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A Cosmetologia nas Estéticas Facial e Corporal W B A 0 5 6 2 _ V 1. 2 2/219 A Cosmetologia nas Estéticas Facial e Corporal Autoria: Ana Carla Comune de Oliveira Como citar este documento: OLIVEIRA, A. C. C. A cosmetologia nas estéticas facial e corporal. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética 05 Unidade 2: Permeação e absorção cutânea 32 Unidade 3: Veículos utilizados para os tratamentos estéticos com recursos terapêuticos manuais e com o uso da eletroterapia. 58 Unidade 4: Fitoterápicos 85 Unidade 5: Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos 112 Unidade 6: Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéti- cas corporais e faciais. Mecanismo de ação. 138 2/219 Unidade 7: Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmen- tantes de Última Geração e Protetor Solar 164 Unidade 8: Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos 193 3/219 Apresentação da Disciplina Prezado aluno, Seja bem-vindo à disciplina de Cosmetolo- gia na Estética Facial e Corporal, de extrema importância para que você, aluno, com- preenda os aspectos químicos e biológicos da ação dos produtos cosméticos. Nesta disciplina, você compreenderá o que são cosméticos, formas de atuação na pele, novas tendências e tecnologias de mercado, bem como aprenderá a aplicar e a fazer uso corretamente desses produtos; conhecerá também um pouco mais sobre a história da cosmetologia, a legislação cosmética, os aspectos da penetração de ativos cosméti- cos na pele, as formas de veiculação dess- es ativos no tecido cutâneo – por meio dos nanossistemas, lipossomas, nanoesferas, nanopartículas, nanoemulsões –, con- hecerá os ativos cosméticos utilizados nas diferentes disfunções estéticas e seus me- canismos de ação, aprenderá conceitos atu- ais, como: cosmecêuticos, nutricosméticos, nutracêuticos, e também abordagem tox- icológica dos produtos cosméticos. Final- izaremos a disciplina com um tema muito importante, os fotoprotetores e, com isso, você terá sucesso em sua carreira. O profissional em cosmetologia e estética desenvolve suas atividades em centros e clínicas de estética, SPAS e salões de bele- za. Atua na aplicação de tratamentos es- téticos corporais, faciais, capilares e dos anexos cutâneos (pelos e unhas), bem como na busca permanente de tendências, técni- cas e tecnologias de estética e beleza. Tem a competência necessária para o planeja- 4/219 mento e a gestão de serviços na área, com conhecimentos administrativos e gerenci- ais, visão de marketing e qualidade. O mercado de trabalho está em plena as- censão, a variedade de produtos destinados a estética e cosmética cresce consideravel- mente a cada dia. A busca incessante pela beleza deixou de ser exclusividade do uni- verso feminino, ganhando atualmente um vasto espaço para cosméticos destinados ao público masculino, aumentando con- sideravelmente o campo de atuação dos profissionais de cosmetologia e estética; com isso, tornam-se importantes a quali- ficação e capacitação para acompanhar o desenvolvimento desse segmento do mer- cado. 5/219 Unidade 1 Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética Objetivos 1. Conhecer o histórico e a importância da cosmetologia. 2. Compreender o que são formas cos- méticas. 3. Identificar os principais componentes das formulações cosméticas. 4. Entender e compreender a legislação cosmética. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética6/219 1. Introdução Cosmetologia é o estudo de produtos cos- méticos para diferentes funções, como hi- gienizar, conservar/proteger, reparar/corri- gir e maquilar/enfeitar. Acompanha todas as etapas, desde o desenvolvimento do cos- mético até a chegada às mãos do consumi- dor. Diferentes estudiosos deram sua con- tribuição para a definição do termo “cos- metologia”, conforme apresentado a seguir. Ciência que trata da preparação, estocagem e aplicação de produtos cosméticos, como também de regras que regem essas ativida- des – sejam elas de natureza física, química, biológica ou microbiológica (JELLINEK apud REBELLO, 2004, s.p.). Foram encontrados relatos de uso de pro- dutos para embelezamento muito antes do nascimento de Cristo. O primeiro registro considerável data de 4500 a.C., quando os chineses descobriram o poder das plantas. Os egípcios também exploraram as pro- priedades químicas dos vegetais; no século I a.C., Cleópatra destacava-se com suas ma- quiagens e seus banhos com leite de cabra, que deram origem às pesquisas cosméticas. Máscaras faciais noturnas, feitas de farinha e favas de miolo de pão diluídas em leite de jumenta, foram difundidas por Pompeia e eram as favoritas do Imperador Nero na Roma Antiga Imperial. No século II d.C., Galeno, médico grego, in- ventou o primeiro creme facial do mundo, feito à base de cera de abelha, azeite de oli- va e água. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética7/219 A indústria cosmética teve início no século XX. O primeiro salão de beleza do mundo foi inaugurado em 1910, em Londres, por He- lena Rubinstein. Onze anos depois, o batom passou a ser comercializado na forma de bastão. Muitas novidades chegaram ao Brasil na década de 1950, incluindo produtos mas- culinos, por meio de empresas como L’Ore- al (francesa) e Avon (norte-americana). Os protetores solares, os tratamentos a laser e os ácidos retinoicos e glicólicos chegaram ao Brasil entre as décadas de 1970 e 1980. Nos anos 1990, surgiram os cosméticos multifuncionais. No século XXI, as novidades são os neuro- cosméticos, os fonocosméticos e o uso de células-tronco de origem vegetal como ati- vos cosméticos. A cosmetologia torna-se uma ciência mul- tidisciplinar, visto que, cada vez mais, as- socia-se a outras áreas de conhecimento, como aromaterapia, aromacologia, biotec- nologia, nanotecnologia e fitoterapia. 2. Formas Cosméticas A forma de um cosmético é escolhida de acordo com sua utilização, visando à prati- cidade, à higiene e aos custos de fabricação (considerando matérias-primas e embala- gens). As formas cosméticas mais utilizadas são: sólida, stick, semissólida, líquida, gaso- sa, gel, sérum e emulsão. • Sólida: cosmético no estado sólido, como pó (talcos, máscaras argilosas, maquiagens) e cristais de banho. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética8/219 • Stick: cosméticos em bastão, como desodorantes, batons e lapiseiras de maquiagens. • Semissólida: máscaras muito consis- tentes e pomadas capilares, que con- têm elevados teores de cera e óleo. • Líquida: mistura de substâncias quí- micas, transparente ou opaca, incolor ou colorida. Os veículos utilizados po- dem ser: água, álcool, propilenoglicol e óleo. São loções aquosas (exemplos: loção tônica sem óleo), loções hidroal- coólicas (exemplos: loção de limpeza com álcool) e líquidos oleosos (exem- plo: óleo de banho). • Gasosa: cosmético em aerossol con- siste na dispersão de um líquido e/ou sólido em um gás (propelente). A pro- pulsão é feita pela embalagem (enva- se sob pressão) e por gás propelente. • Gel: forma cosmética viscosa, mucila- ginosa, que, ao secar, deixa uma pelí- cula invisível sobre a pele. Os géis são isentos de substâncias graxas. • Sérum: cosmético com textura leve e concentração de princípios ativos – geralmente maior que nos cosméticos habituais. Tem grande teor de água e uma ínfima quantidade de óleo, faci- litando a entrada do produto na pele e melhorando sua distribuição. Apre- senta, ainda, efeito sinérgico com ou- tros cosméticos de tratamento. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética9/219 • Emulsão: produto que apresenta uma fase aquosa e uma fase oleosa mistu- radas sob a açãode um emulsionante. Pode estar classificado de acordo com sua viscosidade e quanto aos teores de água e óleo contidos. 2.1 Classificação das emulsões quanto à viscosidade • Creme: emulsão consistente – viscosi- dade média. • Loção: emulsão menos consistente que o creme – viscosidade baixa. • Leite: emulsão fluida – viscosidade abaixo da loção. • Espuma (musse): emulsão bifásica, em que a fase interna é o ar (ou outro gás) e a fase externa é um líquido ou um sólido. 2.2 Classificação das emulsões quanto ao teor de água A/O – emulsão água em óleo. Apresenta menor teor de água e maior teor de óleo, resultando em sensorial oleoso e secagem demorada. É a forma indicada para produ- tos de massagem, removedores de maquia- gem e cosméticos de forma oclusiva. O/A – emulsão óleo em água. Apresenta menor teor de óleo e maior teor de água, re- sultando em secagem rápida e toque seco e suave. É indicada para cosméticos faciais, produtos para mãos e pés (geralmente com ação desodorante). Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética10/219 A/O/A e O/A/O – emulsões múltiplas (conhe- cidas como “emulsões das emulsões”). As gotículas de uma das fases contêm, em seu interior, gotículas menores da outra fase. Ou seja, no sistema A/O/A, a fase interna, que é oleosa, tem gotículas de água em seu interior, já no sistema O/A/O, a fase interna, que é aquosa, tem gotículas de óleo. 3. Fórmulas Cosméticas 3.1 Formulação de um produto cosmético Em uma formulação ou composição cosmé- tica, são encontradas substâncias ou gru- Para saber mais Emulsão é uma dispersão constituída de dois lí- quidos, no mínimo, não miscíveis entre si. Um dos líquidos é dispersado dentro do outro, sob forma de gotas: é a fase dispersada, descontínua ou in- terna. A outra fase é a dispersante, contínua ou externa. Exemplos de emulsões naturais: leite; fil- me hidrolipídico de superfície. Link No link a seguir, você encontrará um artigo que fala sobre as questões da vaidade, da autoesti- ma e do consumo de produtos e procedimen- tos estéticos. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/rausp/v50n1/0080-2107- rausp-50-01-0073.pdf>. Acesso em: 7 set. 2017. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética11/219 pos de substâncias que vão compor as se- guintes categorias: • Veículo ou excipiente. • Ativos ou princípios ativos. • Conservantes. • Corretivos. • Corantes. • Pigmentos. • Perfumes ou óleos essenciais. Veículo ou excipiente: geralmente consti- tui a maior parte da formulação, portanto é o que determinará a forma física do cosmé- tico. Por exemplo, no pó compacto, o veícu- lo é constituído por talco e calium; na loção pós-barba, por uma solução hidroalcoólica. A natureza física e química do veículo influi na estabilidade dos princípios ativos, na for- ma de liberação, na facilidade de aplicação do cosmético, na duração da ação etc. Ativos ou princípios ativos: substâncias químicas (sintéticas ou naturais) responsá- veis pelo efeito que se deseja obter. Exem- plos: Cloridróxido de alumínio – substância sinté- tica usada como adstringente (antiperspi- rante) em desodorantes. Colágeno – bioativo de origem animal utili- zado como hidratante. Flavonóis – bioativos de origem vegetal cuja função é aumentar a resistência dos vasos sanguíneos; são antirradicais livres. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética12/219 Conservantes: substâncias que protegem o produto cosmético tanto de contaminações microbianas como de oxidações indesejá- veis, assegurando, dessa forma, seu prazo de validade e segurança de uso. Corretivos: substâncias que vão corrigir a fórmula conforme o efeito desejado. São os espessantes, emulsificantes, sequestrantes e neutralizadores de pH. Corantes e pigmentos: de origem animal ou sintética, destinam-se a produzir sensa- ções visuais ao indivíduo. Perfumes ou óleos essenciais: compostos por várias substâncias aromáticas que con- ferem ao produto individualidade. 3.2 Principais formulações cos- méticas 3.2.1 Sabonetes Produtos utilizados com a finalidade de hi- gienizar a pele, remover as sujidades. Deve- -se dar preferência aos sabonetes líquidos ou cremosos, pois são menos alcalinos, res- secando menos a pele. Muitas pessoas ainda acreditam que devem lavar a pele várias vezes ao dia com sabo- nete. O que não sabem é que essa prática é prejudicial, uma vez que os sabonetes, além de ressecarem a pele, retiram a camada de proteção, deixando a pele vulnerável às agressões do meio. O ideal é usar sabone- Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética13/219 tes, no máximo, duas vezes ao dia nas peles mistas e oleosas. Para as peles muito alípi- cas, existem leites e emulsões de limpeza com ação menos agressiva. Não se deve esquecer de que os tensoati- vos (detergentes) contidos nos sabonetes e xampus devem ser removidos completa- mente da pele e dos cabelos. 3.2.2 Demaquilantes Produtos destinados a remover a maquia- gem da pele. Devem ser utilizados antes da higienização com sabonete, para fazer a remoção dos pigmentos e resíduos da ma- quiagem, que obstruem os poros. Todo demaquilante tem algum tipo de óleo em sua formulação, para facilitar o arraste de pigmentos. 3.2.3 Loções tônicas Equilibram o pH da pele, devolvendo-lhe a normalidade que foi retirada com a utiliza- ção do higienizante. Podem ter ação ads- tringente, calmante, hidratante ou revigo- rante. Os ativos com ação adstringente mais utili- zados são: • Ácidos orgânicos de baixo peso mole- cular (ácido cítrico e ácido lático). • Álcoois (etanol). • Extratos vegetais ricos em taninos (hamamélis). • Sulfato de zinco. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética14/219 Alguns exemplos de ativos utilizados em tônicos com função específica são: • Alantoína (ação reepitelizante). • Alfabisabolol (ação anti-inflamató- ria). • Calêndula (ação calmante). • Pantenol (ação emoliente). • Tília (ação calmante). 3.2.4 Esfoliantes Produtos que têm a finalidade de afinar a capa córnea da epiderme, removendo as células mortas. Apresentam-se na forma de cremes, géis, sabonetes. Um esfoliante pode ter ação química na pele; são os chamados queratolíticos, subs- tâncias que reagem quimicamente, desfa- zendo a camada superficial de queratina na pele. Pode também ter efeito físico ou mecânico. Nesse caso, apresentam, em sua formula- ção, grânulos, que podem ser microesferas de polietileno, caroços de frutas triturados ou qualquer outra substância capaz de ge- rar atrito na pele e remover células mortas por ação mecânica. Cuidado especial deve ser tomado com es- foliantes à base de cristais, como sal e açú- car refinados, pois podem provocar micro- arranhaduras e microfissuras na pele. O uso diário de esfoliantes é contraindi- cado para a maioria dos tipos de pele, pois Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética15/219 pode levar à remoção exagerada da cama- da de proteção, deixando o órgão exposto a agressões ambientais. 3.2.5 Emulsões Formulações que contêm óleo, água e um agente emulsionante. Podem variar quan- to a sua viscosidade (cremes, loções, loções cremosas, leite, musses) e quanto ao teor de água e óleo. Gel-creme é uma emulsão O/A com aspecto mais leve, quando comparado ao creme. 3.2.6 Géis Formulações feitas à base de água, sem ne- nhum tipo de óleo. São indicados para peles muito oleosas e acneicas. 3.2.7 Máscaras Utilizadas para finalização de protocolos estéticos. Podem ter ação calmante, hidra- tante, nutritiva, secativa ou tensora da pele. As máscaras podem ser apresentadas nas formas de gel, creme e pó. Esta última deve ser misturada a loções ou soro fisiológico, por isso, algumas são vendidas com o di- luente específico. A finalidade damáscara é aumentar a pene- tração (ou permeação) dos ativos aplicados anteriormente na pele, além de promover a entrada de seus próprios ativos pelo tempo de contato. A maioria das máscaras deve permanecer na pele por cerca de 20 minu- tos, em média, para que tenha sua ação as- segurada. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética16/219 As máscaras chamadas hidroplásticas cos- tumam ter alginato em sua formulação, o que lhes permite secar na forma de uma pe- lícula plástica que promove a oclusão dos ativos colocados na pele. Se a aplicação da máscara for feita sobre uma gaze, sua re- moção se torna mais fácil. Máscaras de gesso ou porcelana devem ser aplicadas sobre algodão e gaze e também têm a função de ocluir os ativos colocados na pele, aumentando sua penetração. Algumas máscaras tensoras formam uma fina película, como uma segunda pele. Por demorarem um pouco mais para secar, tam- bém é possível coloca-las sobre uma gaze fina, que, além de facilitar a secagem, ajuda na remoção da máscara. Quando em forma de gel ou creme, as más- caras podem ser removidas com espátula. Na sequência, deve-se retirar os resíduos com algodão e gaze embebidos em água ou loção. Para saber mais A fabricação de produtos cosméticos envolve uma sucessão de operações que vão desde a pesagem das matérias-primas até sua mistura em equipa- mentos apropriados. Todo processo de fabricação segue um conjunto de ações abrangentes descri- tas no Manual de GMP (Good Manufacturng Prac- ticies, isto é, Boas Práticas de Fabricação). Essas normas e procedimentos tratam também de hi- giene do trabalho, limpeza e sanitização de equi- pamentos de fabricação e envase. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética17/219 4. Legislação Cosmética 4.1 Classificação dos produtos cosméticos Os produtos cosméticos podem ser classifi- cados de diferentes formas: • Classe de produtos. • Função. • Risco sanitário. • Forma de apresentação dos cosméti- cos. 4.1.1 Classe de produtos Os produtos são divididos em quatro gru- pos, segundo suas finalidades gerais: per- fume, produto de higiene, produto de uso infantil e cosmético. 4.1.2 Função Considerando-se sua função principal, os cosméticos podem higienizar, conservar, proteger, reparar, corrigir, maquilar e enfei- tar. Link No próximo link, você encontrará informações sobre formulações cosméticas contendo pante- nol. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/ teses/disponiveis/60/60137/tde-17012007- 143439/pt-br.php>. Acesso em: 12 dez. 2017. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética18/219 Há muito tempo, os produtos deixaram de ter uma única função, como sabonetes para higienizar, loções para tonificar e hidratan- tes para hidratar. Vive-se a era dos produ- tos multifuncionais, com atuação cada vez mais complexa e eficiente na pele. Assim, por exemplo, existem sabonetes que são esfoliantes e hidratantes, loções que equilibram o pH, hidratam, combatem os radicais livres ou têm ação adstringente associada à ação calmante. Há hidratantes que são, ao mesmo tempo, antienvelheci- mento, calmantes, antioxidantes e proteto- res solares. 4.2.3 Risco sanitário Indica o grau de risco que um produto pode oferecer ao usuário quando utilizado de for- ma adversa. Grau I (risco mínimo): pertencem a esse grau os produtos com propriedades básicas, sem necessidade de comprovação de eficá- cia e sem a necessidade de conter em seus rótulos informações detalhadas quanto a modo e restrições de uso. Exemplos são: sa- bonetes, xampus, cremes hidratantes, óle- os, perfumes e maquiagens sem proteção solar e sem ações específicas como efeito antisséptico, antiacne e antienvelhecimen- to. Grau II (risco máximo ou potencial): per- tencem a esse grau os produtos com indi- Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética19/219 cações específicas, com eficácia e segurança comprovadas. O rótulo deve conter informações detalhadas quanto a modo e restrições de uso. Exemplos são xampus tonalizantes, xampus anti- caspa, protetores solares, desodorantes antiperspirantes, esfoliantes químicos, tinturas capila- res, clareadores faciais e cosméticos antienvelhecimento. A classificação é baseada em fatores como composição química, local de aplicação do cosmé- tico, tempo de contato do produto com o local da aplicação e o usuário do cosmético. Em razão deste último fator, todos os produtos infantis são classificados como Grau II, já que a criança tende a utilizá-lo de forma incorreta. Para saber mais A Legislação Brasileira que rege a preparação e a comercialização de produtos cosméticos abrange alguns órgãos governamentais, como: • Ministério da Saúde: estabelece leis com o objetivo de regulamentar diversos segmentos ligados à Saúde Pública, incluindo a fabricação de produtos cosméticos. • Ministério da Justiça: regulamenta as informações que devem ser transmitidas ao consu- midor. • Ministério do Meio Ambiente: controla a poluição do ar e das águas, de que faz parte o tra- tamento de efluentes despejados pelas indústrias, incluindo a de cosméticos. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética20/219 Link No link a seguir, você encontrará informações so- bre a Legislação de Produtos cosméticos determi- nadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilân- cia Sanitária) e saberá distinguir os produtos de Grau I e Grau II. Disponível em: <http://portal. anvisa.gov.br/cosmeticos>. Acesso em: 6 set. 2017. http://portal.anvisa.gov.br/cosmeticos http://portal.anvisa.gov.br/cosmeticos Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética21/219 Glossário Grau de Risco I: produtos isentos de registro no Ministério da Saúde, que oferecem riscos míni- mos ao usuário. Grau de Risco II: produtos que devem ter segurança e eficácia comprovadas, além do registro no Ministério da Saúde. Cosméticos naturais: estendem seus efeitos por todo o organismo. As fases oleosas são feitas com ceras e esqualenos naturais, além de lanolina e ésteres, fosfolipídeos, derivados biológicos. Questão reflexão ? para 22/219 Prezado aluno, Conforme você viu na aula, as formas cosméticas são o modo como os cosméticos estão disponíveis para o consumidor. Faça uma revisão geral de todas as formas cosméticas e liste-as. Reflita se todas elas podem ser utilizadas em todos os tipos de pele. Se você achar que sim, explique; se discordar, justifique. 23/219 Considerações Finais • Cosmetologia é a ciência que trata da preparação, da estocagem e da apli- cação de produtos cosméticos, bem como das regras que orientam essas atividades – sejam elas de natureza física, química, biológica ou microbio- lógica. • Cosméticos, produtos de higiene e perfumes são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo, nas diversas partes do corpo humano – pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais ex- ternos, dentes e membranas mucosas de cavidade oral. • Produtos de Grau I são aqueles que oferecem risco mínimo ao indivíduo, como xampus, sabonetes e outros sem filtro solar. Produtos de Grau II são aqueles que oferecem risco aos usuários, por exemplo: filtros solares, pro- dutos infantis e produtos antienvelhecimento. • A legislação brasileira que rege a preparação de produtos cosméticos abran- ge vários órgãos, como: Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Ministé- rio do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ministério do Meio Ambiente. Unidade 1 • Introdução à Cosmetologia. Formas e Fórmulas Cosméticas. Legislação Cosmética24/219 Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cosméticos. Disponível em: <http://portal.an- visa.gov.br/cosmeticos>. Acesso em: 6 set. 2017. CAMARGO JUNIOR, F. B. de. Desenvolvimento de formulações cosméticascontendo pantenol e avaliação dos seus efeitos hidratantes na pele humana por bioengenharia cutânea. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2006. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponi- veis/60/60137/tde-17012007-143439/pt-br.php>. Acesso em: 12 dez. 2017. HERNANDEZ, M; MERCIER-FRESNEL, M. M. Manual de cosmetologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Revin- ter, 1999. LACRIMANTI, L. M; VASCONCELOS, M. G; PEREZ, E. Curso didático de estética: volume 1. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2014. REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. 8. ed. São Paulo: Editora Senac, 2004. STREHLAU, V. I.; CLARO, D. P.; LABAN NETO, S. A. A vaidade impulsiona o consumo de cosméticos e de procedimentos estéticos cirúrgicos nas mulheres? Uma investigação exploratória. R. Adm. São Paulo, v. 50, n. 1, jan.-mar., 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rausp/v50n1/ 0080-2107-rausp-50-01-0073.pdf>. Acesso em: 7 set. 2017. http://portal.anvisa.gov.br/cosmeticos http://portal.anvisa.gov.br/cosmeticos 25/219 1. Princípios ativos são substâncias químicas (sintéticas ou naturais) respon- sáveis pelo efeito que se deseja obter. Um exemplo de bioativo de origem animal utilizado como hidratante é o(a): a) Colágeno. b) Cloridróxido de alumínio. c) Flavonol. d) Matrixyl. e) Óxido de zinco. Questão 1 26/219 2. São produtos que têm a finalidade de afinar a capa córnea da epiderme, removendo as células mortas. Apresentam-se na forma de cremes, géis, sabonetes. A forma cosmética citada corresponde ao: a) Creme. b) Gel. c) Sérum. d) Esfoliante. e) Sabonete. Questão 2 27/219 3. Formas cosméticas que equilibram o pH da pele, devolvendo-lhe a nor- malidade que foi retirada com a utilização do higienizante. Podem ter ação adstringente, calmante, hidratante ou revigorante na pele, são os(as): a) Esfoliantes. b) Máscaras. c) Loções tônicas. d) Géis. e) Sabonetes. Questão 3 28/219 4. A forma cosmética que se apresenta como máscaras muito consistentes e pomadas capilares, que contêm elevados teores de cera e óleo é a: a) Sólida. b) Semissólida. c) Líquida. d) Gel. e) Sérum. Questão 4 29/219 5. As formulações cosméticas de origem animal ou sintética, que se desti- nam a produzir sensações visuais ao indivíduo, são os: a) Conservantes. b) Hidratantes. c) Corretivos. d) Corantes ou pigmentos. e) Veículos ou excipientes. Questão 5 30/219 Gabarito 1. Resposta: A. O colágeno é uma proteína que dá estrutu- ra, firmeza e elasticidade à pele, ele é produ- zido naturalmente pelo corpo, mas também pode ser encontrado em alimentos como carne e gelatina, em cremes hidratantes ou suplementos alimentares em cápsulas ou pó. Essa proteína é muito importante para manter as células firmes e unidas, não ape- nas da pele, mas também de outros teci- dos, como para conservar a integridade dos músculos, dos ligamentos, dos tendões e das articulações, melhorando a sua saúde. O colágeno é muito utilizado como bioativo de origem animal e um potente hidratante. 2. Resposta: D. Um esfoliante pode ter ação química na pele, como os chamados queratolíticos, substân- cias que reagem quimicamente com a pele, desfazendo a camada superficial de quera- tina. Pode também ter efeito físico ou me- cânico, para este último, os esfoliantes têm, em sua formulação, grânulos, que podem ser microesferas de polietileno, caroços de frutas triturados ou qualquer outra subs- tância capaz de gerar atrito na pele e remo- ver células mortas por ação mecânica. 31/219 Gabarito 3. Resposta: C. As loções tônicas têm a finalidade de equili- brar o pH da pele, devolvendo-lhe a norma- lidade retirada com a utilização do higieni- zante. Podem ter ação adstringente e cal- mante, hidratante ou revigorante na pele. 4. Resposta: B. Formas semissólidas são demasiadamente utilizadas, trata-se de máscaras muito con- sistentes e pomadas capilares, que contêm elevados teores de cera e óleo. 5. Resposta: D. Corantes ou pigmentos são formulações cosméticas de origem animal ou sintética, que se destinam a produzir sensações visu- ais no indivíduo. 32/219 Unidade 2 Permeação e absorção cutânea Objetivos 1. Compreender a estrutura da barreira epidérmica. 2. Entender o mecanismo de permeabi- lidade e absorção cutânea. 3. Conhecer as vias de entrada dos cos- méticos na pele. 4. Entender a permeação cutânea em relação ao subtipo ou tipos cutâneos. 5. Compreender os fatores que afetam a permeabilidade cutânea. 6. Conhecer os principais procedimen- tos estéticos que facilitam a permea- bilidade cutânea. Unidade 2 • Fitoterápicos33/219 Introdução A cosmética desenvolve fórmulas capazes de interagir cada vez mais com a estrutura da pele, promovendo mudanças fisiológi- cas, tratando um ou mais componentes da pele e corrigindo as desordens cutâneas. Já está comprovado que produtos de ação tó- pica, até mesmo a água, afetam a estrutura da pele. O uso desses produtos pode levar a um pro- cesso de penetração, ou até absorção, de- correntes da interação do tecido cutâneo com os produtos químicos. Exemplos disso são os tratamentos da camada lipídica com os antisseborreicos, do extrato córneo com hidratantes e/ ou renovadores celulares, das desordens envolvendo melanócitos (como manchas e hipercromias) com despigmen- tantes. A grande procura por tratamentos perso- nalizados e eficazes fez as empresas inova- rem suas tecnologias para oferecerem ao público ampla variedade de fórmulas com- patíveis com as necessidades dos diferentes tipos de pele. Sabe-se que a epiderme é praticamente impermeável a todas as substâncias não gasosas, e essa é uma característica de sua função protetora. Se não fosse assim, seria possível provocar fenômenos de sensibili- zação pela aplicação de algumas substân- cias, principalmente proteínas, ou seria fá- cil a penetração de microrganismo por meio dessa barreira que é a pele. Unidade 2 • Fitoterápicos34/219 1. A estrutura da barreira epidémica A pele é um órgão flexível e autorregenerativo que reveste e molda o corpo, atuando como uma barreira protetora que previne a pene- tração de irritantes e alérgenos do ambiente e que evita a perda de água do organismo, mantendo a homeostase interna. A pele tam- bém protege fisicamente os órgãos internos, limita a passagem de substâncias e contribui para a manutenção da temperatura corporal e da pressão sanguínea. Possui três camadas: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. A epiderme é responsável pela função de bar- reira da pele e é composta por uma camada de queratinócitos justapostos, que são formados no estrato basal (camada germinativa) por divisão celular. Conforme os queratinócitos se movem por meio das camadas espinhosas (camadas de células de Malpighi) e granulosa em direção ao estrato córneo, sofrem modifi- cações graduais em sua forma e composição química. Assim, é formada uma estrutura rígi- da de queratina, microfilamentos e microtú- bulos. Ao chegarem à camada córnea, essas célu- las diferenciadas estão mortas, achatadas e anucleadas e são ditas corneócitos. Entre os corneócitos existe uma camada de lipídeos e proteínas, que atuam evitando a perda de água. Os lipídeos são expelidos dos corpos la- melares, presentes nos estratos granuloso e espinhoso. Dessa maneira, o espaço intercor- neócito é formado por bicamadas multilame- lares altamente organizadas, sendo a camada lipídica o principal componente da barreira epidérmica. Unidade 2 • Fitoterápicos35/219 A camada córnea pode ser comparada a uma parede de tijolos e os lipídeos lamelares o ci- mento. O estrato córneo (EC) é um tecido bio- logicamente ativo que funciona como a pri- meira interface com o ambiente externo e é essencial para prevenir a desidratação e pro- teger contra agressões externas. A retenção de água na camada córnea é de extrema importância à manutenção da pele saudável. Os corneócitos contém uma subs-tância capaz de reter água em seu interior, o fator de hidratação natural (natural moisturi- zing fator – NMF). Assim, o grande volume de água retido faz com que inchem, prevenindo a formação de fissuras e fendas entre eles. Para saber mais A permeabilidade cutânea é a capacidade que a pele tem em deixar passar, seletivamente, cer- tas substâncias em função de sua natureza química ou de determi- nados fatores. Unidade 2 • Fitoterápicos36/219 A flexibilidade e a elasticidade da pele estão diretamente relacionadas com os conteú- dos de água. Tanto os lipídeos intercelulares, quanto as substâncias hidrossolúveis presen- tes no NMF contribuem efetivamente para o controle do conteúdo de água da pele. Na ca- mada córnea, o conteúdo hídrico médio é de 15% podendo aumentar por oclusão da pele ou por longa exposição a água. Para saber mais Ionoforese é o processo pelo qual se realiza a introdução de produtos cosméticos por meio de corrente galvânica (corrente elétrica contínua utilizada em tratamentos estéticos). Apenas substâncias iônicamente dissociadas ou substâncias covalen- tes podem ser introduzidas por esse método. A penetração desses íons se dá por meio do folículo piloso. Os fa- tores que influenciam a quantidade de penetração dos princípios ativos ionizados são: o tempo de passagem de corrente elétrica e a intensidade da corrente elétrica. Unidade 2 • Fitoterápicos37/219 2. Permeabilidade Cutânea Permeabilidade cutânea é a capacidade que a pele possui de deixar passar, seletivamente determinadas substâncias em função de sua natureza bioquímica ou de determinados fa- tores, como idade, sexo, patologias e gesta- ção. Foi visto que os cosméticos são formulações de uso tópico, sem penetração sistêmica, des- tinados a higienizar e embelezar a pele, pre- venindo, mantendo e melhorando suas ca- racterísticas básicas. Sabe-se também que a epiderme tem como função principal a prote- ção do corpo humano contra a ação de agen- tes externos. Essa função de barreira torna a epiderme quase totalmente impermeável a substâncias não gasosas. Dessa forma, um dos grandes desafios da in- dústria cosmética é formular produtos que consigam vencer essa barreira e sejam apro- veitados nas camadas cutâneas mais inter- nas. Alguns cosméticos, dependendo de suas pro- priedades físico-químicas conseguem. • Substâncias com maior capacidade de permeação (permeáveis): gases, princi- palmente O2 e CO2; etanol; água; molécu- las muito pequenas abaixo de 0,8 nanôme- tros; substâncias hidrossolúveis; e substân- cias lipossolúveis de baixo peso molecular. Os filamentos de queratina presentes na pele permitem a passagem de substân- cias hidrossolúveis, e os lipídeos existentes entre as camadas de queratina permitem a passagem de substâncias lipossolúveis. Uma boa hidratação cutânea facilita a en- trada dos ativos hidrossolúveis; já os lipos- Unidade 2 • Fitoterápicos38/219 solúveis devem possuir baixa volatilidade e viscosidade para que a entrada seja eficaz. • Substâncias com capacidade mediana de permeação (semipermeáveis): aminoácidos; glicose; nucleotídeos; íons (Ca2+, Na+, K+, Cl- ); vitaminas D e E; hormônios; anestésicos; re- sorcina; e hidroquinona. • Substâncias sem capacidade de permeação (impermeáveis): eletrólitos, proteínas e car- boidratos. A entrada dos eletrólitos só é con- siderável se estiverem ionizados. Proteínas e carboidratos são impermeáveis em razão do seu tamanho e da baixa lipossolubilidade. O colágeno e a elastina, em suas formas natu- rais, são utilizados em cosméticos por suas propriedades de umectância na superfície da pele, mas não conseguem agir em camadas mais profundas. Essa dificuldade pode ser mi- nimizada se o peso molecular for reduzi- do por meio de hidrólise e consequente ionização. 2.1 – Vias de entrada dos cos- méticos na pele • Transepidérmica – pode ser intercelular ou intracelular (transcelular). Na via in- tercelular, o cosmético entra através dos espaços vazios entre as células. Já na via intracelular, o cosmético entra na pele atravessando a célula. A entrada tran- sepidérmica é muito lenta, mas, por cau- sa da grande extensão da pele, é consi- derada a mais importante. Dessa forma, por terem superfície corporal geralmente maior, os homens têm melhor aproveita- mento dos produtos cosméticos do que Unidade 2 • Fitoterápicos39/219 as mulheres. • Transanexial – o cosmético entrará pelos orifícios pilossebáceos e folículos pilosos, sendo responsável por aproximadamen- te 1% da entrada de cosméticos na pele. Como parte da entrada dos produtos ocor- re através dos folículos pilosos, uma região com maior quantidade de pelos terá absor- ção cutânea maior do que uma região gla- bra, ou seja, que não possui pelos. 2.2 – Permeação cutânea em relação ao subtipo ou tipos cutâ- neos Peles hidratadas apresentam maior per- meabilidade cutânea, enquanto peles lipí- dicas ou acneicas demonstram dificuldade para a entrada de cosméticos, em razão da obstrução dos óstios (orifícios pilossebáce- os). Peles alípicas também tem menor per- meabilidade cutânea, decorrente do baixo número ou ausência de folículos pilossebá- ceos em algumas regiões. 2.3 – Fatores que afetam a permeabilidade cutânea 2.3.1 - Fatores biológicos • Espessura da epiderme: pele hiperquerati- nizada tem menor permeabilidade cutânea. Unidade 2 • Fitoterápicos40/219 • Idade: com o avanço da idade ocorre re- dução da hidratação natural, favorecendo o espessamento do estrato córneo e difi- cultando a entrada de cosméticos na pele. • Região anatômica: mucosas, regiões com grande número de orifícios pilossebáceos, ou áreas mais vascularizadas, têm maior permeabilidade cutânea. 2.3.2 – Fatores Fisiológicos • Fluxo sanguíneo: o aumento do fluxo san- guíneo provoca hiperemia, tornando a pele mais permeável. • Hidratação: peles hidratadas apresentam maior permeabilidade cutânea. • pH da pele: o pH fisiológico é de aproxi- madamente 5,0 (ácido). Um pH alcalino eleva a permeabilidade. 2.3.3 – Fatores cosmetológi- cos • Peso molecular baixo: quanto menor a molécula, mais fácil é sua entrada na pele. • Concentração: quanto maior a concen- tração do princípio ativo no cosmético, maior é a sua permeabilidade, pela ca- pacidade de difusão de substâncias. • Solubilidade: a permeabilidade aumen- ta com a lipossolubilidade do cosméti- co. Deve-se destacar que as emulsões Unidade 2 • Fitoterápicos41/219 do tipo O/ A demonstram maior perme- abilidade cutânea quando comparadas com as A/ O, ou seja, o excesso de óleo pode dificultar a entrada do cosméti- co, enquanto uma pequena quantidade pode auxiliar. • Substâncias iônicas: essas substâncias atravessam a pele com maior facilidade. A entrada desses ativos, que ocorre atra- vés do folículo pilossebáceo, é influen- ciada pela intensidade e pelo tempo de passagem da corrente elétrica. Ativos ou substâncias ionizadas mais utiliza- das: colágeno, placenta, fator natural de hidratação cutânea (NMF), salicilato de sódio e uréia. • Tempo de exposição: quanto maior o tem- po de exposição, maior é a permeabilida- de cutânea. • pH do cosmético: deve estar de acordo com sua finalidade. Geralmente, encon- tra-se ácido. No entanto, para resultar em elevada permeabilidade, o pH pode ser al- calino. • Veículos: veículos vetoriais, como lipos- somas, nanosferas, ciclodextrinas e fitos- somas, facilitam a permeabilidade até as camadas mais profundas. 2.3.4 – Veículos Unidade 2 • Fitoterápicos42/219 2.3.4.1 - Lipossomas Estruturas unilamelares ou multilamelares com grande afinidade pelos fosfolipíde- os cutâneos, pois, geralmente, são feitos com fosfolipídeos (como a fosfatidilcolina com ou sem colesterol). Também podem ser feitos com éteres de poliglicerol ou ce- ramidas. Sua concentração usual é de 1 a 3% em cremes não iônicos e géis. Podem transportar ativos de diferentes finalidades (extratos vegetais, vitaminas, enzimas, fil- tros solares, entreoutros). Ao se depararem com a membrana da célula, os lipossomas liberam ativos contidos em seu interior. 2.3.4.2 – Nanosferas São esferas poliméricas, microporosas de polietileno. Possuem elevada estabilidade em formulações com tensoativos. Liberam gradualmente os princípios ativos que con- tém em seu interior. Para saber mais Tensoativos são substâncias que, por possuírem em sua estrutura molecular grupos com afinidade pela água (hidro- fílicos) e por lipídeos (lipofílicos), têm a capacidade de diminuir a tensão super- ficial ou interfacial de um sistema. São os higienizantes, emulsificantes, condi- cionantes e antimicrobianos. Unidade 2 • Fitoterápicos43/219 2.3.4.3 – Ciclodextrinas Tha- lasphere São macrosferas de colágeno marinho, re- coberta por uma película de carboidrato da classe das glicosaminoglicanos (GAG). 2.3.4.4 – Fitossomas São quitossomas com extratos vegetais. Formados pela dissolução do extrato con- centrado da planta, ou do princípio ativo, em solução de quitosana em meio ácido, gerando um gel homogêneo. O gel pode ser transformado em microesferas pela técnica da emulsão em óleo ou pelo méto- do de spray em meio alcalino. Apresentam maior estabilidade e maior vida de pratelei- ra. Tem melhor quantificação do extrato e do princípio ativo. Seus princípios ativos são li- berados gradualmente. Possuem total com- patibilidade e fácil absorção pelo organismo. 2.3.4.5 – Silanóis São compostos a base de silício orgânico, que, por ter grande afinidade com a pele, possui alta capacidade de penetração cutâ- nea. O silício atua ainda como antioxidante, combatendo radicais livres e estimulando a síntese proteica. O silício é fundamental na formação do colágeno. Unidade 2 • Fitoterápicos44/219 2.3.5 – Principais procedi- mentos estéticos que facilitam a permeabilidade cutânea. • Higienização: primeira etapa de qualquer tratamento estético, visa tirar as impure- zas acumuladas na superfície cutânea. • Esfoliação: os esfoliantes físicos, químicos ou biológicos são capazes de remover im- purezas e células mortas do estrato cór- neo. • Tonificação: é um procedimento capaz de corrigir o pH cutâneo e, ainda, remover as impurezas que não foram retiradas nas etapas anteriores. Para saber mais O silício é um oligoelemento funda- mental para o desenvolvimento do ser humano. Faz parte da estrutura da elas- tina, do colágeno, das proteoglicanas e das glicoproteínas. A reposição do silí- cio no tecido dérmico é feita por meio dos silícios orgânicos, pois, dessa forma, são biologicamente ativos. Com o enve- lhecimento do indivíduo, o teor de silício diminui. Atua diretamente no metabo- lismo celular, estimulando a síntese das fibras de sustentação da pele (colágeno, elastina e proteoglicanas), conferindo firmeza e tonicidade aos tecidos. Unidade 2 • Fitoterápicos45/219 • Hidratação: pele hidratada tem melhor permeabilidade cutânea. • Massagem: é um procedimento que melhora o fluxo sanguíneo e aumenta a temperatura corporal local, facilitando a entrada dos cosméticos na pele. • Limpeza de pele profunda: promove a desobstrução dos óstios, facilitando a entrada dos cosméticos via transnexial. • Peeling: peelings físicos, químicos ou bio- lógicos reduzem a espessura do estrato córneo, ou seja, diminuem a hiperque- ratinização. Os peelings químicos ou biológicos também amolecem o cimen- to que une as células de queratina, faci- litando a entrada dos ativos pela via in- tercelular. • Alteração de pH: peles com pH alcalino demonstram maior permeabilidade cutâ- nea. Procedimentos, como aplicação de trietanolamina (substância quimicamen- te básica) com vapor de ozônio O3, ou com alta frequência durante três a cinco minu- tos, tornam a pele mais alcalina. • • Iontoforese: é um processo pelo qual se realiza a introdução de cosméticos ionto, por meio de corrente galvânica. • Cosméticos hiperemiantes: promovem vasodilatação, aumentando o fluxo san- guíneo e a temperatura corporal local, melhorando a permeabilidade da pele. • Equipamentos a vapor: promovem a dila- Unidade 2 • Fitoterápicos46/219 tação dos orifícios da pele e uma vasodi- latação, facilitando a entrada dos ativos cosmetológicos por meio da epiderme e dos anexos cutâneos. • Equipamentos de alta frequência: ge- ram gás O3 (ozônio) na superfície da pele e, ao mesmo tempo, apresentam ação bactericida, bacteriostática e ci- catrizante, provocam aumento de tem- peratura ao atravessar o organismo. Consequentemente, ocorre vasodilata- ção periférica local, aumentando o fluxo sanguíneo e, assim, o aporte de oxigê- nio, melhorando a oxigenação e o meta- bolismo celular. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos47/219 Glossário Silanóis ou silícios orgânicos: o silício faz parte das estruturas do colágeno, da elastina, das proteoglicanas e das gliproteínas, que formam as estruturas de sustentação da derme. Fator antirradical livre: é um complexo com extratos, vitaminas, ácidos graxos e flavonoi- des. Evita o envelhecimento dos tecidos causados pelo ataque de radicais óxidos e supe- róxidos e outros agentes citotóxicos formados pelo organismo. Tonificação: os tônicos são utilizados no tratamento facial após a limpeza da pele e antes da hidratação. Sua função é firmar a pele, reduzir o tamanho dos poros (ação adstringen- te), auxiliar a retirar eventuais resíduos dos leites ou loções cremosas de limpeza e, em geral, restabelecer o pH cutâneo. Questão reflexão ? para 48/219 É de extrema importância que, a fim de obter sucesso em tratamentos estéticos, a permeação dos ativos cos- méticos ocorra de forma íntegra e adequada. Reflita so- bre a permeação de ativos cosméticos em peles com pH ácido (em torno de 5,0) e em peles com pH alcalino. Qual dessas duas você acha que terá maior absorção de ati- vos cosméticos? Por que isso ocorre? 49/219 Considerações Finais • CA pele é o maior órgão do corpo humano e possui propriedades específicas de proteção e ação contra agentes alergênicos. É basicamente dividida em três partes: epiderme, derme e tela subcutânea. • Permeabilidade cutânea é a capacidade que a pele possui de deixar passar, seletivamente, determinadas substâncias em função de sua natureza bio- química ou de determinados fatores. • Peles hidratadas apresentam maior permeabilidade cutânea, enquanto pe- les lipídicas ou acneicas demonstram dificuldade para a entrada de cosmé- ticos. • Existem duas vias de entradas dos produtos cosméticos na pele: a via tran- sepidérmica, que pode ser intercelular ou intracelular; e a via transanexial, onde o cosmético entrará pelos orifícios pilossebáceos e folículos pilosos. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos50/219 Referências AHERNANDEZ, M; MERCIER-FRESNEL, MM. Manual de Cosmetologia. 3 ed. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, 1999. KEDE, M.P.V; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 2 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009. LACRIMANTI, L.M; VASCONCELOS, M.G; PEREZ, E. Curso didático de estética: volume 1. 2 ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2014. REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. 8ed. – São Paulo, SP: Editora Senac, 2004. 51/219 1. A epiderme é responsável pela função de barreira da pele e é composta por uma camada de ________________ justapostos, que são formados no estrato basal (camada germinativa) por divisão celular. Assinale a alterna- tiva que preenche corretamente a lacuna: a) Corneócitos. b) Queratinócitos. c) Melanócitos. d) élulas ependimárias. e) Cimento celular Questão 1 52/219 2. Assinale a alternativa que apresenta as substâncias que atravessam a pele com maior facilidade. Substâncias iônicas. a) Substâncias iônicas. b) Substâncias catiônicas. c) Substâncias aniônicas. d) Substâncias anfóteras. e) Substâncias impermeáveis. Questão 2 53/219 3. Aminoácidos, glicose, nucleotídeos e íons, são classificados como subs- tâncias: a) Permeáveis. b) Impermeáveis. c) Semipermeáveis. d) Muito permeáveis.e) Totalmente impermeáveis. Questão 3 54/219 4. É um é um procedimento capaz de corrigir o pH cutâneo, e, ainda, re- mover as impurezas que não foram retiradas nas etapas anteriores. O texto acima refere-se a: a) Hidratação. b) Tonificação. c) Esfoliação. d) Nutrição. e) Higienização. Questão 4 55/219 5. Estruturas unilamelares ou multilamelares com grande afinidade pelos fos- folipídeos cutâneos, pois, geralmente, são feitos com fosfolipídeos (como a fosfatidilcolina com ou sem colesterol). Também podem ser feitos com éte- res de poliglicerol ou ceramidas. O texto acima refere-se a: a) Ciclodextrinas. b) Lipossomas. c) Nanosferas. d) Fitossomas. e) Silanóis. Questão 5 56/219 Gabarito 1. Resposta: B. A epiderme é responsável pela função de barreira da pele e é composta por uma ca- mada de queratinócitos justapostos que são formados no estrato basal (camada germinativa) por divisão celular. Conforme os queratinócitos se movem através das ca- madas espinhosas (camadas de células de Malpighi) e granulosa em direção ao estrato córneo, sofrem modificações graduais em sua forma e composição química. 2. Resposta: A. A entrada desses ativos, que ocorre através do folículo pilossebáceo, é influenciada pela intensidade e pelo tempo de passagem da corrente elétrica. Ativos ou substâncias io- nizadas mais utilizadas: colágeno, placenta, fator natural de hidratação cutânea (NMF), salicilato de sódio e uréia. 57/219 Gabarito 3. Resposta: C. São classificados como substâncias semi- permeáveis, pois podem não ser absorvidas por completo pelas células. 4. Resposta: B. Tonificação - os tônicos são utilizados no tratamento facial após a limpeza da pele e antes da hidratação. Sua função é firmar a pele, reduzir o tamanho dos poros (ação adstringente), auxiliar a retirar eventuais re- síduos dos leites ou loções cremosas de lim- peza e, em geral, restabelecer o pH cutâneo. 5. Resposta: B. Lipossomas são estruturas unilamelares ou multilamelares com grande afinidade pelos fosfolipídeos cutâneos, pois, geralmente, são feitos com fosfolipídeos (como a fosfa- tidilcolina com ou sem colesterol). Também podem ser feitos com éteres de poliglicerol ou ceramidas. Sua concentração usual é de 1 a 3% em cremes não iônicos e géis. Podem transportar ativos de diferentes finalidades (extratos vegetais, vitaminas, enzimas, fil- tros solares, entre outros). Ao se depararem com a membrana da célula, os lipossomas liberam ativos contidos em seu interior. 58/219 Unidade 3 Veículos utilizados para os tratamentos estéticos com recursos terapêuticos manuais e com o uso da eletroterapia. Objetivos 1. Conhecer os principais tipos de veículos e suas formas. 2. Identificar os principais veículos que compõem produtos cosméticos. 3. Reconhecer os principais veículos cha- mados de lipossomas. 4. Reconhecer os principais veículos cosmé- ticos chamados de polímeros e outros ti- pos de vetores cosméticos. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 59/219 nará a forma física do cosmético. Por exem- plo, no pó compacto o veículo é constituído por talco e calium; na loção após barba, é constituído por uma solução hidroalcoolica. A natureza física e química do veículo influi na estabilidade dos princípios ativos, na for- ma de liberação, na facilidade de aplicação do cosmético na duração da ação etc. Estes são agentes para espalhar os produtos, ne- cessário para a formulação de um cosméti- co. A água e os emolientes são exemplos de veículos. Lipossomas são esferas de lipídeos fecha- dos de camada dupla que encapsulam os ingredientes, direcionam seu transporte para tecidos específicos da pele e controlam sua liberação. A estrutura de camada dupla dos lipossomas é semelhante as membra- Introdução Em uma formulação, ou composição cos- mética, são encontradas substâncias, ou grupos de substâncias, que comporão as seguintes categorias: veículo ou excipiente, ativos ou princípios ativos, conservantes, corretivos, corantes, pigmentos, perfumes ou óleos essenciais. Neste material, abordaremos, principal- mente, os veículos ou excipientes, que são chamados de sistemas de transportes. Os sistemas de transportes são sistemas químicos que transportam os ingredientes para tecidos específicos da epiderme. Veí- culos, lipossomas e polímeros são tipos de sistemas de transporte. Os veículos, geralmente, constituem a maior parte da formulação e, portanto, determi- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 60/219 nas das células e, portanto, são compatíveis com elas, diferentemente das emulsões de gotículas de água convencionais, que rom- pem e danificam as membranas. Os polímeros são compostos químicos for- mados por várias moléculas pequenas. São usados como veículos avançados que libe- ram as substâncias na superfície da pele em um ritmo microscopicamente controlado. Também são chamados de microesponjas. 1 Veículos cosméticos – quími- ca cosmética e suas formas de apresentação Cada ingrediente empregado na química cosmética cumpre uma função no produto finalizado. Esses ingredientes são divididos em dois tipos básicos: funcionais e de de- sempenho. Os ingredientes funcionais constituem a maior parte do produto. Permitem que os produtos sejam espalhados, fornecem cor- po e textura e sua mistura forma uma base específica, como loção, creme ou gel. Um conservante é um exemplo de um ingre- diente funcional. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 61/219 Os ingredientes de desempenho causam mudanças reais na aparência da pele. Os exemplos incluem a glicerina, que hidrata, os alfa-hidroxi-ácidos (AHAs), que esfoliam a camada córnea; e os lipídeos que ajudam a restaurar as barreiras da pele. Também são chamados de princípios ativos. 1.1 Água A água é o solvente mais utilizado em pro- dutos cosméticos e farmacêuticos, pois, além de dissolver inúmeras substâncias, é um constituinte normal dos tecidos, fisiolo- gicamente compatível e desprovida de toxi- cidade. Por possuir constante dielétrica e polaridade elevadas, a água é o solvente por excelên- cia dos compostos eletrovalentes, como os sais, bases e ácidos minerais. Dissolve tam- bém muitos compostos orgânicos, princi- palmente os que possuem radicais hidrófilo. Essa hidrossolubilidade geral dos compos- tos orgânicos varia bastante dentro de uma série homóloga. A hidrossolubilidade di- minui progressivamente com o aumento do peso molecular dos membros da série considerada, sendo os de cadeia ramificada mais solúveis que os de cadeia linear. Embora a água seja amplamente utilizada em preparações farmacêuticas e cosméti- cas, pode ocorrer que a dissolução comple- ta de todos os componentes da formulação, Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 62/219 em temperaturas normais de armazena- mento, não possa ser garantida. As subs- tâncias fortemente ionizadas tendem a ser solúveis em água em uma ampla faixa de pH. Já os ácidos e bases fracos podem ser ade- quadamente solubilizados em pH favorável. Ainda que esteja em solução, é importante garantir que a concentração de qualquer substância não seja próxima de seu limite de solubilidade, a fim de evitar que ocorra precipitação caso o produto seja resfriado ou ocorra a evaporação do veículo. Para ativos não ionizados ou eletrólitos fra- cos, em pH desfavorável para sua ionização, é possível melhorar a solubilidade por meio da adição de um co-solvente, como álcool, sorbitol, glicerina, propilenoglicol etc. Daí o emprego, na farmacotécnica, das misturas hidroalcoólicas, hidroglicerinadas, hidro- gliceroalcoólicas e outras, quepermitem a obtenção de soluções de concentrações impossíveis de atingir utilizando unicamen- te a água como dissolvente. A água é o ingrediente cosmético usado com mais frequência e, muitas vezes, em maior quantidade em um cosmético. Como veículo, ajuda a manter outros ingredientes cosméticos na solução e a espalhar os pro- dutos. Como ingrediente de desempenho, recupera a umidade na superfície da pele. Quase todos os produtos de cuidados com a pele são misturas de óleo com água, ou seja, Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 63/219 emulsões. Os produtos que não contém água são cha- mados de anidros. Incluem os óleos; produ- tos à base de vaselina, como gloss para os lábios e silicones. Geralmente, os produtos anidros são designados para a pele muito seca, com deficiência de óleo. 1.2 – Emolientes Emolientes são ingredientes gordurosos usados para lubrificar e hidratar a pele. Po- dem agir como veículos ou ingredientes de desempenho. Como veículos, ajudam a aplicar, espalhar e manter os outros agentes na pele. Por exemplo, os emolientes do pro- tetor solar ajudam a espalhar o produto na pele e mantê-lo no lugar. Em um pó, ajudam o produto a deslizar uniformemente sobre a pele e aderir a ela. Como ingrediente de desempenho, os emo- lientes lubrificam a superfície da pele e for- mam uma proteção para a função de bar- reira. Ficam sobre a pele e impedem a de- sidratação porque aprisionam a água e di- minuem sua perda transepidérmica, o que aumenta a hidratação da epiderme. Essa técnica de hidratação é chamada de oclu- são. Os silicones e óleos são emolientes. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 64/219 1.3 – Óleos Muitos óleos são usados nos cuidados com a pele. Variam em densidade, teor de gordu- ra e espessura. Também variam em sua ten- dência de causar comedões na pele oleosa ou propensa a acne. Os óleos são derivados de muitas fontes, tanto de origens vegetal, animal e mineral. 1.3.1 – Óleo da terra O óleo mineral e a vaselina vêm da terra, especificamente das fontes de petróleo. Esses dois emolientes oferecem excelente proteção contra a desidratação. São com- pletamente não reativos e biologicamente inertes, o que significa que não reagem com outras substâncias químicas envolvidas na função da pele. Podem ser combinados com água e misturados com emulsificante para produzir uma emulsão (creme ou loção cre- mosa, veículos muito utilizados que promo- vem a espalhabilidade do produto cosméti- co na pele). O clássico cold cream, um dos primeiros hidratantes fabricados, era mis- turado com óleo mineral. O óleo mineral e a vaselina podem ser usados sem adição de conservantes porque não hospedam bac- térias e outros organismos. O óleo mineral também é lubrificante. Os lubrificantes co- brem a pele e reduzem a fricção. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 65/219 1.3.2 – Óleos vegetais Dezenas de óleos vegetais são usados nos produtos de cuidados com a pele. A maioria, por suas propriedades emolientes, mas al- guns, como os óleos essenciais aromáticos, são usados, principalmente, por suas fra- grâncias e sensação de bem-estar. Os óle- os vegetais contêm ácidos graxos, benéficos para a pele que não produz sebo suficiente, que ajudam a impedir que desidrate. Os óleos vegetais variam em seu teor de ácidos graxos e espessura. O óleo de coco e o de palma são dos mais gordurosos e espessos. Alguns óleos naturais mais leves e menos comedogênicos são os de linhaça, girassol, canola e jojoba. 1.3.3 – Outros emolientes Existem, literalmente, centenas de emolien- tes. Alguns vêm de fontes naturais e outros são sintetizados em um laboratório ou deriva- dos de outros óleos ou materiais gordurosos. 1.3.3.1 – Ácidos graxos São ingredientes lubrificantes derivados de óleos de plantas ou gordura animal. Embo- ra esses ingredientes sejam ácidos, não são irritantes. Os ácidos graxos são muito pare- cidos com os óleos. Os mais comuns são os ácidos oleico, esteárico e caprílico. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 66/219 1.3.3.2 – Álcoois graxos São ácidos graxos que foram expostos ao hi- drogênio. Não desidratam a pele; possuem uma consistência semelhante à de cera e são usados como emolientes ou agentes para espalhar o produto. Exemplos são os álcoois cetil, laurel e estearil. 1.3.3.3 – Ésteres Graxos São produzidos a partir dos ácidos e álcoois graxos. São fáceis de reconhecer nos rótu- los, porque quase sempre terminam em ato, como o palmitato de octila. Com frequência tem uma espessura melhor que a dos óleos naturais e lubrificam de maneira mais uni- forme. Os ésteres graxos usados com mais frequência são miristato de isopropila, pal- mitato de isopropila e estearato de glicerila. 1.3.3.4 – Silicones São um grupo de óleos quimicamente com- binados com silício e oxigênio, que deixam uma película protetora na superfície da pele. Também agem como veículos em alguns produtos, incluindo bases de maquiagens. São excelentes protetores, ajudando a man- ter a umidade na pele. Os silicones também podem acrescentar uma textura elegante e não gordurosa ao produto. Os exemplos são dimeticone, ciclometicone e feniltricometi- cone. S são usados com frequência em pro- tetores solares, bases e hidratantes. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 67/219 Para saber mais Emolientes são matérias-primas des- tinadas a evitar ou atenuar o resse- camento da pele. Essas substâncias exercem a ação de emoliência (do latim mollire – abrandar, suavizar). Encontra- mos dentro dessa categoria vários com- postos de funções orgânicas diversas. 2. Lipossomas e microencapsu- lados 2.1 – Lipossomas Lipossomas são pequenas vesículas consti- tuídas por um número variável de folhas ou pequenas lâminas bimoleculares de fosfoli- pídeos, separadas umas das outras por com- partimentos aquosos. Essa estrutura muito próxima daquela das membranas celulares, permite fusionar com ela, liberando os prin- cípios ativos que elas contêm no interior do citoplasma. Nos lipossomos podemos incluir os princípios ativos lipófilos na parede ou hidrófilos na ca- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 68/219 vidade central. Classificamos os lipossomos em vários tipos, conforme seu tamanho e o número de compartimentos: • Os lipossomas multilamelares ou MLV (mul- tilamellar vesicle): são vesículas que com- portam várias paredes e vários comparti- mentos concêntricos. • Os pequenos lipossomas unilamelares ou SUV (small unilamellar vesicle): são vesículas que comportam uma só parede e uma só cavidade aquosa. • Os grandes lipossomas unilamelares ou LUV (large unilamellar vesicle): são vesículas maiores que as precedentes, mas do mes- mo tipo. Lipossomas tem dois inconvenientes impor- tantes: • Falta de especificação para a célula-alvo. • Oxidação e a instabilidade química dos fos- folipídeos. A indústria cosmética colocou no mercado os lipossomas não iônicos ou niossomos, cuja parede não é constituída por fosolipídeos, mas por lipídeos não iônicos. Vantagens da utilização dos niossomos: • São muito estáveis. • Sua similitude estrutural com os lipídeos intercorneocitários ou cimento intercelular permite restaurar o estrato córneo na sua Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 69/219 integridade ou coesão. 2.2 – Microencapsulados A história dosmicroencapsulados começa em 1954, por iniciativa da National Cash Register, nos Estados Unidos da América. Naquela épo- ca foi introduzido o papel autocopiativo, que, ao ser pressionado com uma caneta, reproduz cópias fiéis do riscado nas demais vias. Isso ocorre porque o verso da primeira via do for- mulário é revestido por camada de microcáp- sulas de tintas invisíveis a olho nu. Ao serem pressionadas tais microcápsulas arrebentam, liberando o pigmento que, por contato direto com o revestimento ácido aplicado na super- fície frontal da segunda via, muda de cor em função do pH, e propicia a obtenção da cópia. As microcápsulas são definidas como partí- culas de diâmetro que variam de 1 até 1000 micrômetros, contendo material de núcleo envolvido por membrana especial, liberando- -o no tempo desejado. O material do núcleo pode ser constituído por pequenas partícu- las sólidas, gotículas de líquido ou pequenas quantidades de gás, que no processo de en- capsulação são revestidas por um filme ou membrana. A substância encapsulada pode ser liberada por ação mecânica, isto é, por rompimento das cascas sob pressão ou por variações físico-químicas de temperatura ou pH no meio em que as cápsulas se encontram. Existem vários tipos de estrutura física de mi- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 70/219 crocápsulas, como as esferas mononuclea- das ou multinucleares e partículas irregulares multinucleares. As condições de fabricação determinam o tipo de cápsula resultante, sen- do a esfera mononuclear mais comum. As microcápsulas têm várias utilidades. Por exemplo, o tempo de vida útil de um compos- to volátil pode ser bastante aumentado por microencapsulação, pois a membrana impe- de a sua evaporação. As microcápsulas po- dem também proteger um material de núcleo dos efeitos da radiação ultravioleta, umidade ou de contato com o oxigênio. Também as re- ações químicas entre duas espécies ativas po- dem ser evitadas pela separação física ofere- cida pela membrana. Pós muito finos podem ser encapsulados para reduzir sua tendência a aglomeração. A microencapsulação pode ainda modificar a cor, a forma, o volume ou a fotossensibilidade da substância encapsula- da. Graças a essas propriedades, as microcápsu- las encontram inúmeras aplicações, seja na área farmacêutica, odontológica, veterinária, alimentícia, indústrias de ração de animais, pesticidas, em publicidade nas indústrias de cigarros ou no setor que mais nos interessa nesse momento: o cosmético ou dermatoló- gico. Vários produtos para tratamento facial e ca- pilar usam as microcápsulas para, entre ou- tros benefícios, preservá-los. É o caso da vi- tamina C, usada nos produtos antienvelheci- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 71/219 mento para combater os radicais livres. Nesse segmento, é mais comum o uso de partículas menores de 1 micrômetro, chamadas de na- nocápsulas, cujo diminuto tamanho permite uma penetração mais fácil na pele. Pigmentos também costumam ser microen- capsulados, com o objetivo de mascarar as propriedades do núcleo, como, por exemplo, controlar a mudança de cor em função da mudança de pH. O controle da liberação de odor é outra apli- cação das microcápsulas. O principal uso se dá em materiais de propaganda de perfumes. Nesse caso, a peça publicitária recebe uma camada de verniz incolor contendo microcáp- sulas com o perfume e invisíveis a olho nu. Para saber mais A nanotecnologia está relacionada às estruturas, propriedades e processos, envolvendo materiais com dimensões em escala nanométrica. Essas partícu- las são extensivamente investigadas por promoverem muitas vantagens em relação às formulações tradicionais. A nanotecnologia aplicada à cosmética refere-se à utilização de pequenas par- tículas contendo princípios ativos que são capazes de penetrar nas camadas mais profundas da pele, potencializan- do os efeitos do produto. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 72/219 3. Outros tipos de vetores cos- méticos 3.1 – Biovetores Supramolecula- res (BVSM) Possuem uma estrutura próxima a dos li- possomas. Em vez de ser líquido, o núcleo possui uma estrutura polimérica sólida de natureza polissacarídea. Em torno desse núcleo, uma camada de ácidos graxos e fos- folipídeos é depositada. As partículas obti- das são então, hidrófilas no seu interior e lipófilas no exterior. 3.2 – Microesferas São de tamanho idênticos as microcápsu- las, mas são produtos sólidos, cheios e esfé- ricos. Os principais ativos são aí dissolvidos ou dispersados. 3.3 – Colaesferas São esferas ocas com membranas de co- lágeno e de glicosaminoglicano, que per- mitem veicular ativos muito diversos, tais como: soluções, suspensões hidrófilas, lipó- filas, emulsões etc. 3.4 – Nanocápsulas, nanopartí- culas São cápsulas ou partículas esféricas cujo di- âmetro é inferior ao micrômetro. Penetram no interior da célula por endocitose. São fei- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 73/219 tas à base de polímeros naturais ou sintéti- cos e são mais estáveis que os lipossomas. 3.5 – Vetores magnéticos A inclusão de partículas de magnetita ul- trafina nas microesferas, sob ação de um campo magnético externo, poderá permitir atingir células específicas. Para saber mais Os veículos devem propiciar aos cosmé- ticos poder de penetração e liberação de ativos, entre os mais usados temos os lipossomas (já tratado anteriormen- te), a nanoesferas e fitossomas. As na- noesferas são polímeros elaborados de poliestireno, cuja estrutura matricial é microporosa. Apresenta liberação gra- dual de princípios ativos e são produtos estáveis na presença de tensoativos. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos74/219 Glossário Poder lipossolvente: o desengorduramento da pele pode melhorar a absorção percutâ- nea, pois retira a barreira lipídica. Fitossomas: são extratos de plantas ligados a fosfolipídeos. Ciclodextrinas: utilizadas no processo de encapsulação de princípios ativos que devem ser transportados para o interior da epiderme. Questão reflexão ? para 75/219 Os veículos cosméticos são de extrema importância dentro de uma formulação cosmética. Não devem inter- ferir na ação dos ativos e, além disso, devem liberar os princípios ativos de maneira sinérgica, gradual e devem ser estáveis em todas as formulações. Sendo assim, realize uma pesquisa bibliográfica sobre três tipos de veículos cosméticos que você acredite ser de extrema importância para seu conhecimento. Leve em consideração a tecnologia cosmética. 76/219 Considerações Finais • A água é o solvente mais utilizado em produtos cosméticos e farmacêuti- cos, pois, além de dissolver inúmeras substâncias, é um constituinte normal dos tecidos, é fisiologicamente compatível e desprovida de toxicidade. • Emolientes são ingredientes gordurosos usados para lubrificar e hidratar a pele. Podem agir como veículos ou ingredientes de desempenho. Como veí- culos, ajudam a aplicar, espalhar e manter os outros agentes na pele. • As microcápsulas são definidas como partículas de diâmetro que variam de 1 até 1000 micrômetros, contendo material de núcleo envolvido por mem- brana especial, liberando-o no tempo desejado. • Lipossomas são pequenas vesículas constituídas por um número variável de folhas ou pequenas lâminas bimoleculares de fosfolipídeos, separadas umas das outras por compartimentos aquosos. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos77/219 Referências HERNANDEZ, M; MERCIER-FRESNEL, MM. Manual de Cosmetologia. 3 ed. Rio de Janeiro, RJ: Re- vinter, 1999. LACRIMANTI,L.M; VASCONCELOS, M.G; PEREZ, E. Curso didático de estética: volume 1. 2 ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2014. REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. 8 ed. São Paulo, SP: Editora Senac, 2004. 78/219 1. A água é o ingrediente cosmético usado com mais frequência, e muitas ve- zes, em maior quantidade em um cosmético. Como veículo, ajuda a manter outros ingredientes cosméticos na solução e a espalhar os produtos. Como ingrediente de desempenho, sua principal função é: a) Promover a espalhabilidade do produto. b) Recuperar a umidade da pele. c) Manter a emoliência da pele. d) Dar brilho ao tecido epidérmico. e) Promover a quebra de sujidades da pele. Questão 1 79/219 2. Dezenas de óleos vegetais são usados nos produtos de cuidados com a pele. A maioria, por suas propriedades _________________, mas alguns, como os óleos essenciais aromáticos, são usados, principalmente, por suas fragrâncias e sensação de bem-estar. Os óleos vegetais contêm ácidos graxos, que são be- néficos para a pele que não produz sebo suficiente. Ajudam a impedir que de- sidrate. Os óleos vegetais variam em seu teor de ácidos graxos e espessura. O óleo de coco e o de palma são dos mais gordurosos e espessos. Alguns óleos naturais mais leves e menos comedogênicos são os de linhaça, girassol, canola e jojoba. Leia atentamente o texto acima e preencha corretamente a lacuna: a) Esfoliantes. b) Hidratantes. c) Tonificantes. d) Higienizantes. e) Emolientes. Questão 2 80/219 3. Leia atentamente o texto abaixo: São um grupo de óleos quimicamente combinados com silício e oxigênio, que deixam uma película protetora na superfície da pele. Também agem como veículos em alguns produtos, incluindo bases de maquiagens. São ex- celentes protetores, ajudando a manter a umidade na pele. Também podem acrescentar uma textura elegante e não gordurosa ao produto. Os exemplos são dimeticone, ciclometicone e feniltricometicone. São usados com frequ- ência em protetores solares, bases e hidratantes. O texto acima refere-se ao veículo: a) Silicones. b) Nanoesferas. c) Lipossomas. d) Ácidos graxos. e) Óleos da terra. Questão 3 81/219 4. São esferas ocas com membranas de colágeno e de glicosaminoglicano, que permitem veicular ativos muito diversos, tais como: soluções, suspen- sões hidrófilas, lipófilas, emulsões etc. O texto acima refere-se a: a) Nanoesferas. b) Colaesferas. c) Silicones. d) Microencapsulados. e) Lipossomas. Questão 4 82/219 5. As nanocápsulas ou nanopartículas são cápsulas ou partículas esféricas, cujo diâmetro é inferior ao micrômetro. São feitas a base de polímeros natu- rais ou sintéticos e são mais estáveis que os lipossomas. Penetram no inte- rior da célula por: a) Clasmocitose. b) Fagocitose. c) Endocitose. d) Diferença de pH. e) Diferença de temperatura. Questão 5 83/219 Gabarito 1. Resposta: B. Como ingrediente de desempenho, a água deve recuperar a umidade da pele, dessa forma, a pele se torna mais hidratada. 3. Resposta: A. Os silicones são um grupo de óleos quimi- camente combinados com silício e oxigê- nio, que deixam uma película protetora na superfície da pele. Também agem como ve- ículos em alguns produtos, incluindo bases de maquiagens. São excelentes protetores, ajudando a manter a umidade na pele. Os silicones também podem acrescentar uma textura elegante e não gordurosa ao produ- to. Os exemplos são dimeticone, ciclometi- cone e feniltricometicone. São usados com frequência em protetores solares, bases e hidratantes. 2. Resposta: E. Os óleos possuem ações de emoliência sobre a pele, suavizando-a e melhorando a espalhabilidade dos produtos cosméti- cos sobre ela. Muito indicado para uso em peles secas. 84/219 Gabarito 4. Resposta: B. As colaesferas são esferas ocas com mem- branas de colágeno e de glicosaminogli- cano, que permitem veicular ativos muito diversos, tais como: soluções, suspensões hidrófilas, lipófilas, emulsões etc. 5. Resposta: C. As nanoesferas ou nanocápsulas penetram no interior das células por endocitose, que é um mecanismo de absorção de compostos pela célula. A célula sofre uma invaginação e ruptura de membrana, que faz com que o ativo penetre em seu interior. Devido a atin- gir a célula-alvo, se torna mais ativa que os lipossomas. 85/219 Unidade 4 Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos Objetivos 1. Identificar, caracterizar e reconhecer os cosmecêuticos. 2. Identificar, caracterizar e reconhecer os nutricosméticos. 3. Identificar, reconhecer e caracterizar os neurocosméticos. Unidade 2 • Fitoterápicos86/219 Introdução O interesse e a integração da medicina al- ternativa na prática da saúde convencional são as duas tendências de crescimento mais rápido na medicina atual. O apelo, para os pacientes, das terapias alternativas é evi- denciado pelas estatísticas rotineiramente registradas nos principais jornais médicos. Muitas vias de tratamentos alternativos po- dem desempenhar papéis vitais na prática de dermatologia cosmética. É interessante que os profissionais da medicina ocidental tradicional, e seus pacientes, não ignorem a proliferação da medicina alternativa, em todas as suas facetas, como um componen- te viável para um tratamento abrangente. No mínimo, os profissionais de saúde se tor- nam mais capazes de servir a seus pacientes quando estão preparados para discutir uma gama de opções mais completa ou investi- gar as interações potenciais de medicações prescritas com qualquer um dos produtos herbáceos ou outras terapias de que seus pacientes possam fazer uso. Atualmente, muitos pacientes usam esses tratamentos “da moda”, logo é importante compreender a filosofia e a ciência por trás dessas terapias. Esta aula inclui o assunto terapia alternati- va, que diz respeito à fitoterapia e aos be- nefícios que ela pode trazer a todos os pa- cientes. Apesar de vários ingredientes descritos se- rem encontrados em diversos produtos cos- méticos, está claro que mais pesquisas são necessárias para determinar sua eficácia e Unidade 2 • Fitoterápicos87/219 evoluir nos estudos das terapias alternati- vas. 1 Medicina Fitoterápica Medicina botânica ou fitoterápica é a forma mais antiga de tratamento médico conhe- cida pela humanidade. Arqueólogos des- cobriram pigmentos de pintura corporal oriundos de plantas em sítios paleolíticos. No Paquistão, óleos essenciais e frascos com traços de perfumes datando de mais de 5 mil anos foram recuperados. Até mesmo Cleópatra utilizou plantas para se manter bela. Atualmente, é quase impossível andar por uma loja de cosméticos sem observar companhias que utilizam vegetais para au- mentar seu potencial de vendas. As ervas são e continuarão a ser parte inte- gral da medicina. Uma erva é uma planta ou parte de uma planta utilizada para remédio, tempero ou óleo aromático. Aproximada- mente 25% de todas as drogas prescritas são derivadas de plantas (ALVES et al, 2014). Uma erva pode ser uma flor, folha, caule, se- mente, raiz, fruta, casca ou qualquer outra parte de uma planta. Ervas funcionam da mesma forma que as drogas convencionais, com base nas pro- priedades dos constituintes químicos. Elas têm um grande número de compostos quí- micos de ocorrência natural que processam diferentes ações bioquímicas. Muitas dro- gas utilizadas atualmente provêm original- mente de produtos químicos encontrados em ervas. Unidade 2 • Fitoterápicos88/219 Os farmacêuticos replicam os compostos ativos das ervas para produzir formas mais confiáveis e concentradas de compostos de ocorrência natural. Alguns exemplos são os digitálicos, da erva-dedal; a reserpina, da serpentária; e a morfina, da papoula. A herbologia é praticada em três siste- mas principais: medicina botânica chinesa, herbologia ayurveda e medicina botânica oriental. A primeira e a segunda são base- adas no equilíbrio do corpo e nos sistemas orgânicos afetados pela erva. Certas plantas contêm diferentes qualida- des, como calor ou frio,amargo ou ácido, e elas geralmente são utilizadas em uma fór- mula que abrange várias ervas destinadas a um desequilíbrio de todo o sistema corpo- ral. Inversamente, os medicamentos ocidentais fitoterápicos são categorizados de modo si- milar aos medicamentos de prescrição ou venda livre. Ou seja, são divididos em gru- pos de acordo com seus efeitos fisiológicos e prescritos em conformidade. Para saber mais Cada vez mais, cresce, em nível mundial, o que tem sido chamado de “onda verde”, isto é, o inte- resse pela utilização de produtos vegetais, tanto do ponto de vista farmacológico como do cosme- tológico. Essa utilização abrange os extratos, que são preparações líquidas obtidas pela extração de seus princípios ativos por diversos métodos, veiculados geralmente em propilenoglicol, dando origem aos extratos glicólicos, muito utilizados em produtos cosméticos. Unidade 2 • Fitoterápicos89/219 2 Fitocosmética Segmento da ciência cosmetológica que se dedica ao estudo e à aplicação dos extra- tos e princípios ativos obtidos dos vegetais em proveito de higiene, estética, correção e manutenção de um estado normal e sadio da pele. 2.1 Conceitos básicos em fito- cosmética • FITOTERAPIA: termo usado para se re- ferir à terapêutica que utiliza os medi- camentos cujos princípios ativos são advindos de plantas ou derivados ve- getais e que tem a sua origem no co- nhecimento e no uso popular (DE PAS- QUALE, 1984). • FITOTERÁPICO ou FITOMEDICAMEN- TO: produto medicamentoso à base de vegetais, ou seja, tem um ou mais princípios ativos vegetais em sua for- ma bruta, como: extratos, tinturas ou pó (SIMÕES, 1999). Link No link a seguir, você encontrará informações so- bre como se iniciou a fitoterapia e a sua impor- tância no mercado cosmético. Disponível em: <www.fitoterapia.com.br>. Acesso em: 19 set. 2017. http://www.fitoterapia.com.br Unidade 2 • Fitoterápicos90/219 • FITOFÁRMACO: fármacos com carac- terísticas químicas capazes de desen- cadear determinado efeito sobre o sis- tema biológico. Quando presente em uma formulação, caracteriza um pro- duto alopático comum, e não fitoterá- pico. Exemplo: papaína 3% em creme base q.s.p. 30 g (SIMÕES, 1999). • MARCADOR FARMACOLÓGICO: no âmbito da fitoterapia, substância con- tida no vegetal, ou parte deste, res- ponsável pela atividade farmacoló- gica. Às vezes, pode-se encontrar um grupo de marcadores, e não apenas uma única substância (SIMÕES, 1999). • MARCADOR FITOQUÍMICO: substân- cia contida no vegetal, ou parte deste, que o caracteriza fitoquimicamente. Nem sempre o marcador fitoquímico é também o marcador farmacológico. Exemplos: cáscara sagrada = marca- dor fitoquímico e farmacológico per- tencem à mesma classe (antraquino- nas); Peumus boldus = o marcador fi- toquímico é a boldina (alcaloide) e os marcadores farmacológicos para as atividades colerética e colagoga são os terpenos (SIMÕES, 1999). • PRINCÍPIO ATIVO: substância ou con- junto de substâncias quimicamente definidas responsáveis pela ação far- macológica das drogas vegetais (SI- MÕES, 1999). Unidade 2 • Fitoterápicos91/219 Para saber mais Os óleos fixos vegetais são obtidos dos frutos ou apenas das sementes e são ricos em triglicerídeos (fração sa- ponificável). A fração insaponificável é heterogênea e nela encontramos: esqualeno, fitosteróis, provitaminas e vitaminas lipossolúveis, principalmente as vitaminas A e E. É uma fração muito importante para a cosméti- ca, e muitos dos óleos utilizados têm valor exatamente por conter essa fração. Link No link a seguir, você encontrará informações interessantes sobre permeação, penetração e absorção trans- dérmica de ativos cosméticos na pele. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/novo/eventos-no- ticias/saf/resumo-23.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017. Unidade 2 • Fitoterápicos92/219 3. Ações Terapêuticas dos principais Fitocosméticos 3.1 Arnica É usada em formulações para prevenção e tratamento de microvarizes e em produtos cosmiátri- cos. 3.2 Castanha-da-índia “Os extratos são obtidos das sementes de Aesculus hippocastanum (Hipocastanaceae). Contém saponinas triterpênicas (escina), taninos, flavonoides (quercetina e canferol) e heterosídeos Obtido dos capítulos florais de Arnica montana (Compositae), o extrato contém ácidos orgânicos, carotenoides, flavonoides, óleo essencial, saponinas e taninos, entre outras substâncias. Tem ação adstringente, anti-inflamatória, antisséptica, funcionando como descongestionante e estimulante celular (SIMÕES, 1999, p. 234). Unidade 2 • Fitoterápicos93/219 cumarínicos (esculosídeo)” (SIMÕES, 1999, p. 236). Tem ação antivaricosa e é utilizada no tratamento de varizes, microvarizes, he- morroidas e edema oriundos da estase ve- nosa. 3.3 Cavalinha Os extratos são obtidos das partes aére- as de Equisetum arvensi (Equisetaceae), que contêm compostos solúveis de silício, tani- nos, saponinas (equisetonina), flavonoides (isoquercetina, campferol), alcaloides (nico- tina, palustrina e outros), vitamina minerais (Ca, Mg, Na, F, Mn, S, P, Cl, K etc.). Tem ação diurética, hemostática, anti-inflamatória e remineralizante. É usada no tratamen- to de distúrbios geniturinários e respirató- rios. Algumas preparações têm sido usadas no tratamento de doenças cardiovascula- res (aterosclerose e hipertensão arterial) e reumáticas. Também é utilizada como su- plemento remineralizante. Os extratos são empregados em produtos dermatológicos e cosméticos por sua ação cicatrizante (SI- MÕES, 1999). 3.4 Hamamélis Os extratos são obtidos da casca e das fo- lhas de Hamamelis virginiana (Hamamelida- ceae). Contém taninos, saponinas, flavo- noides (quercetol, campferol, glicosídeos flavonídicos do campferol), mucilagens e resinas, entre outras substâncias. Tem ação adstringente, hemostática, vasoconstritora, Unidade 2 • Fitoterápicos94/219 tonicovascular e anti-hemorrágica. É usa- do em afecções do sistema vascular veno- so, como varizes, flebites e hemorroidas, e também como antidiarreico. O extrato e a água de hamamélis são indicados em pro- dutos cosméticos e cosmiátricos para pes- soas com pele mista e oleosa, bem como em loções adstringentes e tônicas (SIMÕES, 1999, p. 243). 3.5 Hera Os extratos são obtidos das folhas de Hede- ra helix (Araliaceae), que contêm saponinas triterpênicas (a-hederina e hederacosídeo), rutina, emetina, carotenoides e α-tocoferol, entre outras substâncias. Tem ação anti-in- flamatória, cicatrizante, antivaricosa e anti- celulítica. É usada em formulações de anti- varicosos tópicos e de produtos cosméticos e cosmiátricos para celulite (SIMÕES, 1999, p. 245). 3.6 Calêndula É obtida das flores de Calendula officinalis (Asteraceae), ricas em flavonoides, triter- penos, taninos, ácido salicílico, esqualeno e óleos essenciais, entre outros compostos. Tem ação anti-inflamatória, antiséptica, adstringente, cicatrizante, emoliente e ati- vadora da circulação. Em cosmiatria, o seu uso é indicado em formulações antirrugas, em formulações para atenuação de cicatri- zes e em produtos para pessoas com pele sensível (SIMÕES, 1999, p. 244). Unidade 2 • Fitoterápicos95/219 3.7 Camomila “Os extratos são obtidos dos capítulos flo- rais de Matricaria chamomila (Compositae), contêm azuleno, α-bisabolol, cumarinas (umbeliferona e metilumbeliferona) e fla- vonoides (apigenol, luteolina e quercetina), entre outras substâncias” (SIMÕES, 1999, p. 245). A camomila pode ser usada em for- mulações de uso interno, porque tem ação antiespasmódica, carminativa e calmante suave. Os extratos de camomila também podem ser utilizados em produtos derma- tológicos e cosméticos por sua ação tópica anti-inflamatória, antialérgica, desconges- tionante e refrescante. 3.8 Óleo de melaleuca “É obtido das folhas e dos ramos terminais de uma árvore australiana, Melaleuca alte- mifolia (Myrtaceae), conhecida por tea tree. Contém α-pineno, terpenos, limoneno e ci- neol, entre outros constituintes” (SIMÕES, 1999). Tem ação antifúngica,antisséptica e cicatrizante, não apresenta propriedades irritantes ou corrosivas para os tecidos. 3.9 Maçã e pepino Utilizados na cosmética como antirrugas. As rugas são um fenômeno natural em ra- zão do envelhecimento da pele e da perda da elasticidade da epiderme. Seu apareci- mento pode ser retardado associando-se fi- tocosméticos com dieta à base de produtos naturais, sono restaurador e vida regrada. Unidade 2 • Fitoterápicos96/219 3.10 Cenoura “O óleo é obtido por extração de Daucus ca- rota (Umbelliferae), rico em β-caroteno. Sua ação deve-se principalmente ao fato de conter elementos provitamina A” (SIMÕES, 1999, p. 245). Seu princípio ativo é rapida- mente absorvido pela pele e tem ação tópi- ca emoliente e calmante, além disso, é fre- quentemente usado em bronzeadores. 3.11 Urucum “Do urucum (Bixa orelIana, Bixaceae), obtém- -se um pó do revestimento das sementes, usado como corante de alimentos (mantei- ga, margarina, queijos e massas)” (SIMÕES, 1999, p. 241). Dissolvido em óleos, é atual- mente usado em formulações de bronzea- dores, já que seu pigmento serve como filtro solar para a porção ultravioleta, mais insa- lubre à pele humana. 3.12 Copaíba “É utilizado o óleo-resina extraído do cau- le de Copaifera sp. (Leguminoseae). Contém ácido copaíbico, ésteres, resinoides, óleo essencial: β-cariofileno, α-humuleno, β-bi- saboleno e sesquiterpenos” (SIMÕES, 1999, p. 243). Sua utilização é cicatrizante e antis- séptica, além de anti-inflamatória, expec- torante, diurética e emoliente. Unidade 2 • Fitoterápicos97/219 3.13 Mutamba As cascas de Guazuma ulmifolia (Sterculiace- ae) são utilizadas por conterem alcaloides isoquinólicos, saponinas triterpênicas, tani- nos e amido. A mutamba utilizada como ci- catrizante de feridas e úlceras, dermatoses, bronquite, asma, tosse, pneumonia e outras afecções do aparelho respiratório. Também é usada em tratamentos de queda de cabe- lo, caspa, seborreia e afecções parasitárias do couro cabeludo (SIMÕES, 1999). 3.14 Jojoba Seu óleo é extraído das sementes de Sim- mondsia ehinensis e Simmondsia ealiforniea (Buxaceae). Diversamente dos outros óleos vegetais e animais, não é composto de tri- glicérides, e sim de ésteres de ácidos graxos com álcoois graxos, razão pela qual é co- nhecida como “cera líquida”. Tem aprovei- tamento em produtos cosméticos e cosmi- átricos, nas concentrações de 1 a 5%, como emoliente, principalmente para pessoas com pele seca e sensível. Pode ser usado em cosméticos como matéria-prima substituta do espermacete; como emoliente e sobre- -engordurante para pele seca e sensível; como condicionador para cabelos secos, entre outros usos. Na indústria farmacêuti- ca, é utilizado como agente antiespumante no processo fermentativo da produção de alguns antibióticos (SIMÕES, 1999). Unidade 2 • Fitoterápicos98/219 3.15 Óleo de amêndoas Obtido das sementes de Prunus dulcis (Ro- saceae), tem propriedades nutritivas, hidra- tantes e emolientes. É empregado em cos- méticos já há muito tempo; em cosmiatria, é especialmente utilizado nos cremes e lo- ções para prevenção de estrias gravídicas (SIMÕES, 1999). 3.16 Óleo de macadâmia Obtido das nozes de Macadamia ternifolia, é a maior fonte vegetal de ácido palmitolei- co (25%) e rico em ácido oleico (40%). Tem ação emoliente e hidratante. É usado em produtos cosméticos e cosmiátricos para massagem e antienvelhecimento. Também utilizado na forma de microcápsulas de ágar com óleo de macadâmia, nas concentrações de 5 a 10% (SIMÕES, 1999, p. 247). 3.17 Andiroba É utilizado o óleo extraído das sementes de Carapa guianensis (Meliaceae), que contém ácido mirístico, ácidos palmítico, oleico e li- noleico. Atua como suavizante contra pica- das de insetos e em feridas. 3.18 Citronela É utilizado o óleo essencial de Cymbopogon sp. (Gramineae). Contém citronelal, citral, geranial, neral, isovaleraldeído, decilalde- ído, cetonas, álcoois como geraniol, nerol, metileptenol, farnesol, terpenos, como de- penteno e mirceno. Contém, ainda, triter- Unidade 2 • Fitoterápicos99/219 penoides (cimbopogonol e cimbopagona). O óleo é usado contra picadas de insetos e feridas” (SIMÕES, 1999). 3.19 Chá verde Vários produtos cosméticos contêm o ex- trato de chá verde, que apresenta proprie- dades anti-inflamatórias, antioxidantes que evitam a ação de radicais livres, antienve- lhecimento. Proporciona ao organismo um aumento no metabolismo e tem ação anti- cancerígena. Para saber mais Óleos essenciais e óleos resinas são substâncias vegetais que acompanham a fração oleosa. Em- bora se assemelhem ao material lipídico, dife- renciam-se destes em vários aspectos: são des- tiláveis com vapor d’água, dotados de aroma e apresentam estrutura química bem diferente. São extraídos de várias partes da planta: caule, folhas e flores. Os principais exemplos são: óleo de copa- íba, óleo de bétula e óleo de melaleuca. Unidade 2 • Fitoterápicos100/219 Link No próximo link, você encontrará um artigo cien- tífico sobre os benefícios do óleo de melaleuca no tratamento da acne Grau III – uma revisão da literatura. Disponível em: <http://periodicos. unincor.br/index.php/revistaunincor/arti- cle/view/2008>. Acesso em: 13 dez. 2017. Unidade 2 • Fitoterápicos101/219 Glossário FDA: sigla para Food and Drug Administration, que significa Administração de Comidas e Remé- dios. FDA é um órgão do governo dos Estados Unidos, criado em 1862 com a função de controlar os alimentos e medicamentos, por meio de diversos testes e pesquisas. Fitoterápico ou fitomedicamento: produto medicamentoso que contém, na sua formulação, um ou mais produtos derivados de vegetais em sua forma bruta, ou seja, extratos, tinturas ou pó, como princípio ativo. Princípio ativo: substância ou conjunto de substâncias quimicamente definidas responsáveis pela ação farmacológica das drogas vegetais. Questão reflexão ? para 102/219 Prezado aluno, Conforme visto, a fitocosmética está crescendo mundial- mente a cada dia. Muitas pessoas buscam tratamentos “mais naturais”. Dessa forma, é de grande importância sua compreensão e assimilação da importância da fito- terapia na cosmetologia, pois, com essa grande ascensão de mercado, produtos novos surgem diariamente. Para essa atividade de reflexão, a proposta é que você escolha cinco fitocosméticos de uso na cosmetologia e na cos- miatria e realize uma breve revisão bibliográfica de cada um deles, nas quais deve conter: nome, princípios ativos encontrados e sua ação terapêutica. Bom trabalho! 103/219 Considerações Finais • Vimos que fitoterapia é o termo utilizado para se referir à terapêutica que utiliza os medicamentos cujos princípios ativos são advindos de plantas ou derivados vegetais e que têm a sua origem no conhecimento e no uso po- pular (DE PASQUALE, 1984). • A fitocosmética é o segmento da ciência cosmetológica que se dedica ao estudo e à aplicação dos extratos e princípios ativos obtidos dos vegetais em proveito de higiene, estética, correção e manutenção de um estado normal e sadio da pele. • Muitos fitocosméticos surgem no mercado diariamente, e é de suma im- portância estar sempre se atualizando. Unidade 2 • Fitoterápicos104/219 Referências ALVES, A. C. S. et al. Aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e terapêuticos do Hypericum perforatum L. Rev. Bras. Plantas Med. Botucatu, v. 16, n. 3, p. 593-606, 2014. BACCOLI, B. C.; REIS, D. A. dos; SCIANI, M. D.; CARVALHO, A. A. Os benefícios do óleo de melaleuca na acne grau II e III: uma revisão de literatura. Revista da Universidade Vale do Rio Verde. Três Corações, v. 13, n. 1, p. 536-547, 2015. Disponível em: <http://periodicos.unincor.br/index.php/ revistaunincor/article/view/2008>. Acesso em: 13 dez. 2017. BAUMANN, L. Dermatologia cosmética – princípios e práticas. 1. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. DE PASQUALE, A. Pharmacognosy: oldest modern science. Journal of Ethnopharmacology. [S.l.], v. 11, p. 1-6, 1984. FITOTERAPIAe terapias complementares. Disponível em: <www.fitoterapia.com.br>. Acesso em: 19 set. 2017. HERNANDEZ, M; MERCIER-FRESNEL, M. M. Manual de cosmetologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Revin- ter, 1999. REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. 8. ed. São Paulo: Editora Senac, 2004. http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/view/2008 http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/view/2008 http://www.fitoterapia.com.br Unidade 2 • Fitoterápicos105/219 SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacogonosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999. STOCCO, L. S.; SILVA, S. F.; FARIA, L. G. Permeação cutânea. In: Simpósio de Assistência Farmacêu- tica, II, 2014, São Paulo. Resumos... São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2014. Disponí- vel em: <http://www.saocamilo-sp.br/novo/eventos-noticias/saf/resumo-23.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017. 106/219 1. Óleo que é obtido das sementes de Prunus dulcis (Rosaceae) e apresenta propriedades nutritiva, hidratante e emoliente. Há muito tempo, é empregado em cosméticos, tendo especial aplicação em cosmiatria nos cremes e loções para prevenção de estrias gravídicas. A afirmação se refere ao: a) Óleo de rícino. b) Óleo de amêndoas. c) Óleo de papoula. d) Óleo de soja. e) Óleo de melaleuca. Questão 1 107/219 2. Os extratos da hamamélis são obtidos da casca e das folhas de Hama- melis virginiana (Hamamelidaceae). Contêm taninos, saponinas, flavonoides (quercetol, campferol, glicosídeos flavonídicos do campferol), mucilagens e resinas, entre outras substâncias. A hamamélis apresenta inúmeras ações em produtos cosméticos, porém a principal delas é a ação: Questão 2 a) Hidratante. b) Calmante. c) Adstringente. d) Esfoliante. e) Bronzeadora. 108/219 3. A jojoba tem aplicação em produtos cosméticos e cosmiátricos, nas con- centrações de 1 a 5%, como emoliente, principalmente para pessoas com pele seca e sensível. Também é usada em cosméticos, como matéria-pri- ma substituta do espermacete; como emoliente e sobre-engordurante para pele seca e sensível; e também pode ser usada como agente condicionador, principalmente em cabelos: Questão 3 a) Secos. b) Oleosos. c) Mistos. d) Sensíveis. e) Desidratados. 109/219 4. O fitocosmético que, quando dissolvido em óleos, é atualmente usado em formulações de bronzeadores, uma vez que o principal pigmento carotenoídi- co que ele contém, a bixina, serve como filtro solar para a porção ultravioleta, mais deletéria à pele humana em exposições demoradas ao sol, é o(a): Questão 4 a) Andiroba. b) Castanha-da-índia. c) Alantoína. d) Urucum. e) Melaleuca. 110/219 5. Hoje em dia, o mercado de fitoterapia vem crescendo muito mundialmen- te. A busca por produtos naturais para tratamentos de estética e beleza tem se alavancado muito rápido. As rugas são sinais de envelhecimento, porém é possível minimizá-las com o uso de qual dos fitocosméticos citados a se- guir? Questão 5 a) Laranja. b) Limão. c) Pepino. d) Andiroba. e) Citronela. 111/219 Gabarito 1. Resposta: B. O óleo de amêndoas é empregado em cos- méticos já há muito tempo; em cosmiatria, é especialmente utilizado nos cremes e lo- ções para prevenção de estrias gravídicas. 2. Resposta: C. O extrato e a água de hamamélis são indica- dos em produtos cosméticos e cosmiátricos para pessoas com pele mista e oleosa, bem como em loções adstringentes e tônicas. 3. Resposta: A. O Óleo de Jojoba é emoliente, umectante e cicatrizante. É doador de brilho aos cabelos, restaurador, estimulante do crescimento e indicado no tratamento de caspa. É extre- mamente indicado para tratar cabelos se- cos. 4. Resposta: D. O urucum é atualmente usado em formula- ções de bronzeadores, dissolvido em óleo, já que seu pigmento serve como filtro solar para a porção ultravioleta, mais insalubre à pele humana (SIMÕES, 1999). 5. Resposta: C. O pepino e a maçã são utilizados na cos- mética como antirrugas, que podem ter seu aparecimento retardado, associando-se fi- tocosméticos com dieta à base de produtos naturais, sono restaurador e vida regrada. 112/219 Unidade 5 Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos Objetivos 1. Identificar, caracterizar e reconhecer os cosmecêuticos. 2. Identificar, caracterizar e reconhecer os nutricosméticos. 3. Identificar, reconhecer e caracterizar os neurocosméticos. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos113/219 Introdução A palavra cosmético deriva do grego Kos- mein, que significa organizar, adornar, glo- rificar, homenagear ou ornamentar har- moniosamente. Desde a antiguidade, os cosméticos já são muito utilizados para o tratamento do corpo. Naquela época, utili- zavam-se óleos, fragrâncias, sabões e eram feitas pinturas no rosto e corpo utilizando produtos vegetais. A utilização dos cosméticos é tão antiga quanto a própria civilização. Desde os tem- pos mais remotos, o homem se preocupou com o tratamento de seu corpo. O uso de bálsamos, óleos, fragrâncias, sabões e até mesmo pinturas de rosto e corpo, por meio de substâncias vegetais e minerais, faziam parte dos hábitos dos povos antigos (GUIR- RO; GUIRRO, 2004). Segundo a Anvisa (BRASIL, 2005), que es- tabelece normas para esses produtos, cos- méticos são substâncias ou preparados que se destinam a serem utilizados em contato com as partes superficiais do corpo huma- no (epiderme, anexos cutâneos, como pelos e unhas, lábios e órgãos genitais externos), ou com os dentes e mucosas bucais, com a finalidade de limpar, perfumar ou proteger, para mantê-los em bom estado, modificar seu aspecto ou corrigir os odores corporais, sem ação ou fins terapêuticos. A indústria química tem se especializado, cada vez mais notadamente, no setor de cosméticos, em que o conceito de beleza vem se ampliando pela conjugação e utili- zação de princípios ativos saudáveis ao cor- po, bem-estar físico, psicológico e espiritual Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos114/219 das pessoas. Em resumo, cosmetologia é a parte da ci- ência que trata da preparação, estocagem e aplicação de produtos cosméticos, bem como das regras que conduzem essas ati- vidades, sejam elas de natureza física, quí- mica, biológica ou microbiológica. Outro termo em vigor atualmente são os cosme- cêuticos, que são intermediários entre os cosméticos e os medicamentos. 1. Cosmecêuticos Cosméticos com propriedades farmacoló- gicas não só para embelezar, mas para tra- tar problemas específicos, utilizados com a finalidade cosmética. Sua importância está relacionada à maior atratividade física que uma aparência cutânea melhorada pode trazer, bem como aos benefícios psicológi- cos pronunciados. A aparência afeta as in- terações sociais de um indivíduo, seu status no trabalho, sua autoimagem e apresenta reflexos até mesmo na sua saúde e longe- vidade. Tratamentos tópicos (cosmecêuticos) para esse fim têm a grande vantagem de não se- rem invasivos, portanto são o tratamento de escolha da maioria dos pacientes. Para compreendermos melhor a ação desses cosmecêuticos, vale ressaltar a diferenças entre cosméticos e medicamentos: • Cosméticos: produtos aplicados no corpo humano para promover limpe- za, beleza ou alterar a aparência, como Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos115/219 hidratantes, perfumes, maquiagem, esmaltes, xampus, tinturas capilares, cremes dentais, desodorantes, etc. Não necessitam de registro no FDA. • Medicamentos: produtos utilizados com a intenção de diagnóstico, cura, alívio, tratamento ou prevenção de doenças, sujeitos a regulamentações mais rigorosas e estudos que demons- trem segurança, eficácia e que os be- nefícios superam os riscos. Os cosmecêuticos têm várias característi- cas de extrema importância: • Utilizados sobre a pele, agem por meio de ativos que alteram a biologia da parte cutânea. • Melhoram o aspectoda pele, pois con- têm os ativos para manter a pele sau- dável. • Os cosmecêuticos não necessitam de revisão pela Food and Drug Administra- tion (FDA), e a palavra cosmecêutico não está reconhecida pelo decreto fe- deral Food, Drug and Cosmetic. • São ativos testados quanto à questão da segurança, mas não é obrigatório determinar todos os ativos que cau- sam benefícios. • O fabricante dos cosmecêuticos não pode alegar que ervas, vitaminas, ex- tratos botânicos penetrem além das camadas superficiais da pele ou ainda que tenham efeitos de medicamentos. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos116/219 • Quando se fala em rotulagem, não é necessária a divisão de ativos por classes. Hoje em dia, existem vários produtos clas- sificados como cosmecêuticos, entre eles, podemos citar: os retinoides, alguns hi- dratantes, os alfa-hidroxiácidos (AHA’s), os antioxidantes, os extratos botânicos, os extratos minerais, os vasodilatoadores, os cosméticos usados contra o fotoenvelheci- mento, os fotoprotetores, os peptídeos etc. Para saber mais O profundo embasamento científico dado à in- dústria cosmética após os anos 1930 possibilitou a descoberta de vários princípios ativos e, conse- quentemente, o desenvolvimento de uma gama incontável de novos produtos. Vale ressaltar a contribuição de materiais como conservantes, estabilizantes e tensoativos, que têm proporcio- nado o desenvolvimento de novos produtos cos- méticos. Link Acesse o link para obter mais informações a res- peito do panorama do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Disponível em: <ht- tps://www.abihpec.org.br/wp-content/ uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO- -SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf>. Acesso em: 13 dez. 2017. https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos117/219 Vamos conhecer um pouco mais sobre os hidratantes, os retinoides, os hidroxiácidos e os antioxidantes que têm função de cosmecêuticos. 1.1 Hidratantes A barreira de permeabilidade cutânea está localizada na pele e é dividida pelas cama- das lamelares, que apresentam colesterol, ácidos graxos livres e ceramidas. As fórmu- las que contêm lipídeos muito semelhan- tes aos da pele auxiliam em uma cascata de eventos fisiológicos nos queratinócitos, normalizando a pele danificada. A água, quando aplicada à pele, pode causar a eli- minação das citocinas, que são moléculas pró-inflamatórias, alterando, dessa forma, a estrutura da pele sob algumas condições. Hidratantes podem ser chamados cosme- cêuticos quando deixam a pele mais sua- ve, flexível e aumentam sua hidratação, por exemplo, aqueles com ácidos graxos essen- ciais. 1.2 Retinoides Derivados da vitamina A, atuam como antio- xidantes e ativam genes e proteínas. Quan- do apresentam a função de antioxidantes, removem os radicais peroxila, tiram o oxi- gênio e são sensibilizadores. Têm função de hormônios quando ativam genes nucleares. Os retinoides inibem a peroxidação dos lipí- deos, aumentam os níveis de vitamina E na pele e ativam alguns fatores de crescimen- Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos118/219 to. Dessa forma, estimulam mitoses e dife- renciação celular. Ainda na pele, reduzem rugas, clareiam manchas hiperpigmentadas e tornam a superfície dérmica mais suave. 1.3 Hidroxiácidos Os principais exemplos são: ácido glicólico, ácido lático, ácido cítrico, ácido mandélico, ácido málico e ácido tartárico. A principal função desses produtos é mini- mizar os sinais de envelhecimento cutâneo, pois aumentam o desprendimento dérmi- co, melhoram a ação das fibras de elastina e colágeno, fazendo com que a pele pareça mais suave e mais uniforme. Quando se utiliza esses produtos, é acon- selhável a aplicação de protetores solares, pois esses ativos têm efeitos ácidos sobre a pele. 1.4 Antioxidantes Responsáveis pela proteção da pele, que continuamente fica exposta a radiação UV, medicamentos, calor/frio e oxigênio reati- vo, como a vitamina C. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos119/219 2. Nutricosméticos e Nutracêuti- cos Os nutricosméticos, também chamados nutracêuticos, são conhecidos pelo concei- to de “beleza de fora para dentro”, ou seja, o uso de dieta e de alguns suplementos via oral para promoção de benefícios na apa- rência física (DRAELOS, 2010). Nas últimas décadas, a expectativa de vida da população tem aumentado, principal- mente pela evolução de cuidados médicos e alimentares das pessoas. Segundo o Ins- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa brasileira está em alto crescimento. Para saber mais O nome cosmecêutico descreve os cosméticos cujos ingredientes são bioativos, ou seja, sua efi- cácia foi medida e provada por meio de vários estudos. Esses produtos têm propriedades tera- pêuticas, de combate a doenças ou problemas estéticos. Utilizam ativos cuja interação com o organismo é maior (pois são absorvidos pelas células, enquanto que os cosméticos são apenas permeáveis) e comprovada e podem ser prescri- tos em formulações médicas individuais. Servem como uma ponte entre os produtos de cuidados pessoais e farmacêuticos. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos120/219 Entretanto, o que fica evidente é que hábi- tos de vida estão confirmando ou não essas estimativas, uma vez que, a cada dia que passa, a exposição ao sol é mais intensa e o estresse imposto pelo mundo moderno provoca alterações nas estruturas celulares, que, somadas aos desequilíbrios da matriz extracelular, aceleram o envelhecimento e geram um organismo debilitado que, com certeza, não chegará à expectativa de vida estimada. Um estilo de vida mais adequado, assim como uma alimentação focada nas necessi- dades de cada indivíduo, podem ser conside- rados ações fundamentais para a qualidade de vida aceitável. Alimentação frequente, rica em vitaminas, sais minerais, proteínas, ácidos graxos e carboidratos é mandatória para suprir as reais necessidades de cada pessoa. É claro que não podemos esquecer os prebióticos e probióticos, considerados alimentos auxiliares na manutenção das funções intestinais, assim como na absor- ção de micronutrientes dedicados ao bom funcionamento das atividades bioquímicas do organismo. Link Leia o artigo que fala sobre os benefícios dos neurocosméticos na terceira idade. Disponí- vel em: <http://www3.sp.senac.br/hotsi- tes/blogs/InterfacEHS/wp-content/uplo- ads/2016/12/4_v112.pdf>. Acesso em: 21 out. 2017. http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2016/12/4_v112.pdf http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2016/12/4_v112.pdf http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2016/12/4_v112.pdf Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos121/219 A biodiversidade vegetal trabalha tanto na manutenção como na recuperação da saú- de, por seus efeitos benéficos no equilíbrio das funções bioquímicas e fisiológicas do organismo humano. A cada dia, descobri- mos novas moléculas, em produtos de ori- gem vegetal, que demonstram benefícios funcionais no organismo, mas precisamos ter paciência, pois as pesquisas, em muitos casos, não são conclusivas estatisticamen- te. Por outro lado, a legislação brasileira deve acompanhar essa evolução de forma rápida e globalizada. Sabe-se que o aspecto envelhecido da pele parece ocorrer com o decréscimo da síntese de colágeno e/ou com o aumento da pro- teólise; em contrapartida, uma formulação dietética contendocolágeno é segura e efi- caz para o tratamento do envelhecimento facial em mulheres. Já os polifenóis do chá verde têm proprie- dades anti-inflamatórias e anticarcinogê- nicas, efeitos que se correlacionam com as propriedades antioxidantes destes produ- tos. As vitaminas são essenciais para o cres- cimento, o desenvolvimento e a manuten- ção da saúde e são obtidas de fonte dieté- tica, pois não são produzidas pelos tecidos. Quanto aos minerais, os mais utilizados em suplementos são: magnésio, cálcio, man- ganês, potássio, ferro, zinco, selênio, cobre, cromo e vanádio. Os aminoácidos conside- rados essenciais são: valina, leucina, isoleu- cina, lisina, histidina, fenilalanina, triptofa- no, treonina e metionina. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos122/219 Os ácidos graxos poli-insaturados são ômega-3 e ômega-6 e estão presentes em determinados alimentos. Eles diminuem o nível do colesterol no sangue e são benéfi- cos contra os processos de arteriosclerose e trombose. 3 Neurocosméticos As pesquisas mais recentes na área de cos- mética demonstraram o papel das endorfi- nas na vitalidade, beleza e radiância da pele. Conhecidas como “hormônios da felicida- de”, tratam-se de moléculas produzidas Para saber mais Com o passar dos anos, a aplicação dos alimen- tos na promoção da saúde do organismo tem sido cada vez mais frequente, o que levou os órgãos reguladores internacionais a desenvolverem re- gras quanto aos benefícios propostos nas rotula- gens dos produtos alimentícios. Link Para saber mais sobre a ação dos nutricosméticos em produtos cosméticos, leia o artigo científico O benefício do uso de nutricosméticos em tratamentos estéticos associados ao uso de produtos cosméti- cos. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/ pdf/Amanda%20Cabral,%20Sara%20Benatti. pdf. > Acesso em: 21 out. 2017. http://siaibib01.univali.br/pdf/Amanda Cabral, Sara Benatti.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Amanda Cabral, Sara Benatti.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Amanda Cabral, Sara Benatti.pdf Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos123/219 pelo organismo (em especial pela hipófise e pelo hipotálamo), cuja ação está relacionada com a modulação do humor, com analgesia endógena, a melhora da performance geral do organismo e a sensação de bem-estar. A produção de endorfinas ocorre mediante estímulos endógenos ou exógenos. Destes últimos, os mais conhecidos são a ingestão de chocolate, a prática de exercícios físicos e a exposição ao sol. São comuns os comentários de que uma pessoa feliz apresenta boa aparência, pele viçosa e radiante. E esse fato é um dos fun- damentos que levaram à pesquisa sobre o papel das endorfinas na pele. Os resultados de estudos recentes sobre esse assunto são surpreendentes e podem ajudar a explicar por que a pele fica tão bonita quando es- tamos felizes: a pele tem receptores de en- dorfinas, chamados receptores opioides; as endorfinas interagem com esses receptores e exercem importantes efeitos, são capazes de estimular a proliferação de fibroblastos, promover a migração de queratinócitos e acalmar a pele, melhorando sua aparência como um todo. As pesquisas sobre o papel das endorfinas na pele estimularam o surgimento de um novo conceito, uma nova tendência na der- matologia e cosmetologia: a neurocosméti- ca. Trata-se da evolução da era da cosméti- ca sensorial. Ela é baseada na aplicação de substâncias que atuam no organismo de forma semelhante aos neuromediadores endógenos, exercendo efeitos benéficos Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos124/219 para a saúde e a beleza da pele, dos cabelos e dos anexos cutâneos. A neurocosmética explora os aspectos fisiológicos da felicida- de, ou seja, pesquisa e busca amenizar os efeitos positivos que o estado de felicidade e bem-estar causa na pele e nas estruturas relacionadas. O fundamento desse novo conceito está na observação inegável de que “se você se sente bem, você tem uma boa aparência e vice-versa”. Conhecidos os efeitos benéficos das endor- finas sobre a pele, logo se imaginaram as aplicações que essas substâncias podem ter em produtos dermocosméticos. Porém, as legislações sanitárias europeias e brasilei- ras não permitem o emprego de hormônios em cosméticos, dessa forma, a aplicação de endorfinas nesse tipo de produto torna-se inviável. Como se sabe, a pele é ricamente inerva- da. Portanto, as fibras nervosas estão inti- mamente ligadas com as células cutâneas (queratinócitos, células imunes, fibroblas- tos, adipócitos etc.), contribuindo para a homeostase do tecido. Muitas fibras sen- sitivas se encontram na camada superficial da epiderme. Assim, os ingredientes cos- méticos podem acessar facilmente o siste- ma nervoso sensorial. Essa camada é a que sofre maior exposição ao estresse ambien- tal, como a poluição, a radiação ultraviole- ta, o vento, o calor ou o frio. Assim, a homeostase é mantida por meio de processos biológicos: tanto as células ner- vosas produzem mediadores, que atingem alvos específicos na superfície das células cutâneas, quanto os mediadores produzi- Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos125/219 dos por elas regulam as funções metabóli- cas das células nervosas. Já os queratinócitos da camada basal pro- duzem NGF (Nerve Growth Factor) ou fator de crescimento neuronal, responsável pela so- brevivência e bom funcionamento da célula neuronal. O NGF é capaz de proteger tam- bém queratinócitos e melanócitos da apop- tose induzida pela radiação ultravioleta. Os fatores endógenos e exógenos causam danos irreparáveis ao sistema nervoso cutâ- neo. Assim, quando mais cedo forem inicia- das a proteção e a estimulação, por mais tempo o organismo continuará em equilí- brio. O NGF é responsável pela manutenção da resposta sensorial, ele participa dos pro- cessos inflamatórios por regulação da sín- tese de neuropeptídios pós-inflamatórios. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos126/219 Glossário Queratinócitos: Células que produzem queratina, situadas na epiderme. Endorfinas: hormônios neuronais produzidos pela glândula hipófise, responsáveis pelas sensa- ções de bem-estar. Retinoides: derivados da vitamina A, atuam como antioxidantes e ativam genes e proteínas. Questão reflexão ? para 127/219 Prezado aluno, Conforme visto, os cosmecêuticos, nutricosméticos e neurocosméticos são consequências de avanços tecno- lógicos na área da cosmetologia que muito têm auxilia- do a alavancar as pesquisas cosmiátricas. Dessa forma, produtos e inovações cosmetológicos surgem diaria- mente. Pesquise mais sobre os cosmecêuticos e elabore um relatório com as principais ações e usos tópicos des- ses produtos. Bom trabalho! 128/219 Considerações Finais • Cosmecêuticos são cosméticos com propriedades farmacológicas não só para embelezar, mas para tratar problemas específicos ou medicamentos utilizados com a finalidade cosmética. • Os nutricosméticos, também chamados nutracêuticos, são conhecidos pelo conceito de “beleza de fora para dentro”, ou seja, o uso de dieta e alguns suplementos orais para promoção de benefícios na aparência física. • Os neurocosméticos são conhecidos como “hormônios da felicidade”, tra- tam-se de moléculas produzidas pelo organismo, cuja ação está relaciona- da com a modulação do humor, analgesia endógena, a melhora da perfor- mance geral do organismo e com a sensação de bem-estar. • A homeostase é mantida por meio de processos biológicos: tanto as células nervosas produzem mediadores que atingem alvos específicos na superfície das células cutâneas, quanto os mediadores produzidos pelas células cutâ- neas regulam as funções metabólicas das células nervosas. Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos129/219 Referências ASSOCIAÇÃO Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC. Panorama do setor de higiene pessoal, perfumariae cosméticos. São Paulo, 2014. Disponível em: <https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR- -PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf>. Acesso em: 13 dez. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 211, de 14 de julho de 2005. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/legislacao/?inheritRedirect=true#/ visualizar/27564>. Acesso em: 22 dez. 2017. CABRAL, A. C.; BENATTI, S.; FRANÇA, A. J. von B. du V. O benefício do uso de nutricosméticos em tratamentos estéticos associados ao uso de produtos cosméticos. Disponível em: <http://siai- bib01.univali.br/pdf/Amanda%20Cabral,%20Sara%20Benatti.pdf.> Acesso em: 21 out. 2017. DRAELOS, Z. D. Nutrition and enhancing youthful-appearing skin. Clinics in Dermatology. 28, 400-408, 2010. GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia dermatofuncional: fundamentos, recursos e pato- logias. 3. ed. Barueri: Manole, 2004. https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf https://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2014/04/2014-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-07-MAI.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Amanda Cabral, Sara Benatti.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Amanda Cabral, Sara Benatti.pdf Unidade 3 • Cosmecêuticos, Nutricosméticos e Neurocosméticos130/219 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeções e estimativas da população do Bra- sil e das Unidades da Federação. Disponível em: <www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 13 dez. 2017. IWAMOTO, J. D. R. Neurocosméticos: a cosmetologia a favor do bem-estar na terceira idade. In- terfacRHS – Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade. São Paulo, v. 11, n. 2, dez. 2016. LAWRENSE, N. Dermatologic Clinics, 18 (1), 99-113, jan. 2000. MAIO, M. Tratado de medicina estética. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011. p. 1.405-1.406, vol. III. 11 RABE, J. H et al. Tissue-specific accelerated aging in nucleotide excision repair deficiency, J AM Acad Dermatol, (55), 1-19, abr. 2006. REIS, A. D. F., SILVESTRIM, M. B.; SILVA, D. da. Nanotecnologia aplicada a cosméticos: avaliação da rotulagem de cosméticos com nanotecnologia. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/ Anne%20Desirre%20Reis,%20Marcela%20Silvestrim.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2017. SOUZA, V. M Ativos dermatológicos, volumes 1 a 4: guia de ativos dermatológicos utilizados na farmácia de manipulação para médicos e farmacêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2009. p. 381-382. http://siaibib01.univali.br/pdf/Anne Desirre Reis, Marcela Silvestrim.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Anne Desirre Reis, Marcela Silvestrim.pdf 131/219 1. Os nutricosméticos são um avanço tecnológico na área da cosmetologia, e seus estudos estão gerando muitos resultados positivos na manutenção da beleza. Dentre as alternativas a seguir, qual define melhor os estudos na área de nutricosméticos? a) a) Estudo de moléculas sensoriais que interagem com a pele, modificando seu aspecto. b) b) Estudo de medicamentos que são tratados como cosméticos. c) c) Estudo da encapsulação de moléculas ativas para que melhor sejam absorvidas pelo teci- do dérmico. d) d) Estudo dos alimentos e dos mecanismos pelos quais o organismo os utiliza para promo- ção de benefícios na aparência física. e) e) Estudo de aspectos fisiológicos da pele e sua interação com os princípios ativos à base de vitamina A. Questão 1 132/219 2. Em relação aos cosmecêuticos, uma das vantagens atribuídas a eles, em sua aplicação, é o fato de: a) Apresentarem baixa permeabilidade cutânea. b) Não serem comedogênicos. c) Não serem invasivos. d) Não serem abrasivos. e) Apresentarem muitas moléculas de água em sua formulação. Questão 2 133/219 3. Hoje em dia, muitas tecnologias cosméticas vêm surgindo por meio de pesquisas e análises científicas, tudo para melhorar a ação dos princípios ativos sobre a pele. A nanotecnologia surgiu no Brasil na década de 1980 e é uma inovação de extrema importância para a indústria cosmética brasilei- ra, porém, e como tudo tem suas desvantagens, essa tecnologia ainda tem __________________ para as indústrias farmacêuticas. Complete corretamente a sentença com a alternativa correta: a) Seu custo muito elevado. b) Moléculas abrasivas para a pele. c) Falta de identificação de alguns ativos. d) Moléculas que causam degradação celular. e) Ativos desconhecidos no mercado. Questão 3 134/219 4. A _______________________ é a evolução da era da cosmética sen- sorial. Ela é baseada na aplicação de substâncias que atuam no organismo de forma semelhante aos ________________, exercendo efeitos benéfi- cos para a saúde e beleza da pele, cabelos e anexos cutâneos. Complete corretamente os espaços com a alternativa correta. a) Cosmecêutica, mediadores exógenos. b) Neurocosmética, neuromediadores endógenos. c) Nutricosmética, neurotransmissores. d) Nanocosmética, substâncias lipossolúveis. e) Nutricosmética, neuromediadores endógenos. Questão 4 135/219 5. Os retinoides são considerados cosmecêuticos. Sua principal função é minimizar os sinais de envelhecimento cutâneo, pois aumentam o despren- dimento dérmico, melhoram a ação das fibras de elastina e colágeno, dimi- nuindo os sinais de envelhecimento. A pele parece mais suave e mais unifor- me. Porém, quando se utiliza desses produtos, é aconselhável a aplicação de qual tipo de cosmético? a) Hidratantes. b) Antioxidantes. c) Quelantes. d) Protetores solares. e) Umectantes. Questão 5 136/219 Gabarito 1. Resposta: D. Os nutricosméticos, também chamados nu- tracêuticos, são conhecidos pelo conceito de “beleza de fora para dentro”, ou seja, o uso de dieta e de alguns suplementos orais para promoção de benefícios na aparência física. 2. Resposta: C. Tratamentos tópicos (cosmecêuticos) para esse fim têm a grande vantagem de não se- rem invasivos, portanto são o tratamento de escolha da maioria dos pacientes. 3. Resposta: A. Hoje em dia, muitas tecnologias cosméti- cas vêm surgindo por meio de pesquisas e análises científicas, tudo para melhorar a ação dos princípios ativos sobre a pele. A nanotecnologia surgiu no Brasil na década de 1980. É uma inovação de extrema impor- tância para a indústria cosmética brasileira, porém, e como tudo tem suas desvantagens, essa tecnologia ainda tem seu custo muito elevado para as indústrias farmacêuticas. 137/219 Gabarito 4. Resposta: B. A neurocosmética é a evolução da era da cosmética sensorial. Ela é baseada na apli- cação de substâncias que atuam no orga- nismo de forma semelhante aos neurome- diadores endógenos, exercendo efeitos be- néficos para a saúde e beleza da pele, cabe- los e anexos cutâneos. 5. Resposta: D. De protetores solares, pois esses ativos têm efeitos ácidos sobre a pele e podem causar queimaduras e efeito rebote, caso o prote- tor não seja utilizado. 138/219 Unidade 6 Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corpo- rais e faciais. Mecanismo de ação. Objetivos 1. Conhecer os ativos cosméticos utili- zados na prevenção e correção ou tra- tamento de acne. 2. Conhecer os ativos cosméticos utili- zados na prevenção e correção do an- tienvelhecimento. 3. Conhecer os ativos cosméticos utili- zados na prevenção e correção do fi- broedema geloide. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 139/219 Introdução A estética corporal, já há um bom tempo, segue as tendências da moda e da época. Antigamente, para serem consideradas bo- nitas e saudáveis, as mulheres deviam ter o corpo bem torneado e a pele bronzeada do sol. Hoje, o que se vê é exatamente o contrário: mulheres consideradas bonitas ou que se situam nos padrões de beleza são, na maio- ria das vezes, magras, altas e com poucas curvas (corpo longilíneo) e pele da face pá- lida. Outro exemplo, mais recente: nos dias atuais, os seios volumosos ganham desta-que no universo feminino. Muitas mulheres estão se rendendo às próteses de silicone em seios e glúteos, à lipoaspiração e aos tratamentos estéticos não invasivos. Na estética corporal e facial, é muito impor- tante a ficha de anamnese, assim como a veracidade das informações contidas nela, só assim é possível trabalhar com seguran- ça e oferecer melhores resultados aos clien- tes. A referida ficha deve conter informa- ções como: dados pessoais, queixa princi- pal, estado físico, estado emocional, saúde, biometria, objetivo de tratamento, proto- colo de tratamento, relatório de acompa- nhamento das sessões, data e assinaturas do responsável pelos procedimentos e do cliente. O paciente deve ser informado de que não se pode omitir nenhum problema de saúde, uma vez que tratamentos estéticos, como as técnicas manuais ou a eletroterapia, têm contraindicações. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 140/219 Nesta aula, serão vistos alguns dos princi- pais ativos cosméticos utilizados na pre- venção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais, bem como seus meca- nismos de ação. 1 Ativos cosméticos utilizados no Tratamento e prevenção da acne 1.1 Acne Trata-se de uma afecção da pele que atin- ge a unidade pilossebácea. Apresenta uma grande variabilidade clínica, desde lesões mínimas comedogênicas até as formas gra- ves e deformantes, causadoras de trans- tornos emocionais, que afetam o compor- tamento psicossocial do indivíduo, poden- do gerar baixa autoestima, que evolui para quadros depressivos. Localiza-se princi- palmente na face e nas regiões anteriores e posteriores do tórax. É a afecção cutânea mais observada na adolescência, especial- mente após a puberdade. Os tratamentos podem ser sistêmicos de uso tópico, procedimentos cirúrgicos e/ou estéticos. A associação de mais de um des- ses métodos é muito comum; de qualquer forma, é importante ressaltar a necessidade da orientação médica, mesmo para proce- dimentos profiláticos feitos com produtos cosméticos, como sabonetes, loções, géis, entre outros produtos que atuam na limpe- za, diminuição da oleosidade e na renova- ção celular epidérmica. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 141/219 A seguir, verificaremos substâncias mais re- centes e inovadoras na profilaxia e no trata- mento da acne. 1.2 Tratamento e prevenção da acne – ativos cosméticos • AC NET (Croda) – Nome INCI: Hydro- genated Castor Oil/Sebacic Acid Copoly- mer Associação de ácido oleanoico e ácido nor- di-idroguairético (NDGA). Ativo que reduz seborreia, hiperqueratinose, inflamação e proliferação bacteriana. Pode ser usado em tônicos, emulsões, géis e máscaras. Solúvel em água. O pH de estabilidade é 5,5. Utiliza- do em concentrações de 3%. Para saber mais A acne é uma síndrome cutânea exteriorizada clinicamente por elementos eruptivos, nos quais podem estar presentes comedões, pápulas, pús- tulas, cistos e abcessos. Link Para ampliar seus estudos sobre acne e trata- mentos possíveis, leia o artigo científico Princí- pios fisiológicos da acne e a utilização de diferentes tipos de ácidos como forma de tratamento. Dis- ponível em: <http://tcconline.utp.br/media/ tcc/2017/05/UTILIZACAO-DO-ACIDO-SALI- CILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017. http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/UTILIZACAO-DO-ACIDO-SALICILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/UTILIZACAO-DO-ACIDO-SALICILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/UTILIZACAO-DO-ACIDO-SALICILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 142/219 anos de idade. Em caso de exposição even- tual ao sol, não utilizar o produto na véspe- ra, no próprio dia da exposição e no dia se- guinte. Se houver queimadura do sol, deve- -se esperar a recuperação da pele antes de reiniciar o tratamento. Usado em cremes e géis. Utilizado em concentrações de 0,1% e aplicado nas áreas afetadas pela acne uma vez por dia antes de dormir. • Anti-oil Spheres – Nome INCI: Silica Dimethyl Silytate Microesferas de sílica de alta capacidade de absorção de óleo, cerca de três vezes o seu peso. São responsáveis pela textura ace- tinada das formulações e pela melhora do deslizamento do produto sobre a pele, di- minuindo a sensação pegajosa. Usado em cremes, loções e géis não iônicos. Não tritu- • Adapaleno Trata-se de um derivado do ácido naftoico. É um composto com ações semelhantes às dos retinoides, que demonstrou proprieda- des anti-inflamatórias. Quando aplicado na pele, é comedolítico e também atua nos processos de queratinização e diferencia- ção anormais da epiderme, dois mecanis- mos presentes na patogênese da acne vul- gar. O modo de ação do adapaleno parece estar relacionado com a normalização da diferenciação das células do epitélio folicu- lar, resultando em diminuição da formação de microcomedões. Esse ativo destina-se ao tratamento cutâneo em casos leves e moderados da acne vulgar de face, tórax ou costas, nas quais predominam comedões, pápulas e pústulas em pessoas acima de 12 Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 143/219 re o produto. O pH de estabilidade é entre 5 e 7. Utilizado em concentrações de 1 a 20%. • Bioex antioleosidade (galena) Complexo de extratos vegetais compos- to por agrião, bardana, sálvia, limão, hera e quilaia. Tem propriedades adstringen- tes, antissépticas, antioxidante, cicatrizan- te, desodorante, anticaspa, vasocosntritor, descongestionante, antilipêmico, antisse- borreico, tensoativo, anti-inflamatório, es- timulante metabólico e antiperspirante. É solúvel em etanol, no máximo 50% de água, propilenoglicol e glicerina. Utilizado em xampus, tônicos capilares e sabonetes em concentrações de 1 a 5%; e de 2 a 10% em cremes, géis, loções para o rosto. • Biosalix Extract – Extrato de Salix ni- gra Planta rica em salicilinas, que são sais de ácido salicílico. Seu extrato tem proprieda- des antimicrobianas, queratolíticas, antis- sépticas e antiacneicas. Utilizado em con- centrações de 1 a 10%. • Epicutin TT – Nome INCI: Melaleuca Alternifolia (Tea Tree), Leaf oil, Ciclo- dextrinas de óleo de melaleuca. Ativo praticamente inodoro, antimicrobia- no, anti-inflamatório e absorvedor de oleosidade da pele. Após a liberação do óleo de melaleuca, as ciclodextri- nas ficam livres para encapsular ou- tras moléculas hidrofóbicas em seu interior, capazes de reduzir a quanti- dade de sebo da pele. Comparando ao Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 144/219 peróxido de benzoíla ao ácido azelaico e ao óleo de melaleuca livre, este ativo mostra-se como uma opção no trata- mento da acne, produzindo rápida re- dução de espinhas e comedões, me- lhorando o aspecto da pele. Usado em cremes, géis, loções antiacne, emul- sões oil-free e géis antiacne. O pH de estabilidade é entre 4,5 e 5,5. Utiliza- do em concentrações de 5 a 10%. • Zymo Clear – Nome INCI: Maltodextrin and Lipase and subtilisin. Complexo de maltodextrina com lipase e protea- se. O composto das enzimas termo- estáveis lipase e protease promove a degradação enzimática da gordura e da proteína, facilitando sua remoção por meio de lavagem normal. Pode ser associado com ácido glicólico, ácido azelaico ou ácido salicílico em for- mulações destinadas à limpeza fa- cial, como cremes e loções aniônicos, gel de carbopol e sabonete líquido. É incompatível com bases peroladas. Usado em produtos de limpeza facial profunda, demaquilantes e produtospara peles acneicas ou seborreicas. O pH de estabilidade varia entre 5 e 7. Utilizado em concentrações de 2 a 5%. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 145/219 2. Ativos cosméticos utilizados no Tratamento e prevenção do envelhecimento 2.1 Antienvelhecimento É fato: todos vamos envelhecer! Devemos lembrar que, com o envelhecimen- to, o organismo se altera como um todo. As modificações não acontecem apenas exter- namente, embora a pele, nosso maior órgão, denuncie esse evento antes que possamos percebê-lo, muitas modificações já se ope- ram no interior de nosso corpo. Certos gru- pos étnicos parecem ter maior longevidade, o que acentua a ideia da influência genética no envelhecimento. Não devemos nos es- quecer dos radicais livres, que também par- ticipam desse processo, pois originam a oxi- dação que desencadeia os processos que, por sua vez, são influenciados por radiações solares, doenças, fumo, estresse. Além dis- so, as alterações hormonais, próprias desse período da vida, participam do processo de envelhecer. Os filtros solares devem ser usados tanto por homens quanto por mulheres. A grande dica para ter uma pele saudável é limpeza, hidratação, nutrição, hábitos alimentares equilibrados, diminuição do estresse, do fumo, atividade física 3 vezes por semana e principalmente a aplicação diária de filtros solares, mesmo em dias nublados e chuvo- sos. A seguir, iremos verificar substâncias mais recentes e inovadoras na profilaxia e trata- mento do envelhecimento cutâneo. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 146/219 2.2 Ativos cosméticos utilizados no tratamento e prevenção do envelhecimento cutâneo • Ácido Alfa lipoico tópico Apresenta atividade antioxidante. Elimina as espécies reativas de oxigênio, interage com outros antioxidantes, como vitamina C, vitamina E e glutationa. Repara danos oxidativos por meio de seu efeito protetor contra o estresse causado, por exemplo, pela radiação ultravioleta; evita a produção de substâncias químicas pró-inflamatórias, chamadas citoquinas, que danificam as cé- lulas e aceleram o envelhecimento e, por- tanto, auxilia na redução e prevenção da formação de linhas de expressão e rugas. Pode causar dermatite de contato e irrita- ção na pele. É insolúvel em água e solúvel em álcool. Usado em cremes, loções iônicas e géis. O pH de estabilidade é entre 4 e 6,5. Utilizado em concentrações de 1 a 5%. • Activesphere C Já foi chamado Thalasferas de vitamina C. É o VC-PMG (ascorbil-fosfato de magnésio) englobado em microesferas de colágeno marinho, recoberto por glicosaminoglica- nas. Esse ativo tem ação prolongada, cerca de 12 horas. Incrementa a retenção de água e a elasticidade da pele. Reduz manchas e atua como agente antiestresse da epider- me. Pode ser utilizado em emulsões, xampus e gel não iônico. É compatível com filtros so- lares e incompatível com despigmentantes cujo pH final seja inferior a 7. Seu pH de es- tabilidade é 7. Utilizado em concentrações de 1 a 10% em emulsões, e a 5% em géis. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 147/219 • DMAE Com o envelhecimento, começa a dimi- nuir a quantidade de todas as substâncias químicas e os precursores nutricionais que tonificam os músculos. A acetilcolina, res- ponsável pelas contrações musculares, é um deles. O DMAE age na acetilcolina, es- timulando-a, além de ajudar as células na eliminação de dejetos e manutenção dos nutrientes. Associado ao ácido alfalipoico, pode atenuar marcas de expressão e devol- ver o tônus à pele sob o queixo. Proporciona mais firmeza aos lábios, dando-lhes volume e reduzindo linhas de expressão e rugas. In- dicado para uso em formulações cremosas, loções e géis. O pH de estabilidade varia en- tre 3,5 e 7, dependendo das associações e condições da pele do usuário. Utilizado em concentrações de 3 a 10%. Para saber mais O DMAE glicolato é apresentado em solução aquosa a 70% peso/peso, facilitando a incorpora- ção do sal às diversas formulações dermatológi- cas e cosméticas. Seu pH é compatível com a pele. O odor é mais suave em relação ao DMAE base. Não é necessário acertar o pH. Em cada grama 70% peso/peso de DMAE glicolato, temos 0,3323 g de ácido glicólico e 0,3677 g de DMAE. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 148/219 3 ativos cosméticos utilizados no tratamento e prevenção da celulite 3.1 O fibroedema geloide (FEG) Popularmente chamado de celulite, o fibro- edema geloide se manifesta no tecido gor- duroso que se encontra embaixo da pele. No corpo todo, observa-se essa camada de tecido gorduroso, cerca de 20% do peso do indivíduo. Quando ocorre aumento do peso, ou seja, aumento do tecido gorduroso, há compressão de vasos que se projetam des- se tecido para a pele, aparecendo o que co- nhecemos como celulite. Mas fibroedema geloide não é só o aumen- to do tecido gorduroso, porque os magros também apresentam essa alteração, ele se relaciona com alimentação, fatores hormo- nais, estilo de vida sedentário, circulação sanguínea e linfática, tendência genética, Link O uso do DMAE nanoparticulado para o envelheci- mento cutâneo para ampliar seus conhecimentos sobre esse tópico. Disponível em: <http://tccon- line.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO- -DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-EN- VELHECIMENTO-CUTANEO.pdf>. Acesso em: 14 dez 2017. http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 149/219 tipos físicos, entre outros fatores. A seguir, iremos verificar substâncias mais recentes e inovadoras na profilaxia e trata- mento do fibroedema geloide. 3.2 Ativos cosméticos utilizados no tratamento e prevenção do FEG • Asiaticoside Princípio ativo: Centella asiática. Ativo que tem a propriedade de atuar sobre a circula- ção de retorno, aumentando a elasticidade das paredes venosas, eliminando edemas e hematomas, combatendo processos de- generativos do tecido conjuntivo venoso e perturbações funcionais nos membros in- feriores, como pernas pesadas e doloridas, formigamento e câimbras. Usado em gel, creme ou loção e em formulações via oral. Insolúvel em água, pouco solúvel em eta- nol. Não há a necessidade de conversão do produto, pois seu teor corresponde a 100% da matéria ativa encontrada na planta. Uti- lizado em concentrações de 0,1 a 0,5% em cremes, loções, géis; e de 20 a 60 mg por dia via oral. • Coffee oil Óleo de café incolor e inodoro, que tem ação inibidora da fosfodiesterase, enzima responsável pela quebra do AMP cíclico en- volvido no acúmulo de gordura nos tecidos. Recomendado para produtos de remodela- mento corporal ou no cuidado do FEG. Apre- senta também conhecida atividade absor- Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 150/219 vedora por radiações ultravioletas. Usado em cremes e loções em concentrações de 2 a 6%. • Iodotrat Ativo de uso tópico composto por moléculas de iodo orgânico aminadas, estabilizadas e purificadas. Não exerce ação enzimática tó- xica na pele e nenhum tipo de estimulação hormonal, como os derivadosdo iodo, já que não contém iodo elementar livre. Consegue penetrar na pele e atingir os adipócitos, de- compondo triglicérides em ácidos graxos e glicerol. Ativa a circulação por mecanismos mastocitários, diminuindo a constrição de vasos linfáticos e aumentando o fluxo de nutrientes. Solúvel em água. Não tem efeito irritante ou sensibilizante. O pH de estabili- dade varia entre 6 e 8. Utilizado em concen- trações de 0,6 a 0,8%. Para saber mais O Rutiderme é um composto de flavonoides ex- traídos da Ruta Graveolens e de lecitina; ele atua como um carreador, aumentando a permeabili- dade transepidérmica, tem propriedades anti-in- flamatórias, antiedematosa e vasoprotetora, ca- paz de diminuir a permeabilidade vascular da pele inflamada e de promover a reabsorção do edema. Ação eficaz no controle do FEG, além de melhora no aspecto das olheiras e trazer alívio de ardor e vermelhidão causados pela exposição solar. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 151/219 Link Leia o artigo que faz uma revisão da litera- tura a respeito do fibroedema geloide. Dis- ponível em: <http://www.inicepg.uni- vap.br/cd/INIC_2009/anais/arquivos/ RE_0950_1392_01.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 152/219 Glossário Retinoides: derivados da vitamina A que atuam como antioxidantes e ativam genes e proteínas. Diagnóstico: determinação sobre a natureza e o objeto de uma lesão ou doença. Fibroedema geloide: alterações na pele e no tecido subcutâneo, sem infiltrado inflamatório. Questão reflexão ? para 153/219 Prezado aluno, Como visto, neste capítulo, sobre ativos cosméticos utilizados em algumas disfunções estéticas, percebemos que inovações cosmé- ticas surgem diariamente. Foram enfatizadas apenas três disfun- ções estéticas, que são de maior importância: acne, fibroedema geloide e envelhecimento, e listados alguns princípios ativos que podem ser utilizados no tratamento e prevenção dessas alterações, bem como seus mecanismos de ação. Agora que você já conhece um pouco mais sobre esses ativos, pesquise mais cinco ativos de cada uma das disfunções estéticas listadas e elabore um relatório contendo: nome do ativo, formas de utilização e prevenção. Bom trabalho! 154/219 Considerações Finais • A acne é uma síndrome cutânea exteriorizada clinicamente por elemen- tos eruptivos, nos quais podem estar presentes comedões, pápulas, pús- tulas, cistos e abcessos. • Existem diversos ativos utilizados no tratamento e prevenção da acne, dentre eles: acnet, adapaleno, anti oil spheres, bioex antioleosidade, bio- salix extract, epiticum TT e zymo clear. • As modificações não acontecem apenas externamente, embora a pele, nosso maior órgão, denuncie o envelhecimento antes que possamos percebê-lo, muitas mudanças já se operam no interior de nosso corpo. Certas etnias parecem ter maior longevidade, o que acentua a ideia da influência genética no envelhecimento. • Existem diversos ativos utilizados no tratamento e prevenção do enve- lhecimento cutâneo: ácido alfalipíoco tópico, activesphere C e DMAE. 155/219 Considerações Finais • O FEG se manifesta no tecido gorduroso que se encontra embaixo da pele. No corpo todo, observa-se essa camada de tecido gorduroso, cerca de 20% do peso do indivíduo. Quando ocorre aumento do peso, ou seja, aumento do referido tecido, há compressão de vasos que se projetam do tecido gorduroso para a pele. • Existem diversos ativos utilizados no tratamento e prevenção do FEG: asiaticoside, coffe oil, iodotrat. Unidade 4 • Principais ativos cosméticos utilizados na prevenção e correção das disfunções estéticas corporais e faciais. Mecanismo de ação 156/219 Referências BALES, A. F.; LUBI, N. O uso do DMAE nanoparticulado para o envelhecimento cutâneo. Dispo- nível em: <http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO- -PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf>. Acesso em: 14 dez 2017. GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia dermatofuncional: fundamentos, recursos e pato- logias. 3. ed. Barueri: Manole, 2004. p. 425-426. LIMA, K. M. R.; DELAY, C. E. Princípios fisiológicos da acne e a utilização de diferentes tipos de áci- dos como forma de tratamento. Disponível em: <http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/UTI- LIZACAO-DO-ACIDO-SALICILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017. MAIO, M. Tratado de medicina estética. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011. p. 1.405-1.406. v. III. PIRES, V. A.; ARRIEIRO, A. N.; XAVIER, M. Fibroedema geloide: etiopatogenia, avaliação e aspec- tos relevantes – uma revisão de literatura. Disponível em: <http://www.inicepg.univap.br/cd/ INIC_2009/anais/arquivos/RE_0950_1392_01.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. SOUZA, V. M. Ativos Dermatológicos, volumes 1 a 4: guia de ativos dermatológicos utilizados na farmácia de manipulação para médicos e farmacêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2009. p. 381-382. http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/06/O-USO-DO-DMAE-NANOPARTICULADO-PARA-O-ENVELHECIMENTO-CUTANEO.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/UTILIZACAO-DO-ACIDO-SALICILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/UTILIZACAO-DO-ACIDO-SALICILICO-NO-TRATAMENTO-DA-ACNE.pdf 157/219 1. O AC NET (Croda), ativo utilizado na prevenção e tratamento da acne, é uma associação de ácido oleanoico e ácido nordi-idroguairético (NDGA). Esse ativo reduz a seborreia, hiperqueratinose, inflamação e proliferação bacteriana. Pode ser usado em tônicos, emulsões, géis e máscaras. a) 2,5 b) 3,5 c) 4,5 d) 5,5 e) 6,5 Questão 1 158/219 2. O Biosalix Extract – Extrato de Salix nigra, ativo utilizado no tratamen- to e prevenção da acne, é uma planta rica em ________________, que são sais de ácido salicílico. Seu extrato tem propriedades antimicrobianas, queratolíticas, antissépticas e antiacneicas. Utilizado em concentrações de 1 a 10%. Complete corretamente a sentença. a) Salicilatos. b) Salicilinas. c) Lipídeos. d) Proteínas. e) Ácidos graxos. Questão 2 159/219 3. O ácido alfalipoico é um ativo utilizado na prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo. Ele elimina as espécies reativas de oxigênio, in- terage com outros antioxidantes, como vitamina C, vitamina E e glutatio- na, pois apresenta atividade: a) Anestésica. b) Hiperemiante. c) Esfoliante. d) Tonificante. e) Antioxidante. Questão 3 160/219 4. O Activesphere C, ativo utilizado na prevenção e tratamento do enve- lhecimento cutâneo, já foi chamado de Thalasferas de vitamina C. É o VC- -PMG (ascorbil-fosfato de magnésio) englobado em microesferas de colá- geno marinho, recoberto com glicosaminoglicanas. Esse ativo tem ação prolongada, por cerca de: a) 8 horas. b) 10 horas. c) 12 horas. d) 14 horas. e) 16 horas. Questão 4 161/219 5. O Coffee oil – Óleo de café, incolor e inodoro, é um ativo utiliza- do no tratamento e prevenção da celulite, que tem ação inibidora da __________________, enzima responsável pela quebra do AMP cíclico envolvido no acúmulo de gorduras nos tecidos. Recomendado para pro- dutos de remodelamento corporal ou no cuidado da celulite. Apresenta também conhecida atividade absorvedora por radiações ultravioletas. Usado em cremes e loções. Utilizado em concentrações de 2 a 6%. Complete corretamente a sentença: a) fosfodiesterase. b) amilase. c) lipase. d) protease. e) galactase. Questão 5 162/219 Gabarito 1. Resposta: D. No AC NET (Croda), o pH de estabilidade é 5,5. 2. Resposta: B. O Biosalix Extract – Extrato de Salix nigra, ati- vo utilizado no tratamento e prevenção da acne, é uma planta rica em salicilinas, que são sais de ácido salicílico. Seu extrato tem propriedades antimicrobianas,queratolíti- cas, antissépticas e antiacneicas. Utilizado em concentrações de 1 a 10%. 3. Resposta: E. O ácido alfalipoico tem atividade antioxi- dante. Ele elimina as espécies reativas de oxigênio, interage com outros antioxidan- tes, como vitamina C, vitamina E e glutatio- na. 4. Resposta: C. O VC-PMG (ascorbil-fosfato de magnésio) é englobado em microesferas de colágeno marinho, recoberto com glicosaminoglica- nas. Esse ativo tem ação prolongada, por cerca de 12 horas. 163/219 Gabarito 5. Resposta: A. Óleo de café é um ativo incolor e inodoro, que tem ação inibidora da fosfodiesterase, enzima responsável pela quebra do AMP cíclico envolvido no acúmulo de gorduras nos tecidos. Recomendado para produtos de remodelamento corporal ou no cuidado da celulite. Apresenta também conhecida atividade absorvedora por radiações ultra- violetas. Usado em cremes e loções em con- centrações de 2 a 6%. 164/219 Unidade 7 Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar Objetivos 1. Identificar e conhecer a veiculação dos princípios ativos. 2. Conhecer o mecanismo de ação de agentes despigmentantes. 3. Conhecer o mecanismo de ação dos protetores solares. 4. Identificar o mecanismo de bronzea- mento. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 165/219 Introdução A veiculação dos princípios ativos no orga- nismo humano é uma das principais carac- terísticas para se obter sucesso na penetra- ção do ativo na pele. Os veículos geralmente constituem a maior parte da formulação, portanto é o que de- terminará a forma física do cosmético. Por exemplo, no pó compacto, o veículo é cons- tituído por talco e calium; na loção pós-bar- ba, é constituído por uma solução hidroal- coólica. As naturezas física e química do ve- ículo influem na estabilidade dos princípios ativos, na forma de liberação, na facilidade de aplicação do cosmético na duração da ação etc. Eles são os agentes para espalhar os produtos, necessários para a formulação de um cosmético. O tratamento despigmentante é utiliza- do para tratar todas as manchas de origem melânica e sua principal indicação é o me- lasma, uma hiperpigmentação que afeta, predominantemente, a região facial. O sol tem participação importante no hu- mor das pessoas. A verdade é que ele par- ticipa diretamente de quase toda forma de vida do planeta Terra. Com exceção de algu- mas poucas espécies de micro-organismos capazes de viver sem luz, as condições para a existência da vida no planeta são as pre- senças de luz, calor e água. A energia solar que chega à Terra é dividida em três partes: radiação ultravioleta (5%), luz visível (35%) e radiação infravermelha (60%). Dessa energia, depende a grande maioria dos ciclos biológicos, como a fotos- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 166/219 síntese, que garante a vida dos vegetais e de todos os animais que deles se alimentam. Nesta aula, abordaremos a veiculação dos ativos cosméticos, trataremos também do mecanismo de ação de agentes despigmen- tantes e finalizaremos a aula com o meca- nismo de ação dos filtros solares e produtos para bronzeamento. 1 Veiculação de princípios ativos 1.1 Lipossomas Pequenas vesículas constituídas por um nú- mero variável de folhas ou pequenas lâmi- nas bimoleculares de fosfolipídeos, sepa- radas umas das outras por compartimen- tos aquosos. Essa estrutura, muito próxima daquela das membranas celulares, permite que eles se fundam com ela, liberando os princípios ativos que elas contêm no inte- rior do citoplasma. Nos lipossomas, podemos incluir os princí- pios ativos lipófilos (ativos que têm grande afinidade com lipídeos) na parede ou hidró- filos na cavidade central. Classificamos os lipossomos em vários tipos, conforme seu tamanho e o número de compartimentos: • Lipossomas multilamelares ou MLV (multilamellar vesicle). Vesículas que contêm várias paredes e vários com- partimentos concêntricos. • Pequenos lipossomas unilamelares ou SUV (small unilamellar vesicle). Vesícu- las que comportam uma só parede e Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 167/219 uma só cavidade aquosa. • Grandes lipossomas unilamelares ou LUV (large unilamellar vesicle). Vesícu- las maiores que as anteriores, mas do mesmo tipo. Lipossomas apresentam dois inconvenien- tes importantes: • Falta de especificação para a célula- -alvo. • Oxidação e instabilidade química dos fosfolipídeos. A indústria cosmética colocou no mercado os lipossomas não iônicos ou niossomos, cuja parede não é constituída por fosfolipí- deos, mas sim por lipídeos não iônicos. Vantagens da utilização dos niossomos: • São muito estáveis. • Sua similitude estrutural com os lipí- deos intercorneocitários ou cimen- to intercelular permite restaurarem o estrato córneo na sua integridade ou coesão. 1.2 Nanosferas Cápsulas ou partículas esféricas cujo diâ- metro é inferior ao do micrômetro. Elas pe- netram no interior da célula por endocitose. São compostas à base de polímeros natu- rais ou sintéticos e são mais estáveis que os lipossomas. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 168/219 1.3 Microesferas Seus tamanhos são idênticos aos das micro- cápsulas, mas são produtos sólidos, cheios e esféricos. Os principais ativos são aí dis- solvidos ou dispersados. Para saber mais Os veículos devem propiciar aos cosméticos poder de penetração e liberação de ativos; entre os mais usados, temos os lipossomas (tratados anterior- mente), as nanoesferas e os fitossomas. As nano- esferas são polímeros elaborados de poliestireno, cuja estrutura matricial é microporosa. Apresen- tam liberação gradual de princípios ativos e são produtos estáveis na presença de tensoativos. Link Acesse o link indicado para ler um estudo a respei- to da influência de veículos cosméticos na perme- ação cutânea. Disponível em: <http://acervodi- gital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/3745/ Disserta%C3%A7%C3%A3o%20%20de%20 Mestrado%20Clarice%20Sasson. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 169/219 2. Agentes Despigmentantes O tratamento despigmentante é utilizado para cuidar de todas as manchas de origem melânica, sendo sua principal indicação o melasma, uma hiperpigmentação que afe- ta, predominantemente, a região facial. O fato de clarear e uniformizar a tonalidade da pele está associado à pureza e à beleza. A radiação ultravioleta (UV) aumenta a quan- tidade de melanócitos detectáveis na pele, aumentando também a taxa de transferên- cia de melanina para os melanócitos. A melanina é o mais importante pigmento que determina a cor da pele e divide-se em dois tipos: a eumelanina e a feomelanina. 2.1 Principais agentes despig- mentantes 1. Hidroquinona: agente despigmen- tante mais utilizado no combate às hi- percromias de pele. Derivada do ácido fênico, a hidroquinona age bloquean- do a conversão de dopa em melanina graças à inibição da enzima tirosinase. Efeitos adversos incluem dermatite alérgica ou irritativa, hipopigmenta- ção cutânea e ocronose, mais comum na face, porém, podendo se manifes- tar também no colo e pescoço. 2. Ácido Azelaico: a ação desse ácido é seletiva nos melanócitos hiperativos ou anormais, em que promove a ini- bição da tirosina, diminuição da ati- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 170/219 vidade da oxirredutase mitocondrial e diminuição na síntese de DNA. 3. Ácido Kójico: inibidorda tirosinase. Uma das vantagens do ácido kójico em relação a outros despigmentantes é sua estabilidade química, pode ser associado a outros ativos em diversas formulações. 4. Vitamina C: antioxidante bastante conhecido. Seu efeito sobre a forma- ção dos radicais livres, quando topi- camente aplicada à pele por meio de creme, ainda não foi claramente de- monstrado. A eficácia das aplicações de vitamina C tópica tem sido questio- nada em razão da instabilidade dessa vitamina. Algumas formas apresen- tam melhor estabilidade em sistemas aquosos. Quando avaliada em sua ca- pacidade de combater os radicais li- vres à luz de seu efeito sinérgico com a vitamina E, a vitamina C se sai muito bem. Quando a vitamina E reage com o radical livre, ela é danificada. A vita- mina C vem para reparar o dano cau- sado à vitamina E pelo radical livre, permitindo que esta última continue com sua atividade sequestrante. 5. Alfa-hidroxiácidos: ativos que au- mentam a retenção de água da epi- derme e aceleram o processo de des- camação em altas concentrações. São esses: ácido glicólico, ácido cítri- co anidro, ácido láctico, ácido málico, ácido tartárico. Incompatíveis com hi- droquinona, filtros solares e vitamina Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 171/219 C tópica. O pH de estabilidade é 3,8. Utilizados em concentrações de 10 a 30%, para uso em consultórios. 6. Ácido glicólico: também chamado ácido hidroxiacético, ácido hidroxie- tanoico ou AHA. Solúvel em água, metanol, álcool, acetona, éter, ácido acético. Usado em cremes, loções e géis. Em consultório, pode ser usa- do em concentrações de 30, 50 e até 70%, de acordo com a resistência da pele e a natureza da lesão a ser trata- da, variando de 1 a 3 minutos o tempo de contato. Em pH 3,8, é um agente esfoliante e despigmentante. Em pH 6, torna-se um glicolato, excelente agente hidratante. À medida que o pH aumenta, diminui a capacidade de renovação da pele. Utilizado nas con- centrações de 5 a 10% para uso do- méstico. Os alfa-hidroxiácidos (AHA’s) constituem um grupo de substâncias normalmente encontrado em frutas e alimentos, por isso, são conhecidos como ácidos de frutas. O ácido gli- cólico é o mais popular e é encontra- do naturalmente na cana-de-açúcar. Outros ácidos desse grupo são: ácido lático, encontrado no leite azedo; o ácido cítrico, presente nas frutas cítri- cas; o tartárico, nas uvas; o málico e o mandélico, na maçã. O ácido glicólico tem a menor molécula, por isso é em- pregado em larga escala na indústria cosmética. Outros ácidos da família dos AHA’s também têm potencial para Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 172/219 uso clínico, como: ácido acetilmandé- lico, ácido metilmandélico, ácido ga- lacturônico, ácido tartárico. O ácido glicólico tem sido usado largamente nos diversos tipos de alterações cutâ- neas, por diminuir a coesão entre os corneócitos e por interferir na ligação iônica, degradando a proteína que une um corneócito ao outro. 7. Gluconolactona ou Poli-hidroxiáci- do: delta-lactona do ácido glucônico, obtido pela oxidação da glucose do milho. Agente que atua com a mes- ma eficácia que os alfa-hidroxiácidos tradicionais. Além de hidratante e an- tioxidante, tem como vantagem não causar irritação na pele. Assim como os outros hidroxiácidos, a gluconolac- tona precisa estar na sua forma áci- da para penetrar na pele, entretanto, penetra de forma mais lenta e gradu- al, sem causar queimação, ardência ou a sensação de picadas provocada pelos alfa-hidroxiácidos tradicionais. Usada no tratamento do fotoenve- lhecimento cutâneo para indivídu- os de pele sensível e étnica. Indicada para formulações despigmentantes, pré e pós-laser, emulsões antienve- lhecimento, hidratantes, formulações para o tratamento de acne rosácea e dermatite atópica. Pode ser usada na área dos olhos e ao redor dos lábios. Indicada para uso em forma de géis, emulsões e tônicos. O pH de estabi- lidade varia de 3,5 a 4. Utilizado em concentrações de 1 a 10% para uso doméstico e 30% em consultório. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 173/219 3. Protetor Solar Nos seres humanos, além de melhorar o humor e o bem-estar psicológico, a radia- ção solar é importante para a manutenção do metabolismo. A pele humana precisa da radiação solar para sintetizar vitamina D, a vitamina do crescimento. O sol também é importante para a calcificação dos ossos e a prevenção de osteoporose. A radiação ul- Link Acesse o link e leia o artigo que trata de produ- tos cosméticos despigmentastes. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/ionice%20 remiao%20tedesco.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. Para saber mais A argila branca é um produto natural originário de rochas sedimentares silicoalumínicas, extraídas da bacia de Paris, é rica em diversos compostos minerais que são responsáveis pela sua coloração e ação terapêutica. Proveniente da transformação de rochas lavadas pela água da chuva, sua colora- ção se deve à ausência de elementos traços. Tem elevada quantidade de alumínio, que lhe confere propriedade cicatrizante. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 174/219 travioleta (UV) é utilizada no tratamento de patologias como psoríase, eczema e linfo- ma cutâneo das células T. É impossível negar a importância do sol e da radiação por ele emitida para a vida huma- na. Apesar disso, algumas precauções de- vem ser tomadas com relação à exposição à radiação solar, uma vez que ela não deve ser absorvida em excesso pela pele, pois pode causar problemas que vão desde a insola- ção até o câncer de pele. A radiação infravermelha (IV) aquece a pele em suas camadas mais profundas e serve como um alerta de proteção contra a radia- ção UV, uma vez que, ao sentir a pele muito aquecida, a pessoa tende a se proteger do alcance do sol. A radiação UV está ainda dividida em três tipos: UVA, UVB e UVC. As ondas de ener- gia emitidas pelo sol participam do chama- do espectro eletromagnético, em que cada tipo de onda tem um comprimento diferen- te, medido por meio de uma unidade cha- mada nanômetro (nm). Assim, a radiação UVA encontra-se na faixa que vai de 320 a 400 nm; a UVB, na faixa de 290 a 320 nm; e a UVC na faixa de 200 a 290 nm. A radiação UVC não atinge a superfície da Terra, fica retida na camada de ozônio exis- tente na atmosfera. Já a UVA chega em sua totalidade à superfície do planeta e a UVB tem próximo a 90% do seu total também retido na camada de ozônio. Durante todo o dia, a radiação UVA está presente na superfície do planeta, ao pas- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 175/219 so que a UVB tem sua maior concentração no horário compreendido entre as 10h e as 16h. Por ter um comprimento de onda maior, a radiação UVA tem maior penetração na pele, chegando até a derme. A UVB, por sua vez, é absorvida quase totalmente pela epiderme. Por isso, o eritema (vermelhidão provocado por vasodilatação) causado pela radiação UVB é maior. Isso significa que os danos maiores à pele podem acontecer quando se fica exposto ao sol no horário das 10h às 16h. A luz absorvida pela pele produz reações fotoquímicas que desencadeiam alterações nas moléculas e podem causar danos à pele. Os cromóforos são as estruturas que absor- vem luz na pele e o principal é a melanina, que, ao absorver luz, reage pigmentando a pele como forma de proteção contra os da- nos provocados pela radiação. Na verdade, o que se chama de bronzeamento, nada mais é do que uma proteção queo organismo de- senvolve contra o excesso de radiação solar. A radiação UVA interage com os fibroblastos dérmicos e é responsável por alterações nas fibras de colágeno e elastina, diminuindo a sustentação e a elasticidade da pele. Tam- bém aumenta a liberação de radicais livres na derme, contribuindo ainda mais para o processo de fotoenvelhecimento cutâneo. O estresse oxidativo provocado pelos radi- cais livres e a degeneração de colágeno e elastina levam à formação de rugas profun- das. As células da epiderme se alteram, cau- sando maior perda de água transepidérmi- Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 176/219 ca, o que torna a pele áspera e desidratada. O aumento da produção de melanina para se proteger da radiação leva à formação de manchas e o espessamento da epiderme leva à ceratose actínica. Com o passar do tempo, ocorrem alterações nas células de Langerhans (responsáveis pela defesa da pele) e nos núcleos dos queratinócitos, po- dendo surgir lesões pré-cancerígenas. A radiação UVB é absorvida na epiderme, onde ocorre sua atuação benéfica, que é a síntese de vitamina D. 3.1 Mecanismo do bronzeamen- to 3.1.1 Produtos que bronzeiam sem sol: autobronzeadores Existem em formas de leites, loções e cre- mes. São frequentemente encontrados à base de di-idroxiacetona (DHA), a qual se combina com um aminoácido presente na pele, a arginina, e desenvolve uma colora- ção marrom durante vários dias. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 177/219 3.1.2 Produtos ativadores de bronzeamento Atualmente, encontram-se mais e mais pro- dutos solares aceleradores da melanogêne- se (processo de formação de melanina). Eles são compostos à base de: • Psoralenos – substâncias químicas de origem vegetal que, sob a ação do sol, reforçam a pigmentação natural, pois estimulam a produção de melanina. A legislação os autoriza com a condição de sua concentração ser igual aos te- ores normais contidos nas essências naturais. • Tiropsina – aminoácido precursor da melanina. • Cupropeptídeos – agrupamentos de aminoácidos contendo um íon cobre. São introduzidos nos produtos sola- res, pois estimulam a atividade das tirosinases, enzimas indispensáveis com a formação da melanina. 3.1.3 Produtos prolongadores do bronzeamento Esses produtos, em forma de leite e creme, têm por finalidade lutar contra o resseca- mento cutâneo consecutivo às exposições solares. Sua ação é, portanto, idêntica à dos produ- tos pós-sol, mas sua utilização se faz para a duração mais longa do bronzeamento. Os princípios ativos são quase idênticos. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 178/219 Pode-se, entretanto, acrescentar: • Elastina. • Colágeno. • Insaponificáveis. • Lecitinas, que asseguram o transporte de vitaminas A e E para todos os teci- dos. 3.1.4 Produtos pós-sol Frequentemente utilizados em forma de cremes e leites. Têm por finalidade amenizar a sensação de calor sentida após uma expo- sição solar, restabelecer o equilíbrio hídrico e fixar o bronzeamento, evitando o resseca- mento cutâneo. Os princípios ativos são os seguintes: • Ácidos graxos insaturados (ácidos oleico e linoleico com ação vitamíni- ca). • Vitamina A, para flexibilidade e hidra- tação da pele. • Vitamina E, antioxidante natural, blo- queia a formação dos radicais livres. • Extratos oleosos de plantas, como o millepertius, a calêndula, a jojoba, o abacate, o germe de trigo, a manteiga de karité. • Produtos calmantes, descongestio- nantes: alantoína, bisabolol, biolisato hafna, ácido glicirrético. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 179/219 3.2 Fotoproteção total Produtos que asseguram fotoproteção físi- ca, provocando a reflexão total da luz solar. As proteções totais contêm: • Óxido de zinco. • Dióxido de titânio. • Sulfato de bário. • Talco. • Kaolin. Para evitar uma coloração branca inestési- ca, esses pigmentos são micronizados, a fim de parecerem transparentes sobre a pele. Atualmente, utiliza-se muito o complexo mica-titano transparente, com alto poder reflexor, que permite eliminar os raios infra- vermelhos. 3.3 Fotoproteção parcial Realizada pela utilização de filtros que as- seguram proteção físico-química pela ca- pacidade de absorver seletivamente certos fótons de comprimento de onda determi- nado. Esses filtros são moléculas químicas, a maioria de origem sintética, que, segundo sua estrutura, absorverão uma faixa mais ou menos larga de raios UV. Os filtros a “espectro estreito” só absorvem na zona dos UVB eritematogêneos: • Cinamatos. • Benzilideneo-cânfora e seus deriva- dos. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 180/219 • Benzimidazoles. • Salicilatos. • PABA e seus ésteres. Os filtros a “largo espectro” são mais foto- protetores que os precedentes, uma vez que absorvem, às vezes, UVA e UVB. Entram na composição dos produtos de alta proteção: • Benzofenonas. • Derivados do benzoilmetano. Para saber mais A prevenção dos efeitos danosos da radiação so- lar envolve respeitar os horários de exposição e utilizar protetores solares e roupas adequadas. A partir da década de 1980, cresceu muito a preo- cupação dos médicos e cientistas com a proteção solar, uma vez que o sol aparece como o grande vilão desencadeador do câncer de pele. Estudos indicam que a devida proteção nos primeiros 18 anos de vida possa diminuir em até 80% os riscos de câncer de pele na fase adulta. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 181/219 Link Para ampliar seu conhecimento sobre o tema, leia o artigo científico Proteção à radiação ultravio- leta: recursos disponíveis na atualidade em foto- proteção. Disponível em: <http://www.scielo. br/pdf/abd/v86n4/v86n4a16.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2017. http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n4/v86n4a16.pdf http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n4/v86n4a16.pdf Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 182/219 Glossário FPS: fator de proteção solar. AHA: alfa-hidroxiácido. Melanócitos: células que secretam melanina. Questão reflexão ? para 183/219 Prezado aluno, Neste capítulo, estudamos sobre a veiculação dos princí- pios ativos, agentes despigmentantes e finalizamos com mecanismo de ação dos protetores solares. Nesta aula, foram enfatizados diversos princípios ativos que atuam como agentes despigmentantes. Agora que você já co- nhece um pouco mais sobre eles, pesquise mais cinco ati- vos que tenham mecanismo de ação despigmentante e elabore um relatório contendo: nome do ativo, formas de utilização e prevenção. Bom trabalho! 184/219 Considerações Finais • Lipossomas são pequenas vesículas constituídas por um número variável de folhas ou pequenas lâminas bimoleculares de fosfolipídeos, separadas umas das outras por compartimentos aquosos. • Nanosferas são cápsulas ou partículas esféricas cujo diâmetro é inferior ao micrômetro. Elas penetram no interior da célula por endocitose. • O tratamento despigmentante é utilizado para todas as manchas de origem melânica, sendo sua principal indicação o melasma, uma hiperpigmentação que afeta, predominantemente, a região facial. • Existem diversos ativos despigmentantes, entre eles: hidroquinona, vitami- na C, arbutin, alfa-hidroxiácidos. • A radiação UV está ainda dividida em três tipos: UVA, UVB e UVC. As ondas de energia emitidas pelo sol participam do chamado espectroeletromag- nético, em que cada tipo de onda tem um comprimento diferente. Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 185/219 Referências BALOGH, T. S. et al. Proteção à radiação ultravioleta: recursos disponíveis na atualidade em fo- toproteção. An. Bras. Dermatol. 86(4):732-42, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ abd/v86n4/v86n4a16.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2017. DINARDO, J. C.; MICHALUN, M. V. Milady dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados com a pele. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. HERNANDEZ, M.; MERCIER-FRESNEL, M. M. Manual de cosmetologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Re- vinter, 1999. LACRIMANTI, L. M; VASCONCELOS, M. G; PEREZ, E. Curso didático de estética. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2014. v. 1. SASSON, C. S. Influência dos veículos cosméticos na permeação cutânea da associação de filtros solares e acetato de tocoferol. 2006. 97 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farma- cêuticas) – Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006. Disponí- vel em: <http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/3745/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20 %20de%20Mestrado%20Clarice%20Sasson.pdf?sequence=1>. Acesso em: 14 dez. 2017. http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n4/v86n4a16.pdf http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n4/v86n4a16.pdf Unidade 5 • Veiculação dos Princípios Ativos: Lipossomas, Nanosferas e Microesferas. Despigmentantes de Última Geração e Protetor Solar 186/219 TEDESCO, I. R.; ADRIANO, J.; SILVA, D. da. Produtos cosméticos despigmentantes nacionais dispo- níveis no mercado. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/ionice%20remiao%20tedesco. pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. 187/219 1. Os alfa-hidroxiácidos são ativos que aumentam a retenção de água da epi- derme e aceleram o processo de descamação em altas concentrações. São eles: ácido glicólico, ácido cítrico anidro, ácido láctico, ácido málico, ácido tartárico. São muito utilizados no tratamento de clareamento de olheiras, porém são incompatíveis com: a) Vitamina A. b) Nanoesferas de vitamina B. c) Hidroquinona. d) Ácido hialurônico. e) Arbutin. Questão 1 188/219 2. A gluconolactona ou poli-hidroxiácido, é obtida pela oxidação da glu- cose do milho. Agente que atua com a mesma eficácia que os alfa-hidro- xiácidos tradicionais. Além de hidratante e antioxidante, tem como van- tagem não causar irritação na pele. Assim como os outros hidroxiácidos, a gluconolactona precisa estar na sua forma ácida para penetrar na pele, entretanto, penetra de forma mais lenta e gradual, sem causar queimação, ardência ou sensação de picadas provocada pelos alfa-hidroxiácidos tra- dicionais. Em consultório, ela é utilizada na concentração de: Questão 2 a) 1% b) 5% c) 10% d) 20% e) 30% 189/219 3. Os autobronzeadores são compostos mais frequentemente à base de di-idroxiacetona (DHA), que se combina com um aminoácido presente na pele e desenvolve uma coloração marrom durante vários dias. Qual o nome desse aminoácido? Questão 3 a) Triptofano. b) Arginina. c) Leucina. d) Isoleucina. e) Glutamato. 190/219 4. Os psoralenos são exemplos de produtos: Questão 4 a) Protetores solares. b) Pós-sol. c) Ativadores de bronzeamento. d) Que causam fotoproteção parcial. e) Que causam fotoproteção total. 191/219 5. O óxido de zinco é um exemplo de produto que tem como mecanismo de ação: Questão 5 a) Protetores solares. b) Pós-sol. c) Ativadores de bronzeamento. d) Fotoproteção parcial. e) Fotoproteção total. 192/219 Gabarito 1. Resposta: C. Os alfa-hidroxiácidos são incompatíveis com hidroquinona, filtros solares e vitamina C tópica. 2. Resposta: E. A delta-lactona do ácido glucônico é utili- zada em concentrações de 1 a 10% para uso doméstico e 30% em consultório. 3. Resposta: B. Os autobronzeadores existem em forma de leites, loções e cremes. São compostos, mais frequentemente, à base de di-idroxiacetona (DHA), que se combina com um aminoácido presente na pele, a arginina, e desenvolve uma coloração marrom durante vários dias. 4. Resposta: C. Psoralenos são substâncias químicas de ori- gem vegetal que, sob a ação do sol, refor- çam a pigmentação natural, pois estimulam a produção de melanina. 5. Resposta: E. Óxido de zinco assegura uma fotoproteção física, provocando a reflexão total da luz so- lar. 193/219 Unidade 8 Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos Objetivos 1. Conhecer a legislação cosmética. 2. Compreender os principais agentes tóxicos dos produtos cosméticos. 3. Conhecer os possíveis agentes alérge- nos presentes nos cosméticos. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos194/219 Introdução Apesar da pouca divulgação e de ser inde- sejável, há relatos, na literatura, de reações adversas causadas por cosméticos, que po- dem ser uma irritação ou reações alérgicas até casos mais graves, capazes de levar a certos tipos de câncer. Os efeitos mais graves são as reações sistê- micas, causadas pelas matérias-primas dos produtos finais. Portanto, é importante ter conhecimento das formulações, para que sejam feitos testes toxicológicos, que visem aumentar a segurança do produto, levando mais conforto e segurança às pessoas que os utilizarão. Substâncias utilizadas em concentrações permitidas, normalmente não causam re- ações adversas. Porém, para apresentarem grau de toxicidade, muitas vezes, as con- centrações-limite de certas substâncias das formulações não são respeitadas ou algum tipo de fraude é realizado nos produtos. Recentemente, o que mais se discute é a to- xicidade do formaldeído, presente em for- mulações são utilizadas em alisamento de cabelos. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), essa é uma substância de uso permitido em cosméticos na função de conservantes e o limite máxi- mo em que pode ser apresentada é 0,2%. No entanto, esse limite é desrespeitado, sendo registrado em concentrações de 0,4 a 29,7% em produtos para alisamentos. To- dos os cosméticos que contêm formaldeído são registrados pela ANVISA, porém a lei é sempre desrespeitada. Produtos que não Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos195/219 são registrados apresentam concentrações muito maiores ou substâncias que adulte- ram os produtos, levando potencial risco à saúde da população. Não só o formaldeído, mas também os me- tais que têm aplicação na indústria de cos- méticos podem oferecer risco à saúde. Estu- dos compravam que os metais são podero- sos alérgenos, principalmente o níquel. Por esses motivos, estudos de tolerância toxico- lógica são realizados antes do lançamento do produto no mercado. A segurança de cosméticos define-se como a probabilidade de que um produto não pro- voque danos significativos a seus usuários. Deve-se entender que nenhum produto química é 100% segura, sempre haverá um risco de efeitos adversos em pessoas que apresentem predisposição a certa substân- cia. A legislação brasileira é falha, pois não exi- ge testes de toxicidade para registro de cos- méticos. Havendo apenas um termo de res- ponsabilidade assinado pela empresa, sa- lientando que tem como provar a eficácia e segurança de seus produtos. Então, as empresas realizam testes de toxi- cidade para avaliar a segurança dos cosmé- ticos. Os testes podem ser realizados in vivo ou in vitro e são eles: teste de irritação ocu- lar primária; testes de toxicidade aguda dér- mica; irritação cutânea; fotossensibilidade e fototoxicidade; testes de sensibilização cutânea; acneigênese; toxicidades oral e percutânea; potencial mutagênico; poten- cial carcinogênico; potencial teratogênico. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos196/219 Os testes in vitro visam reduzir o número de animais usados em pesquisas e diminuir o tempo das análises toxicológicas. Para a realização dos testes de segurança, deve-se levar em consideração o mau uso dos produ-tos pelos consumidores e as concentrações presentes das matérias-primas, que interferem dire- tamente nas reações adversas causadas. Faz-se necessária a implementação de uma legislação vigente, que esteja sempre verificando os produtos que serão lançados no mercado, podendo, assim, assegurar o consumidor de que aquele produto é eficaz e tem segurança de uso. 1. Legislação cosmética De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 211/2005, da Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária (ANVISA), essa é a definição de cosméticos: São preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso ex- terno nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ ou corrigir odores corporais e/ou protege-los ou mantê-los em bom estado (BRA- SIL, 2005). Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos197/219 Todas as empresas que fabricam, impor- tam ou armazenam produtos cosméticos, devem seguir as legislações sanitárias, des- de a projeção e instalação da fábrica, até o lançamento do produto no mercado. Os cosméticos devem ser notificados ou regis- trados na Anvisa; já as empresas habilitadas devem ter autorização de funcionamento junto a essa agência, que regularmente as inspeções. 1.1 Classificação de produtos cosméticos A RDC 211/05 da ANVISA estabelece a defi- nição e a classificação, entre outros produ- tos, dos cosméticos. Esse grupo, conforme a orientação do documento, é dividido em Grau 1 e Grau 2, que, conforme seu anexo II, são assim designados: Para saber mais A Anvisa, órgão vinculado ao ministério da Saúde, é responsável pela fiscalização e regulamentação das legislações sanitárias e pela autorização de comercialização dos artigos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Link Para melhor compreensão sobre a classificação de produtos cosméticos, acesse o link Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/legislacao/?i- nheritRedirect=true#/visualizar/27564>. Acesso em: 14 dez. 2017. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos198/219 1.1.1 Definição de Grau 1 São produtos de higiene pessoal cosméticos e perfumes cuja formulação cumpre com a definição adotada no item I do anexo I desta Resolução e que se caracterizam por pos- suírem propriedades básicas ou elementa- res, cuja comprovação não seja inicialmen- te necessária e não requeiram informações detalhadas quanto seu modo de uso e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto, conforme mencio- nado na lista indicativa de produtos de Grau I (BRASIL, 2005). 1.1.2 Definição de Grau 2 São produtos de higiene pessoal, cosmé- ticos e perfumes, cuja formulação cumpre com a definição adotada no item 1 do anexo 1 desta Resolução e que possuem indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso, conforme mencionado na lista indicativa (BRASIL, 2005). Os critérios para essa classificação foram definidos em função da probabilidade da ocorrência de efeitos não desejados em ra- zão de uso inadequado dos produtos, sua formulação, finalidade de uso, áreas do corpo a que se destinam e cuidados a se- rem observados quando de sua utilização. Os produtos Grau 2 devem ser registrados e aprovados pela Anvisa para serem comer- cializados. Modificações na formulação, embalagens, Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos199/219 rótulo ou tonalidade do produto devem ser atualizadas, tanto na notificação do produ- to de Grau 1 quanto no registro do produto Grau 2. O registro ou a notificação são váli- dos por cinco anos e podem ser renovados continuamente por um período adicional de mais cinco. 2. Consequências Possíveis da Aplicação de Produtos Cosméti- cos sobre a Pele Sadia 2.1 Dermatites de irritação Reações cutâneas decorrentes do contato com um agente nocivo. As dermatites que resultam desse contato se caracterizam por: • Irritação quase imediata e que atinge todos os indivíduos (efeito coletivo). • Localização limitada ao ponto de con- tato. • Sensação de calor e queimadura. • Lesões eritematosas, escamosas e bo- lhosas. • Evolução proporcional à concentra- ção e ao tempo de aplicação do agen- te irritante. • Dermatites ortoérgicas, que podem eventualmente acarretar fenômenos de sensibilização. • Mecanismo não imunológico. Agentes irritantes: – Agentes químicos: Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos200/219 • Ácidos, bases fortes. • Álcoois. • Solventes. • Fósforo. • Certos óleos. • Xampus, sabonetes, cremes depilató- rios. – Agentes físicos: • Raios UV. • Radiações ionizantes. • Calor. • Frio. • Fricções, roçamentos, coceiras repeti- das. 2.2 Dermatites alérgicas ou eczema de contato A alergia de contato é uma intolerância da pele em face de substâncias não tóxicas. É uma reação individual e adquirida. As dermatites que daí resultam se caracte- rizam por: • Uma reação pruriginosa que não é imediata. • Uma localização quase sempre limita- da no ponto de contato. • Lesões do tipo eczema, urticária, às vezes, edematosas. • A evolução não é proporcional à con- centração nem ao tempo de aplica- ção. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos201/219 • O mecanismo da reação é imunológi- co. 2.2.1 Noções de imunologia re- lativas às reações alérgicas Certas células do organismo são especiali- zadas para a resposta imunitária. Podemos citar: • Os plasmócitos (variedade de célula linfoide), que sintetizam e secretam anticorpos ou imunoglobulinas. • Os linfócitos T. helper, que liberam produtos de ativação ou linfoquininas. • Os linfócitos T citotóxicos, que matam as células-alvo. Os quatro tipos de reações alérgicas, clas- sificados por Gell e Combs, médicos derma- tologistas, relevam diferentes mecanismos: Tipo I – Anafilaxia: encontro de um antígeno (substância estranha ao organismo) circu- lante com o anticorpo fixado sobre a mem- brana celular dos mastócitos (variedade de histiócitos existentes normalmente no teci- do conjuntivo, nos gânglios linfáticos e na medula óssea), que provoca a liberação de histamina e de serotonina. Essa reação é imediata e rápida. É a do choque anafilático. Tipo II – Fenômeno de Arthus: um anticor- po forma, com um antígeno, um complexo imunocirculante em um vaso. A precipita- ção formada altera a parede vascular e for- ma uma necrose vascular. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos202/219 Tipo III – Reação citotóxica: reação de des- truição celular. Ela se manifesta tanto con- tra células estranhas – rejeição – quanto na defesa antiviral, agindo contra as células infectadas pelo vírus. Tipo IV – Hipersensibilidade retardada à mediação celular: manifesta-se na reação tipo tuberculínica e no eczema de contato. Tomemos o exemplo deste último, em que a reação se desenvolve da seguinte maneira: • Penetração do hapteno (substância da reação na pele). • O hapteno se une a uma proteína cutânea e torna-se um alérgeno. • No nível da derme, reencontra os lin- fócitos T, que ele informa e sensibiliza. • Esses linfócitos T de memória são re- colocados na circulação. • No momento de uma nova penetração do alérgeno na pele, ele será fixado sobre as linfoquinas e sensibilizado. • A reação ocorre aproximadamente 48 horas após o segundo contato. 2.3 Reações alérgicas aos pro- dutos cosméticos e de higiene corporal Provocadores de dermatite de contato ou dermatites de intolerância. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos203/219 2.3.1 Batons Podem produzir: vermelhidão, secura, fissu- ra, descamação das mucosas labiais, pruri- do, vesículas periorbitais (reação é chama- da queilite). Alérgenos: • Corantes, como a eosina e a eritrosina. • Perfumes.• Conservantes. • Excipientes. 2.3.2 Sombra para os olhos Pode produzir um eczema sobre toda a pál- pebra. Alérgenos: • Conservantes. • Corantes. 2.3.3 Delineador e rímel Podem produzir uma dermatite ao longo da borda livre da pálpebra. Alérgenos: • Corantes. • Conservantes. 2.3.4 Blush Pode produzir uma dermatite sobre a maçã do rosto. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos204/219 Alérgenos: • Conservantes. • Corantes. • Perfumes. 2.3.5 Leites, cremes, pós Reações sobre todo o rosto e o pescoço. Alérgenos: • Perfumes. • Conservantes. • Lanolina. 2.3.6 Esmalte Pode provocar um eczema no ângulo inter- no da pálpebra, sobre a região peribucal, sobre o sulco nasogeniano, sobre o queixo, sobre o pescoço, toda a região em contato com as unhas, mas raramente em torno das unhas. É uma reação a distância. Alérgenos: • Resinas sintéticas. 2.3.7 Dentrifícios Queilite bucal e peribucal. • Sabonetes – alérgenos: antissépticos e perfumes. • Produtos depilatórios – alérgenos: sais de alumínio. • Desodorantes: alérgenos: sulfato de alumínio. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos205/219 As reações localizam-se sobre as regiões do corpo em contato com esses diferentes pro- dutos. 2.3.8 Tinturas Prurido, edema, eczema ressumante sobre o couro cabeludo, sobre a testa, as orelhas, o pescoço. Alérgenos: os derivados do paratoluenedia- mita (teste obrigatório 48 horas antes da aplicação). 2.3.9 Xampus Irritação, secura, prurido, raramente ecze- ma sobre o couro cabeludo. Alérgenos: • Produtos detergentes. • Perfumes. 2.3.10 Líquidos de permanente Dermatite sobre a nuca e a região occipital. Alérgenos: sulfatos, amoníaco, tioglicolato, sulfato de amônia. 2.3.11 Fixadores Reações eczematiformes sobre o rosto e as pálpebras. Alérgenos: as resinas naturais. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos206/219 2.3.12 Loções capilares As dermatites estão situadas sobre o couro cabeludo 2.3.13 Perfumes Reações eritematosas que se tornam pig- mentadas por fotossensibilização (man- chas). Alérgenos: essências aromáticas, como a bergamota e a lavanda. 2.4 Reações por fotossensibili- zação Lesões eritematosas do tipo eczema ou pig- mentares, que se localizam sobre as regiões em contato com cosméticos expostos à luz. Para saber mais Caso ocorra alguma reação alérgica devido ao uso de cosméticos, a utilização deve ser imedia- tamente interrompida e, se necessário, deve-se procurar um médico, contatar a empresa respon- sável pelo produto, a Anvisa ou a vigilância local. Link O link que se segue é de um estudo que trata das reações alérgicas no ambiente de estética. Dis- ponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/ Ana%20Ang%C3%A9lica%20Candiotto,%20 Ana%20Fl%C3%A1via%20Freire%20Wayhs. pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana Ang%C3%A9lica Candiotto, Ana Fl%C3%A1via Freire Wayhs.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana Ang%C3%A9lica Candiotto, Ana Fl%C3%A1via Freire Wayhs.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana Ang%C3%A9lica Candiotto, Ana Fl%C3%A1via Freire Wayhs.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana Ang%C3%A9lica Candiotto, Ana Fl%C3%A1via Freire Wayhs.pdf Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos207/219 Para saber mais A luz do sol pode provocar reações do sistema imunológico e, como consequência disso, podem surgir erupções com coceira ou áreas de verme- lhidão e inflamação nas manchas da pele exposta ao sol. Link Para melhor compreensão sobre a toxicidade de produtos cosméticos, leia o seguinte artigo cien- tífico: Descomplicando a toxicidade dos cosméti- cos. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/ pdf/Daiane%20Garbellotto,%20Daniela%20 Mascarello.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2017. http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane Garbellotto, Daniela Mascarello.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane Garbellotto, Daniela Mascarello.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane Garbellotto, Daniela Mascarello.pdf Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos208/219 Glossário Queilite: inflamação nos lábios que pode ter diferentes apresentações, embora quase sempre com dor e comprometimento estético da região. Alérgenos: substâncias dos alimentos, plantas ou animais que provocam uma reação exagerada do sistema imunológico e causam inflamação. Eczema: processo crônico ou agudo de inflamação da pele, o eczema apresenta-se em manchas avermelhadas com pequenas bolhas e, apesar de prevalecer em algumas partes do corpo, como nas mãos e no rosto, pode surgir no corpo todo. Questão reflexão ? para 209/219 Prezado aluno, Nesta aula, estudamos sobre a toxicologia dos produtos cosméticos. Enfatizamos pontos-chave sobre a toxicologia de pro- dutos cosméticos e sua fiscalização; a legislação de pro- dutos cosméticos, e finalizamos com as consequências possíveis da aplicação desses produtos sobre a pele sa- dia. Agora que você já tem conhecimento sobre o tema, pesquise sobre uma formulação cosmética e indique quais os componentes químicos da fórmula são capazes de provocar algum tipo de reação alérgica. Bons estudos! 210/219 Considerações Finais • Os produtos cosméticos são classificados em produtos de grau 1 e de grau 2, de acordo com sua finalidade de uso. • Modificações na formulação, embalagem, rótulo ou tonalidade do produto, devem ser atualizadas, tanto na notificação do produto de Grau 1 quanto no registro do produto Grau 2. O registro ou a notificação são válidos por cinco anos e podem ser renovados continuamente por um período adicional de mais cinco. • São consequências possíveis da aplicação de cosméticos na pele sadia: dermatites de irritação, dermatites alérgicas ou eczema de contato e reações alérgicas aos produtos cosméticos. • A dermatite de irritação pode ter agentes irritantes químicos e físicos. Unidade 6 • Abordagem Toxicológica de Produtos Cosméticos211/219 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 211, de 14 de julho de 2005. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/legislacao/?inheritRedirect=true#/ visualizar/27564>. Acesso em: 14 dez. 2017. CANDIOTTO, A. A.; WAYHS, A. F. F.; FRANÇA, A. J. von B. du V. Reações adversas a cosméticos e o profissional da estética. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana%20Ang%C3%A9li- ca%20Candiotto,%20Ana%20Fl%C3%A1via%20Freire%20Wayhs.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2017. CHORILLI, M.; SCARPA, M. V.; LEONARDI, G. R.; FRANCO, Y. O. Toxicologia dos cosméticos. Acta Farmacêutica Bonaerense. p. 144-154, 2007. Volume único. DINARDO, J. C; MICHALUN, M. V. Milady dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados com a pele. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016 GARBELLOTTO, D.; MASCARELLO, D.; VALDAMERI, G. A. Descomplicando a toxicidade dos cos- méticos. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane%20Garbellotto,%20Daniela%20 Mascarello.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2017. HERNANDEZ, M; MERCIER-FRESNEL, M. M. Manual de cosmetologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Revin- ter, 1999. LACRIMANTI, L. M; VASCONCELOS, M. G; PEREZ, E. Curso didático de estética. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2014. v. 1. PEREIRA, M. F. L. Cosmetologia. 1. ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana Ang%C3%A9lica Candiotto, Ana Fl%C3%A1via Freire Wayhs.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana Ang%C3%A9lica Candiotto, Ana Fl%C3%A1via Freire Wayhs.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane Garbellotto, Daniela Mascarello.pdf http://siaibib01.univali.br/pdf/Daiane Garbellotto, Daniela Mascarello.pdf 212/219 1. As dermatites de irritação são reações cutâneas decorrentes do contato de um agente nocivo. Elas se caracterizam por: Questão 1 a) Uma irritação crônica e que atinge todos os indivíduos (efeito coletivo). b) Uma localização não limitada no ponto de contato. c) Não ocorrerem sensações de calor e queimadura. d) Lesões eritematosas, escamosase bolhosas. e) Uma involução proporcional à concentração e ao tempo de aplicação do agente irritante. 213/219 2. A alergia de contato, que é uma intolerância da pele diante de substân- cias não tóxicas, é uma reação individual e adquirida. Trata-se de: Questão 2 a) Dermatite de irritação. b) Eczema de contato. c) Fenômeno de Arthus. d) Reação citotóxica. e) Hipersensibilidade à mediação celular. 214/219 3. Existem tipos de reações alérgicas, classificadas por GELL e COMBS, que revelam diferentes mecanismos. O encontro de um antígeno (substância estranha ao organismo) circulante com o anticorpo fixado sobre a mem- brana celular dos mastócitos (variedade de histiócitos existentes normal- mente no tecido conjuntivo, nos gânglios linfáticos e na medula óssea), que provoca a liberação de histamina e de serotonina. Essa reação é ime- diata e rápida. É a do choque anafilático, que é a reação alérgica: Questão 3 a) Tipo I – Anafilaxia. b) Tipo II – Fenômeno de Arthus. c) Tipo III – Reação citotóxica. d) Tipo IV – Hipersensibilidade a mediação celular. e) Tipo V – Eczema de contato. 215/219 4. Quando falamos em reações alérgicas aos produtos cosméticos, os ba- tons podem produzir vermelhidão, secura, fissura, descamação, entre ou- tras dermatites de contato. O corante que causa esse tipo de alergia é a(o): Questão 4 a) Azul de metileno. b) Verde Jessner. c) Eosina. d) Violeta genciana. e) Azul de bromotimol. 216/219 5. O uso de esmaltes pode provocar um eczema de ângulo interno da pálpebra, sobre a região peribucal, sobre o sulco nasogeniano, sobre o queixo, sobre o pescoço, toda a região em contato com as unhas, mas ra- ramente em torno das unhas. É uma reação a distância. Os componentes alérgenos responsáveis por esse eczema são: Questão 5 a) Os conservantes. b) Os perfumes. c) As resinas sintéticas. d) Os sais de alumínio. e) Os derivados do parabeno. 217/219 Gabarito 1. Resposta: D. As dermatites de irritação são reações cutâ- neas decorrentes do contato de um agente nocivo e se caracterizam por: • Uma irritação quase imediata e que atinge todos os indivíduos (efeito co- letivo). • Uma localização limitada no ponto de contato. • Uma sensação de calor e queimadura. • Lesões eritematosas, escamosas e bo- lhosas. • Uma evolução proporcional à con- centração e ao tempo de aplicação do agente irritante. 2. Resposta: B. A alergia de contato ou eczema de contato é uma intolerância da pele diante de subs- tâncias não tóxicas. É uma reação individual e adquirida. As dermatites que daí resultam se caracte- rizam por: • Uma reação pruriginosa que não é imediata. • Uma localização quase sempre limita- da no ponto de contato. • Lesões do tipo eczema, urticária, às vezes, edematosas. 218/219 Gabarito • A evolução não é proporcional à con- centração nem ao tempo de aplica- ção. • O mecanismo da reação é imunológi- co. 3. Resposta: A. Os quatro tipos de reações alérgicas, classi- ficados por GELL e COMBS, relevam diferen- tes mecanismos: Tipo I – Anafilaxia: encontro de um antígeno (substância estranha ao organismo) circu- lante com o anticorpo fixado sobre a mem- brana celular dos mastócitos (variedade de histiócitos existentes normalmente no teci- do conjuntivo, nos gânglios linfáticos e na medula óssea), que provoca a liberação de histamina e de serotonina. Essa reação é imediata e rápida. É a do choque anafilático. 4. Resposta: C. O corante que causa reação alérgica em ba- tons é a eosina. 5. Resposta: C. O uso de esmaltes pode provocar um ecze- ma de ângulo interno da pálpebra, sobre a região peribucal, sobre o sulco nasogenia- no, sobre o queixo, sobre o pescoço, toda a região em contato com as unhas, mas rara- mente em torno das unhas. É uma reação a distância. Os componentes alérgenos res- ponsáveis por esse eczema são as resinas sintéticas.