Buscar

Resenha Crítica - Concepções da metamorfose metropolitana (Sandra Lencioni)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resenha crítica sobre o texto “Concepções da metamorfose 
metropolitana – Sandra Lencioni” 
 
 
Priscila Ribeiro de Carvalho de Medeiros 
Bacharelanda em Geografia 
priscilardcm@gmail.com 
 
 
A autora inicia o texto trazendo concepções de 2011 do autor Soja, 
quando ele afirma que sem dúvidas nos últimos 30 anos há a ocorrência de uma 
mudança no processo de urbanização. A dinâmica urbana que acontecia de 
forma concentrada, com o desenvolvimento de regiões metropolitanas e 
metrópoles, agora acontece de forma dispersa com o desenvolvimento de 
“policentralidades”. Para Soja, “transitamos de uma urbanização metropolitana 
para uma urbanização regional policêntrica.” (Lencioni, S. pág.32) 
A autora cita três pontos relativos a colocação de Soja, são eles: que ao 
perceber o processo de dispersão, Soja o faz a partir da metrópole que se 
desconcentra, ou seja, ele tem como referência as regiões metropolitanas; a 
mudança radical da produção de novas formas e novos conteúdos não faz com 
que os antigos conteúdos e formas não façam mais parte daquele contexto; e, 
também, que essa nova fase da urbanização é uma dinâmica tão radical que os 
ela diz “preferimos denomina-la de metropolização”. (Lencioni, S. pág.32) 
Ela aborda que o termo metropolização só tratado como conceito de forma 
significativa nas duas últimas décadas do séc.XX. Em especial na década de 
1990 que a discussão desse conceito passa a ser central nas reflexões sobre o 
processo de urbanização, que antes dava-se maior importância aos termos de 
metrópole e de região metropolitana. Lencioni fala que “a preocupação com a 
ideia de metropolização do espaço é, portanto, bastante e significativa na busca 
pela compreensão das mudanças em curso, especialmente desde o último terço 
do século XX”. 
A autora cita Ghorra-Gobin (2010) que traz o termo “metropolização” 
como parte de um novo paradigma que possibilita “apreender as dinâmicas 
espaciais e territoriais relacionadas à cidade”, ela não é exclusiva dos espaços 
metropolitanos e das grandes aglomerações (Lencioni, S. pág.33). Lencioni 
mailto:priscilardcm@gmail.com
2 
 
também cita Ascher (1995) que traz a metropolização como fenômenos que 
ocorre no cotidiano das grandes aglomerações, das cidades e cidades pequenas 
mais interioranas e que concebe novos tipos de morfologias urbanas. Sendo 
assim, também ocorre em espaços rurais, espaços vazios e demais espaços. 
A autora cita Pereira (2008) que diz que a metropolização apesar de ser 
mais percebida nas cidades maiores, é uma mudança no processo de 
urbanização que não pode ser só considerada em relação à questão da escala 
ou tamanho da aglomeração ou quantitativo populacional. Ela conclui que “é 
sobre os espaços regionais de grande centralidade que a metropolização é mais 
visível.” (Lencioni, S. pág.34). 
Ela traz João Rua (2015) para entender a relação do urbano e do rural 
nesse cenário, já que fica muito difícil de separá-los. Rua (2015) vai chamar de 
“urbanidades no rural” os espaços da área rural com características da área 
urbana. Para ele “as urbanidades no rural seriam todas as manifestações 
materiais e imateriais em área rurais, sem que, por isso, essas fossem 
identificadas como urbanas.” Com isso, cada vez mais essa “separação” entre 
espaços urbanos e espaços rurais vão se tornando cada vez mais opacas. 
Lencione fala que, por outro lado, a metropolização incide cada vez sobre 
os espaços naturais tornando-os parte da lógica da aglomeração dispersa, como 
o turismo, por exemplo. Também cita formas conteúdos anteriores que recebem 
novos significados, tanto quanto os fragmentos do ultramoderno e 
contemporâneo. 
A autora chama a atenção para que, dizer que a metropolização estar 
relacionada ao processo de dispersão não significa dizer que esse processo seja 
infinito. Seus limites são provenientes da integração entre os elementos que 
constituem o aglomerado, o que importa é a integração que se estabelece dos 
processos. Esses processos são dinâmicos e o recorte regional pode ser 
alterado. Lencioni traz como exemplo o esquema da evolução da cidade de 
Lefebvre (1989) (figura 1), que ela não pontuou profundamente, mas que traz 
consigo uma análise sobre “transição de uma urbanização metropolitana para 
uma metropolização regional”. O esquema trata-se de uma síntese que permite 
entender as mudanças. 
3 
 
 
Figura 1 Esquema da evolução da cidade de Lefebvre, trazido no texto de Sandra Lencioni. 
Assim, como já apontado por ela com referências de outros autores, a era 
da metrópole acabou e o que estamos vivenciando agora é uma 
“postmetropolis”. Essa ideia é desenvolvida pela autora no decorrer do texto, 
através de suas colocações e contribuições de outros autores, como foi feito 
desde o início para introduzir suas ideias. 
O termo metropolização regional policêntrica, trazido por Lencioni (2017), 
está relacionado aos conceitos de cidade-região, metrópole-região, megalópole, 
megarregião e metápole. Esses conceitos se interligam pela relação cidade e 
região e para exemplificar a cidade como centro regional, Lencioni traz como 
exemplo a teoria dos lugares centrais de Christaller (1966). A cidade-região, 
desta forma representada – com o hífen – será trabalhada por Geddes em 
“Cidades em evolução”, com a primeira edição em 1915. Décadas mais tarde 
esse conceito é retomado como conceito fundamental para se compreender as 
modificações na urbanização. A autora cita Scott et al. (2001), que no final do 
4 
 
século XX, conceituaram cidade-região com o uso do hífen os fazendo atribuir o 
sentido global ao conceito. Esse sentido global traz que algumas cidades-regiões 
são uma teia de relações globais as tornando centrais. 
Scott et.al, trazido pela autora, procuraram em outros trabalhos 
embasamento para iniciar a construção da ideia. Os trabalhos de cidades 
mundiais de Hall (1966), Friedmann e Wolff (1982) e o de cidade global de 
Sassen (1991), foram alguns reafirmando essa relação entre globalização e as 
transformações das atividades produtivas e dos serviços. Assim, as cidades 
globais são “motores regionais da economia global.” (Lencioni, S. pág.37), se 
tornando centrais para a vida moderno. 
Sandra Lencioni (pág. 37) traz a seguinte interrogação, “em que diferiria 
fundamentalmente, as cidades-regiões globais das cidades globais?” Para os 
construtores do conceito de cidade-região, uma cidade-região pode ou não ter 
características de uma cidade global, pode ser uma metrópole ou um conjunto 
de cidades, sem que o porte dessa cidade seja influenciei. No caso de cidades-
regiões globais, a autora cita a contribuição de Moura (2016, p.79), que a 
considera como uma das principais redes estruturais da nova economia global, 
sendo essas economias e regiões ligadas em redes flexíveis de firmas que 
cooperam e competem em um crescente e extenso mercado. (Lencioni, pág. 38) 
As cidades-regiões globais pode ser uma das principais redes da nova 
economia global. Lencioni cita Sassen (2007) que diz que é exclusivo das 
cidades globais a relação com a constituição de uma rede estruturante da 
economia global. A autora traz outros dois aspectos apontados por Sassen 
(2007), que são: relativo a escala, porque na escala territorial da região é muito 
mais provável acontecerem várias atividades econômicas que na escala das 
cidades; o outro é que os aspectos da competição e competividade, se 
apresentam muito mais intensos nas cidades-regiões globais, decorrendo-se na 
opinião das autoras, que cidade-região global constitui-se numa região que 
condensa várias atividades produtivas, se tornando uma verdadeira plataforma 
global da produção e competindo no mercado mundial. 
5 
 
Lencioni cita os estudos de Firkowski (2018) que traz o conceito de 
cidade-região global no Brasil, para ele esse conceito está vinculado ao fato de 
ser discutido no país esse conceito em 2001 pela Revista Espaço e Debates,porém, publicações sobre o conceito de metápoles nunca ocorreu no país. Outro 
conceito muito próximo de cidade-região, Lencioni trabalha metrópole-região que 
foi concebido por De Mattos (1999) que foi aplicado em Santiago no Chile, 
trabalha com uma metrópole extensiva para uma metrópole-região. O nome é 
próximo, mas o sentido difere do de cidade-região formulado por Scott et al. 
(2001), já trabalhado pela autora. 
O conceito de cidade-região ou de cidade-região global é muito próximo 
com o de megarregião e o de metápole e todos eles têm origem teórica com o 
conceito de megalópole (Lencioni, S. pág.40). Os conceitos de macrometrópole, 
megarregião, metápole e megalópole tem em comum o prefixo mega, que indica 
algo com dimensão maior que a metrópole. Porém, a diferença não está no 
tamanho, mas sim, nas propriedades particulares. Lencioni explica a origem 
base dos conceitos de megarregião e de metápole, que foram desenvolvidas a 
partir de “megalópole”, formulada por Gottmann (1961). Megalópole se refere a 
uma região urbana com presença de metrópoles, algumas apresentando fusão 
entre as áreas urbanas. Gottmann (1961) vai elaborar estudos e concluir que a 
representação de uma megalópole só acontece através da integração entre os 
elementos, pois é ela que reúne e dá unidade ao que é disperso. (Lencioni, S. 
pág. 41). 
A megalópole necessita conter diversas centralidades (polinucleadas) que 
se apresentam heterogênea, ter descontinuidade de territórios, ter ou não áreas 
florestais e, também, ter áreas rurais. Não se pode confundir uma metrópole com 
uma megalópole, pelos seguintes motivos: uma megalópole se desenvolve de 
forma linear do que a metrópole, que se desenvolve de forma arredondada; 
sendo, também bem mais polinucleada e ter uma extensão territorial e população 
mais elevada. Para Gottmann (1961) uma megalópole acontece em um lugar, 
em uma região urbana, onde acontece um estágio de desenvolvimento social 
superior ao da metrópole. 
6 
 
Sobre os meio de comunicação e informação, Sandra Lencioni menciona 
Sassen (2001) que diz que hoje, se comparado ao passado, “a intensidade da 
complexidade e extensão global das redes, a extensão em que porções 
significativas das economias são agora desmaterializadas e digitalizadas e, 
portanto, a extensão pelas quais podem viajar em grandes velocidades por meio 
de algumas dessas redes e das cidades que fazem parte de redes 
transfronteiriças operando em vastas escalas geográficas.” 
A autora diz que na literatura atual sobre o urbano e o regional, a 
expressão utilizada é megalópole que reside no conceito de megarregião. A 
megarregião engloba a financeirização, a globalização e a explosão e implosão 
do urbano em processos presentes, seria equivocada compará-la com região 
com grandes dimensões, somente. Ela está presente nos espaços urbanos, 
metropolitanos, áreas rurais e naturais, dentro das premissas estabelecidas, 
combinando lógicas de aglomeração e lógicas de dispersão. 
Lencioni cita Florida como um dos principais autores, quando se trata do 
conceito de megarregião. Ela diz que “ele considera que o verdadeiro poder da 
economia global é emanada das megarregiões e afirma, claramente, que a 
economia mundial é dirigida pelas megarregiões. (...) Hoje em dia, o poder não 
advém de “um Estado-nação, mas de megarregiões”. (pág.43) Ele chegou a 
definir 40 megarregiões e seus critérios, foram: área de luz contínua identificada 
por imagens de satélite, possuir pelo menos duas áreas metropolitanas, 
apresentar população de, pelo menos, 5 milhões de habitantes e gerar uma 
economia de mais de 300 bilhões de dólares. 
Por último, a autora discorre sobre o conceito de metápole citando Ascher 
(1995), que define esse conceito como “um conjunto de espaços em que todos 
ou parte de seus habitantes, das atividades econômicas ou dos territórios são 
integrados no funcionamento cotidiano (habitual) de uma metrópole.(...) Consiste 
em uma única bacia de emprego, hábitat e atividades.(...) Seus espaços são 
profundamente heterogêneos e não necessariamente contíguos.” (pág. 44) 
Ascher (1995) traz as metápoles como mono ou policêntricas que se formam a 
7 
 
partir de metrópoles preexistentes que vai integrar novos espaços e variado 
conjunto heterogêneo. 
Sandra Lencioni faz algumas indagações: qual é o lomite da região, seja 
da cidade-região, metrópole-região, megalópole, megarregião e o de metápole? 
Onde a região começa e onde termina? Até onde ela se estende? A resposta 
para essas perguntas, trazida pela autora, é que o limite provem da integração 
interna que o conjunto regional traz. Isso, requer uma posição em relação aos 
procedimentos de investigação, partindo de um recorte espacial, mais amplo 
possível e, então, o restringir partindo de uma análise dos dados e elementos do 
espaço. Deduz, então, que a região é ao mesmo tempo ponto de partida e ponto 
de chegada. “É a análise que busca perceber a integração interna do conjunto 
que orienta o recorte regional”. (pág.45) 
A autora, então, traz uma análise com base em outro autores para tratar 
de conceitos que na sua completude são diferentes, mas também se completam 
em alguns momentos. O texto de Sandra Lencioni busca compreender as 
recentes metamorfoses no urbano associada a estudos de outros autores com a 
finalidade de articular as ideias e dialogar sobre o tema proposto, que foi 
discorrer sobre os conceitos de cidade-região, macrometrópole, metrópole-
região, megalópole, megarregição e metápole, associados ao novo processo de 
urbanização que acontece atualmente no mundo, chamada de postmetropolis.

Continue navegando