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Pegoraro - Prtese Fixa

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Prévia do material em texto

LUIZ FERNANDO PECORARO 
ACCÁCIO LINS DO VALLE • CARLOS REIS P. DE ARAÚJO 
GERSON BONFANTE • PAULO CÉSAR RODRIGUES CONTI 
VALÉRCIO BONACHELA 
 
S É R I E E A P ^ A P C D ^ A R T E S M É D I C A S 
V O L U M E S P R O G R A M A D O S P A R A 1 9 9 8 
1. MONDELLI, J Proteção do Complexo Dentinopulpar 
2. NAVARRO, Ma F L, PASCOTTO, R C, Ionômeros de Vidro 
3. DOTTO, C A Implantes Ósseointegrados 
4. ANTONIAZZI, J H Endodontia 
5. FERRAZ, C Periodontia 
6. CARNEIRO, E C S Estética em Odontologia 
7. PEGORARO, L F Prótese Fixa 
8. FELLER, C Emergências em Endodontia 
9. MELO, L L Traumatismo Alvéolo-Dentário 
 
10. IMURA, N / ZUOLO, M Endodontia para o Clínico Geral 
11. GUEDES PINTO, A C Odontopediatria Clínica 
12. CHAIN, M / BARATIERI, L N Restaurações Estéticas em Dentes Posteriores 
13. WALTER, L R F / FERELLE, A Odontopediatria 
14. FONSECA, A S / BOBBIO, C A Restaurações Estéticas em Dentes Anteriores 
15. BOTTINO, M A / PAGANI, C Prótese Fixa 
16. CHILVARQUER, I / NEISSER, M Imageologia em Odontologia 
17. CARVALHO, L / FALTIN Jr., K Ortodontia 
18. MIRANDA, C C Prótese Unitária 
19. ARAÚJO, MAM Restaurações em Dentes Fraturados 
20. CAMPOS Jr, A / PASSANEZI, E Prevenção em Periodontia 
21. FRANCISCHONE, C E, VASCONCELOS, L W, Osseointegração e Próteses Unitárias 
22. BUISCHI, I A Promoção de Saúde Bucal 
23. BELÉM NOVAES Jr, A Tratamento Periodontal com Finalidade Protética 
E A P • A P C D 
V O L U M E 
PRÓTESE FIXA 
EAP 
 
L u i z F E R N A N D O PECORARO 
P R O F E S S O R A S S O C I A D O D O D E P A R T A M E N T O D E P R Ó T E S E D A F A C U L D A D E D E 
O D O N T O L O G I A D E B A U R U / U S P 
A C C Á C I O L I N S D O V A L L E CARLOS 
DOS R E I S P E R E I R A DE A R A Ú J O 
G E R S O N BONF A N T E 
P A U L O C É S A R R O D R I G U E S C O N T I 
V A L É R C I O B O N A C H E L A 
P R O F E S S O R E S D O U T O R E S D O D E P A R T A M E N T O D E P R Ó T E S E D A F A C U L D A D E D E 
O D O N T O L O G I A D E B A U R U / U S P 
 
 
módicos 
DIVISÃO ODONTOLOGICA 1 f t 8 
 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1 
EXAME DO PACIENTE 1 
Introdução 3 
1- Anamnese 3 
2 - Exame Extra-Oral 4 
3 - Exame Intra-Oral 6 
4 - Exame Radiográfico 20 
5 - Modelos de Estudo 21 
6 - Bibliografia Consultada 22 
CAPÍTULO 2 
PATOLOGIAS OCLUSAIS E DISFUNÇÕES CRANIOMANDIBULARES: 
CONSIDERAÇÕES RELACIONADAS À PRÓTESE FIXA E REABILITAÇÃO ORAL 25 
Introdução 25 
1 - Relações Maxilo-mandibulares 25 
2 - Conceito de Oclusão Ideal 26 
3 - Contatos Prematuros e Interferências Oclusais 27 
4 - Patologias Relacionadas Estritamente à Oclusão 28 
5 - Disfunções Craniomandibulares 38 
6 - Referências Bibliográficas 40 
CAPÍTULO J 
PREPARO DE DENTES COM FINALIDADE PROTÉTICA 45 
Introdução 45 
I - Princípios Mecânicos 45 
II - Princípios Biológicos 50 
III - Estética 52 
IV - Tipos de Término Cervical 52 
V - Simplicidade da Técnica de Preparo 55 
VI - Técnica de Preparo para Coroa Metalocerâmica (Técnica da Silhueta) 55 
VII - Preparo para Coroa Total Metálica 66 
VIII - Bibliografia Consultada 67 
P R Ó T E S I F I X A 
CAPÍTULO 4 
PRÓTESE FIXA ADESIVA 69 
Introdução 71 
1 - Indicação 71 
2 - Contra-indicação 71 
3 - Vantagens 71 
4 - Desvantagens 71 
5 - Características do Preparo 71 
6 - Cimentação 75 
7 - Preparos não-convencionais para Prótese Adesiva 79 
8 - Bibliografia Consultada 84 
CA P Í T U L O 5 
NÚCLEOS 85 
Introdução 87 
I - Dentes Polpados 87 
II - Dentes Despolpados 88 
1 - Restaurações com Núcleos Fundidos 88 
2 - Restaurações com Núcleos Pré-fabricados 105 
3 - Confecção de Núcleo com Reaproveitamento de Prótese Existente 107 
III - Bibliografia Consultada 110 
CA P Í T U L O 6 
COROAS PROVISÓRIAS 111 
Introdução 113 
1 - Características das Restaurações Provisórias 114 
2 - Técnicas para Confecção das Restaurações Provisórias 133 
 
2.1 - Com iMolde de Alginato 133 
2.2 - Com iMolde de Silicona 136 
2.3 - Com .Molde de Alginato - Técnica da Casca de Ovo {Egg Shell) 137 
2.4 - Com Matriz de Plástico 139 
2.5 - Com Dentes de Estoque 141 
2.6 - Provisórias Prensadas 143 
2.7 - Provisórias Prensadas com Estrutura Metálica 145 
3 - Bibliografia Consultada 148 
CAPÍTULO 7 
MOLDAGEM E MODELO DE TRABALHO 149 
Introdução 151 
1 - Métodos de Retenção Gengiva! 152 
2 - Materiais de Moldagem 1 53 
S U M A R I O 
Técnicas de Moldagem 155 
3 - Com Fio Retrator 155 
4 - Sem Fio Retrator 162 
5 - Modelos de Trabalho 170 
6 - Referências Bibliográficas 175 
CAPÍTULO 8 
REGISTROS OCLUSAIS E MONTAGEM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS 177 
Introdução 179 
1 - Posição de Trabalho: RC e MIH 180 
2 - Limitações dos ASA e suas Compensações 180 
3 - Materiais Utilizados 181 
4 - Técnicas de Registro para Modelos de Estudo e Trabalho 181 
5 - Verticuladores 199 
6 - Bibliografia Consultada 201 
CAPÍTULO 9 
FORMAS E CARACTERÍSTICAS DAS INFRA-ESTRUTURAS PARA PRÓTESES METALOCERÂMICAS 
205 
Introdução 205 
1 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Anteriores 207 
2 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Posteriores 210 
3 - Infra-estruturas para Próteses Fixas Anteriores 212 
4 - Próteses Fixas Posteriores 216 
5 - Bibliografia Consultada 218 
CAPÍTULO 10 
PROVA DOS RETENTORES, REMOÇÃO EM POSIÇÃO PARA SOLDAGEM E REMONTAGEM 219 
1 - Adaptação Marginal 221 
2 - Ajuste Ideal 225 
3 - Tipos de Desajuste Marginal e CorreçÕes 227 
4 - Remoção em Posição para Soldagem 230 
5 - Preparo da Área a ser Soldada 236 
6 - União com Resina Acrílica 238 
7 - Inclusão e Soldagem 239 
8 - Prova da Peça Soldada 241 
9 - Registro e Remontagem 243 
10 - Bibliografia Consultada 252 
CAPÍTULO 11 
SELEÇÃO DE COR E AJUSTE FUNCIONAL E ESTÉTICO EM PRÓTESE METALOCERÂMICA 25 5 
1 - Seleção de Cor 255 
2 - Aplicação de Porcelana 262 
S U M A R I O 
Técnicas de Moldagem 155 
3 - Com Fio Retrator 155 
4 - Sem Fio Retrator 162 
5 - Modelos de Trabalho 170 
6 - Referências Bibliográficas 175 
CAPÍTULO 8 
REGISTROS OCLUSAIS E MONTAGEM EM ARTICULADORES SEMI-AJUSTÁVEIS 1 77 
Introdução 179 
1 - Posição de Trabalho: RC e MIH 180 
2 - Limitações dos ASA e suas Compensações 180 
3 - Materiais Utilizados 181 
4 - Técnicas de Registro para Modelos de Estudo e Trabalho 181 
5 - Verticuladores 199 
6 - Bibliografia Consultada 201 
CAPÍTULO 9 
FORMAS E CARACTERÍSTICAS DAS INFRA-ESTRUTURAS PARA PRÓTESES METALOCERÂMICAS 205 
Introdução 205 
1 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Anteriores 207 
2 - Infra-estrutura para Elementos Unitários Posteriores 210 
3 - Infra-estruturas para Próteses Fixas Anteriores 212 
4 - Próteses Fixas Posteriores 216 
5 - Bibliografia Consultada 218 
CAPÍTULO 10 
PROVA DOS RETENTORES, REMOÇÃO EM POSIÇÃO PARA SOLDAGEM E REMONTAGEM 219 
1 - Adaptação Marginal 221 
2 - Ajuste Ideal 225 
3 - Tipos de Desajuste Marginal e Correções 227 
4 - Remoção em Posição para Soldagem 230 
5 - Preparo da Área a ser Soldada 236 
6 - União com Resina Acrílica 238 
7 - Inclusão e Soldagem 239 
8 - Prova da Peça Soldada 241 
9 - Registro e Remontagem 243 
10 - Bibliografia Consultada 252 
CAPÍTULO 11 
SELEÇÃO DE COR E AJUSTE FUNCIONAL E ESTÉTICO EM PRÓTESE METALOCERÂMICA 25 5 
1 - Seleção de Cor 255 
2 - Aplicação de Porcelana 262 
P R Ó T E S E F I X A 
3 - Ajuste Funcional e Estético 266 
4 - Caracterização Extrínseca 285 
5 - Referências Bibliográficas 296 
CAPÍTULO 12 
CIMENTAÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA 299 
Introdução 301 
Problemas/Técnicas de Cimentação/Soluções Propostas 301 
1 - Cimentação Provisória 302 
2 - Cimentação Definitiva 305 
3 - Bibliografia Consultada 312 
C A P Í T U L O 
EXAME DO 
PACIENTE 
V A L É R C I O BONACHELA 
E X A M E DO P A C I E N T E 
INTRODUÇÃO 
O sucesso dos trabalhos de prótese fixa na clínica 
diária está diretamente associado a um correto e crite-
rioso planejamento que deve ser individualizado e 
executado de modo a atenderàs necessidades de cada 
paciente. Desta forma, cabe ao Cirurgião-Dentista 
coletar todas as informações necessárias durante o exa-
me do paciente para que sejam organizadas e interpre-
tadas, orientando-no na determinação do plano de 
tratamento. 
Grande parte destas informações será fornecida 
pelo próprio paciente. Aspectos psicológicos, necessi-
dades estéticas ou funcionais, presença de hábitos pa-
rafuncionais, dentre outras características, deverão ser 
pesquisadas durante a anamnese. Outros dados deve-
rão ser obtidos a partir de um cuidadoso exame físico 
extra e intra-oral. 
A obtenção de todas estas informações, porém, 
não é completada na primeira visita do paciente. 
Nesta, obtém-se uma impressão clínica geral e o dia-
gnóstico vai sendo complementado no decorrer do 
tratamento, principalmente nos casos mais comple-
xos. Alguns procedimentos diagnósticos são conco-
mitantes aos procedimentos clínicos, com cada ses-
são terapêutica ensinando mais coisas a respeito do 
paciente. Desta forma, pode-se modificar a impres-
são inicial obtida durante os procedimentos diagnós-
ticos. 
j 1' ANAMNESE 
Nesta primeira fase do exame clínico deve-se pes-
quisar o estado de saúde geral do paciente. Este de-
sempenha um importante papel e deve sempre ser 
considerado antes do início do tratamento, uma vez 
que permite tomar os cuidados especiais exigidos para 
cada paciente. Em determinadas situações, deve-se 
descartar algumas modalidades de tratamento, que a 
princípio seriam ideais, devido às condições físicas e 
emocionais ou à idade do paciente. 
Alergias à medicamentos ou materiais devem estar 
em posição de destaque na ficha clínica. Pacientes dia-
béticos ou com anemia devem ser controlados e trata- 
dos, uma vez que estes quadros podem trazer manifes-
tações no periodonto. Aqueles com problemas cardio-
vasculares não devem ser expostos à substâncias vaso-
constrictoras, comumente presentes em fios retratores. 
História prévia de hemorragia deve sempre ser pesqui-
sada, principalmente naqueles pacientes com doença 
periodontal, onde pode ser necessário a intervenção 
cirúrgica. Desta forma, uma avaliação da saúde geral 
do paciente deve ser feita com a finalidade de eliminar 
possíveis complicações no decorrer do tratamento. 
Além dos aspectos relacionados à saúde, é muito 
importante, principalmente para quem trabalha com 
prótese, a pesquisa de hábitos parafuncionais dos pa-
cientes. Apertamento e bruxismo estão comumente 
associados ao desgaste dental e, possivelmente, à perda 
de dimensão vertical. Em outras situações, a própria 
condição de trabalho pode desencadear um hábito. É 
o caso, por exemplo, daqueles que trabalham muitas 
horas por dia com computador. Estas pessoas normal-
mente posicionam a cabeça para frente, alterando o 
padrão de contração da musculatura cervical, que, por 
sua vez, pode produzir dor reflexa em músculos como 
o masseter, alterando a posição mandibular. 
Ainda nesta fase, deve-se fazer um histórico sobre 
tratamentos odontológicos anteriores. Alguns pacien-
tes podem trazer traumas decorrentes de intervenções 
passadas mal sucedidas. Outros podem relatar que 
não visitam um consultório odontológico há muito 
tempo, demonstrando pouco interesse pela manuten-
ção da saúde bucal. Nestes, atenção especial deve ser 
dada à motivação, uma vez que o mesmo poderá 
acontecer após o novo tratamento. Logo, também é 
importante a observação do estado psíquico do 
paciente, pois em condições bucais semelhantes, pla-
nejamentos diferentes podem ser executados em fun-
ção do grau de motivação do paciente. 
Verifica-se, assim, que o objetivo desta fase é cole-
tar o maior número de informações sobre o paciente, 
visualizando-o como um todo e não como um dente 
ou grupo de dentes a serem restaurados. Esta coleta de 
dados, porém, deve ser ordenada e o objetivo deste 
capítulo é fornecer ao profissional uma orientação so-
bre como proceder na clínica diária. 
P R Ó T E S E F I X A 
2' EXAME EXTRA'ORAL 
Este exame se inicia durante a anamnese. Enquanto 
o paciente relata a sua história, observa-se o seu aspecto 
facial, procurando verificar características tais como di-
mensão vertical, suporte de lábio e linha do sorriso. 
A dimensão vertical pode estar diminuída como 
resultado de atrição severa ou perda de contenção 
posterior (Figs. 1.1A a 1.1C), e pode estar aumentada 
como consequência de um inadequado tratamento 
restaurador (Figs. 1.2A e 1.2B). 
Nos casos onde a dimensão encontra-se diminuída 
 
FIG I . I A 
FIG I.2A 
FIGU
RAS 
L I A 
a 
I.IC 
Pacient
e com 
perda 
de 
dimens
ão 
vertical, 
decorre
nte da 
ausênci
a de 
contenç
ão 
pelos 
dentes 
posterio
res. 
Obser-
var 
desgast
es nos 
dentes 
anterior
es, 
devido à 
sobrecar
ga 
oclusal. 
 
FIC 
FIG 
FIGURAS l.2Ae I.2B 
Paciente com aumento da dimensão vertical, em função de tratamento inadequado com prótese fixa posterior Observar 
aumento do espaço interoclusal, inclusive na região de pré-molares. 
\ 
E X A M E DO P A C I E N T E 
pode-se encontrar um aspecto facial típico, com uma 
redução do terço inferior da face, projeção do mento, 
intrusão dos lábios, aprofundamento dos sulcos naso-
genianos, características do que se chama comumente 
de colapso facial. Acúmulo de saliva nas comissuras 
labiais, queilite angular, sintomatologia articular nos 
casos mais severos, sensibilidade dentária decorrente 
de perda de estrutura devido à atrição e dificuldades 
fonéticas também podem ser encontradas. Além disto, 
em alguns pacientes pode ocorrer uma vestibulariza-
ção dos dentes ântero-superiores como consequência 
de contatos mais fortes na região anterior, devido à 
perda de contenção posterior. 
Nos casos onde há um aumento da dimensão ver-
tical, pode-se encontrar uma face demasiadamente 
alongada, sintomatologia muscular decorrente de um 
estiramento das fibras musculares, sensibilidade den-
tária decorrente de forças traumatogêmcas geradas por 
contração reflexa, dificuldade de deglutição e mastiga-
ção, além de alteração da fala, principalmente nos 
sons sibilantes e por contatos dentários desagradáveis 
durante a fonação. 
O suporte do lábio também deve ser observado. 
Em alguns casos de prótese fixa pode-se encontrar 
situações clínicas onde houve grande perda de es-
trutura do rebordo alveolar na região anterior (Figs. 
1.3A e 1.3B). Nestes casos o paciente deve ser aler-
tado sobre a provável necessidade de um aumento 
cirúrgico do rebordo através de enxerto ósseo ou 
de tecido conjuntivo. Caso seja contra-indicado 
ou o paciente não aceite submeter-se à interven-
ção cirúrgica, pode-se contornar esta situação por 
meio de gengiva artificial. Esta pode ser removível 
(feita de resina acrílica em laboratório) ou pode 
ser parte integrante da prótese fixa (feita de porce-
lana na cor rosa). 
FIG I.3A 
 
■ FIGURAS l . 3 A e I.3B 
Aspecto clínico de paciente com perda de suporte de lábio, decorrente de grande reabsorção no sentido horizontal na 
região anterior da maxila. 
P R Ó T E S E F I X A 
A linha do sorriso é outro aspecto a ser observado e 
assume extrema importância nos casos estéticos. Existem 
pacientes que ao sorrir não mostram a região cervical dos 
dentes ântero-superiores. São classificados como porta-
dores de linha do sorriso baixa (Fig. 1.4A). Outros, po-
rém, mostram inclusive o tecido gengival na região ânte-
ro-superior e são classificados como portadores de linha 
do sorriso alta (Fig. 1.4B). Nestas situações, normalmen- 
te é necessário um posicionamento da margem da res-
tauração dentro do sulco, a fim de esconder a cinta me-
tálica das coroas metaloplásticas ou metalocerâmicas. 
Desta forma, esta é uma situação clínica onde todos os 
cuidados com o tecido gengival deverão ser tomados, 
uma vez que uma pequena recessão decorrente de injúria 
durante o preparo ou moldagem pode ser determinante 
para o insucesso do trabalho. 
 
 
■ FIGURA I.4A 
Linha do sorriso baixa 
■ FIGURA I.4B 
Linha do sorriso alta 
 
Apósesta conversa inicial com o paciente, realiza-se o 
exame físico extra-oral, iniciando pela observação da pele 
e palpando os tecidos de suporte. Na presença de lesões, 
como por exemplo um carcinoma, um tratamento pro-
tético pode ser um dos menores problemas do paciente. 
Descartada a presença de alguma lesão, faz-se a ava-
liação da musculatura e da articulação temporomandi-
bular. Masseter, temporal, demais músculos da face, 
músculos cervicais e ATM devem ser palpados. Sensibi-
lidade à palpação deve sempre ser levada em considera-
ção quando se pretende executar tratamentos restaura-
dores. Esta pode ser reflexo de alteração da tonicidade 
muscular ou de problemas intra-articulares que, por 
sua vez, podem alterar a posição de repouso mandibu-
lar e o seu arco de fechamento, dificultando a execução 
e reprodução dos registros intermaxilares. Logo, para a 
execução de um trabalho de prótese, é necessário que o 
paciente encontre-se livre de sinais e sintomas de dis-
função craniomandibular. 
A fala do paciente também deve ser aferida. Caso 
exista alguma alteração ou queixa, é interessante que o 
profissional discuta as possibilidades de correção, uma 
vez que alguns problemas podem ser resolvidos através 
de alterações nos contornos das próteses. Isto já pode 
ser verificado na fase das coroas provisórias e torna-se 
mais evidente nos casos de próteses anteriores. 
5' EXAME INTRAORAL 
Nesta fase inspeciona-se tecidos moles, músculos, 
dentes, periodonto e as relações oclusais. A queixa 
principal do paciente deve ser avaliada neste momen-
to. Todavia, um exame sistemático de toda a cavidade 
bucal deve ser feito. 
Esta avaliação deve começar pelos tecidos moles. Mu-
cosas, língua e demais tecidos devem ser palpados e inspe-
cionados, uma vez que a prioridade do tratamento pode 
ser drasticamente alterada na presença de alguns tipos de 
lesões, como por exemplo um processo neoplásico. 
Finalizada a inspeção inicial da cavidade bucal, 
examina-se dentes e periodonto. 
5.1. DENTES 
Em relação ao exame dos dentes remanescentes, é 
de fundamental importância uma análise criteriosa de 
determinados fatores decisivos no planejamento: 
CÁRIES E RESTAURAÇÕES EXISTENTES 
Sempre que um dente for selecionado para ser pi-
lar de uma restauração protética, a análise criteriosa 
da presença de cáries e restaurações existentes é de 
E X A M E DO P A C I E N T E 
fundamental importância. É necessário a identificação 
de pacientes susceptíveis à cárie antes da realização do 
tratamento, através de recursos clínicos, para verifica-
ção da presença de manchas brancas, localização e 
profundidade de lesões cariosas; recursos radiográfi-
cos, através de radiografias interproximais e recursos 
laboratoriais como a determinação do fluxo, capacida-
de tampão salivar e exames microbiológicos, que po- 
dem detectar a presença e o número de lactobacilos e 
S.mutans. 
Vários estudos relatam que a cárie é a principal 
causa de fracassos em prótese fixa. Muitos fatores 
podem ser responsáveis pela incidência de cárie, 
entre eles a qualidade de adaptação da restauração e 
o grau de higienização realizado pelo paciente (Figs. 
1.5Ael.5B). 
 
i FIGURAS l .5Ae I.5B 
(A) Coroas metalocerâmicas com encaixe na mesial do molar para prótese parcial removível; (B) perda das coroas em 
decorrência da instalação do processo carioso. 
Em relação à higiene oral, além do profissional man-
ter um controle sobre o paciente, há que se propiciar 
meios adequados para que este tenha estímulo e facilida-
de para a realização das práticas de higiene oral. Segundo 
a literatura pertinente, ocorre uma diminuição na inci-
dência de cárie quando o espaço para a higienização 
deixado na prótese é adequado e com o paciente tendo 
uma frequência diária de escovação (Figs. 1.6A a 1.6C). 
Deve existir uma divisão de responsabilidade entre o 
profissional e o paciente. Se este não consegue manter 
um grau de higiene satisfatório, esta função deverá ser 
assumida pelo profissional através de controles periódi-
cos que poderão ser mais ou menos espaçados, de acordo 
com a resposta dada pelo paciente. 
 
■ FIGURAS l.6Ae I.6B 
Vistas frontal e lateral de uma prótese fixa metalocerâmica inferior; mostrando ausência de espaço interproximal. 
P R Ó T E S E F I X A 
 
i FIGURA I.6C 
Vista vestibular da prótese fixa envolvendo os dentes 21 e 
23 mostrando o emprego de escova interproximal. 
Devido às próprias deficiências dos materiais e téc-
nicas, sempre haverá a presença de uma linha de ci-
mento que, até 50|0m, é considerada clinicamente acei-
tável. Nesse sentido, o nível do término do preparo 
dentro do sulco gengival assume um papel muito im-
portante no controle da biologia do tecido gengival. 
Quanto mais no interior do sulco gengival, a probabili-
dade de ocorrerem alterações nessa área será maior, di-
ficultando a confecção da prótese e posterior controle. 
É necessário um minucioso exame da adaptação 
marginal das coroas existentes, pois a maioria dos 
fracassos causados por cárie está relacionada ao desa-
juste marginal destas coroas. Nestes casos, a linha de 
cimento existente dissolve-se sob ação dos fluidos 
bucais, ocorre a formação de espaços entre a margem 
da coroa e o término do preparo, o que facilita o 
acúmulo de placa e, consequentemente, a cárie (Figs. 
1.7Ael.7B). 
FIG I.7A 
 
■ FIGURAS l . 7Ae I.7B 
Vistas frontal e lateral de uma prótese fixa metalocerâmica com deficiência de adaptação marginal, 6 meses após 
instalação. 
Durante o exame das restaurações protéticas exis-
tentes, o perfil de emergência das coroas e a abertura 
das ameias cervicais adquirem extrema importância 
do ponto de vista periodontal. A coroa deve emergir 
reta do sulco gengival, sem causar pressão no epitélio 
sulcular, pois a convexidade na área e o acúmulo de 
placa bacteriana, provocarão ulcerações que podem 
levar à inflamação gengival. Um fato bastante corri-
queiro é a observação de restaurações protéticas com 
sobrecontorno de suas superfícies axiais. Esta situação 
pode acontecer em decorrência de um preparo inade- 
quado, com desgaste insuficiente, onde o técnico de 
laboratório vê-se obrigado a realizar uma restauração 
que preencha os requisitos estéticos, porém, em detri-
mento dos biológicos. O resultado final será um so-
brecontorno da prótese e todas as consequências da 
ausência do perfil emergencial (Figs. 1.8A e 1.8B). 
As ameias cervicais devem propiciar espaços para a 
acomodação das papilas gengivais e facilitar a higieni-
zação. A pressão na papila gengival causa alterações 
histológicas em todas as suas estruturas celulares e, 
consequentemente, inflamação e lesão periodontal. 
E X A M E DO P A C I E N T E 
 
■ FIGURAS l.8Ae I.8B _ 
(A) Vista lateral de prótese fixa superior e inferior com ausência de perfil de emergência; (B) vista lateral de uma prótese 
fixa com perfil de emergência correto. 
ALTERAÇÕES DA FACETA ESTÉTICA 
Durante o exame clínico das restaurações existen-
tes, várias são as situações clinicas em que as restaura-
ções apresentam alterações da faceta estética. Para que 
uma prótese preencha os requisitos estéticos e funcio-
nais, é necessário que o desgaste dental proporcione 
espaço para o metal, opaco e cerâmica. Sem desgaste 
suficiente, o técnico encontrará dificuldades para a 
obtenção da coroa com forma e contorno correios, o 
que invariavelmente implicará no sobrecontorno que 
favorece a retenção da placa bacteriana. 
As fraturas ou deslocamentos das facetas de porcela-
na ocorrem por deficiências mecânicas ou problemas 
oclusais. A cerâmica deve apresentar uma espessura 
uniforme para que sua resistência seja adequada e, para 
que isto ocorra, a estrutura metálica deve apresentar 
características de forma e contorno que proporcionem 
uma base de sustentação para a porcelana. Dependendo 
do tipo de fratura da cerâmica, restaurações com resina 
composta podem ser realizadas ao invés da remoção e 
confecção de nova prótese (Figs.1.9A e 1.9B). 
As resinas das coroas metaloplásticas sofrem pigmen-
tação, perda de cor e principalmente, desgaste pela ação 
dos alimentos e abrasivos dos dentifrícios, o que pode 
resultar em fracasso estético em pequeno período de tem-
po. Novamente, as resinas compostas são o material indi-
cado para sanar este problema (Figs. 1.1 OA a 1.10C). 
 
■ FIGURAS l.9Ael.9B 
Vistas frontais mostrando fratura e reparo da coroa metalocerâmica. 
P R Ó T E S E F I X A 
 
ESTÉTICA 
Durante o exame, é necessário um diálogo entre o 
profissional e o paciente em relação as suas expectativas 
do tratamento. Para que exista uma integração harmo-
niosa durante a elaboração do trabalho, é necessário que o 
profissional tenha alguns conhecimentos básicos de estéti-
ca, o que não significa simplesmente "combinar" a cor da 
prótese com a dos dentes naturais (Figs. 1.1 IA a 1.1 lQ. 
As características e anseios do paciente devem estar 
retratados no resultado estético final da prótese e, para 
que isto ocorra, a estética obtida não deve representar 
uma visão exclusivista do profissional ou do paciente 
e sim um entendimento de ambos. 
Fatores como cor, forma, tamanho, textura dos 
dentes, linha média, fundo escuro da boca, corredor 
bucal, grau de abertura das ameias incisais, altura do 
plano oclusal, tecido gengival e necessidade ou não 
de gengiva artificial devem ser considerados em rela-
ção à estética durante o exame do paciente. 
OCLUSÃO 
O exame da oclusão deve ser realizado clinicamente 
e complementado através da análise dos modelos de 
estudo devidamente montados em articulador. 
 
■ FIGURAS MOA a I.IOC 
(A) Desgaste da resina da faceta vestibular das coroas 14 
e 15, com exposição do metal; (B) alteração de cor da 
resina de uma prótese metaloplástica superior; 25 anos 
após instalação; (C) vista frontal após substituição das fa-
cetas com resina composta. 
A oclusão, deve ser analisada criteriosamente, pois 
também está relacionada à maioria dos casos de fra-
cassos em prótese fixa. 
É de fundamental importância a identificação de 
sinais de colapso da oclusão como, mobilidade e per-
da do suporte ósseo. Contatos oclusais exagerados 
podem, provocar pericementite traumática confun-
dindo o diagnóstico com lesões pulpares e podem 
causar deslocamento de retentores, às vezes de manei-
ra imperceptível para o paciente, gerando recidiva de 
cárie quando o dente já recebeu tratamento endodôn-
tico ou sensibilidade, durante a mastigação ou trocas 
térmicas, quando isto não ocorreu. 
Próteses realizadas na posição de MIH devem ser 
avaliadas em RC, para possibilitar a eliminação de 
contatos prematuros diferentes dos já existentes. A 
existência de hábitos parafuncionais pode exigir, oclu-
sais metálicas, em vez de cerâmica, para prevenir fra-
turas e, o uso noturno de placas miorrelaxantes lisas, 
para proteção dos dentes e da prótese já instalada 
(Figs. 1.12Ae 1.12B). 
Para um exame minucioso da oclusão, o profissio-
nal deve possuir conhecimentos básicos para, poder 
diferenciar a oclusão patológica da funcional e, saber 
tratá-la. Deve-se sempre buscar o equilíbrio dos com-
ponentes do sistema estomatognático obtendo, próte- 
FIG I . I IA 
FIG I.IIC 
 
■ FIGURAS I . I I A a I . I IC 
(A) Vista frontal de uma prótese fixa anterior com defici-
ência estética nos seguintes aspectos: contorno, forma e 
cor inadequados, ausência de ameias incisais e perfil de 
emergência, falta de individualização entre as coroas, eixo 
longitudinal das coroas inadequado, diferença acentuada 
do nível gengival entre as coroas e dentes naturais; entre 
as coroas e entre coroas e pônticos; (B); (C) vistas frontais 
antes e após a instalação de uma prótese fixa metalocerâ-
mica esteticamente aceitável. 
 
FIG I.I2A 
 
- lá**! x| 
'■JÊp 
o9H 
■ FIGURAS l . l 2 A e I.I2B 
(A) Vista frontal mostrando perda de estrutura dentária decorrente de atividade parafuncional; (B) vista oclusal do 
paciente reabilitado com próteses posteriores com oclusal em metal. 
P R Ó T E S E F I X A 
se com contatos oclusais bilaterais simultâneos dos den-
tes posteriores; posição de trabalho (MIH ou ORC) 
compatível com o caso clínico a ser realizado; guia late-
ral através dos caninos, sempre que possível; guia ante-
rior através dos incisivos, durante o movimento protru-
sivo e, em ambos os casos sem nenhum contato oclusal 
no lado de não trabalho nos dentes posteriores; conse-
guir harmonia com as ATMs, com dimensão vertical 
adequadamente mantida ou corretamente estabelecida. 
A somatória destes conhecimentos básicos durante o 
exame clínico e principalmente sua aplicação correta aos 
casos clínicos, pode contribuir diretamente para o sucesso 
de qualquer trabalho protético. Maiores detalhes sobre es-
ses aspectos estão descritos no capítulo sobre oclusão. 
NÚMERO E DISPOSIÇÃO DOS DENTES 
A disposição dos dentes remanescentes no arco 
prepondera sobre o número dos mesmos. Inúmeras são 
as situações clínicas em que ocorrem migrações den-
tárias em diferentes direções e sentidos, conforme o 
arco e o grupo de dentes. A ferulização (esplinta-
gem) visa neutralizar as forças que agem nos sentidos 
vestíbulo-lingual e mésio-distal. O ideal é que, em 
situações clínicas extremas, no mínimo um dente de 
cada segmento participe da prótese, o que é mais 
importante que o número de pilares existentes para 
ocorrer estabilidade. 
O sentido de movimentação no sentido vestíbulo-
lingual dos dentes posteriores (plano sagital), caninos 
(plano lateral) e incisivos (plano frontal) torna-se um 
fator determinante no planejamento. Uma prótese en-
volvendo dentes pilares em dois ou mais planos reduz 
o efeito da mobilidade individual de cada dente, atra-
vés da estabilização da prótese proporcionada por es-
tes. A união destes planos forma um polígono de esta-
bilização ou sustentação, também conhecida como 
polígono de Roy. (Figs. 1.13A e 1.13B) 
 
FIG I . I 3 A 
■ FIGURAS I . I 3A e I.I3B 
(A) Vista oclusal mostrando a disposição favorável dos dentes 
que serão unidos como pilares da prótese fixa superior; (B) 
diagrama do polígono de sustentação. 
INCLINAÇÃO 
Uma situação clínica frequente é a inclinação dos 
dentes, em decorrência de perdas dentárias, resultando 
em desarmonia na posição dos dentes remanescentes. 
Dependendo do grau de inclinação, procedimentos 
clínicos como ameloplastia dos dentes vizinhos, pro-
cedimentos ortodônticos, confecção de coroas telescó-
picas e tratamento endodôntico com finalidade proté-
tica, poderão ser realizados viabilizando desta forma, 
uma via de inserção adequada para a prótese e uma 
restauração biológica e mecanicamente aceitável. 
TAMANHO DA COROA CLÍNICA 
P ção desempenhe sua função, ara que uma restaura
é imprescindível que permaneça no dente, imóvel. O ta- 
manho da coroa clínica está intimamente relacionado com 
o grau de retenção e estabilidade da restauração protética. 
0 cirurgião dentista deverá analisar criteriosamente 
estes fatores, para que possa utilizar se necessário, pro-
cedimentos adicionais para a obtenção de maior reten-
ção para os dentes com coroas curtas, como a confec-
ção de sulcos ou canaletas nas paredes axiais do preparo 
ou a realização de cirurgias periodontais para aumento 
de coroa clínica. Clinicamente, pode-se considerar uma 
coroa clínica curta quando sua altura for menor que 
seu diâmetro. 
VITALIDADE PULPAR 
Sempre que um dente for selecionado para ser pi-
, lar de uma restauração protética, é de 
fundamental 
E X A M E D A C I E N T E O P
importância o teste de vitalidade pulpar. Se esta 
restauração for realizada sobre um dente sem vitali-
dade, sem tratamento endodôntico satisfatório, o 
insucesso será inevitável, sendo necessário nova in-
tervenção posteriormente no local. Para isso, testes 
térmicos deverão ser utilizados por serem práticos e 
efetivos. A resposta dada ao teste térmico pode in-
formar ao clínico se a polpa está sadia, inflamada 
ou necrosada. 
Dentes desvitalizados têm uma reduçãosignificativa 
da resistência física. A remoção do órgão pulpar, fonte 
de hidratação do dente, juntamente com o ligamento 
periodontal resulta em uma dentina ressecada, tornan-
do a raiz mais sujeita à fraturas. Diminui também a 
elasticidade da dentina, modifica o limiar de excitabili-
dade, sugerindo a perda de receptores pulpares e, con-
sequentemente, pode provocar um aumento da força 
sobre o dente antes que os mecanorreceptores sejam 
estimulados. Este mecanismo de defesa (reflexo de pro-
teção) quando alterado, pode causar danos ao dente. 
Por estas razões deve-se evitar dentes desvitalizados 
como pilares de extensos espaços edentados e, princi-
palmente, como pilares de segmentos suspensos (can-
tilever). A indicação deste tipo de prótese exige, pelo 
menos dois dentes vitais como pilares para um ele-
mento suspenso, redução da mesa oclusal e deve-se 
evitar colocá-los na região de molar, onde a força 
muscular é maior (Figs. 1.14A e 1.14B). 
 
I m m 
■ FIGURAS I.I4A e I.I4B 
Vista lateral e radiográfica da prótese metalocerâmica tendo os dentes 24 e 25 como retentores e o 26 como pôntico 
(cantilever). Observe a fratura por mesial da raiz do 25. 
5.2. PERIODONTO 
Os pacientes que procuram o tratamento podem, 
de uma maneira geral, ser divididos em dois grupos: 
Pacientes sem risco à doença periodontal, que 
apresentam-se com os tecidos periodontais em condi-
ções de normalidade: O nível ósseo frequentemente 
está de 1 a 2mm da união amelo-cementária e, quan-
do existe algum sinal de inflamação, este está confina-
do ao tecido gengival marginal (Figs. 1.15A e 1.15B); 
Pacientes de risco à doença periodontal podem 
apresentar sinais clínicos de intensidade variável: mo-
bilidade, migração, tecido gengival flácido, averme-
lhado e muitas vezes sem contorno adequado, associa-
dos à perda óssea (localizada ou generalizada) de graus 
diversos, são algumas das características que podem 
ser encontradas (Figs. 1.16A e 1.16B). 
Durante o exame é essencial identificar a que gru-
 
I
po o paciente pertence (de ou sem risco) e, uma vez estabelecido como de risco, classificá-lo como pouco, 
médio ou alto risco. Ainda não há como predizer de 
maneira totalmente segura a evolução do estado peri-
odontal dos pacientes ou que um paciente sem risco 
não irá tornar-se um paciente de risco no futuro, em 
função de variáveis que podem estar presentes posteri-
ormente. Entretanto, pacientes sem história de doença 
periodontal provavelmente têm menos chances de 
tornarem-se susceptíveis que aqueles que já mostra-
ram sinais de doença periodontal no passado. 
Ambos os grupos, porém, requerem um controle 
de placa e motivação antes do tratamento. Todavia, os 
pacientes sem risco poderão ter o seu tratamento res-
taurador iniciado mais precocemente. Os pacientes de 
risco, ao contrário, requerem uma fase mais prolonga-
da de controle de placa e motivação, a fim de verifi-
car-se a resposta tecidual ao preparo prévio (Figs. 
1.17A e 1.17B). Estes pacientes devem entender que a 
confecção de novas próteses isoladamente não irá cu- 
« « - ~ • • - 
P R Ó T E S E F I X A 
 
FIG I . I5A 
 
■ FIGURAS l . l 5 A e I . I 5 B 
Aspecto clínico e radiográfico de paciente sem risco ença periodontal. à do
FIG I . I6A 
 
■ FIGURA I . I6A e I . I 6B 
Aspecto clínico risco à doença periodontal. e radiográfico de paciente de
E X A M E DO P A C I E N T E 
 
■ FIGURAS LI7Ae I. I7B 
O controle de placa e a motivação do paciente devem ser efetuados em todas as fases do tratamento. 
rar a sua doença periodontal. Desta forma, pode-
rão colaborar de forma mais consciente durante o 
tratamento e posteriormente, através de uma ma-
nutenção da higiene mais cuidadosa na região das 
próteses. 
Como visto, torna-se necessário um acurado exa-
me periodontal do paciente e alguns aspectos devem 
ser avaliados: 
EXAME DE SONDAGEM 
Para este exame deve-se utilizar uma sonda peri-
odontal delicada. Com este objetivo clínico nor-
malmente utiliza-se sonda com marcação de Willia-
ms, embora existam outros tipos de marcação utili-
zados para outros fins, tais como as avaliações epi-
demiológicas. A sonda é alinhada com a face do 
dente a ser examinado e inserida suavemente den-
tro do sulco ou bolsa (Fig. 1.18). Para cada dente 
devem ser feitas seis medidas — distai, centro e me-
sial nas faces vestibular e palatina ou lingual de 
cada dente. 
A medida de profundidade de sondagem depende 
de vários fatores, dentre eles a força exercida pelo pro-
fissional, além disso o trajeto da bolsa nem sempre é 
reto e a sonda normalmente utilizada não é um ins-
trumento flexível. Embora estas dificuldades, este exa-
me é importante pois, apesar destas medidas não esta-
rem relacionadas à atividade atual da doença perio-
dontal, representam a sua atividades passada. A detec-
ção do nível de inserção nos dá a possibilidade de 
avaliar a gravidade da lesão estabelecida na área e ana-
lisar as perspectivas de terapia: 
— Bolsas com a sua base na junção amelo-denti-
nária indicam a existência de tecido hiperplásico (Bol-
sa falsa), não implicando em perda de tecido ósseo; 
 
— Nos casos onde houve perda de tecido ósseo, 
estas medidas fornecem informações sobre a arquite- 
tura óssea presente; 
— A presença de bolsas profundas representa a 
existência de nichos que funcionam como reserva 
tórios de bactérias patogênicas, o que pode facili 
tar a contaminação das outras áreas da cavidade 
bucal. 
DE SANCRAMENTO 
Espera-se de 10 a 20 segundos após a 
remoção da sonda para observar-se o sangramento 
proveniente do sulco. Indicador de inflamação 
marginal, é importante, pois além de demonstrar 
alterações patológicas gengivais, os procedimentos 
restauradores (moldagem, cimentação) podem ser 
dificultados na sto, presença de sangramento. Além di
a resolução deste processo inflamatório pode resultar 
em contração tecidual, levando à alterações da altura 
da gengiva marginal e exposição das margens das 
coroas. 
EXSUDATO 
A presença de exsudato proveniente da bolsa é indi-
cativo de atividade da doença periodontal, mas não 
pode ser considerado um indicador da atividade futura. 
RECESSÃO CENCIVAL 
E significante à medida que não somente afeta a 
quantidade de mucosa ceratinizada, mas também 
tem influência na estética. Recessão em dentes ante-
riores pode des problemas quando o 
ÍNDICE
resultar em gran
paciente apresenta uma linha alta do sorriso (Figs. 
1.19Ae 1.19B). 
P R Ó T E S E F I X A 
 
FIG I.I8A 
■ FIGURA 1.18 
Exame de sondagem. 
 
FIG I.I9A FIC 
■ FIGURAS l . l 9 A e I.I9B 
Vista da prótese no dia de sua instalação e apresentando recessão gengival após 18 anos. 
ENVOLVIMENTO DE FURCAS 
Para este exame faz-se necessário o uso de uma sonda 
específica — Sonda de Nabers — (Fig. 1.20) e radiog fias. ra
A capacidade do profissional em diagnosticar estas lesões 
é sumamente importante, uma vez que o tratamento está 
diretamente relacionado ao grau de comprometimento. 
Para tanto, vários aspectos devem ser analisados: 
1. GRAU DE ENVOLVIMENTO DAS FURCAS. 
Estas podem ser classificadas em: 
I. Perda horizontal de tecido de suporte, não excedendo 
1/3 da largura vestíbulo-lingual do dente afetado. 
II. Perda horizontal que excede " da largura do dente, 3
mas não envolve toda a largura vestíbulo-lingual. 
■ FIGURA 1.20 
Exame de sondagem da furca da unidade 37 com a sonda 
de Nabers. 
E X A M E DO P A C I E N T E 
III. Perda horizontal que envolve toda a largura do dente 
afetado, comunicando as faces vestibular e lingual. 
É interessante salientar que existem outras classifi-
cações e algumas agregam o componente vertical de 
perda, criando subdivisões. 
2. COMPLEXIDADE DO TRATAMENTO 
RESTAURADOR. 
A preservação de unidades dentais com envolvi-
mento de furca pode não alterar o prognóstico geral 
do caso ou, ao contrário, a sua preservação pode ser 
de f ara o planejamento. undamental importância p
Em casos unitários pode-se optar portratar o paciente 
mantendo a furca, todavia em casos de reabilitação 
oral, a manutenção de uma furca pode representar um 
risco desnecessário. Outras vezes, a manutenção de 
uma furca pode ser a única alternativa para evitar-se 
uma prótese removível. 
5. PRESENÇA DE CÁRIES. 
O tratamento de cáries na região de furca é com-
plicado, principalmente se envolve o teto da furca, 
entretanto lesões menores eventualmente podem ser 
restauradas satisfatoriamente. Deve-se avaliar a pro-
fundidade da lesão e a sua relação com a estrutura 
óssea, -se áreas de invasão tecidual. Como evitando
esta a possuir inúmeras ssociação furca-cárie pode
variáveis, não há como estabelecer uma regra rígida, 
ou seja, a avaliação do caso irá determinar o tratamento 
adequado. 
4. SEVERIDADE DA DESTRUIÇÃO 
Quando há uma destruição severa dos tecidos de 
suporte, envolvendo ou não as porções apicais das 
raízes, ou afetando dentes adjacentes, a extração, nor-
malmente, está indicada. 
5. POSSIBILIDADE DE RESTAURAÇÃO 
Deve-se avaliar a possibilidade de restauração da 
unidade dental após o tratamento da furca, seja por 
manutenção, separação das raízes ou remoção de uma 
ou mais raízes. 
6. MANUTENÇÃO 
O tratamento das furcas deve sempre levar em 
conta a possibilidade de controle posterior adequado 
pelo paciente e profissional e a sua motivação. 
7. CUSTO 
Um elemento pilar de prótese com envolvimento 
de furca pode necessitar de tratamento endodôntico, 
cirurgia periodontal e núcleo intrarradicular, além da 
coroa. Este custo pode ser bastante elevado, principal-
mente quando um resultado mais previsível pode ser 
conseguido através de extração e colocação de uma 
prótese fixa convencional sem este pilar ou pela colo-
cação de implantes osseointegrados. Todavia, deve-se 
sempre avaliar as perspectivas possíveis e oferecê-las ao 
paciente. (Figs. 1.21A a 1.21E) 
MOBILIDADE 
Todos os dentes devem ser avaliados. Com o cabo do 
espelho bucal apoiado em uma face e um dedo ou outro 
instrumento apoiado na face oposta, um exame subjetivo 
da mobilidade é executado. Normalmente classifica-se 
esta mobilidade em: grau 1: quando o movimento da 
coroa do dente é de 0 a lmm em uma direção horizon-
ta grau 2: quando o movimento de amplitude é l; em
maior que lmm na direção horizontal e em grau 3, quan-
do ocorre movimento vertical e horizontal do dente. 
 
■ URA 1.2 IA FIG
Aspecto clínico de paciente com envolvimento de furca 
n nidade 26 a u
P R Ó T E S E F I X A 
 
F IG I . 2 IB 
 
■ FIGURAS I.2IB e I.2IC 
Durante o procedimento cirúrgico optou-se pela remoç da raiz disto-vestibular. ão 
 
FIG I.2ID 
■ FIGURAS I.2ID e I.2IE 
Aspecto clínico três semanas após a cirurgia e após a 
instalação da prótese. 
As causas mais comuns para o aumento de mobili-
dade são: 
Doença periodontal relacionada à perda de supor-
te ósseo. 
Trauma oclusal que é primário quando decorre de 
forças oclusais excessivas ou secundário, quando o ele-
mento dental apresenta mobilidade frente à forças 
oclusais normais devido a um suporte periodontal re-
duzido. 
Outras possíveis causas devem ser pesquisadas para 
um diagnóstico diferencial, tais como: inflamação pe-
riapical, traumas agudos (acidentes), raízes fraturadas, 
reabsorções radiculares, cistos, neoplasias, etc. 
A mobilidade pode estar estabilizada ou pode au-
mentar progressivamente, no entanto é importante 
salientar que esta é um sinal ou sintoma importante e 
não uma doença propriamente dita e deverá ser reava-
liada durante a fase das coroas provisórias. 
ÍNDICE DE PLACA 
Durante o exame classifica-se o paciente de acordo 
co m a quantidade de placa presente em quatro níveis:
placa ausente, nível baixo, nível médio e nível. Este é um 
exame bastante subjetivo e não é um indicador preciso 
de que ocorrerá perda óssea. A verificação detalhada do 
índice de placa para cada dente possui importância 
em estudos epidemiológicos, entretanto, do ponto 
de vista clínico, a resposta do paciente à sua quanti-
dade de placa é mais importante. Uma grande quan-
tidade de placa na ausência de sangramento é menos 
significante do que uma pequena quantidade acompa-
nhada de sangramento gengival. O uso de evidencia-
dores é, portant otivador de o, mais importante como m
higiene oral do que um indicador de doença periodon-
tal. Atualmente, o índice de placa é apenas um referen-
cial do grau de higiene e colaboração do paciente. 
E X A M E DO P A C I E N T E 
DISTÂNCIAS BIOLÓGICAS 
O periodonto de proteção apresenta-se composto 
por múltiplas estruturas que atuam contra agressores 
externos através de mecanismos de defesa locais e em 
associação com os mecanismos sistémicos, com a fina-
lidade de manter o processo de homeostasia marginal. 
Neste sentido, há que se compreender a importân-
cia e a relação da mucosa ceratinizada, sulco gengival, 
epitélio juncional e inserção conjuntiva com os proce-
dimentos odontológicos, para que se respeite a inte-
gridade e a biologia tecidual, preservando-se intactas 
estas estruturas responsáveis pelo "vedamento biológi-
co" marginal do periodonto. 
A presença de uma faixa adequada de mucosa 
ceratinizada é desejável, visto que ela desempenha 
funções importantes para as outras estruturas. Ela é 
responsável pela impermeabilização da área margi-
nal gengival (em f nção da ceratina), o que limita a u
permeação de substâncias que potencialmente po-
dem alterar o equilíbrio local. Apresenta-se com 
uma parte inserida à superfície radicular e à estru-
tura e imobilidade tecidual, óssea e também confer
levando a uma melhor justaposição à superfície 
dental e propiciando um sulco gengival mais raso e 
estreito, minimizando, assim, um nicho passível de 
acúmulo de placa. 
A quantidade adequada de mucosa ceratinizada é 
muito discutida na literatura, mas admite-se que áreas 
que apresentem menos de 2mm podem mostrar-se 
inflamadas; por outro lado, admite-se que há a neces-
sidade de uma faixa maior quando executam-se proce-
dimentos restauradores e, em tais situações, a presença 
de uma faixa mínima de 5mm é requerida. Procedi-
mentos de preparo, moldagem e cimentação são ex-
tremamente dificultados e raramente são executados 
sem algum sangramento quando esta faixa de tecido 
não existe ou encontra-se muito estreita. 
O sulco gengival recebe duas definições distintas: 
Sulco gengival real ou histológico: É a medida 
real do sulco, que compreende a distância entre o 
vértice gengival e a parte mais coronal do epitélio 
juncional, que é a estrutura imediatamente subjacen-
te. O sulco gengival apresenta-se como uma canaleta 
em forma de "V", margeado de um lado pela estrutu-
ra dental e do outro pelo epitélio sulcular e, na nor-
malidade, apresenta uma profundidade entre 0,2 e 
0,8mm, com uma média de 0,5mm; já a sua largura é 
aproximadamente de 0,15mm. 
Sulco gengival clínico: Como o próprio nome diz, 
reflete uma condição clínica quando da realização da 
sondagem periodontal, apresentando normalmente 
uma profundidade de até 3,0mm. 
As diferenças entre as definições de sulco gengival 
estão vinculadas ao epitélio juncional. Este é um tipo 
de epitélio (com extensão de 0,9 a l,5mm) que apre-
sen ta características ímpares, em função de ser o único
tec ido epitelial do organismo que se contacta com
uma estrutura mineralizada (o dente). Como o tecido 
epitelial é uma estrutura de revestimento, durante o 
processo de irrompimento dos dentes ele é diferencia-
do , para desempenhar as suas funções. Evidentemente
em função desta condição particular, o epitélio junci-
ona qualidades especiais, l adquire características e 
den elular. Poucas tre as quais, uma frágil união interc
camadas de células com disposição colunar facilitam a 
clivagem destas lábeis uniões celulares durante a reali-
zação de uma sondagem, permitindo muito facilmente 
a penetração da sonda no seu interior. Logo, a medida 
clínica do sulco gengival representa o sulco real mais 
uma grande extensão (que é variável e depende de 
muitos fatores)do epitélio juncional. 
Esta medida clínica do sulco gengival serve como 
parâmetro no exame e diagnóstico periodontal, mas 
jamais como base para o estabelecimento dos níveis 
subgengivais dos mais variados tipos de tratamentos 
restauradores possíveis. 
Subjacente ao epitélio juncional, encontra-se a inserção 
conjuntiva, que é a área de tecido conjuntivo que estabelece 
inserções colágenas com a porção radicular supra-alveolar. 
Esta região é a que apresenta maior resistência, limitando a 
extensão apical do epitélio juncional e protegendo a estrutu-
ra óssea adjacente. Este espaço tecidual possui uma extensão 
que varia de 0,9 a l,5mm (Fig. 1.22) 
 
FIGURA 1.22 
Estruturas que compõem o periodonto de sustentação e 
proteção: GML: Genviva Marginal Livre/LP: Ligamento Peri-
odontal SG: Sulco Gengival./OA: Osso Alveolar Gl: Genvi-
va Inserida/MC: Mucosa Ceratinizada IC: Inserção Conjun-
tiva/JMG - Junção Muco-gengival EJ: Epitélio Juncional/MA: 
Mucosa Alveolar 
P R Ó T E S E F I X A 
Sulco gengival, epitélio juncional e inserção conjuntiva 
são, portanto, estruturas fundamentais nestes mecanismos 
de equilíbrio local e sua preservação garante mecanismos 
adequados de defesa marginal do periodonto. O desrespei-
to à biologia tecidual leva ao comprometimento periodon-
tal pelas agressões induzidas, criando desordens que carac-
terizam o estado patológico. A este espaço ocupado pelo 
conjunto sulco - epitélio juncional - inserção conjuntiva, 
denomina-se "Distâncias Biológicas". 
onde faz-se necessário um aumento cirúrgico do re-
bordo, seja por enxerto ósseo ou por enxerto gengi-
val, para minimizar as grandes reabsorções do osso 
alveolar (Fig. 1.23). Quando estes problemas não 
são detectados e o tratamento é executado sem um 
prévio planejamento, inevitavelmente serão confec-
cionados pônticos côncavos, inaceitáveis do ponto 
de vista funcional, ou pônticos extremamente lon-
gos, inaceitáveis do ponto de vista estético. 
 
5 . 5 . EXAME DA ÁREA EDÊNTULA 4' EXAME RADIOCRÁFICO 
 
O profissional não deve se restringir ao exame 
dos dentes e do periodonto adjacente. Uma avalia-
ção cuidadosa das áreas edêntulas e que terão den-
tes repostos por pônticos assume grande importân-
cia, principalmente nos casos onde a estética está 
envolvida. Deve-se avaliar as características do re-
bordo e a possível necessidade de correção cirúrgica 
com finalidade profética. Em alguns casos é neces-
sário a remoção de tecido gengival para que um 
pôntico com adequadas dimensões possa ser con-
fe i cc onado, sem a inadequada concavidade na sua
fa ce gengival, prejudicial à saúde do tecido perio-
dont al, em função da impossibilidade de limpeza
por parte dos pacientes. 
Outras situações existem em que apenas um 
condicionamento do tecido gengival soluciona o 
pr lob ema. Todavia, bastante comuns são as situações 
Para que se possa fazer um diagnóstico completo e 
executar um adequado plano de tratamento tornam-
se necessárias algumas informações que somente as 
radiografias podem fornecer. Pesquisa de lesões ósseas, 
raízes residuais e corpos estranhos, quantidade e qua-
lidade óssea, anatomia radicular e qualidade de trata-
ment rma-o endodôntico, são algumas das muitas info
ções que não podem ser obtidas através do exame
c c r-líni o. Algumas técnicas radiográficas são particula
ment otesista e devem ser utilizadas sem-e úteis ao pr
pre que necessário. 
A radiografia panorâmica fornece uma visão geral 
do estado da dentição e dos tecidos duros e é bastante 
útil durante o exame do paciente. Desta forma, sem-
pre que possível, e principalmente em casos extensos, 
o p afia antes da con-aciente deve possuir esta radiogr
sulta inicial (Fig. 1.24). 
 
 
■ FIGURA 1.24 
Radiografia panorâmica antes do tratamento restaurador; 
onde tem-se uma visão geral dos dentes e tecidos duros, 
o que auxilia o profissional durante a consulta inicial. 
■ FIGURA 1.23 
Aspecto clínico de reabsorção do rebordo alveolar Nestas 
situações torna-se necessário o aumento cirúrgico do re-
bordo para obter-se um resultado estético mais satisfatório. 
E X A M E DO P A C I E N T E 
Após o exame clínico inicial e a avaliação da radi-
ografia panorâmica, as áreas de interesse são determi-
nadas e radiografias periapicais são executadas. Busca-
se, assim, maior detalhe destas regiões. Estas radio-
grafias devem ser executadas, preferencialmente, pela 
técnica do paralelismo, para que se evitarem maiores 
distorções. Pode-se analisar a altura da crista óssea, 
lesões periapicais incipientes, qualidade do tratamento 
endodôntico, comprimento dos núcleos, proporção 
coroa-raiz, dentre outros (Fig. 1.25). Radiografias in-
terproximais também podem ser solicitadas e são par-
ticularmente úteis na avaliação da adaptação de próte-
ses antigas, recidivas de cáries e são mais precisas na 
visualização da crista óssea, devido à angulação utiliza-
da na técnica. 
 
■ FIGURA 1.25 
Radiografia periapical. 
5' MODELOS DE ESTUDO 
Para a grande maioria dos casos em prótese há 
necessidade de que modelos de estudo sejam monta-
dos em articuladores semi-ajustáveis (ASA). É inte-
ressante a observação de que existe uma certa "pre-
guiça" por parte de grande número de profissionais 
quando fala-se nesta etapa. Provavelmente isto de-
corre do desconhecimento sobre as muitas e funda-
mentais utilidades dos modelos de estudo montados 
em ASA: 
 
• Registro da situação inicial do paciente. 
• Observação dos contatos prematuros que condu 
zem a mandíbula da Relação Cêntrica (RC) para a 
Máxima Intercuspidação Habitual (MIH). 
• Observação do movimento que a mandíbula exe 
cuta de RC para MIH. 
• Observação facilitada das relações intermaxilares. 
• Observação dos efeitos de um possível ajuste oclu- 
sal sobre a oclusão. 
• Observação facilitada das inclinações das unida 
des dentais. 
• Enceramento diagnóstico. 
• Confecção de coroas provisórias. 
O estudo sobre as posições de Relação Cêntrica, 
Máxima Intercuspidação Habitual e Oclusão em Re-
lação Cêntrica, dos movimentos excursivos, bem 
como da sequência de montagem em ASA serão obje-
tivos de outros capítulos deste livro. 
Em função do exposto, fica evidente a importância 
do exame do paciente. Apesar de serem denominados 
de modelos de estudo, muito trabalho pode e deve ser 
executado sobre estes modelos. É inconcebível o iní-
cio do tratamento, principalmente em casos extensos, 
sem uma análise criteriosa de todos os tópicos acima 
mencionados. O Cirurgião-Dentista precisa entender 
que o modelo de estudo é um aliado e não uma perda 
de tempo. E possível obter-se, a partir do enceramento 
diagnóstico, uma matriz ou as próprias coroas pro-
visórias, antes de efetuar- ualquer desgaste na bocase q 
do paciente. Através do enceramento diagnóstico tor-
na-se mais fácil a observação das dificuldades do caso 
e pode-se discutir com o paciente as alternativas de 
tratamento, inclusive mostrando as prováveis modifi-
cações que serão efetuadas (Figs. 1.26A e 1.26B). Isto, 
além de refletir um planejamento criterioso, pode re-
presentar uma economia de tempo e, consequente-
mente, de dinheiro no consultório. 
Portanto, a fase de exame do paciente é extrema-
mente importante e tem como objetivo fornecer todas 
as informações necessárias a um adequado e individu-
alizado plano de tratamento. Uma falha na coleta de 
dados pode implicar em um tratamento perfeito do 
ponto de vista técnico, porém inadequado diante das 
necessidade de um determinado pacientes. 
P R Ó T E S E F I X A 
 
FIG I.26A 
 
■ FIGURAS l.26Ae I.26B 
A montagem dos modelos de estudo possibilita a confecçã m o do enceramento diagnóstico, o que facilita a discussão co
o paciente sobre as possíveis alternativas de tratamento. 
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C A P Í T U L O 
PATOLOGIAS OCLUSAIS 
E DISFUNÇÕES 
CRANIOM AN DL BU LARES: 
CON SIDERAÇÕES RELACIONADAS À
PRÓTESE FIXA E REABILITAÇÃO ORAL
P A U L O CÉSAR R O D R I G U E S CONT 
P A T O L O G I A S O C I U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I B U I A R E S 
INTRODUÇÃO 
Desde há muito tempo, a oclusão tem sido consi-
derada como um fator crítico de sucesso em qualquer 
procedimento odontológico que vise à reabilitação do 
sistema estomatognático. 
Na maioria dos casos, a existência de um padrão 
oclusal predefinido e sadio facilita e orienta o profissional 
na manutenção de uma oclusão considerada "ideal". 
Dessa forma, na análise dos casos de Prótese 
Fixa ou Reabilitação Oral, é fundamental a realiza-
ção de um exame oclusal apropriado, cuja finalida-
de principal é se definir a posição terapêutica para a 
confecção da prótese. Além disso, propicia também 
a detecção de possíveis alterações dento-periodon-
tais causadas por um relacionamento inadequado 
entre a maxila e a mandíbula durante as funções 
mastigatórias. 
Outro aspecto a ser considerado na fase de plane-
jamento é a presença de patologias musculares ou in-
tra-articulares que podem levar a alterações oclusais, 
com consequente interferência no resultado final do 
tratamento reabilitador. 
Assim, o objetivo deste capítulo é discutir as diver-
sas patologias do sistema mastigatório e seu relaciona-
mento com os procedimentos de Prótese Fixa. 
1 «• RELAÇÕES MAXILO' 
MANDIBULARES 
1.1. ESTÁTICAS 
Antes de se iniciar qualquer discussão a respeito da 
fisiologia ou patologia oclusal, alguns conceitos de-
vem ser incorporados ao nosso conhecimento, a res-
peito do relacionamento maxilo-mandibular. 
O primeiro deles é sobre a Relação Central (RC), 
também denominada relação cêntrica, posição de con-
tato retruída e, mais recentemente, de posição de esta-
bilidade ortopédica. Essa posição é definida como a 
relação maxilo-mandibular onde os côndilos estão cen-
tralizados nas fossas mandibulares, apoiados sobre as 
vertentes posteriores das eminências articulares, com os 
respectivos discos articulares devidamente interpostos. 
A necessidade da presença do disco articular inter-
posto entre o côndilo e a fossa mandibular é ainda 
motivo de controvérsia, pois sabe-se, atualmente, que 
muitos pacientes adaptam-se à anteriorização perma-
nente do disco sem grandes consequências. 
Como descrito, a RC é uma posição estritamente 
relacionada à posição condilar, não apresentando nenhu-
ma relação com a posição ou contatos dentários. Tal 
posição é de vital importância em vários tratamentos 
protéticos, como descrito em outros capítulos. Ainda, 
em alguns casos de patologias relacionadas estritamente à 
oclusão, tal posição deve ser utilizada como guia nos 
procedimentos de ajuste oclusal por desgaste seletivo. 
Outra posição maxilo-mandibular é a MÁXIMA INTER-
CUSPIDAÇÃO HABITUAL (MIH), também conhecida como 
posição de oclusão cêntrica ou posição de intercuspida-
ção. ocorre o Tal posição é definida como aquela onde 
maio tes supe-r número possível de contatos entre os den
riore a posição condi-s e inferiores, independentemente d
lar. Dessa fo a, a MIH é rm guiada totalmente pelos con-
tatos dentários e por mecanismos de percepção neuroló-
gica de estruturas localizadas nos ligamentos periodon-
tais (Figs. 2. IA e 2.1B). Como tal posição depende dos 
contatos dentários, ela pode ser alterada, e o é frequente-
mente, após procedimentos odontológicos de reconstru-
ção oclusal (restaurações, próteses, etc). 
É intetessante que tal posição não coincide com a 
posição condilar de RC na maioria da população, ou 
seja, quando se guia a mandíbula para a posição de 
RC, não existe concomitantemente o maior número 
de contatos entre os dentes. Normalmente, apenas 
um ou dois contatos dentários acontecem nessa posi-
ção e caracterizam os chamados contatos prematuros. 
Essa diferença entre as posições de RC e MIH pode 
ser fator contribuinte de algumas patologias oclusais, 
embora seja fisiológica e bem aceita para a grande 
maioria da população. Quando existe coincidência 
entre ambas posições, o termo OCLUSÃO EM RELAÇÃO 
CÊNTRICA (ORC) é aplicado. 
1.2. DINÂMICAS 
Os movimentos mandibulares podem ser dividi-
dos em lateral e protrusivo. 
Durante o movimento lateral da mandíbula, 
idealmente deve haver desoclusão dos dentes poste- 
P R Ó T E S E F I X A 
 
FIGURAS 2.1 A e 2.IB 
( íbula A) Vista lateral dos dentes em oclusão quando a mand é manipulada em Relação Cêntrica. Note que poucos 
c ) Visontatos dentários normalmente ocorrem nessa situação; (B ta lateral dos dentes na posição de MIH. Nessa posição, 
o te d maior número de contatos dentários é obtido, independen a posição dos côndilos na fossa mandibular. 
riores. Tal desoclusão pode ser provida somente 
pelo canino (o que caracteriza o "guia canino") ou 
p es posteriores de elo canino auxiliado pelos dent
uma maneira uniforme (o que caracteriza a "função 
em grupo"). 
Por definição, o lado para qual a mandíbula se 
movim o, enquanto enta é chamado de lado de trabalh
o lado oposto recebe o nome de lado de não trabalho 
ou balanceio. 
Embora muita discussão já tenha sido realizada 
para se definir qual tipo de desoclusão lateral seja a 
mais adequada, poucos resultados confiáveis estão dis-
poníveis. Sabe-se, no entanto, que durante os procedi-
mentos de prótese fixa o provimento de um guia cani-
no deve ser o escolhido, principalmente pela facilida-
de dos procedimentos técnicos (Fig. 2.2.A). 
Já durante o movimento protrusivo, os dentes ante-
riores desoduem os dentes posteriores, protegendo-os de 
c fora do longo eixo (Fig. 2.2.B). ontatos direcionados para
2 ' CONCEITO DE OCLUSÃO IDEAL 
O conceito de oclusão ideal apresenta diversas va-
riações, dependendo do objetivo para o qual a aná-
lise oclusal está sendo realizada. 
Por exemplo, quando se analisa o relacionamento 
oclusal de um paciente com dentição completa e au-
sência de qualquer patologia, não existe a necessidade 
de se corrigirem eventuais desvios da oclusão ideal 
meramente como procedimentos profiláticos. 
Já nos casos de reconstrução oclusal extensa, onde 
a grande maioria das superfícies oclusais e/ou palati-
nas sofrerá modificações, existe necessidade de incor- 
poração das características de uma oclusão ideal, que 
podem ser resumidas da seguinte forma: 
1. Transmissão da resultante das forças oclusais para 
o longo eixo dos dentes posteriores: quando se exerce 
uma força oclusal sobre qualquer dente posterior,o vetor 
final dessa força deve ser direcionado o mais próximo para 
o cterística propicia a longo eixo dos mesmos. Essa cara
manutenção da homeostasia das estruturas periodontais, 
mantendo-se a relação dente/osso alveolar em equilíbrio. 
2. Contatos dentários posteriores bilaterais e si 
multâneos: idealmente, na posição final do fechamen 
to mandibular, devem haver contatos simultâneos em 
todos os dentes posteriores. 
3. Dimensão vertical de oclusão adequada: o rela 
cionamento maxilo/mandibular no sentido vertical per 
mite não somente uma aparência estética satisfatória, 
mas, principalmente, provê equilíbrio muscular duran 
te os processos de mastigação, deglutição e fala. 
4. Guias laterais e anterior: idealmente, durante os 
movimentos excursivos da mandíbula, os dentes poste 
riores não devem participar da oclusão. Essa desoclusão 
deve ser obtida às expensas dos dentes anteriores. Dessa 
forma, durante o movimento protrusivo da mandíbula, 
as bordas incisais dos incisivos inferiores deslizam nas 
superiores palatinas dos incisivos superiores, desoclu n- i
do totalmente os posteriores. De maneira semelhante, 
nos movimentos laterais, os caninos devem exercer essa 
função de desoclusão. Esses conceitos são importantes 
para se definir o padrão oclusal em indivíduos com 
dentição completa, conhecido como "oclusão mutua 
m . Nesse esquema, os dentes posteriores ente protegida"
protegem os anteriores de qualquer contato na posição 
e sa durante os movimen- stática da mandíbula e vice-ver
P A T O L O G I A S O C L U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I B U L A R E S 
 
■ FIGURAS 2.2 A e 2.2B 
(A) Desoclusão lateral pelo canino. Durante o movimento lateral não deve haver contato entre os demais dentes 
anteriores e posteriores. (B) Desoclusão pelos dentes anteriores durante movimento protrusivo da mandíbula. 
tos excursivos. A incorporação desse esquema oclusal 
em trabalhos de prótese fixa tem sido aconselhada 
pela maioria dos autores para prevenção das patologi-
as relacionadas estritamente à oclusão, como será des-
crito posteriormente. Porém, mais uma vez, procedi-
mentos irreversíveis realizados na dentição natural, 
para prevenção de futuros problemas, são contra-indi-
cados. 
5 — Relação Central (RC) coincidente com a 
Máxima Intercuspidação Habitual (MIH): essa 
característica tem sido bastante discutida na literatura 
durante os últimos trinta anos. Como observado em 
outros capítulos, essa condição se faz necessária nos 
casos de prótese ou Reabilitação Oral, onde não existe 
estabilidade oclusal entre os dentes remanescentes. 
Assim, nesses casos, torna-se necessária a utilização de 
uma posição condilar, no caso a RC, para a reconstru-
ção oclusal. Deve ficar claro que a grande maioria da 
população apresenta algum tipo de diferença entre es-
sas duas posições (RC e MIH), o que não significa, 
necessariamente, que esses pacientes têm ou desenvol-
verão algum tipo de patologia. 
Sabe-se, atualmente, que pequenas diferenças entre 
RC e MIH, caracterizadas pelos chamados "contatos 
prematuros", são altamente toleradas e absorvidas de 
uma maneira fisiológica pelo sistema estomatognático. 
Assim, procedimentos irreversíveis como ajuste 
oclusal por desgaste seletivo são contra-indicados 
como tratamento oclusal profilático. 
Por outro lado, diferenças significantes entre as 
dua desencadear uma série de conse-s posições podem
quências danosas para o sistema estomatognático, 
principalmente no que diz respeito às estruturas den-
tais e periodontais. Como veremos adiante, esse grupo 
de patologias será denominado "patologias relaciona-
das estritamente à oclusão". 
5 - CONTATOS PREMATUROS E 
INTERFERÊNCIAS OCLUSAIS 
CONTATO PREMATURO é um termo genérico que se 
refere à qualquer contato oclusal que, prematuramente, 
impede o fechamento mandibular na posição de MIH, 
RC ou ORC ou durante os movimentos excursivos. 
Como descrito anteriormente, um contato prema-
turo não interfe necessariamente com a função e para-
função ou causa patologias oclusais. Aproximadamen-
te 90% da população, livre de qualquer sinal ou sinto-
ma de traumas oclusais, apresenta contatos prematu-
ros na posição de relação cêntrica, que não devem ser 
considerados interferências oclusais, pois sabe-se que 
não há interf ia com a função na grande maioria erênc
dos casos. 
Contatos prematuros nas posições estáticas e/ou 
dinâmicas da mandíbula podem surgir de causas na-
turais (crescimento e desenvolvimento da mandíbula 
ou erupção dentária); causas adquiridas (colocação de 
restaurações, prótese, ortodontia, etc.) ou causas dis-
funcionais (patologias musculares ou da ATM). 
Ao contrário do que historicamente se pensava, con-
tatos prematuros podem ser consequências de uma série 
de patologias musculares de ATM, ao invés de causa das 
mesmas. Esse conceito é importante a partir do momento 
em que fica claro que procedimentos de ajuste oclusal 
nunca devem estar indicados na fase aguda das Disfun-
ções Craniomandibulares (DCM). A relação entre oclu-
são e DCM será discutida posteriormente. 
P R Ó T E S E F I X A 
Já uma INTERFERÊNCIA OCLUSAL é uma relação de con-
tato oclusal que interfere de alguma forma com a função 
ou parafunção. Portanto, uma definição operacional para 
o tratamento de uma interferência oclusal requer alguma 
evidência de dano ao sistema estomatognático. 
Do ponto de vista clínico, a presença de interfe-
rências oclusais define os chamados traumas oclusais, 
que podem ser primários ou secundários. Trauma 
oclusal primário se refere a interferências oclusais atuan-
do sobre dentes com suporte periodontal sadio. Já 
trauma oclusal secundário diz respeito a interferênci-
as oclusais sobre dentes previamente comprometidos 
por doença periodontal inflamatória e, conseqúente-
mente, debilitados em relação ao suporte ósseo. 
Traumatismos oclusais e interferências oclusais es-
tão frequentemente associados às chamadas patologias 
relacionadas estritamente à oclusão. Assim, os proces-
sos patológicos relacionados ao exame e ao planeja-
mento dos casos de prótese fixa serão divididos em 
Patologias Relacionadas Estritamente à Oclusão e 
Disfunções Craniomandibulares. 
| 4 * PATOLOGIAS RELACIONADAS 
ESTRITAMENTE À OCLUSÃO 
A presença de contatos prematuros é um achado co-
mum e normalmente o organismo, através de processos 
adaptativos, consegue manter a homeostasia do sistema. 
Po tes, a presença desses rém, para alguns pacien
contatos oclusais, interferindo realmente com a fun-
ção, pode levar a alterações ósseas, dentárias ou pulpa-
res. A definição da nomenclatura de "patologias rela-
cionadas estritamente à oclusão" já indica que, para a 
ocorrência desses processos, não devem necessaria-
mente estar presentes fatores outros que não os de 
uma oclusão alterada. 
Para efeito de diagnóstico e execução de um plano 
de tratamento associado à execução de próteses, essas 
patologias de origem oclusal serão subdivididas em: 
mobilidade e movimentação dentária, desgaste dentá-
rio e lesões cervicais de origem não cariosa. 
I 4.1 - MOBILIDADE DENTÁRIA 
Trauma de oclusão foi definido no início do século 
como uma condição de injúria que resulta no ato dos 
dentes entrarem em contato, com alterações micros-
cópicas na membrana periodontal, causando mobili-
dade dentária patológica. 
Toda vez que existe um equilíbrio oclusal, com 
direcionamento das forças no sentido do longo eixo 
do dente, há uma micromovimentação deste para dentro 
do alvéolo (intrusão) estimada em aproximadamente 
0,12 a 0,25mm. 
Tal movimentação é realizada às expensas das fibras 
do ligamento periodontal e do fluido tissular que banha 
e irriga todo o espaço periodontal. Assim, quando existe 
um contato oclusal adequado, essa ligeira e temporária 
intrusão dentária permite uma série de eventos fisiológi-
cos necessários para a manutenção da normalidade. Tal 
processo tem sido denominado de mecanismo hidráulico 
de sustentação. Com a presençadas interferências oclu-
sais ou hábitos parafuncionais deletérios, esse mecanismo 
é rompido, causando nesses pacientes perda óssea e con-
sequente mobilidade dentária. O processo através do 
qual um dente sob trauma desenvolve áreas de reabsor-
ção óssea ainda não está bem elucidado na literatura. 
Dessa forma, em um dente sob trauma oclusal e 
sem Doença Periodontal Inflamatória (DPI), há o de-
senvolvimento de áreas com perda óssea e mobilidade 
dental sem, contudo, haver perda de inserção perio-
dontal e/ou formação de bolsas periodontais. 
Um aspecto interessante é a observação do com-
portamento desse dente em relação à mobilidade. Para 
alguns autores, a progressão da mobilidade associada 
ao aumento do espaço periodontal é indicativo de 
traumatismo oclusal (Fig. 2.3). 
Modelos animais têm demonstrado que, quando 
forças traumáticas são aplicadas a um periodonto sa-
dio, h se de aumento de mobilidade, caracte- á uma fa
 
■ FIGURA 2.3
Perda total de suporte ósseo em dentes submetidos a 
cargas oclusais parafuncionais. 
P A T O L O G I A S O C L U S A I S E D I S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I B U L A R E S 
rizada por alterações vasculares patológicas com con-
sequente aumento de atividade osteoclástica nas re-
giões de pressão. Porém quando o dente se estabiliza 
na nova posição, ou seja, tais forças passam a não ser 
mais traumáticas, o dente permanece com mobilida- 
de, sem, no entanto, haver aumento na magnitude 
dessa mobilidade ou qualquer alteração biológica. 
Esse é um processo de adaptação à demanda funcio-
nal. 
O caso ilustrado nas fígs. 2.4A a 2.4E, mostra uma 
 
G 2.4A 
G 2.4C 
■ 
FIGUR
AS 2.4A 
a 2.4C 
(A/B) 
Vista 
frontal 
do 
pacient
e em 
MIH e 
com a 
mandíb
ula 
movime
ntada 
para a 
posição 
parafun
cional, 
causand
o mobi-
lidade e 
movime
ntação 
dos 
2.4D 
dentes 
21 e 22. 
(C) 
Radiogr
afia da 
área, 
mostran
do 
aument
o do 
espaço 
periodo
ntal. 
 
FIG 2.4E 
FIG 2.4E 
■ FIGURAS 2.4D e 2.4E 
(D) Esplintagem provisória, seguindo-se os conceitos do polígono de estabilização. (E) Placa oclusal estabilizadora, utilizada 
com o objetivo de se evitar o hábito parafuncional e aumento da mobilidade dentária. 
P R Ó T E S E F I X A 
condição de traumatismo primário, onde o tratamen-
to foi baseado na eliminação do hábito parafuncional 
e esplintagem dos dentes abalados. 
Por outro lado, quando forças oclusais anormais 
são aplicadas a dentes com DPI, esses não respondem 
com mudanças de adaptação à demanda, como des-
crito anteriormente. Em vez disso, continuam em 
trauma, levando os dentes à mobilidade progressiva. 
Sabe-se, entretanto, que nesses casos o trauma oclu-
sal pode acelerar o índice de perda de inserção perio-
dontal e perda óssea. Frequentemente dentes submeti-
dos a traumatismos secundários, ou seja, interferências 
oclusais aplicadas sobre dentes previamente expostos à 
DPI apresentam-se com abcessos periodontais e acen-
tuada mobilidade (Figs. 2.5A e 2.5B). 
Clinicamente, os sintomas de trauma oclusal são 
dor ou desconforto na região periodontal, hipermobi-
lidade dentária e migração patológica dos dentes com 
consequente impacção alimentar. Observe na sequên-
cia das Figs. 2.6A a 2.6D um caso de traumatismo 
oclusal secundário, onde forças laterais aceleram o 
processo de reabsorção óssea, em paciente previamente 
exposto à DPI generalizada. 
Um quadro característico dessa condição é a movi-
mentação dos dentes anteriores, causada por ausência 
de estabilidade oclusal na região posterior. Nesses ca-
sos, ocorre um posicionamento anterior da mandíbu-
la, com consequente aumento das forças oclusais e 
vestíbulo-versão dos dentes ântero-superiores. Uma 
queixa comum desse tipo de paciente é o surgimento 
de diastema entre os dentes (Figs. 2.7A e 2.7B). 
Em relação aos sinais de trauma oclusal, frequen-
temente é encontrada mobilidade dentária progressi-
va, migração dentária patológica e padrões anormais 
de desgaste oclusal. 
Radiograficamente, detecta-se ausência da lâmina 
dura lateralmente ou na região do ápice do dente, 
variação na espessura da membrana periodontal e 
reabsorção óssea. 
Para o profissional envolvido em Reabilitação 
Oral, a detecção de traumatismos oclusais é funda-
mental. A terapia básica para esse tipo de paciente 
envolve a instituição de um programa rígido de Hi-
giene e Fisioterapia Oral (HFO), ajuste oclusal das 
áreas de interferências oclusais e, eventualmente, es-
plintagem periodontal dos dentes abalados. Tais pro- 
FIG 2.5A 
 
FIGURAS 2.5A e 2.5B 
(A) Incisivo central superior submetido à trauma oclusal e previamente exposto à DPI. Observe a profundidade de 
sondagem aumentada e presença de exudato purulento. (B) Vista incisai do dente em questão. Note que o mesmo já 
sofreu movimentação devido à perda óssea. 
P A T O L O C I A S O C L U S A I S E D I
 
S F U N Ç Õ E S C R A N I O M A N D I B U L A R E S 
G 2.6A FI
IG 2.6C 
FIG 2.6Í 
FIG 2.6[ 
■ FIGURAS 2.6A a 2.6D 
(A/B) Vistas frontal e oclusal de paciente com perda óss ntraste ea generalizada. Note a baixa suscetibilidade à cárie, em co
à alta suscetibilidade à doença periodontal. (C) Trauma ós oclusal no pré-molar superior; exposto a forças exageradas ap
desgaste dos caninos. D. Radiografia mostrando perda óssea generalizada. 
FIG 2.7E 
2.7A 
\ 
■ FIGURAS 2.7A e 2.7B 
(A/B) Vista frontal e oclusal mostrando movimentação dos dentes anteriores superiores devido à falta de estabilidade 
oclusal posterior. 
 
P R Ó T E S E F I X A 
cedimentos iniciais são seguidos, em casos de presen-
ça de DPI, por atos cirúrgicos para eventual elimina-
ção de bolsas periodontais. Para a esplintagem de 
dentes com mobilidade, deve-se sempre observar a 
incorporação de elementos dentários que permitam 
a estabilização, ou seja, a criação de um polígono de 
estabilização que impeça a movimentação dentária 
em todos os sentidos, também conhecido como Polí-
gono de Roy. Outro aspecto a ser observado é a 
manutenção das ameias gengivais, para permitir a 
higienização, através de instrumentos apropriados e 
fio dental. 
Dessa forma, em pacientes com trauma oclusal e 
necessidade de procedimentos protéticos, a recomen-
dação básica é de se tentar obter uma esplintagem dos 
elementos de suporte, pela construção de coroas com 
cúspides baixas e fossas rasas, associadas a uma deso-
clusão anterior e lateral rápida e eficiente. Todas essas 
recomendações visam minimizar possíveis esforços 
oclusais, principalmente aqueles que geram forças la-
terais e retorno da condição patológica, o que pode 
levar à perda do(s) elementos (s) dentário(s). 
Logicamente, uma outra recomendação básica 
para esse tipo de paciente é a realização de controles 
periódicos, com o objetivo de se observar nível de su-
porte ósseo, grau de higienização do paciente e mobi-
lidade dos elementos suporte. 
Em casos onde atividades parafuncionais do tipo 
bruxismo estão associadas à mobilidade o uso de uma 
placa oclusal estabilizadora lisa está indicado. 
O caso clínico exemplificado nas Figs. 2.8A a 2.8F, 
demonstra a esplintagem periodontal realizada após 
traumatismo oclusal e movimentação ortodôntica. 
Note-se a necessidade de obtenção de estabilização 
seguindo-se os conceitos do Polígono de Roy, obtida 
através de prótese fixa adesiva. 
4.2 ' DESGASTE DENTÁRIO 
Uma outra forma de manifestação clínica das pa-
tologias relacionadas estritamente à oclusão são os 
desgastes dentários patológicos. 
Em face de interferências oclusais, existem pacien-
tes que, por apresentarem uma condição periodontal 
satisfatória, respondem a esse traumatismo com des-
gaste da estrutura dentária. 
Deve ficar claro, porém, que o desgaste dentário 
fisiológico é um achado comum e ocorre normalmen-
te durante a vida do indivíduo. Assim, é perfeitamen-
te normal encontrar pessoas em idade avançada com 
essa característica. No entanto, antes do planejamento 
e execução do tratamento reabilitador, o profissional 
deve estar

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