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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI A MÚSICA COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ivete Rodrigues Ribeiro Silva São Paulo 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI A MÚSICA COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ivete Rodrigues Ribeiro Silva Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro Universitário UNIFAVENI, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura/ Bacharel em Pedagogia. São Pauo 2021 DEDICATÓRIA DEDICO AO MEU ESPOSO ERINALDO, POR SUA COMPREENSÃO E APOIO EM TODOS OS MOMENTOS DESTA JORNADA. GRATIDÃO! AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus que me deu coragem para chegar ao fim de mais uma jornada, ao meu esposo Erinaldo que sempre me apoiou em todos os momentos de dificuldades, sempre me incentivando aos estudos. Ao Professor Anderson, que me ajudou em momentos de duvidas e dificuldades, demonstrando boa vontade, paciência e compreensão para com todos. A todos os professores que contribuíram cada um com seu conhecimento e da sua maneira na minha formação , como pessoa e educadora. A todas as pessoas que de forma direta ou indireta colaboraram com este trabalho. Meu coração é de vocês. “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.” Paulo Freire. RESUMO A música é um recurso pedagógico e não apenas um instrumento. A escolha desse tema se justifica pelo fato que diferentes autores afirmarem que a mesma é essencial no currículo do educando por promover a comunicação social, e a interação entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos do sujeito. O objetivo desse trabalho é mostrar que a música não é somente uma associação de sons e palavras, mas sim, um rico instrumento que pode fazer a diferença na Educação Infantil, pois ela desperta o indivíduo para um mundo prazeroso o que facilita a aprendizagem. Com base nos diferentes autores pesquisados ficou evidenciado que a utilização da música na Educação Infantil é de suma importância para o aprendizado da criança, podendo ser utilizado pelos professores como um recurso pedagógico eficiente, fazendo com que as crianças expressem seus sentimentos, emoções, facilitando assim o ensino e aprendizagem na Educação Infantil. Palavras-chave: Música. Aprendizagem. Educação infantil. ABSTRACT Music is a pedagogical resource and it isn’t only an instrument. The choice of this theme is justified by the fact that different authors affirm that music is essential in the curriculum of the student for promoting social communication, and the interaction between the subject’s sensitive, affective, aesthetic and cognitive aspects. The objective of this work is to show that music is not only an association of sounds and works, but rather, a rich instrument that can make a difference in Early Childhood Education, because it awakens the individual to a pleasant world which facilitates learning. Based on the different authors surveyed, it became evident that the use of music in Early Childhood Education is of paramount importance for the child’s learning, it can be used by teachers as an efficient pedagogical resource, making children express their feelings, emotions, thus facilitating teaching and learning in Early Childhood Education. Keywords: Music, Learning, Early Childhood Education. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 09 2. MÚSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL:CONCEITOS HISTÓRICOS 10 2.1 Aspectos conceituais sobre a música 10 2.2 Educação infantil: história e legislação 14 3. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 20 4. A MÚSICA COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 22 5. CONCLUSÃO 26 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27 9 1. INTRODUÇÃO Pensando na música como ferramenta pedagógica e não apenas como um instrumento para tornar a aula diferente, é possível problematizar algumas indagações, tais como: Quais os papéis ocupados pela música na Educação Infantil? Quais são os momentos em que a música é vivenciada na Educação Infantil? É possível tornar a sala de aula um ambiente harmonioso, alegre e interessante, utilizando a música como ferramenta pedagógica na Educação Infantil? No intuito de responder aos questionamentos acima propostos, este trabalho tem como objetivos investigar o modo como a música influencia no processo de aprendizagem e analisar se a mesma contribui ou não para o ensino e aprendizado da criança. Para alcançar os objetivos iremos caminhar pelo mundo da música e os conteúdos da Educação Infantil. Para que se respondesse a estes questionamentos fez-se necessário um levantamento bibliográfico dos autores que tratam do tema da música na educação infantil, como, MEC (1998); BRITO (2003); GRANJA (2010); KUHLMANN Jr. (2010); GHON e STRAVACAS (2010); ARIÈS (1981), entre outros. A utilização da música dentro da sala de aula é sim uma ferramenta de intervenção, uma vez que motiva a aprendizagem e auxilia na formação do ser humano. 10 2. MÚSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEITOS HISTÓRICOS 2.1 Aspectos conceituais sobre a música A música é uma área de conhecimento, uma linguagem com códigos específicos, uma forma de comunicação, através da qual o indivíduo vai dispor de meios para expressar-se. Dessa forma, a música se tornou uma distração e atua também como uma identificação para os povos que se utilizam desse meio de comunicação, a música foi a maneira em que os primitivos encontraram para propagar a sua cultura. “A música é uma linguagem, posto que seja um sistema de signos, organizados, intencionalmente, os signos sonoros e o silêncio, em um contínuo espaço de tempo” (BRITO 2003). Desta maneira, a música pode ser interpretada, e definida de vários sentidos, sendo trabalhada das mais diversas formas, sempre acompanhando a época e a cultura de cada povo. Segundo Bertello (2004) “entre os gregos, a música era considerada elemento integrante da vida e do pensamento. Eles utilizavam a música nos teatros através de coros cantados e diálogos recitados”. Através da linguagem musical o ser humano passa a vivenciar inúmeros fenômenos que destacam na sua execução a ampliação de uma percepção em relação a tudo aquilo que faz parte de um som. A música é uma linguagem? Uma manifestação artística que nos atinge profundamente, numa esfera em que a razão e o raciocínio lógico talvez não penetrem? Ou simplesmente uma sucessão de sons? [...] O som puro seria música? O som precisa ser organizado para torna-se música? (JEANDOT, 1997, p.12 apud TRENTINI, 2011,p.13). Quando se fala sobre tudo aquilo que acompanha o som, não se estar necessariamente falando sobre música, mas a passagem daquilo que era sonoro ao musical, que sempre acontece através do relacionamento entre os sons e o silêncio. A música também é uma melodia, um ritmo, uma harmonia, 11 pelos quais se vão ter como base, no decorrer dos nossos dias. Segundo Brito (2003, p,26), “as profundas transformações econômicas, sociais, políticas e ideológicas que ocorreram no século XIX, provocaram grandes mudanças na cultura ocidental, envolvendo, obviamente, a música”. A música não é só uma técnica de compor sons, mas um meio de refletir e de abrir a cabeça do ouvinte para o mundo. [...] Com sua recusa a qualquer predeterminação em música, propõe o imprevisível como lema, um exercício deliberdade que ele gostaria de ver estendido à própria vida, pois tudo o que fazemos é música (Prefácio apud BRITO, 2003, p.27). Para a autora é importante que a música esteja presente em toda parte, tanto em um ambiente familiar como escolar, trazendo suas contribuições para a vida das crianças, pois o que importa é sempre estarmos próximos do que é para nós uma linguagem musical, e no processo de aprendizagem uma linguagem oral. Onde a música é uma arte e ao mesmo tempo uma ciência que combina os sons de modo agradável ao ouvido. É possível constatar a grande influência da música em cada ato que o ser humano possa vir executar, seja em momentos de alegria, de raiva ou até mesmo de dor. A música se tornou uma linguagem universal, que se apresenta com vários dialetos, onde cada povo tem sua própria forma de cantar, tocar e organizar seus sons, ela se tornou indispensável na vida de qualquer pessoa, possuindo formas próprias que as torna de fácil identificação, e sempre vêm acompanhada de elementos marcantes como o som, o movimento e o timbre. A música faz parte da história do ser humano e está presente em todos os instantes da vida, seja ao dançar, ao homenagear parentes, nos rituais religiosos e em outras ocasiões. Ela é utilizada e executada por todos desde os seus primeiros anos de vida. O simples gesto de reconhecer uma melodia musical nem sempre está ligada a outras formas de inteligência. Como ressalta SOUZA (2010:98), “Independente do seu papel dentro da sociedade, a música exerce forte atração sobre os seres humanos, fazendo mesmo que de forma inconsciente que nos relacionamos com ela [...]”. Para o autor, as pessoas se entregam a música de forma espontânea, deixando- se envolver por completo 12 e por tudo aquilo que transforma e alegra a alma. A música é muito mais que um simples conjunto de sons que se unem em uma melodia. Ela penetra nossa pele [...] nos fazendo mergulhar em doces lembranças. Algumas melodias não nos tocam, enquanto outras nos tinguem diretamente – e podem até mesmo transmitir significados concretos [...] (SCHALLER, 2005, p.64-69 apud CORREIA, 2010, p.135). Segundo BIGAND (2005), “a música se instala em nós sem se quer perceber seus efeitos, pessoas sem formação musical podem identificar acordes, melodias e temas da mesma forma que músicos profissionais”. O autor ressalta que para se sentir a música não é necessário, possuir alguma formação profissional na área, pois o simples ato de ouvir diariamente alguns sons, a pessoa vai perceber e reconhecer cada ritmo, melodia, entre outros. A música traz diversos benefícios ao ser humano, tanto fisiológico quanto psicológicos. Hoje, alguns estudos estão sendo desenvolvidos com a finalidade de compreender como a música interfere nos mecanismos fisiológicos. São visíveis os benefícios que a música traz tanto para as crianças quanto para os adultos. Tudo o que está relacionado com as artes em geral, incluindo a música, facilita o contato com a realidade, principalmente após acontecimentos que traumatizam as pessoas, ela vem para conduzir essa criança em susa atitudes criativas e expressivas. A música remete o ser humano a uma troca de ideias, a uma expressão do pensamento daquele que a escreveu, permanecendo nas diversas culturas, transformando-se em uma ponte que nos leva ao conhecimento. De acordo com GOHN e STAVRACAS (2010, p.86). [...] A música é o elo entre o som e o silêncio, entre o criar e o sentir entre os movimentos vibratórios e as relações que se estabelecem com eles. Isso faz com que a pessoa tenha uma percepção mais ampla do mundo que está a sua volta, e se permitindo a oportunidade de construir a sua própria história de diferentes maneiras”. 13 SNYDERS (1997,p.79), reforça : [...] A música nos agarra, sacode, invade, impondo um determinado comportamento, um jeito de ser. Frequentemente, os alunos vivem a música como pressão em direção a movimentos ritmados e cantarolados interruptos”. Nesse contexto, fica claro que, a música tem o poder de unir as pessoas, mesmo sendo elas de classe social tão diferente, vindo de mundos completamente opostos. Elas se deixam levar pelo que é envolvente, pelo que transforma os momentos, se deixando levar pelas suas características tão diversificadas. A maioria das pessoas se descobre na música, passa a se conhecer melhor a partir do momento em que começa a acompanhar os ritmos musicais e observar que a música não é apenas uma forma de expor seus sentimentos, suas reivindicações, mas também é uma maneira de adquirir conhecimento. A formação das crianças em uma determinada cultura se dá no processo de interação entre as crianças. Parte desse processo de aprendizagem fica a cargo da família; parte a cargo das escolas (MEC/SEF, 1995, p.15). Portanto é importante a participação da família o processo de ensino- aprendizagem da criança, pois tudo o que é repassado em sala de aula, tem como base o conhecimento que ela traz consigo de casa. Da mesma forma acontece com tudo o que ela aprende na escola, pondo em prática durante a sua convivência em sociedade. É preciso retomar a dimensão da música como um conhecimento acessível ás pessoas comuns. Todos nós somos seres musicais por natureza, assim como seres lingüísticos, matemáticos, corporais, históricos etc. a música deve ser contemplada pela escola porque é uma linguagem própria do homem e não apenas do músico (GRANJA, 2010, p.105). 14 Desta forma a partir do momento em que as crianças entram em contato com a música, seus conhecimentos se tornam mais amplos e este contato vai envolver também o aumento de sua sensibilidade e fazê-la descobrir o mundo a sua volta de uma forma muito prazerosa. 2.2 Educação infantil: história e legislação Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo (ARIÈS, 1981). Para o autor é importante destacar a forma que era tratada as crianças, não possuíam direito a lutarem contra a desigualdade existente naquela época. Nesse sentido, para a maioria das pessoas infância tem um significado genérico e, como qualquer outra fase da vida, esse significado surgiu em função das transformações sociais: toda sociedade tem seus sistemas de classes de idade e a cada uma delas é determinado um sistema de status e a cada um é definido qual o seu papel na sociedade. Na linguagem comum, dizer que um menino estava em idade de ir para a escola não significava necessariamente que se tratava de uma criança, pois essa idade podia também ser considerada como um limite além do qual o individuo tinha poucas possibilidades de sucesso (ÁRIES, 1981). Por meio da fala do autor é possível compreender que em algumas épocas passadas, não existia idade exata para a criança freqüentar a escola, muitas dessas crianças passavam boa parte da vida para adquirir algum tipo de conhecimento educacional e por ocasião disso não se esperava uma criança com um futuro muito promissor. A forma de se trabalhar as crianças no passado era bastante rígida e conservadora. O futuro das crianças era definido pelo o pai, ele possuía total controle sobre os seus filhos, e a relação da criança no meio social dependia única e exclusivamente da vontade e autorização do seu pai. 15 Como ressalta ARIÈS (1981, p.124) Essa função demográfica da escola não surgiu imediatamente como uma necessidade. Pelo que se pode entender, era totalmente o contrário, durante muito tempo a escola permaneceu indiferente à repartição e à distinção das idades, pois seu objetivo principal não era a educação da infância e sim de jovens preparados para as batalhas e a vida no campo.Nesse contexto, as primeiras iniciativas voltadas ao cuidado das crianças tinham caráter higienista e se direcionavam contra o alto índice de mortalidade infantil. As concepções educacionais nessas instituições se mostravam explicitamente preconceituosas, o que acabou por cristalizar a idéia de que, em sua origem, no passado, aquelas instituições teriam sido repensadas como lugar de guarda, de assistência e não de educação. [...] primeiro se passaria por uma fase médica, depois por uma assistencial, etc., culminando nos dias de hoje, no atingir da etapa educacional, entendida como superior, neutra ou positiva, em si, em contraposição aos outros aspectos (KUHMANN JR, 2010, p.166). Dessa maneira, para o autor o termo Creche ou Escolas de berçário a educação infantil, sempre esteve vinculado a um serviço oferecido para famílias que necessitavam de uma escola em período integral. E quando se fala da pré-escola, observa-se que era voltada a crianças maiores, mas próximas de freqüentar a escola de ensino fundamental, era trabalhando mais as questões pedagógicas, e funcionava apenas em meio período, como as escolas, que eram mantidas pelos órgãos vinculados ao sistema educacional. Pode-se dizer que na década de 1980 houve um avanço considerável com relação à Educação Infantil, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que veio para transformar radicalmente as relações entre Estado e Sociedade que antes era encarado como um mero objetivo de 16 intervenção disciplinar ou jurídica. Conforme foi possível perceber em seu Artigo 53: Art. 53 - A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – direito de ser respeitado por seus educadores; III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer ás instâncias escolares superiores; IV – direito de organização e participação em entidades estudantis; V – acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência. Portanto todas as crianças estão asseguradas ao direito de usufruir de um ensino de qualidade, que venha proporcionar a elas o desenvolvimento educacional, e garantir a sua permanência na instituição em que está vinculada. A creche tinha como finalidade atender os filhos das trabalhadoras, mas sempre com uma prática que reforçava o lugar da mulher no lar, com os filhos, e promover a ideologia da família. A história das instituições pré-escolas não é uma sucessão de fatos que se somam, mas a interação de tempos, influências e temas, em que o período de elaboração da proposta educacional assistencialista se integra aos outros tempos da história dos homens (KUHLMANN Jr., 2010, p.77). Kuhlmann Jr. (2010) nos coloca que, essas instituições evoluíram com o passar dos anos, o que antes era apenas um lugar de acolhida e distração, uma espécie de segundo lar, onde os responsáveis faziam o papel de mãe para as crianças. Passou a ser um lugar de transmissão de conhecimento, responsável pelo desenvolvimento educacional, auxiliando em sua formação. Dessa forma, mais do que simples manuais de trabalho, geralmente são reduzidas as listas de atividades a serem propostas para as crianças, os 17 professores necessitam de instrumentos teóricos, onde a partir dos quais possam estruturar sua ação pedagógica. Cabe aos educadores procurar as melhores formas de utilizar essas informações em sala de aula. Pois, a qualidade do seu trabalho tem relação com o desenvolvimento dos seus alunos, e isso vai depender do método escolhido por esse profissional para trabalhar com as crianças. Educar significa, portanto, proporcionar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens, orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitações, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (MEC/SEF, 1998, p.23). Assim, dependendo das idéias que o professor juntamente com a direção da escola optou para serem desenvolvidas, os alunos e professores tem a possibilidade de conquistar e exercer sua autonomia moral e intelectual. Para que essas propostas de aprendizagem significativa ocorram com êxito, é importante que a criança tenha uma atitude favorável em relação ás propostas das atividades sugeridas. A experiência escolar deve assegurar a realização de aprendizagens significativas. Podem-se considerar situações de aprendizagem significativas aquelas em que os novos conteúdos de aprendizagem se relacionam com o que a criança já sabe, podendo ser mais bem assimilado por ela. O processo pelo qual se produzem aprendizagens significativas requer uma intensa atividade por parte da criança, que deve estabelecer relações entre os novos conteúdos e os seus esquemas de conhecimento (KUHLMANN Jr. 2010). Para que isso ocorra é importante que a criança tenha uma atitude favorável em relação às propostas de atividades, que esteja motivada para relacionar o que está aprendendo, a tudo àquilo que já sabe. A criança, quando se depara com algo novo, estabelece relações com seu mundo interior e externo, e dessa forma aprenderá. 18 Diante disso, é fácil observar que a linguagem, principalmente textual da qual a sociedade contemporânea se utiliza, pode ser potencializada por meio da utilização da linguagem musical que serve a processos de ensino- aprendizagem e a elaboração de metodologias alternativas e importantes á educação (CORREIA, 2010, p.136). Favorecer as relações de ensino e aprendizagem pautando-se naquilo que é diferente para eles, é uma forma ideal para construção de uma educação que busca o desenvolvimento global, o incentivo da imaginação e fantasia necessária à abstração e a criatividade de toda criança. A era da tecnologia, já não permite mais essa desenvoltura, e está tomando o lugar dos vários recursos naturais de se aprender, de certa forma esse modo natural já não esta mais acontecendo. Isso tudo esta impedindo as crianças de assimilarem o real significado do conhecimento, e isso têm trazido à tona vários casos de crianças com dificuldades escolares e de aprendizagem. A instituição de Educação Infantil deve tornar acessível a todas as crianças elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumprindo um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação. Podendo oferecer condições de aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas que propiciam situações pedagógicas intencionais, de uma maneira integrada no processo de desenvolvimento da criança. Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal [...]. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (MEC/SEF, 1998:23). O processo que permite a construção de aprendizagem requer uma atividade interna por parte das crianças, onde elas podem estabelecer relações entre novos conteúdos e os conhecimentos já adquiridos. As diferentes 19 aprendizagens se dão por meio de continuas reorganizações do conhecimento, algumas delas de situações educativas que foram criadas especialmente para que elas pudessem ocorrer de acordo com o que foi planejado. Para as crianças a aprendizagemescolar está integrada as atividades que envolvem professor-aluno, favorecendo uma melhor integração entre todos os participantes. Dentre essas interações as que mais favorecem a aprendizagem é o trabalho coletivo e de cooperação, pois é através dele que as crianças vão poder compartilhar seus pontos de vista diferentes, com divisão das funções e distribuição de responsabilidades. São nesses espaços de delimitações de desenvolvimento afetivo e potencial que as ações educativas devem acontecer. 20 3. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A música tem influenciado sobe todas as áreas curriculares, interferindo assim, nas relações dos indivíduos e na forma de como ver o mundo, sendo assim importante que a criança tenha contato com a música desde cedo e a escola pode contribuir para que isso ocorra. A música sendo bem trabalhada no processo educacional trás a criança todo um aprendizado e desenvolvimento. Ela consegue interagir melhor socialmente, conviver melhor no meio social e escolar, partindo para o aspecto social, ao conviver com a música ela estabelece todo um amadurecimento ao se relacionar, visto que se socializar através de cantigas essa interação irá trazer benefícios no que diz respeito ao trabalho de suas emoções, ao lidar com as vitorias, frustrações que as canções impõem com seus limites e regras. As crianças que convivem com a música possuem estímulos que favorecem a aprendizagem, tem maior facilidade em absorver informações e consegue melhorar suas emoções, além facilitar no processo de alfabetização como leitura e escrita. É preciso um querer verdadeiro por parte do educador em utilizar a música como meio de estimular as crianças no processo de ensino aprendizagem [...] o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o individuo. (BRÉSCIA, 2003, p. 81) O professor é o mediador e tem um papel importante no crescimento e desenvolvimento dos alunos, sabe – se que não é fácil trabalhar de forma diferenciada em sala de aula e que a falta de recursos e estrutura de algumas escolas torna o trabalho ainda mais inviável, contudo é preciso que os educadores busquem novos meios que facilitem seu trabalho, e que contribuam para a aprendizagem dos alunos. Segundo Sekeff (2007) “a música é um poderoso agente de estimulação motora, sensorial, emocional e intelectual”. 21 A música tem como propósito favorecer e colaborar no desenvolvimento dos alunos, sem privilegiar apenas alguns alunos, entendendo esta, não como uma atividade mecânica e pouco produtiva que se satisfaz com o recitar de algumas cantigas e em momentos específicos da rotina escolar, mas envolve uma atividade planejada e contextualizada, como prevê o RCNEI, além de explorar as múltiplas possibilidades que a música tem em seu ensino, como explica Loureiro (2003, p.141): Atenção especial deveria ser dispensada ao ensino de música no nível da educação básica, principalmente na educação infantil e no ensino fundamental, pois é nessa etapa que o individuo estabelece e pode ser assegurada sua relação com o conhecimento, operando-o no nível cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade. Compreender a música como linguagem e forma de conhecimento, nos leva a ver a criança não como um ser estático e sim como alguém que interage o tempo todo com o meio. É possível lembrar ainda o trabalho musical com crianças portadoras de necessidades especiais este abre espaços e oportunidades para que as mesmas possam se expressar e viver igualmente com as outras, respeitando suas limitações. BRÉSCIA (2003, p.50) afirma que: Crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala. Sendo assim fica claro que a música é uma aliada para o ensino- aprendizagem, pois interfere nos âmbitos mais elevados da criança o cognitivo, o afetivo e social. Abrindo-a para um mundo mais amplo de seus conhecimentos. 22 4. A MÚSICA COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL O trabalho na escola com música já vem sendo desenvolvimento há muito tempo, fazem-se necessárias algumas mudanças para que esse ensino seja mais atrativo e eficiente. A música é uma das linguagens que o aluno precisa conhecer, não só por suas características, mas, por transmitir sensações e auxiliar no raciocínio lógico, nas diversas sensações, no desenvolvimento psíquico, motor e afetivo. Por isso, pesquisadores da teoria das inteligências múltiplas, afirmam que a habilidade musical é tão importante quanto à lógica matemática e a linguística por auxiliar outros tipos de raciocínio. Nas escolas não deve ser necessariamente um componente exclusivo, ela pode interagir com outros componentes curriculares. Faria (2001, p.24), “a música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”. A música quando utilizada na educação infantil serve de ferramenta incentivadora da criatividade nas crianças, é um fator de desinibição numa convivência coletiva. É muito eficaz no período pré-escolar. É de suma importância o uso da música para a educação, e como isso pode ser feito através da confecção de instrumentos musicais nas aulas de artes, ela pode ser trabalhada desde forma mecânica a musica da hora da chegada, na hora do lanche, até o criar musical onde o professor já com os instrumentos musicais confeccionados faz uma aula diferenciada onde leva o aluno a perceber os sons a criar novos sons (BRÉSCIA,2003) Há várias maneiras de se trabalhar a música na escola, por exemplo, de forma lúdica e coletiva, utilizando jogos, brincadeiras de roda e como já frisado na confecção de instrumentos. Porém ainda se consta em muitas escolas o despreparo e a falta de interesse por parte dos docentes, é importante salientar a falta de recursos e material de apoio, e ainda a falta de conhecimento na área musical por parte dos professores. Seria de fundamental importância que os cursos de pedagogia 23 contemplassem o componente de música, ensinando como usar a música na sala de aula, explicando o que é música e como ela pode ser uma parceira no processo ensino-aprendizagem. Assegurar um lugar para a música no contexto escolar público (e no privado também) não tem sido tarefa fácil. Se ele existe, é principalmente na escola de educação infantil (embora com caráter lúdico e recreativo) e, com a progressão dos anos, perde sua força, até desaparecer por completo (o que é lamentável). Dessa forma, a educação musical vê-se diante de um desafio que, sem dúvida, se apresenta como o alicerce para uma prática efetiva e consistente do ensino de música: promover, de modo amplo e democrático, uma educação musical séria e de qualidade para a escola de ensino básico (LOUREIRO, 2003). Nesse sentido, Loureiro (2003 p. 80) considera que: O mais importante é que o professor, consciente de seus objetivos e dos fundamentos de sua prática – onde a música deve ser encarada como uma produção e um meio educativo para a formação mais ampla do indivíduo – assuma os riscos – a dificuldade e a insegurança – de construir o seu caminho do dia-a-dia, em constante reavaliação. Se refletirmos a música na educação atual veremos que o processo de ensino e aprendizagemdos futuros cidadãos esteja em constante aprimoramento. O caminho para a viabilidade da música nas escolas, aqui especificamente na educação infantil se dá pelo uso de ferramentas para sua reflexão, práticas para que se faça o uso correto da música, trabalhar a diversidade e o contexto do aluno, explorando suas potencialidades. A atividade musical e as demais artes, unidas ao jogo recreativo, são uma base forte na educação infantil. Em relação a estes aspectos, Brito (2003, p.46) explica que, [...] importa, prioritariamente, a criança, o sujeito da experiência, e não a música, como muitas situações de ensino musical consideram. A educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje. 24 Outra forma de se trabalhar a música são os jogos musicais, que podem ser realizados na educação infantil para trabalhar os sons. Um exemplo apresentado pelo pesquisador, compositor e educador francês François Delalande (1979) se relaciona às atividades lúdicas infantis proposta por Jean Piaget e propõe três dimensões para a música: 1) jogo sensório-motor, ligado a exploração de sons e gestos. Jean Piaget diz que o estágio pré-verbal se configura aproximadamente nos primeiros 18 meses da criança. Nesta fase Delalande (1979) entende que é construída a noção temporal como sucessão, aqui as crianças ouvem, percebem o som, manuseiam instrumentos musicais; 2) jogo simbólico, ligado ao valor expressivo da linguagem musical. Nesta fase o jogo acompanha a construção do pensamento representativo; 3) jogo com regras proposto por Piaget está relacionado com a estruturação da linguagem musical. François Delalande (1979) busca através desta definição musical, facilitar o trabalho dos educadores, buscando levar até as crianças não técnicas e conhecimentos didáticos, mas colocar a criança em contato com instrumentos musicais ou fontes sonoras, incentivando-os a produzir som com movimentos espontâneos de criação, uma verdadeira invenção musical. Ainda é possível enfatizar outras formas de como trabalhar a linguagem musical em sala de aula, através de trabalho vocal, interpretações e criações de canções, brinquedos cantados e rítmicos, jogos que reúnem som, movimento e dança enfim são inúmeras as formas significativas de se utilizar o fazer musical na escola. O uso ou o trabalho com a música tem como enfoque o desenvolvimento global da criança na educação infantil, respeitando sua individualidade, seu contexto social, econômico, cultural, étnico e religioso, entendendo a criança como um ser único com características próprias, que interage nesse meio com outras crianças e também explora diversas peculiaridades em todos os aspectos. 25 Pontuar música na educação é defender a necessidade de sua prática em nossas escolas, é auxiliar o educando a concretizar sentimentos em formas expressivas; é auxiliá-lo a interpretar sua posição no mundo; é possibilitar- lhe a compreensão de suas vivências, é conferir sentido e significado à sua nova condição de indivíduo e cidadão. (ZAMPRONHA, 2002, p. 120) É recomendado para crianças que estão na educação infantil relacionar os conteúdos ao fazer musical, trabalhando com situações lúdicas, como já mencionadas, fazendo parte do contexto global das atividades, quando a criança se encontra num ambiente afetivo no qual o professor está atento as suas necessidades, falando , cantando e brincando com e para elas adquirem a capacidade de atenção, tornando-as capazes de ouvir os sons do entorno. Dessa forma observa-se a necessidade de se trabalhar e introduzir a música no contexto escolar, não com o objetivo de formar músicos, mais com o intuito de incentivar a criatividade já que algumas vezes a escola deixa pouco espaço para a criança criar e a música pode ser um caminho muito fértil para essa prática. 26 5. CONCLUSÃO A música possui inúmeros significados e representações no cotidiano das pessoas trazendo uma série de benefícios, pois desperta emoções e sentimentos. Além de ter também uma grande importância na aprendizagem e na socialização do indivíduo, na educação infantil é essencial em todos os momentos, visto que ela auxilia no desenvolvimento de aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social. Seu uso na sala de aula pode ser considerado como atividades sociais privilegiadas de interação e construção do conhecimento. A inclusão da música no planejamento escolar e nas atividades desenvolvidas na sala de aula conduz a uma educação flexível direcionada para a qualidade de ensino visando a dinamização das atividades realizadas e dos conteúdos trabalhados favorecendo a significação e eficácia da aprendizagem. Acredita-se que a música resulta numa forma mais prática de transmitir um aprendizado, desta forma o educador irá encontrar meios para utiliza-la em sala de aula, pois a música não deve ser vista apenas como um passatempo, mas como uma forma de auxílio no desenvolvimento individual e coletivo das crianças. A música irá favorecer em vários aspectos como: criatividade, movimentos corporais, compreensão do mundo que o cerca, o desenvolvimento da linguagem e do imaginário infantil (ZAMPRONHA,2002). Cabe ao educador fazer uma ponte entre as atividades vivenciadas e as músicas, não apenas como mera brincadeira, mas como uma ferramenta que propicie o ensino aprendizagem. Em outros momentos ela pode sim ser usada apenas como recreação e entretenimento (CORREIA,2010). Entretanto ao estudar a música no aspecto educacional foi de buscar soluções para um ensino de qualidade na utilização de ferramentas mais envolventes no processo de aprendizagem, buscando uma maneira de aprimorar a educação de nossas crianças. 27 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Jc, 1981. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. 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