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TRATAMENTO DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR COM MINI-IMPLANTES DE ANCORAGEM
RESUMO
Para a ortodontia moderna é muito comum o profissional da área utilizar meios compensatórios, em casos em que há a necessidade de usar mecanismos eficientes na correção da má-oclusão do paciente. Considerada como uma correção de difícil tratamento, a mordida aberta anterior, é uma má-oclusão que dificulta a mastigação e a estética da pessoa acometida. Para o tratamento da má-oclusão novas técnicas mecânicas têm sido apresentadas e usadas, como a ancoragem por meio de mini-implantes como o objetivo de corrigir a má-oclusão evitando dessa forma procedimentos mais invasivos, como a cirurgia ortodôntica. O referido estudo objetiva relatar, por meio de revisão de literatura, casos já realizados dessa técnica mecânica de tratamento onde mini-implantes de ancoragem foram usados no tratamento da mordida aberta anterior, bem como seus benefícios.
Palavras-chave: Ancoragem. Mini-implantes. Mordia Aberta Anterior. Ortodontia. Tratamento. 
ABSTRACT
For modern orthodontics, it is very common for professionals in the field to use compensatory means, in cases where there is a need to use efficient mechanisms to correct the patient's malocclusion. Considered as a difficult to treat correction, anterior open bite is a malocclusion that makes chewing and aesthetics difficult for the affected person. For the treatment of malocclusion, new mechanical techniques have been presented and used, such as anchorage through mini-implants, with the aim of correcting malocclusion, thus avoiding more invasive procedures, such as orthodontic surgery. This study aims to report cases of this mechanical treatment technique where anchorage mini-implants are used in the treatment of anterior open bite.
Keywords: Anchoring. Mini-implants. Previous Open Bite. Orthodontics. Treatment.
1INTRODUÇÃO
O tratamento da mordida aberta anterior tornou-se um dos grandes desafios para a ortodontia moderna, pois além de ser um tratamento de difícil realização, ele não se limita apenas na correção funcional, mais também no restabelecimento do sistema estomatognático e devolver de forma satisfatória a estética fácil do indivíduo acometido por esse problema, visando dessa forma resultados significativos e estáveis (Valarelli et al., 2014).
Como má-oclusão, a mordida aberta anterior, é caracterizada por um transpassamento vertical negativo dos dentes anteriores e, também, pela falta do contato vertical entre os dentes das duas arcadas. Isso interfere tanto a mastigação quanto a estética fácil do indivíduo que resulta tanto em problemas gastrointestinais como o convívio social dos acometidos. Machado et al (2016) afirma que “a mordida aberta anterior é classificada em dentaria, dento esquelética e esquelética de acordo com a estrutura afetada” (Machado et al., 2016).
Dispositivos temporários de ancoragem, hoje em dia, são recursos muito utilizados no ramo da prática ortodôntica. O uso de mini-implantes tem permitido aumentar o poder de correção nos tratamentos compensatórios, assim como nas mecânicas convencionais. Essa técnica usada no tratamento da mordida aberta anterior, se mostra favorável e eficaz por meio dos vários estudos de casos contemplados. (Ramos et al., 2018).
Para Faber (2014), “o desenvolvimento dessa técnica familiarizou os ortodontistas com a utilização de implantes e tornou possíveis movimentações dentárias que, dificilmente, seriam atingidas com métodos ortodônticos convencionais”.
Certos protocolos de tratamento têm sido apresentados na literatura referente a correção da mordida aberta anterior e constância. A extração dentária e o uso de ancoragem para intrusão de dentes anteriores são uns desse protocolos (Valarelli et al., 2014).
Na etiologia da mordida aberta, foram relatados fatores hereditários relacionados ao crescimento facial, fatores externos, como amidalite hipertrófica, alguns hábitos deletérios como uso de chupetas e/ou dedos, interposição lingual, e posição lingual anormal, sendo que os hábitos deletérios comprovam cientificamente os danos esqueléticos e dentários que estes acarretam (Machado et al., 2016).
A mordida aberta anterior acarreta um desenvolvimento vertical posterior excessivo, um plano curto da mandíbula, aumento angular do plano mandibular, assim como um aumento da altura fácil anterior inferior, onde geralmente está relacionada a ausência de selamento labial passivo. A literatura afirma, por meio de diversos casos apresentados, que o uso de mini-implantes é considero um meio de correção favorável como recurso de tratamento não-cirúrgica e que sua utilização vem aumentando razoavelmente nos últimos anos (Ramos et al., 2018).
Descreve-se a ancoragem ortodôntica pela resistência da movimentação dental indesejado. Ela pode ser classificada como intra ou extra bucal, e utiliza-se de dispositivos diferenciados, o que depende da necessidade de resistência ao movimento (Machado et al., 2016).
Atualmente, os equipamentos eficientes mais usados na ancoragem são os mini-implantes, parafusos de titânio, que são instalados mediante cirurgia no tecido ósseo, provocando um movimento desejado, evitando a movimentação de reação, que muitas vezes é indesejável. Além desses métodos, há também a ancoragem com mini-placas que é uma forma de ancoragem muito eficiente e com grande estabilidade (Sakima et al., 2016).
Muitas vantagens podem ser percebidas nesse tratamento. Como vantagem pode-se citar que não precisa colaboração do paciente, o tempo de tratamento é menor quando comparados a métodos convencionais, fornece ancoragem absoluta, o risco de lesão é reduzido, é de fácil manipulação, fácil aplicação e manutenção, não causa mudanças ou alterações nos dentes vizinhos e em termos de custo-benefício são mais vantajosos anto para o paciente quando para o profissional da área (Bramante, 2018).
Machado et al. (2016) em uma de suas análises de casos afirma que “um dos movimentos mais utilizados para a facilitação da correção da mordida aberta anterior, seja ela de qualquer natureza, é a intrusão de molares”. Estudos comprovam um aumento no índice de fechamento desta mordida por esse movimento, com decorrente giro horário no plano palatino e anti-horário da mandíbula, o que favorece o selamento labial passivo e maior estabilidade da musculatura, além de uma melhora no perfil fácil do paciente (Machado et al., 2016).
Os mini-implantes vem sendo amplamente usados por profissionais ortodônticos devido à facilidade de colocação, seu custo-benefício menor, e a ancoragem inicial é conseguida por meio de retenção mecânica no osso cortical, quando utilizados podem transladar dentes na área do mini-implante (Sakima et al., 2016).
O objetivo deste estudo é revisar a literatura quanto à indicação da utilização do mini-implantes no tratamento da mordida aberta anterior como recurso de ancoragem.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Considerada como má-oclusão no comprometimento estético-funcional, a mordida aberta anterior apresenta várias etiologias envolvidas. Os profissionais consideram diferentes abordagens no tratamento dessa má-oclusão classificada como severa. Em pacientes adultos, o tratamento ortodôntico da mordida aberta anterior apresenta diversas limitações e, muitas vezes, os profissionais se utilizam-se da cirurgia como técnica de ajuste (Almeida et al., 2013).
Os especialistas afirmam a importância na diferenciação da mordida aberta anterior dental da mordida aberta esquelética como objetivo de metas sejam estabelecidas e condutas de tratamento sejam estipuladas no tratamento (Vieira et al., 2018).
Considerada como um trespasse vertical negativo entre as extremidades incisais dos dentes anteriores superiores e inferiores, a mordida aberta anterior é considerada na literatura existente, como um uma das má-oclusões de maior comprometimento na estética funcional. Além de causar danos na pronúncio de certos vocábulos, ela também provoca alterações dentárias e esqueléticas e também prejudica o sistema gastrointestinal, sem contar deser um distúrbio desfavorável ao psicológico do acometido (Silva et al. 2019).
Devido a sua etiologia, a mordida aberta anterior, é considerada pelos especialistas como má-oclusão de difícil tratamento, pois está relacionada tanto a fatores hereditários quanto a fatores ambientais. O crescimento vertical predeterminado é um dos fatores genéticos e amidalite hipertrófica, assim com a respiração bucal e hábitos deletérios, uso de dedos e/ou chupetas, como fatores ambientais (Tavares et al. 2019).
O controle do hábito e adoção de procedimentos mais invasivos como a cirurgia, são, geralmente, formas de tratamento dessa má-oclusão. No intuito de melhorar o padrão fácil do paciente, várias são a técnicas utilizadas no tratamento, desde o uso da grade de platina, aparelhos ortodônticos, aparelho extrabucal de alta tração até mini-implantes com sistema de ancoragem, sendo este último um método considerado inovador na ortodontia (Silveira et al. 2019).
Etiologicamente, a mordida aberta anterior está associada muita das vezes a fatores hereditário e/ou fatores ambientais e por isso se torna uma das má-oclusões mais difíceis de tratamento, pois modificações morfológicas interferem significativamente no desenvolvimento normal da face, além de comprometer o sistema estomatognático do paciente, sem esquecer que a probabilidade de o controle neuromuscular da posição da língua e dos movimentos serem determinados principalmente pela genética (Matos et al., 2019).
O especialista Worms (2007), classifica a mordida aberta em simples e compostas. Simples, quando existe envolvimento de caninos e composta quando se trata de pré-molares. Já Dawson (2007) a classifica como mínima, moderada e severa de acordo com a sua métrica. Até 1 mm classifica como mínima, entre 1 e 5 mm, como moderada e acima desses valores, como severa. Almeida (ano) utiliza-se de outras categorias: dentárias, dentoalveolar e esquelética (Worms & Dawson & Maia et al., 2007).
Em resumo, ambos concordam que, hábitos desfavoráveis, se não forem tratados adequadamente, podem evoluir de uma simples mordida aberta para uma má-oclusão severa e de grande impacto na estética facial e gastrointestinal.
Estudos comprovam que a maior prevalência desse distúrbio está em casos de dentadura temporária. Silva (2019), em um de seus estudo sobre o assunto, observou que em crianças a taxa de mordida aberta chegou a 76% dentro do estágio de dentadura decídua completa e que a maior incidência era no sexo feminino (Silva et al. 2019).
Para os especialistas em ortodontia, a mordida aberta merece total atenção desde o início do seu diagnóstico, para que esse quadro não evolua a níveis mais severos e que fatores externos não venham a somar no tratamento dessa má-oclusão
Segundo Alencar (2008):
A interceptação da mordida aberta anterior, na fase de dentadura mista, quando apresenta caráter dentoalveolar, possui prognóstico favorável. Entretanto, nos casos de envolvimento de componentes esqueléticos na sua composição, nem sempre as compensações dentárias produzidas pelo tratamento ortodôntico trazem resultados satisfatórios (Avelar et al., 2008, p. 80).
Na fase dentária decídua, o tratamento envolve, basicamente, o controle dos hábitos e o atendimento multidisciplinar aliado a fonoaudiologia, a otorrinolaringologia e, também, ao ortodontista.
Segundo Júnior (2021) afirma em seu estudo:
O uso de MI ortodôntico inovou os conceitos de ancoragem absoluta e direção de forças ortodônticas. Com seu pequeno tamanho e grande resistência às forças horizontais, é uma combinação ideal para a mais ampla gama de indicações em mecânica ortodôntica, garantindo mais segurança e liberdade, possibilitando uma ancoragem segura e sem exigir grande cooperação do paciente. Além de possibilitar a ativação imediata, desde que possua boa estabilidade inicial, possibilita a movimentação simultânea de vários dentes sem prejudicar outros elementos, permitindo corrigir a inclinação de dentes sem serem extruídos (Júnior, 2021, p. 17).
Os MIs podem ser autorrosqueável ou autoperfurantes. Sendo que os autorrosqueáveis não possuem poder de corte, ou seja, é a necessidade de realizar uma perfuração prévia do tecido mole e ósseo para que seja possível o implante. Já os autoperfurantes não precisam dessa prévia tornando a instalação mais fácil. O MI deve promover ancoragem mecânica e permitir a distribuição de carga funcional sem danos à fisiologia dos tecidos, sendo os formatos mais usados o cilíndrico e o cônico. A irrigação como soro fisiológico é feita na técnica autorrosqueável para evitar superaquecimento ósseo e futuras complicações no pós cirúrgicos, evitando a reabsorção e também desconforto inflamatório ao paciente (Júnior, 2021).
Os MI apresentam uma cabeça, um perfil transmucoso e uma rosca, sendo que a estrutura que fica exposta, cabeça, é acoplado o dispositivo que irá exercer a força, como elásticos, molas e armadilhas. A parte transmucosa possui a função de interface de ligação entre o meio externo bucal com a mucosa e os tecidos internos, o que varia de tamanho para cada caso e deve possuir uma superfície lisa para que seja evitado o acúmulo de placa bacteriana e a rosca que é parte mais fina da aparelhagem (Júnior, 2021).
Figura 1 - MI autorrosqueável e autoperfurante.
FONTE: Autoimplante S/A (2020).
A escolha dos locais adequados para a instalação do MI é um fator primordial. Na maxila, é preferível que sejam instalados nas regiões mesial dos primeiros molares superiores por técnica vestibular e distal por técnica palatina. Já na mandíbula, deve-se serem instalados na maior área de volume que se encontra entre os pré-molares e nas mesiais e distais dos primeiros molares, pois entre os primeiros pré-molares e caninos há uma menor área. Segunda a estabilidade, a mandíbula apresenta maior eficiência devido a características da cortical óssea porosa. Assim, os Mis permitem maior estabilidade na área de contato do osso com o implante, pois quanto maior for a cortical ósseas, melhor será sua estabilidade (Júnior, 2021). 
Figura 2-Exemplos clínicos, um MI por vestibular e um MI por palatina. 
FONTE: Paccini (2016)
Júnior (2021) afirma que “as miniplacas também são bastante efetivas neste tipo de tratamento intrusivo, no entanto requerem uma instalação bastante invasiva quando comparadas aos MIs, que são pequenos, versáteis e de fácil remoção”.
Atualmente os MIs apresentam alta resistência e são mais biocompatíveis que os aparatos usados em métodos convencionais. Apresentam composição titânica de grau 5 e possuem comprimento na faixa de 4 a 12 mm, sendo seu diâmetro estipulado entre 1,2 e 2,3 mm. A porção gengival, perfil transmucoso, o MI estende-se desde a parte externa do tecido mole até o cortical ósseo e apresenta, normalmente, de 1 a 4 mm de altura o que vai depender da localização gengival danatômica (Bramante et al., 2018). 
A parte transmucosa representa a parte intermediária em contato com a mucosa. Apresentam formas e tamanhos variados, principalmente em comprimento e largura. Sendo que em relação ao comprimento, há 4 tipos: curto, médio, longo e sem perfil transmucoso. Já em relação ao comprimento os mais utilizados pelos especialistas ficam na faixa de 8 a 10 mm e em relação ao diâmetro ficam entre 1,4 e 1,8 mm sempre levando em conta a distância entre as raízes dos elementos dentais. Com a autoperfuração o risco de perfuração radicular diminui devido a ponta ativa presente, enquanto os autorrosqueáveis, que requerem perfuração prévia, apresentam maior índice de perfuração radicular (Júnior 2021).
É importante saber escolher o local exato para a instalação dos MIs, assim os exames de imagens, radiografias e/ou tomografias se tornam excelentes ferramentas no auxílio do posicionamento correto dos MIs. Essa escolha é feita a partir da análise da quantidade e qualidade óssea disponível para a instalação, além da força do centro de resistência dental na intrusão. A quantidade e localização dos MIs é variável, pois depende de quantas unidade devem ser intruídas no tratamento. Assim, todosesses fatores devem ser, previamente analisados para que se possa determinar, de forma precisa, a quantidade de movimentos e dos locais para a execução dos movimentos ortodônicos sejam ideais.
De acordo com Júnior (2021, p. 19):
Normalmente os MIs devem ser instalados mais apicalmente, para ter uma maior ativação e mais perpendicularmente à cortical óssea, evitando perfurações do seio maxilar. Além disso, deve-se contemplar as limitações de mucosa ceratinizada, com o intuito de evitar inflamação local (Júnior, 2021, p. 19). 
O uso de mini-implantes como métodos de ancoragem ortodôntica, começaram a ser usados no século XXI, durante a busca dos ortodontistas por dispositivos que promovessem ancoragem que até então era feita com implantes de finalidade protética. Estudos avaliaram que o manuseio trabalhoso e o preço elevado, desfavoreciam sua aplicabilidade levando então ao desenvolvimento de mini-implantes específicos para desempenho ortodôntico (Assis et al., 2021).
Quando os próprios dentes são utilizados como ancoragem ortodôntica os efeitos colaterais são significativos, como a movimentação para posições indesejáveis. Os dentes anquilosados e os implantes ósseo-integrados fornecem ancoragem rígida para o movimento dentário, porém são usados em apenas situações específicas. O primeiro material de ancoragem temporária foi um parafuso cirúrgico de liga de titânio colocado apicalmente aos incisivos superiores para intrusão. Os mini-implantes inter-radiculares (I-R) que são colocados no processo alveolar entre às raízes dos dentes e os mini-implantes extra-alveolares (E-A) ou extra-radiculares (E-R) são colocados fora do processo alveolar que suporta as raízes dos dentes (Bramante, 2018).
A utilização de mini-implantes na ancoragem esquelética é eficaz para certos tipos de má-oclusão, mas suas posições entre as raízes dos dentes demonstram algumas deficiências: poucos locais adequados estão disponíveis para sua instalação, as radiografias tendem a ampliar o espaço disponível para instalação, o ligamento periodontal e as raízes dos dentes podem ser lesionados, também há uma alta taxa de insucesso, principalmente na mandíbula, e cicatrizes podem ocorrer em áreas de gengivas expostas esteticamente (Faber et al., 2014). 
Os mini-implantes podem se mover em relação ao osso de suporte, porque não são ósseo-integrados. Mesmo um leve movimento (<1 mm) dos dispositivos de ancoragem temporária é um problema significativo, pois na maioria das vezes esse mini-implnates são postos em contato ou próximos as raízes dos dentes (Bramante, 2018).
Faber et al. (2014) citaram que o recurso dos mini-implantes e de mini placas de titânio como ancoragem no tratamento ortodôntico e cirúrgico, proporcionava uma possibilidade de movimentação e estabilidade que antes dificilmente seriam realizadas através de métodos convencionais na Ortodontia. 
Para intrusão, os mini-implantes são uma excelente opção de ancoragem, instala-se um por lingual e outro por vestibular, pode-se ou não conjugar os dentes com a intenção de formar um bloco, e com o uso de elástico corrente, faz-se a intrusão do elemento desejado. Outra opção é a instalação do mini implante apenas pela vestibular, porém, neste caso se faz necessária a confecção e instalação de uma barra palatina e de uma barra lingual, para que haja controle do torque dos dentes que sofrerão a intrusão.
O ortodontista deve atentar-se ao controle de infecção na utilização de MI na intrusão de molares. A falta de higiene culmina em um acúmulo de placa sobre a cabeça dos MIs, o que pode gerar infecção da mucosa alveolar e inflamação dos tecidos peri-implantares gerando perda de estabilidade e insucesso do tratamento.
Como fatores que contribuem para o insucesso dos MIs estão:
a) Fatores latrogênicos;
b) Fatores intrínsecos;
c) Fatores relacionados ao implante.
A Figura 3 demonstra as especificações para cada fator:
Figura 3- Fatores que contribuem para o insucesso dos MIs.
FONTE: Menezes (2011).
3 METODOLOGIA
Para a elaboração desse trabalho foi feita uma revisão de literatura sobre o uso de mini-implantes de ancoragem no tratamento da mordida aberta anterior como técnica ortodôntica e seus principais benefícios. Os artigos usados no presente estudo tiveram como descritores: “mini-implantes”, “mordida aberta”, “ortodontia”, “intrusão”, “extrusão”, de onde conseguiu-se extrair artigos de alto valor bibliográfico relevantes para a elaboração do mesmo, em base de dados mais utilizadas pelo meio acadêmico, como PubMed e Scielo.
O presente trabalho é definido como uma pesquisa qualitativa exploratória em que os dados obtidos foram retirados de fontes secundárias. O período de pesquisa ocorreu entre os anos de 2005 a 2021.
Zanella (2011) afirma que a vantagem da pesquisa qualitativa, é que esta pode compreender determinado fenômeno, neste caso a observação se dará sobre a aplicabilidade e eficiência dos mini-implantes ortodônticos em situações que se faz necessária a terapêutica intrusiva.
4 RESULTADOS
Sendo considerada uma revolução na ortodontia moderna, os mini-implentes estão se tornando uma técnica muito procurada por quem apresenta mordida aberta. Por apresentarem pequenos tamanhos, permite que eles sejam utilizados em uma maior variedade de locais de instalação o que proporciona resultados satisfatórios da ancoragem, principalmente em casos de mordida cruzada e/ou aberta anterior.
Como relatado anteriormente, a ancoragem dentária, caracteriza por um movimento indesejável. Assim, a ancoragem é considerada uma peça terapêutica fundamental na ortodontia.
Exemplo disso, é o aparelho pêndulo, utilizado para distalizar molares superiores e realizar o movimento mesial de pré-molares e caninos que com o mini-parafuso ancorado se faz um método muito mais eficaz no controle a perda de ancoragem indesejada habitualmente observada nos métodos convencionais (Assis et al., 2021).
Os mini-implantes são meios alternativos e eficientes na obtenção da ancoragem em tratamentos em que há a necessidade, principalmente, de movimentos intrusivos (Takai et al.,2010). Essa alternativa, comparada a cirurgia ortognática, é adequada para tratamento de pacientes com mordida abertas anteriores em que a má-oclusão sobrepõe a necessidade de estética facial. 
Segundo Takai et al. (2010), estes dispositivos fornecem ancoragem para vários movimentos ortodônticos sem que haja colaboração por parte do paciente e sem que ocasione movimentos indesejados durante sua ativação, o que implica diretamente no êxito do tratamento.
Hoje, os mini-implantes são fabricados com uma liga metálica de titânio de grau 5 e como diferentes graus de pureza (Poggio, 2006). Araújo et al. (2006) fala que a uma das principais características desse material é não promover a constituição de uma superfície ósseo-integrável, mantendo assim um bloquei mecânico e não biológico, o que o torna um importante meio terapêutico ortodônticao já que são removidos após o tratamento finalizado, de forma fácil com um movimento rotacional oposto ao de sua instalação.
No mercado nacional e internacional, há uma variedade grande de mini-implantes com tamanho, design, comprimento, diâmetro, pureza e tratamento da superfície diferentes (Araújo et al., 2006).
Os mini-implantes permitem uma ancoragem absoluta para a realização de movimentos de intrusão, revertendo a extrusão, resultado da perda do seu antagonista e reestabelecendo o espaço protético. Além disso, é eficaz no tratamento da intrusão posterior de pacientes que apresenta mordida aberta anterior por meio de intrusão em torno de a 4 mm (Almeida, 2019).
O uso dos mini-implantes está associado à sua capacidade de promover um ancoragem favorável em tratamento ortodônticos mais complexos e são usados em situações em que há mordida aberta anterior e a necessidade de intrusão dentária são significativas.
5 DISCUSSÃO
A procura por tratamentos ortodônticos parte de pacientes adultos com o objetivo de melhorar a estética bucal e problemas associados à perdadentária cresceu muito nos últimos anos.
No que diz respeito a mordida aberta anterior, o tratamento de extrusão é considerado difícil, invasivo e de alto custo quando feito por meios convencionais. Já quando usado mini-implantes, os resultados mostram-se satisfatórios e estáveis na obtenção de uma ancoragem esquelética rígida, pois essa técnica não depende e nem compromete outros dentes e nem da colaboração do paciente para ser executada (Quirino, 2019).
Foram encontrados na literatura o relato de vários casos em que o uso de mini-implantes na ancoragem da mordida anterior se mostrou eficiente.
Araújo et al. (2008) sugeriu o uso de mini-implantes entre as raízes mesial e distal do anterior a ser intruído, sendo um por vestibular e o outro por palatino. Segundo a pesquisa feita por Sugii et al. (2018), os mini-implantes assim instalados, proporcionam um movimento dentário vertical controlado, evitando forças obliquas que promovam inclinações dentárias indesejadas. E em termos de efetividade de ancoragem, para Paccini et al. (2016) o uso de dois mini-implantes é suficiente, pois se associado a um terceiro dispositivo não demonstrará ganhos significativos na ancoragem.
Além de tratar a má-oclusão da mordida aberta anterior, o uso de mini-implantes como manobra ortodôntica, readéqua o espaço protético, como comprovado por Wilmes et al. (2015). Este usou o tratamento de mini-implantes por 2 anos e 7 meses em um de seus pacientes e constatou, após 22 meses uma intrusão de 2 a 3 mm.
Casos clínicos relatados por Wilmes et al. (2015) e Shiraski et al. (2020) mostraram em casos complexos, que a ancoragem ortodôntica por mini-implantes foram concluídos com êxito.
Os mini-implantes apresentam duas categorias: autorrosquentes e autoperfurantes. Os primeiros não necessitam de procedimento prévio de perfuração devido a presença de ponta ativa, enquanto o segundo necessitam, pois não apresenta ponta ativa. Há profissionais que consideram os mini-implantes autoperfurantes como técnica traumática, pois essa técnica utiliza-se de pressão física localizada podendo dessa forma provocar lesões no periósteo e no endósteo, assim como necrose das células do tecido ósseo. Entretanto, outros especialistas acreditam que os mini-implantes autorrosquentes provocam mais trauma ósseo devido ao calor gerado pelo atrito durante a perfuração prévia (Araújo et al.,2006).
	Portanto, a utilização de mini-implantes vem ganhando cada vez mais atenção e espaço no ramo da ortodontia, pois além de oferecer melhor ancoragem, os implantes ortodônticos são de fácil manuseio, instalação, remoção, menos invasivos, resistentes e por apresentarem boa estabilidade inicial, são feitos de maneiro imediata e o tratamento é rápido e confortável com menor participação do paciente, sendo a higienização bucal sua principal contribuição. Nos casos estudados, o custo-benefício baixo e a ausência de queixa na estética por parte dos pacientes, tornam seu uso justificável na prática ortodôntica.
6 CONCLUSÃO
Apesar de ser considerada uma execução de difícil correção, a intrusão dentária por meio de mini-implantes é considerada de fácil aplicação e mais eficaz quando comparada aos métodos convencionais de ancoragem no tratamento da mordida aberta anterior. Essa técnica é considerada ainda recente, porém tem mostrado excelentes resultados advindos do seu uso.
Hoje a utilização dos mini-implantes é considerada como uma forma rápida e mais estável de intruir dentes anteriores, sem comprometer os demais e por não precisar da colaboração do paciente, uma vez que fica a cargo do mesmo apenas a manutenção da sua higiene bucal, no intuito de assegurar a saúde tecidual e a estabilidade do dispositivo.
O tratamento com mini-implantes apresenta fácil instalação e manuseio seguro, além do menor custo-benefício, pois o material é barato e de alta qualidade proporcionando ao profissional terapêuticas simples e otimizadas, sem perda na estética e obtendo sucesso nos casos.
Apesar de ser um método revolucionário no meio ortodôntico, a ancoragem com mini-implantes ainda necessita de mais estudos que permitam confirmar sua eficácia plenas.
Assim, conclui-se que a intrusão real gerada pelos mini-implantes favorece o tratamento da mordida aberta anterior dentaria, dento alveolar e esquelética.
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