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analise sintatica e influencia dos valores semanticos

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Análise sintática e a influência dos 
fatores semânticos, pragmáticos, 
discursivos e contextuais
APRESENTAÇÃO
Os aspectos semânticos, pragmáticos e discursivos atuam para a constituição de sentido do 
texto. Na relação entre eles, percebe-se que o entendimento de um texto está além da 
interpretação das palavras, do sentido delas e da relação sintática estabelecida entre elas.
São disciplinas que, no processo de interpretação de frases, complementam-se e elucidam a 
relação dos sujeitos com a língua em uso, sobretudo com a inserção da abordagem pragmática 
de funcionamento da língua, no sentido de explicar a língua em uso. Ou seja, é a disciplina que 
se dedica a mostrar para os leitores que há muito “dito” no que não foi explicitamente 
enunciado.
Dessa forma, esta Unidade de Aprendizagem objetiva tratar de algumas temáticas envolvidas 
nas influências dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais para análise 
sintática. Dessa forma, será descrita a relação entre sintaxe, semântica e pragmática; será tratada 
a questão das frases relacionadas aos aspectos discursivos e textuais e, por fim, serão 
apresentadas as teorias da implicatura e da relevância.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever a relação entre sintaxe, semântica e pragmática.•
Interpretar frases relacionadas aos aspectos discursivos e textuais.•
Definir as teorias da implicatura e da relevância.•
DESAFIO
Semântica e pragmática desafiam os sujeitos a um processo de interpretação mais amplo. A 
semântica, como um ramo da linguística, está voltada para a investigação do significado das 
sentenças. Logo, o semanticista busca a descrição do conhecimento semântico que o falante tem 
de determinada língua.
INFOGRÁFICO
Entender a relação entre pragmática, semântica e gramática pressupõe um reconhecimento dos 
autores que foram, ao longo do tempo, dedicando-se a construir conhecimento sobre essas 
disciplinas, possibilitando, com cada uma das contribuições, um avanço para o campo da 
linguística, no sentido de ampliar as teorias sobre funcionamentos da língua e apresentar 
fundamentos para a sintaxe, para a semântica e para a pragmática.
Entre os autores, destaca-se, no Infográfico a seguir, um recorte dedicado a três autores 
importantes (Peirce, Morris e Bühler), os quais contribuíram, sob perspectivas diferentes, para o 
entendimento da relação entre três subdisciplinas da linguística: pragmática, semântica e 
gramática.
CONTEÚDO DO LIVRO
Desde os anos 1970, discutir sobre arquitetura linguística esteve em alta. Com modificações nas 
abordagens ao longo do tempo, muitos pesquisadores concentraram os seus estudos em análises 
teóricas, outros em observações empíricas. Sobretudo, nos anos 1980, há um olhar empírico 
para os fenômenos da língua. Nos anos 1990, renova-se o interesse pela abordagem teórica, e a 
inter-relação das disciplinas é reforçada.
Nesse contexto, três subdisciplinas da linguística se entrelaçam para explicar os funcionamentos 
da língua e da linguagem: a semântica, a pragmática e a gramática. Mas qual é a relação dessas 
disciplinas para a análise sintática da língua?
Leia o capítulo Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos 
e contextuais, da obra Psicolinguística, e entenda um pouco mais sobre essas áreas e a 
abordagem de cada uma, como forma de colaboração para o entendimento de fenômenos 
comuns a elas.
Boa leitura.
PSICOLINGUÍSTICA 
Nadia Studzinski Estima de Castro
Análise sintática e a 
influência dos fatores 
semânticos, pragmáticos, 
discursivos e contextuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a relação entre sintaxe, semântica e pragmática.
  Interpretar frases com base nos aspectos discursivos e textuais.
  Definir as teorias da implicatura e da relevância.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a análise sintática e ver como ela é in-
fluenciada pelos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e textuais. 
Para tanto, você vai conhecer a relação que se estabelece entre sintaxe, 
semântica e pragmática. Além disso, você vai ver como interpretar frases 
a partir dos aspectos discursivos e textuais. Por fim, você vai conhecer as 
teorias da implicatura e da relevância.
Sintaxe, semântica e pragmática
O funcionamento da linguagem, centrada no falante, baseia-se em três aspec-
tos fundamentais: a capacidade natural de acionar a ligação entre esquemas 
cognitivos e linguagem; o saber de uma língua particular; e a atuação lin-
guística em um evento comunicativo (NEVES, 2017). Assim, a vivência em 
determinada língua emerge pelo reconhecimento de uma capacidade de que os 
sujeitos são dotados, a de produzir linguagem. Contudo, também está em jogo 
o reconhecimento de que os indivíduos são naturalmente levados a apossar-se 
de uma língua natural de expressão, sobretudo pela vida em comunidade e de 
acordo com a sua capacidade de produzir linguagem.
Dessa forma, os sujeitos se engajam na vida em comunidade atuando 
com a língua que dominam. Inclusive, ao dominá-la (e aperfeiçoá-la), eles se 
tornam aptos a interpretar o contexto em que estão inseridos e a adaptar a 
linguagem de acordo com as exigências de cada ambiente. Por exemplo, você 
se comunica em um bar (entre amigos) da mesma forma que se expressa em 
uma reunião de negócios (com colegas de trabalho e gestores)? Para responder 
a essa pergunta, considere linguagem verbal e não verbal.
Como você deve ter concluído, salvo raras exceções, a forma de utilizar a 
linguagem depende do espaço em que ela é praticada. É nessa complexidade que se 
percebe o poder do componente que é adicionado ao fazer da linguagem, ou seja, 
o componente de atuação linguística em si, comumente chamado “pragmático”. É 
esse “fazer” que, na ação multiplicadora da linguagem, ativa a posse do “saber” de 
uma língua natural, mediante aquele “poder” do mecanismo gerador do falante. 
Nesse movimento, é possível perceber a relação entre os componentes que cons-
tituem a língua. São eles: a sintaxe, a semântica e a pragmática (NEVES, 2017).
O uso moderno do termo “pragmática” pode ser atribuído ao filósofo Charles Morris 
(1938). Ele estava interessado em esboçar (seguindo Locke e Peirce) a forma geral de 
uma ciência dos signos (semiótica). Na semiótica, Morris identificou três ramos de 
investigação distintos: sintática ou sintaxe, semântica e pragmática. Cada um deles 
colabora para o entendimento dos aspectos do uso da linguagem e é essencial para 
compreendê-la como um sistema (LEVINSON, 2007).
A gramática de determinada língua inclui as operações internas à oração, 
por exemplo, a constituição sintática da predicação e a sua contraparte se-
mântica (com entidades como agente e paciente). Mas ela também inclui as 
determinações interacionais que motivam e configuram a força ilocucionária 
da frase enunciada (com entidades como tema e rema, além de entidades 
semântico-pragmáticas), todas operadas na sintaxe (NEVES, 2017).
Assim, fica evidente a inter-relação entre semântica, sintática e pragmática. 
A pragmática é percebida em dois níveis, que você pode ver a seguir. Considere 
o caráter pragmático como o componente interacional da língua.
Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais2
1. Nível que se resolve mais internamente ao enunciado (por exemplo, o em-
pacotamento da informação e a organização de seu fluxo, na textualidade).
2. Nível propriamente motivador e direcionador do ato de linguagem (as deter-
minações interlocutivas envolvidas na interpessoalidade) (NEVES, 2017).
Como você pode perceber, o entendimento na comunicação entre os sujeitos 
só é possível se os enunciados são constituídos pelas três análises. Quando, por 
alguma razão, a proposta enunciada é barrada por um dos níveis, ela ou não 
é adequadamente interpretada, ou nãoé aceita. Observe o exemplo a seguir:
Os filhos de Fred são hippies, mas ele não tem nenhum filho.
Quando se depara com essa construção, o ouvinte/leitor muito prova-
velmente sente estranhamento. Mas por quê? Sintaticamente, a frase está 
construída de forma correta; cada um dos elementos pode ser interpretado 
semanticamente, pois existe na língua portuguesa. E quanto ao caráter prag-
mático dessa construção? A sintaxe trata da relação formal dos signos entre 
si. A semântica, por sua vez, estuda a relação dos signos com os objetos aos 
quais eles são aplicáveis. Já a pragmática representa o estudo da relação dos 
signos com os intérpretes; ou seja, envolve o contexto em uso.
No cotidiano, os sujeitos não percebem conscientemente a presença desses 
fatores na análise e na validação dos enunciados. Mas esse movimento acontece a 
todo instante. Os enunciados que você produz e aqueles que lê/ouve são avaliados 
por essa tríade. Quando incorpora os três, o enunciado passa a ter sentido. Evi-
dentemente, isso está diretamente relacionado com o contexto social e cultural de 
produção. Ou seja, determinada estrutura pode ser construída fora dos padrões da 
gramática normativa da língua, mas fazer total sentido no contexto de enunciação.
Como explica Neves (2017), para os estudiosos cognitivistas da linguagem, 
os itens lexicais e as expressões não são significativos intrinsecamente; pelo 
contrário, têm o seu significado construído no ato de linguagem. Ou seja, é nos 
(diversos) contextos de uso que os processos cognitivos ativam a interpretação 
dos itens ou das expressões, segundo a base de conceitos e convenções já 
disponível para balizamento da interpretação e de acordo com o conhecimento 
incorporado pelos sujeitos. Veja:
Fica evidente a noção de que os significados convencionais, aparentemente 
associados às unidades linguísticas, são simples gatilhos para o processo de 
interpretação, que é acionado exatamente na interação verbal. Não há como 
não entender que o contexto de uso é o disparador desse processo, englobada, 
aí, a própria intenção do falante (NEVES, 2017, documento on-line).
3Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais
Para entender melhor, leia a frase a seguir:
Era elegante como um manequim de vitrine e ocupado 
como telefone de bicheiro (NEVES, 2017).
Isoladamente, a frase pode parecer estranha. Primeiro, porque há co-
ordenação de dois adjetivos (“elegante” e “ocupado”). Em segundo lugar, 
porque a frase estabelece comparações semânticas que não são usadas de 
forma habitual: “elegante como um manequim de vitrine”; “ocupado como 
telefone de bicheiro”. No geral, depois de lê-la, o leitor para alguns segundos 
diante da frase a fim de estabelecer sentido. Ele recorre à sua memória para 
resgatar a relação entre os elementos e, então, conferir sentido a eles. Muito 
provavelmente, se enunciada em determinado contexto, a construção pode 
ter sentido cômico, por exemplo.
Assim, entrelaçam-se as análises sintática, semântica e de produção de 
efeitos na linguagem (pragmática). O conteúdo cognitivo compartilhado transita 
por esses componentes para fazer sentido no mundo. Na saída do enunciado, o 
leitor é conduzido pelo arranjo linguístico dos elementos (sintaxe), em conjunto 
com os sentidos (semântica); esse arranjo engaja o interlocutor para que seja 
cumprido de forma eficiente o objetivo da sociocomunicação (pragmática), 
conforme conclui Neves (2017).
A seguir, veja alguns conceitos importantes.
  Semântica: estudo do sentido das palavras e da interpretação das sentenças pro-
duzidas em determinada língua.
  Agente e paciente: papéis temáticos. O agente e o paciente se fazem presentes 
com o emprego de verbos de ação. O agente é aquele que age, sujeito do verbo. 
Já o paciente é aquele que “sofre” a ação do verbo.
  Interação: troca de informações em que a emissão modifica de alguma forma o 
receptor.
  Força ilocucionária: força de um ato completo de fala. Em enunciados, é a entrega 
do conteúdo proposto.
  Tema: é o tópico de um enunciado, aquilo sobre o que ou quem se fala. É a infor-
mação compartilhada.
  Rema: é o objetivo, a informação nova, os desdobramentos do tema.
Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais4
Interpretação de frases
Interpretar frases considerando os aspectos discursivos e textuais pressupõe 
o entendimento sobre o processo de leitura (e não apenas o entendimento da 
palavra). Quando pensa em leitura, talvez você imagine alguém lendo um jornal, 
uma revista, um folheto, uma mensagem no WhatsApp, um e-mail; mas pense 
também na língua brasileira de sinais (Libras), na arte, nos gestos (linguagem 
não verbal). O ato de ler é usualmente relacionado com a leitura da palavra, e o 
leitor é visto como decodifi cador. Mas basta decifrar palavras para que a leitura 
aconteça? Então, como explicar afi rmações tais como: “a leitura dos gestos”, “a 
interpretação das expressões faciais”, “ler o espaço que nos cerca”?
Os sujeitos respondem aos acontecimentos do mundo de acordo com a interpre-
tação que fazem deles. Considere, por exemplo, as situações em que você recebe 
uma informação por escrito. A interpretação é livre, e uma mera mensagem pode 
ser lida com tom de agressividade. Mas quem incorpora esse tom à mensagem 
é você, o leitor. O conteúdo passa a ter sentido quando o sujeito estabelece uma 
ligação com a mensagem, com o objeto. Até o momento da leitura, o texto é 
apenas mais um elemento no mundo, mas, de repente, o sujeito lê, interpreta e 
confere sentido àquilo que até então representava apenas mais uma informação.
A interpretação acontece quando o sujeito acrescenta ao ato de ler algo de si 
além do gesto mecânico de decifrar sinais (MARTINS, 1988). Portanto, o processo 
de interpretar frases está relacionado com os aspectos discursivos e textuais. São 
esses elementos que ajudam as pessoas a interpretar, de forma que seja possível 
conferir sentido para as frases que lhes são apresentadas de acordo com os con-
textos sociais, culturais, estéticos e políticos. Considere as duas situações a seguir.
  Contexto 1: você está em casa conversando com familiares sobre a troca 
do piso. Então, você se depara com a seguinte afirmação: “Eu gostaria 
de trocar o piso frio por madeira”.
  Contexto 2: você está no meio da floresta, fazendo uma trilha, e alguém 
grita “Madeeeira!”.
Qual é a sua reação nos dois contextos quando apresentado à palavra “ma-
deira”? A reação é a mesma? Muito provavelmente, no segundo contexto, você 
vai correr para preservar a sua vida, certo? Mas o que possibilitou essa conclusão? 
Primeiro, os textos que descrevem cada contexto não são apenas escritos; tam-
bém podem ser orais, gestuais, audíveis e visíveis. Segundo, os textos não são 
um simples agrupamento de palavras, pois precisam fazer sentido no contexto 
(que pode ser o do emissor ou o do receptor). Portanto, o contexto pode ser 
5Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais
explícito, ou seja, analisado pelas palavras e frases que estão registradas por 
escrito; mas também pode estar implícito. Neste caso, o contexto está relacionado 
com o espaço de produção do texto. É por essa razão que a palavra “madeira” 
é interpretada de forma diferente em cada um dos contextos.
Para a abordagem tradicionalista da leitura e da intepretação, os signifi-
cados construídos estão contidos na superfície do texto, ou seja, nos signos 
linguísticos que compõem o texto. Nessa interpretação, o leitor não é ativo, e a 
ele cabe apenas o papel de decodificar palavras e agrupá-las para que tenham 
sentido. Essa leitura é marcada pela decodificação, e o elemento semântico 
do processo está relacionado com o conhecimento dos significados de cada 
palavra. Assim, o sentido já está no texto, e o leitor precisa descobri-lo.
Contudo, com a incorporação de aspectos discursivos, como valorização do 
contextosocial e observação do contexto cultural, surge uma forma diferente de 
interpretação, pois linguagem e discurso englobam ideologias. Assim, o texto 
(as frases) é entendido como produto de práticas discursivas, as quais incluem 
produção, distribuição e interpretação. Isso acontece de forma complexa, e o 
significado de um texto é construído não apenas a partir das palavras impres-
sas no papel, mas também a partir do modo como essas palavras são usadas 
em um contexto social particular. Com base nesses conceitos, a concepção 
de discurso inclui três dimensões: texto, prática discursiva e prática social 
(BRAHIM; BRUZ; SILVA, 2013).
  Texto: manifestação linguística que objetiva apresentar as ideias de um 
autor para a interpretação do receptor, de acordo com conhecimentos 
linguísticos, culturais e sociais compartilhados por ambos.
  Prática discursiva: ocorre por meio de textos. Língua, linguagem, 
contexto, relação e texto estão presentes na produção textual para se 
ter como resultado uma atividade comunicativa.
  Prática social: o discurso como prática social está na produção de 
textos com o objetivo de ressaltar a linguagem como instrumento de 
ação no mundo. Está em jogo o discurso como formulação de textos 
para prática e ação social.
Os aspectos discursivos e textuais na análise e na interpretação de textos 
ampliam o entendimento do processo de leitura. A partir deles, considera-se que 
ler um texto é estabelecer um diálogo com a finalidade de compreender uma 
informação. Para isso, é necessário considerar as relações sintáticas (análise 
dos termos da frase de acordo com a posição que ocupam) e semânticas (causa 
Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais6
e efeito, oposição, concessão, tempo, etc.), bem como a visão de mundo do 
emissor (aspecto discursivo).
Dessa forma, considere a interpretação de frases como um processo interativo. 
Afinal, o leitor utiliza diferentes níveis de conhecimento que estão em interação: 
conhecimento linguístico, textual e de mundo. O conhecimento linguístico 
possibilita ao leitor a compreensão da estrutura linguística dos enunciados (pro-
núncia, vocabulário, regras e usos da língua), permitindo a seleção do léxico 
mais adequado para o tema tratado. O conhecimento textual pressupõe que o 
leitor identifique as diferentes estruturas textuais. Ou seja, é o conhecimento dos 
diversos tipos de textos e de formas de composição do discurso (por exemplo, a 
noção de que frases expositivas são diferentes de frases narrativas). Por sua vez, o 
conhecimento de mundo também é parte integrante do processo de intepretação, 
pois está relacionado com o repertório cultural e de experiências/vivências do leitor. 
Isso possibilita ir além da frase e chegar ao sentido do que está sendo interpretado.
Teorias da implicatura e da relevância
A noção de implicatura conversacional é um dos pontos mais importantes da 
pragmática. Nesse campo, a implicatura conversacional também é denominada 
“teoria da implicatura”. A implicatura é considerada um exemplo paradigmático 
da natureza e da força das explicações pragmáticas dos fenômenos linguísticos. 
Para Levinson (2007), pode-se demostrar que as fontes dessa espécie de inferência 
pragmática se encontram fora da organização da língua, em alguns princípios 
gerais da interação cooperativa. Não obstante, esses princípios têm um efeito 
visível em vários pontos da estrutura da língua. Assim, o conceito de implicatura 
parece oferecer algumas explicações funcionais signifi cativas dos fatos linguísticos.
A teoria da implicatura explica — e até certo ponto explicita — como é 
possível querer dizer (num sentido geral) mais do que é efetivamente “dito” 
(ou seja, mais do que se expressa literalmente pelo sentido convencional das 
expressões linguísticas enunciadas). Observe os exemplos de Levinson (2007):
Pode me dizer as horas?
Bem, o leiteiro já passou!
7Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais
Para o autor, é possível parafrasear da seguinte forma (considerando uma 
teoria semântica da língua):
Você tem a capacidade de dizer-me as horas?
Bom [partícula pragmática interpretada], o leiteiro 
passou em algum momento anterior ao tempo da fala.
Evidentemente, o que está envolvido no processo de troca de informações, 
de forma implícita, é o seguinte:
Você tem a capacidade de me dizer as horas do 
presente momento, como indicado de maneira padrão 
no relógio, e, se tiver, por favor, diga-me.
Não, eu não sei a hora exata do presente momento, 
mas posso fornecer alguma informação a partir 
da qual você pode ser capaz de deduzir a hora 
aproximada, a saber, que o leiteiro já passou.
O que conta mesmo no diálogo é o pedido básico de informação das horas 
e a tentativa de fornecer a informação solicitada. Portanto, a lacuna entre o 
que é dito literalmente e o que é comunicado é tão substancial que não se pode 
esperar que uma teoria semântica forneça mais do que uma pequena parte de 
uma explicação de como os sujeitos se comunicam usando a língua. A noção 
de implicatura promete, no entanto, preencher lacunas como as do exemplo. 
A ideia é explicar como ao menos parte do que aparece em itálico no exemplo 
anterior é efetivamente comunicado (LEVINSON, 2007).
Assim, a noção de implicatura pressupõe saídas para dilemas da comunica-
ção. Afinal, ela permite que se afirme que as expressões das línguas naturais 
realmente tendem a ter sentidos simples, estáveis e unitários (em muitos casos, 
pelo menos), mas que sobre esse núcleo semântico estável há muitas vezes 
uma camada pragmática instável, ligada ao contexto — isto é, um conjunto 
de implicaturas (LEVINSON, 2007).
A teoria da relevância, por sua vez, é uma tentativa de explicar que a expres-
são e o reconhecimento de intenções são características essenciais da maior parte 
da comunicação humana (verbal e não verbal). Ampliando a teoria da implicatura, 
ela destaca os fundamentos para um modelo inferencial de comunicação. Ou 
seja, apresenta uma alternativa para o modelo de código clássico, que delimita 
que um comunicador codifica a mensagem pretendida dentro de um sinal, o 
qual é decodificado pela audiência por meio de uma cópia idêntica do código 
Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais8
(WILSON; SPERBER, 2005). A partir da proposta do modelo inferencial, o 
comunicador compartilha a sua intenção de comunicação com base em certo 
significado, o qual é inferido pelo receptor por meio das evidências fornecidas.
Nesse contexto, o enunciado é uma peça de evidência codificada linguisti-
camente, de tal forma que a compreensão envolve o elemento de decodificação. 
Contudo, o significado linguístico decodificado é somente um dos inputs para 
o processo de interpretação. Portanto, a pragmática inferencial objetiva explicar 
como o ouvinte infere significado com base nas evidências fornecidas. Já a 
abordagem teórica da relevância é baseada em afirmações diferentes: os enun-
ciados criam automaticamente expectativas que guiam o ouvinte na direção 
do significado do falante (WILSON; SPERBER, 2005). Parte-se da existência 
de alguns elementos que cooperam: veracidade, quantidade de informação, 
relevância, modo e clareza, conforme o Quadro 1. Assim, a interpretação é 
uma escolha do receptor, mas ele a faz de forma a satisfazer esses elementos.
Veracidade
Elemento que pressupõe que o sujeito não diz algo 
que não considera ser verdade. Ou seja, a ideia é que 
o sujeito não diz aquilo que considera falso.
Quantidade 
de 
informação
Essa máxima diz respeito à quantidade de informação 
necessária para que, além da interação, a compreensão 
se faça presente. Quando ela não é respeitada, as 
pessoas não sabem como agir em relação ao volume de 
informação, que pode ser pequeno ou excessivo.
Relevância
Esse pressuposto considera a adequação da informação 
ao contexto de interação. A mudança de tópico podeser necessária para que ocorra compreensão.
Modo
A máxima do modo está relacionada com as formas, ou seja, 
com a forma de expressão das ideias e das informações.
Clareza
Assim como a concisão, a precisão e a ordenação, a clareza 
faz parte do uso da linguagem e está incorporada na 
máxima do modo. É, diretamente, o uso da linguagem.
 Quadro 1. Exemplos de máximas da teoria da relevância 
Por fim, a afirmação central da teoria da relevância é que expectativas de 
relevância geradas por um enunciado são precisas e previsíveis o suficiente 
para guiar o ouvinte na direção do significado do falante. O objetivo é explicar 
9Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais
em termos cognitivamente realísticos a que essas expectativas equivalem e 
como elas podem contribuir para uma abordagem empiricamente plausível 
da compreensão (WILSON; SPERBER, 2005).
BRAHIM, A. C. S. M.; BRUZ, I. M.; SILVA, E. M. O. Interpretação textual e discursiva: o 
caminho para a leitura crítica de textos do livro didático de língua estrangeira. In: 
EDUCERE, 11., 2013. Anais [...]. Curitiba, 2013. Disponível em: https://educere.bruc.com.
br/arquivo/pdf2013/6994_6548.pdf. Acesso em: 10 nov. 2019.
LEVINSON, S. C. Pragmática. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1988.
NEVES, Maria Helena de Moura. A interface sintaxe, semântica e pragmática no fun-
cionalismo. D.E.L.T.A., v. 33, n. 1, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/delta/
v33n1/1678-460X-delta-33-01-00025.pdf. Acesso em: 10 nov. 2019.
WILSON, D.; SPERBER, D. Teoria da relevância. Linguagem em Discurso, v. 5, 2005. Dispo-
nível em: http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Linguagem_Discurso/
article/view/287. Acesso em: 10 nov. 2019.
Leitura recomendada
PHILOSOPHY - language: gricean pragmatics. [S. l.: s. n.], 2014. 1 vídeo (13 min). Pu-
blicado pelo canal Wireless Philosophy. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=we6uSVf4qss. Acesso em: 10 nov. 2019.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Análise sintática e a influência dos fatores semânticos, pragmáticos, discursivos e contextuais10
DICA DO PROFESSOR
Os princípios que geram as implicaturas têm uma capacidade de explicação sobre os fatores 
aparentemente não relacionados com a cooperação no processo de comunicação. Dessa forma, a 
Teoria da Implicatura proposta por Grice é válida para entendimento de como as pessoas usam a 
língua. Essa teoria busca explicar o conjunto de suposições mais amplas que guiam a conduta da 
conversação.
Dessa forma, para saber um pouco mais sobre essa teoria e ampliar o seu entendimento sobre o 
processo de comunicação, acesse a Dica do Professor a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
EXERCÍCIOS
1) O funcionamento da linguagem, em uma abordagem centrada no falante, está 
baseado em três aspectos fundamentais. Quais são eles?
Assinale a alternativa correta:
A) A capacidade de acionar códigos, o saber de uma língua particular e a atuação linguística 
em um evento comunicativo. 
B) A capacidade de acionar a ligação entre esquemas cognitivos e linguagem, o saber 
semântico de uma língua e a atuação linguística em um evento comunicativo.
C) A capacidade de acionar a ligação entre esquemas cognitivos e linguagem, o saber de uma 
língua particular e a atuação sintática em um evento comunicativo.
A capacidade de acionar a ligação entre esquemas cognitivos e linguagem, o saber de uma D) 
língua particular e a atuação linguística em um evento comunicativo.
E) A capacidade de acionar a linguagem, o saber de uma língua e a atuação linguística em 
eventos de leitura e interpretação. 
2) De acordo com os estudiosos cognitivistas da linguagem, evidencia-se que os itens 
lexicais e as expressões não são significativos intrinsecamente, pelo contrário, têm o 
seu significado construído ___________.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna:
A) na leitura
B) no ato de interpretação
C) no ato da linguagem
D) previamente pelo ouvinte
E) no texto
3) Ao se incorporar aspectos discursivos, como: valorização do contexto 
social, observação do contexto cultural, entre outros, passa-se para uma forma 
diferente de interpretação, pois linguagem e discurso incorporam ideologias. Isso 
acontece de forma complexa, por quê?
Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta para esse questionamento:
A) Isso acontece de forma complexa, porque o significado de um texto é construído pela 
análise pragmática do contexto de produção, estando o texto presente no momento de 
produção e sem relação com o contexto.
B) Isso acontece de forma complexa, porque o significado de um texto é construído não 
apenas a partir das palavras impressas no papel, mas também pela análise sintática das 
estruturas, sem relação com a semântica textual.
C) Isso acontece de forma simples, porque o significado de um texto é construído a partir das 
palavras impressas no papel, sem interferência do contexto social.
D) Isso acontece de forma complexa, porque o significado de um texto é construído a partir 
das palavras impressas no papel.
E) Isso acontece de forma complexa, porque o significado de um texto é construído não 
apenas a partir de palavras impressas no papel, mas também de como essas palavras são 
usadas em um contexto social.
4) A interpretação de frases, como um processo interativo, utiliza diferentes níveis de 
conhecimento. Quais são eles?
Assinale a alternativa que apresenta todos eles:
A) Conhecimento linguístico, textual e de mundo.
B) Conhecimento sintático e semântico.
C) Conhecimento pragmático e textual.
D) Conhecimento da sintaxe da língua e interpretação de mundo.
E) Conhecimento linguístico e entendimento do funcionamento da língua.
Sobre a Teoria da Implicatura, assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para afirmações a 
seguir:
5) 
( ) A Teoria da Implicatura explica como o que é "dito" expressa literalmente tudo o 
que se pretende no ato de comunicação.
( ) O conceito de Implicatura oferece algumas explicações funcionais para os fatos 
linguísticos.
( ) A Teoria da Implicatura objetiva ir além da teoria semântica, no sentido de 
que promete preencher as lacunas deixadas por aquela, no intuito de explicar como 
nos comunicamos usando a língua.
A) F – F – F
B) V – F – V
C) F – V – V
D) V – V – F
E) V – V – V
NA PRÁTICA
O processo de interpretação de frases e de textos está limitado ao alinhamento de palavras e, 
consequentemente, à interpretação da relação entre as palavras que são postas e escolhidas para 
composição do texto? Ou seja, o processo de interpretação está apenas relacionado com 
elementos internos do texto?
E o discurso? De que forma ele é parte integrante do processo de interpretação? Exatamente, a 
interpretação de frases está relacionada com aspectos discursivos e textuais.
Para entender um pouco mais sobre essa afirmação, acesse o material a seguir e observe o 
exemplo proposto e a sua análise.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Gramática: Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Semântica E Estilística
Veja no vídeo a seguir como estudar gramática, o que é fonologia, o que é morfologia, o que é 
sintaxe, o que é semântica, o que é estilística
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