A coreografia das aulas de Ginástica de academia com elementos provenien- tes das lutas é caracterizada pela simulação de combates ou da preparação física para essas modalidades. Nesse contexto, assinale a alternativa correta. a. Os movimentos básicos utilizados nessas aulas são provenientes de modali- dades em que o combate é realizado em pé, como o Boxe e o Tai Chi Chuan. b. Base de combate e base lateral são exemplos de posicionamentos do corpo, os quais servem de base para a execução dos movimentos. c. O chute circular pode ser realizado na base de combate lateral, desde que respeitada sua fase preparatória. d. A quantidade de participantes na sala não influencia na segurança da aula. e. O golpe direto é um soco rápido utilizado para atacar a região do nariz. 2. Na modalidade jump, os movimentos sobre a superfície elástica são realiza- dos entre o centro e a costura da borda da lona. Nesse cenário, analise as afirmativas a seguir e assinale V para Verdadeira e F para Falsa: ( ) � O centro corresponde à região do mini trampolim que oferece mais impulsão. ( ) � As aulas são coreografadas com músicas que possuem um BPM que varia entre 120 e 140 BPM. ( ) � Os movimentos de classe 1 são caracterizados pelo ataque alternado dos pés à superfície elástica, com breve perda do contato com a lona. ( ) � Movimento de salto bem coordenado é aquele em que as articulações do qua- dril, joelho e tornozelo trabalham, harmonicamente, em especial, na Fase ativa. Assinale a alternativa correta: a. V, V, F e F. b. V, F, F e V. c. F, V, V e F. d. F, F, V e V. e. F, F, F e V. 136 atividades de estudo 3. O agachamento é um dos exercícios mais executados, podendo ser incorpora- do à coreografia de qualquer modalidade de Ginástica de academia. Conside- rando sua importância, descreva como é feito esse movimento. 4. O ajuste correto da bicicleta de ciclismo indoor é muito importante para o desempenho e a segurança da prática. Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir: I. A bicicleta de ciclismo indoor permite três ajustes básicos: guidão, selim e carga. II. O guidão está, indevidamente, posicionado quando ele permanece na mesma altura do selim. III. Para mais segurança e eficiência da pedalada, os pés devem ser presos pelo firma pé ou sapatilhas específicas. IV. O selim deve ser posicionado em altura em que aconteça a extensão total do joelho, quando o pé estiver no nível mais baixo. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas III está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. A meditação permite a exploração das sensações e percepções do aluno em relação ao seu próprio corpo. No contexto da Ginástica de academia, qual o principal objetivo da meditação? 137 LEITURA COMPLEMENTAR Conforme você pôde observar, algumas das modalidades de Ginástica de academia são realizadas tanto no solo quanto na água, como é o caso do jump, que se iniciou como ati- vidade terrestre e foi adaptado para a água. Tal adaptação desperta a curiosidade em sa- ber se as diferentes condições ambientais também proporcionam diferentes resultados. Nesse sentido, a pesquisa de Moraes et al. (2012) investigou as respostas fisiológicas geradas em uma aula de jump fit (aula pré-coreografada) e de hidro jump. Algumas das variáveis investigadas foram a frequência cardíaca (FC) e a percepção de esforço (EPE), por meio da Escala de Borg. O protocolo de exercício utilizado foi o mesmo para ambas as aulas, sendo que, do minuto 1 ao 5 foi realizado aquecimento e alon- gamento das articulações e músculos; a parte principal, com movimentos de corrida, salto tesoura entre outros, conduzidos por músicas de 140 BPM, com duração de 30 minutos; e do minuto 35 ao 40 foi realizado o retornoà calma, com o alongamento final. Assim, cada aula teve duração de 40 minutos. Essas aulas aconteceram em intervalo de 48 horas e, em cada uma delas, a FC e a EPE foram aferidas a cada dois minutos. De acordo com os resultados obtidos das oito par- ticipantes, com idade média de 43,5 ± 5,2 anos, não houve diferença estatística nas vari- áveis investigadas. Ou seja, os resultados demonstraram que parece não haver diferen- ças relevantes entre a FC e a EPE, durante a aula de jump no meio terrestre e aquático. Sendo assim, os autores concluíram que esta atividade, realizada dentro ou fora da água, pode ser indicada para aqueles indivíduos que visam obter melhorias do condicionamento físico geral. Para além dos dados apresentados, é relevante pensar sobre a quantidade de pessoas que participaram bem como nas variáveis analisadas. Observe que a amostra foi muito pequena, apenas oito participantes do sexo feminino. Será que os resultados seriam os mesmos, caso fosse feita a análise com mais participantes? Será que indivíduos do sexo masculino comportam-se da mesma maneira? Além disso, o estudo investigou apenas os parâmetros fisiológicos? Se pensarmos em termos de aprimoramento estrutural, ou seja, quantidade de massa magra, massa gorda e massa óssea, será que o exercício realizado em solo produziria os mesmos resultados que o feito na água? Fonte: adaptado de Moraes (2012). 138 material complementar Exercícios de Hidroginástica: Exercícios e rotinas para tonificação, condicionamento físico e saúde MaryBeth Pappas Baun Editora: Manole Sinopse: o livro “Exercícios de Hidroginástica: exercícios e rotinas para tonificação, condicionamento físico e saúde” oferece instruções de movimentos, juntamente com fotografias na água e fora dela, que tornam o entendimento bastante sim- ples. Além disso, ele inclui diversos estilos, equipamentos e exercícios aquáticos atuais, com dicas sobre as melhores formas de execução para o desenvolvimento das aptidões físicas voltadas para a saúde. Anatomia da Yoga Leslie Kaminoff e Amy Matthews Editora: Manole Sinopse: o livro “Anatomia da yoga” traz informações e ilustrações anatômicas em detalhes que proporcionam compreensão mais aprofundada das estruturas e dos princípios que envolvem os movimentos do Yoga. Além disso, apresenta como cada músculo é solicitado em determinado Ásana e como a coluna, a respiração e a posição do corpo estão, essencialmente, interligados. São abordados, também, os sistemas esquelético, articular e muscular bem como uma discussão sobre o equilíbrio intrínseco e os Bandhas, que são técnicas de contrações de áreas espe- cíficas do corpo, relacionadas aos centros de energia vital e canalizadores de fluxo energético ou Chakras. Indicação para Ler Indicação para Ler 139 gabarito 1. A 2. A 3. O agachamento é feito a partir da posição or- tostática, com os pés afastados, de maneira que fiquem alinhados aos ombros e, ligeira- mente, abduzidos. O movimento inicia-se com a descida do corpo, por meio da flexão dos quadris, joelhos e tornozelos. Essa descida é conduzida pelo quadril, que faz uma trajetória em diagonal para trás. A subida é atingida pela extensão dos quadris, joelhos e tornozelos, até que o aluno retorne à posição inicial. A amplitu- de do movimento é determinada pelo nível de mobilidade do indivíduo. 4. C 5. A meditação é realizada com o objetivo de pro- mover a conscientização corporal e o relaxa- mento, devendo ser a parte final da aula. Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Treinamento desportivo e a ginástica de academia • Planejamento e organização de uma aula de ginástica de academia • Elementos para um Coaching de excelência Objetivos de Aprendizagem • Discutir os conceitos básicos do treinamento desportivo no âmbito da ginástica de academia. • Identificar os principais pontos do processo de planejamento e estruturação de uma aula de ginástica de academia. • Apresentar elementos que devem compor o coaching de uma aula de ginástica de academia. PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA unidade IV INTRODUÇÃO O lá aluno(a), para encerrarmos o estudo da ginástica de acade- mia, nesta quarta unidade, trataremos dos principais elemen- tos do planejamento e organização das aulas de ginástica. Desta forma, primeiramente, discutiremos a ciência do treinamento esportivo aplicada à ginástica de academia, visto a sua im- portância para se entender como alguns elementos influenciam os resul- tados de um treino. Nesse sentido, veremos os princípios do treinamento esportivo, assim como os principais métodos de treinamento, que cuidam da organização dos componentes da carga, como a intensidade e volume. Na sequência, falaremos sobre o planejamento das aulas de ginástica de academia. Veremos que a estruturação das fases do treinamento tem como objetivo promover, de maneira ótima, o condicionamento geral e específico dos componentes da aptidão física. Nesse contexto, trataremos dos ciclos do treinamento esportivo bem como do modelo de planeja- mento aplicado frequentemente às modalidades de ginástica de acade- mia. Nessa perspectiva, serão apresentadas também as quatro partes que compõem uma aula, sendo elas: introdução, aquecimento, parte principal e volta à calma. Discutiremos a forma de organizá-las em termos de sequ- ência estrutural, duração e objetivos definidos para o treino. Para encerrar a unidade, abordaremos os elementos para um coa- ching de excelência. A partir do entendimento de que, para proporcionar um treino de qualidade, além de executar corretamente os movimentos, o professor deve se atentar a outras qualidades que envolvem aspectos da comunicação e do relacionamento com pessoas. Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura! 144 O treinamento esportivo corresponde à ciência dos co- nhecimentos voltados para o desempenho e a perfor- mance física. Por meio do treinamento físico, é possível aprimorar diferentes capacidades físicas, as quais pos- sibilitam que os indivíduos se desenvolvam enquanto esportista, ou adquiram melhores condições de saúde. Nesse contexto, a ciência do treinamento espor- tivo, aplicada à ginástica de academia, tem como objetivo desenvolver nos indivíduos os componen- tes da aptidão física relacionados à saúde. Tratamos sobre eles na Unidade 1, você se lembra quais eram? Treinamento Desportivo e a ginástica de academia 145 EDUCAÇÃO FÍSICA Princípio da sobrecarga Um dos princípios mais importantes do treinamen- to é o da sobrecarga. Isto porque é por meio dele que os estímulos gerados pelos exercícios físicos são controlados. Esses estímulos, quando oferecidos corretamente, causam uma sobrecarga no organis- mo e o forçam a se adaptar às novas exigências. As principais variáveis manipuladas para criar essa sobrecarga são a Frequência, a Intensidade, o Tempo, o Tipo, o Volume e a Progressão (ACSM, 2018). Comentamos, anteriormente, sobre as quatro primeiras variáveis, na Unidade 2, ao discutimos o monitoramento e a modulação da intensidade no exercício físico aeróbico. Sendo assim, podemos avançar e caracterizar o volume e a progressão. O volume é um dos fatores essenciais a serem ma- nipulados na elaboração de um programa de treino. Ele é composto pelos seguintes elementos, os quais podem ou não estar numa mesma sessão de treino: • Duração do treino. • Distância percorrida. • Peso levantado por unidade de tempo. • Número de repetições de determinado movi- mento ou exercício. Nesse contexto, podemos entender o volume como a quantidade de atividades realizadas em uma sessão (ou fase) de treino, ou, ainda, como o trabalho realizado. A progressão pode ser definida como as mudan- ças entre as sessões de treino, por meio da manipula- ção das variáveis citadas anteriormente, com o obje- tivo manter uma sobrecarga progressiva ao longodo processo de treinamento. A progressão da sobrecarga está associada ao aumento da carga de trabalho de acordo com as adaptações do indivíduo. Desse modo, conforme ele apresenta melhoras na performance, a carga de treino é elevada de forma progressiva. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO O processo de treinamento físico pode ser planejado e estruturado com base em alguns elementos conhe- cidos como Princípios do treinamento esportivo. De maneira geral, o profissional de Educação Física deve compreender e dominar esses princípios antes de elaborar os programas de treino para um longo ou curto período. Em meio aos diversos princípios existentes, serão abordados, aqui, aqueles que, de certo modo, necessitam de maior atenção durante o planejamento de uma aula de ginástica de academia. Princípio da especificidade O princípio da especificidade é aquele que diz que o treinamento deve ser planejado sobre os requisitos específicos da performance esportiva em termos de aptidão física exigida, sistema energético dominan- te, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizadas (DANTAS, 1995). De acordo com esse princípio, então, uma aula de ginástica de academia deve ser estruturada, prin- cipalmente, sobre os sistemas do organismo que pre- dominam na modalidade realizada. Por exemplo, as aulas de Jump, que são qualificadas como exercício aeróbico devem ser elaboradas considerando as ca- racterísticas do sistema aeróbico de transferência de energia e os movimentos específicos da modalidade para o aprimoramento da aptidão cardiorrespirató- ria e seus benefícios decorrentes. Já as aulas de Gi- nástica localizada, que são reconhecidas como exer- cício resistido, devem ser planejadas considerando as características do sistema anaeróbico de transfe- rência de energia e do treinamento resistido para o desenvolvimento da força e resistência muscular e seus subsequentes benefícios. 146 Embora seja necessário elevar a carga de treino, esse aumento não deve ser linear sempre, pois é preciso oferecer um tempo hábil para que o organismo do indivíduo se adapte às demandas de esforço. Após uma sobrecarga, o organismo entra num processo de recuperação, onde busca restabelecer o equi- líbrio homeostático. Portanto, uma relação ideal entre a carga aplicada e o tempo de recuperação é fundamental para garantir o restabelecimento desse equilíbrio e promover adaptações biológicas funda- mentais para o desempenho (DANTAS, 1995). Esse processo é conhecido como supercompensação. Na aplicação do princípio da sobrecarga, o volu- me e a intensidade constituem os principais fatores a serem ajustados ao longo do treinamento, e isso é feito por meio da utilização dos vários métodos existentes como o contínuo e o intervalado (TUBINO, 1984). TREINO Condicionamento físico inicial Sobrecarga do treino Recuperação (Compensação) Supercompensação Manutenção do treinamento TEMPO Destreinamento (reversibilidade) Figura 1 - Relação entre sobrecarga do treino, recuperação e supercompensação / Fonte: o autor. A resposta do organismo à sobrecarga (ou estresse) ocorre, por meio de ações coordenadas entre os sistemas nervoso, endócrino, imunológico, tecidos e órgãos, que permitem o fornecimento adequado de oxigênio e de energia. Além disso, ela pode envolver, também, aumentos de for- ça e resistência muscular, de resistência à dor, de perspicácia mental bem como uma proteção temporária contra infecções. Es- sas respostas, e consequente adaptação, representam a preservação de um meca- nismo evolutivo, pelo qual as células se defendem contra mudanças repentinas e adversas do meio ambiente, adaptando-se, assertivamente, a elas. Fonte: Welch (1993). SAIBA MAIS 147 EDUCAÇÃO FÍSICA Princípio da reversibilidade O princípio da reversibilidade assegura que as mo- dificações corporais adquiridas com o treinamento físico sejam de natureza transitória (BARBANTI, 2010). Desta forma, as alterações fisiológicas, mor- fológicas e de desempenho das capacidades físicas obtidas com o treino, retornam aos níveis iniciais, após a sua interrupção. Nesse sentido, a fim de se evitar a reversão dos ganhos, ou, ainda, a estagnação do processo de desenvolvimento, é fundamental considerar o princípio da sobrecarga. Isso porque, a ausência de variações nas cargas de treino pode deixar de produzir adaptações importantes para o desenvol- vimento do indivíduo. Princípio da individualidade biológica A individualidade biológica é entendida como o fe- nômeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie e que faz com que não existam indivíduos iguais (TUBINO, 1984). Isso significa que, cada indivíduo é único e, por isso, cada um é portador das suas próprias aptidões, capacidades e respostas aos estímulos enfrentados. Sendo assim, no contexto da educação física, é normal que indi- víduos diferentes respondam de maneiras diferentes ao mesmo tipo de treino. Não existe, então, uma fórmula de treinamen- to ideal que produza resultados ótimos para todos. Logo, é importante respeitar os diferentes tempos de aprendizagem bem como compreender a veloci- dade (lenta ou rápida) de evolução do desempenho que aluno apresenta. Entre os fatores determinantes desse princípio estão a genética, a idade biológica, a aptidão física e o repertório motor. MÉTODOS DE TREINAMENTO Para alcançar os objetivos de um treino, não basta escolher um exercício e estabelecer, aleatoriamen- te, a sua intensidade e duração. Após a escolha do exercício, é necessário estruturar os componentes da carga para garantir a coerência entre a intensidade, a duração e os períodos de recuperação da atividade (SALMUSKI et al., 2013). Nesse sentido, os métodos de treinamento cui- dam da organização dos componentes da carga com base nos objetivos do treino, considerando as vias metabólicas que se pretende priorizar. São estes mé- todos que determinam a intensidade e o volume do treino, variáveis estas que apresentam uma relação de interdependência. 148 Na classificação geral dos métodos de treinamento físico, dois recebem grande destaque: o método con- tínuo e o método fracionado (ou intervalado). Método Contínuo O método contínuo é descrito pela execução contí- nua de um trabalho, sem intervalos de recuperação. Esse método é aplicado, essencialmente, a partir de exercícios cíclicos. As intensidades utilizadas são, re- lativamente, baixas e podem ser aplicadas de forma estável ou variável (SALMUSKI et al., 2013). Método Contínuo Estável Caracterizado pela constância da intensidade, o mé- todo contínuo estável é utilizado em treinos aeróbios onde há estabilidade em parâmetros, como a frequência cardíaca. Sendo assim, a intensidade é mantida em um nível correspondente ou abaixo do limiar anaeróbico. Método Contínuo Variável No método contínuo variável, como o próprio nome sugere, o exercício é realizado com variações na in- tensidade, porém sem intervalos de recuperação. Esse método pode ser utilizado para a melhora da Métodos de treinamento Método contínuo Contínuo estável Contínuo variável Método fracionado Fracionado repetitivo Fracionados intervalados Modalidades de ginástica como o Step, o Jump e o Ciclismo indoor Intervalado extensivo Intervalado intensivo Modalidades de ginástica como a ginástica localizada Figura 2 - Métodos de treinamento e possibilidade de enquadramento das modalidades de ginástica de academia / Fonte: o autor. 149 EDUCAÇÃO FÍSICA capacidade aeróbica bem como de ambas aeróbica e anaeróbica (mista) ao mesmo tempo. Portanto, pode ser aplicado com intensidades que oscilam de uma zona inferior ao limiar anaeróbico (no máximo até o limiar) até uma zona superior. É comum que livros antigos tragam esse méto- do, que alterna ritmos variados dentro de um mes- mo treino, com o nome de Fartlek, desenvolvido pelo treinador sueco Gösta Holmér, no ano de 1930. O ter- mo utilizado, Fartlek, quer dizer jogo de velocidade. Asmodalidades de ginástica de academia que vi- sam, principalmente, ao aprimoramento da capacidade cardiorrespiratória utilizam, frequentemente, o método contínuo variável para estruturar suas aulas. Isso, justa- mente, pela ausência de intervalos bem como pela pos- sibilidade de variar a intensidade durante o exercício. Método Fracionado O método fracionado é caracterizado por apresentar intervalos para recuperação. Esse tipo de método é utilizado para reproduzir condições de esforço seme- lhantes às existentes em algumas modalidades espor- tivas, para diversificar o tipo de estímulo (alternativa ao método contínuo) e para se treinar em intensida- des muito elevadas. De acordo com os objetivos do treinamento, a intensidade e a duração dos estímulos e dos intervalos podem mudar. Nesse contexto, o mé- todo fracionado podem ser subdividido em método repetitivo e intervalados (SALMUSKI et al., 2013). Método Fracionado Repetitivo No método fracionado repetitivo, os exercícios físicos são realizados com intensidade máxima ou próxima da máxima. Devido à intensidade ser muito elevada, a duração do estímulo é muito curto, e os intervalos de recuperação são, relativamente, extensos. Esses in- tervalos devem possibilitar um descanso que viabilize a realização de várias séries sem perdas significativas no rendimento. Os treinamentos realizados a partir desse método repetitivo, com recuperação suficien- te para um novo estímulo, são utilizados em treinos anaeróbicos abaixo ou próximos do limiar de produ- ção de ácido lático (anaeróbica alática). Métodos Fracionados Intervalados Os métodos fracionados intervalados caracterizam- -se por momentos de esforço alternados com inter- valos incompletos de recuperação e podem ser subdi- vididos em método intervalado extensivo e intensivo. No método intervalado extensivo, a intensidade é moderada, os esforços são extensos, e há períodos incompletos de recuperação, em que a duração é, relativamente, mais curta em comparação ao tempo do esforço. O método extensivo é utilizado, frequen- temente, em treinos aeróbicos ou para o aprimora- mento de alguns tipos de resistência, como a resis- tência de força e resistência anaeróbica lática (acima do limiar de produção de ácido lático). Já no método intervalado intensivo, a intensidade é elevada, a duração do esforço é curta e, apesar de apre- sentar períodos incompletos de recuperação, esses são, relativamente, longos. Devido às altas intensidades, esse método é utilizado em treinos, com predominân- cia da via anaeróbia lática de transferência de energia. Normalmente, as modalidades de ginástica de academia que objetivam, principalmente, o aprimo- ramento da resistência muscular, utilizam o méto- do intervalado extensivo para estruturar suas aulas. Isso porque a intensidade é moderada, e os esforços são longos, com períodos incompletos (demasiada- mente curtos) de recuperação. 150 É muito importante que os princípios e métodos do treinamento esportivo sejam considerados e respei- tados para que os objetivos do treino sejam alcança- dos. No entanto, também se faz necessário planejar todo o processo do treinamento e sistematizar as sessões de treino. Isto porque, o planejamento, co- nhecido como periodização do treinamento esporti- vo, permite uma visualização completa da organiza- ção e garante o desenvolvimento lógico das sessões. Planejamento e Organização de uma aula de ginástica de academia 151 EDUCAÇÃO FÍSICA PERIODIZAÇÃO DAS AULAS DE GINÁSTI- CA DE ACADEMIA O termo periodização deriva da palavra período e corresponde uma divisão do tempo em pequenos segmentos a fim de se ter um controle melhor da sobrecarga e recuperação do treinamento. A perio- dização pode ser entendida como o processo de es- truturação das fases do treinamento, que tem como finalidade promover o condicionamento geral e es- pecífico dos componentes da aptidão física, de ma- neira ótima (BOMPA, 2002). A estruturação das fases do treinamento é or- ganizada em etapas denominadas ciclos de treina- mento, que podem ser programados em macrociclo, mesociclos e microciclos. Mesociclo Mesociclo Macrociclo Mesociclo Mesociclo Mesociclo Microciclo Microciclo Microciclo Microciclo Microciclo Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sessão (aula) 1 Sessão (aula) 2 Sessão (aula) 3 Sessão (aula) 4 Sessão (aula) 5 Figura 3 - Ciclos de treinamento / Fonte: o autor. De modo geral, um macrociclo pode durar entre seis meses e quatro anos, dependendo da modalidade de exercício, do nível de aptidão física dos indivíduos e do planejamento. Um mesociclo tem duração en- tre quatro e seis semanas. Um microciclo refere-se a uma semana de treinamento, embora, dependendo do formato do programa de exercício, pode durar até quatro semanas. Em resumo, um microciclo re- presenta uma fase do treinamento; os mesociclos representam várias fases; e o macrociclo retrata a coletânea dessas fases, numa estrutura do final (PRESTES et al., 2016). A organização dos ciclos de treinamento na gi- nástica de academia deve considerar, principalmen- te, o nível de aptidão física dos praticantes. Nesse sentido, a periodização é particular a cada professor que deve estudar e determinar as melhores estraté- gias para atender às especificidades do seu público que, no geral, é heterogêneo. Entre os diferentes modelos de periodização, a ondulatória flexível talvez seja a que melhor atenda às modalidades de ginástica de academia, por apre- sentar maior variação da carga. No modelo de pe- riodização ondulatório flexível, a variação dos com- 152 ponentes do treinamento é mais frequente, podendo ser efetuada a cada microciclo e/ou sessão de treino, isto é, a cada semana e/ou aula. Além disso, por ser flexível, a carga pode ser adaptada de acordo com o estado fisiológico ou psicológico do aluno. Esse mé- todo surgiu da necessidade de adequar o estado mo- mentâneo do praticante à carga de treinamento, com o objetivo de garantir que ele treine sempre com a carga apropriada (PRESTES et al., 2016). Ondulatório por semana Ondulatório por aula Variáveis da carga de treino S1 S2 S3 S4 S5 Microciclo 1 Microciclo 2 S1 S2 S3 S4 S5 Figura 4 - Modelo de periodização ondulatória entre os microciclos e sessões / Fonte: o autor. Por estas características, a periodização ondulató- ria flexível está sendo sugerida, aqui, como mode- lo de organização das sessões, diante dos grandes desafios da periodização das modalidades de gi- nástica de academia, que são a heterogeneidade de perfis, a irregularidade nas aulas (frequência) e a rotatividade de alunos. ELABORAÇÃO DE UMA AULA DE GINÁS- TICA DE ACADEMIA Conforme você observou, a menor estrutura de um plano de treinamento é a sessão de treino. No caso das ginásticas de academia, as sessões de treino são chamadas de aulas e podem ser estruturadas a partir dos objetivos da sessão, dos exercícios da modali- dade, da relação volume e intensidade dos esforços bem como dos períodos de recuperação. Uma aula é dividida, basicamente, em quatro partes: Introdu- ção, Aquecimento, Parte principal e Volta à calma. 153 EDUCAÇÃO FÍSICA Introdução Na introdução à aula, além da apresentação e das boas-vindas do professor, ele deve explicar aos alu- nos os principais pontos de atenção e segurança, o funcionamento dos equipamentos (quando hou- ver), fornecer dicas para iniciantes, intermediários e avançados e elevar a motivação dos participantes. Aquecimento O aquecimento tem como finalidade preparar o cor- po, do ponto de vista fisiológico, metabólico e psi- cológico, para os movimentos que serão executados na aula. De maneira geral, ele proporciona a redistri- buição do fluxo sanguíneo para os músculos ativos, aumentando o fornecimento de oxigênio e nutrientes para os tecidos. Gera, também, um aumento na velo- cidade de ressíntese de ATP, fazendo com que o orga- nismo passe a funcionar de maneira mais próxima ao que será exigidono decorrer do exercício físico. O aquecimento igualmente eleva a atividade do sistema nervoso central e periférico, reduzindo o tempo de reação e melhorando o desempenho motor. Estimula ainda a lubrificação das articulações sino- viais e o aumento momentâneo da amplitude articu- lar, a qual pode facilitar a execução dos movimentos. Desta forma, o aquecimento corresponde à tran- sição do organismo, das condições de repouso para as exigidas na atividade física. Essa transição é feita em intensidade leve à moderada, com movimentos simples e que envolvam todos os segmentos corpo- rais, em especial aqueles que serão mais exigidos. Parte principal Imediatamente ao aquecimento, é dado início à par- te principal da aula. Esta etapa é planejada conside- rando uma série de fatores, como o perfil dos alu- nos (por exemplo: idade, aptidões e capacidades) e a modalidade da ginástica de academia. É nesse momento que os métodos de treina- mento, contínuo variável ou o fracionado interva- lado extensivo, são aplicados para que os objetivos da aula sejam alcançados. Portanto, neste momento, a intensidade pode oscilar de moderada à vigorosa. A parte principal corresponde, ainda, ao momento em que a aprendizagem motora é estimulada. Sendo assim, a execução dos movimentos é feita seguindo uma progressão do simples ao complexo (ou do fácil ao difícil), de modo a promover a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos gestos motores. Por estes motivos, os objetivos da aula devem es- tar alinhados aos objetivos dos ciclos do treinamen- to para que, dessa forma, exista uma coerência entre o que estará sendo executado e que foi planejado. Volta à calma Após o término da parte principal, é importante que os alunos reduzam, gradativamente, a intensidade dos esforços com o intuito de restabelecer os siste- mas fisiológicos que foram solicitados durante aula. Desta forma, os minutos finais da sessão devem ser destinados à redução da frequência cardíaca, da fre- quência respiratória e da temperatura corporal. 154 Normalmente, essa volta à calma é feita com alon- gamento da musculatura solicitada para que os múscu- los relaxem e retornem ao seu estado basal. Contudo, em algumas modalidades de ginástica de academia, os exercícios de resistência muscular (frequentemente os abdominais) também podem ser incluídos na fase de volta à calma, antes do alongamento. Organização e duração das partes de uma aula Geralmente, as aulas das diferentes modalidades de ginástica de academia possuem a duração de 60 mi- nutos. Nesse tempo, estão inclusos todos os elemen- tos descritos anteriormente. O Quadro 1 apresenta um modelo geral de organização destas partes, em função do tempo despendido em cada uma delas. Duração (60 minutos) 5 minutos 5 minutos 35 minutos 15 minutos Etapa Introdução Aquecimento Parte principal Volta a calma Quadro 1 - Modelo geral de organização das aulas de ginásticas de academia em função do tempo / Fonte: o autor. No Quadro 2, é apresentado um modelo de organi- zação, considerando a etapa, a música, a duração e o objetivo da música. Essa estrutura descreve a Parte principal planejada de acordo com método contí- nuo variável de treinamento. Etapa Música Duração Objetivo da música Introdução 5 minutos Aquecimento 1 5 minutos Aquecimento Parte Principal 2 5 minutos Treino moderado 1 3 5 minutos Treino moderado 2 4 5 minutos Treino intenso 1 5 5 minutos Recuperação 6 5 minutos Treino moderado 3 7 5 minutos Treino intenso 2 8 5 minutos Treino intenso 3 Volta à calma 9 10 minutos Treino de core 10 5 minutos Alongamento Quadro 2 - Modelo de organização das aulas de ginásticas de academia com o método contínuo variável de treinamento / Fonte: o autor. Estas são apenas algumas das formas de planejar uma aula, podendo sofrer alterações de acordo com os objetivos, os exercícios e as variáveis da carga de treino da sessão. 155 EDUCAÇÃO FÍSICA Nota de coreografia Na ginástica de academia, cada música representa uma parte da aula e possui o seu próprio objetivo. O planejamento de uma música se concretiza na coreografia. Basicamente, a coreografia é a junção harmoniosa entre a música e os movimentos carac- terísticos de cada modalidade de ginástica de aca- demia. Uma ferramenta que auxilia o processo de estruturação da coreografia é a Nota de coreografia. No início desta obra, especificamente na Unida- de 2, você fez o uso de uma nota coreográfica para treinar sua habilidade auditiva e sua coordenação motora. Como você se saiu? O Quadro 3 apresenta um exemplo de nota coreográfica. Música Exercício Físico Anotações Mapeamento Instrumento/ efeito Contagem Movimento Tempo Repetição Introdução Baixo e caixa 2x8 Preparação para o step touch 16 t Não esquecer das recomen- da-ções de segurança. Verso 1 Teclado 2x8 Step touch 4 t 4 x “Galera! Abre e fecha a perna!” Órgão 1 2x8 Elevação de pernas para trás 4 t 4 x Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4 t 2 x Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4 t 4 x Verso 2 Baixo e órgão 2x8 Elevação de pernas para trás 4 t 4 x Órgão 2 3x8 Elevação de pernas para trás dupla 4 t 2 x Elevação de pernas para trás 4 t 2 x Pausa Bumbo e caixa 2x8 Step touch 4 t 4 x Verso 3 Baixo e caixa 2x8 Elevação de pernas para trás dupla 4 t 2 x Órgão 2 2x8 Elevação de pernas para trás 4 t 2 x Encerramento Redução do volume 2x8 Step touch 4 t 2 x Quadro 3 - Modelo de nota de coreografia / Fonte: o autor. Observe que, nesse exemplo de nota coreográ- fica, foi incorporada a coluna Anotações. Este campo pode ser utilizado para variados fins, des- de observações específicas daquele momento da música, até dicas de vozes de comando. 156 A palavra inglesa coach, no contexto esportivo, faz referência ao treinador, logo, coaching pode ser en- tendido como o processo de conduzir um treina- mento físico. Para proporcionar um treino de qua- lidade na Ginástica de academia, além de executar corretamente os movimentos, o professor deve se atentar a outras qualidades, como o comando efi- ciente, a dramatização, a organização e a hospitali- dade (BODY SYSTEMS, 2004). A EXECUÇÃO FÍSICA O professor é a referência da execução correta dos movimentos para os alunos. Enquanto modelo, é im- portante que ele conheça a técnica e a execute de ma- neira competente, seguindo todos os aspectos de se- gurança. Assim sendo, manter uma boa postura, bem como o controle dos movimentos é fundamental. Elementos para um coaching de excelência 157 EDUCAÇÃO FÍSICA O COMANDO Além da ótima execução dos movimentos, é funda- mental saber instruí-los com eficiência. A instrução básica inclui mais do que simplesmente demonstrar e explicar a técnica. Ela também envolve o coman- do, eficientemente, nas mudanças de movimento, um amplo repertório de instruções verbais e visuais, bem como a correção da técnica do aluno. Instrução De maneira geral, os comandos de execução devem ser simples com ênfase na postura, no controle e na ampli- tude do movimento e no ritmo. Porém um dos grandes desafios do professor é fazer com que os alunos pres- tem atenção nas explicações e recomendações forne- cidas. Para um controle eficiente da sala, é necessário ter uma ótima capacidade de instrução verbal e visual bem como ter a admiração e o respeito dos alunos. Isso tudo se alcança com a prática e o tempo. Instrução verbal A instrução verbal é o processo de transmissão das informações por meio da fala. Ela é, basicamente, o principal instrumento de comunicação entre o pro- fessor e os alunos. É por meio da fala que se entra em contato e se transmite uma mensagem de maneira rá- pida e direta. Para uma instrução verbal eficaz, alguns pontos de atenção devem ser considerados, como o tipo de vocabulário utilizado, a seleção dos coman- dos, a qualidade da voz e a correção da técnica. • Redução do uso de palavras técnicas Reduzir o número de palavras técnicas nos comandos auxilia a compreensão do que se deve ser feito.Além disso, pode tornar a aula uma experiência mais emo- cional que racional. Quando for necessá- rio o uso de termos técnicos, devem ser sempre explicados no início da coreogra- fia onde ele será usado. • Uso de figuras associativas Muitos comandos podem ser feitos pela as- sociação do movimento em questão com alguma imagem (mental) ou palavra que o descreva. Por exemplo, o comando: “Pesso- al, agora, step touch”! pode ser substituído por: “Pessoal, agora, abre e fecha perna”. Este cuidado da utilização de uma figa associativa facilitou o entendimento, não foi? • Evocar sensações A entonação da voz e a utilização de palavras ou frases que provocam sensações faz com que o exercício físico seja uma experiência, também, emocional. Um exemplo disso se- ria dizer: “Sinta o seu calcanhar afundar no trampolim”, ou, ainda: “Mostre-me a sua melhor corrida”. A entonação da voz é mui- to utilizada para caracterizar a intensidade com que deve ser feito o exercício. Em mo- mentos que exigem um grande esforço, a co- municação é feita em entonação alta da voz e, nos momentos de recuperação, com uma entonação mais baixa. 158 Identificação da técnica de má qualidade Quando são notados movimentos incorretos, é im- prescindível que estes sejam melhorados. Mesmo sendo um caso isolado na sala, os comandos de cor- reção devem ser dirigidos, inicialmente, para todo o grupo e, depois, individualmente. Um método eficiente de correção, além das orientações verbais, é demonstrar o movimento incorreto, seguido da técnica correta. Correção individual Como regra geral, os comandos de correção indi- vidual são feitos, inicialmente, com um contato vi- sual e corporal direto, seguido de orientações com um tom de voz de cuidado. É muito importante não ofender o aluno com palavras inapropriadas e seu constrangimento direcionando a atenção do grupo para ele. Uma intervenção para a correção deve con- ter três itens: estabelecimento do contato com o grupo ou o aluno, por meio verbal ou visual. orientações e recomendações de mudança para corrigir a técnica do movimento, através da fala e demonstração. o feedback positivo, através de palavras de elogio, apoio e incentivo, deve ser feito com o intuito de enaltecer o movimento correto, bem como, parabenizar o esforço pela mudança. ELOGIOORIENTAÇÃO CONTATO É importante destacar que a correção da técnica do movimento envolve a aceitação, a conscientização corporal e o tempo para a sua assimilação. Desta forma, a mudança pode não ser instantânea e le- var várias sessões para acontecer, contudo o esforço deve ser sempre elogiado e apoiado. Instrução visual Considerando que, numa interação entre indivídu- os, apenas 35% do processo de comunicação é feito por meio de palavras (BIRDWHISTELL, 1985), a linguagem corporal consiste numa importante fer- ramenta de interlocução. Ela é a forma de comuni- cação não-verbal, na qual transmitimos a mensagem por meio de gestos, de expressões faciais, dos movi- mento dos olhos, da postura, entre outros. A execução correta dos movimentos é tão importante para o desempenho quanto para a integridade da saúde dos alunos, assim, a técnica correta poderia ser reforçada no início da aula e nas transições de uma coreografia para a outra, não é mesmo? REFLITA 159 EDUCAÇÃO FÍSICA Nesse contexto, a linguagem corporal pode potencia- lizar a transmissão da mensagem e facilitar o entendi- mento do comando por parte do aluno. Além disso, a instrução visual auxilia o professor a manter a sua execução física em momentos de grande exigência e fadiga em que a comunicação verbal é dificultada. Rosto Expressa emoção e motivação Cabeça Pode indicar uma direção Mãos Pode indicar uma direção, número de repetições e qualidadeBraços Podem indicar uma direção e expressar intensidade, ritmo e dimensão. Corpo todo Demonstra a técnica do movimento e expressa a intensidade e ritmo Figura 5 - Possibilidades de gestos e movimentos corporais / Fonte: o autor. Entre os diferentes comandos visuais, a antecipação do movimento, sem dúvida, é o de maior relevância, porque por meio dele o aluno consegue observar o próximo movimento e mudar no tempo certo. Ge- ralmente, essa demonstração (antecipação) do pró- ximo movimento acontece entre os 8 ou 4 tempos finais da frase musical, antes da troca. Perna líder O conceito de perna líder está relacionado com o lado do corpo onde o movimento se inicia. Ele rece- be esse nome devido ao fato de, geralmente, os mo- vimentos começarem por uma das pernas. Como o professor deve estar de frente para o grupo, na maior parte da aula, a sua perna líder (ou lado), normal- mente, é à esquerda para que os alunos iniciem os movimentos com sua perna direita. 160 Posicionamento na sala Além da clareza na instrução verbal e da precisão na instrução visual, é fundamental que o professor se posicione de maneira que todos os alunos possam vê-lo e acompanhar seus movimentos. Como regra, ele nunca deve ficar de costas para o grupo mais que 10% do tempo total da aula. Estar de frente permite observar melhor todos os alunos, intervir rapidamen- te quando necessário e maximiza o comando visual. É possível adotar também, por um breve mo- mento, posições em perfil ou em diagonal para demonstrar detalhes do movimento, que, muitas vezes, não são percebidas pelo aluno. Com turmas experientes, o professor pode, ainda, “participar da aula” se posicionando em diferentes lugares da sala, ao lado dos alunos, enquanto conduz o grupo. Isso atrai a atenção, aumenta a interação e cria um clima de descontração. A DRAMATIZAÇÃO A dramatização se refere à utilização da voz e da linguagem corporal para interpretar e projetar no aluno o sentimento da música. Quanto melhor for a conexão entre o movimento e a emoção da músi- ca, maior é a experiência de divertimento e o prazer que os alunos sentem. Nesse contexto, as principais sensações da música, bem como da intencionalidade da coreografia (se é um momento mais ou menos in- tenso), que devem ser expressos são: o ritmo, a força, a energia, o prazer e a paixão. RITMO: corresponde a habilidade de expressar o pulso da música, seu andamento e vibração. FORÇA: refere-se a habilidade de interpretar e expressar a força e o vigor da música. ENERGIA: diz respeito a capacidade de interpretar e expressar a intensidade e o dinamismo da música. PRAZER: corresponde a habilidade de interpretar e expressar a felicidade, o deleite e a satisfação da música. PAIXÃO: representa a capacidade de demonstrar o afeto e admiração pela modalidade que está ministrando. Uma ótima dramatização necessita de estudo e co- nhecimento de cada detalhe da música para que se possa alinhar e harmonizar os movimentos e a interpretação com a melodia e frases musicais. Quando ela é executada com maestria, além de proporcionar diversão e prazer, ela auxilia o aluno a entender e visualizar o contraste dos movimentos (fortes e fracos, por exemplo). 161 EDUCAÇÃO FÍSICA A interpretação pode ser complementada pela ma- neira como o professor se apresenta. Portanto, a vestimenta e o uso de acessórios adequados podem conferir um diferencial ao criar um cenário mais próximo do que se está a ensinar, como utilizar rou- pas características do Hip Hop, em aulas de ritmos com esse estilo musical, ou, ainda, fazer uso de ban- dagem nas aulas que possuem golpes das lutas. A ORGANIZAÇÃO DA AULA A organização da sala de ginástica prepara o cenário para uma aula sem contratempos. Como protoco- lo padrão, é importante que sejam checados: todo o sistema de som, a iluminação, os possíveis pontos molhados no chão e, principalmente, as faixas das músicas que comporão as coreografias da aula. Pro- blemas gerados por estes itens são comuns e podem ser evitados, chegando 10 minutos antes do início da aula para verificar que tudo está em ordem. Caso haja algum problema, ainda haverá tempo hábilpara solucioná-lo ou encontrar uma alternativa. Além de constatar que a sala está pronta, é im- portante verificar se os equipamentos estão fun- cionais, ou seja, se estão apropriados e seguros para as exigências da aula. Verificar a distribuição dos alunos, se todos têm espaço suficiente para a prática também é fundamental para a segurança e a fluidez da aula. A HOSPITALIDADE Um coaching de excelência vai além dos pontos téc- nicos mencionados anteriormente, ele deve abran- ger também, o aspecto social promovido pelo rela- cionamento positivo entre o professor e seus alunos. Criar relacionamentos por meio da atenção, do zelo e do respeito gera uma experiência mais profunda e com maior significado a todos. Sabemos que, por motivos diversos, mas, princi- palmente, pela escassez de tempo, a interação entre professor e aluno fica limitada apenas à duração da aula, dificultando, assim, o estabelecimento de rela- cionamentos em maior profundidade. Contudo, se houver um planejamento, é possível criar oportuni- dades para isso dentro da organização da aula, ob- serve o modelo a seguir: 162 CONTATO PRÉ-AULA: os minutos preliminares à aula são a oportunidade de desenvolver uma boa comunicação com os alunos. É o momento de interagir com os veteranos, através de conversas sobre assuntos diversos, assim como, apresentar-se para os novatos, conhecê-los e integrá-los ao grupo. CONTATO PÓS-AULA: assim como os minutos que antecedem, o tempo após a aula é outra oportunidade de interagir com os alunos. É o momento de verificar a percepção dos alunos em relação a aula, de esclarecer possíveis dúvidas, assim como, conversar sobre assuntos diversos. TRANSIÇÃO ENTRE AS MÚSICAS: durante as coreografias é desafiador falar além dos comandos técnicos e motivacionais necessários, assim, o momento entre as músicas proporciona a oportunidade de oferecer maior atenção ao grupo, dirigindo palavras de incentivo, bem como, de preocupação com seu estado de fadiga. INTRODUÇÃO À AULA: é o momento de dar as boas-vindas, realizar uma breve descrição do conteúdo da aula e fornecer dicas aos alunos. É possível também compartilhar algum acontecimento pessoal, utilizando do humor, para descontrair e relaxar o grupo. 1 2 3 4 163 EDUCAÇÃO FÍSICA CONTATO PRÉ-AULA: os minutos preliminares à aula são a oportunidade de desenvolver uma boa comunicação com os alunos. É o momento de interagir com os veteranos, através de conversas sobre assuntos diversos, assim como, apresentar-se para os novatos, conhecê-los e integrá-los ao grupo. CONTATO PÓS-AULA: assim como os minutos que antecedem, o tempo após a aula é outra oportunidade de interagir com os alunos. É o momento de verificar a percepção dos alunos em relação a aula, de esclarecer possíveis dúvidas, assim como, conversar sobre assuntos diversos. TRANSIÇÃO ENTRE AS MÚSICAS: durante as coreografias é desafiador falar além dos comandos técnicos e motivacionais necessários, assim, o momento entre as músicas proporciona a oportunidade de oferecer maior atenção ao grupo, dirigindo palavras de incentivo, bem como, de preocupação com seu estado de fadiga. INTRODUÇÃO À AULA: é o momento de dar as boas-vindas, realizar uma breve descrição do conteúdo da aula e fornecer dicas aos alunos. É possível também compartilhar algum acontecimento pessoal, utilizando do humor, para descontrair e relaxar o grupo. 1 2 3 4 É importante destacar que a boa acolhida pode, ainda, auxiliar na conquista da confiança e da fidelida- de, proporcionando um alto engaja- mento do grupo na aula. 164 considerações finais Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a ginástica de academia, assim como a apresentação dos conteúdos que concernem, apenas, à educação física sobre as atividades de academia. Ao recordar os conteúdos desta quarta unidade, observamos que, os princípios do treinamento esportivo, aplicados à ginástica de academia, tem como finalidade de- senvolver nos alunos os componentes da aptidão física relacionados à saúde. Dentre os princípios abordados, o princípio da sobrecarga recebe grande destaque, pois é por meio dele que os estímulos gerados pelos exercícios físicos são controlados. Falamos, ainda, sobre os métodos de treinamento, responsáveis pela organização dos componentes da carga, como a intensidade e o volume, com base nos objetivos do treino bem como nas vias metabólicas que se pretende priorizar. Nesse sentido, vimos que o método contínuo variável e o método intervalado extensivo servem de referência para a elaboração das aulas de ginástica de academia. Discutimos, ainda, a respeito da importância da periodização e da elaboração de aulas para que se possa visualizar toda a organização e, assim, garantir o desenvolvimento lógico das sessões. Nesse contexto, a periodização ondulatória flexível foi sugerida, como modelo de organização das sessões, diante dos muitos desafios da periodização das modalidades de ginástica de academia. Por fim, abordamos os elementos para um coaching de excelência. Você se lembra de quais eram? Para proporcionar um treino de qualidade, é necessário que o professor esteja atento a cinco pontos chaves: a execução física, o comando, a dramatização, a organização da aula e a hospitalidade. O cumprimento desses pontos é um grande passo para o sucesso, não apenas das aulas de ginástica, mas de todas as demais ati- vidades físicas, apresentadas aqui nesta obra. Com estas palavras, encerramos nossa quarta unidade. Até a próxima! 165 atividades de estudo 1. O processo do treinamento esportivo é orientado por princípios, os quais di- recionam o profissional da Educação Física para as melhores opções a serem tomadas para que sejam alcançados os objetivos estabelecidos. Com base nos estudos dos princípios do treinamento esportivo, assinale a alternativa correta. a. Os fatores determinantes do princípio da especificidade são a genética, a ida- de biológica, a aptidão física e o repertório motor. b. As alterações morfológicas (estruturais), fisiológicas e de desempenho físico obtidas com o treino, são mantidas mesmo após a interrupção deste. c. O treinamento deve ser planejado, apenas, em termos de aptidão física exi- gida, sistema energético dominante e coordenações psicomotoras utilizadas. d. A intensidade é um dos fatores essenciais de um programa de treino e é for- mada pelo peso levantado por unidade de tempo e o número de repetições de determinado exercício. e. A relação ideal entre a carga aplicada e o tempo de recuperação é essencial para garantir o restabelecimento da homeostase e promover adaptações para o desempenho. 2. Os métodos de treinamento organizam os componentes da carga, isto é, de- terminam a intensidade e o volume do treino, a partir dos objetivos do treino e vias metabólicas a serem priorizadas. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale V para Verdadeira e F para Falsa: ( ) � No método contínuo estável, são utilizadas altas intensidades de treino. ( ) � Os métodos de treinamento podem ser classificados em método contínuo e método fracionado. ( ) � O método contínuo variável é caracterizado por variações na intensidade com intervalos de recuperação. ( ) � O método fracionado é caracterizado por estímulos de intensidade elevada, seguidos de intervalos de recuperação. 166 atividades de estudo Assinale a alternativa correta: a. F, F, V e V. b. V, V, V e F. c. F, V, F e V. d. V, V, F e F. e. V, F, F e F. 3. Antigamente, método contínuo variável era conhecido como Fartlek, que sig- nifica jogo de velocidade. Nesse contexto, explique, sucintamente, o método contínuo variável. 4. Para proporcionar uma aula de qualidade na Ginástica de academia, além de executar, corretamente, os movimentos, o professor deve estar atento a ou- tros elementos, como o comando eficiente, a dramatização, a organização e a hospitalidade. Nesse contexto, analise as afirmativasseguintes: I. A introdução da aula é o momento de realizar, apenas, uma breve descrição do conteúdo da aula e fornecer dicas de segurança aos alunos. II. Uma instrução verbal eficaz depende do tipo de vocabulário e comando utili- zados, da qualidade da voz e da correção da técnica. III. Além das orientações verbais, um método eficiente de correção é demonstrar o movimento incorreto, seguido da técnica correta. IV. O termo “perna líder” pode ser utilizado para fazer menção ao lado do corpo onde o movimento se inicia. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. As aulas de ginástica de academia podem ser planejadas a partir dos objetivos da sessão, dos exercícios da modalidade e do princípio da sobrecarga. Nesse contexto, cite as quatro partes que compõem a estrutura de uma aula de gi- nástica de academia. 167 LEITURA COMPLEMENTAR Nesta unidade, vimos que a periodização corresponde ao planejamento e ao detalha- mento do treinamento, com a finalidade de aprimorar o condicionamento geral e especí- fico dos componentes da aptidão física. Ela é organizada a partir dos objetivos estabele- cidos bem como dos princípios científicos do treinamento esportivo. Esta ideia de periodizar o treinamento é antiga, e seus fundamentos datam da Grécia Antiga, quando eram aplicados na preparação militar. Na atualidade, existem variados modelos de periodização do treinamento esportivo, de diferentes estudiosos da área. A partir desta constatação, Dantas et al. (2011) desenvolveram uma pesquisa com o objeti- vo de verificar o grau de adequabilidade dos distintos modelos de periodização. Os autores avaliaram a adequabilidade, por meio de dois indicadores: a estrutura da periodização e a organização da variação das cargas. A estrutura da periodização foi analisada a partir das fases (períodos) do treinamento observadas. A organiza- ção da variação das cargas foi avaliada a partir da modulação das cargas, conside- rando, principalmente, a variação de predominância, a predominância de volume e a predominância de intensidade. Esse estudo utilizou procedimentos estatísticos de metanálise dos dados coletados. Após um processo sistematizado, foram selecionados e incluídos cento e três referências nas análises. Para atender o objetivo da pesquisa, os autores calcularam, por meio de médias aritméticas com alcance diferenciado, o Índice de Adequabilidade dos modelos de periodização. Os modelos investigados foram os de Verkhoshansky, de Bompa, de Matveev, o Modelo ATR, e o de Forteza. 168 LEITURA COMPLEMENTAR Das cento e três referências analisadas, o modelo de Matveev, conhecido também como Clássico ou Tradicional de Matveev, foi o que apresentou uma adequabilidade superior. De acordo com os autores, isso foi atribuído, em grande parte, à maneira com que este modelo trabalha com a intensidade, considerando-a como importante componente da carga. A variável intensidade é um fator determinante do sucesso esportivo, sendo am- plamente reconhecida como tal. Os modelos de Verkhoshansky e de Bompa apresentaram relevância intermediária na amostra estudada. Já os modelos ATR e de Forteza demonstraram os piores resultados, porém os pesquisadores colocam que isso poderia ter sido atribuído ao fato de que havia escassez de citações sobre estes últimos modelos. Ao fim do trabalho, os autores desta- cam a necessidade de novos estudos que, sistematicamente, incluam as novas fontes bibliográficas disponíveis e a busca de possibilidades de experimentação prática dos re- sultados encontrados. Fonte: adaptado de Dantas (2011). 169 material complementar Ergonomia: Prescrição e Periodização do Treinamento de Força em Academias Jonato Prestes, Denis Foschini, Paulo Marchetti, Mario Charro e Ramires Tibana Editora: Manole Sinopse: o livro Prescrição e periodização do treinamento de força em academias reúne as evidências mais atuais sobre prescrição e periodização do treinamento de força. A obra aborda conceitos básicos da prescrição do treinamento de força, da biologia molecular, assim como discute questões de suplementação para pra- ticantes de treinamento de força. São apresentados, também, diversos exemplos de periodização que podem servir de referência para elaboração de programas periodizados em academias. Treinamento esportivo Dietmar Samulski, Hans-Joachim Menzel e Luciano Sales Editora: Manole Sinopse: o livro Treinamento esportivo apresenta os principais conceitos e aspec- tos que permeiam o treinamento esportivo bem como aborda características da preparação psicológica para eventos competitivos e do treinamento técnico e tá- tico e da atividade física. A obra inclui, também, as peculiaridades do treinamento esportivo com crianças e jovens. Indicação para Ler Indicação para Ler 170 gabarito 1. E 2. C 3. No método contínuo variável, o exercício é re- alizado com variações na intensidade, porém sem intervalos de recuperação. Esse método pode ser utilizado para a melhora da capaci- dade aeróbica bem como de ambas aeróbica e anaeróbica (mista) ao mesmo tempo. Ele pode ser aplicado com intensidades que oscilam de uma zona inferior ao limiar anaeróbico (no má- ximo até o limiar) até uma zona superior. 4. D 5. Introdução, Aquecimento, Parte principal e Vol- ta à calma. UNIDADE V Me. Fabio Luiz Iba Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Administração e principais conceitos • Processos administrativos • Estrutura organizacional • Empreendedorismo e plano de negócios Objetivos de Aprendizagem • Compreender os conceitos principais de Administração. • Compreender os processos que envolvem as ações de um administrador. • Analisar os modelos de estruturas organizacionais. • Entender o processo de desenvolvimento de um plano de negócios. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade V INTRODUÇÃO O lá, caro(a) aluno(a), chegamos à última unidade com este capí- tulo que será destinado à compreensão de alguns elementos fun- damentais do contexto organizacional e de gestão empresarial. Temos como principal objetivo a discussão de alguns conceitos e ferramentas que possibilitará a você mais entendimento sobre componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo. No primeiro tópico, discutiremos o conceito de organização e os seus principais componentes, sendo eles: recursos, objetivos e o processo de transformação. O processo de transformação é o cerne da produção or- ganizacional e é realizado a partir de um conjunto de atividades interliga- das, executadas por meio da utilização de diferentes recursos, tais como: humanos, financeiros, tecnológicos, materiais e administrativos. No segundo tópico, voltaremos nossa atenção ao processo adminis- trativo, que, sem dúvida, é o conceito norteador para a compreensão das atividades de um administrador ou de um gestor. O processo administra- tivo apresentado por Henry Fayol contém cinco etapas: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, sendo que cada uma destas etapas é fundamental para o processo como um todo. Complementando a compreensão do processo administrativo, na tercei- ra aula, discutiremos sobre os modelos de estrutura organizacional. Veremos que, apesar da existência de diversos modelos, alguns são, frequentemente, mais utilizados pelas empresas por apresentarem vantagens compatíveis com as necessidades da organização e com seu modo de gestão. Por fim, no último tópico, serão analisadas as principais características de empreendedorismo e a principal ferramenta que pode auxiliar um em- preendedor no processo de planejamento do negócio, o plano de negócios. Portanto, caro(a) aluno(a), nesta unidade, dedicaremo-nos à compreensão de elementos fundamentais do processo administrativo e do empreendedorismo. Bonsestudos! 176 Administração e seus principais conceitos Caro(a) aluno(a), atualmente, as organizações fazem parte do nosso dia a dia, e seria bastante difícil pen- sarmos em alguma prática de nossa rotina diária que não esteja, direta ou indiretamente, relacionada a al- guma atividade empresarial, como o café da manhã que tomamos antes de irmos ao trabalho, o meio de transporte utilizado (público ou não), as atividades profissionais do dia, entre várias outras ações. Todos estes são pequenos exemplos que demonstram o quan- to nós somos dependentes das empresas, e que seria praticamente impossível não nos relacionarmos, direta ou indiretamente, com seus produtos e serviços. 177 EDUCAÇÃO FÍSICA Neste sentido, torna-se importante que volte- mos nossa atenção para alguns conceitos relevantes do contexto organizacional que, sem dúvida, poderá contribuir para a compreensão do processo de fun- cionamento de uma empresa e também das variáveis envolvidas, pois, mesmo que você, caro(a) aluno(a), não esteja, diretamente, desenvolvendo atividades profissionais relativas à administração, esta prática está no seu dia a dia. Exemplo disso é quando você planeja as atividades físicas de um cliente, quando você executa um projeto, ou controla as despesas domésticas, afinal, está desenvolvendo atividades relativas à administração. Antes de iniciarmos, é importante que façamos uma breve análise do que, de fato, é uma organiza- ção. As organizações, de acordo com Maximiano (2011, p. 3) podem ser compreendidas como “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo [...]. Além de objetivos e recursos, as organizações têm outros dois componentes im- portantes: processos de transformação e divisão do trabalho” (Figura 1). RECURSOS OBJETIVOS • PRODUTOS • SERVIÇOS • HUMANOS • MATERIAIS • FINANCEIROS • INFORMAÇÃO • ESPAÇO • TEMPO • PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO • DIVISÃO DO TRABALHO Figura 1- Principais componentes das organizações / Fonte: Maximiano (2011, p. 4). Toda organização é criada com o objetivo de aten- der às necessidades e expectativas de seus con- sumidores e, com isso, também atender aos seus próprios objetivos estratégicos. O objetivo princi- pal de uma empresa, também conhecido como sua missão, pode ser atingido por meio dos seus pro- dutos e serviços, como a razão de existir de uma academia de ginástica, que é tornar seus clientes mais saudáveis, e este objetivo pode ser atendido pelos serviços de qualidades. De acordo com Oliveira (2013, p. 50), a mis- são organizacional pode ser compreendida como “a determinação do motivo central da existência da empresa, ou seja, a determi- nação e quem atende com seus produtos e serviços. Corresponde a um horizonte den- tro do qual a empresa atua ou poderá atuar. Portanto, a missão representa a razão de ser da empresa”. Fonte: o autor. SAIBA MAIS 178 Analisando a Figura 1, os recursos são os insumos que podem ser utilizados pela organização, durante o processo de desenvolvimento de seus produtos e ser- viços. Os recursos não estão restritos apenas aos ma- teriais, nós podemos considerar, também, os recursos humanos e financeiros, por exemplo. O Quadro 1 a seguir apresenta diversos recursos organizacionais. RECURSOS HUMANOS Podem ser considerados o conjunto de profissionais que trabalham na organização, com sua capacitação, motivação e habilidade profissional. RECURSOS FINANCEIROS São considerados os valores disponíveis, os a serem recebidos, bem como os compromissos assumidos pela organização. RECURSOS INFORMACIONAIS Considerando os equipamentos computacionais e os sistemas de apoio e de aplicação operacional. RECURSOS TECNOLÓGICOS Em que são considerados os conhecimentos adquiridos, os processos operacionalizados, os produtos e serviços desenvolvidos. RECURSOS MATERIAIS Compreendendo os equipamentos, bem como os materiais a serem transformados em produtos e serviços, os quais são oferecidos aos mercados; e RECURSOS ADMINISTRATIVOS Considerando metodologias e técnicas administrativas Os dois últimos elementos importantes que com- põem as atividades organizacionais são: (1) processos de transformação e (2) divisão do trabalho. Por meio do processo de transformação, a organização conse- gue com seus recursos (Figura 1) criar os produtos e serviços que serão oferecidos aos consumidores. As organizações apresentam um conjunto de processos para o desenvolvimento de suas ativida- des, e alguns destes processos são comuns a, prati- camente, todos os tipos de organizações – indepen- dentemente do porte, da estrutura e do segmento –, como o processo produtivo (em que ocorre a trans- formação da matéria-prima) e processos relaciona- dos à administração de recursos humanos (contrata- ção, capacitação e desligamento)(OLIVEIRA, 2012). Figura 1 - Recursos organizacionais / Fonte: Oliveira (2012, p. 21). 179 EDUCAÇÃO FÍSICA Já a divisão do trabalho, de acordo com Maxi- miano (2011b, p. 6) “é o processo que permite superar as limitações individuais por meio da especialização. Quando se juntam as tarefas es- pecializadas, realizam-se produtos e serviços que ninguém conseguiria fazer sozinho”. Com esta definição, é possível percebermos que a divisão do trabalho permite que produtos e serviços maiores e mais complexos sejam desenvolvidos pelo agrupamento de atividades realizadas por grupos ou pessoas distintas. FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS As funções organizacionais, de acordo com Maximiano (2011b) tratam-se das atividades especializadas que são executadas pelos cola- boradores da empresa. A maioria das empresas apresentam as mesmas funções organizacionais, sendo que as mais importantes são: produção (ou operações), marketing, pesquisa e desenvol- vimento, finanças e recursos humanos. O Qua- dro 2 apresenta, de maneira breve, as caracterís- ticas de cada uma destas funções. Funções Descrição Produção O objetivo básico da função de pro- dução é transformar insumos para fornecer o produto ou serviço da organização aos clientes usuários ou público-alvo. Há três tipos principais de processos produtivos: em massa, contínuo e unitário. Marketing O objetivo básico da função de marketing é estabelecer e manter a ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários ou público-alvo. Tanto as organizações lucrativas quanto as não lucrativas realizam atividades de marketing. Pesquisa e desenvolvi- mento O objetivo básico da função de pesquisa e desenvolvimento (P&D) é transformar as informações de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em produtos e serviços. A função de P&D tem, também, outras tarefas, como a identificação e a introdução de novas tecnologias. Finanças A função financeira cuida do dinheiro da organização e tem por objetivo a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, o que inclui a maximização do retorno dos acionis- tas, no caso das empresas. Recursos humanos A função de recursos humanos, ou de gestão de pessoas, tem como objetivos encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização ne- cessita. Isso envolve atividades que começam antes de uma pessoa ser empregada da organização e vão até depois de a pessoa se desligar. Quadro 1 - Funções organizacionais / Fonte: adaptado de Maximiano (2011b). Em maior ou menor medida, todas as organizações pos- suem departamentos específicos para cada uma destas funções (Quadro 1), pois por meio deles é que os produ- tos e serviços são desenvolvidos e comercializados. Um processo é um conjunto ou sequência de atividades interligadas, com começo, meio e fim, que utiliza recursos, como trabalho hu- mano e equipamentos para fornecer produ- tos e serviços. Um processo é a estrutura de ação de um sistema. Fonte: Oliveira (2012, p. 5). SAIBA MAIS 180 Como vimos na aula anterior, as empresas pos- suem diversas funções (normalmente, represen- tadaspor departamentos) cujas atividades são desenvolvidas em busca do objetivo maior da organização. Estas funções podem variar de uma empresa para outra, segundo Chiavenato (2014, p. 14), e, para Fayol, que é considerado um dos principais pensadores da área administrativa, os organizações possuem seis funções básicas: Processo administrativo 181 EDUCAÇÃO FÍSICA · Funções técnicas: relacionadas com a produ- ção de bens ou de serviços da empresa. · Funções comerciais: relacionadas com a com- pra, venda e permutação. · Funções financeiras: relacionadas com a pro- cura e gerência de capitais. · Funções contábeis: relacionadas com os inven- tários, registros, balanços, custos e estatísticas. · Funções de segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. · Funções administrativas: relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções administrativas, coordenam e sincronizam as demais funções (não administrativas) da em- presa, pairando sobre elas. Fayol também foi considerado o responsável pela criação do processo administrativo, que representa as atividades desempenhadas pelos administrado- res. De acordo com Sobral e Peci (2012), o proces- so administrativo de Fayol apresenta cinco etapas, sendo elas: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Este modelo é ainda adotado até os dias atuais, apresentando, algumas vezes, pequenas va- riações entre os autores (Quadro 3). FAYOL URWICK GULIK KOONTZ E O´DONNELL NEWMAN DALE Prever Investigação Previsão Planejamento Planejamento Planejamento Planejamento Planejamento Organizar Organização Organização Organização Organização Organização Comandar Coordenar Comando Coordenação Administração de pessoal Direção Coordenação Designação de Pessoal Direção Liderança Direção Controlar Controle InformaçãoOrçamento Controle Controle Controle Quadro 2 - O processo administrativo segundo clássicos e neoclássicos / Fonte: Chiavenato (2004, p.137). O processo administrativo pode sofrer variações concei- tuais de acordo com a evolução das teorias administrativas, no entanto, de maneira geral, o processo administrativo pode ser sintetizado em quatro prin- cipais elementos: planejamen- to, organização, direção e con- trole, conforme Figura 2. PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO CONTROLE - Definir missão - Formular objetivos - Definir os planos para alcançá-los - Programar as atividades - Dividir o trabalho - Designar as atividades - Agrupar as atividades em órgãos e cargos - Alocar recursos - Definir autoridade e responsabilidade - Designar as pessoas - Coordenar os esforços - Comunicar - Motivar - Liderar - Orientar - Definir padrões - Monitorar o desempenho - Avaliar o desempenho - Ação corretiva Figura 2 - Processo administrativo / Fonte: Chiavenato (2004, p. 138). 182 A seguir, analisaremos cada um destes proces- sos e identificaremos as principais característi- cas do processo administrativo e, consequente- mente, do administrador. PLANEJAR O processo de planejamento é considerado um dos mais importantes, pois é a partir dele que os de- mais processos administrativos serão realizados, assim, se o planejamento for realizado de maneira equivocada, a probabilidade de as atividades se- quenciais não atenderem às expectativas é maior. De acordo com Maximiano (2011c), o processo de planejamento envolve três etapas: Este processo, como dito anteriormente, é fundamen- tal para o processo administrativo como um todo, por- tanto, é crucial que seja desenvolvido de forma detalhada. DADOS DE ENTRADA: são as informações pertinentes para o desenvolvimento do planejamento, estas informações podem ter origem, tanto do passado, quanto do presente da organização. PROCESSO DE PLANEJAMENTO: esta é uma atividade bastante importante, porque é responsável pela transformação dos dados de entrada em informações para tomada de decisão. ELABORAÇÃO DE PLANOS: é o resultado do processo de planejar. ORGANIZAR Após a realização da primeira etapa, torna-se necessário que os recursos a serem utilizados pela empresa sejam disponibilizados de tal forma, que facilite a realização das ações que foram planejadas. Para Maximiano (2011c), a fase de organização pode ser realizada em quatro principais etapas: De maneira complementar, Chiavenato (2004) afirma que o processo de organização pode ser realizado por três atividades, sendo elas: (1) especialização, (2) departamentaliza- ção, (3) cargos e tarefas. DIVISÃO DO TRABALHO DEFINIÇÃO DAS RESPONSABILIDADES DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS DE AUTORIDADE DESENHO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 183 EDUCAÇÃO FÍSICA DIRIGIR Após a realização do planejamento e da organiza- ção das atividades e dos recursos, torna-se necessá- rio que as ações dos colaboradores sejam dirigidas, conforme o planejamento, e, normalmente, cabe aos cargos de liderança conduzir os colaboradores para o atingimento dos objetivos da organização. De acordo com Chiavenato (2004, p. 144) o processo de direção pode ser compreendido como: a função administrativa que se refere às rela- ções interpessoais dos administradores e seus subordinados. Para que o planejamento e a organização sejam eficazes, eles precisam ser dinamizados pela orientação a ser dada às pes- soas por meio de uma adequada comunicação e habilidade de liderança e motivação. Ainda de acordo com Chiavenato (2004), a direção pode ser realizada por três níveis de liderança, sendo eles: (1) nível global: nível estratégico (diretoria); (2) nível departamental: nível tático (gerentes); e nível operacional: nível de operações (supervisores e co- ordenadores). CONTROLAR A etapa de controle é a última atividade a ser reali- zada no conjunto de processos administrativos. Este processo tem como objetivo principal fazer com que as atividades sejam realizadas de acordo com o que foi planejado e organizado nas fases anteriores. Para Chiavenato (2004), o processo de controle é um ci- clo de quatro etapas, conforme Figura 3. Figura 3 - As quatro fases do controle / Fonte: Chiavenato (2004, p. 146). O início do ciclo dá-SE na fase de estabelecimen- to de padrões em que se busca determinar quais serão os padrões ou critérios que as atividades deverão seguir. Na observação do desempenho, deve-se mensurar o desempenho das atividades realizadas e, posteriormente, compará-las com o desempenho padronizado, por fim, na última eta- pa, busca-se implementar ações corretivas para fazer com que as atividades que estejam fora do padrão sejam reestruturadas. Estabelecimento de padrões Ação corretiva Observação de desempenho Comparação do desempenho com o padrão 184 De acordo com Neis e Pereira (2015, p. 181) “uma estrutura organizacional consistente se torna um pré-requisito para o bom desempenho da organiza- ção”, já para Blenko, Mankins e Rogers (2010) apud Neis e Pereira (2015, p. 181) “muitos executivos acreditam que a estrutura organizacional, princi- palmente aquelas descritas nos organogramas, têm papel determinante no desempenho das empresas”. Diante estas duas definições iniciais, nós formamos a base para compreendermos a importância da es- trutura organizacional para todo tipo de empreen- dimento, independentemente do seu porte e do seu segmento de atuação. Estrutura organizacional 185 EDUCAÇÃO FÍSICA A estrutura organizacional orientará sobre a for- ma com que os elementos e recursos organizacio- nais são utilizados, porque, pela ordem hierárquica, é possível desenvolver as estratégias e os planos para desenvolvimento da empresa. Oliveira (2014) apre- senta diversos tipos de estruturas organizacionais: • Funcional. • Por quantidade. • Por turno. • Localização geográfica. • Por clientes. • Por produtos ou serviços. • Por projetos. • Matricial. • Mista. Cada uma destas estruturas apresenta características, vantagens e desvantagens específicas e deve ser ado- tada de acordo o perfil da organização. A seguir, veri- ficaremos as característicasdas principais estruturas. ESTRUTURA FUNCIONAL Este é o tipo de estrutura mais comum entre as or- ganizações, principalmente as de pequeno porte. As atividades da organização são agrupadas de acordo com as funções possui (Figura 4). Diretoria- Geral Gerência de Produção Gerência Financeira Gerência de Marketing Gerência de Recursos Humanos Figura 4 - Departamentalização funcional / Fonte: Oliveira (2014, p. 129). Segundo Oliveira (2014), entre as principais van- tagens da departamentalização funcional estão: especialização do trabalho, mais estabilidade para o funcionário, mais segurança, é possível mais eco- nomia por meio da produção em massa, ideal para empresas com poucas mudanças e, por fim, é indi- cada para organizações com uma linha de produtos e serviços pequena, sem muita variação. Ainda de acordo com o autor, este tipo de estru- tura apresenta como desvantagem: a comunicação na organização é deficiente, não é adequada para empre- sas que trabalham voltadas a cumprimento de prazos e mais dificuldade para desenvolver um ambiente de inovação. De maneira resumida, Oliveira (2014, p. 132) afirma que este tipo de estrutura é indicada para empresas com atividades que sejam “bastante repe- titivas, altamente especializadas; e pouco integradas”. 186 ESTRUTURA POR PRODU- TOS OU SERVIÇOS Segundo Oliveira (2014), a estru- tura por produtos ou serviços é formatada baseada nos produtos e serviços que a empresa apresen- ta em seu portfólio (Figura 5). De acordo com Oliveira (2014), entre as principais vantagens que este tipo de estrutura apresenta para a organização estão: é possível a alocação de recur- sos específicos para cada produto ou serviço; mais coordenação entre os departamentos; o enfoque da empresa está nos produtos e serviços e favorece um ambiente de inovação. Ainda de acordo com o autor, entre as principais desvantagens estão: atividades duplicadas entre as várias linhas de produtos e a estrutura organizacio- nal que pode ficar desestabilizada, devido ao grande Gerência de Produtos Têxteis Gerência de Produtos Farmacêuticos Gerência de Produtos Químicos Diretoria- Geral Figura 5 - Departamentalização por produtos ou serviços / Fonte: Oliveira (2014, p. 138). Figura 6 - Departamentalização por projetos / Fonte: Oliveira (2014, p. 140). poder que os gerentes responsáveis pelos produtos ou serviços possuem, neste tipo de estrutura. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETOS De acordo com Oliveira (2014, p. 140), neste tipo de estrutura ou de departamentalização, “o gerente de projetos é responsável pela realização de todo o pro- jeto ou de uma parte dele; terminada a tarefa, o pes- soal que, temporariamente, havia sido destinado a ela é designado para outros departamentos” (Figura 6). Diretoria- Geral Diretoria Gerência Financeira Gerência de Marketing Gerência de Recursos Humanos Administração e Finanças Comercial Projetos Projeto A Projeto B Projeto C 187 EDUCAÇÃO FÍSICA Entre as principais vantagens deste tipo de estrutu- ra, de acordo com Oliveira (2014), são: alta respon- sabilidade da equipe do projeto; os colaboradores possuem grande conhecimento das atividades do projeto; equipes multidisciplinares; elevado nível de cumprimento dos prazos e dos orçamentos do projeto e melhor atendimento das necessidades do cliente. No entanto, mesmo diante inúmeras vanta- gens da estrutura por projetos, ainda assim, é possí- vel identificar algumas desvantagens, como aponta Oliveira (2014): caso o coordenador do projeto não esteja prestando atenção na parte administrativa, podem surgir recursos ociosos e, consequentemen- te, gerar gastos excessivos, falhas no sistema de co- municação e equipes muito grandes podem afetar a eficiência do projeto. Portanto, independentemente do tipo de estru- tura que a organização adote, é importante que esta estrutura esteja alinhada com as suas estratégias, com seu porte e com a sua cultura. Por exemplo, como nós vimos anteriormente, uma empresa que tem como filosofia a inovação, uma estrutura fun- cional não é a mais indicada, pois esta estrutura é rígida e não proporciona um ambiente adequado para inovação. Um projeto pode ser compreendido como “um esforço temporário empreendido para criar para criar um produto, serviço ou re- sultado exclusivo”. Fonte: Guia PMBOK (2013, p. 3). SAIBA MAIS 188 Ao pensarmos em empreendedorismo ou em indi- víduos empreendedores, não é incomum associar- mos a pessoas que se tornaram muito bem sucedi- das em suas atividades e que tiveram sorte em seus negócios. Nos últimos anos, principalmente após a abertura de mercado brasileiro para investimentos internacionais, na década de 90, passamos a ter mais contato com atividades empreendedoras e estraté- gias para desenvolver novos negócios. A partir de então têm surgido, além de ferramentas, institui- ções voltadas ao auxílio ao pequeno empreendedor, como o SEBRAE e o Instituto Endeavor. Caro(a) aluno(a), no início desta aula, associei a figura do empreendedor ao indivíduo de sorte, mas será que esta associação está correta? Pare por um instante e reflita. Bom, acredito que, assim como eu, você deve ter chegado à conclusão de que a sorte pode sim estar relacionada ao sucesso de um em- preendimento, no entanto, não se deve considerar um fator determinante, mas apenas um aspecto que pode contribuir para o empreendimento, pois, como veremos aqui, existem diversas ferramentas que po- dem auxiliar o empreendedor em sua jornada, prin- cipalmente no início das atividades. Empreendedorismo e plano de negócios 189 EDUCAÇÃO FÍSICA Antes de verificarmos algumas das ferramen- tas, compreenderemos o termo empreendedorismo. Este conceito, apesar de ter se tornado evidente e re- levante nas discussões atuais sobre negócios, é um tema, relativamente, incipiente no Brasil, sua defini- ção não é unânime, e alguns autores divergem sobre sua origem e compreensão. Para Shumpeter (1949) apud Dornelas (2018, p. 29), o empreendedor pode ser compreendido como “aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos pro- dutos e serviços, pela criação de novas formas de or- ganização ou pela exploração de novos recursos ma- teriais”. Para Biagio (2012, p. 3), empreendedorismo significa “executar, pôr em prática ou levar adiante uma ideia, com a intenção de atingir objetivos e re- sultados”. Portanto, com estas duas conceituações, nós conseguimos compreender que empreendedor é aquele indivíduo que transforma a realidade em que está inserido através da prática de alguma atividade. Para auxiliar o empreendedor no processo de desenvolvimento de seu negócio, algumas ferramen- tas e técnicas são importantes para que o empreen- dimento obtenha sucesso e que todo o planejamen- to seja executado da forma mais eficiente. Uma das mais importantes é o plano de negócios, conforme veremos a seguir. PLANO DE NEGÓCIOS Agora que entendemos que o empreendedor é aque- le que busca transformar a realidade em que está in- serido, é importante que analisemos as ferramentas que o empreendedor tem a sua disposição. Sem dú- vida, uma das mais utilizadas é o plano de negócios, que de acordo com Sertek (2012, p. 215): O plano de negócios é um documento que visa estruturar as principais ideias e opções que o empreendedor deve avaliar para decidir quanto a viabilidade da empresa a ser criada. Um bom plano de negócios é uma ferramenta importan- te para quem for empreender um negócio, pois ajuda a prever uma série de fatores. Prever as dificuldades auxilia a visão daquilo que ainda não vislumbra muito bem, daquilo de que ain- da não se tem perspectiva. Portanto, por meio deste documento, o empreen- dedor tem informações importantes sobre o negó- cio que pretende criar, como também do mercado em que atuará. Por exemplo, um empreendedor, ao identificar uma oportunidade na área da saúde, de- cide criar uma empresa para atender a esta demanda e, para isso, desenvolve um planode negócios. Este plano, se bem elaborado, fornecerá informações relevantes para o empreendedor, como os concor- rentes, perfil dos consumidores, principais fornece- dores, retorno financeiro e total de investimentos. Portanto, este plano é um aliado importantíssimo para empreendedor, principalmente na fase inicial de planejamento e levantamento das informações. Um negócio bem planejado terá mais chances de sucesso do que aquele sem planejamento, na mesma igualdade de condições. (José Dornelas) REFLITA 190 Estrutura de um plano de negócios De acordo com Dornelas (2018), um plano de negó- cios não segue estrutura rígida, pois não existe um modelo único em que deve ser aplicado a todo tipo de negócios. A flexibilidade é possível e necessária, pois um plano de negócios voltado a uma empresa prestadora de serviços de saúde necessita de infor- mações diferentes de uma empresa produtora de ali- mentos, por exemplo. Portanto, baseando-se nesta premissa, analisaremos um modelo voltado a em- presas prestadoras de serviços. Este modelo é indicado para pequenas empresas manufatureiras, no entanto, vale a ressalva de que este modelo não é padrão e, caso você julgue neces- sário, as adaptações são permitidas e, muitas vezes, necessárias. Mas vamos analisar, brevemente, este modelo (Quadro 4). Componente Descrição 1. Capa A capa, apesar de não parecer, é uma das partes mais importantes do plano de negócios, pois é a primeira parte visualizada por quem o lê. 2. Sumário Deve conter o título de cada seção do plano de negócios e a página respectiva na qual se encontra, bem como os principais assuntos relacio- nados em cada seção. 3. Sumário Executivo É a principal seção do plano de negócios, pois fará o leitor decidir se continuará ou não a ler o documen- to. Portanto, deve conter uma síntese das principais informações do plano. Componente Descrição 4. Análise estratégica São definidos os rumos da empre- sa, sua visão e missão, situação atual, as potencialidades e ameaças externas, forças e fraquezas, objeti- vos e metas de negócio. 5. Descrição da empresa Deve-se descrever a empresa, seu histórico, crescimento, faturamen- to dos últimos anos, razão social, impostos, estrutura organizacional e jurídica, localização, parcerias, certificações de qualidade, serviços terceirizados etc. 6. Produtos e serviços Esta seção do plano de negócios é destinada aos produtos e serviços da empresa: como são produzidos, quais os recursos utilizados, o ciclo de vida etc. 7. Recursos humanos Aqui devem ser apresentados os planos de desenvolvimento e trei- namento de pessoal da empresa. 8. Análise de mercado O autor do plano de negócios deve mostrar que os executivos da empre- sa conhecem muito bem o mercado consumidor de seu produto/serviço. 9. Marketing Deve-se mostrar como a empresa pretende vender seu produto/servi- ço e conquistar clientes. 10. Plano financeiro Deve apresentar em números todas as ações planejadas para a empresa e as comprovações, por meio de projeções futuras. 11. Anexos Esta seção deve conter informa- ções adicionais, julgadas relevantes para o melhor entendimento do plano de negócios. Quadro 3 - Modelo de plano de negócios / Fonte: Adaptado de Dornelas (2018, p. 97-100). 191 EDUCAÇÃO FÍSICA O modelo do plano do negócio dependerá do ob- jetivo do empreendedor com sua elaboração, assim como o tamanho do plano. De acordo com Degen (2009), para determinar o tamanho do plano de ne- gócios, é importante levar em consideração dois as- pectos. Primeiro deve-se identificar qual o público que o lerá, segundo, o plano deve ser o mais objeti- vo possível. Complementarmente, Dornelas (2018) sugere três tamanhos de planos: plano de negócios completo (de 15 a 40 páginas); plano de negócios resumido (de 10 a 15 páginas); e plano de negócios operacional (é o mais curto e dependerá das neces- sidades da organização). Quer uma ajuda para preencher o seu pla- no de negócios? Em um vídeo breve, eu te oriento com um passo a passo. Vamos lá? https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2653 192 considerações finais Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa unidade, este capítulo teve como principal objetivo trazer conceitos iniciais sobre administração, gestão e empreendedorismo, possibilitando, por meio de um panorama geral, a compreensão das principais ati- vidades inerentes ao exercício da gestão e também dos ferramentais indispensáveis para a realização das atividades de um empreendedor. No primeiro tópico, foram discutidas as características principais de uma organiza- ção e vimos, também, quais são seus três elementos fundamentais que compõem as atividades de uma organização. A transformação é a etapa mais importante de todo o processo organizacional, pois é nesta fase que há a união dos recursos organizacionais (pessoas, informações, matéria-prima) com as ferramentas e técnicas de produção para a criação do produto da empresa. No segundo tópico, nós analisamos o processo administrativo, que foi desenvolvido por Henry Fayol para determinar as atividades inerentes ao administrador. As fases de prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, como vimos, tornaram-se fundamentais para o exercício das atividades de gestão em uma organização. No terceiro tópico, verificamos quais são os principais tipos de estruturas organiza- cionais e as características mais relevantes de cada um deles. Vimos também que cada modelo apresenta vantagens e desvantagens, cabendo ao gestor definir qual estrutura é a mais adequada para a organização. No quarto e último tópico, nós abordamos o conceito de empreendedorismo, suas principais características e demos foco no desenvolvimento do plano de negócios, que pode ser considerado uma das ferramentas mais importantes para o empreendedor no processo de planejamento do empreendimento. Portanto, esperamos que esta unidade tenha contribuído para a sua compreensão dos principais aspectos da administração e do empreendedorismo e o quanto são processos importantes para a realização das atividades profissionais. 193 atividades de estudo 1. De acordo com Maximiano (2011, p. 3) as organizações podem ser compre- endidas como “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo [...] além de recursos, as organizações têm outros dois componentes importantes: processos de transformação e divisão do trabalho”. Neste senti- do, quais são os tipos de recursos organizacionais? 2. As empresas possuem diversas funções (normalmente, representadas por departamentos), onde as atividades são desenvolvidas em busca do objeti- vo maior da organização. Estas funções podem variar de uma empresa para outra. Neste contexto, descreva as seis funções básicas de uma organização segundo Fayol. 3. De acordo com Biagio (2012, p. 3), empreendedorismo significa “executar, pôr em prática ou levar adiante uma ideia, com a intenção de atingir objetivos e resultados”, no entanto, o empreendedor, antes de executar seu empreendi- mento, precisa planejar o negócio, e uma das principais ferramentas para esta atividade é o plano de negócios. Neste sentido, explique o que é um plano de negócios? 4. A administração pode ser compreendida a partir da definição do processo administrativo, que é um conjunto de processos aplicados no exercício da fun- ção do administrador. Assim, descreva os elementos do processo administra- tivo apresentado por Fayol. 5. De acordo com Neis e Pereira (2015, p. 181) “uma estrutura organizacional consiste se torna um pré-requisito para o bom desempenho da organização”, neste sentido indique e descreva qual estrutura organizacional é a menos apropriada para organizações que buscam inovação. 194 LEITURA COMPLEMENTAR COMO A SMARTFIT MANTÉM O SENTIMENTO DE “DONO” CONTRATANDO 2.200 PESSOAS POR ANO A cada ano, contratamos mais de 2.000 pessoas. E o nosso segredo para manter a excelência no nível de atendimento ao cliente pode ser resumidoem duas palavras: propósito e missão. Recentemente, dei uma mentoria coletiva para a turma de empreendedores do Algar Ventures Open, um programa de aceleração da Algar Ventures em parceria com a En- deavor. Foi uma conversa bastante enriquecedora, na qual pude compartilhar algumas lições que aprendi ao longo desses anos à frente da rede de academias SmartFit e da Bio Ritmo. E um dos aprendizados mais significativos — que suscitou dúvidas não só na mentoria, mas em vários outros eventos de que participo — diz respeito à preparação de uma equipe que cresce num ritmo vertiginoso. Como orientar novos colaboradores, que chegam em grande número, para manter o ní- vel de qualidade do atendimento? Acredite, este é um desafio que na Smart Fit conhece- mos muito bem. Temos 263 unidades só aqui no Brasil, e 100 em sete países diferentes. Contratamos cerca de 2.200 pessoas por ano e, para reuni-las em torno dos mesmos objetivos, da mesma cultura, precisamos de algo extremamente simples, poderoso, que alinhe toda a equipe no mesmo caminho. É sobre isso que quero falar agora. Engajamento rumo ao propósito e à visão Tudo, como você deve saber, começa com um propósito. Mas um propósito verdadeiro, de realmente transformar a sociedade — se você pensar só em dinheiro, é bem prová- vel que não chegue a lugar nenhum. Por outro lado, se encontra um propósito sincero e legítimo, você terá uma visão clara. E são ambos, propósito e visão, que poderão en- gajar o time rumo aos objetivos da empresa, situando os colaboradores de seus papéis para que a missão seja cumprida. 195 LEITURA COMPLEMENTAR Lá no começo, claro, nós tínhamos Missão, Visão e Valores, mas nem eu me lembrava direito de quais eram. E isso era indicativo: se eu não me lembrava, como os funcioná- rios se lembrariam? Pior, como se engajariam? É aqui que entra aquela simplicidade de que falei - quanto mais simples o propósito, mais poderoso, mais fácil de gerar envolvimento. Naquele momento, precisávamos achar aquilo que realmente queríamos fazer, de modo que os colaboradores quises- sem fazer parte disso, dessa visão. Chegamos, então, a uma formulação que resume o nosso trabalho: mudar a vida das pessoas, democratizando o fitness de alto padrão. Isso é sincero e tem potencial para conectar, gerar compromisso, mas não foi fácil elaborar este propósito: demorou anos até encontrarmos a frase ideal. Precisa fazer sentido Este é outro ponto fundamental. A imensa maioria dos nossos colaboradores é jovem, da chamada geração millenium. Para esta turma, o trabalho precisa fazer sentido, é fundamental que gere o sentimento de “dono”, o pessoal precisa querer fazer parte. Em nosso caso, criamos formas de mostrar que os funcionários - tanto os que entram como os que já estão aqui - exercem papel fundamental naquele propósito que men- cionei antes. Desde vídeos inspiradores, com depoimentos de pessoas que, em outros tempos, não poderiam acessar o fitness de alto padrão, até em processos de desenvol- vimento de líderes, em que priorizamos o lado humano: tudo é feito de forma a trans- mitir esta cultura. Passá-la adiante é obrigação de todo mundo. Valorização sem bônus monetário Dentro deste processo, o reconhecimento dos profissionais é fator-chave de sucesso. Realizamos a medição do desempenho por meio de NPS (Net Promotion Score, metodolo- gia criada para medir o grau de satisfação e a fidelidade dos consumidores de qualquer 196 LEITURA COMPLEMENTAR tipo de empresa) para cada unidade. Isso significa que não tem dinheiro no meio: os profissionais são reconhecidos por fazerem o melhor atendimento ao cliente. A nosso ver, e na nossa estrutura, o critério monetário é mais complicado de ser utilizado como reconhecimento. Afinal, os valores podem mudar rapidamente, de um dia para o outro. É evidente que a pessoa deve ter um bom salário, mas o reconhecimento do cliente acentua aquela questão do “fazer parte”, do “fazer sentido”. E o cuidado com o ser humano também compõe esse processo: o líder da unidade precisa saber da vida do funcionário, de sua his- tória. É aquela história de “walk the talk”: de nada adianta querer mudar a vida das pessoas, se isso não vale para a própria estrutura da empresa. Temos que praticar o que pregamos. Importância da diversidade Um último ponto que quero abordar nesse processo de preparação da equipe é a diver- sidade. É indispensável atentar para isso, porque a homogeneidade pode trazer proble- mas. Vem daí a importância de haver esse approach humano, de buscar as histórias das pessoas, e entender de que forma uma pessoa pode contribuir para o negócio, para o propósito, é fundamental. Os tímidos, por exemplo, muitas vezes, numa estrutura mais homogênea, acabam sendo solapados, o que pode ser um desperdício, porque eles podem agregar muito ao negócio. Por isso, deve-se estimular a conversa, a aproxima- ção entre as pessoas para que elas acabem se soltando. Às vezes, o colaborador não é tímido, ele está tímido porque não tem a oportunidade de ser ele mesmo e, ao não estimular esta abertura, podemos perder um profissional de grande potencial. Claro que esses aprendizados que compartilho com você surgiram na base da tentativa e do erro. Nós erramos muito, antes de começar a acertar, e ter esta consciência faz parte do processo. O que não faz parte é insistir no que não dá certo. E este é um último aprendizado que gostaria de compartilhar: o líder deve perguntar muito mais do que falar. Deve entender que todo mundo precisa participar, e o fato de realmente ouvir o que a equipe tem a dizer é que realmente gerará engajamento. Fonte: Endeavor (2017, on-line)16. 197 material complementar Jobs Ano: 2013 Sinopse: de hippie sem foco nos estudos a líder de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Este é Steve Jobs (Ashton Kutcher), um sujeito de perso- nalidade forte e dedicado, que não se incomoda de passar por cima dos outros para atingir suas metas, o que faz com que tenha dificuldades em manter relações amorosas e de amizade. Indicação para Assistir Administrando Micro e Pequenas Empresas Beatriz Jackiu Pisa e Antonio Barbosa Lemes Júnior Editora: Campus Sinopse: “Administrando Micro e Pequenas Empresas” é um livro que pretende levar o leitor a refletir sobre o papel dos pequenos negócios, seus desafios e suas conquistas. Seu conteúdo traz exemplos reais, amparados por informações técni- cas e embasamento científico, que ensinam como enfrentar o dia a dia das micro e pequenas empresas. Indicação para Ler Edgar Corona sempre foi um atleta de primeira linha, mas acabou seguindo carreira como engenheiro químico. Nesta palestra inspiradora, conta como, após um acidente de ski, resolveu reviver seu hobby na forma de um novo empreendimento. Mas, como ele mesmo diz: “Se você tem um hobby, cuidado ao trans- formá-lo em um negócio: você pode ficar com raiva do hobby”. Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=vuA4fJ8_SQQ&t=291s>. Indicação para Acessar 198 gabarito 1. Recursos humanos, recursos financeiros, re- cursos informacionais, recursos tecnológicos, recursos materiais, recursos administrativos. 2. Funções técnicas, funções comerciais, funções financeiras, funções contábeis, funções de se- gurança, funções administrativas. 3. O plano de negócios é um documento que visa estruturar as principais ideias e opções que o empreendedor deve avaliar para decidir quan- to à viabilidade da empresa a ser criada. 4. Os cinco processos apresentados por Fayol são: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Este modelo é ainda adotado até os dias atuais apresentando, algumas vezes, pe- quenas variações entre os autores. 5. A estrutura funcional é a menos indicada para empresas que buscam a inovação, pois esta es- trutura é indicada para empresas com ativida- des que sejam bastante repetitivas, altamente especializadas e pouco integradas. 199 referências AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE(ACSM). ACSM’s health/Fitness facility standards and guidelines. 15. ed. Illinois: Human Kinetics, 2018. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2016. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Diretrizes do ACSM para os Testes de Esforço e sua Prescrição. 10. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2018. ANDREASSON, J; JOHANSSON, T. The fitness revolution: historical transforma- tions in the global gym and fitness culture. Sport Science Review, v. 23, p. 91-112, 2014. ARMBRUSTER, B.; GLADWIN, L. A. More than fitness for older adults: a “wholeis- tic” approach to wellness. 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É interessante destacar que o conteúdo das atividades de academia foi abor- dado numa perspectiva ampla, desde as atividades físicas em si até as técnicas de administração mais relevantes para o profissional empreendedor. Isso foi neces- sário para demonstrar a grandiosidade do tema e dar um passo adiante em nosso entendimento, muitas vezes, fragmentado. Assim sendo, tratamos no início do conteúdo geral das atividades de academia, fa- zendo um resgate histórico deste local de exercícios físicos e apresentando as principais atividades ofertadas, sendo elas atividades físicas, ou não, em uma academia de ginás- tica. Trazer as atividades não físicas presentes nas academias é uma forma de quebrar o paradigma de que a academia é um local onde só se pratica exercícios físicos. Num segundo momento do livro, nossa atenção foi voltada, apenas, para os conhecimentos que permeiam as ginásticas de academia. Foi uma ótima oportuni- dade de discutir com você conhecimentos relacionados à própria história da Edu- cação Física, à fisiologia humana, ao treinamento esportivo e à rítmica e dança. No final desta obra, para completar o nosso raciocínio de totalidade do con- teúdo, foram apresentados os conceitos iniciais sobre administração, gestão e em- preendedorismo. Isso com a finalidade de lhe apresentar as principais atividades inerentes ao exercício da gestão bem como das ferramentas indispensáveis para a realização das atividades de um empreendedor. Acreditamos que são muitas informações, mas fique tranquilo(a), o conheci- mento se consolida à medida que você o estuda várias vezes e o põe à prova. Desejamos a você sucesso na sua formação e qualificação profissional! UNIDADE I A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS História da Academia de Ginástica Fitness e Wellness Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica UNIDADE II INTRODUÇÃO A GINÁSTICA DE ACADEMIA Aspectos Históricos da Ginástica de Academia Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício Elementos Musicais na Ginástica de Academia UNIDADE III MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA Modalidades que não fazem o uso de equipamentos Modalidades que fazem o uso de equipamentos Modalidades Aquáticas de ginástica de academia UNIDADE IV PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA Treinamento Desportivo e a ginástica de academia Planejamento e Organização de uma aula de ginástica de academia Elementos para um coaching de excelência UNIDADE V GESTÃO E EMPREENDEDORISMO Administração e seus principais conceitos Processo administrativo Estrutura organizacional Empreendedorismo e plano de negócios Button 1: Botão 2: