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Técnicas Projetivas e Entrevistas Psicopedagógicas (1)

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Técnicas Projetivas eTécnicas Projetivas e
EntrevistasEntrevistas
PsicopedagógicasPsicopedagógicas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Bem vindo(a)!
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), é preciso esclarecer que o Psicopedagogo é um pro�ssional
especialista em di�culdades de aprendizagem, seja qual âmbito for, e em se
tratando da Psicopedagogia Clínica, é uma área de conhecimento interdisciplinar
que foca seus estudos no “aprender” e o “não aprender” do ser humano na mais
tenra idade e segue até o �m de sua vida.
E, é por meio de um diagnóstico feito com o indivíduo, família e escola, que o
psicopedagogo conseguirá identi�car os sintomas e chegar nas causas da
di�culdade de aprendizagem, buscando auxiliar por meio de intervenções a sanar
os diversos fatores que contribuem para a defasagem na aprendizagem, que podem
estar relacionados à origem orgânica, cognitiva, emocional, social ou pedagógica,
como também, à in�uência do meio que o sujeito está inserido, e de posse dos
dados obtidos no diagnóstico, possa intervir.
Na Unidade I vamos conhecer as técnicas projetivas e seus pressupostos históricos e
teóricos, para melhor compreender o atendimento psicopedagógico em relação aos
processos de di�culdades em aprender de um sujeito, sob um olhar social, político,
cultural, que auxilia o pro�ssional a compreender não só os porquês, mas também
as causas de determinada situação e/ou patologia que pode estar passando uma
pessoa em sua aprendizagem.
Já na Unidade II você irá saber mais sobre a entrevista psicopedagógica, que são
técnicas próprias da área da psicopedagogia, para uma ação preventiva e
interventiva. Nesse momento buscaremos analisar a entrevista, elencando as várias
interferências que possam propiciar as problemáticas do indivíduo, bem como os
aspectos éticos que são relevantes para a atuação do psicopedagogo.
Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito do diagnóstico e avaliações, que
são ações importantes ao psicopedagogo clínico, que, de posse aos instrumentos a
serem aplicados, pode compreender os processos de aprendizagem do paciente
aprendente. Após as análises realizadas em cada uma das provas, é feito o
levantamento das hipóteses no diagnóstico psicopedagógico, e veri�ca-se a
modalidade de aprendizagem do paciente aprendente. Com isso, é preciso que o
psicopedagogo respeite e analise todas as provas para que consiga um diagnóstico
e�ciente
Em nossa Unidade IV vamos �nalizar o conteúdo dessa disciplina com a análise
diagnóstica, e você verá neste momento a importância de se ter a hipótese
diagnóstica já bem delimitada para que se possa organizar a devolução (para
paciente, pais, família e escola) de modo seguro e elaborar o plano de intervenção
de maneira a conseguir auxiliar no processo de desenvolvimento e�caz ao paciente
aprendente.
E aqui, quero reforçar o convite, para que você realize esse percurso de estudos e
multiplique e compartilhe os conhecimentos sobre a atuação psicopedagógica no
âmbito clínico, que é o assunto abordado em nosso material.
Espero contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional.
Muito obrigado e bom estudo!
Unidade 1
As técnicas projetivas e
seus pressupostos
históricos e teóricos
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Introdução
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), vamos tratar de um assunto bastante pertinente à sua
formação como psicopedagogo(a), e trilhar novos caminhos que nos levarão a novos
conhecimentos sobre os conceitos fundamentais da psicopedagogia. Assim,
notaremos o ambiente educacional, que ao mesmo tempo em que auxilia e
possibilita a aprendizagem, promove também a existência e a descoberta de
problemas típicos da aprendizagem dos alunos.
Diante disso, é relevante destacar que as di�culdades de aprendizagem podem ser,
ainda, oriundas dos métodos utilizados na escolarização, que se tornam obstáculos
enfrentados e/ou causados pelos professores por meio da prática pedagógica.
Para tanto, o nosso desa�o será em analisar o contexto histórico das técnicas
projetivas até as provas de diagnósticos psicopedagógicas, para melhor
compreender o atendimento psicopedagógico em relação aos processos de
di�culdades em aprender de um sujeito, sob um olhar social, político, cultural.
Na Unidade I iniciaremos a nossa jornada pelo contexto histórico das técnicas
projetivas, que auxilia o pro�ssional a compreender não só os porquês, mas também
as causas de determinada situação e/ou patologia que pode estar passando uma
pessoa.
Na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os conceitos das técnicas
projetivas psicopedagógicas, no sentido de diagnosticar, tratar e prevenir as
di�culdades e obstáculos no sujeito que não aprende.
Depois, nas Unidades III e IV, vamos nos dedicar em compreender as provas
projetivas no diagnóstico psicopedagógico e a epistemologia convergente. Ao longo
da Unidade III você vai se ater mais em relação às provas de diagnósticos, e na
Unidade IV será tratado especi�camente da epistemologia convergente.
Devo mencionar a importância deste material para a sua formação como
psicopedagogo, mas reforço que você deve, além de fazer toda análise do material,
dar continuidade em seus estudos, pois a área da psicopedagogia vem sempre
inovando seus métodos, com isso, é preciso se manter atualizado. 
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. 
Muito obrigada e bom estudo! 
O contexto histórico das
técnicas projetivas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Caro(a) aluno(a), neste momento dos estudos temos como objetivo compreender
como as técnicas projetivas colaboram nos processos de avaliação, para que você
possa fortalecer a con�ança no seu uso. Para Didier (1978), as técnicas projetivas
foram criadas por volta de 1939, por L. K. Frank, em um estudo que visava destacar a
relação de três provas psicológicas: o Teste de Associação de Palavras de Jung, o
Teste de Manchas de Tinta de Rorschach e o Thematic Apperception Test (TAT) de
Murray, bastante utilizados em diagnósticos psicológicos, compreendidos como
instrumentos do método clínico e como uma aplicação prática das concepções
teóricas da Psicologia Dinâmica.
E para entender melhor as técnicas projetivas, é preciso analisar a área da
psicanálise de que são derivadas, conforme menciona Soley (2010), e compreender
que os seres humanos têm um processo mental consciente e inconsciente.
Mas, o que é projeção? 
Já o termo técnicas projetivas foi utilizado nas pesquisas após o artigo escrito por
Frank (1939), Projective Methods for the Study of Personality, trazendo as técnicas
projetivas como meio para auxiliar os indivíduos a revelarem a forma como se
organizam e as suas experiências (SOLEY, 2010).
As técnicas projetivas apresentam diferenças em relação à sua duração, como
também na introdução do material como recurso à pessoa (DIDIER,1978). Mesmo
que tenham sido elaboradas, inicialmente, com a intenção de auxiliar no diagnóstico
e tratamento de pacientes que passavam por transtornos emocionais, as técnicas
projetivas são meios relevantes para investigar outros tipos de problemas no
indivíduo. Ainda, atualmente, tem-se expandido para outras áreas além da
Psicologia, como: Psicologia Social, Educação, Sociologia, Ciências Políticas,
Antropologia, na área de Marketing, Psicopedagogia entre outras (SELTIZ;
WRIGHTSMAN; COOK, 1976). 
CONCEITUANDO
Projeção se trata de um mecanismo em que o sujeito atribui aos outros
sentimentos e/ou intenções que lhe pertencem, então, “as pessoas
estavam dizendo aquilo que, de outro modo, ela diria a si mesma”
(FREUD, 1895/1969, p. 255). Podemos entender que projeção é um
aspecto da personalidade humana que se deslocam de dentro do
sujeito para o meio externo em que está inserido, que se refere ao
conceito que norteia as técnicas projetivas, iniciado por Sigmund Freud
(SOLEY, 2010). 
Então podemos entender por técnicas projetivas uma grande variedade de tarefas,
jogos e métodos práticos de pesquisa, em que o sujeito respondente é convidado a
participar no decorrer de uma entrevista ou análiseem foco. São organizadas para
otimizar, estender ou ampliar o entendimento do respondente, com isso, as técnicas
projetivas têm como base a ideia de que o ser humano pode “projetar” seus
sentimentos, crenças e angústias, que podem ser inaceitáveis ou vergonhosas, em
uma pessoa ou situação imaginária (VERGARA, 2008). Com isso, o almejado com
essa técnica é levar o sujeito a projetar e eliminar barreiras, facilitando o acesso de
difícil exposição que não conseguiria expor por meio de um questionamento direto
a ele. 
De modo geral, as técnicas projetivas têm por objetivo ajudar a aumentar a validade
das respostas, por meio de coleta de dados não estruturadas disfarçadas, ligadas à
criação de uma circunstância que encoraje os entrevistados a se expor livremente e
emitir respostas sobre dados especí�cos (MALHOTRA, 2006). Outro potencial uso
das técnicas é em análise de crianças, posto que têm algumas limitações em
verbalizar suas opiniões e sentimentos (HOFSTEDE et al., 2007). 
SAIBA MAIS
Os testes psicológicos muitas vezes são utilizados para avaliar
indivíduos em algum ponto crítico ou circunstância signi�cativa da
vida. Ainda assim, aos olhos de muitas pessoas, os testes parecem ser
provocações sobre as quais elas pouco sabem e das quais dependem
decisões importantes.
Fonte: Soley (2010).
REFLITA
Podemos dizer que esse grupo de técnicas auxilia o pesquisador a
acessar o que está na mente dos respondentes? 
Conforme Bond e Ramsey (2010) destacam, existem vários tipos de técnicas
projetivas, pois os estímulos variam e são bastante ambíguos, havendo os não
estruturados e os que são muito estruturados, claros e de�nidos. Cabe ressaltar que
existem técnicas que podem estar enquadradas em uma mesma categoria, mas
terem, em sua essência, resultados diferentes, como técnicas em categorias
distintas que têm consideráveis similaridades, e ainda técnicas parcialmente
enquadradas em mais de uma categoria (HOFSTEDE et al., 2007).
E quando utilizar as técnicas projetivas? Malhotra (2006) sugere as seguintes
diretrizes: 
Figura 1 - Quando utilizar as Técnicas Projetivas
Técnicas projetivas
devem ser usadas em
pesquisas exploratórias, para
proporcionar entendimento e
compreensão iniciais do
problema;
devem ser usadas quando a
informação desejada não
pode ser obtida com precisão
por métodos diretos;
Em vista de sua complexidade,
as técnicas projetivas não
devem ser usadas
ingenuamente.
Fonte: Malhotra (2006, p. 172).
Cabe ressalvar que, mesmo com as vantagens, o uso das técnicas projetivas precisa
de cuidados e possui algumas desvantagens. 
Figura 2 - Técnicas Projetivas, cuidados e desvantagens
Geralmente, exigem entrevistas pessoais com
entrevistadores altamente treinados;
Alto esforço hermenêutico e, consequentemente,
intérpretes qualificados para realizar as análises;
Risco de tendenciosidade na interpretação; e, no caso
de técnicas expressivas, os sujeitos podem acabar
desenvolvendo comportamento não usuais que não
representam de fato a população de interesse.
Fonte: Malhotra (2006, p. 172).
Com isso, é relevante que os resultados de técnicas projetivas sejam analisados e
comparados com resultados de outras técnicas que possam trazer uma amostra
mais representativa (MALHOTRA, 2006).
Por �m, é relevante salientar que, cada vez mais, as técnicas projetivas são
compreendidas como ferramentas que au 
Conceitos das técnicas
projetivas
psicopedagógicas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Quando tratamos das técnicas projetivas psicopedagógicas, estamos destacando
uma das etapas de avaliação psicopedagógica, que é uma ferramenta relevante que
proporciona investigar a relação do ser humano com a aprendizagem, ou seja, como
ocorre a aprendizagem, em que circunstâncias acontecem a construção entre o
ensinar e o aprender, e para isso, tem questões relevantes a serem avaliadas, tais
como as questões neurológicas, biológicas, emocionais, sociais entre outros
aspectos.
Ainda é importante o psicopedagogo veri�car o vínculo do indivíduo em três
grandes domínios, que é o vínculo familiar, como o indivíduo se vê, como ele se
classi�ca neste meio; o vínculo é o escolar, que é preciso veri�car as situações de
aprendizagem e como o indivíduo entende e percebe as situações em sua volta,
relacionada à aprendizagem; e, por �m, o vínculo que o sujeito tem consigo mesmo,
como ele se enxerga, como se vê dentro das realidades que está inserido. 
Essas três grandes áreas são avaliadas pelas técnicas projetivas. 
Essa prova se dá por meio de desenhos com instruções bem elaboradas e sem
nenhuma interferência do psicopedagogo ou de qualquer situação externa à
avaliação. As técnicas projetivas auxiliam o psicopedagogo a explicar as variáveis
emocionais que estão in�uenciando, que pode ser tanto de modo positivo ou
negativo, na aprendizagem do indivíduo em análise.
Outro aspecto relevante é o modo que são aplicadas essas técnicas, que devem ser
de maneira lúdica, levando o indivíduo, por meio de um desenho, a expressar suas
fantasias, desejos, impulsos, afetos, con�itos, ansiedades e defesas que estão
implícitos em seu EU. 
E aqui é preciso ressaltar que o importante é a interpretação que o indivíduo faz de
seu desenho, o que ele percebe, entende dessa realidade. O psicopedagogo precisa
analisar esse momento de interpretação do sujeito de seu desenho, sendo
fundamental no processo de avaliação, pois pode estar nesses detalhes o problema
de aprendizagem.
REFLITA
Podemos entender que as técnicas projetivas tem por objetivo na
psicopedagogia analisar os vínculos que o sujeito estabelece em três
domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo, que facilita a
percepção de três níveis em relação ao grau de consciência dos
aspectos relacionados ao processo de aprendizagem. 
O psicopedagogo precisa ter disponível para a aplicação da prova: folhas de papel
sul�te; lápis preto e borracha, ser aplicada individualmente e observar que, em cada
sessão de aplicação da prova, a solicitação dos vínculos pode mudar conforme o
aspecto da aprendizagem que se quer avaliar. Para Visca (2011), são muitos os
aspectos que precisam ser considerados na aplicação das provas projetivas
psicopedagógicas. 
Figura 3 - Aspectos que devem ser levados em consideração pelo Psicopedagogo
ao aplicar as técnicas projetivas.
A posição do desenho
na folha
A descrição verbal que
a criança faz de seu
desenho.
As pessoas que estão
presentes na produção
da criança
Os detalhes das pessoas
e/ou objetos que
constam no desenho
Fonte: Visca (2011, p. 22).
E ao fazer o tratamento dos detalhes, como no caso da posição que os desenhos
assumem na folha, Visca (2011) destaca que as posições são indicadores de vínculo
de aprendizagem, veja o Quadro 1, a seguir: 
Outros aspectos a serem analisados nos desenhos são: o tamanho total do desenho,
o tamanho dos personagens, se o sujeito está nas cenas, quem está no desenho, o
distanciamento dos personagens, se utiliza a borracha durante o desenho, se coloca
ou não pés e mãos, olhos, orelhas e boca nos personagens, se o desenho está
condizente ao que é solicitado e, por �m, se o sujeito se recusa desenhar ou escrever
o que lhes é solicitado.
Segundo Escott (2001, p. 226): 
Na clínica psicopedagógica, também o desenho, enquanto
representação simbólica e cognitiva, representa importante
instrumento de investigação, pois ele poderá demonstrar a relação da
criança com o conhecimento tanto em termos cognitivos como em
termos afetivos. Porém, é necessário ressaltar que, na clínica
psicopedagógica, as técnicas projetivas realizadas através do desenho
diferem das provas utilizadas pelos psicólogos, já que o foco de análise
está sempre vinculado a situações de aprendizagem. 
É oportuno destacar que o psicopedagogo, ao utilizar as técnicas projetivas, deve
seguir alguns critérios, como: ao analisar um desenho, é precisa estar atento no
título do desenho, e o vínculo que se estabelece com a aprendizagem do sujeito em
questão, como também ao relato. Para Visca (2011), o relato é uma projeção que
denota o vínculode aprendizagem do conteúdo pela correspondência com o
desenho, como também é possível veri�car no relato os mecanismos de dissociação,
negação e repressão que o sujeito pode esclarecer ali.
Quadro 1 - Posição dos desenhos
Superior Esquerda Superior Superior Direita
Exigente Regressivo Exigente Exigente Progressivo
Esquerda Central Direita
Regressivo Equilibrado Progressivo
Inferior Esquerda Inferior Inferior Direita
Impulsivo Regressivo Impulsivo Impulsivo Progressivo
Fonte: Visca (2011, p. 23).
Para tanto, é preciso destacar o que é o processo de aprendizagem. Consiste na
produção e estabilização de ações que o psicopedagogo precisa notar como o
indivíduo se constrói nos vários espaços em que convive, como também, o vínculo
que ele estabelece com as outras pessoas que lhes são espelho em sua
aprendizagem. Aqui podemos destacar o ambiente como um meio relevante de
desenvolvimento de aprendizagem, e pode ser tanto no meio escolar, como familiar
ou na comunidade social e com o próprio indivíduo.
Com isso, sempre que ocorre uma queixa de di�culdades de aprendizagem, ou
outro sintoma que esteja relacionado ao ato de aprender as técnicas projetivas são
recursos utilizados no diagnóstico em uma análise clínica do psicopedagogo. Sendo
assim, deve ser analisado de acordo com cada caso, e após a escolha da técnica
projetiva, é preciso passar de modo claro como vai ocorrer a atividade, e isso deve ser
feito, antes da aplicação da técnica, seja para a criança ou a pessoa a quem vai ser
aplicado, e após �nalizar o indivíduo deve relatar o que fez para o psicopedagogo.
Podemos notar que as técnicas projetivas, em sua essência, separam e investigam a
relação do indivíduo com a aprendizagem no ambiente familiar, escolar, social ou
consigo mesmo, e para isso é preciso aplicar a seleção das técnicas projetivas por
vínculos “par educativo”: 
Figura 4 - Seleção das técnicas projetivas por vínculos
Vínculo escolar: par educativo;
Planta da sala de aula; eu com
meus colegas. Vínculo consigo
mesmo: o desenho em episódios;
o dia do meu aniversário;
Vínculo familiar: a planta da
minha casa; família educativa;
as quatro partes de um dia
Vínculo consigo mesmo: o
desenho em episódios;
 o dia do meu aniversário;
nas minhas férias; fazendo
o quemais gosto...
Fonte: Visca (2011, p. 23).
O teste do par educativo, que pode ser feito um mapa da sala de aula e analisar
como o indivíduo se relaciona com os colegas para compreender o vínculo que
possui com a aprendizagem, com o docente, com os objetos e com que se aprende
no meio educacional. O par educativo é uma técnica projetiva, que tem por objetivo
“detectar a relação vincular latente entre o que ensina e aquele que aprende”
(OLIVERO; PALACIOS, 1985, p. 21), já O Teste da Família tem por objetivo avaliar como
se dá o relacionamento da família como um todo e também em suas diferentes
partes, analisar os momentos do dia a dia em família, o plano da casa e observar
como se dá o vínculo familiar, seja físico e humano, como também veri�car como
são comemoradas datas importantes, como o aniversário, as férias em família, para
veri�car a relação do indivíduo consigo e com o meio social.
Segundo Escott, (2001, p. 227): 
Assim como nos outros aspectos do diagnóstico, também na análise do
desenho infantil é necessário que o professor tenha conhecimento das
teorias do desenvolvimento da criança e das características de cada
período. Di Leo (1991) realiza um paralelo entre os estágios de
desenvolvimento cognitivo descritos por Piaget e as fases de
representação do desenho da criança. Para ele, o estágio sensório-
motor corresponde, inicialmente, às respostas re�exivas da criança,
levando o lápis à boca e, posteriormente, passando, à garatuja e,
gradualmente, aos círculos. Já o estágio de pensamento pré-operatório
é identi�cado pelo autor como o período do realismo intelectual, em
que é visto, caracterizando pela transparência. No estágio das
operações concretas, o desenho da criança apresenta um realismo
visual, pois a subjetividade diminui e a criança desenha o que é
realmente visível, com cores mais convencionais e �guras humanas
mais realistas. Por �m, no estágio das operações formais, observa-se
que, com o desenvolvimento da crítica, muitos perdem o interesse por
desenhar, sendo que os mais talentosos tendem a preservar. 
O psicopedagogo pode fazer a seleção da técnica projetiva por idade, como: 4 anos
de idade: aplicar o desenho em episódio; entre 6 e 7 anos de idade: aplicar o par
educativo – e os quatro momentos do dia a dia da família educativa, o dia do meu
aniversário, minhas férias e fazendo o que mais gosta; por volta do 7 e 8 anos de
idade: aplicar as técnicas projetivas anteriores e mais o EU com meus companheiros;
aos 8 e 9 anos de idade: as técnicas anteriores e mais a planta da sala de aula e a
planta da minha casa.
Veja o Quadro 2 que representa, de modo bastante claro, em relação às técnicas
projetivas na psicopedagogia: 
Quadro 2 - Técnicas Projetivas na Psicopedagogia
DOMÍNIO PROVA INVESTIGAÇÃO IDADE
  Par educativo Vínculo com a aprendizagem.
6-7
anos
de
idade
ESCOLAR Eu e meuscompanheiros
Vínculo com os componentes da
classe.
7-8
anos
de
idade
  Planta da salade aula
A representação do campo
geográ�co da sala de aula e a
desejada.
8-9
anos
de
idade
       
  Planta dacasa
A planta da casa onde habita, sua
representação real e desejada.
8-9
anos
de
idade
FAMILIAR
Os quatro
momentos do
dia
Os vínculos ao longo do dia. 
6-7
anos
de
idade
  Famíliaeducativa
O vínculo da aprendizagem com
o grupo familiar e cada um dos
integrantes da mesma.
6-7
anos
de
idade
       
  O desenhoem episódios
A delimitação de permanência da
identidade psíquica em função
dos afetos.
4 anos
de
idade
CONSIGO
MESMO
O dia do meu
aniversário
A representação que se tem de si
e do contexto físico sócio
6-7
anos
dinâmico em um momento de
transição de uma idade para a
outra.
de
idade
  Desenho deminhas férias
As atividades escolhidas durante
o período de férias escolares.
6-7
anos
de
idade
 
Fazendo o
que mais
gosto
O tipo de atividade que mais
gosta.
6-7
anos
de
idade
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Aplicação das técnicas projetivas:
Vínculo escolar: Eu com meus companheiros
Idade: sete a oito anos de idade
Objetivo: Investigar os vínculos com os companheiros de sala de aula.
Procedimento:
Consigna: Gostaria que você se desenhasse junto a seus colegas de sala
de aula.
Após o desenho, faça alguns questionamentos pertinentes,
relacionados ao desenho.
Analise o tamanho do desenho, de seus personagens, a posição e a
inclusão dos personagens principais.
Os comentários que o sujeito faz em relação aos colegas da sala de aula.
Título. 
  Com isso, pode se compreender que a utilização, de uma técnica projetiva o
psicopedagogo terá acesso a conteúdos não somente conscientes, como forma de
representação das situações e ambientes de aprendizagem na escola, mas de várias
informações emocionais, de introspecção que são importantes para a sequência da
análise e intervenções, que vamos veri�car no decorrer deste estudo. 
Caro(a) aluno(a), como vimos anteriormente, as técnicas projetivas psicopedagógicas têm
por objetivo investigar os vínculos que o ser humano possui por meio de três domínios: o
escolar, o familiar e consigo mesmo. Para Visca (2009), é nesses domínios que o indivíduo
detém as diferenças individuais, e é possível compreender três níveis em relação a
Provas projetivas no
diagnóstico psicopedagógico
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
consciência e os distintos aspectos que constituem o vínculo da aprendizagem. Para tanto
a  técnica  projetiva,  segundo  Visca  (2011),  “permite  investigar  essa  dimensão,  no  que se 
refere   ao  vínculo  ou  vínculos  que  um  sujeito  estabelece  com  a   aprendizagem 
propriamente dita,  assim  como  também  com  as  circunstâncias  dentre  as  quais  se 
opera  essa  construção”.
Então podemos dizer que uma pessoa pode estabelecer vínculos em três grandes domínios,que podem ser o meio escolar, familiar e consigo mesmo, e em cada um desses é
estabelecido três níveis, inconsciente,  pré-consciente  e  consciente. Estes são notados
quando o indivíduo, ao se relacionar com um conjunto de conteúdos e não reconhece
mesmo que se faça diversas tentativas para emergir para o campo pré-consciente ou
consciente, podemos notar que o nível será inconsciente.
No nível pré-consciente, os conteúdos e mecanismos se alojam no campo da consciência e
o sujeito pode acessar sempre que precisar desse conhecimento. Quando a pessoa
consegue externalizar os conteúdos e mecanismos, as percepções internas e externas são
manifestadas por meio de desenhos, palavras ou outra forma, o nível será consciente (VISCA,
2011).
E, para isso, o psicopedagogo pode utilizar os testes projetivos que são compostos por dez
modelos diferentes, para conseguir aferir em que nível o sujeito se encontra:  
Figura 5 - Os dez testes projetivos
10
Fazendo o
que mais
gosto.
1
Par
educativo 2
Planta da
sala de
aula
3
Eu com
meus
amigos
4
A planta da
minha casa
5
Família
educativa6
As quatro
partes de
um dia
7
O desenho
em
episódios
8
O dia do
meu
aniversário
9
Em minhas
férias
Fonte: a autora.
É preciso destacar que o psicopedagogo, ao fazer a interpretação e aplicação das técnicas
projetivas, precisa seguir alguns critérios, tais como: interpretar cada uma das provas
projetivas, que devem ocorrer em função do sujeito em particular e em função das vezes
que trouxe determinadas informações; não precisa aplicar todas as técnicas projetivas, é
prudente usar somente aquelas que são relevantes em função das hipóteses que se têm
formuladas, que podem ser: a aplicação de uma prova apenas; ou a prova de alguns
domínios podem ser escolhidas e aplicadas; ou que se aplique todas as provas de um único
domínio; que se apliquem todas as provas, e analise se alguns indicadores de uma técnica
se superpõem com os de outra; e ainda, veri�car os critérios utilizados na interpretação de
cada prova, devem auxiliar e somar-se aos critérios gerais na interpretação das provas
projetivas.
Os indicadores e signi�cados encontrados em uma análise feita com as técnicas projetivas,
podem ser refutados por outros pro�ssionais, ao aplicar outros meios e/ou a pessoa já ter
passado por outras mudanças. Com isso, os resultados não são fechados ou sem lugar para
dúvidas, as descobertas podem ocorrer de maneiras diversas e e�cazes em prol do processo
de aprendizagem.
Mas, para facilitar a compreensão, é destacado, neste momento, por meio dos quadros a
seguir, as provas com os indicadores de análise que são utilizados como materiais e
procedimentos em uma análise psicopedagógica por meio das técnicas projetivas. 
Quadro 3 - Domínio Escolar
DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS
INDICADORES
MAIS
SIGNIFICATIVOS
ESCOLAR
Par
educativo
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha
Ordem 
Indicar nome e
idade 
Dar título ao
desenho 
Relatar o que
acontece
Detalhe 
Desenho 
Nomes e idades 
Título dos
desenhos 
Relatos
Eu com
meus
colegas
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha
Ordem 
Indicar nome e
idade 
Comentários sobre
os colegas
Detalhes do
desenho 
Comentários
sobre os colegas
A planta
da sala
de aula
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha 
Régua (se
for
solicitada)
Ordem: a) planta da
sala de aula; b)
indicar lugar que
ocupa 
Perguntas regulares
e complementares
Detalhes do
desenho 
Possíveis
localizações na
sala de aula 
Comentários
sobre a sala de
aula 
Escolha do lugar
Aceitação do
lugar 
Colegas ao redor
Fonte: Visca (2011, p. 211).
Quadro 4 - Domínio Familiar
DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS
INDICADORES
MAIS
SIGNIFICATIVOS
FAMILIAR
A planta
da minha
casa
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha 
Régua
Ordem: a) planta
da casa; b) indicar
o nome de cada
ambiente; c)
quem ocupa cada
peça; 
Perguntas
regulares e
complementares.
Detalhes do
desenho 
Localização do
próprio quarto 
Comentários
sobre o
dormitório 
Lugar de estudo
e reunião familiar
Os quatro
momentos
de um dia
Folha de
sul�te 
Lápis preto
O entrevistado
dobra uma folha
em quatro partes
iguais, solicita que
o entrevistado
faça o mesmo
com outra. 
Solicita que
desenhe quatro
momentos do seu
dia, desde que
acorda até a hora
de dormir. 
Relato das cenas.
Adequação à
ordem  
Momentos
escolhidos 
Atividade
realizada 
Pessoas  
Campo
geográ�co 
Objetos 
Sequência do
desenho
(temporal,
espacial, do
relato).
Família
educativa
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha
Solicita-se ao
entrevistado que
desenhe sua
família, cada
fazendo o que
sabe fazer.
Indicar nomes e
idades. 
Perguntas
regulares e
complementares.
Atividades de
cada
personagem. 
Objetos
utilizados. 
Idade e sexo. 
Relação de
parentesco. 
Relato do
processo.
Fonte: Visca (2011, p. 212-213).
Quadro 5 - Domínio Consigo Mesmo
DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS
INDICADORES
MAIS
SIGNIFICATIVOS
CONSIGO
MESMO
O
desenho
em
episódios
Folha de
sul�te  
Lápis preto
Dobra-se a folha
em seis partes. 
Ordem: desenhar
o dia de descanso
de um(a)
menino(a).
Representação de
tempo e espaço. 
Tema. 
Elementos
relacionais e
sociais. 
Movimentos
identi�catórios
O dia do
meu
aniversário
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha
Solicita-se que
faça um desenho
do dia do seu
aniversário. 
Perguntas
regulares e
complementares.
Detalhes do
desenho. 
Espaço
geográ�co. 
Conteúdo do
relato.
Em
minhas
férias
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha
Solicita-se que
faça uma
“fotogra�a do que
fez nas férias”. 
Solicita-se um
relato da cena e
das férias. 
Perguntas
regulares e
complementares.
Adequação a
ordem, atividade
representada,
marco geográ�co
escolhido. 
Argumento,
coerência interna
do relato e o
desenho.
Fazendo o
que mais
gosto
Folha de
sul�te 
Lápis preto
Borracha
Solicita-se que se
desenhe fazendo
o que mais gosta. 
Perguntas
regulares e
complementares.
Indecisão na
escolha do tema. 
Ato de apagar
com mudança de
tema. 
Ato de apagar
objeto sem
mudar o tema. 
Coerência do
relato e desenho. 
Contexto espacial
e temporal em
que ocorre à
cena.
A partir das instruções descritas por Visca (2011), veja a Figura 6, que selecionei como
modelo para ilustrar os argumentos teóricos trabalhados: “a planta da sala de aula”: 
Figura 6 - Apresentando a sala de aula
Fonte: Tietze e Castanho (2016).
O aluno de nove anos e seis meses de idade apresentou o desenho de como enxerga a sua
sala de aula, o título �ctício que vamos dar a esta cena é: “O professor e a lousa”. O critério de
avaliação do desenho deve seguir alguns sistematizadores na composição de indicadores
de con�itos ligados à aprendizagem. 
Fonte: Visca (2011, p. 213-2150.
Quadro 6 - Alguns indicadores e seus respectivos signi�cados
Alguns indicadores e seus respectivos signi�cados
 
1.    Posição
Frente a frente Vínculo de aprendizagem bom.
Lado a lado Vínculo de aprendizagem regular.
Ambos de
costas Vínculo de aprendizagem ruim.
O docente de
costa para o
aluno
O aluno se sente rejeitado pelo docente.
O aluno de
costa para o
docente
O aluno rejeita o docente.
2. Tamanho
Pequeno Não é um vínculo importante.
Médio É um vínculo relativamente importante
Grande É dada uma importância signi�cativamente destacada, quepode ser positiva ou negativa.
3. Tamanho relativo de personagem
Sem
discriminação
de tamanho
Vínculo confuso com quem ensina.
Com
discriminação
de tamanhos
Vínculo claro ou relativamente claro com quem ensina.
Com docente
grande e aluno
pequeno
Vínculo de quem supervaloriza quem ensina.
Com aluno Vínculo no qual subestima quem ensina.
E aqui podemos destacar que, no decorrer do processo de aplicação das provas projetivas
psicopedagógicas, o psicopedagogo deve escolher analisar aquelas que melhor atendam os
objetivos no diagnóstico, para isso se faz necessário considerar as queixas que se têm do
indivíduo com relação ao seu processo de aprendizagem.
A maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar o material ou situação re�ete os
aspectos fundamentais do seu psiquismo. É possível,desse modo, buscar relações com a
apreensão do conhecimento como procurar, evitar, distorcer, omitir, esquecer algo que lhe é
apresentado. Podendo se detectar, assim, obstáculos afetivos existentes nesse processo de
aprendizagem de nível geral e especi�camente escolar. (WEISS, 2003, p. 117).
Outro ponto relevante é que cada desenho realizado pelo indivíduo não pode ser analisado
isoladamente, mas, sim, contextualizado, com o objetivo de identi�car possíveis problemas
que podem ser obstáculos à aprendizagem.
grande e
docente
pequeno
4. Características corporais
Só cabeça Supervalorização do intelecto.
O corpo
docente
inacabado
Pode signi�car uma agressão oculta de quem ensina.
A simpli�cação
dos
personagens
Costuma implicar, quando o entrevistado não tem di�culdades
para desenhar, uma desvalorização do vínculo de aprendizagem
com o docente.
5. Perspectiva
Desenho com
perspectiva Vínculo positivo e maduro.
6. Âmbito
Âmbito escolar O entrevistado se centrou no aprendizado sistemático podendoeste ser positivo ou negativo.
Âmbito
extraescolar
O entrevistado estabelece um vínculo melhor com a
aprendizagem assistemática.
Fonte: a autora.
O que podemos avaliar por meio do desenho ou do relato é a capacidade do pensamento
para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. O pensamento
fala por meio do desenho onde se diz mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade
de saber como o sujeito ignora” (PAÍN, 1992, p. 61).
E, para analisar “Eu com meus colegas”, é importante que o psicopedagogo analise o
vínculo afetivo com os demais membros do grupo, como ele se relaciona com os outros,
tomando como indicadores signi�cativos para análise do desenho:  detalhes, tamanho total
e dos personagens, posição dos personagens, inclusão do docente, e personagens externos
ao grupo, observar os comentários feitos em relação aos personagens se são personalizados
ou gerais. São informações relevantes a serem analisadas nos indicadores e nos
comentários.
Partindo disso, é possível colher informações no desenho e ainda atentar-se aos
comentários que o indivíduo faz dos seus desenhos, sobre os participantes, tamanho que foi
desenhado, são grandes informações de uma boa relação, ou um desejo de aproximação e
ou rejeição.
Análise do desenho “A planta da sala de aula”: como em todas as provas projetivas é preciso
respeitar critérios para interpretação, e ainda veri�car o nível cognitivo, o desenvolvimento
motor e os aspectos emocionais do indivíduo. E após veri�car os aspectos do desenho e
interpretá-los, veja algumas observações relevantes que devem ser feitas: 
Detalhes do
desenho
Tamanho da sala: se é pequena pode indicar inibição, se for
desmedido pode indicar descontrole ou falta de limites. Os
elementos que compõem a sala indicam vínculos positivos e os
que não se encontram na sala é que não estabeleceram vínculos; o
tamanho desses elementos traz uma indicação de maior e menor
valor atribuído pelo indivíduo e/ou barreira que o divide a sala de
aula.
Possíveis
localizações
na sala de
aula 
Analisar quem escolheu o local que este ocupa na sala de aula; e
analisar levando em consideração o tamanho das �guras em seu
desenho.
Comentários
sobre a sala
de aula
Por meio dos comentários é possível ter maior clareza do que está
passando com a pessoa no ambiente escolar.
A escolha do
lugar em
sala de aula
Veri�car se há alguma rejeição com o local que ocupa na sala de
aula.
Aceitação do
lugar
Como o indivíduo se nota neste espaço e se aceita o lugar que está
alocado na sala de aula.
Com os
colegas
Analisar como é a relação entre os colegas e se há ambos os sexos
e se a escolha foi aceita ou teve alguma rejeição no grupo.
E “A planta da minha casa” inicia-se propondo que o participante desenhe a planta da sua
casa, e propõe-se que destaque os nomes de cada cômodo. Deve-se perguntar ao
entrevistado se ele gostaria mais de usar outro quarto ou dividi-lo com outra pessoa, e por
quê. Por último faz-se perguntas complementares e convenientes. Os indicadores
signi�cativos são observar quais os detalhes do desenho, como: o tamanho da planta,
mobílias dos espaços, inclusão de objetos decorativos, pessoas, aberturas e espaços
fechados e abertos; se o quarto �ca próximo ou distante dos pais. Analise os comentários
feitos sobre o quarto, como: aceitação, rejeição, indiferença e objetividade entre outras
observações que julgar necessária no momento da análise.
Análise “Os quatro momentos de um dia”: nesta parte da aplicação do teste, deve utilizar a
técnica adaptada de desenho em episódio, em que os objetivos da técnica é veri�car como
se dão os vínculos ao longo do dia. Para isso, o aplicador pode pegar uma folha de papel
sul�te e lápis gra�te, com a folha dividi-la em quatro partes iguais e entregar para a pessoa
fazer um desenho em cada quadro em relação aos momentos de seu dia, em seguida
solicite que mencione os acontecimentos; mediante às respostas do entrevistado, pode-se
fazer perguntas com o intuito de obter mais informações.
Os indicadores dessa técnica são as três diferentes sequências: espaciais, temporais, de
relatos. Para isso, pode-se analisar se há concordância do tempo e espaço com relação aos
relatos do indivíduo analisado, para que possa compreender os aspectos de mobilidade
mental, permanência de critério, criatividade, aprendizagem e preferências.
Em relação à técnica “Família educativa”, é relevante compreender que a família é a
instância que constitui o meio em que se constroem as aprendizagens essenciais, e os
vínculos de aprendizagem vão exercer uma expressiva in�uência no estilo de construir os
conhecimentos e auxiliar na agilidade de compreensão dos. Os indicadores mais
signi�cativos estão no desenho na forma como apresenta cada personagem e objetos com
os quais realiza a atividade.
Vínculos consigo mesmo: para aplicar essa técnica é preciso de uma folha de papel sul�te e
de um lápis preto. O procedimento consta da seguinte maneira: dividir a folha de papel
sul�te em seis partes iguais, solicitar que o indivíduo desenhe uma história que retrata um
dia de descanso, para isso vai seguir os passos desde a hora que acordou pela manhã até a
hora de seu retorno. O psicopedagogo não deve interferir nesse momento e, ao ter
�nalizando, é que poderá analisar o desenho, levando em consideração todos os distintos
eixos de interpretação já mencionados neste.
“O dia do meu aniversário” tem por objetivo compreender no sujeito a representação de si
mesmo em seu contexto físico e sócio dinâmico, quando esse passa por um momento de
transição de idade. Para isso, é preciso dos seguintes materiais: folhas sul�te, lápis preto e
borracha. E no procedimento é solicitado que o entrevistado desenhe o dia do seu
aniversário de um menino, analisar o que desenha e questionar se caso esteja desenhando
outra pessoa que não o caracteriza, como no caso do sexo diferente do seu, e é relevante
levar em consideração o meio social e cultural que o sujeito está inserido e ainda o lugar que
ocupa na família.
Em minhas férias, por meio dessa técnica, o psicopedagogo pode perceber indicadores
signi�cantes, tais como: o relato, relacionando com o desenho, que pode trazer o que
gostaria de ter realizado no decorrer das férias. Assim, as informações em outras técnicas
podem permitir um complemento de forma contundente o processo avaliativo.
“Fazendo o que mais gosto”: para realizar esta técnica é preciso de alguns materiais
especí�cos, como:  folha do tamanho sul�te, lápis preto e borracha. No decorrer, o
psicopedagogo pode solicitar que o indivíduo desenhe a si próprio realizando o que mais
gosta. Após a aplicação da técnica, podem ser feitas algumas perguntas complementares,
tais como: o que está ocorrendo no desenho, onde está acontecendo e quando acontece a
cena desenhada; para melhor compreender o tipo de atividade que o sujeito investigado
mais gosta de realizar. Na análise da produção é relevante considerar os indicadores mais
signi�cativos, que podem ser: se no decorrer da produçãodo desenho o indivíduo teve
muitas dúvidas na escolha do tema, o ato de apagar com mudança de tema, ato de apagar
objetos sem mudar o tema, quando foi explicar o que havia desenhado percebe incoerência
do relato ou coerência entre relato e desenho em relação ao contexto espacial e temporal
em que ocorre a cena.
Para tanto Visca (2011) traz ainda uma nova linha teórica, com o objetivo de ver a projeção de
outro ponto de vista, por meio da Epistemologia Convergente, que tem como base os
conceitos da Psicanálise (Freud), Psicologia Genética (Jean Piaget) e Psicologia Social
(Pichon-Rivière), que é o que vamos compreender no próximo tópico. 
Epistemologia Convergente
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
A epistemologia convergente é uma linha teórica criada por Jorge Visca, argentino,
psicólogo por formação. A linha teórica da epistemologia convergente propõe uma
ação clínica utilizando-se da integração de três linhas: a Psicologia Genética, de
Piaget; a Psicanálise, de Freud, e a Psicologia Social, de Rivière. Para Visca (2010, p.
116) a teoria da epistemologia convergente “é o esquema conceitual con�gurado em
virtude da assimilação recíproca das contribuições das escolas psicanalista,
psicogenética de Genebra e da psicologia Social”.
É a partir dessa concepção que Visca (2010) organiza a epistemologia convergente,
relacionando os aspectos cognitivo, afetivo e social no processo de aprendizagem do
indivíduo, e é nesse sentido que vamos notar elementos da Psicanálise, da
Epistemologia Genética e da Psicologia Social.
O processo de ensino e aprendizagem é visto como um processo global por ser
analisado pela dimensão cognitiva – das estruturas que levam ao conhecimento;
como também, pela dimensão afetiva – das emoções, motivação e inclinações para
a ação do aprender; e ainda pela dimensão social – que é relacionada às
particularidades do meio social e cultural de cada pessoa.
Podemos compreender com isso, caro(a) aluno(a), que a Epistemologia Convergente
se destaca, justamente, por essa visão integradora do conhecimento, e a valiosa
contribuição de Visca (2010) no processo de avaliação e intervenção no contexto
psicopedagógico.
Visca (1987) objetiva, com essa epistemologia, por meio da avaliação diagnóstica,
auxiliar tanto em sanar o problema de aprendizagem como preventivo no sentido
de fazer com que o indivíduo possa superar os obstáculos que estejam impedindo
de aprender, como também prevenir os possíveis obstáculos no processo
educacional, contribuindo com isso, não apenas no contexto psicopedagógico
clínico, mas também para o âmbito institucional.
E aqui podemos evidenciar que, no diagnóstico psicopedagógico, a Psicopedagogia
procura destacar os instrumentos que seriam apropriados e que, de maneira efetiva,
servem de base para uma avaliação. Dentre os instrumentos disponíveis para o
diagnóstico psicopedagógico, destacam-se: 
Figura 7 - Instrumentos para o diagnóstico psicopedagógico
E.O.C.A
Entrevista Operativa
Centrada na
Aprendizagem
Provas operatórias
TDE
Teste de Desempenho
Escolar
Sessão Lúdica Anamnese Provas Projetivas
Psicopedagógicas.
Fonte: a autora.
No âmbito de nossos estudos vamos compreender cada um desses instrumentos,
uma vez que eles servem de base para a atuação pro�ssional do psicopedagogo e é
essencial que compreenda quais os vínculos que os indivíduos possuem com a
aprendizagem formal.
Então, podemos compreender que nos estudos da epistemologia convergente o ser
humano aprende sem ser impelido, do nascimento até sua morte. E tem por
fundamento a assimilação recíproca das teorias piagetiana, psicoanalítica e da
psicologia social. E, com isso, o conhecimento ocorre por meio das variáveis afetivas,
cognitivas e sociais que acontecem juntas. 
Prezado(a) aluno(a),
Neste material, espero que você tenha conseguido compreender a importância das
técnicas projetivas e a epistemologia convergente de Visca. Pois são recursos
essenciais na atuação do psicopedagogo.
Em se tratando das técnicas projetivas é preciso que compreenda que essa trabalha
embasada em três níveis, o vínculo escolar, familiar e consigo mesmo, então são
nesses campos que o psicopedagogo, ao utilizar uma técnica projetiva, vai avaliar o
sujeito.
As técnicas projetivas auxiliam bastante o psicopedagogo, principalmente em se
tratando de crianças que ainda possuem limitações com a verbalização em relação ao
que ela sente. Com isso, o psicopedagogo consegue avaliar no sujeito o que ele
expressa, de fato, por meio de desenho de modo consciente e a nível inconsciente,
com isso, por meio das técnicas projetivas é possível analisar qual vínculo o sujeito
possui no meio escolar, familiar e consigo mesmo.
Outro aspecto que estudamos foi em relação à epistemologia convergente de Visca,
que teve como pressupostos teóricos a epistemologia genética de Piaget, a
psicanálise de Freud e a psicologia Social de Riviére. É um método clínico com o qual
se tenta conduzir a aprendizagem.
Portanto é relevante que o psicopedagogo se mantenha em constante re�exão sobre
sua prática, pois diante do que estudamos aqui, �ca claro que a psicopedagogia é um
campo que vem em constante crescimento e é interdisciplinar desde sua formação a
até a sua prática, �ca claro também a importância de o pro�ssional não parar seus
estudos após um curso, é preciso manter-se atualizado para compreender os
obstáculos que interferem nos processos de aprendizagem.  
Leitura complementar
Conclusão - Unidade 1
Práxis psicopedagógica – �liação teórica
 SILVA, Maria Luiza Quaresma Soares – CENEP-HC-UFPR
O papel da psicopedagogia, frente a uma queixa de di�culdade na aprendizagem,
seja ela de caráter primário ou associada a distúrbios psico-neurológicos, é investigar
como aquele sujeito, particular e único, interage com os objetos e realiza essa
acomodação. Para tanto, faz uso de procedimentos para colher e analisar informações
em busca de parâmetros para a compreensão do fenômeno.
A matriz diagnóstica utilizada na elaboração dos procedimentos aqui descritos
fundamentou-se na Epistemologia Convergente de Jorge Visca e em estudos sobre a
aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática.
A Epistemologia Convergente é uma teoria que agrega contribuições de três áreas do
conhecimento: Psicologia Genética, Psicanálise e Psicologia Social (VISCA, 1994, p. 9 e
16). Nessa abordagem, o sujeito é visto como uma totalidade psicossomática, na qual,
primeiramente existe um corpo (substrato biológico) inserido no mundo, que em
interação com um objeto (ser maternante), desabrocha para uma consciência
psíquica de si mesmo (eu psicológico - mente). Visca (1994, p.68) denomina esse
pensar como um esquema referencial, e o vincula às teorias construtivista,
estruturalista e interacionista. Construtivista, segundo o autor, porque tanto sujeito
quanto conhecimento vão sendo construídos por etapas, a partir de sucessivas
sínteses entre o que já se sabe e novas aquisições. Estruturalista, porque a construção
que está surgindo é uma estrutura total, envolvendo a dimensão cognitiva e afetiva
de forma interagente, frente aos desequilíbrios. E é interacionista, porque para se
construir uma estrutura é necessário haver interação com o outro e com o meio. A
aprendizagem ocorre na relação sujeito objeto, possuindo um aspecto cognitivo e um
afetivo.
Psicologia Genética é o nome dado à teoria nascida da investigação que Piaget
empreendeu sobre a gênese da lógica no ser humano. Inicialmente era uma
formulação epistemológica, mas buscando responder a sua questão de estudo, e não
dispondo do homem pré-histórico para o intento, elegeu a criança como seu sujeito
de pesquisa.
Durante anos analisou e descreveu as primeiras aquisições lógicas na criança o que
resultou na elaboração de uma teoria do desenvolvimento e uma concepção de
aprendizagem (MORO, 2002, p.118). O próprio Piaget (1979, Apud COLL e MARTÍ, 2004,
p. 45) de�nia sua epistemologia genética como a disciplina que estuda os
mecanismos e os processos mediante os quais se passa “dos estados de menor
conhecimento aosestados de conhecimento mais avançados”. Identi�cou na criança,
três grandes estágios ou períodos evolutivos no desenvolvimento cognitivo: um
estágio sensório motor, indo do nascimento até os 18-24 meses aproximadamente e
culminando com a construção da primeira estrutura intelectual, o grupo dos
deslocamentos; um estágio de inteligência representativa ou conceitual, dos 2 aos 10-
112 anos aproximadamente, que culmina com a construção das estruturas operatórias
Leitura complementar
concretas; e �nalmente, um estágio de operações formais, no qual se dá a construção
das estruturas intelectuais próprias do raciocínio hipotético-dedutivo aos 15 ou 16
anos (COLL; MARTÍ, 2004, p.46).
Nos anos 70, Barbel Inhelder, uma das colaboradoras de Piaget, organizou os
procedimentos metodológicos utilizados por eles nas pesquisas clínicas e divulgou
parte desse material com o título de provas piagetianas. A característica deste
protocolo é seu caráter qualitativo distinto da psicometria que fornece dados
quantitativos. Mais tarde, esse material passou a compor protocolos de avaliação
psicopedagógica com o objetivo especí�co de identi�car o estágio do
desenvolvimento cognitivo alcançado pelos sujeitos. (DOMAHIDYDAMI; BANKS-LEITE,
1992, p.118).
As outras duas contribuições teóricas que compõem a Epistemologia Convergente
são as advindas da Psicanálise, área que descreve o psiquismo humano e suas
motivações inconscientes; e da Psicologia Social de Pichon-Rivière que analisa a
in�uência de fatores sócio-culturais na conduta dos sujeitos (VISCA, 1994, p.15).
Uma avaliação psicopedagógica, segundo o modelo da epistemologia convergente,
fará uso de recursos diagnósticos provenientes dessas três áreas. O sujeito realizará
atividades que forneçam subsídios a uma compreensão de seu desenvolvimento no
que tange à cognição e vínculos afetivos estabelecidos com objetos e situações de
aprendizagem. Visca (1994, p.68) considera três tipos de obstáculos à aprendizagem:
epistêmico, epistemofílico e funcional. A interrupção ou lenti�cação no
desenvolvimento cognitivo do sujeito, caracteriza o obstáculo epistêmico, e
determina o nível de operatividade daquela pessoa. No obstáculo epistemológico,
existe um vínculo inadequado com objetos e situações de aprendizagem,
desencadeando um estado afetivo alterado que, segundo a teoria, pode se manifestar
como uma ansiedade confusional, esquizo-paranóide e depressiva; agindo de forma
predominante, alternada ou coexistente. Já o conceito de obstáculo funcional possui
duas variantes: quando ainda não houve uma re�exão sobre um determinado
problema ou setor da realidade por parte da teoria psicoanalítica ou piagetiana; ou
mesmo se já o �zeram, não apresentaram instrumento especí�co de avaliação para o
dito setor ou aspecto do real. Nesse caso, Visca (1991, p. 30; 1994, p.68) diz recorrer a
instrumentos de �liação sensual-empirista, da psicometria tradicional; oposto aos
princípios construtivista, estruturalista e interacionista adotados em sua teoria, mas
que lhe fornecem como resultado, os obstáculos funcionais; e nesse contexto, tal
resultado é considerado como uma hipótese diagnóstica auxiliar. A outra maneira de
conceber um obstáculo funcional corresponderia às diferenças funcionais peculiares
da cognição, frente a certas patologias e identi�cadas quando da aplicação do
método clínico piagetiano. (VISCA, 1994, p.68-69; AJURIAGUERRA, 1992, p. 124). 
CONECTE-SE
Práxis psicopedagógica – �liação teórica
 SILVA, Maria Luiza Quaresma Soares – CENEP-HC-UFPR
  O papel da psicopedagogia, frente a uma queixa de di�culdade na
aprendizagem, seja ela de caráter primário ou associada a distúrbios
psico-neurológicos, é investigar como aquele sujeito, particular e único,
interage com os objetos e realiza essa acomodação. Para tanto, faz uso
de procedimentos para colher e analisar informações em busca de
parâmetros para a compreensão do fenômeno. 
 A matriz diagnóstica utilizada na elaboração dos procedimentos aqui
descritos fundamentou-se na Epistemologia Convergente de Jorge Visca
e em estudos sobre a aprendizagem da leitura, da escrita e da
matemática.
https://go.eadstock.com.br/ot
Livro
Filme
Título. Primeiro Aluno Da Classe.
• Ano. 2008.
• Sinopse. Drama familiar inspirado na vida de Brad Cohen, um 
homem diagnosticado desde criança com Síndrome de 
Tourette, desordem neurológica caracterizada por tiques, 
reações rápidas, movimentos repentinos (espasmos) ou 
vocalizações que ocorrem repetidamente com considerável 
frequência. Esses tiques motores e vocais mudam 
constantemente de intensidade e não existem duas pessoas no 
mundo que apresentem os mesmos sintomas. Tele�lme 
produzido pelo Canal Hallmark que mostra de modo �el as 
di�culdades enfrentadas pelo sujeito em lidar com sua 
condição e alcançar seus sonhos. Uma grande história que fala 
de superação e do quanto as pessoas agem pela primeira 
impressão, movidas por preconceitos.
https://go.eadstock.com.br/m3
Web
No vídeo intitulado Avaliação Psicopedagógica, a 
psicopedagoga Daniela Janssen traz uma explicação bem 
dinâmica em relação às técnicas projetivas, sua aplicação e 
funções.
https://go.eadstock.com.br/oY
Unidade 2
Entrevista
psicopedagógica
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Introdução
Prezado(a) aluno(a), abordaremos, nesta unidade, a entrevista psicopedagógica que 
são técnicas próprias da área da psicopedagogia, para uma ação preventiva e 
interventiva. Nesse momento, buscaremos analisar a entrevista, elencando as várias 
interferências que possam propiciar as problemáticas do indivíduo, bem como os 
aspectos éticos que são relevantes para a atuação do psicopedagogo.
Com isso, no tópico 1 é abordado sobre a Introdução e embasamento teórico das 
técnicas de entrevista psicopedagógicas, que possui diferentes objetivos, 
dependendo de cada caso. E é por meio da análise das informações obtidas nesta 
etapa que o psicopedagogo terá contribuição para o planejamento dos demais 
processos, por isso é indispensável.
No tópico 2 tratamos em relação aos Aspectos éticos implicados na relação 
entrevistador e entrevistado, que o pro�ssional de psicopedagogia deve dispor de 
organizações adequadas com técnicas de entrevistas, e ter a obrigação de se 
comportar e manter o sigilo, as responsabilidades com consciência de que tudo que 
é tratado em uma entrevistas e/ou no decorrer de todo o acompanhamento 
psicopedagógico deve ser mantido somente entre os interessados. 
No tópico 3 é feita uma compreensão da Entrevista familiar exploratória situacional e 
anamnese, é uma etapa de grande relevância, pois é neste momento que reside a 
possibilidade de o psicopedagogo compreender a queixa nas dimensões da escola e 
da família, por envolver uma análise da dinâmica de várias pessoas da família, 
socialmente e escolar que relaciona com o indivíduo analisado.
No tópico 4 abordamos a Entrevista operativa centrada na aprendizagem (EOCA), 
que é usada como ponto inicial em todo processo de investigação diagnóstica das 
di�culdades de aprendizagem pelo psicopedagogo. Elaborada por Visca, com o 
objetivo de estudar as manifestações cognitivas e afetivas do comportamento do 
entrevistado em situação de aprendizagem.
Com isso, vamos ter um desa�o importante: analisar os relatos mencionados na 
entrevista psicopedagógica, e buscar compreender as estruturadas a que se coloca 
em evidência o aprendizado ou não do indivíduo em análise. 
Então, vamos ao nosso desa�o! 
Bons estudos!
Introdução e embasamento
teórico das técnicas de
entrevista
psicopedagógicas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
É relevante destacar que a atuação pro�ssional do psicopedagogo se apresenta
como terapêutica, ou seja, terapia centrada nos processos de aprendizagem, e é
recomendada a todos os públicos aprendentes: crianças, jovens ou na melhor idade.
O psicopedagogo tem por missão compreender os mistérios presentes nas histórias
da não aprendizagem do ser humano. Para isso, faz uso de diferentes instrumentos
em busca de informações que destaquem as possíveisfraturas processuais entre o
indivíduo e a aprendizagem, investigando a dinâmica dessa relação e entre todos os
envolvidos nesse processo, entre eles a escola e a família. Diante das informações
obtidas nesses meios, pode instrumentalizar as ações para um acompanhamento
tanto dos educadores, como dos familiares na ressigni�cação da relação do
aprendente com o aprender.
Aqui podemos destacar a entrevista psicopedagógico, que é um dos instrumentos
de grande importância para o psicopedagogo, é aplicada sempre no início do
tratamento, se a pessoa for menor de idade é feito com os familiares primeiramente,
e se for adulto é feito com ele mesmo e só após com os familiares. Assim, os testes se
diferenciam, em geral, pela sua particularidade de analisar a aprendizagem
humana, e ainda é preciso destacar que se trata geralmente de especi�cidade de
uma atuação clínica.
Para isso, é necessário compreender a natureza das relações do psicopedagogo com
o paciente aprendente, que precisa:
Figura 1 - Natureza das relações do terapeuta com o cliente
Escutar
Testemunhar
Acolher
Questionar
Ser questionado
e me questionar
Perceber,
aceitar,
ultrapassar os
limites do outro
e seu próprio
Adquirir
consciência do
modo de estar
no mundo,
dos limites e
possibilidades
Fonte: a autora.
Vamos iniciar destacando a importância de compreender os testes por meio da
escuta contextualizada do sujeito aprendiz, por meio de três etapas: ensino,
aprendizagem e a família. Fernández (1990) entende por escuta-olhar
psicopedagógicos em relação às atitudes e produções do paciente aprendente,
sobre o material diagnóstico, que precisa constar a entrevista com os pais, a
realização de testes, hora do brinquedo, momento lúdico, grá�cas, discurso verbal,
gesto, o silêncio, entre outras observações que devem ser observadas pelo
psicopedagogo e devidamente descritas em sua análise.
É relevante compreender que a função de ouvir não é somente estar registrando
tudo, mas que o psicopedagogo possa se colocar em uma posição de empatia;
porém, ter a sensibilidade de não in�uenciar as narrativas pela explicitação de juízos
de valor, nem tampouco auxiliar nas descrições de alguns fatos. É relevante que,
caso haja esquecimento de algo, deixar que a própria pessoa relembre e discorra
sobre e dê sequência dos fatos transmitidos, pois caso o psicopedagogo interferir no
discurso do indivíduo analisado, pode anular a possibilidade de interpretar o
discurso inconsciente. 
Então podemos dizer que o psicopedagogo neste momento é: “[...] alguém que com
sua escuta outorga valor e sentido à palavra de quem fala, permitindo-lhe organizar
(começar a entender-se) precisamente a partir de ser ouvido” (FERNÁNDEZ, 1990, p.
126). 
Para tanto, a escuta é uma característica do próprio ser humano que tem a
necessidade de ouvir e ser ouvido. Na terapia psicopedagógica é preciso escutar as
demandas dos pais, do aprendente e professores, e fazer uma análise nas
entrelinhas do que não é expresso explicitamente no dia a dia, mas surge a partir
dos diálogos entre o aprendente e o terapeuta da aprendizagem; entre o professor,
os pais e psicopedagogo e outros pro�ssionais.
Ou seja, Andersen (2002, p. 22) destaca a mesma preocupação quando a�rma:
Escutar é ver. A pessoa que escuta (o terapeuta) e que segue aquela
que fala (o cliente), não somente ouvindo a palavra, mas também
vendo como elas são proferidas, notará que cada uma delas toma parte
no movimento do corpo. As palavras faladas e a atividade do corpo vêm
juntas, formando uma unidade.
Outro aspecto é que o psicopedagogo deve testemunhar, que está ligado em
autorizar, delegar ou dar poder legal a alguém (RAWAT, 2014). Como também o
empoderamento, que pode relacionar com autonomia e autoria de pensamento,
REFLITA
É preciso que compreenda, caro(a) aluno(a), que estamos tratando de
um recurso utilizado pelo psicopedagogo clínico, porém, a amplitude
dessa área de estudos interdisciplinar permite que o psicopedagogo
também utilize alguns desses testes no espaço institucional, desde que
preservando a atitude clínica e o olhar analítico e entendendo que não
se pode clinicar em ambientes institucionais (escola, hospitais,
empresas entre outras).
Fonte: Fernández (1990).
que se constroem no momento em que o sujeito da aprendizagem identi�ca e
verbaliza a origem de seu sucesso ou insucesso de maneira mais especí�ca ou,
ainda, quando consegue, de modo espontâneo, rever sua produção e corrigi-la.
Acolher, por sua vez, está relacionado ao conceito de “solicitude” ou à
responsabilidade no que vai ocorrer com o outro e, simultaneamente, que ele
mesmo tome parte neste destino (MEIRIEU, 2002).
Posteriormente, questionar, que está ligado ao ato de perguntar, essa ação leva a
diferentes formas de agir, pode auxiliar no esclarecimento para conhecer e
possibilitar a construção de novos signi�cados. Ser questionado, por outro lado, e se
questionar auxilia em expandir as possibilidades a diferentes vozes, descrições e
diferentes alternativas na intervenção, desenvolvendo, com isso, uma maior
quantidade e qualidade nos deslocamentos e/ou mudanças.
Ainda, o psicopedagogo deve ter a postura de perceber, aceitar, ultrapassar os
limites do outro e o seu próprio. É uma oportunidade terapêutica para a
construção de novas descrições a partir de momentos que possibilitam reconhecer-
se de modo incomum.
Por �m, adquirir consciência do modo de estar no mundo, dos limites e
possibilidades é um momento de quebra de paradigmas, pois é preciso que ocorra
uma análise das concepções e crenças construídas, socialmente, a respeito da forma
de estar no mundo (clichês). A terapia, então, é uma oportunidade para aprender a
identi�car, analisar, descrever e nomear novas maneiras de estar no mundo e, assim,
tomar consciência de outros modos para melhor viver e aprender.
Para tanto, o psicopedagogo precisa ter um olhar cuidadoso, apurado, re�exivo e
pesquisador para todas essas questões, para que possa exercer o seu papel
adequadamente e satisfatoriamente. Ou seja, a terapia deve ter um olhar sistêmico,
fundamental para a atuação nesta especi�cidade, por ser o terapeuta da
aprendizagem, poderá construir e contribuir com os outros pro�ssionais; ampliar o
seu fazer e facilitar processos, no meio educacional (GASPARIAN et al., 1998).
Aspectos éticos implicados
na relação entrevistador e
entrevistado
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Tem-se, desse modo, a expansão da atuação psicopedagógica, mas, por ser uma
área nova e muito promissora na contemporaneidade, contempla várias dúvidas
com relação ao campo de atuação e a prática no dia a dia. Por isso, a Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) elaborou alguns documentos que norteiam a
atuação pro�ssional, entre eles, o Código de ética de Psicopedagogia, assunto
abordado por nós neste momento. Para Naline (2004, p. 36), “ética é a ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade”. Entendemos, dessa forma, que
a ética é uma ciência que tem objeto, leis e método próprios. 
Essa palavra vem do latim ethica, tem seus fundamentos na �loso�a e
não pode ser confundida com a moral, pois ética é a ciência dos
costumes e moral é o objeto da ética. Ética é a ciência normativa dos
comportamentos humanos (REALE, 1999, p. 134). 
A ética, porém, é diferente da moral, mesmo que sejam temas relacionados, mas são
diferentes entre si. Moral se estabelece quando o sujeito obedece às normas,
costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos; a ética, por sua vez,
tem sua essência fundamentada no modo de viver pelo pensamento humano (SÁ,
2013).
Segundo Cortella (2010, p. 106), “A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa
conduta na vida junta. Portanto, a ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza
manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de
decidir, julgar, avaliar”. Considera-se, então, que ética é um conjunto de princípios
que conduzem e orientam o homem à ação moralmente correta.
As pro�ssões também são regidas por normas e regrasespecí�cas. Há, por exemplo,
a ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética pro�ssional
abrange todos os setores pro�ssionais da sociedade e tem como objetivo interrogar
mais amplamente o papel social da pro�ssão, sua responsabilidade, função, e
atitude frente a riscos e ao meio (MICHAELIS, 2018). Para Sá (2013, p. 167), 
Um complexo de deveres envolve a vida pro�ssional sobre os ângulos
da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho, onde esses
deveres passam a governar a vida do indivíduo perante seu cliente, seu
grupo, colegas, a sociedade e perante sua própria conformação mental
e espiritual. 
Diante disso, ter ética pro�ssional é cumprir com todas as atividades e obrigações
estabelecidas à pro�ssão; são princípios indispensáveis para manter uma sociedade
organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra seu papel na sociedade. 
Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é o código de ética pro�ssional,
conheceremos um pouco mais sobre o código de ética do pro�ssional de
psicopedagogia.
Ao tomar como referência o século XXI, é pertinente que o futuro pro�ssional em
psicopedagogia tenha como objetivo o desenvolvimento harmonioso do ser
humano e da consciência do signi�cado de sua ação no contexto em que age. É
preciso, também, buscar constantemente a consciência das suas funções na
situação de aprendizagem. Para isso, é necessário que questione o signi�cado das
suas ações e observe se elas constituem um possível caminho para salvaguardar
que o aprendiz não se perca e desanime em um fazer automático e sem sentido de
vida.
No que diz respeito a sua ética, esta deve ser baseada em um conjunto de regras de
conduta moral e deontológica que norteiam os pro�ssionais da área. Essas regras
estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado pela Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), em 1996, sendo reformulado e aprovado em
assembleia geral em 5 de novembro de 2011. Segundo a ABPp (2019), o código de
ética tem o propósito de estabelecer e orientar parâmetros que norteiam a
pro�ssão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do pro�ssional, estabelecendo
diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a evolução que ocorre em
meio à sociedade, o código de ética também passou por mudanças. O Código de
Ética do Psicopedagogo regulamenta as situações apresentadas na Figura 2. 
Figura 2 - Situações regulamentadas pelo Código de Ética do Psicopedagogo
Princípios da psicopedagogia;
Formação do psicopedagogo;
Exercício das atividades psicopedagógicas
Responsabilidades;
Instrumentos;
Publicações científicas;
Publicidade profissional;
Honorários;
Disposições gerais;
Fonte: a autora.
O Artigo 16 indica que cabe ao psicopedagogo cumprir o código, pois, conforme
consta no mesmo Artigo, em seu parágrafo único:
Parágrafo único - Constitui infração ética: 
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua; 
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas
psicopedagógicas; 
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática
psicopedagógica; 
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si; 
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços
psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado; 
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por
terceiros, ou solicitar que outros pro�ssionais assinem seus
procedimentos (ABPP, 2019, s.p.).
Logo, no exercício da pro�ssão, o psicopedagogo, investido de adequada formação,
não pode cobrar honorários de serviços não realizados, nem assinar procedimentos
psicopedagógicos que não tenha pessoalmente executado. O psicopedagogo não
pode perder de vista que o objetivo de seu trabalho é a aprendizagem em todas as
suas nuances. O Código de Ética do Psicopedagogo, no Capítulo I, composto de
quatro artigos, dispõe sobre os princípios que regem a pro�ssão. Averiguemos, cada
um deles:
Artigo 1º 
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que
se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a
família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando
procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais
teóricos. 
Parágrafo 1º 
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento,
relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável
entre os processos de aprendizagem e as suas di�culdades. 
Parágrafo 2º 
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em
diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter
indissociável entre o institucional e o clínico. 
Artigo 2º 
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza
métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do
processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção (ABPP, 2019, s.p.).
Dessa forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área da
educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os
fatores que interferem nesse processo. O Artigo 3ª do Código de Ética do
Psicopedagogo estabelece os objetivos do trabalho do psicopedagogo:
a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de
inclusão escolar e social; 
b) compreender e propor ações frente às di�culdades de
aprendizagem; 
c) realizar pesquisas cientí�cas no campo da Psicopedagogia; 
d) mediar con�itos relacionados aos processos de aprendizagem
(ABPP, 2019, s.p.).
Como é possível perceber, a aprendizagem é o objeto de estudo da psicopedagogia
e, por isso, é um fator a ser considerado nas atividades psicopedagógicas, no que se
refere à proposição de ações e à mediação de con�itos correlacionados. Um objetivo
que, também, merece atenção concerne ao fato de o psicopedagogo também atuar
como pesquisador. O Artigo 4º do Código de Ética do Psicopedagogo ressalta o
envolvimento do deste, juntamente com outros pro�ssionais, em projetos nas áreas
da educação e saúde: “O psicopedagogo deve, com autoridades competentes,
re�etir e elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de
Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas” (ABPP, 2019,
s.p.).
O Capítulo II do Código de Ética do Psicopedagogo diz respeito à formação
pro�ssional, que deve ocorrer em curso de graduação e/ou em curso de pós-
graduação, especialização lato sensu em Psicopedagogia, ministrados em
estabelecimentos de ensino, devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos
competentes, de acordo com a legislação em vigor. Assim, somente podem exercer
a pro�ssão de psicopedagogo os pro�ssionais com graduação na área ou
portadores de certi�cados de pós-graduação expedidos por instituições
reconhecidas pelo Ministério da Educação. O Capítulo IV do Código de Ética do
Psicopedagogo, em seu Artigo 11, estabelece as responsabilidades a serem
assumidas pelo pro�ssional da psicopedagogia:
Artigo 11 
São deveres do psicopedagogo: 
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos cientí�cos e
técnicos que tratem da aprendizagem humana; 
b) desenvolver e manter relações pro�ssionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros pro�ssionais; 
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica; 
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; 
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer de�nição clara
do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de
documento pertinente; 
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a
título de exemplos e estudos de casos; 
g) manter o respeito e a dignidade na relação pro�ssional para a
harmonia da classe e a manutenção do conceito público (ABPP, 2019,
s.p.). 
São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, envolvem formação
continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de só prestar
atendimento quando se sentir apto, zelar pelo nome da pro�ssão, entre outros. O
Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10, cuida doexercício das atividades do psicopedagogo:
Artigo 6º 
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os pro�ssionais
graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização
“lato sensu” - e os pro�ssionais com direitos adquiridos anteriormente à
exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É
indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão
psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. 
Parágrafo 1º 
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus
serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp
e os princípios deste Código de Ética. 
Parágrafo 2º 
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus
responsáveis legais e o pro�ssional, a �m de que: 
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados,
considerando condições socioeconômicas da região, natureza da
assistência prestada e tempo despendido; 
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados (ABPP, 2019, s.p.).
Esse artigo, mais uma vez, rea�rma que, para exercer a pro�ssão de psicopedagogo,
é necessário ser graduado na área ou ter curso de pós-graduação (lato sensu) em
cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação. Recomenda-se, ainda, que o
psicopedagogo faça terapia. Determina, também, que a divulgação dos trabalhos
deve ser elaborada conforme as normas difundidas pela ABPp, assim como os
honorários devem ser combinados previamente, a �m de que ninguém se sinta
lesado.
Um dos pontos de�nidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo pro�ssional, ou
seja, o pro�ssional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos
sujeitos. Ressalta, entretanto, em seu Artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a
respeitar o sigilo pro�ssional; proteger a con�dencialidade dos dados obtidos em
decorrência do exercício de sua atividade e não revelar fatos que possam
comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento.
Dessa forma, destaca-se a importância de conhecer o código de ética e suas
regulamentações, pois elas apresentam com propósito os parâmetros que os
pro�ssionais devem seguir. Vale lembrar que existem vários códigos de ética em
meio a tantas pro�ssões e todos possuem o mesmo propósito: conduzir a boa
conduta do pro�ssional e do cidadão. 
Desse modo, é relevante a necessidade que o psicopedagogo busque pela sua
quali�cação e que possa realizar seu trabalho, com conhecimentos práticos e
teóricos, com um nível de olhar e escuta psicopedagógica coerente. Não se
esquecer, também, da sua postura ética e pro�ssionalismo.
SAIBA MAIS
Ser ético é se manter dentro das normas e regras que fundamentam
sua pro�ssão dentro e fora do ambiente de trabalho. Por isso, �que
atento às mudanças que ocorrem nas normativas do código de ética de
sua pro�ssão, para que não ocorra infrações.
Fonte: Goldim Junior (2006).
Entrevista familiar
exploratória situacional e
anamnese
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Caro(a) aluno(a), o processo e instrumentos utilizados durante o diagnóstico
psicopedagógico são relevantes por levantar hipóteses e auxiliar na identi�cação
das causas da não aprendizagem e seu signi�cado. Com isso, não há uma sequência
engessada para os passos do diagnóstico psicopedagógico, e nem um número
de�nido de sessões para tal. A ordem e a quantidade de testes dependem do
vínculo e das necessidades do paciente.
Mas, precisamos de um norte, não é mesmo? Com isso, para dar início ao
diagnóstico psicopedagógico são utilizados os seguintes processos e instrumentos: 
A entrevista é feita com a criança e a família, preferencialmente separados um do
outro, ou seja, um entrevista com a criança somente e outra com seus familiares,
que pode ser realizada com o objetivo de abordar assuntos relacionados às
expectativas, qual o motivo da procura do psicopedagogo e/ou a queixa no meio
familiar, como se dá a relação e a expectativas dos familiares com relação à
aprendizagem e ações terapêuticas psicopedagógicas; a aceitação e engajamento
Tabela 1 – Processos e instrumentos para diagnóstico psicopedagógico
Motivo da consulta;
Enquadre com o paciente;
Hora do jogo;
História vital;
Provas projetivas psicopedagógicas;
Provas operatórias psicopedagógicas;
Avaliação da Lecto-escrita;
Avaliação do pensamento lógico-matemático;
Avaliação do corpo e movimento;
Hipótese diagnóstica.
Fonte: a autora.
da família no diagnóstico; deixar claro o que é um diagnóstico psicopedagógico;
organizar um momento acolhedor e com um clima de segurança, atrativo (lúdico)
que poderá auxiliar no retorno em se tratando de criança.
É também durante a entrevista familiar exploratória situacional (EFES) que o
psicopedagogo determinará o registro juntamente aos familiares ou responsáveis
sobre os horários, quantidades de sessões e a importância da frequência. Outro
aspecto importante que Guimarães, Rodrigues e Ciasca (2003) levantam é que na
primeira consulta o psicopedagogo deve �car atento, pois nem sempre a queixa
trazida pelos familiares vai descrever o sintoma. Com isso, a família é relevante neste
processo, como já vimos, para que se possa compreender o motivo que está levando
a procura dos conhecimentos psicopedagógicos, e é uma oportunidade de
estabelecer hipóteses sobre aspectos importantes no diagnóstico dos problemas de
aprendizagem, e por ser o primeiro contato que o psicopedagogo tem com a
família, como também a oportunidade de acolhimento dos familiares e de
transmitir segurança perante como serão os próximos atendimentos, sendo assim
necessário um enquadre com a família e outro com o aprendente.
Na EFES o psicopedagogo precisa adotar os procedimentos de metodologia ou
modus operandi do trabalho clínico, e utilizar a entrevista e anamnese, provas
psicomotoras, de linguagem, de nível mental, pedagógicas, de percepção, projetivas,
entre outras que julgar necessárias.
Na entrevista o psicopedagogo poderá identi�car o problema que ocorre na queixa
que o professor, familiar ou o próprio sujeito levantou. Depois, deve buscar os
conhecimentos de todo o entorno do sujeito para melhor compreender a queixa.
Colher dados: por meio de observação, entrevista, questionários, entre outros, que
pode ser para a avaliação da produção escolar, veri�car os vínculos com os objetivos
de aprendizagem escolar.
Neste primeiro encontro devemos fazer com que os pais sintam-se
protegidos, acolhidos, pois se perceberem uma boa escuta, não crítica,
terão o espaço de con�ança necessário e terapêutico. O
psicopedagogo não julga se foram bons pais, e sim vai favorecer a
expressão, criando um clima de afetividade e compreensão. Ainda que
os pais procurem ajuda, é previsível que apareçam obstáculos e
resistência a nossa ação. Vamos encontrar ocultamento, engano,
sedução e desautorização em relação a nós, justamente para evitar que
contatemos com o que nos foi ocultado, enganado, seduzido ou
desautorizado. Tais atitudes devem ser tomadas como elementos que
vão servir para poder entender o problema de aprendizagem da
criança e não nos deixar atingir pela agressão que elas contêm
(FERNANDEZ, 1991, p. 145-146).
Então, podemos entender que a EFES é um instrumento de grande relevância para
a coleta de dados, ela viabiliza a compreensão da queixa, tanto aos anseios da escola
como da família. É o momento que o psicopedagogo recolhe informações acerca
das relações e expectativas familiares, tendo em vista a aprendizagem escolar do
aprendente (WEISS, 2004). 
Para Oliveira (2017), essa descrição coloca a família como intermediária de um
sistema social mais amplo, e deve levar em consideração as transformações da
sociedade contemporânea, em que a família precisa ajustar normas e valores,
tornando de maior importância a sua função psicossocial, pois é no meio familiar
que se inicia os ajustes necessários no ser humano.
Após realizados todos os testes e provas, é o momento da realização da Anamnese,
que consiste em uma entrevista mais especí�ca que a EFES. É uma entrevista feita
com os pais ou com toda a família para entender as relações familiares

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