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11 Preservação-Conservação-Restauração-e-Recuperação-Física-do-Acervo

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Preservação, Conservação, Restauração 
e Recuperação Física do Acervo 
 
Albertina Otávia Lacerda Malta 
 
Curso Técnico em Biblioteca 
Educação a Distância 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE 
 
Professor Autor 
Albertina Otávia Lacerda Malta 
 
Design Instrucional 
Deyvid Souza Nascimento 
Maria de Fátima Duarte Angeiras 
Renata Marques de Otero 
Terezinha Mônica Sinício Beltrão 
 
Revisão de Língua Portuguesa 
Letícia Garcia 
 
Diagramação 
Izabela Cavalcanti 
 
Coordenação 
Hugo Carlos Cavalcanti 
 
Coordenação Executiva 
George Bento Catunda 
 
Coordenação Geral 
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra 
 
 
 
Artefato produzido pela Secretaria Executiva de Educação Profissional de 
Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação (Rede e-Tec Brasil). 
Agosto, 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 M261p 
 Malta, Albertina Otávia Lacerda. 
Preservação, Conservação, Restauração e Recuperação 
Física do Acervo: Curso Técnico em Biblioteca: Educação a 
distância / Albertina Otávia Lacerda Malta. – Recife: 
Secretaria Executiva de Educação Profissional de 
Pernambuco, 2016. 
64 p.: il. tab. 
 
Inclui referências bibliográficas. 
 
1. Educação a distância. 2. Conservação e restauração. 3. 
Documentos. 4. Biblioteconomia. I. Malta, Albertina Otávia 
Lacerda. II. Título. III. Rede e-Tec Brasil. 
 
 
 CDU – 025.7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
Sumário 
Introdução ........................................................................................................................................ 8 
1.Competência 01 | Conhecer um Plano de Conservação e Preservação Dentro de uma Unidade de 
Informação ........................................................................................................................................ 9 
1.1 Conceitos .....................................................................................................................................................9 
1.1.1 Preservação ..............................................................................................................................................9 
1.1.2 Conservação e Conservação Preventiva ............................................................................................... 10 
1.1.3 Restauração........................................................................................................................................... 13 
1.2 O Que é um Plano de Conservação Preventiva? ...................................................................................... 14 
2.Competência 02 | Planejar Soluções para Casos de Emergência numa Unidade de Informação ... 16 
2.1 Programa de Gerenciamento de Emergências ........................................................................................ 16 
2.1.1 Etapa 1 - Identificação de Riscos ........................................................................................................... 17 
2.1.2 Etapa 2 – Prontidão ............................................................................................................................... 18 
2.1.3 Etapa 3 – Resposta ................................................................................................................................ 20 
2.2 Tratamento Emergencial para Documentos Molhados ........................................................................... 20 
2.3 Resumo da Estrutura do Programa de Gerenciamento de Emergências ................................................ 22 
2.4 Normas Técnicas ...................................................................................................................................... 22 
3.Competência 03 | Manter a Organização do Acervo da Biblioteca, Respeitando Princípios de 
Ergonomia, Comunicação Visual, Sinalização, Disposição de Mobiliário e Organização do Acervo – 
Conservação do Acervo Bibliográfico ............................................................................................... 24 
3.1 O que é um Livro? .................................................................................................................................... 24 
3.1.1 Uma Breve História ............................................................................................................................... 24 
3.2 Conservação de Coleções Bibliográficas .................................................................................................. 27 
3.2.1 O Lugar de Guarda ................................................................................................................................ 27 
3.2.2 Acondicionamento e Armazenamento ................................................................................................. 29 
3.2.3 Manuseio e Traslado ............................................................................................................................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
3.2.4 Usuários ................................................................................................................................................ 30 
 3.3 Higienização de Livros ............................................................................................................................. 31 
4.Competência 04 | Executar um Plano de Conservação e Preservação do Acervo.......................... 33 
4.1 Etapas para Elaboração do PCP ............................................................................................................... 33 
4.1.1 Etapa 1 – Dossiê .................................................................................................................................... 33 
4.1.2 Etapa 2 – Diagnóstico ............................................................................................................................ 36 
4.1.3 Etapa 3 – Execução................................................................................................................................ 38 
4.2 Programas de um Plano de Conservação Preventiva .............................................................................. 39 
4.3 Avaliação, Revisão e Continuidade .......................................................................................................... 40 
5.Competência 05 | Compreender a Importância do Tratamento das Coleções de Obras Raras e 
Especiais sob a Custódia de Instituições Públicas e Privadas – Coleções de Fotografia ..................... 43 
5.1 Breve História da Fotografia .................................................................................................................... 43 
5.1.1 O que é Fotografia? ............................................................................................................................... 44 
5.1.2 Quais os Processos Fotográficos Encontrados em Arquivos? ............................................................... 45 
5.1.3 Do que se Compõe uma Fotografia? ..................................................................................................... 47 
5.2 Em que Consiste a Preservação de Coleções de Fotografia? ................................................................... 48 
5.2.1 Organização da Coleção ........................................................................................................................ 48 
5.3 Conservação de Coleções de Fotografia .................................................................................................. 49 
5.3.1 Regras para um Correto Manuseio de Coleções de Fotografia ............................................................ 49 
5.3.2 Deterioração de Fotografias ................................................................................................................. 52 
5.4 Limpeza e Higienização ............................................................................................................................53 
5.4.1 Limpeza de Emulsões ............................................................................................................................ 54 
5.4.2 Limpeza de Suporte em Papel ou Cartão .............................................................................................. 55 
5.5 Acondicionamento, Embalagens e Arquivamento ................................................................................... 56 
5.6 Como Evitar a Deterioração de Coleções de Fotografia .......................................................................... 59 
Conclusão ........................................................................................................................................ 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
Referências ..................................................................................................................................... 61 
Minicurrículo do Professor .............................................................................................................. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
Introdução 
 
Caro (a) aluno (a), a disciplina Preservação, Conservação e Recuperação Física do Acervo tem como 
objetivo fornecer informações básicas para a adoção de um conjunto de ações simples e eficazes 
que visam prolongar a vida útil dos acervos, com o objetivo de salvaguardar o patrimônio histórico e 
artístico. 
 
A fragilidade dos materiais, as agressões climáticas, o manuseio inadequado e outros fatores 
aceleram a deterioração de livros e documentos em geral, trazendo à tona a preocupação 
permanente com a preservação e conservação desses suportes, um legado que temos por 
obrigação deixar para as gerações futuras (LAGO, FLORÊNCIO, COUTO, 2005). 
 
Antes de iniciarmos nosso aprendizado é importante entender o que é o patrimônio cultural e 
porque a humanidade, ao longo dos séculos, se esforça tanto para preservá-lo. Patrimônio é uma 
palavra de origem latina, etimologicamente ligada às estruturas familiares, à herança paterna, que 
ao longo dos séculos desdobra-se em significados jurídicos e econômicos, aportando na ideia de 
pátria, de nação, de lugar em que nos reconhecemos como parte de um todo, de uma continuidade 
(CHOAY, 2001). 
 
Patrimônio Cultural é o que herdamos de nossos antepassados, é o que nos dá a noção de 
pertencermos a uma coletividade. Podemos dizer que almejamos conservá-lo porque queremos 
preservar a nós mesmos como o povo de um determinado país ou lugar. 
 
As aulas aqui apresentadas fornecem conhecimentos para que as instituições detentoras de acervos 
possam enfrentar o desafio de preservar suas coleções. Entendemos que isso será possível apenas 
por meio do aprimoramento das atividades realizadas por seus funcionários, buscando a correção 
de algumas práticas e a sensibilização para a mudança de atitudes na gestão do patrimônio cultural. 
 
Por fim, queremos agradecer a Antonio Carlos Montenegro, servidor da Fundação Joaquim Nabuco, 
por partilhar seus conhecimentos e sua valiosa experiência acerca do tema Conservação Preventiva, 
possibilitando nortear e estruturar os conteúdos das competências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
1.Competência 01 | Conhecer um Plano de Conservação e Preservação 
Dentro de uma Unidade de Informação 
 
1.1 Conceitos 
 
Para uma melhor compreensão do plano de conservação de acervos, ou, como também é 
conhecido, um Plano de Conservação Preventiva, é preciso entender o significado de alguns 
conceitos com os quais vamos conviver ao longo do curso. Vamos procurar saber o que é 
preservação, conservação, conservação preventiva e restauração. Alguns desses termos têm sido 
usados como sinônimos – ou como equivalentes – quando, na verdade, designam programas, 
atividades e ações diferentes, mas articuladas e complementares. 
 
1.1.1 Preservação 
 
Conway nos ensina que preservação é: 
 
(...) uma palavra que envolve inúmeras políticas e opções de ação, incluindo 
tratamentos de conservação. Preservação é a aquisição, organização e distribuição 
de recursos a fim de que venham a impedir posterior deterioração ou renovar a 
possibilidade de utilização de um seleto grupo de materiais (CONWAY, 2001, p. 14). 
 
Preservação, portanto, trata de ações abrangentes no âmbito institucional, isto é, ações de gestão 
— planejamento, captação e alocação de recursos financeiros, humanos e tecnológicos. Hollós 
(2010) complementa esse conceito afirmando que o termo preservação passa a conter um 
significado ainda mais amplo, sendo reconhecido como uma disciplina de arquivo com caráter 
multidisciplinar. 
 
Adicionalmente, a preservação exige a criação das instituições de memória, nas quais os registros 
da memória podem ser guardados e organizados de forma racional, não como vestígios 
documentais isolados, mas como conjuntos documentais capazes de “permitir captar a 
intencionalidade e o simbolismo do corpo social ao registrar seu passado” (VON SIMSON, 2000, 
p.4). As instituições de memória são as bibliotecas, os museus, os arquivos e demais instituições 
que desenvolvem atividades baseadas nos registros do passado, representados pelos acervos 
históricos. 
 
 
As instituições memoriais têm o objetivo de preservar e difundir seus acervos na perspectiva de 
uma ampla democratização da informação e devem se constituir em elos de um sistema 
memorial (GALINDO, 2010). 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
1.1.2 Conservação e Conservação Preventiva 
 
Conservação e Conservação Preventiva são dois termos que andam juntos, mas não são a mesma 
coisa. As ações de conservação se dirigem diretamente ao objeto, nele interferindo, mas sem 
alterar o estado físico ou estético. Podemos entender, assim, que a conservação é uma ação que 
visa interromper um processo de degradação, sendo dirigida a cada unidade que compõe a coleção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Conservação de livros 
Fonte: Blogspot.com.br/ (2013) 
Descrição: Pessoa com traje de laboratório, um libro aberto sobre a mesa e pincel 
de cerdas nas mãos, higienizando as páginas do livro passando o pincel de cima a 
baixo na lombada do livro. 
 
Por exemplo, se imaginarmos que os livros de uma biblioteca encontram-se muito empoeirados e 
que a poeira, em razão dos seus componentes físicos e químicos, irá acelerar o processo de 
degradação do papel, torna-se necessário o planejamento e a execução de uma ação de 
conservação que consistirá, basicamente, na higienização de cada livro da coleção. 
 
Já a Conservação Preventiva, como o próprio nome diz, procura se antecipar aos problemas, 
identificando e minimizando as causas que provocam a degradação dos materiais. A Conservação 
Preventiva procura também conhecer a coleção e nela atuar como um todo, entendendo-a como 
um conjunto de elementos – os objetos de um museu, os livros de uma biblioteca – que recebem 
interferências de toda ordem, inclusive, entre si mesmos. 
 
No exemplo acima, no qual a coleção de uma biblioteca necessitou ser higienizada, a ação de 
Conservação Preventiva seria estudar o lugar no qual os livros estão estocados de modo a 
identificar a causa da sujeira – uma porta voltada para uma rua sem calçamento, por exemplo –, e 
propor ações para remover ou minimizar essa causa. 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Embalagem de proteção 
Fonte: Wordpress.com (2013) 
Descrição: livro envolto dentro de um envelope de papel alcalino. 
 
Identificar, dirimir ou mesmo anular as causas da degradação dos materiais, portanto, são os 
objetivos principais da Conservação Preventiva. E quais são essas causas? Uma parte delas se 
encontra na própria natureza, outra na ação humana. Muitos especialistas denominam estas causas 
de agentes aceleradores da degradação dos materiais porque entendem que o processo de 
degradação é natural, isto é, intrínseco à natureza das coisas. 
 
O quadro a seguir resume quais são estes agentes. Classifica-os de acordo com sua origem (da 
natureza ou daação humana) e os comenta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
AGENTE COMENTÁRIO 
N
A
TU
R
A
L 
Clima: temperatura, 
umidade do ar, luz 
solar. 
 
 
 
 
Pragas, insetos e 
micro-organismos 
 
 
Desastres naturais 
O ambiente em que se encontram interfere de forma permanente no estado 
físico dos objetos. Variações de temperatura e umidade provocam 
alterações na estrutura molecular dos materiais. A proximidade de uma 
fonte natural de umidade, calor ou frio — uma floresta, um rio, o mar — 
pode alterar esses fatores climáticos. O sol emite uma gama de raios — 
Raios UV e infravermelhos — que atacam diretamente os materiais, 
alterando irreversivelmente sua estrutura física. 
Os materiais de origem orgânica — papéis, madeiras, tecidos — que 
compõem os livros, por exemplo, são alimentos para roedores, xilófagos e 
micro-organismos (fungos e bactérias). 
Enchentes, tempestades, terremotos e maremotos são motivos de 
constante preocupação não só para os acervos. Em nossa região, felizmente, 
devemos ter atenção especial apenas com as enchentes e tempestades. 
A
Ç
Ã
O
 H
U
M
A
N
A
 
Iluminação artificial 
 
 
 
Poluição 
 
 
 
 
Uso indevido 
 
 
Sinistros 
 
 
Roubo e vandalismo 
A iluminação artificial emite os mesmos raios da luz solar, embora em grau 
inferior. Entretanto, em razão da proximidade e do tempo de exposição, os 
danos causados são os mesmos. 
A sujeira, a poeira e os gases emitidos por inúmeras fontes – trânsito, 
automóveis, fábricas — depositam-se sobre os objetos atacando sua 
estrutura molecular. 
A proximidade de uma fonte importante de poluição — uma fábrica — pode 
determinar índices significativos de poluição. 
O desconhecimento, ou o não atendimento, de algumas regras básicas para 
o manuseio e o uso cotidiano dos acervos pode provocar danos ao objeto. 
Incêndios e acidentes com instalações do edifício — elétricas, hidráulicas e 
outras — são, na maioria das vezes, provocados pelo uso inadequado, 
precariedade ou falta de manutenção. 
O interesse financeiro escuso, o tráfico ilícito de obras, os baixos níveis de 
educação estão na base destes tipos de agressão aos acervos. 
Quadro 1 - Principais agentes aceleradores da degradação dos materiais 
Fonte: autora (2013) 
 
O quadro acima não esgota as possibilidades de existirem outros agentes ou fatores de degradação, 
pois estamos tratando da natureza e da ação do homem, ou seja, estamos tratando da própria vida 
e de suas infinitas relações. 
 
Um aspecto importante é que todas as causas e fatores são interdependentes e interagem em 
todas as direções. Ou seja, em exemplos bem comuns: 1) a alta umidade favorece sobremaneira o 
surgimento de fungos; 2) a sujeira atrai insetos e roedores. Por isso, devemos entender a 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
Conservação Preventiva como um conjunto de atividades abrangente que visa combater as causas 
da deterioração dos acervos em todos os seus aspectos ao mesmo tempo. 
 
1.1.3 Restauração 
 
Finalmente, para concluirmos esta parte das conceituações, vamos entender o que é restauração. A 
restauração é constituída de intervenções mecânicas e químicas com a finalidade de revitalizar o 
estado físico de um bem cultural e resgatar seus valores históricos e artísticos. Em virtude do alto 
grau de complexidade e de risco que pode apresentar, a restauração deve ser feita apenas por 
especialistas e em casos muito especiais (CASSARES, 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Restauração de livro 
Fonte: Blogspot.com.br (2013) 
Descrição: Homem colocando uma fita de colagem dentro do livro para restaurá-lo, 
evitando que as páginas fiquem soltas. 
 
Cesare Brandi define o conceito de restauração como sendo “qualquer intervenção voltada a dar 
novamente eficiência a um produto da atividade humana” (BRANDI, 2004, p.26). É uma 
conceituação interessante, pois remete à funcionalidade do objeto a ser restaurado. Uma 
intervenção de restauro de um livro, por exemplo, deve objetivar, sobretudo, que ele possa ser 
novamente fonte de informação e de conhecimento, sua função original. 
 
Outros aspectos a serem considerados quando analisamos o planejamento de uma intervenção de 
restauro: a) que os processos de restauração fatalmente modificam o objeto tratado e, se não 
forem adequadamente executados, podem provocar danos maiores do que o problema que se quer 
combater; b) que uma ação de restauração sempre representa longos prazos e altos valores, pois 
requer profissionais, equipamentos e materiais especializados; e c) que a restauração intervém 
apenas nos efeitos, não tratando as causas da degradação, pois, as causas muitas vezes são 
externas ao objeto. O quadro a seguir nos dá uma síntese do que vimos até agora. 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
PRESERVAÇÃO 
Conjunto de ações institucionais de gestão e planejamento, concretizado através da 
captação e alocação de recursos financeiros, físicos, humanos e tecnológicos com a 
finalidade de promover a permanência do patrimônio cultural. 
CONSERVAÇÃO 
PREVENTIVA 
Atividade que procura identificar as causas que promovem o aceleramento da 
degradação dos objetos e mitigar ou mesmo remover essas causas. É uma atividade 
permanente. 
CONSERVAÇÃO 
Atividade que deve ser planejada e executada sempre que os objetos apresentem sinais 
de aceleração do processo de degradação, seja ela causada por agentes naturais ou 
danos causados por eventos de qualquer origem. É uma atividade rotineira. 
RESTAURAÇÃO 
Ação que deve ser planejada e executada sempre que o grau de degradação alcance um 
estágio no qual a integridade física do objeto está em risco. O objetivo principal é devolver a 
funcionalidade perdida ao objeto. É uma atividade pontual. 
Quadro 2 - Conceitos: preservação, conservação preventiva, conservação e restauração 
Fonte: autora (2013) 
 
 
Um Plano de Conservação Preventiva se preocupa em estudar todos os aspectos da instituição 
que, direta ou indiretamente, possam ter influência nas condições físicas do acervo para elaborar 
os programas e atividades que enfrentem as situações de risco que eles podem gerar. 
 
 
Em virtude da diversidade e quantidade de problemas que os acervos podem apresentar, é 
consenso entre especialistas – e o próprio bom senso aponta para essa direção – de que é através 
da conservação preventiva que as instituições podem proporcionar uma efetiva proteção a grandes 
volumes de acervo. Outro consenso é que os investimentos em conservação preventiva serão 
sempre bem menores que os investimentos em restauração. 
 
1.2 O Que é um Plano de Conservação Preventiva? 
 
Vimos que os especialistas concordam que só através das atividades de conservação preventiva é 
possível promover a preservação de grandes volumes de acervo. Sim, porque seria uma tarefa sem 
fim executar programas ou atividades de conservação e restauração sem que procurássemos 
resolver as origens dos processos de degradação. Para que possamos nos utilizar dos métodos e 
técnicas da conservação preventiva de forma efetiva, torna-se fundamental elaborar e implantar 
um Plano de Conservação Preventiva na instituição. 
 
Durante o Curso Regional de Programação da Conservação Preventiva em Instituições, promovido 
pelo ICOM – Conselho Internacional de Museus, órgão da UNESCO, realizado em Havana em 
setembro de 2000, define-se o que é um Plano de Conservação Preventiva, como sendo: a 
concepção, coordenação e execução de um conjunto de estratégias sistemáticas organizadas no 
tempo e no espaço, desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar com o consenso da comunidade, 
a fim de preservar, resguardar e difundir a memória coletiva no presente e projetá-la para o futuro 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
para reforçar a sua identidade cultural e elevar a qualidade de vida. 
 
Ou seja, o Plano de Conservação Preventiva (daqui por diante chamado de PCP) é um conjunto de 
atividades que visa: a) identificaras causas da degradação dos materiais que constituem os objetos 
do acervo, no caso das bibliotecas, principalmente o papel, mas também uma série de outros 
materiais; b) projetar e implantar soluções para eliminar estas causas, quando isso é possível, ou 
dirimi-las, diminuindo seu impacto; e c) monitorar e manter os diversos sistemas de proteção ao 
acervo. 
 
Na Competência 04 estudaremos como elaborar um PCP, as etapas e elementos necessários para 
que ele se constitua numa ferramenta capaz de determinar a melhoria das condições físicas do 
acervo. O alcance de seus objetivos pode estar resumido numa ideia: antecipar-se aos problemas 
para que possamos combater suas causas de forma efetiva. No momento é suficiente conhecer 
alguns desses programas, relacionados a seguir: 
 
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE 
PESSOAL 
Trata de capacitar as equipes da instituição para desenvolver e 
executar o PCP. 
PROGRAMA DE PREVENÇÃO E 
SEGURANÇA 
Trata dos riscos relacionados a roubo, vandalismo, enchentes, 
incêndio (antes dos eventos terem ocorrido), etc. 
PROGRAMA DE RISCOS E 
EMERGÊNCIAS 
Trata dos danos relacionados a enchentes, incêndios, etc. (após o 
evento ter ocorrido). 
PROGRAMA DE CONTROLE 
AMBIENTAL 
Trata de adequar as condições climáticas relativas à temperatura, 
umidade do ar e luz (natural e artificial). 
PROGRAMA DE CONTROLE DE 
PRAGAS 
Trata de planejar e executar ações contra infestação por insetos e 
animais. 
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO E 
RESTAURO 
Trata de realizar as intervenções de restauração e conservação 
quando necessárias. 
Quadro 3 – Principais programas de um PCP 
Fonte: autora (2013) 
 
É um conjunto de programas como esse que compõe o PCP. A elaboração e execução de cada um 
deles de forma adequada, harmoniosa e articulada é um pressuposto para o sucesso do Plano. Claro 
que os programas acima relacionados se referem a uma situação hipotética. Ao tratarmos de 
instituições reais, a relação de programas poderá se alterar conforme as características de cada 
instituição. 
 
Para finalizar, um alerta que devemos faze: esse estudo não trata da viabilização financeira e 
administrativa de um PCP. Entendemos que essa questão extrapola os objetivos desta disciplina, 
sendo mais afeita às ações da política de preservação da instituição, pois o PCP é parte integrante 
de um processo mais amplo para o funcionamento de uma instituição memorial: a Política de 
Acervos. 
 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
2.Competência 02 | Planejar Soluções para Casos de Emergência numa 
Unidade de Informação 
 
Num Plano de Conservação Preventiva, a prevenção contra riscos é parte fundamental. Na maioria 
das vezes, as instituições não estão preparadas para agir de forma satisfatória em caso de 
emergência e muito menos possuem um plano de prevenção para situações de risco. Inundações, 
incêndios e outros desastres ocorrem de forma frequente e é triste constatar que as instituições, de 
um modo geral, só tomam conhecimento das vantagens da prevenção de emergências depois de 
sofridas experiências desastrosas para o patrimônio memorial. As situações emergenciais mais 
comuns em unidades de informação estão relacionadas aos seguintes fatores de risco: água, fogo e 
vandalismo (ou roubo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 – Incêndio do Pilão, casarão histórico de Ouro Preto em 2003. 
Fonte: ourtoworld.jor.br (2013) 
Descrição: Imagem de um casarão antigo envolto por labaredas de um incêndio. 
 
Sabemos que os riscos, na maioria dos casos, podem ser reduzidos ou totalmente afastados caso 
seja adotado programa abrangente e sistemático de prevenção. Esses programas fornecem os 
meios de reconhecer e prevenir riscos e de responder com eficácia às emergências (OGDEN, 2001). 
Veremos, a seguir, um programa de gerenciamento de emergências possível de ser formulado por 
qualquer unidade de informação. 
 
2.1 Programa de Gerenciamento de Emergências 
 
Para enfrentar as situações emergenciais é preciso formular um programa especial para esse fim. 
Um programa de gerenciamento de emergências é composto por três conjuntos de iniciativas: 
 
 Prevenção (medidas preventivas); 
 Prontidão (plano emergencial); 
 Resposta (ação e volta à normalidade). 
 
É da combinação dos riscos com a vulnerabilidade do edifício e do acervo que ocorrem as 
calamidades. Devemos, por um lado, conhecer os riscos potenciais que cercam a unidade de 
informação e, assim, poder anular ou combater esses riscos; e, por outro lado, identificar e analisar 
as vulnerabilidades do edifício e de seus sistemas de proteção e, se possível, eliminá-las. Para que 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
nosso estudo seja mais proveitoso vamos dividi-lo em três etapas. 
 
2.1.1 Etapa 1 - Identificação de Riscos 
 
O edifício é a primeira e principal barreira de proteção do acervo. De sua capacidade de resistir às 
intempéries e às agressões da ação humana depende boa parte das boas condições físicas das 
coleções documentais. Analisar os riscos existentes no edifício é o passo inicial para a formulação de 
um programa de prevenção de acidentes. Há inúmeros fatores que podem significar risco para a 
integridade física das coleções. Neste texto introdutório, enfocaremos apenas três: 
 
a) Identificar no edifício e no seu entorno todos os elementos que potencialmente possam dar 
origem a incêndios. 
 
 Verificar as condições de uso das instalações elétricas, instalações especiais (de gás, por 
exemplo), motores e equipamentos, etc.; 
 Verificar a presença de fábricas, postos de gasolina, redes de distribuição no entorno do 
edifício. 
 
b) Identificar no edifício e no seu entorno todos os elementos que possam torná-lo vulnerável a 
enchentes, inundações e infiltrações. 
 
 Verificar a proximidade de rios ou de outras fontes de água (exemplo: reservatórios, 
açudes); 
 Verificar o nível da sala de guarda em relação à rua; 
 Verificar as condições de uso das instalações hidráulicas e sanitárias; 
 Verificar as condições de conservação da coberta e esquadrias e dos sistemas de 
escoamento de águas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Biblioteca após incêndio 
Fonte: olaserragaucha.com.br (2011) 
Descrição: Imagem de um grupo de restauradores de livros dentro de uma 
biblioteca. Todos estão trajados com luva, bata e máscara de proteção. 
 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Biblioteca inundada 
Fonte: blogspot.com.br (2012]) 
Descrição: Biblioteca com piso molhado. Há cadeiras, estantes e livros no ambiente. 
 
c) Identificar no edifício e no seu entorno todos os elementos que potencialmente possam torná-lo 
vulnerável a roubo e vandalismo. 
 
 Verificar as condições de segurança das portas e janelas; 
 Verificar se o edifício dispõe de algum sistema de segurança; 
 Verificar se existem equipes de segurança; 
 Verificar se a unidade de informação dispõe de espaço destinado aos objetos pessoais dos 
usuários, etc. 
 
Conhecendo todos os riscos potenciais, deve-se eliminá-los, controlá-los ou minimizá-los. Para 
tanto, serão necessárias executar ações em diversas áreas da instituição, desde reparos no edifício 
ou a aquisição de equipamentos, até a contratação e capacitação de pessoal. Na etapa seguinte, 
veremos quatro iniciativas simples que poderão ser determinantes para o salvamento de pessoas e 
do acervo em situações de emergências. 
 
2.1.2 Etapa 2 – Prontidão 
 
A primeira iniciativa objetiva é fazer a instituição estar preparada para enfrentar situações 
emergenciais. Para tanto, um passo importante é instituir equipes de prontidão: 
 
 Comissão de emergências para coordenar ações em momentos emergenciais; 
 Comissão de conservação que conheça técnicas de intervenção e manuseio de obras 
danificadas; 
 Brigada de incêndio que deverá ser treinada para saber como agir diante de um incêndio. 
 
Estas equipes deverão elaborar e contar com três instrumentos muito simples, mas fundamentais 
para que a unidade de informaçãopossa se precaver contra as emergências: mapeamento das 
coleções, rota de fuga e kit de emergência. Vamos descrever cada um deles. 
 
 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
a) Mapeamento das Coleções 
 
Mapear significa localizar e indicar cada conjunto documental, documento ou objeto das coleções 
da unidade de informação. Esta localização deverá ainda classificar os documentos conforme sua 
vulnerabilidade, importância e valor para a instituição. O mapeamento das coleções pode ser 
determinante para o salvamento do que é considerado o melhor do acervo. Para efetivar o 
mapeamento, as equipes deverão responder às seguintes questões: 
 
 A coleção (ou unidade documental) é fundamental para a missão institucional? 
 A coleção (ou unidade documental) pode ser substituída? 
 O custo de substituição é maior ou menor que a restauração? 
 Existem exemplares (cópias) em outro formato ou em outro acervo? 
 O documento requer atenção imediata devido à sua composição (tipo de papel ou de tinta, 
etc.)? 
 
b) Rota de Fuga 
 
Em caso de incêndio ou inundação, a definição de uma rota de fuga – indicada por meio de 
sinalização – pode significar o salvamento de objetos valiosos da coleção. A figura a seguir ilustra o 
quanto pode ser complexo definir uma rota de saída de emergência em edifícios antigos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 – Planta do Convento de São Francisco de Olinda 
Fonte: Desenho de Antonio C. Montenegro (2013) 
Descrição: Imagem de uma planta de arquitetura. Há tracejados e linhas com as medidas e localizações exatas de 
cada recinto do prédio. 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
A rota deve ser adequadamente indicada por meio de sinalização visual. 
 
c) Kit de Emergência 
 
É de fundamental importância ter à mão equipamentos e utensílios necessários à prevenção, ao 
combate e à minimização de danos. Um kit de emergência pode ser fundamental para a proteção 
das pessoas e do acervo. Extintores de incêndio, desumidificadores, ventiladores, luvas e máscaras 
protetoras, lanternas, papéis absorventes, além dos utensílios e materiais de proteção às pessoas 
(EPIs – equipamentos de proteção individual) e de primeiros socorros são alguns desses utensílios. 
 
2.1.3 Etapa 3 – Resposta 
 
Apesar de todos os cuidados que possamos tomar, as emergências ocorrem. Em parte porque não 
foi possível prevê-las completamente, em parte porque os sistemas de detecção e defesa falharam. 
De qualquer modo é preciso sanar os danos e fazer a instituição voltar à normalidade. Nesta etapa 
conheceremos as atitudes e ações necessárias para tanto. 
 
O que Fazer Imediatamente Depois do Sinistro: 
 
 Contatar com seguradoras; 
 Analisar as causas e efeitos do sinistro visando o aperfeiçoamento do programa; 
 Instituir programa de restauração do espaço atingido e das coleções; 
 Avaliar as prioridades de restauração; 
 Eliminar acervo irrecuperável (após parecer de um restaurador e de uma comissão de 
curadores) e acondicionar os que não necessitarem de restauro; 
 Limpeza e arrumação do local do sinistro; 
 Recolocação dos documentos nos seus lugares. 
 
2.2 Tratamento Emergencial para Documentos Molhados 
 
Por se tratar de um acontecimento recorrente em unidades de informação, indicamos, neste 
momento, como devemos atuar nos casos em que documentos e livros foram molhados por 
qualquer causa (infiltrações, vazamentos, inundações). Existem vários métodos para efetuar a 
secagem – e o salvamento – de documentos (livros, papéis, fotografias, etc.) molhados. Alguns 
deles, entretanto, exigem treinamento especial e a presença de especialistas. 
 
Quanto maior a quantidade de água absorvida pelo papel, maior o risco ao secá-lo. Para livros 
medianamente molhados – ou seja, não completamente encharcados de água – a técnica mais 
simples é seca-los da maneira descrita abaixo: 
 
 Levá-los para ambiente seco e arejado (pode-se usar desumidificadores e ventiladores); 
 Estender os livros em varais de cordas de nylon grossas; 
 Interfolhar o máximo possível com papel absorvente; 
 Deixar secar naturalmente. 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 - Secagem de livros 
Fonte: noticias.uol.com.br (2012) 
Descrição: Imagem de vários livros abertos secando ao tempo, como se fossem 
roupas no varal. 
 
Este tratamento é também recomendado para a secagem de outros documentos em suporte de 
papel, podendo-se usar, além do varal, mesas cobertas com papel mata-borrão nas quais os 
documentos seriam espalhados sem recobrimentos entre si. 
 
Livros com papéis especiais – tipo couché – precisam de maiores cuidados e seu manuseio deve ser 
feito por especialista. O papel couché é muito usado em livros de arte com ilustrações coloridas, 
pois proporciona reprodução de cor muito boa. Entretanto, ele é muito sensível à umidade, o que 
faz com que suas páginas colem umas às outras. 
 
Em caso de livros muito encharcados, o melhor é colocá-los individualmente em sacos plásticos e 
congela-los em freezer tipo frost-free. Isso dará tempo para que um restaurador especializado 
realize as intervenções necessárias. 
 
A decisão de se efetuar a secagem dos livros – e as etapas de restauro, quando se mostrarem 
necessárias – deve ser antecedida de estudos que indiquem ser essa uma decisão correta. Para 
coleções correntes, por exemplo, que tenham livros comuns e facilmente encontrados no mercado, 
talvez seja mais viável repô-los do que recuperá-los. 
 
No caso de fotografias molhadas os procedimentos abaixo descritos devem ser acompanhados de 
conservador especializado. 
 
 Secar ao ar livre, na horizontal, sobre papel absorvente, uma a uma, sem sobreposição; 
 Se precisar proteger ou entrefolhar fotos com papel, este deve ser do tipo encerado, não 
aderente; 
 Retirar as fotos de envelopes, preservando informações que estes possam conter; 
 Não tocar na superfície com a imagem (lado da emulsão); 
 Se estiverem enlameadas, enxaguar em água limpa, sem tocar na superfície; secar na vertical 
no varal fixando-as com grampos plásticos, apenas nas margens, sempre com acompanhamento de 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
especialistas. 
 
2.3 Resumo da Estrutura do Programa de Gerenciamento de Emergências 
 
Ao final das etapas, o Programa deverá estar estruturado em três bases: 
 
1) Prevenção Contra Água 
 
 Dispor de locais altos e arejados para a guarda de acervos. 
 Revisar telhados e sistemas de abastecimento d’água e de drenagem. 
 Fechar torneiras e janelas ao fim da tarde. 
 Dispor de materiais para proteção emergencial (plásticos, papéis absorventes, tesouras, 
cordões, fitas, etc.). 
 
2) Prevenção Contra O Fogo 
 
 Instalar para-raios; 
 Instalar portas corta-fogo; 
 Instalar detectores de fumaça ou calor; 
 Realizar vistoria do Corpo de Bombeiros; 
 Isolar material inflamável. 
 
3) Prevenção Contra Roubo E Vandalismo 
 
 Restringir entradas e saídas; 
 Possuir alarmes ligados à polícia local; 
 Cadastrar e acompanhar o usuário; 
 Proibir entrada de bolsas, mochilas, casacos, chapéus, etc., nos locais de exibição ou 
consulta; 
 Permitir acesso apenas a um livro/documento por vez; 
 Checar o material antes e depois da consulta; 
 Instalar sistema de monitoramento e controle. 
 
 
CONTINUIDADE É A PALAVRA-CHAVE! 
Um Programa de Gerenciamento de Emergências deve ser elaborado para que se incorpore às 
rotinas de trabalho da unidade de informação. Ele não pode ser descontinuado, ao contrário, 
deve ser continuamente aprimorado por meio de testes, de vistorias e de treinamento das 
equipes envolvidas. 
 
 
2.4 Normas Técnicas 
 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - é a organização brasileira reconhecida e 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
credenciada para definir e indicar parâmetros técnicos para os procedimentos de prevenção e 
combate a sinistros e emergências. A ABNT publica e atualiza normas referentes a equipamentos,sistemas e instalações de segurança e proteção, indicando tipos, materiais, dimensões, quantidades 
e demais elementos adequados a enfrentar as situações emergenciais. 
 
Equipamentos como alarmes, sensores, elevadores, instalações elétricas, de água, de climatização, 
de gás e outros componentes dos edifícios possuem normas específicas que devem ser consultadas 
e observadas no momento de planejamento ou de reformas das unidades de informação. Torna-se 
necessário que a instituição conte com a consultoria e a colaboração de empresas ou profissionais 
especializados. 
 
No que se refere especificamente à Brigada de Incêndio, importante elemento para o 
enfrentamento, tanto na prevenção quanto na proteção e resposta a incêndios, devemos estudar e 
considerar a ABNT-NBR 14276:2006 que nos fornece informações fundamentais para a composição 
desse grupo. Para a ABNT, a Brigada é: “grupo organizado de pessoas preferencialmente voluntárias 
ou indicadas, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio de 
incêndio, no abandono de área e nos primeiros-socorros, dentro de uma área preestabelecida” 
(ONO, R. e MOREIRA, K. 2011). 
 
Nota: em virtude da extensão e complexidade do tema, não tratamos, nesta Competência, de 
emergências provocadas por agentes biológicos (insetos e micro-organismos). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
3.Competência 03 | Manter a Organização do Acervo da Biblioteca, 
Respeitando Princípios de Ergonomia, Comunicação Visual, Sinalização, 
Disposição de Mobiliário e Organização do Acervo – Conservação do 
Acervo Bibliográfico 
 
3.1 O que é um Livro? 
 
3.1.1 Uma Breve História 
 
Pesquisadores situam o início da história do livro juntamente com o início da história da escrita. 
Desde os mais remotos antepassados, o homem deixa suas marcas espalhadas em forma de 
desenhos e símbolos nas paredes de pedra das cavernas. Em algum momento, as marcas e 
desenhos saíram das paredes e das pedras para pranchas de madeira ou de cerâmica, para os rolos 
de tecido ou de couro. A reunião de várias placas ou pranchas, costurando ou colando uma de suas 
margens, substituiu com vantagens os imensos rolos e pesadas pranchas. Era o início do livro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 – China: invenção do papel 
Fonte: miniweb.bom.br/historia (2013) 
Descrição: Imagem com pessoas fazendo a produção de papel na antiguidade. 
Há grupos de artesãos que cuidam de cada etapa, desde a manufatura da ma-
téria-prima até a secagem do papel. 
 
As invenções do papiro e do papel aceleraram esse processo porque barateou muito a confecção 
dos livros. Mas, foi a invenção da imprensa pelo alemão Johan Gutenberg no século XV, que 
determinou o livro tal como o conhecemos hoje. Modos de imprimir rudimentares – usando 
técnicas de gravar como a xilogravura – já eram usados antes, o que Gutenberg inventou foi uma 
máquina de imprimir – uma prensa – que usava tipos móveis. 
 
 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 – Johannes Gutenberg 
Fonte: wikipedia.org/wiki (2013) 
Descrição: imagem de Gutenberg. Homem de longa barba, idade avançada 
com roupas típicas do Renascimento. 
 
Com isso, era possível imprimir vários exemplares de forma muito mais barata e acessível. Um dos 
primeiros livros que Gutenberg imprimiu foi uma bíblia, a chamada Bíblia de 42 linhas da qual fez 
imprimir cerca de 200 exemplares. Especialistas afirmam que, no mundo, restam apenas 49 
exemplares da Bíblia de Gutenberg. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – A Bíblia de Gutenberg 
Fonte: wikipedia.org/wiki (2013) 
Descrição: Imagem da bíblia prensada por Gutenberg. A foto traz um livro antigo com 
algumas linhas em vermelho 
 
Desde a invenção de Gutenberg, o livro é essencialmente igual ao que conhecemos centenas de 
anos depois, isto é, um conjunto de folhas de papel reunidas por meio de uma cola ou de uma 
costura. Permanecer inalterado por tanto tempo é uma prova de que ele reúne as qualidades 
fundamentais para alcançar êxito em sua missão: ser um instrumento de registro de memória e de 
ideias, ser, portanto, um instrumento de transmissão do conhecimento, de geração em geração, 
século após século (ORTEGA & GASSET, 2006). 
 
Apesar do progresso tecnológico que separa a Bíblia de Gutenberg para os atuais meios de 
transmissão de conteúdos – os meios eletrônicos principalmente – para muitos, o livro continua 
sendo um equipamento insubstituível. Afinal, como disse Millôr Fernandes, livro não enguiça. É esse 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
instrumento essencial para o desenvolvimento físico e espiritual da humanidade que temos missão 
de preservar e difundir. 
 
As partes do livro 
 
As figuras abaixo ilustram os vários elementos que compõem um livro. Todos têm alguma razão de 
ser e boa parte deles serve, basicamente, para proteção e preservação do conteúdo, conferindo ao 
objeto, além de maior resistência e proteção, nobreza e valor comercial. Alguns livros possuem 
ainda outros elementos que não aparecem nas figuras a exemplo de capas com orelhas, 
sobrecapas, encartes e outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 – Partes do livro 
Fonte: meuscrap.art.br/blog (2013) 
Descrição: imagem apontando as partes do livro. Há a foto de um livro com setas indicando cada parte que 
constitui o livro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 13 – Partes do livro 
Fonte: meuscrap.art.br/blog (2013) 
Descrição: imagem apontando as partes do livro. Há a foto de um livro com setas indicando cada parte que 
constitui o livro. 
 
3.2 Conservação de Coleções Bibliográficas 
 
Os princípios que vimos na Competência 1 referentes à Conservação Preventiva devem nortear as 
atividades de conservação das coleções bibliográficas. Os cuidados com o lugar de guarda do acervo 
— o acompanhamento cotidiano das condições ambientais de temperatura e umidade relativa, o 
manuseio e o armazenamento adequados, os cuidados de limpeza e segurança, etc. — compõem o 
que pode ser denominado de rotina de conservação. 
 
Essas atividades acontecem no cotidiano das unidades de conservação e a boa observação das 
técnicas, métodos e normas podem concorrer de forma decisiva para a conservação dos acervos. 
Organizamos essa rotina reunindo suas atividades em quatro campos comuns a todas as unidades 
de conservação: a) o lugar de guarda do acervo; b) armazenamento; c) manuseio e traslado; e d) 
usuários. 
 
3.2.1 O Lugar de Guarda 
 
 Manter estáveis os índices de umidade relativa do ar (UR) e de temperatura (T). A umidade 
relativa é uma forma de medir a quantidade de água contida em determinado volume de ar. Os 
termo-higrômetros são equipamentos que fazem a medição da umidade relativa e da temperatura. 
 
Alguns manuais indicam que essa estabilidade deve situar-se em torno dos 50% de UR e 16o C de T, 
mas estudos modernos concluem que, para climas tropicais, esses índices devem ser flexíveis para 
uma melhor convivência dos livros com o clima natural, devendo situar-se em 60% de UR e 24o C. 
Admitindo-se variações de 5% para mais ou para menos. 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 14 – Termo-higrômetro digital 
Fonte: www.azakyi.com.br (2013) 
Descrição: aparelho de medição de temperatura. Na foto, um pequeno apa-
relho de cor branca/cinza, com dois botões de operacionalização 
indicando 25.7 graus Celsus e a umidade relativa do ar em 64. 
 
Os meios de que dispomos para alcançar esses índices são os equipamentos de climatização 
(aparelhos de ar-condicionado) e os desumidificadores. O inconveniente do ar-condicionado é a 
difícil possibilidade de mantê-lo ininterruptamente em funcionamento. Mas é possível, usando-se 
um sistema de revezamento com vários aparelhos, por exemplo. 
 
 Utilizar nas janelas de vidro filtros solares com proteção contra raios ultravioletas (UV) ou 
cortinas. 
 
Colocar telas protetoras nas janelas de modo a impedir, ou minimizar, a entrada de insetos. 
 
 Evitar que instalações hidráulicas ou calhas e descidas d’água da coberta atravessem o 
espaço das salas de guarda. 
 
 Verificar rotineiramente as condições de conservação das instalações elétricas e hidráulicas. 
 
 Utilizar lâmpadas com filmes de proteção anti UV. 
 
 Instalar equipamentos de detecção de calor e incêndio. 
 
 Garantir que as salas de guarda tenham seus acessos fechados ao fim do dia de trabalho. 
 
 Executar limpezas rotineiras nas salas de guarda utilizando aspirador de pó. Quando 
necessário, pode-se usar pano úmido e o piso deve ser secado rapidamente. 
 
 Fazer inspeções rotineiras nas salas de guarda e estantes para detectar a presença de mofo, 
insetos ou animais. 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
3.2.2 Acondicionamento e Armazenamento 
 
 Preferir estante de metal (aço) com pintura eletrostática em cores claras. As estantes devem 
manter uma distância entre si que permita não só a circulação de pessoas, mas também dos 
carrinhos de transporte de livros. As estantes de livros não devem ser colocadas junto a paredes 
externas. Se colocadas junto a paredes internas, devem manter uma distância mínima de 7 cm. 
 
 A prateleira mais baixa da estante não deve estar a menos de 15 cm do piso. As prateleiras 
mais altas devem estar ao alcance da mão. 
 
 Os livros comuns em bom estado devem ser colocados em pé, com lombada voltada para 
fora. Os livros não devem ultrapassar a largura da estante. 
 
 Livros raros e livros em mal estado de conservação devem receber embalagens especiais 
feitas com papel neutro. Papeis neutros ou alcalinos não transmitem acidez para o livro. 
 
 Livros de grandes dimensões podem ser colocados deitados nas prateleiras, observando-se 
não sobrepor mais que dois. 
 
 Não colocar livros demasiadamente apertados nas estantes e, também, não coloca-los 
demasiadamente separados. O uso de bibliocantos é fundamental no equilíbrio dos livros nas 
prateleiras. 
 
 Livros com encadernações especiais (em tecido, couro, metal) podem receber uma 
sobrecapa protetora. 
 
3.2.3 Manuseio e Traslado 
 
 Dispor de espaço e de um carrinho de transporte quando for manipular e transportar os 
livros. 
 
 Nunca pegue o livro da estante pela parte superior (cofia ou cabeça do livro). Pegue-o pelo 
meio da lombada, afastando com a mão os livros ao lado. 
 
 Para limpeza, use aspirador de pó com potência média. Livros muito danificados ou frágeis 
não devem ser limpos com aspirador. 
 
 Usar trinchas e pincéis macios para limpar as folhas internas sempre que for preciso. 
Comece limpando externamente e, em seguida, as primeiras e últimas páginas internas. 
 
 Livros muito sujos e empoeirados devem ser limpos com trinchas e pinceis página a página. 
 
 É importante lembrar-se de usar equipamentos de proteção individual (EPIs) e uma Mesa de 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
Higienização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 – Mesa de higienização 
Fonte: centrocultural.sp.gov.br (2013) 
Descrição: Imagem de uma mesa semelhante a uma estante alta com um 
tampo protetor de vidro para barrar a sujeira do livro durante a limpeza e 
uma cadeira. 
 
Veja, ao final deste texto uma sequência orientadora de como executar a higienização de livros. 
 
 As estantes devem ser limpas com aspirador, iniciando-se pela prateleira superior. 
 
 Para transporte, é aconselhável utilizar caixas, colocando os livros na posição 
horizontal. Procurar não colocar livros numa quantidade maior do que alguém possa carregar. Usar 
o carrinho de transporte sempre que possível. 
 Livros raros devem ser transportados em caixas especiais. 
 Não usar colas e adesivos comuns; não usar clipes e grampos metálicos. Procurar 
produtos de catalogação (etiquetas e adesivos) recomendados para conservação. 
 
 
3.2.4 Usuários 
 
1) Manter pessoal atento à entrada e saída de visitantes e usuários. Contar com equipamentos de 
monitoramento e segurança. 
 
2) Sinalizar de forma clara as normas de consulta e utilização da unidade de informação. Exemplo de 
algumas normas que, se observadas e respeitadas, já significam um grande passo para a 
conservação do acervo: 
 
 Não fumar; 
 Não entrar com alimentos; 
 Não entrar com bolsa ou sacola; 
 Não riscar ou danificar os livros. 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
 3.3 Higienização de Livros 
 
A atividade de higienização é de suma importância na rotina de uma unidade de informação. Muitos 
problemas de deterioração dos livros seriam resolvidos se observássemos e cumpríssemos uma 
frequência de higienização. Abaixo, apresentamos uma sequência que nos ajudará a entender os 
procedimentos e os métodos de higienização de livros. 
 
Lembramos novamente de que devemos estar protegidos com equipamentos de proteção 
individual (EPIs) — máscaras, luvas, aventais — para execução dessa atividade. 
 
 1 O livro deve estar firmemente apoiado em uma 
superfície. Passar suavemente um pincel ou 
trincha nas capas, lombada e miolo sempre no 
sentido oposto ao do operador. 
 
2 Abrir o livro com cuidado e passar o pincel ou 
trincha nas guardas e cortes. Para manutenção, 
se limpa as cincos primeiras e cinco últimas 
folhas, que são as mais propensas a conter 
sujidades. 
 
 3 Para uma primeira limpeza recomenda-se 
higienizar página a página, não se esquecendo de 
limpar bem próximo à costura, onde há maior 
acúmulo de sujidades. 
 
4 Colocar a obra em pé, abrindo-a ao meio e, a 
seguir, bater suavemente na lombada com o cabo 
do pincel (que deverá estar protegido com um 
tecido para amortecer o impacto e não danificar 
a obra). 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
 
 
5 Verificar os resíduos depositados para 
identificar algum tipo de infestação. Quando a 
obra estiver fragilizada, infestada por insetos ou 
fungos, recomenda-se consultar um especialista. 
Quadro 4 - Higienização de livros 
Fonte: Desenhos de Antonio C. Montenegro (2013) 
Descrição: Imagem de mãos manipulando um livro em várias etapas de higienização com um pincel, limpando o 
dorso, lombada e páginas do livro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
4.Competência 04 | Executar um Plano de Conservação e Preservação do 
Acervo 
 
Como vimos na Competência 1, um plano de conservação e preservação, ou melhor, um Plano de 
Conservação Preventiva – PCP é um conjunto de estratégias sistemáticas organizadas no tempo e 
espaço, desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar com o consenso da comunidade, a fim de 
preservar, resguardar e garantir o maior tempo possível de vida aos acervos. Nesta competência 
vamos conhecer as etapas necessárias à elaboração de um PCP. 
 
4.1 Etapas para Elaboração do PCP 
 
Na elaboração de um PCP temos que considerar alguns pressupostos. Pressupostos são fatos 
considerados como antecedentes necessários de outros, ou seja, um pressuposto é uma condição 
para que algo aconteça como nós esperamos ou planejamos. Para o nosso Plano, consideramos 
como necessários os seguintes aspectos antecedentes: 
 
a) O Plano deve ser visto como uma ação global que buscará intervir em todos os aspectos que 
dizem respeito à conservação do acervo; 
 
b) O Plano é composto por ações permanentes e sistemáticas e não devem sofrer processos de 
descontinuidade; 
 
c) Todos os elementos que compõem o Plano são importantes; 
 
d) Para alcançar êxito, o Plano exige o compromisso e o envolvimento de todos que compõem a 
equipe da instituição; 
 
e) Para a formulação e execução do Plano, a equipe deverá ser multidisciplinar, envolvendo 
profissionais especializados em conservação, arquitetos, engenheiros, profissionais de segurança 
física e patrimonial e tantos quantos forem necessários, dadas às características específicas de cada 
acervo ou instituição. 
 
Com esses pressupostos, é possível agora começarmos a conheceras etapas e os elementos de PCP. 
 
4.1.1 Etapa 1 – Dossiê 
 
Entendendo que só se preserva o que se ama e só se ama o que se conhece (COUTO, 2009), a 
primeira etapa que a equipe deve realizar é um levantamento minucioso e completo de tudo o que 
diz respeito ao acervo, isto é, devemos conhecer da forma mais completa possível, as coleções e 
suas condições de guarda e uso. A reunião organizada destas informações em documento é o que 
denominamos dossiê. 
 
Antes de tudo, precisamos conhecer a instituição em que se trabalha também do ponto de vista 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
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legal, seus estatutos, regimento, legislação a que está subordinada, estrutura organizacional, fontes 
de recursos financeiros e todos os aspectos que possam ser facilitadores, ou limitadores, para a 
elaboração e execução do PCP. Com isso, poderemos dar início ao processo de levantamentos e 
pesquisa sobre o acervo propriamente dito e suas condições, começando pelos locais onde é 
guardado. 
 
CONHECER O EDIFÍCIO - O edifício onde se guarda o acervo é sua primeira e principal proteção. Nós 
devemos caracterizá-lo, ou seja, descrevê-lo pormenorizadamente, nos seguintes aspectos (e em 
tantos outros quanto suas características específicas assim o exigirem): 
 
 Localização e entorno - O lugar em que o edifício está localizado pode ser preponderante 
para a sua conservação e para a conservação dos objetos nele guardados. Deve-se observar se o 
edifício está próximo a fontes de agentes causadores de degradação como rios, lagos, mar, 
florestas, em razão da umidade, da temperatura e da salinidade; fábricas e tráfego intenso, em 
razão de trepidações e da poluição; áreas da cidade degradadas econômica e socialmente, em razão 
da segurança. 
 
 Clima local - O clima pode se constituir em vetor agressor dos materiais que constituem o 
acervo. Levantar informações quanto à temperatura e umidade relativa, ventos, precipitação 
pluviométrica média e máxima. 
 
 Estado de conservação do edifício - Sendo o edifício a primeira barreira/defesa do acervo ao 
meio ambiente e às agressões, o seu estado de conservação pode evitar acidentes pela forma como 
os objetos ficam estocados ou expostos. O levantamento do estado de conservação deve identificar 
os pontos vulneráveis do edifício: portas e janelas, coberta, instalações elétricas e hidráulicas, etc. 
 
 Instalações e equipamentos - As instalações elétricas e hidráulicas devem merecer especial 
atenção, pois são instrumentos necessários em momentos emergenciais, mas podem ser a origem 
de problemas quando não recebem manutenção sistemática – como a ocorrência de curtos-
circuitos e vazamentos, por exemplo. 
 
 Equipamentos de climatização e de segurança também devem ser analisados, tanto no que 
diz respeito ao seu estado de conservação e operação, quanto à adequação, quantificação e 
localização. 
 
Devemos nos valer dos meios técnicos disponíveis (planilhas, fichas, plantas e desenhos técnicos, 
fotografias) para investigar e registrar os aspectos e as características do edifício: dimensões, 
materiais construtivos, instalações especiais, fluxo de visitantes e funcionários, percurso dos 
automóveis de serviço, além dos problemas e fragilidades que possam existir. 
 
CONHECER O MOBILIÁRIO E OS EQUIPAMENTOS. Outro aspecto a ser observado é a forma como 
são arquivadas as coleções, pois sabemos que a maneira de guardar os objetos é determinante para 
sua conservação. 
 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Os móveis — estantes, armários, mapotecas — destinados à guarda de acervo devem ser 
minuciosamente quantificados, descritos e qualificados no nosso dossiê. 
 
 Os equipamentos de monitoramento e controle ambiental — desumidificador, termo-
higrômetro — devem ser levantados e descritos. O ideal é que se construa um mapa indicando 
localização, tipo, quantidade, condição de funcionamento dos equipamentos para cada sala de 
guarda de acervo. 
 
CONHECER O ACERVO. Caracterizar o acervo é outro ponto fundamental para a formulação do PCP. 
Um aspecto básico neste caso é o tratamento técnico. Chamamos tratamento técnico ao sistema de 
registro do acervo que a instituição possui. Pode ser desde um simples livro de tombo a um 
sofisticado banco de dados informatizado de consulta remota. O importante é que a instituição 
possa saber quantos, quais são e onde estão os objetos que compõem suas coleções, conhecer seu 
histórico, como elas foram iniciadas, de que forma vieram para a biblioteca, os proprietários 
anteriores, dentre outras informações. 
 
O conhecimento do histórico pode contribuir para a identificação de um aspecto importante que é a 
atribuição de valor ao acervo. É muito comum encontrarmos em bibliotecas coleções de obras 
raras que devem ser tratadas como casos especiais no conjunto do acervo. É importante observar 
que, quando nos referimos a valor, não o estamos fazendo do restrito ponto de vista monetário, 
mas, sobretudo, de valores simbólicos que não são facilmente traduzidos por dinheiro. 
 
Materiais que constituem o acervo. Outra caracterização necessária diz respeito aos materiais 
constitutivos do acervo. No caso das bibliotecas, esse material será, em sua grande maioria, o 
papel. Mas as bibliotecas possuem outros acervos especiais como discos de som e imagem, 
fotografias, objetos de naturezas diversas em plástico, couro, madeira e outros. Cada tipo de objeto 
deve ser descrito em seus aspectos físicos o mais detalhadamente possível. Também na 
caracterização desses aspectos físicos, o registro do estado de conservação do acervo é de 
fundamental importância. 
 
CONHECER AS EQUIPES DE TRABALHO. Para a formulação do PCP é essencial sabermos com quem 
vamos contar. Quais as categorias e competências existentes nas equipes que poderão contribuir na 
elaboração do plano. Uma biblioteca, geralmente, conta com diversas categorias de carreiras, 
reunindo profissionais de diversas naturezas e que poderíamos agrupar, apenas para efeito de 
classificação, em três grupos: 
 
 Pessoal de apoio e da logística, isto é, as pessoas que cuidam da limpeza, da segurança e do 
transporte ou traslado de equipamentos e materiais; 
 
 Pessoal técnico, que são os bibliotecários e conservadores que trabalham de maneira direta 
com o acervo e com o público; 
 
 Pessoal administrativo, ou seja, as pessoas que tratam dos aspectos burocráticos e 
organizacionais da biblioteca. 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nosso entendimento é de que o fator humano — a qualificação e o envolvimento da equipe com a 
instituição e com sua missão — é determinante para o sucesso de qualquer iniciativa e mais ainda 
quando diz respeito à conservação preventiva. Podemos afirmar que todas as pessoas que 
trabalham na instituição têm igual importância para o êxito do PCP. 
 
Também é necessário caracterizar o público usuário. Registrar a quantidade de pessoas que 
frequentam a instituição, a média diária, dia e horário de maior fluxo, origem, escolaridade, 
interesse dos usuários, etc. Um terceiro tipo de frequentador que deve ser observado são os 
prestadores de serviço. Essas pessoas normalmente não serão atendidas pelas equipes de 
funcionários da biblioteca, podendo ser ou não funcionários públicos de outras instituições, de 
instituições de apoio ou de empresas privadas contratadas para realizar alguma tarefa. 
 
Em resumo, o produto da Etapa 1 é um extenso dossiê que contém todas as informações 
necessárias à elaboração da etapa seguinte, o diagnóstico. O dossiê deve se valer de todos os meios 
de registro e comunicação dos seus conteúdos: textos, planilhas, desenhos, fotografias, vídeos. O 
quadro abaixo nos dá uma síntese dessas informações: 
Quadro 
 
Figura 5 – Síntese do Dossiê 
Fonte: autora (2013) 
 
4.1.2 Etapa 2 – Diagnóstico 
 
O dossiê deve ser o mais possível detalhado, permitindo aos gestores e técnicos formar uma ideia 
ITEM CONTEÚDO 
O EDIFÍCIO 
Deve conter todas as informações sobre o edifício; qualidades e problemas;descrição dos materiais de construção e acabamento; janelas, portas e demais 
aberturas; instalações comuns e especiais; iluminação; sistema de segurança. 
Informações sobre aspectos climáticos e do entorno do edifício e das salas de 
guarda, particularmente. 
Informações sobre mobiliário e equipamentos existentes. 
O ACERVO 
Caracterizar o acervo em seus diversos aspectos: o histórico (origem, forma de 
aquisição); o físico, indicando os materiais que constituem os objetos e seu estado 
de conservação; conhecer a documentação do acervo. 
Informações sobre a importância e o valor dos exemplares. 
O FATOR HUMANO 
Caracterizar a equipe da instituição, quantificando seus componentes, indicando as 
funções que cada um exerce, indicando o grau de instrução e capacitação. 
A equipe da biblioteca como um todo deve ser vista como o principal fator de 
proteção do acervo. 
Caracterizar o público usuário e os prestadores de serviço que usam e frequentam a 
instituição. 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
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exata das condições de guarda e conservação do acervo, das fragilidades e dos problemas que 
podem vir a acontecer. Ou seja, permitindo formular um diagnóstico. Nesta etapa, a equipe deve 
analisar cada um dos elementos levantados, buscando identificar em cada um os problemas e os 
riscos que representam para o acervo e, por outro lado, suas potencialidades e possíveis soluções 
ou diminuição destes fatores de riscos. 
 
Cada instituição, obviamente, identificará riscos inerentes às suas características, mas, de uma 
maneira geral, podem relacionar e comentar as ocorrências mais comuns em cada um dos aspectos 
estudados: 
 
 Diagnóstico do Edifício 
 
Já dissemos anteriormente que o edifício é o primeiro e o principal elemento de proteção ao 
acervo. Fatores decorrentes de uma má construção — ou de uma reforma mal feita, quando se 
trata de edifícios reaproveitados — ou de uma manutenção ineficiente podem acarretar problemas 
que fazem com que o próprio edifício se torne um fator de agressão ao acervo. 
Aspectos construtivos, como a coberta, as fundações, alvenarias, portas e janelas devem ser 
criteriosamente observados e analisados e os problemas encontrados devem ser objeto de estudos 
que resultem em propostas de solução. 
 
Aspectos de localização dos diversos setores no edifício também devem ser analisados, buscando 
encontrar o melhor lugar para cada atividade, com especial ênfase para as áreas de guarda das 
coleções, quando se tem em mente a conservação preventiva dos acervos. Uma sala de guarda 
pode ou não estar voltada para o mar ou localizada no lado poente do edifício, por exemplo, e esses 
fatores acarretarão, em maior ou menor grau, níveis de agressão difíceis de serem controlados. 
 
As instalações e os equipamentos devem ser também estudados com base nos levantamentos 
feitos durante a fase do dossiê, de modo a identificar carências, impropriedades e necessidades. 
 
 Diagnóstico do Acervo 
 
Observar a organização do acervo nas salas de guarda, o mobiliário e a forma como e onde estão 
acondicionados, analisando se proporcionam a visualização de todos os conjuntos de maneira fácil, 
com circulação suficiente para permitir a passagem dos objetos de maiores dimensões. Ainda com 
respeito à organização, observar os critérios de agrupamento de modo a que objetos de categorias 
semelhantes possam permanecer próximos. 
 
Quanto à localização do mobiliário, estudar se as estantes, armários e outros tipos estão 
distribuídos corretamente, se estão próximos a janelas ou aparelhos de ar-condicionado, que 
podem se tornar fontes de calor e de umidade e de risco de acidentes. 
 
Analisar se o mobiliário disponível é suficiente e adequado a cada tipologia e quantidade do acervo 
e se os objetos estão colocados de maneira correta, proporcionado um arquivamento estável e 
seguro. Um exemplo clássico de riscos provenientes desse tipo de problema é a colocação de uma 
quantidade de livros acima do que comporta uma prateleira, forçando a um manuseio incorreto 
durante o qual, fatalmente, danos ocorrerão. 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Diagnóstico do Fator Humano 
 
Aspectos como a movimentação e fluxo de pessoas — funcionários, visitantes e usuário, 
prestadores de serviço — também são importantes de serem analisados. Observar se os usuários e 
visitantes têm ou não acesso às áreas de guarda do acervo. Como é feito o acesso às obras para 
consulta, se há controle de fluxo, se os equipamentos estão adequadamente colocados. Quantos 
aos funcionários, analisar se são em número suficiente, se as atividades técnicas são realizadas por 
pessoal qualificado e treinado, se as diversas áreas de conhecimento — no campo técnico, 
administrativo e de apoio — estão atendidas de forma equilibrada e eficiente. 
 
Como resultado, a Fase 2 – diagnóstico – deve produzir um relatório que, juntamente com o dossiê 
da Fase 1, apresentará de maneira clara uma análise dos riscos que envolvem o acervo nas questões 
referentes às próprias coleções, ao edifício e salas de guarda e consulta e às pessoas que interagem 
com os objetos que compõem o acervo. Ao mesmo tempo, o diagnóstico deve apontar alternativas 
de solução e de anulação dos fatores de risco encontrados, quando isso for possível, e de 
diminuição e controle nos casos em que a solução não exista ou não seja possível num curto prazo. 
 
4.1.3 Etapa 3 – Execução 
 
a) Ações Preparatórias 
 
Concluída a etapa do diagnóstico, entendemos que possuímos todas as informações necessárias 
para o conhecimento dos fatores que cercam o problema da conservação do acervo: a 
caracterização e a análise dos aspectos que o constitui fisicamente; de que forma o uso e a 
presença humana o influencia; de que maneira as fragilidades, problemas e riscos podem ser 
resolvidos ou equacionados. 
 
Nesta etapa são definidas as intervenções e prioridades relacionadas a duas áreas anteriormente 
estudadas: o edifício, suas instalações, equipamentos e mobiliário e o fator humano, as equipes de 
funcionários e os usuários. 
 
b) Ações preparatórias para o EDIFÍCIO 
 
 Elaborar e executar os projetos de reparos, reformas físicas e de instalações, adequando-os 
aos objetivos do Plano; 
 Adquirir e instalar equipamentos e mobiliário; 
 Elaborar, registrar e executar uma rotina de manutenção dos elementos do edifício — 
coberta, esquadrias, revestimentos, pisos, instalações hidrossanitárias, instalações de climatização e 
segurança — indicando frequência e periodicidade. 
 
c) Ações preparatórias para o FATOR HUMANO 
 
Da análise dos dados referentes ao fluxo de pessoas na biblioteca, resultará uma série de normas e 
procedimentos que visam à preservação do acervo e à proteção das pessoas. 
 Normas de segurança que previnam a instituição contra negligências e crimes de vandalismo 
e roubo. Alguns exemplos: controle de acesso de pessoas à instituição, particularmente às áreas de 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
guarda; vistorias periódicas aos acessos e seus bloqueios (portas, portões, janelas). 
 
 Normas preventivas contra acidentes envolvendo equipamentos e instalações elétricas e 
hidráulicas; normas preventivas contra acidentes naturais, como enchentes e tempestades. Entre 
estas, podemos elencar: a manutenção periódica dos elementos construtivos de defesa do edifício, 
o treinamento constante de equipes, a definição de objetos a ser resgatada, a definição de rotas de 
fuga, dentre outros. 
 
 Normas e procedimentos a serem adotados em casos de emergência, a exemplo da 
indicação de telefones a serem contatados, como os dos bombeiros e da polícia ou dos 
responsáveis pela instituição. 
 
As normas têm que ser periodicamente atualizadas e testadas de modo a termos certeza de sua 
eficácia e efetividade. Deve-se, ainda, realizar treinamentos regulares com equipes que trabalham 
direta ou indiretamente com o acervo, pois a rápida ação num momento emergencial pode 
determinar um grau menor ou maior dodano que o acervo venha a sofrer. 
 
A amplitude do tema indica que a criação de normas para cada instituição deve ser antecedida de 
todos os estudos – o que deixamos claro neste texto – e que a equipe deve contar com pessoas 
especializadas. Neste núcleo contemplamos apenas breves orientações. 
 
Ainda sobre os fatores humanos no contexto de um PCP, queremos repetir que o sucesso, ou 
fracasso do plano, depende muito do envolvimento das equipes com a sua elaboração, implantação 
e acompanhamento. Assim, nunca devemos nos esquecer da necessidade de treinamento e 
capacitação dos funcionários — não só daqueles diretamente envolvidos com o acervo -— para que 
suas ações sejam pautadas pelos conceitos e princípios da conservação preventiva. 
 
Cada um dos itens aqui vistos pode e deve gerar uma série de iniciativas, ações e projetos 
específicos que, embora tratados de forma individual, devem se harmonizar no seu conjunto desde 
a elaboração até a execução ou instalação. Em outras palavras, os projetos de reforma 
arquitetônica devem considerar, entre inúmeros aspectos, as necessidades de controle de público; 
os projetos de climatização devem tratar não apenas do conforto das pessoas, mas levar em 
consideração os parâmetros de conservação; os projetos de iluminação não devem se deter apenas 
aos aspectos estéticos ou funcionais; as normas devem se adequar aos fatores limitadores que 
muitas vezes o edifício impõe e assim por diante. 
 
4.2 Programas de um Plano de Conservação Preventiva 
 
Cumpridas as etapas preparatórias à execução do PCP, passamos a formular o conjunto de 
programas que buscam enfrentar os problemas diagnosticados e analisados nas etapas anteriores 
em cada um dos aspectos que dizem respeito à conservação e uso dos acervos. Tais programas 
devem se tornar rotina e serem incorporados aos procedimentos técnicos da instituição. No quadro 
abaixo, damos exemplos de alguns dos programas comuns em um PCP, sempre lembrando que o 
que vai determinar as definições técnicas de cada um são as características de cada instituição – 
exatamente os aspectos estudados nas etapas anteriores. 
 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
 
PROGRAMA DE 
PROCESSAMENTO 
TÉCNICO E 
ORGANIZAÇÃO 
DO ACERVO 
Denominamos processamento técnico as atividades de classificação, formação e 
desenvolvimento de coleções, recuperação de informações; de atendimento ao usuário e 
de difusão de acervos bibliográficos. Um programa de organização física que indique as 
necessidades de mobiliário, de equipamentos e outros itens deve estar associado ao 
tratamento técnico. 
PROGRAMA DE 
CAPACITAÇÃO DE 
PESSOAL 
Novas tecnologias resultam em novos desafios para os gestores dos acervos. Por outro 
lado, novas pesquisas indicam soluções para problemas de conservação. Dessa forma, as 
equipes devem ter sua capacidade técnica constantemente atualizada. 
PROGRAMA DE 
PREVENÇÃO E 
SEGURANÇA 
Os fatores de riscos relacionados a roubo, vandalismo, enchentes e incêndio devem ser 
objeto de ações rotineiras, como a criação de uma brigada contra incêndio. Especialistas 
devem ser convidados ou contratados para prestarem consultoria ou formularem 
projetos nessa área. 
PROGRAMA DE 
EMERGÊNCIAS 
Os danos relacionados a enchentes, incêndios podem ter seus efeitos diminuídos 
significativamente se a instituição contar com equipamento adequado e pessoal treinado 
para enfrentá-los. Na Competência 2 – vimos como agir em situações de emergência. 
PROGRAMA DE 
CONTROLE 
AMBIENTAL 
Como vimos, variações bruscas da umidade do ar e da temperatura, associadas a outros 
fatores, se constituem numa das causas da degradação dos acervos. Assim, é 
imprescindível elaborar um programa de monitoramento e controle das condições 
climáticas das salas de guarda, indicando a necessidade de equipamentos como data-
loggers, desumidificadores, esterilizadores e outros. 
Métodos e técnicas para o monitoramento e o controle da qualidade do ambiente de 
guarda do acervo foram tratados na Competência 3. 
PROGRAMA DE 
CONTROLE DE 
PRAGAS 
Controlar infestações por pragas exige um programa de monitoramento permanente. 
Para tanto, é necessário contar com profissionais ou empresas especializadas. O 
monitoramento e acompanhamento diários são a base para o efetivo controle de pragas. 
PROGRAMA DE 
CONSERVAÇÃO E 
RESTAURO 
As ações de conservação devem se tornar rotina na unidade de informação. A 
higienização e o acondicionamento de livros e outros tipos de acervo são determinantes 
para um maior tempo de vida útil. 
A restauração deve ser uma atividade excepcional, isto é, idealmente, do ponto de vista 
da conservação preventiva, não deveria haver a necessidade de restaurar. 
Quadro 6 – Programas de um Plano de Conservação Preventiva 
Fonte: autora (2013) 
 
4.3 Avaliação, Revisão e Continuidade 
 
Todas as etapas elencadas devem ser minuciosamente registradas em planilhas próprias. Estes 
registros servirão como base de comparação para as análises dos monitoramentos programados no 
próprio PCP. Poderemos estabelecer bases comparativas, por exemplo, para umidade relativa e 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
temperatura nas salas de guarda, fatores determinantes na classificação desses espaços; 
estabelecer parâmetros para o surgimento de pragas e insetos e para a ocorrência de roubo ou 
vandalismo e compará-los continuamente de modo a estabelecer alterações na execução do Plano. 
 
O diagrama a seguir sintetiza o que vimos ao longo deste texto, enfatizando o caráter de 
continuidade que deve permear a execução de um PCP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16 – Diagrama/Síntese das etapas do PCP 
Fonte: autora 
Descrição: etapas de um PCP. A primeira trata do dossiê que trata das informações técnicas do edifício, 
clima, acervo e quando de pessoal. A segunda etapa é o diagnóstico que trata dos problemas do prédio 
que possam interferir na preservação do acervo. A terceira etapa é a de execução, que trata produção 
de projetos para melhorias dos pontos estudados nas etapas anteriores. 
 
Um PCP defende o princípio de que devemos nos antecipar aos problemas e atacar suas origens e 
não remediar seus efeitos. Entende que a conservação preventiva é mais econômica e viável que as 
atividades de conservação e restauração, embora reconheça que estas sejam necessárias. 
Concorda, em última análise, com a ideia exemplarmente resumida no dito popular: melhor 
prevenir que remediar. 
 
Finalmente, queremos lembrar que um PCP deve ser formulado por toda a equipe direta ou 
indiretamente envolvida com o acervo, pois todo conhecimento é importante para sua concepção e 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
execução e o comprometimento de todos é determinante para o sucesso. Assim, um Plano de 
Conservação Preventiva deve estar incorporado à rotina da biblioteca ou de qualquer instituição 
que detenha acervos de valor histórico e cultural e ser parte integrante de suas atividades de gestão 
e planejamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
5.Competência 05 | Compreender a Importância do Tratamento das 
Coleções de Obras Raras e Especiais sob a Custódia de Instituições 
Públicas e Privadas – Coleções de Fotografia 
 
É comum encontrar em bibliotecas, coleções especiais, de obras raras, de cartões postais, de 
gravuras, de mapas, de jornais e revistas e outras. Dentre elas, umas das mais comuns são as 
coleções de fotografia. Por isso, trataremos nesta competência, da conservação de coleções de 
fotografia. 
 
A preservação de coleções de fotografia é uma atividade importante na administração geral de 
qualquer instituição memorial. Mais sensíveis que a maior parte dos documentos, as fotografias 
têm uma química complexa que deve ser levada em consideração, caso se pretenda preservá-las 
para o futuro (MUSTARDO; KENNEDY, 2004). 
 
5.1 Breve História da Fotografia 
 
Desde

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