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Faculdade da Serra Gaúcha - FSG
Direito
Ramon Gonzalez
O Policiamento de Investidura Militar como Modalidade Indispensável ao Cenário Nacional
Caxias do Sul
2021
Ramon Gonzalez
O Policiamento de Investidura Militar como Modalidade Indispensável ao Cenário Nacional
Monografia apresentada como exigência para obtenção do grau de Bacharelado em Direito da Faculdade da Serra Gaúcha - FSG.
Orientador: Marcos Rogerio Peroto
Caxias do Sul 2021
ERRATA
FOLHA DE APROVAÇÃO
Folha Linha Onde se lê Leia-se
Dedico este trabalho aos policiais militares guardiões perenes da sociedade.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelas virtudes que me foram passadas.
Aos meus irmãos, pela constante parceria e instigação.
Ao meu amor, Cláudia por toda a compreensão e apoio.
Ao professor e orientador Marcos Rogerio Peroto, por despertar-me tanto interesse no universo do direito penal.
"O amor pela pátria é a primeira virtude do homem civilizado."
— Napoleão Bonaparte
RESUMO
Esta monografia é o resultado de uma análise acerca do modelo brasileiro de policiamento de investidura militar que embora amplamente adotado ao redor do mundo enfrenta intensas críticas por meio de inúmeras falácias por um número cada vez maior de pessoas que mesmo imersas na desinformação e em conceitos pré estabelecidos direcionam críticas sem fundamentos concretos ou qualquer embasamento sócio-cultural. Observaremos inicialmente a origem da Polícia Militar no Brasil, que remonta ao período colonial, além de suas características mais marcantes. Em seguida, através de uma análise do contexto social baseada em recortes da imprensa e publicações de ilustres autores e profissionais da área será resguardado o atual modelo de policiamento. Por fim, será apresentado um formulário avaliando através de gráficos diferentes percepções dos cidadãos das diferentes regiões do Brasil em relação ao atual sistema de policiamento ostensivo estadual.
Palavras-chave: policiamento, investidura militar, policiamento ostensivo.
ABSTRACT
This monograph is the result of an analysis of the Brazilian model of military investiture policing which, although widely adopted around the world, faces intense criticism through countless fallacies by an increasing number of people who, even immersed in disinformation and in previously established concepts direct criticism without concrete foundations or any socio-cultural basis. We will initially observe the origin of the Military Police in Brazil, which dates back to the colonial period, in addition to its most striking features. Then, through an analysis of the social context based on press clippings and publications by distinguished authors and professionals in the field, the current policing model will be safeguarded. Finally, a form will be presented evaluating, through graphs, different perceptions of citizens from different regions of Brazil in relation to the current state ostensible policing system.
Keywords: policing, military investiture, ostensive policing. 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Criação das divisões militares de guarda real de polícia nas províncias brasileiras
Figura 2: Mapa mundi dos modelos de policiamento no mundo 
Figura 3: Cadeia de comando e função na Polícia Militar
Figura 4: Ciclo completo de Polícia.
Figura 5: Ciclo incompleto de Polícia.
Figura 6: Efetivo da Polícia Militar no Brasil em 2020.
Figura 7: Característica psicológica – Capacidade de manter controle em situações de estresse
Figura 8: Característica psicológica – Controle Emocional (Autocontrole)
Figura 9: Característica psicológica – Agressividade
Figura 10: Característica psicológica – Sociabilidade (Relacionamento Interpessoal)
Figura 11: “Criança realiza sonho de ser policial por um dia”
Figura 12: Sargento diana, que atua no planalto norte do estado é a primeira trans a defender, com orgulho, a farda da pm em sc.
Figura 13: PM que matou assaltante na porta de escola em SP é eleita deputada federal
Gráfico 1: Sexo (218 respostas)
Gráfico 2: Você serviu às forças armadas aos 18 anos? (92 respostas)
Gráfico 3: Você é natural de que região do país? (218 respostas)
Gráfico 4: Em qual estado do Brasil (UF) você mora atualmente? (218 respostas)
Gráfico 5: Qual é a sua cor ou raça/etnia? (218 respostas)
Gráfico 6: Orientação sexual (218 respostas)
Gráfico 7: Qual área profissional você atua? (214 respostas)
Gráfico 8: A Qual classe social você se enquadra? (214 respostas)
Gráfico 9: Qual a sua faixa etária? (218 respostas)
Gráfico 10: Sobre o período denominado Regime Militar: (Pergunta respondida apenas pela faixa etária acima de 40 anos; 76 respostas)
Gráfico 11: Você já vivenciou uma abordagem da Polícia Militar? (218 respostas)
Gráfico 12: No geral como você se sentiu em relação as abordagens que vivenciou? (114 respostas)
Gráfico 13: Alguma vez precisou acionar os serviços da Polícia Militar? (218 respostas)
Gráfico 14: No geral qual o nível de satisfação com os serviços prestados? (130 respostas)
Gráfico 15: Você tem algum parente/amigo próximo que faz parte da corporação (Polícia Militar)? 218 respostas
Gráfico 16: Você acha que a corporação (Polícia Militar) deveria ser desmilitarizada? (218 respostas) 218 respostas
Gráfico 17: Para você qual o nível de segurança que a presença de um Policial Militar transmite ao ambiente? (218 respostas)
Gráfico 18: O que você sente quando escuta uma viatura da Polícia Militar se aproximando? (218 respostas)
Gráfico 19: Sobre o efetivo da Polícia Militar: (218 respostas)
Gráfico 20: Você é a favor de unificarem a Polícia Militar com a Polícia Civil? (218 respostas) 
Gráfico 21: Você concorda que deveriam exigir ensino superior para ingressar na Polícia Militar? (212 respostas)
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Quadro 1: Principais países e seus modelos de policiamento no mundo
Quadro 2: Disciplinas atinentes aos direitos humanos do CFO da Brigada Militar – RS.
Quatro 3: Disciplinas atinentes aos direitos humanos do CFSD da Brigada Militar – RS.
Quadro 4: Efetivo da Polícia Militar nos estados da federação em 2020.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CFO – Curso de Formação de Oficiais.
cb. – Cabo.
DIE/ APMT – Direção de Instrução e Ensino/ Academia de Polícia Militar da Trindade.
h/a - Horas-aula.
H – Horas-aula.
FAPOM-SC – Faculdade da Polícia Militar de Santa Catarina.
ATF – Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives.
G-Mans – Polícia do tesouro dos EUA.
EUA – Estados Unidos da América.
DEA – Drug Enforcement Administration.
Marshals – A polícia estadounidense mais antiga.
FBI – Federal Bureau of Investigation.
PM – Polícia Militar.
MG – Minas Gerais (estado brasileiro).
PA – Pará (estado brasileiro).
BA – Bahia (estado brasileiro).
PE – Pernanbuco (estado brasileiro).
IGPM – Inspetoria Geral das Polícias Militares.
CF/1988 – Constituição Federal do Brasil de 1988.
PMs – Policiais militares.
DOPS – Departamento de Ordem Política e Social.
DOPS-SP – Departamento de Ordem Política e Social do estado de São Paulo.
ONU – Organização das Nações Unidas.
EPU – Exame Periódico Universal.
UPP – Unidade de Polícia Pacificadora.
CBFPM – Curso Básico de Formação Policial Militar. 
CSPM – Curso Superior de Formação Policial Militar.
SWAT – Special Weapons and Tactics.
COT – Comando de Operações Táticas.
CORE - Coordenadoria de Recursos Especiais (unidade especial da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro).
RS – Rio Grande do Sul (estado brasileiro).
SC – Santa Catarina (estado brasileiro).
Art. – Artigo
PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência.
DARE – Drugs Abuse Resistence Education.
BM – Brigada Militar.
G1 - Portal de notícias da Globo.
Trans. – Transexual.
APMT – Academia de Policia Militar da Trindade.
MPM – Ministério Público Militar.
IPM – Inquérito Policial Militar.
CPPM – Código de Processo Penal Militar.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................182 POLICIAMENTO DE INVESTIDURA MILITAR.............................................20
2.1 Polícia militar: Uma história de dois séculos.........................................20
2.1.1 Império....................................................................................................20
2.1.2 República................................................................................................21
2.1.3 Regime militar........................................................................................21
2.1.4 Pós constituição cidadã........................................................................22
2.2 Polícias no mundo....................................................................................22
2.2.1 Polícias militarizadas.............................................................................23
2.2.1.1 Como são formados os oficias que comandam a Polícia Militar...27
2.2.1.2 Como são formados os soldados que executam as missões........28
2.2.2 Polícias não militarizadas.....................................................................28
2.2.2.1 A polícia dos EUA como modelo para a unificação das polícias militar e civil....................................................................................................29
2.3 Polêmicas sobre a polícia militar............................................................30
2.3.1 Grupos de extermínio no regime militar..............................................30
2.3.2 A origem da PM no regime militar........................................................31
2.3.3 A ONU pediu o fim da Polícia Militar?..................................................31
2.4 Ideologia militar X Investidura militar.....................................................34
2.5 Polícia ostensiva X Policiamento ostensivo..........................................34
3 A POLÍCIA MILITAR COMO CORRELIGIONÁRIA FIEL DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS..........................................................................36
3.1 Força auxiliar - Reserva do exército.......................................................36
3.2 Uma polícia sempre pronta......................................................................37
3.3 O constituinte votou pela Polícia Militar.................................................40
3.3.1 A proposta de unificação das policias estaduais...............................41
3.4 Princípios constitucionais.......................................................................41
3.4.1 Garantia da ordem pública....................................................................41
3.4.1.1 Hierarquia e Disciplina.......................................................................42
3.4.1.2 Desconcentração das forças.............................................................43
3.4.2 Proteção da incolumidade das pessoas..............................................43
3.4.2.1 Dignidade da pessoa humana...........................................................44
3.4.3 Princípios esparsos...............................................................................44
3.5 A função residual da Polícia Militar.........................................................45
3.5.1 A evolução das estratégias policiais...................................................47
3.5.1.1 PROERD...............................................................................................47 
3.5.1.2 Polícia comunitária.............................................................................47
3.5.1.3 COVID-19 e atuação policial militar...................................................49 
3.6 A egéria concepção das instituições militares......................................49
4 O POLICIAL MILITAR COMO DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS........................................................................................................51
4.1 Na linha de frente......................................................................................51
4.2 A bravura como relevante valor social...................................................52
4.3 Justiça militar............................................................................................52
4.4 Instituição mais vigiada............................................................................53
4.5 A primeira policial Transexual: superação de paradigmas..................53 
4.6 A responsabilidade das corregedorias da Polícia Militar.....................54
4.6.1 A letalidade na Instituição.....................................................................54
4.7 Regulamento disciplinar muito obsoleto; rígido....................................58
4.8 Convicção popular....................................................................................59
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA: VOCÊ É A FAVOR OU CONTRA O FIM DA POLÍCIA MILITAR?........................................................60
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICE
ANEXOS
1 INTRODUÇÃO
Hoje em dia uma quantidade significativa de pessoas crê precipitadamente na idealização do fim das Polícias Militares como um meio para a obtenção de uma instituição civil e unificada, com o fim de atingir uma primazia na segurança pública, a despeito dos constantes esforços do atual sistema no objetivo comum. 
A popularidade da corporação - que é hoje a mais antiga dentre todas que atuam na segurança pública, desde os tempos remotos do império cruzando revoltas e guerras da qual participou ativamente em defesa dos ideais nacionais – se vê em declínio.
Dentre alguns dos projetos democratizantes implantados pela corporação a fim de estreitar laços com a sociedade civil, e contornar a situação, podemos citar a polícia comunitária implantada de forma eficaz em estados como o Rio Grande do Sul e a Rede de vizinhos no estado de Santa Catarina, entre outros.
O modelo latino de policiamento militarizado é hoje um sistema amplamente adotado ao redor do mundo, e respaldado por especialistas; mesmo assim o atual modelo de policiamento adotado pelos estados brasileiros encontra opositores tanto nos meios acadêmico, político e de comunicação dentro e fora de nossas fronteiras.
Dentre as falácias difundidas sobre o atual sistema, a grande maioria baseia-se em fatos errôneos e equivocados que constroem um preconceito em busca de subverter a missão constitucional da instituição e desvirtuar seus valores.
O primeiro objetivo do presente trabalho consiste em trazer à tona um pouco do contexto histórico da corporação a nível nacional, demonstrando a contribuição dispensada pelos integrantes da Polícia Militar ao longo dos séculos; em seguida o tema perpassa uma linha através dos trilhos da história que a conduz à constituição cidadã – constituição essa que até mesmo ampliou as funções da Polícia Militar durante a constituinte de 1988 e que é sua fiel seguidora desde então - para isso será realizado um estudo através de recortes da imprensa, veículo que retrata a segurança pública em primeira mão, e do minucioso estudo acerca do modelo latino de policiamento de investidura militar no Brasil e no mundo, embasando-se na visão de ilustres autores e em contextos sociais diversificados através de uma pesquisa realizada de modo virtual com mais de 200 pessoas ao redor de 17 estados do Brasil. 
As argumentações levantadas pelos opositores contra o atual sistema de policiamento de investidura militar receberão especial atenção ao tratarmos da matéria ao longo do capítulo três, onde se dissipara a turva perspectiva que paira sobre a imagem do famigerado policial militar.
2 POLICIAMENTO DE INVESTIDURA MILITAR
Em princípio deve-se conhecer mais acerca do termo policial, uma vez que difere muito ao longo da história e ao redor do mundo. O significado de polícia é explicado por Monet (c2001):
A polícia representa uma forma particular de ação coletiva organizada em uma pluralidade de atividades distintas. Este tipo particular pertence a administração pública em que a hierarquia e disciplina,entre outras características, revela sua estrutura burocrática, na maioria das vezes advinda de modelos militares. A polícia pertence ao universo social e mental da comunidade, tem notável poder de persuasão, atuando para manter a ordem pública e de proteção das pessoas e dos bens contra os atos ilegais, detendo o monopólio do uso legítimo da força.
Complementando a descrição acima, Swanson (c1998), nos traz características do tradicional policiamento militar, muito difundido no mundo e basicamente o preponderante:
Estão baseadas em uma tradição militar herdada pela polícia, espelhada em sua estrutura operacional que replica o modelo militar (guarnição, pelotão, companhia, batalhão, comando) de unidades com 100 a 250 policiais, supervisão centrada na hierarquia e disciplina; normas bem delineadas com jornada de trabalho de 8 horas com comando único, quase sempre um oficial, responsável por operações pré-determinadas e rotineiras; os atendimentos são baseados no primeiro carro disponível para a chamada pelo rádio de acordo com a prioridade do momento; os policiais periodicamente são transferidos para novos batalhões ou serviços; unidades policiais especiais (choque, rondas ostensivas, resgate, etc.) operam sem informações dos policiais que trabalham na área; as relações com a comunidade são formais para a manutenção da imagem da polícia; prevalecem as ações reativas (atendimento a chamadas) e repressivas (revistas de suspeitos e interrogatórios); e na maioria dos casos o planejamento é centralizado, com as ordens seguindo pelos canais competentes do topo para a base.
2.1 Polícia Militar: uma história de dois séculos
2.1.1 Império
De acordo com o sítio eletrônico Senado Notícias, há um grande percentual da população que acredita que a Polícia Militar foi criada na ditadura militar quando na verdade apenas foi reestruturada no referido período, uma vez que é originária de uma longa trajetória desde a chegada do rei de Portugal em 1808 até os dias atuais, sua história atravessa nada menos que 2 séculos; naquela época a ideia inicial era criar uma guarda similar à de Portugal que protegesse a nobreza, entretanto com o crescimento populacional foi necessária sua ampliação para manter a ordem nas províncias; é possível saber mais acerca da criação dessa guarda na precisa descrição do próprio sítio eletrônico Senado Notícias:
Na época, a chamada Guarda Real de Polícia de Lisboa permaneceu em Portugal. Assim, um ano após a chegada da corte lusitana, foi criado um corpo equivalente no Rio de Janeiro, batizado de Divisão Militar da Guarda Real de Polícia do Rio de Janeiro, que adotava o mesmo modelo de organização da guarda portuguesa, usava os mesmos trajes e armas e já tinha estrutura militarizada, com companhias de infantaria e de cavalaria.
Figura 1: Criação das divisões militares de guarda real de polícia nas províncias brasileiras.
Fonte: Autoria própria.
2.1.2 República
Ainda de acordo com informações do sítio eletrônico Senado Notícias:
Após a proclamação da República, em 1889, foi acrescentada a designação “Militar” àquelas corporações, que passaram a ser conhecidos como Corpos Militares de Polícia. Em 1891, a partir da promulgação da Constituição republicana, os estados (antigas províncias) passaram a gozar de mais autonomia e puderam organizar melhor seus efetivos, adotando até denominações diversas, como Batalhão de Polícia, Regimento de Segurança e Brigada Militar. A denominação "Polícia Militar" só foi padronizada mesmo em 1946, com a Constituição após o Estado Novo. Todos as unidades federadas adotaram o termo, com exceção do Rio Grande do Sul, que até hoje mantém o nome Brigada Militar em sua força policial.
2.1.3 Regime Militar
Durante o regime que perdurou de 1964-1985, ocorreram mudanças a nível de reestruturação, em uma classificação hierárquica única, onde eram comandadas por oficiais do exército brasileiro e tinham a função de encontrar opositores, “foram extintas as guardas civis e organizações similares existentes em algumas cidades; e, em 1967, foi criada a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), subordinada ao Exército.” (Senado Notícias)
2.1.4 Pós constituição cidadã
Hoje a autoridade máxima das polícias militares está nas mãos do governador do respectivo estado, eleito democraticamente pelo povo, “é a mais alta autoridade administrativa na área de segurança pública estadual”. (SENADO NOTÍCIAS)
Entretanto, mesmo sendo pertencentes ao respectivo estado da federação, cumprem papel nacional de acordo com o próprio artigo 144, § 6º da Constituição Federal:
O § 6º do artigo 144 da Constituição também informa que as PMs são forças auxiliares e reservas do Exército, que pode, portanto, requisitar policiais, em caso de estado de emergência ou de sítio, para exercer atividades diversas da área de segurança pública (AGÊNCIA SENADO, 2013).
2.2 Polícias no mundo
A polícia militar pode não estar presente em todos os países do mundo, porém é inquestionável a necessidade de uma força mantenedora da ordem pública e repressora da criminalidade, dessa forma cada país adota diferentes nomenclaturas e formatos baseados em dois sistemas de investidura diversos: onde um é civil e o outro militar (como será melhor explanado a seguir), porém em um conceito geral Marcineiro (2005, p.48 ) nos conceitua o que seria o poder que essas forças do Estado detém:
A Polícia não se constitui em um poder. Ela é instrumento do poder de polícia do Estado. Baseia a legitimidade de suas ações no poder de polícia que o Estado possui, de forma exclusiva. Assim, não existe poder da polícia, mas sim poder de polícia, mesmo porque o poder de polícia do Estado é exercido por outros órgãos além das organizações policiais, tais como Vigilância Sanitária, Fiscalização da Fazenda, etc.
2
2.2.1 Polícias militarizadas 
No quadro a seguir são trazidos exemplos de corporações ao redor do mundo, em sua maioria de investidura baseada no modelo latino militar (caqui) e apenas quatro delas (azul) amplamente conhecidas e que detém o sistema de investidura civil e ciclo completo baseadas no modelo anglo-saxão; cabe elencar que mesmo policias como a “Police State” dos EUA, traduzido do inglês: a polícia estadual; de acordo com Cruz (2015, p.25) “ possuem como porta de entrada o Corpo de Cadetes de Polícia, nomenclatura tipicamente militar; além de seus editais de concurso para ingresso concederem créditos, intitulados Veteran's Preference Credits, traduzido do inglês: créditos de preferencia de veterano, aos militares que já tenham servido por mais de dois anos; os mesmos prestam continência e ostentam insígnias e patentes militares, ressaltando ainda o uso de uniformes, onde o perfil do policial também é muito rígido exigindo trato estético e proibindo o uso de barbas salvo bigodes ” além de albergarem um treinamento militarizado com disciplina para seus agentes assim como uma hierarquia com alguns dos cargos como o de “sergeant”, traduzido do inglês: sargento, sendo equivalente ao homônimo no modelo de investidura militar.
· 
Figura 2: Mapa mundi dos modelos de policiamento no mundo.
Fonte: Autoria própria.
Quadro 1: Principais países e seus modelos de policiamento no mundo.
Fonte: Autoria própria.
O mapa acima detalha os países supra-citados com investidura militar e civil, onde claramente a investidura militar prevalece sobre a segunda ao redor do mundo, desmistificando o folclore popular que apenas o Brasil tem uma polícia militar - que ademais é hoje uma das mais bem treinadas do mundo - os detalhes da formação de oficiais e praças serão explanados com base em informações passadas com exclusividade pelo Diretor de Instrução e Ensino da Polícia Militar do estado de Santa Catarina, onde o mesmo informa que tais cursos incluindo o de Sargentos são também de graduação e pós – graduação lato sensu, nas palavras da corporação “ as Diretrizes Basilares das Instituições Policiais Militares primam por uma formação humanística, administrativa e técnico-profissional, que atenda ao interesse comum, por profissionais desegurança efetivos na preservação da ordem e na garantia da paz social”. Basicamente a ideia da formação policial militar se baseia em três eixos que se alçam no soldado, sargento e oficial, de acordo com a pirâmide a seguir:
.
Figura 3: Cadeia de comando e função na Polícia Militar
Fonte: Autoria Própria
O Curso de Especialização Lato Sensu em Processos Gerenciais de Segurança Pública dispõe de uma organização curricular que contempla disciplinas das áreas das ciências sociais e humanas, voltadas para o campo técnico-policial militar, e, sobretudo, para a área da gestão da atividade policial.
A carga horária do Curso tem como referência a hora aula (h/a) corresponde a 60 minutos. Sendo o curso desenvolvido com o somatório de 360 horas, o que representa 360 horas/relógio, distribuídas conforme a necessidade institucional, por homologação do Comandante Geral da PMSC no Plano de Ensino do Curso. (APMT)
2.2.1.1 Como são formados os oficiais que comandam a Polícia Militar
Outras instituições sem cunho militar, dispõe de autoridades como Delegados (polícia civil e federal) ou chefes ( Polícia Rodoviária Federal), porém na Polícia Militar que se baseia na hierarquia e disciplina, o comando é exercido por oficiais assim como o é nas forças armadas; esses oficiais ingressam em carreira própria de acordo com as informações a seguir, disponibilizadas pela APMT:
O Bacharelado em Ciências Policiais dispõe de uma organização curricular que contempla disciplinas das áreas das ciências sociais e humanas, voltadas para o campo jurídico, técnico-policial, militar, e, sobretudo, para área da administração militar da segurança pública. O curso é realizado em 3 ciclos, 1° CFO, 2° CFO, 3° CFO, com duração aproximada de 75 (setenta e cinco) semanas, tendo por finalidade capacitar profissionalmente e desenvolver no cadete habilidades básicas, forjadas no método, necessárias à formação do Oficial da PMSC. Para tanto, reprisa-se a grade curricular contar• com disciplinas teóricas e práticas nas áreas: militar, jurídica, administrativa, humanas e técnica policial, proporcionando ao cadete conhecer de forma conceitual e operativa o conhecimento que embasa as ciências policiais e assim desenvolver novas habilidades, passando a agir como fomentador de novas práticas metodológicas, que possam contribuir para a melhoria dos processos de gestão e de solução das demandas da segurança pública.
A carga horária do Curso tem como referência a hora aula (H) corresponde a 50 minutos. Sendo o curso desenvolvido em 3 ciclos (1°, 2°, 3° CFO) com o somatório de 2.705 H, o que representa em conversão para horas/relógio um total de 2.254 horas. O Estágio Supervisionado, realizado durante o 2°, 3º CFO, totaliza 380 horas. As atividades complementares, que totalizam 90 (noventa) horas, é desenvolvida ao longo dos 3 ciclos, consistindo-se em eventos de ensino propostos pelo Comando da Academia de Polícia Militar da Trindade. A orientação para o Trabalho de Conclusão de Curso ser• desenvolvida em 30 horas, de forma coletiva, ao longo do 3º ciclo, além da Orientação individual disponibilizada ao discente fora do horário escolar, mediante programação do Comando da APMT com a Coordenação do Curso. Toda a carga horária curricular do curso ser• desenvolvida em regime integral priorizando-se o período matutino e vespertino, haja vista o regime diferenciado a que fica sujeito o cadete PM em formação na Academia de Polícia Militar da Trindade. (APMT)
2.2.1.2. Como são formados os soldados que executam as missões
As praças (como são chamadas as graduações que executam as missões) são a espinha dorsal de toda a polícia militar, pois são esses que executam as missões, patrulham as ruas e combatem a criminalidade no dia a dia, dessa forma sua preparação não é negligenciada, como podemos observar a seguir, de acordo com informações da APMT:
A proposta do Curso Superior de Tecnologia em Segurança Pública para os Soldados ingressantes no universo Polícia Militar de Santa Catarina compreende uma formação em que o profissional seja não só capaz de entender e analisar as quebras de ordem pública, mas que traga subsídios para a tão desejada prevenção da violência social e pacificação da mesma.
O Curso de Formação de Soldados dispõe de uma organização curricular que contempla disciplinas das áreas das ciências sociais e humanas, voltadas para o campo jurídico, técnico-policial, militar. O curso é realizado com duração aproximada de 33 (trinta e três) semanas, tendo por finalidade capacitar profissionalmente e desenvolver o discente com habilidades básicas, forjadas no método, necessárias à formação do Soldado da PMSC. Para tanto, reprisa-se a malha curricular contém disciplinas teóricas e práticas nas áreas: militar, jurídica, administrativa, humanas e técnica policial, proporcionando ao discente conhecer de forma conceitual e operativa o conhecimento que embasa as ciências policiais e assim desenvolver novas habilidades, passando a agir como fomentador de novas práticas metodológicas, que possam a contribuir para a melhoria no auxílio dos processos de gestão e de solução das demandas da segurança pública.
A carga horária do Curso tem como referência a hora corresponde a 60 minutos. Tendo o curso o somatório de 1680 horas, incluindo os Estágio Supervisionados de 50 horas e disciplinas na modalidade EaD com o total de 120 horas. Atividades complementares e ciclo de palestras são desenvolvidas ao longo do curso, consistindo-se em eventos de ensino propostos pela FAPOM. Toda a carga horária curricular do curso é desenvolvida em regime integral priorizando-se o período matutino e vespertino, haja vista o regime diferenciado a que fica sujeito o discente em formação na FAPOM.
2.2.2 Polícias não militarizadas
Algumas nações optaram por uma polícia não militarizada, de cunho civil, um modelo que ficou conhecido como policiamento anglo-saxão de investidura civil e ciclo completo.
Figura 4: Ciclo completo de Polícia
Fonte: UFSM
Denominado anglo-saxão por que originou-se na Inglaterra como é possível ver no cinema e se prolongou de forma hereditária nos EUA; de acordo com dados da UFSM o ciclo completo é na verdade um acúmulo de funções na mesma corporação, onde os policiais são encarregados de reprimir o crime, manter a ordem e fazer a investigação, seria o equivalente a unificação das policias militar e civil no Brasil, porém ambas no contexto nacional são muito dispares para uma unificação exitosa.
Figura 5: Ciclo incompleto de Polícia.
Fonte: UFSM
2.2.2.1 A polícia dos EUA como modelo para a unificação das polícias militar e civil
		Em menção a unificação das policias militar e civil como fora comentado anteriormente, muitos defendem essa ideia acreditando que a unificação traria mais eficiência e presteza no combate ao crime, reduzindo o número de instituições e criando um canal centralizado; uma espécie de força tarefa em busca do objetivo comum. Mas é assim nos EUA? Será que conseguem ser assim tão eficientes? O senador Romeu Turma (2008, p.16) nos esclarece muito acerca da state police americana através de seu artigo “ A segurança no contexto constitucional”, trazendo a tona uma realidade que o brasileiro custa acreditar: que a polícia de investidura civil dos EUA não detém de tanta eficiência como é vista nos cinemas, na verdade as policias estaduais no Brasil, muitas delas, tem comando único desde antes da promulgação da constituição cidadã em 1988 e são muito mais organizadas que sua vizinha na América do Norte.
Os EUA dividem o poder de polícia entre mais de trinta modelos de corporações, cada qual com atribuição específica em nível federal, estadual, municipal ou de condado. Numa entrevista à revista Veja (edição n° 1929, de 2/11/2005), o diretor do FBI, Robert Mueller, enfatizou o fato de existirem “dezessete mil entidades de natureza policial” em seu país.
No âmbito federal, além dos Marshals (a polícia estadunidense mais antiga), da DEA e do FBI, funcionam a Polícia do Tesouro (os chamados G-Mans), o Serviço Secreto (cuida da segurança dedignitários e combate crimes federais como a falsificação de moeda) e a ATF (reprime principalmente o tráfico de armas de fogo), além de outras organizações. E elas nem possuem comando único. Uma subordina-se ao Secretário de Justiça, outra ao Secretário do Tesouro e assim por diante. Nas metrópoles estadunidenses, as polícias locais equivalem a nossas guardas municipais, mas com poder parecido ao que, no Brasil, se confere às polícias civis e militares. São subordinadas aos prefeitos.
As polícias estaduais, dependentes dos governadores, têm o mesmo poder, mas atuam quando o delito extrapola as divisas de um município ou acontece fora dos limites de um condado ou metrópole, sem adquirir características de crime federal. Podem ser chamadas a auxiliar as polícias municipais e metropolitanas. Possuem órgãos de investigação criminal com a sigla SBI, assemelhados ao FBI, porém, com jurisdição restrita ao território do Estado. Por sua vez, nos condados, que podem ser comparados às nossas comarcas, o povo elege os “Sheriffs”. Estes nomeiam e comandam delegados e auxiliares com jurisdição sobre um ou mais municípios e cidades. Além disso, é comum o estabelecimento de forças-tarefas entre aquelas organizações em qualquer nível, com objetivos específicos.
Enfim, os norte-americanos preferem manter uma estrutura policial incomparavelmente mais diversificada e complexa que a nossa. 
Ampliando a visão que detém-se da state police Bayley & Skolnick (2001, p.5) sintetizam o modelo americano adotado em Detroit – muito similar a polícia comunitária, uma ideia incorporada as policias militares brasileiras – em uma das cidades mais violentas dos EUA:
O caso de Detroit é significativo, pois uma das maiores e mais violentas cidades americanas adotou em finais dos anos 1970 um programa de prevenção de crimes com base na comunidade, criando uma seção de prevenção ao crime e minidistritos de polícia voltados para a mobilização da comunidade, separando as ações de prevenção de outras operações de linha, alocando vultosos recursos nesta experiência. Os minidistritos têm como objetivo documentar o crime na área, realizar contatos com os líderes comunitários, discutir e organizar os quarteirões, os estabelecimentos comerciais, os edifícios habitacionais em situações de “vigilância” compartilhada; realizar aconselhamento em escolas; supervisionar as patrulhas normais; dar assistência aos idosos, e de modo geral servir como catalisador para qualquer iniciativa de prevenção do crime. O maior desafio é adaptar a prevenção do crime às necessidades da comunidade local. Os policiais se desdobram em realizar ações que se revelam importantes na prevenção. As inovações estratégicas em Detroit levaram a uma diminuição do número de policiais, reduziu a tendência à criminalidade e tranqüilizou o público em relação ao crime, apesar das resistências ao modelo e conflitos internos na polícia.
2.3 Polêmicas sobre a Polícia militar 
Uma situação que gera dúvidas e conceitos retrógrados nas pessoas é a relação estreita entre a Polícia Militar e a Ditadura, uma bandeira que opositores insistem em levar adiante, mais carregada de ideologia política do que de razão propriamente dita; será abordado e explanado tal tema assim como tantos outros que se consolidaram na boca do povo construindo um preconceito em busca de subverter a missão constitucional da instituição e desvirtuar seus princípios seculares.
2.3.1 Grupos de extermínio no regime militar
De acordo com Teza (2013, p.7) os grupos de extermínio não faziam parte da Polícia Militar, na verdade mesmo havendo policiais militares nas fileiras, haviam inúmeros outros integrantes desvirtuados de outras instituições que faziam parte disso:
Não se nega a existência de tais grupos, contudo, seria fora da realidade afirmar que eles são compostos exclusivamente por PMs. Esses grupos, na realidade, possuem integrantes de várias origens tais como: Policiais Militares, Policiais Civis, Bombeiros Militares, ex-Policiais, Agentes Penitenciários, Policiais Civis e Guardas Municipais. Um fator pouco comentado é que tais grupos geralmente estão a serviço de comerciantes e membros da sociedade que pagam para se verem “livres” de pessoas que contrariam seus interesses.
2.3.2 A origem da pm no regime militar 
Entre as falácias a maior delas com certeza é esta, a criação da Polícia Militar como máquina de tortura e repressão durante a ditadura militar, entretanto Teza (2013, p.2) desmente essa afirmação alegando que o surgimento da mesma remonta a época do império não sendo criada durante o regime militar:
A Polícia Militar é secular e foi por muito tempo a única instituição policial brasileira. Foi sim reorganizada em 1969 pelo Decreto-Lei Federal 667/69, porém não criada nesta data. Ela foi usada no período de exceção como mão de obra do regime, obedecia quem mandava na época, o que é natural, não tendo, contudo, por exemplo, um torturador PM conhecido nacionalmente. Nesse sentido, vale perguntar aos interessados na desmilitarização se os DOPS eram da PM, ou ainda, se Fleury era PM. (Como se sabe, mas se esquece, Fleury era delegado da Polícia Civil de São Paulo, atuou como delegado do DOPS-SP durante o regime militar e ganhou notoriedade por sua pertinácia ao perseguir os opositores do regime). 
2.3.3 A ONU pediu o fim da Polícia Militar?
De acordo com reportagem do portal G1 o conselho da ONU recomendou o fim da Polícia Militar no Brasil, entretanto a real veracidade da notícia é outra:
O Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu nesta quarta-feira (30) ao Brasil maiores esforços para combater a atividade dos "esquadrões da morte" e que trabalhe para suprimir a Polícia Militar, acusada de numerosas execuções extrajudiciais.
Esta é uma de 170 recomendações que os membros do Conselho de Direitos Humanos aprovaram como parte do relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre o Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil, uma avaliação à qual se submetem todos os países.
Diferentes países integrantes da onu de acordo com o portal G1 fizeram solicitações referentes a matéria, entre eles Dinamarca, Coréia do Sul e Espanha:
A recomendação em favor da supressão da PM foi obra da Dinamarca, que pede a abolição do "sistema separado de Polícia Militar, aplicando medidas mais eficazes (...) para reduzir a incidência de execuções extrajudiciais".
A Coreia do Sul falou diretamente de "esquadrões da morte" e Austrália sugeriu a Brasília que outros governos estaduais "considerem aplicar programas similares aos da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) criada no Rio de Janeiro".
Já a Espanha solicitou a "revisão dos programas de formação em direitos humanos para as forças de segurança, insistindo no uso da força de acordo com os critérios de necessidade e de proporcionalidade, e pondo fim às execuções extrajudiciais".
No que tange a solicitação espanhola, podemos apontar em recente pesquisa realizada junto as academias de formação tanto de oficiais (235 horas-aula específicas) incluindo a exigência de titulação de bacharel em direito (presente em muitas corporações e uma exigência cada vez maior nos estados da federação), também como de soldados (195 horas-aula específicas) do estado do Rio Grande do Sul, profunda formação em matérias atinentes aos direitos humanos e na preparação humanitária dos policiais militares, entre elas:
No curso de formação de oficias da Brigada Militar: 
		Nº
	DISCIPLINA
	CARGA HORÁRIA
	61
	Ética, Direitos Humanos e Cidadania
	30
	44
	Sociologia da Violência e da Criminalidade
	30
	45
	Saúde Mental
	30
	49
	Processo Decisório e Tomada de Decisão
	40
	52
	Gerenciamento de Crise e Mediação de Conflitos
	45
	57
	Estratégias de Policiamento Contemporâneo
	30
	58
	Técnica Policial Militar VI (programa de prevenção e policiamento comunitário)
	30
Quadro 2: Disciplinas atinentes aos direitos humanos do CFO da Brigada Militar - RS.
Fonte: Grade curricular – CSPM / 2021
No curso de formação de soldados da Brigada Militar: 
	Nº
	DISCIPLINA
	CARGA HORÁRIA
	13
	Direito Constitucional20
	15
	Ética e Cidadania
	*20
	16
	Direitos Humanos
	*20
	17
	Sociologia da Violência e da Criminalidade e Abordagem Sociopsicológica da Violência
	*20
	31
	Relações Humanas
	*20
	35
	Polícia Comunitária
	 30
	37
	Medidas Preliminares em Local de Crise
	 20
	47
	Política Sobre Drogas e a Atuação Policial-Militar
	*15
	48
	Mediação de Conflitos
	*30
Quadro 3: Disciplinas atinentes aos direitos humanos do CFSD da Brigada Militar - RS.
Fonte: Grade curricular – CBFPM / 2021
Demais países como Paraguai, França e Canadá também se posicionaram, ainda de acordo com a matéria do portal G1:
O relatório destaca a importância de que o Brasil garanta que todos os crimes cometidos por agentes da ordem sejam investigados de maneira independente e que se combata a impunidade dos crimes cometidos contra juízes e ativistas de direitos humanos.
O Paraguai recomendou ao país "seguir trabalhando no fortalecimento do processo de busca da verdade" e a Argentina quer novos "esforços para garantir o direito à verdade às vítimas de graves violações dos direitos humanos e a suas famílias".
A França, por sua parte, quer garantias para que "a Comissão da Verdade criada em novembro de 2011 seja provida dos recursos necessários para reconhecer o direito das vítimas à justiça".
Muitas das delegações que participaram do exame ao Brasil concordaram também nas recomendações em favor de uma melhoria das condições penitenciárias, sobretudo no caso das mulheres, que são vítimas de novos abusos quando estão presas.
Neste sentido, recomendaram "reformar o sistema penitenciário para reduzir o nível de superlotação e melhorar as condições de vida das pessoas privadas de liberdade".
Olhando mais adiante, o Canadá pediu garantias para que a reestruturação urbana visando à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016 "seja devidamente regulada para prevenir deslocamentos e despejos".
2.4 Ideologia militar X Investidura militar
Uma das principais burlas, que levam muitos a concordarem tacitamente e de forma passional com a ideia da desmilitarização é comparar a Polícia Militar de forma par com as forças armadas revestindo aquela de ideologia militar quando na verdade, apenas baseia seus fundamentos, seja dito, sua investidura, em modelo militarizado. De acordo com Cruz (2015, p.19):
Ideologia militar pressupõe a neutralização das forças inimigas através do combate, perpassando grupos não necessariamente vinculados às Forças Armadas, como mercenários, milícias, guerrilhas e grupos paramilitares. Pode tangenciar também instituições públicas de investidura civil, como a Special Weapons And Tactics (SWAT), tropa de elite da polícia norte-americana, atualmente em notável expansão; o Comando de Operações Táticas (COT), da Polícia Federal brasileira; e a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), da Polícia Civil fluminense. O Rio de Janeiro foi marcado nas últimas duas décadas pelo emprego das Forças Armadas em ocupações de comunidades. Estima-se, porém, que o apoio a tais ações seja maior nos setores civis da sociedade. As Forças Armadas, porém, não limitam-se à defesa bélica da Pátria, sendo amplamente utilizadas em serviços de apoio e resgate em desastres naturais, missões de paz e, mais recentemente, na construção de estradas , tendo aproveitadas logística, disciplina e eficiência, características comuns às corporações militares . 
Investidura militar, por sua vez, engloba o respeito ao trato ético, estético, orgânico, hierárquico e comportamental das estruturas militarizadas, podendo ser verificada não só nas Forças Armadas, mas também no Corpo de Bombeiros Militar, nos controladores de vôo e na Polícia Militar, corporações, ainda que legalmente definidas como de natureza bombeiro-militar, militar e policial-militar, respectivamente, estão a serviço da sociedade civil, e não estritamente ao uso da força. À Polícia Civil, a Constituição atribui natureza de polícia judiciária, ou seja, de investigação criminal e apuração de infrações penais, supervenientes às suas consumações.
2.5 Polícia ostensiva X Policiamento ostensivo
Os termos policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, de acordo com uma parcela de doutrinadores asseguram que o legislador não fora redundante. Para Nassaro (2010, p.18): 
Nota-se que o texto constitucional anterior a 1988 estabelecia como competência das polícias militares a ‘manutenção da ordem pública’, que traz um sentido de menor amplitude no aspecto de intervenção. Compreende-se que as ações de preservação permitem iniciativas estratégicas de maior alcance, prevenindo-se circunstâncias e situações antes mesmo de se manter um determinado nível ou estado de ordem pública e, ainda, abrange o imediato restabelecimento da ordem, quando turbada. De fato, baseado na premissa de que não se produz norma por redundância de terminologias, a preservação da ordem deve significar também a sua restauração, ou seja, o ‘poder-dever de intervir imediatamente no fato que causa quebra da ordem e restaurá-la pela sua cessação’, como entende a doutrina amplamente difundida e acolhida pelo organismo policial.
Conforme bem afirma Pinheiro (2008, p.52):
Policiamento ostensivo é a modalidade de exercício da atividade policial desenvolvida intencionalmente a mostra, visível em contraposição ao policiamento velado, secreto. Caracteriza-se pela evidencia do trabalho da polícia à população, pelo uso de viaturas caracterizadas, uniformes, ou até mesmo distintivos capazes de tornar os agentes policiais identificáveis por todos.
Rocha (2014, p.22), faz uma brilhante exemplificação ao abordar a natureza das missões executadas por diferentes instituições elencadas na constituição como sendo de segurança pública, o mesmo da ênfase a Polícia Militar quando cita:
A formação militar não pode se confundir com a natureza das missões que serão executadas. Aquela precede estas. O bombeiro militar tem formação militar e irá combater o fogo. O soldado de Infantaria tem formação militar e irá combater o inimigo. O médico militar e o soldado padioleiro têm formação militar e irão salvar vidas, até do inimigo, se necessário for. O policial militar tem formação militar e irá enfrentar os infratores da lei. Há o militar de guerra. Há o militar de polícia.
3 A POLÍCIA MILITAR COMO CORRELIGIONÁRIA FIEL DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS
A Polícia doravante é vista como longa manus do Estado, servindo como espada e escudo a serviço da vontade dos poderosos contra os oprimidos, não obstante essa afirmação não encontra respaldo, uma vez que sob a ótica de Goldstein (2003, p.64) no que se refere à democracia:
[...] depende de maneira decisiva da força policial. Cabe à polícia prevenir contra a pilhagem de coisas alheias, dar uma sensação de segurança, facilitar o ir e vir, resolver conflitos e proteger os mais importantes processos e direitos – como eleições livres, liberdade de expressão e liberdade de associação -, em cuja continuidade está a base da sociedade livre. O vigor da democracia e a qualidade de vida desejada por seus cidadãos estão determinados em larga escala pela habilidade da polícia em cumprir suas obrigações.
3.1 Força auxiliar - Reserva do exército
Sabe-se de acordo com Castilho (c1994): 
Que a principal função das Polícias Militares dos Estados é a manutenção da paz e segurança social, através do policiamento ostensivo entre outras condutas típicas de segurança. Tal instituição policial militar estadual enquadra-se como força auxiliar e reserva do Exército, além de integrar o Sistema de Segurança Pública de Defesa Social. 
Tal atribuição é expressa na CF/1988 no Art 144 elencando os deveres constitucionais da Polícia militar:
CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA
 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civise as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Nesta perspectiva, a Polícia Militar tem por atributo legal, conforme a Constituição Federal de 1988 (art. 144), o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, e, juntamente com os Corpos de Bombeiros Militares, realizar as atividades de defesa civil, sendo que tais órgãos são forças auxiliares e reservas do Exército Brasileiro, pertencendo somente à União a competência para legislar sobre as normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Dessa maneira é possível notar que como reserva do exército cumpre uma função crucial, uma vez que existem hoje cerca de 500 mil policiais militares espalhados pelos estados federados do Brasil, o que propicia uma força de meio milhão de defensores armados e bem treinados para defender o país no caso de uma ameça externa. Existem aqueles que acreditam ser desnecessário uma força como essa em função da existência do serviço militar obrigatório que hoje soma ao Brasil mais de 1 milhão de reservistas, acontece que este número está composto por homens de todas as idades, despreparados e fora de forma onde muitos nunca dispararam com uma arma na vida; dessa maneira cabe destacar a importância de uma reserva do exército preparada e pronta como são hoje as Polícias Militares. 
Figura 6: Efetivo da Polícia Militar no Brasil em 2020.
Fonte: Portal G1 – Monitor da violência (Adaptado).
	ESTADO DA FEDRAÇÃO
	EFETIVO
	RIO GRANDE DO SUL
	21.197 
	SANTA CATARINA
	13.362
	PARANÁ
	22.249
	SÃO PAULO
	105.142
	RIO DE JANEIRO 
	53.222
	GOIÁS
	15.467
	MINAS GERAIS
	49.001
	MATO GROSSO
	10.030
	MATO GROSSO DO SUL
	7471
	RONDÔNIA
	6992
	ACRE
	3147
	BAHIA
	36.962
	TOCANTINS
	4692
	PARÁ 
	19.561
	MARANHÃO
	13.135
	AMAZONAS
	10.747
	RORAIMA 
	2356
	AMAPÁ
	4424
	CEARÁ
	24.410
	PIAUÍ
	7152
	PERNAMBUCO 
	22.165
	ALAGOAS
	8193
	RIO GRANDE DO NORTE
	9571
	PARAÍBA
	12.787
	SERGIPE
	6733
	ESPÍRITO SANTO
	10.132
	DISTRITO FEDERAL
	13.679
	BRASIL
	513.979
Quadro 4: Efetivo da Polícia Militar nos estados da federação em 2020
Fonte: Portal G1 – Monitor da violência.
3.2 Uma polícia sempre pronta
Comumente a população clama por presteza no atendimento das ocorrências, e de quanto uma viatura tarda em chegar ao local, doravante seja verdade, o é por perspectivas alheias a vontade dos mesmos; os policiais militares em reduzido número com equipamentos e veículos limitados detém uma função que extrapola os limites de sua capacidade sendo esquecidos por um Estado que não lhes da respaldo em sua missão que ele próprio atribuiu.
Em uma transmissão da Rede Globo após a promulgação da Constituição de 1988, é possível observar William Boner introduzindo a matéria de como a Polícia Militar passaria a agir, apresentada por Domingos Meirelles:
A POLÍCIA COM A NOVA CONSTITUIÇÃO
“Agora de acordo com a nova Constiuição a polícia em todo o país vai ter que agir assim: Ninguém poderá ficar preso para averiguação, as prisões agora só poderão ser realizadas em flagrante ou por ordem do juiz [...]
[...] Prisões e buscas em residências só em caso de flagrante ou através de autorização judicial [...]
[...] Ao ser preso o cidadão tem o direito de: permanecer calado, saber quem é o responsável pela prisão dele, indicar uma pessoa ou alguém da família para avisar que foi preso. A partir de agora na hora da prisão o preso deve ser informado sobre os direitos dele [...]
[...] A prática da tortura é considerada crime inafiançavel ... o policial que praticar torturas será preso e aguardará o julgamento na cadeia [...]
O jornalista Domingos Meirelles acompanha uma ação da polícia com o intuito de observar na prática quais foram as modificações introduzidas na rotina Polícia Militar determinadas pela nova CF/1988, é possível ver que as abordagens são feitas de acordo com a nova constituição, e em outra ocorrência logo após um homem é preso e os policiais prontamente o acompanham até a delegacia, de acordo com Domingos Meirelles:
[...] como o ladrão havia sido reconhecido pela vítima, o delegado resolve pedir ao juiz a prisão preventiva do assaltante [...] 
Até o momento a polícia militar cumpriu prontamente com suas novas obrigações desempenhando seu papel. Entretanto outros órgãos muitas vezes que são até mais exaltados do que a polícia e menos criticados falham como é possível ver na transcrição a seguir onde o jornalista Domingos Meirelles entevista o delegado Francisco Fanzani:
[...] O delegado, são 20:10 da noite, o senhor acha que vai ser fácil encontrar o juiz essa hora da noite, uma sexta-feira pra conseuir uma prisão preventiva aqui pro acusado?
Segundo informações que temos após a promulgação da constituinte seriam providenciados plantões judiciários permanentes, acredito que já estejam em funcionamento e entraremos em contato.
O senhor tem certeza que está em funcionamento
Informações que nós temos é que já tão em funcionamento 
A consulta é feita por telex e telefone mas não havia nenhum juiz de plantão no fórum, a justiça de São Paulo ainda não designou juízes para ficarem de plantão 24 horas por dia para resolverem problemas legais como esses. Foi preciso mandar então um policial na casa do juiz corregedor para que fosse decretada a prisão preventiva do assaltante. [...]
O Estado falha em providenciar recursos humanos e materiais a força policial mas também falha muitas vezes em prestar apoio por parte dos demais órgãos ou até poderes conexos a segurança pública como a justiça (fato demonstrado na reportagem de Domingos Meirelles). Ademais existem muitas outras situações que prontamente a Polícia Militar assume o controle:
Sardinha (c2007) traz um exemplo da prontidão da Polícia Militar quando da ineficiência dos agentes prisionais, onde assume os estabelecimentos prisionais, em virtude da iminente quebra da tranquilidade pública.
Colponi (c2009), menciona também o auto de prisão em flagrante lavrado por Oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina, na cidade de Caçador- SC, o mesmo ocorre em caso de produtos contrabandeados do Paraguai. Tal atribuição aferida Polícia Militar é fruto de convênio entre a Polícia Militar Catarinense e a Procuradoria Federal, visto a ineficiência da Polícia Federal naquela região.
De acordo com o Parecer Gm 25:
A competência ampla da Polícia Militar na preservação da ordem pública engloba inclusive, a competência específica dos demais órgãos policiais, no caso de falência operacional deles, a exemplo de greves ou outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas atribuições, funcionando, então, a Polícia Militar como um verdadeiro exército da sociedade. Bem por isso as Polícias Militares constituem os órgãos de preservação da ordem pública para todo o universo da atividade policial em tema da "ordem pública" e, especificamente, da "segurança pública". (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO, 2001, p.9).
De acordo com a Constituição Federal de 1988 com a Emenda Constitucional nº 18, de 1998 temos elencada a expressa vedação ao direito de greve e a sindicalização dos policiais militares: Art.42 §1º da CF/1988:
Art. 42º Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142,§ 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)[...]
Logo, tal Art. Acima descrito remete a vedação do Direito de Greve do Policial Militar ao Art. 142§3,IV, abaixo expresso:Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1º - Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.
§ 2º - Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições disciplinares militares.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente será transferido para a reserva, nos termos da lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
III - O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
37
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) [...]
Entendemos que tal vedação está bem expressa no Art. Acima, acontece que o Direito de Greve é proibido sim, mais só aos Militares das Forças Armadas como é bem definido no §3º do referido Art. Onde a própria Carta Magna define que os membros das Forças Armadas são denominados de Militares e não faz nenhuma menção ou equiparação do Policial Militar com os Militares das Forças Armadas.
O entendimento doutrinário nos traduz que " tais proibições são necessárias à ordem e à hierarquia da instituição, porque só assim a defesa da nação e da ordem pública pode acontecer efetivamente”. Gasparini (2008, p. 145). 
E assevera isto arrimado em Júnior (2007, p. 2401): 
Que sobre o mister assevera não ter,"sentido que o militar, pertencente a uma organização fundada, por excelência, em rígida hierarquia, tivesse direito de filiar-se a sindicatos que, em nome do filiado, investissem contra entidade que tem por objetivo a defesa da ordem pública."
3.3 O constituinte votou pela Polícia Militar
A extinção da Polícia Militar em 87/88 quase ocorreu, era uma das intenções quando se elaborou a nova constituição (talvez pela necessidade de uma desmilitarização pós regime) entretanto não ocorreu, a verdade de acordo com os ensinamentos de Contreiras (1998, p.57):
Essa sugestão fora proposta por integrantes das forças armadas, inclusive, Ulysses Guimarães, presidente da Congressual Constituinte, recebeu a proposta de maneira informal do Coronel do Exército Sebastião Ferreira Chaves, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo no governo de Abreu Sodré que durou de 1967 a 1971, de mudar o sistema policial da Constituição de 1988 extinguindo as Polícia Militares, sob duas justificativas: a Polícia Militar agia com base na violência e a Polícia Civil perdera a capacidade de investigação.
O que era para ser uma erradicação tornou-se na verdade uma ampliação constitucional da missão policial militar, onde o constituinte reconheceu a contribuição que a corporação fez para a nação:
“É sabido que a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, também conhecida como Comissão Afonso Arinos, encarregada de elaborar o Anteprojeto da Constituinte de 1988, praticamente extinguiu a Polícia Militar, deixando-a com quase nenhuma missão e completamente desprestigiada. Contudo, há um fato pouco conhecido, mas de importância indiscutível. Quando os debates foram para a esfera da constituinte, após longas discussões, audiências públicas e outras atividades, a situação mudou. Na ocasião os constituintes chegaram à conclusão que a Polícia Militar era imprescindível para o cotidiano do brasileiro e que, portanto, teria que sobreviver e, inclusive, que sua missão deveria ser ampliada, ficando o texto Constitucional como está referente essa Instituição. Não se pode, de maneira alguma, negar o discernimento e a representatividade dos Constituintes.” (TEZA, 2013, p.1)
3.3.1 A proposta de unificação das policias estaduais
Muito é discutido sobre a possibilidade da unificação das policias estaduais a fim de atingir uma polícia de ciclo completo com maior eficiência; nesse contexto podemos abordar a PEC 430/09, visando desconstituir a polícia civil e militar dos estados e do DF em uma única instituição. De acordo com matéria de Sérgio Kraselis da Folha de São Paulo, no estado em questão a proposta feita pelo Governador Mário Covas foi muito mal recebida pelos comandantes da Polícia Militar de todo o país:
A proposta de emenda constitucional apresentada pelo governador Mário Covas (PSDB), alterando as funções das polícias Civil e Militar, foi muito mal recebida pelos 31 comandantes da Polícia Militar de todo o país que estiveram reunidos em Florianópolis (SC) quarta-feira e anteontem.
Na ``Declaração de Florianópolis'', documento assinado pelos participantes do 15º Encontro do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares, eles reafirmam o papel dos policiais militares nas questões de segurança pública. O documento deve ser enviado ao Congresso.
A declaração começa com um alerta. Os comandantes se dizem apreensivos ``pela manipulação emocional de ocorrências policiais que, numa sociedade democrática, devem ser tratadas tão somente sob a égide da lei e da Justiça'', numa clara referência às cenas de violência de Diadema.
O novo presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das PMs, Luis Fernando Lapa, comandante-geral da PM do Paraná, criticou a Polícia Civil.
``Façam uma pesquisa junto à opinião pública para saber qual polícia é mais truculenta, a Civil ou a Militar'', disse Lapa. Segundo o militar, ``qualquer organização tem pessoas boas e pessoas ruins''.
Para Lapa, os acontecimentos ocorridos em Diadema, no ABCD paulista, foram ``atos isolados''.
O antecessor de Lapa no cargo, Claudionor Lisboa, comandante da PM de São Paulo, se recusou a falar diretamente da proposta de Covas, ``por não ter sido notificado oficialmente''.
Lisboa, em seu discurso, disse achar ``demagógico estes estudos da polícia de Nova York. Lá, os índices de criminalidade não foram reduzidos devido à unificação das polícias. Foi devido às medidas de política social.'' Era uma clara crítica à proposta de Covas.
Segundo o novo presidente do conselho, foram expulsos da PM do Paraná 138 policiais por indisciplina e outros delitos. ``A Justiça Militar funciona'', afirmou Lapa, que considera de cunho ideológico a discussão sobre a violência.
Os 31 comandantes reunidos condenam as ``soluções simplistas apresentadas à população com discursos demagógicos e enfoques distorcidos'' e dizem ser ``essencial que se busque a evolução sem rupturas que fragilizem o sistema de defesa social''.
Ao final do documento de duas páginas, os militares repudiam o que denominam de ``nova ordem'', segundo eles ``travestida de soluções mágicas para um problema tão sério'' e reafirmam o propósito de expurgar de suas fileirasos que ``não forem dignos de tão nobres instituições''.
Balestreri (c1998), mesmo sendo um defensor ávido dos direitos humanos, afirma no trecho que se segue que a desmilitarização nos moldes atuais traria mais malefícios que qualquer benefício: 
Falando em Polícia Militar, talvez pareça estranha a posição que expressarei agora, uma vez que presido a Anistia Internacional e a ela não cabem discussões tão técnicas. Obviamente, é uma reflexão de caráter muito pessoal. Fala-se abusivamente, hoje, em desmilitarização da polícia. Se isso não for bem explicado, podemos resvalar facilmente para uma forma de demagogia barata, que não vai levar-nos a lugar algum. Quando se falou, em São Paulo, da desmilitarização da PM, procurei informar-me que sucederia com o Policiamento Ostensivo, hoje realizado por uma corporação de quase oitenta mil homens. A resposta foi estarrecedora e risível: passaria a ser feito pela Polícia Civil, que incorporaria os ex-policiais militares. Mudaria exatamente o quê? Talvez menos hierarquia, menos controle e a mesma violência ou pior, uma vez que a Ouvidoria, em São Paulo, também está abarrotada de denúncias contra a Polícia Civil. 
3.4 Princípios constitucionais
 De acordo com Loureiro (s.d.):
“As Polícias Militares têm mantido uma dupla função ao longo das constituições federais brasileiras. Elas são órgãos de segurança pública dos estados federados e, ao mesmo tempo, forças auxiliares do Exército Brasileiro”.
Tal argumento encontra respaldo no Art 144 da CF/1988:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
....
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
3.4.1 Garantia da ordem pública
Manter a ordem pública é a função primordial da Polícia Militar, e está expressa na constituição em seu artigo 144 § 5º:
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
Tal dever de acordo com Bayley (c2001): “É a função essencial do governo. Não apenas a própria legitimidade da ordem, mas também a ordem funciona como critério para se determinar se existe de fato algum governo.” O mesmo detalha:
Tanto conceitual quanto funcionalmente, governo e ordem devem andar juntos. [...] As atividades policiais também determinam os limites da liberdade numa sociedade organizada, algo essencial para se determinar a reputação de um governo. Embora governos imponham restrições de outras maneiras, a maneira pela qual ele mantém a ordem certamente afeta de modo direto a liberdade real.
Nas palavras de Neto (c2005), é caracterizada a ordem pública:
A ordem pública seria um estado aprazível de relações pessoais, não se satisfazendo somente com a lei e os princípios democráticos para o autor a ordem pública teria uma “dimensão moral”, esta ligada aos princípios éticos de cada setor da sociedade. Assim, a ordem pública teria que ser legal, legítima e moral. 
Ainda, segue o autor dizendo que é mais fácil conseguir entender o que é ordem pública do que explicar a sua definição, sendo ela um “[...] conjunto de princípios de ordem superior, políticos, econômicos, morais e algumas vezes religiosos, aos quais uma sociedade considera estreitamente vinculada à existência e conservação da organização estabelecida [...].” 
3.4.1.1 – Hierarquia e Disciplina
De acordo com o arigo “Os princípios Basilares das Instituições Militares Estaduais no Estado Democrático de Direito” é possível se analisar o tema refletindo sobre o controle que os oficiais exercem sobre os subordinados no contexto dos princípios basilares da Polícia Militar e até mesmo das forças armadas no geral, uma vez que a hierarquia e disciplina são princípios militares e nesse contexto Elis Regina Marcelino busca colocar ambos princípios em uma espécie de contexto comparativo com a aplicação do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana do policial militar ao abordar autores como Foucalt (s.d.)
O que Foucault chamou de microfísica do poder significa tanto um deslocamento do espaço da análise quanto do nível em que esta se efetua. Dois aspectos intimamente ligados, na medida em que a consideração do poder em suas extremidades, a atenção a suas formas locais, a seus últimos lineamentos tem como correlato a investigação dos procedimentos técnicos de poder que realizam um controle detalhado, minuciosos do corpo – gestos, atitudes, comportamentos, hábitos, discursos. (Roberto Machado, In: Microfísica do Poder, FOUCAULT, 1979, XIV)
3.4.1.2 – Desconcentração das forças
Esse princípio pode parecer sem importância a primeira vista, entretanto ele garante que cada força do país esteja cumprindo seu papel constitucional e não unificadas em um poder descomunal, o art. 142, caput, da CF/88 estabelece: 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
3.4.2 Proteção da incolumidade das pessoas
Esse é o dever precípuo das Polícias Militares, e devido ao caráter ostensivo da mesma se torna praticamente habitual, uma vez que sempre que se deparam com uma situação de violência ou solicitação de um cidadão e deslocam uma viatura estão cumprindo tal dever, o que também o fazem com o patrimônio seja público ou privado; também pode classificar preservação da ordem pública uma vez que a violação a incolumidade é uma espécie de desordem em sentido amplo. 
Segundo o dicionário Aurélio:
“livre de perigo; são e salvo; intato ileso; bem conservado” e incolumidade quer dizer “qualidade ou estado de incólume”.
Nesse ponto se difere da ordem pública, uma vez que se aproxima mais da proteção do indivíduo enquanto a primeira resguarda a paz social.
Ferreira (2011, p.58) Traz jurisprudência do STF acerca do significado de acautelar, presente no princípio:
 “acautelamento do meio social” (jurisprudência do STF: HC 102065/PE – Pernambuco; HC 97688/MG – Minas Gerais). Acautelar significa “(1) por de sobreaviso; prevenir; precaver; (2) guardar com cautela” (FERREIRA, 2011, p.58). 
3.4.2.1 – Dignidade da pessoa humana
Um Estado baseado na dignidade humana é o reconhecimento da pessoa como ser humano, ou seja, do “indivíduo como limite e fundamento do domínio político da República” (CANOTILHO, 2002, p.225). 
3.4.3 – Princípios esparsos 
Ao abordar o direito constitucional de ir e vir recomenda Balestreri (2005, p.77) que:
Zelar, pois, diligentemente, pela segurança pública, pelo direito do cidadão de ir e vir, de não ser molestado, de não ser saqueado, de ter respeitada sua integridade física e moral, é dever da polícia, um compromisso com o rol mais básico dos direitos humanos que devem ser garantidos a todos os cidadãos. 
Outros princípios podem ser extraídos indiretamente quando observado o processo de seleção dos policiais militares no que tange ao aspecto psicológico, a seguir serão explanadas algumas das características que a Brigada Militar do RS e a Polícia Militar de SC respectivamente requisitam que seus candidatos a soldado detenham:
Figura 7: Característica psicológica – Capacidade de manter controle em situações de estresse 
Fonte: EDITAL DA/DRESA nº SD-P 01/2017 Soldado de 1ª Classe – QPM-1/ BM 
Figura 8: Característica psicológica – Controle Emocional (Autocontrole)
Fonte: EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 042/CGCP/2019 PARA ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS DA POLÍCIA MILITAR (CFSD) 
Figura 9: Característica psicológica – Agressividade
Fonte: EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 042/CGCP/2019 PARA ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS DA POLÍCIA MILITAR (CFSD) 
Figura 10: Característica psicológica– Sociabilidade (Relacionamento Interpessoal)
Fonte: EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 042/CGCP/2019 PARA ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS DA POLÍCIA MILITAR (CFSD) 
Com a exigência cada vez maior por parte da corporação, candidatos são submetidos a testes que levam a classificação apenas daqueles que indiretamente tem o “perfil constitucional adequado”, uma vez que um agente público capaz de manter o controle em situações de estresse vai pensar duas vezes antes de efetuar um disparo e não será motivado pelo ódio conforme a descrição das características psicológicas das figuras 4, 5, 6 e 7 acima.
3.5 A função residual da Polícia Militar
De acordo com Balestreri (2005, p.37), também é atribuída à polícia militar a chamada competência residual, ou seja, no caso de falência operacional dos demais órgãos de segurança pública, a exemplo de greves ou outras causas, que os tornem inoperantes, incapazes ou ineficientes a Polícia Militar é convocada para apaziguar os conflitos sociais. 
O policial, pela natural autoridade moral que porta, traz consigo  o potencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social que o atinge e qualificando-se como um dos mais centrais protagonista da democracia brasileira. As organizações não governamentais que ainda não descobriram a força e a importância do policial como agente de transformação, devem abrir-se, urgentemente, a isso, sob pena de aferradas a velhos paradigmas, perderem o concurso da ação de atores sociais tão impactantes.” 
De acordo com as palavras de Velásquez (s.d.)
“En países como Brasil, Argentina y México las autonomías territoriales (estados, federaciones, gobernaciones, etc.) han permitido que este tema se maneje a nivel local, incluso llegando a tener cuerpos policiales propios, con la dificultad manifiesta que no existe o existe muy poca coordinación entre estas autoridades locales, las autoridades de policía y los cuerpos armados nacionales”.
Traduzido do inglês:
Em países como Brasil, Argentina e México, as autonomias territoriais (estados, federações, governos, etc.) têm permitido que essa questão seja tratada em nível local, mesmo possuindo forças policiais próprias, com a óbvia dificuldade de que ela não existe ou existe muito pouca coordenação entre essas autoridades locais, as autoridades policiais e as forças armadas nacionais ”.
No primeiro caso, o de falência operacional dos outros órgãos de segurança pública, tem-se a competência residual propriamente dita, nesse sentido:
“Um dos primeiros pensadores sobre o tema, afirma que a competência da Polícia Militar engloba a competência especifica dos outros órgãos policiais, no caso de falência operacional dos mesmos”. Lazzarini (c1999)
Nas palavras de Ferrigo (2011, p.2) um exemplo de falência operacional dos demais órgãos policiais ao citar Lazzarini (c1999)
As greves ou outras causas que tornam esses órgãos inoperantes ou deficitários na consecução de suas atribuições. Assim, para o autor a Polícias Militar é a verdadeira força pública da sociedade, sendo uma instituição de preservação da ordem pública para todo sistema da atividade policial no que concerne à ordem pública, primordialmente a segurança pública.
Ferrigo (2011, p.2) também menciona Sardinha (c2007) ao trazer novo exemplo de falência operacional dos demais órgãos: 
É quando da ineficiência dos agentes prisionais, caso este em que a Polícia Militar assume efetivamente os estabelecimentos prisionais, em virtude da iminente quebra da tranquilidade pública.
3.5.1 A Evolução das Estratégias Policiais
3.5.1.1 PROERD
De acordo com pesquisas do grupo de pesquisadores do Centro Universitário Newton Paiva em parceria com a UFMG (s.d.):
Dentre os programas colocados em prática pelas polícias militares está o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas) que visa um decréscimo no uso indevido de drogas além do combate à violência, por meio de aulas ministradas a alunos do Ensino Fundamental. 
Ainda baseado nas pesquisas do grupo de pesquisadores (s.d.):
O Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), aqui no Brasil, é uma iniciativa da Polícia Militar voltada a alunos das 4ª e 6ª séries do Ensino Fundamental ou equivalente em ciclos. Trata-se de uma parceria com o projeto Drugs Abuse Resistence Education (DARE) – Educar para Resistir ao Abuso de Drogas – implantado inicialmente em Los Angeles, Califórnia EUA, em 1983, atualmente presente em 58 países.
O DARE chegou ao Brasil em 1992, junto a Polícia Militar de São Paulo. Após adaptações recebeu o nome de PROERD. Atualmente, é desenvolvido em todos os Estados da Federação pelas respectivas polícias militares e já formou mais de quatro milhões de crianças em todo o país.
3.5.1.2 Polícia comunitária
De acordo com reportagem do governo do estado, é possível obter mais informações através da origem do policiamento comnitário no Brasil, o qual foi trazido do Japão por oficiais da Brigada Militar desde 2015; o tema é abordado pela perita japonesa Hisami Ohashi que contou explana a redução dos índices de criminalidade com ações preventivas:
Com uma população entre 120 a 130 milhões de habitantes o Japão registrou apenas mil homicídios em 2016. Segundo Hisami Ohashi, o Sistema Koban, policiamento comunitário japonês, existe há 130 anos e abrange todas as 47 províncias, com bases de segurança comunitária e bases de segurança comunitária distrital, onde os policiais residem.
Segundo Ohashi, 80% da força policial japonesa está voltada à prevenção."Operacionalizamos a Segurança Pública através da integração de todos os atores sociais, governo, polícia e comunidade. São vários agentes trabalhando em parceria no enfrentamento ao crime", explicou.
O comandante da Brigada Militar coronel Andreis Silvio Dal'Lago observou o contrário na corporação brasileira onde apenas 5% é investido na prevenção, de acordo com seu testemunho:
"Mas queremos reverter essa lógica até conseguir chegar a esse patamar. Evidentemente que levando em conta as diferenças na questão cultural do povo japonês e do povo brasileiro. Mas a técnica de proximidade, os mecanismos que eles têm usado para informar a comunidade do que é o policiamento comunitário, a metodologia utilizada  no treinamento dos seus policiais para uma aproximação adequada com a comunidade, em especial no combate aos pequenos delitos, isso é perfeitamente aplicável ao Rio Grande do Sul e ao Brasil".
Segundo Dal'Lago, esse é um trabalho de médio e longo prazo. "A repressão qualificada deve permanecer, mas precisamos investir na prevenção para conseguir, através da mudança de comportamento do policial e da comunidade, chegar aos patamares dos indicadores de criminalidade semelhantes ao modelo japonês", disse.
A Brigada Militar estruturou sua estratégia de policiamento comunitário em três níveis onde no primeiro o policial militar reside no bairro onde atua (núcleo de polícia militar), o segundo se trata de bases móveis comunitárias e o último por um sistema de bases fixas (companhias no inerior de comunidades)
A polícia comunitária amplia o conceito original de polícia, nesse sentido reforça Swanson (1998, p.5):
Pois a polícia é o público e o público é a polícia, pois os policiais são pagos para dar atenção integral aos cidadãos, com maior interação da polícia com outros órgãos e entidades do Estado responsáveis pela melhoria de qualidade de vida. Assim o papel da polícia é ampliado para além da solução de crimes e sua eficiência é mensurada, não pelas taxas de detenções e prisões, mas pela ausência de crime e desordem. O policial deve ser preparado para lidar com os problemas atinentes ao cidadão e sua efetividade é mensurada pela cooperação pública. O serviço policial é entendido como uma função vital e de grande oportunidade, sendo sua proximidade com o cidadão o traço de seu profissionalismo. Utiliza se de informações sobre as atividades dos indivíduos e grupos para realizar suas investigações. As formas de controle têm ênfase nas especificidades locais para as necessidades da comunidade.

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