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Técnicas Projetivas eTécnicas Projetivas e EntrevistasEntrevistas PsicopedagógicasPsicopedagógicas AUTORIA Sonia Maria de Campos Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), é preciso esclarecer que o Psicopedagogo é um pro�ssional especialista em di�culdades de aprendizagem, seja qual âmbito for, e em se tratando da Psicopedagogia Clínica, é uma área de conhecimento interdisciplinar que foca seus estudos no “aprender” e o “não aprender” do ser humano na mais tenra idade e segue até o �m de sua vida. E, é por meio de um diagnóstico feito com o indivíduo, família e escola, que o psicopedagogo conseguirá identi�car os sintomas e chegar nas causas da di�culdade de aprendizagem, buscando auxiliar por meio de intervenções a sanar os diversos fatores que contribuem para a defasagem na aprendizagem, que podem estar relacionados à origem orgânica, cognitiva, emocional, social ou pedagógica, como também, à in�uência do meio que o sujeito está inserido, e de posse dos dados obtidos no diagnóstico, possa intervir. Na Unidade I vamos conhecer as técnicas projetivas e seus pressupostos históricos e teóricos, para melhor compreender o atendimento psicopedagógico em relação aos processos de di�culdades em aprender de um sujeito, sob um olhar social, político, cultural, que auxilia o pro�ssional a compreender não só os porquês, mas também as causas de determinada situação e/ou patologia que pode estar passando uma pessoa em sua aprendizagem. Já na Unidade II você irá saber mais sobre a entrevista psicopedagógica, que são técnicas próprias da área da psicopedagogia, para uma ação preventiva e interventiva. Nesse momento buscaremos analisar a entrevista, elencando as várias interferências que possam propiciar as problemáticas do indivíduo, bem como os aspectos éticos que são relevantes para a atuação do psicopedagogo. Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito do diagnóstico e avaliações, que são ações importantes ao psicopedagogo clínico, que, de posse aos instrumentos a serem aplicados, pode compreender os processos de aprendizagem do paciente aprendente. Após as análises realizadas em cada uma das provas, é feito o levantamento das hipóteses no diagnóstico psicopedagógico, e veri�ca-se a modalidade de aprendizagem do paciente aprendente. Com isso, é preciso que o psicopedagogo respeite e analise todas as provas para que consiga um diagnóstico e�ciente Em nossa Unidade IV vamos �nalizar o conteúdo dessa disciplina com a análise diagnóstica, e você verá neste momento a importância de se ter a hipótese diagnóstica já bem delimitada para que se possa organizar a devolução (para paciente, pais, família e escola) de modo seguro e elaborar o plano de intervenção de maneira a conseguir auxiliar no processo de desenvolvimento e�caz ao paciente aprendente. E aqui, quero reforçar o convite, para que você realize esse percurso de estudos e multiplique e compartilhe os conhecimentos sobre a atuação psicopedagógica no âmbito clínico, que é o assunto abordado em nosso material. Espero contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigado e bom estudo! Unidade 1 As técnicas projetivas e seus pressupostos históricos e teóricos AUTORIA Sonia Maria de Campos Introdução Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), vamos tratar de um assunto bastante pertinente à sua formação como psicopedagogo(a), e trilhar novos caminhos que nos levarão a novos conhecimentos sobre os conceitos fundamentais da psicopedagogia. Assim, notaremos o ambiente educacional, que ao mesmo tempo em que auxilia e possibilita a aprendizagem, promove também a existência e a descoberta de problemas típicos da aprendizagem dos alunos. Diante disso, é relevante destacar que as di�culdades de aprendizagem podem ser, ainda, oriundas dos métodos utilizados na escolarização, que se tornam obstáculos enfrentados e/ou causados pelos professores por meio da prática pedagógica. Para tanto, o nosso desa�o será em analisar o contexto histórico das técnicas projetivas até as provas de diagnósticos psicopedagógicas, para melhor compreender o atendimento psicopedagógico em relação aos processos de di�culdades em aprender de um sujeito, sob um olhar social, político, cultural. Na Unidade I iniciaremos a nossa jornada pelo contexto histórico das técnicas projetivas, que auxilia o pro�ssional a compreender não só os porquês, mas também as causas de determinada situação e/ou patologia que pode estar passando uma pessoa. Na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os conceitos das técnicas projetivas psicopedagógicas, no sentido de diagnosticar, tratar e prevenir as di�culdades e obstáculos no sujeito que não aprende. Depois, nas Unidades III e IV, vamos nos dedicar em compreender as provas projetivas no diagnóstico psicopedagógico e a epistemologia convergente. Ao longo da Unidade III você vai se ater mais em relação às provas de diagnósticos, e na Unidade IV será tratado especi�camente da epistemologia convergente. Devo mencionar a importância deste material para a sua formação como psicopedagogo, mas reforço que você deve, além de fazer toda análise do material, dar continuidade em seus estudos, pois a área da psicopedagogia vem sempre inovando seus métodos, com isso, é preciso se manter atualizado. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigada e bom estudo! O contexto histórico das técnicas projetivas AUTORIA Sonia Maria de Campos Caro(a) aluno(a), neste momento dos estudos temos como objetivo compreender como as técnicas projetivas colaboram nos processos de avaliação, para que você possa fortalecer a con�ança no seu uso. Para Didier (1978), as técnicas projetivas foram criadas por volta de 1939, por L. K. Frank, em um estudo que visava destacar a relação de três provas psicológicas: o Teste de Associação de Palavras de Jung, o Teste de Manchas de Tinta de Rorschach e o Thematic Apperception Test (TAT) de Murray, bastante utilizados em diagnósticos psicológicos, compreendidos como instrumentos do método clínico e como uma aplicação prática das concepções teóricas da Psicologia Dinâmica. E para entender melhor as técnicas projetivas, é preciso analisar a área da psicanálise de que são derivadas, conforme menciona Soley (2010), e compreender que os seres humanos têm um processo mental consciente e inconsciente. Mas, o que é projeção? Já o termo técnicas projetivas foi utilizado nas pesquisas após o artigo escrito por Frank (1939), Projective Methods for the Study of Personality, trazendo as técnicas projetivas como meio para auxiliar os indivíduos a revelarem a forma como se organizam e as suas experiências (SOLEY, 2010). As técnicas projetivas apresentam diferenças em relação à sua duração, como também na introdução do material como recurso à pessoa (DIDIER,1978). Mesmo que tenham sido elaboradas, inicialmente, com a intenção de auxiliar no diagnóstico e tratamento de pacientes que passavam por transtornos emocionais, as técnicas projetivas são meios relevantes para investigar outros tipos de problemas no indivíduo. Ainda, atualmente, tem-se expandido para outras áreas além da Psicologia, como: Psicologia Social, Educação, Sociologia, Ciências Políticas, Antropologia, na área de Marketing, Psicopedagogia entre outras (SELTIZ; WRIGHTSMAN; COOK, 1976). CONCEITUANDO Projeção se trata de um mecanismo em que o sujeito atribui aos outros sentimentos e/ou intenções que lhe pertencem, então, “as pessoas estavam dizendo aquilo que, de outro modo, ela diria a si mesma” (FREUD, 1895/1969, p. 255). Podemos entender que projeção é um aspecto da personalidade humana que se deslocam de dentro do sujeito para o meio externo em que está inserido, que se refere ao conceito que norteia as técnicas projetivas, iniciado por Sigmund Freud (SOLEY, 2010). Então podemos entender por técnicas projetivas uma grande variedade de tarefas, jogos e métodos práticos de pesquisa, em que o sujeito respondente é convidado a participar no decorrer de uma entrevista ou análiseem foco. São organizadas para otimizar, estender ou ampliar o entendimento do respondente, com isso, as técnicas projetivas têm como base a ideia de que o ser humano pode “projetar” seus sentimentos, crenças e angústias, que podem ser inaceitáveis ou vergonhosas, em uma pessoa ou situação imaginária (VERGARA, 2008). Com isso, o almejado com essa técnica é levar o sujeito a projetar e eliminar barreiras, facilitando o acesso de difícil exposição que não conseguiria expor por meio de um questionamento direto a ele. De modo geral, as técnicas projetivas têm por objetivo ajudar a aumentar a validade das respostas, por meio de coleta de dados não estruturadas disfarçadas, ligadas à criação de uma circunstância que encoraje os entrevistados a se expor livremente e emitir respostas sobre dados especí�cos (MALHOTRA, 2006). Outro potencial uso das técnicas é em análise de crianças, posto que têm algumas limitações em verbalizar suas opiniões e sentimentos (HOFSTEDE et al., 2007). SAIBA MAIS Os testes psicológicos muitas vezes são utilizados para avaliar indivíduos em algum ponto crítico ou circunstância signi�cativa da vida. Ainda assim, aos olhos de muitas pessoas, os testes parecem ser provocações sobre as quais elas pouco sabem e das quais dependem decisões importantes. Fonte: Soley (2010). REFLITA Podemos dizer que esse grupo de técnicas auxilia o pesquisador a acessar o que está na mente dos respondentes? Conforme Bond e Ramsey (2010) destacam, existem vários tipos de técnicas projetivas, pois os estímulos variam e são bastante ambíguos, havendo os não estruturados e os que são muito estruturados, claros e de�nidos. Cabe ressaltar que existem técnicas que podem estar enquadradas em uma mesma categoria, mas terem, em sua essência, resultados diferentes, como técnicas em categorias distintas que têm consideráveis similaridades, e ainda técnicas parcialmente enquadradas em mais de uma categoria (HOFSTEDE et al., 2007). E quando utilizar as técnicas projetivas? Malhotra (2006) sugere as seguintes diretrizes: Figura 1 - Quando utilizar as Técnicas Projetivas Técnicas projetivas devem ser usadas em pesquisas exploratórias, para proporcionar entendimento e compreensão iniciais do problema; devem ser usadas quando a informação desejada não pode ser obtida com precisão por métodos diretos; Em vista de sua complexidade, as técnicas projetivas não devem ser usadas ingenuamente. Fonte: Malhotra (2006, p. 172). Cabe ressalvar que, mesmo com as vantagens, o uso das técnicas projetivas precisa de cuidados e possui algumas desvantagens. Figura 2 - Técnicas Projetivas, cuidados e desvantagens Geralmente, exigem entrevistas pessoais com entrevistadores altamente treinados; Alto esforço hermenêutico e, consequentemente, intérpretes qualificados para realizar as análises; Risco de tendenciosidade na interpretação; e, no caso de técnicas expressivas, os sujeitos podem acabar desenvolvendo comportamento não usuais que não representam de fato a população de interesse. Fonte: Malhotra (2006, p. 172). Com isso, é relevante que os resultados de técnicas projetivas sejam analisados e comparados com resultados de outras técnicas que possam trazer uma amostra mais representativa (MALHOTRA, 2006). Por �m, é relevante salientar que, cada vez mais, as técnicas projetivas são compreendidas como ferramentas que au Conceitos das técnicas projetivas psicopedagógicas AUTORIA Sonia Maria de Campos Quando tratamos das técnicas projetivas psicopedagógicas, estamos destacando uma das etapas de avaliação psicopedagógica, que é uma ferramenta relevante que proporciona investigar a relação do ser humano com a aprendizagem, ou seja, como ocorre a aprendizagem, em que circunstâncias acontecem a construção entre o ensinar e o aprender, e para isso, tem questões relevantes a serem avaliadas, tais como as questões neurológicas, biológicas, emocionais, sociais entre outros aspectos. Ainda é importante o psicopedagogo veri�car o vínculo do indivíduo em três grandes domínios, que é o vínculo familiar, como o indivíduo se vê, como ele se classi�ca neste meio; o vínculo é o escolar, que é preciso veri�car as situações de aprendizagem e como o indivíduo entende e percebe as situações em sua volta, relacionada à aprendizagem; e, por �m, o vínculo que o sujeito tem consigo mesmo, como ele se enxerga, como se vê dentro das realidades que está inserido. Essas três grandes áreas são avaliadas pelas técnicas projetivas. Essa prova se dá por meio de desenhos com instruções bem elaboradas e sem nenhuma interferência do psicopedagogo ou de qualquer situação externa à avaliação. As técnicas projetivas auxiliam o psicopedagogo a explicar as variáveis emocionais que estão in�uenciando, que pode ser tanto de modo positivo ou negativo, na aprendizagem do indivíduo em análise. Outro aspecto relevante é o modo que são aplicadas essas técnicas, que devem ser de maneira lúdica, levando o indivíduo, por meio de um desenho, a expressar suas fantasias, desejos, impulsos, afetos, con�itos, ansiedades e defesas que estão implícitos em seu EU. E aqui é preciso ressaltar que o importante é a interpretação que o indivíduo faz de seu desenho, o que ele percebe, entende dessa realidade. O psicopedagogo precisa analisar esse momento de interpretação do sujeito de seu desenho, sendo fundamental no processo de avaliação, pois pode estar nesses detalhes o problema de aprendizagem. REFLITA Podemos entender que as técnicas projetivas tem por objetivo na psicopedagogia analisar os vínculos que o sujeito estabelece em três domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo, que facilita a percepção de três níveis em relação ao grau de consciência dos aspectos relacionados ao processo de aprendizagem. O psicopedagogo precisa ter disponível para a aplicação da prova: folhas de papel sul�te; lápis preto e borracha, ser aplicada individualmente e observar que, em cada sessão de aplicação da prova, a solicitação dos vínculos pode mudar conforme o aspecto da aprendizagem que se quer avaliar. Para Visca (2011), são muitos os aspectos que precisam ser considerados na aplicação das provas projetivas psicopedagógicas. Figura 3 - Aspectos que devem ser levados em consideração pelo Psicopedagogo ao aplicar as técnicas projetivas. A posição do desenho na folha A descrição verbal que a criança faz de seu desenho. As pessoas que estão presentes na produção da criança Os detalhes das pessoas e/ou objetos que constam no desenho Fonte: Visca (2011, p. 22). E ao fazer o tratamento dos detalhes, como no caso da posição que os desenhos assumem na folha, Visca (2011) destaca que as posições são indicadores de vínculo de aprendizagem, veja o Quadro 1, a seguir: Outros aspectos a serem analisados nos desenhos são: o tamanho total do desenho, o tamanho dos personagens, se o sujeito está nas cenas, quem está no desenho, o distanciamento dos personagens, se utiliza a borracha durante o desenho, se coloca ou não pés e mãos, olhos, orelhas e boca nos personagens, se o desenho está condizente ao que é solicitado e, por �m, se o sujeito se recusa desenhar ou escrever o que lhes é solicitado. Segundo Escott (2001, p. 226): Na clínica psicopedagógica, também o desenho, enquanto representação simbólica e cognitiva, representa importante instrumento de investigação, pois ele poderá demonstrar a relação da criança com o conhecimento tanto em termos cognitivos como em termos afetivos. Porém, é necessário ressaltar que, na clínica psicopedagógica, as técnicas projetivas realizadas através do desenho diferem das provas utilizadas pelos psicólogos, já que o foco de análise está sempre vinculado a situações de aprendizagem. É oportuno destacar que o psicopedagogo, ao utilizar as técnicas projetivas, deve seguir alguns critérios, como: ao analisar um desenho, é precisa estar atento no título do desenho, e o vínculo que se estabelece com a aprendizagem do sujeito em questão, como também ao relato. Para Visca (2011), o relato é uma projeção que denota o vínculode aprendizagem do conteúdo pela correspondência com o desenho, como também é possível veri�car no relato os mecanismos de dissociação, negação e repressão que o sujeito pode esclarecer ali. Quadro 1 - Posição dos desenhos Superior Esquerda Superior Superior Direita Exigente Regressivo Exigente Exigente Progressivo Esquerda Central Direita Regressivo Equilibrado Progressivo Inferior Esquerda Inferior Inferior Direita Impulsivo Regressivo Impulsivo Impulsivo Progressivo Fonte: Visca (2011, p. 23). Para tanto, é preciso destacar o que é o processo de aprendizagem. Consiste na produção e estabilização de ações que o psicopedagogo precisa notar como o indivíduo se constrói nos vários espaços em que convive, como também, o vínculo que ele estabelece com as outras pessoas que lhes são espelho em sua aprendizagem. Aqui podemos destacar o ambiente como um meio relevante de desenvolvimento de aprendizagem, e pode ser tanto no meio escolar, como familiar ou na comunidade social e com o próprio indivíduo. Com isso, sempre que ocorre uma queixa de di�culdades de aprendizagem, ou outro sintoma que esteja relacionado ao ato de aprender as técnicas projetivas são recursos utilizados no diagnóstico em uma análise clínica do psicopedagogo. Sendo assim, deve ser analisado de acordo com cada caso, e após a escolha da técnica projetiva, é preciso passar de modo claro como vai ocorrer a atividade, e isso deve ser feito, antes da aplicação da técnica, seja para a criança ou a pessoa a quem vai ser aplicado, e após �nalizar o indivíduo deve relatar o que fez para o psicopedagogo. Podemos notar que as técnicas projetivas, em sua essência, separam e investigam a relação do indivíduo com a aprendizagem no ambiente familiar, escolar, social ou consigo mesmo, e para isso é preciso aplicar a seleção das técnicas projetivas por vínculos “par educativo”: Figura 4 - Seleção das técnicas projetivas por vínculos Vínculo escolar: par educativo; Planta da sala de aula; eu com meus colegas. Vínculo consigo mesmo: o desenho em episódios; o dia do meu aniversário; Vínculo familiar: a planta da minha casa; família educativa; as quatro partes de um dia Vínculo consigo mesmo: o desenho em episódios; o dia do meu aniversário; nas minhas férias; fazendo o quemais gosto... Fonte: Visca (2011, p. 23). O teste do par educativo, que pode ser feito um mapa da sala de aula e analisar como o indivíduo se relaciona com os colegas para compreender o vínculo que possui com a aprendizagem, com o docente, com os objetos e com que se aprende no meio educacional. O par educativo é uma técnica projetiva, que tem por objetivo “detectar a relação vincular latente entre o que ensina e aquele que aprende” (OLIVERO; PALACIOS, 1985, p. 21), já O Teste da Família tem por objetivo avaliar como se dá o relacionamento da família como um todo e também em suas diferentes partes, analisar os momentos do dia a dia em família, o plano da casa e observar como se dá o vínculo familiar, seja físico e humano, como também veri�car como são comemoradas datas importantes, como o aniversário, as férias em família, para veri�car a relação do indivíduo consigo e com o meio social. Segundo Escott, (2001, p. 227): Assim como nos outros aspectos do diagnóstico, também na análise do desenho infantil é necessário que o professor tenha conhecimento das teorias do desenvolvimento da criança e das características de cada período. Di Leo (1991) realiza um paralelo entre os estágios de desenvolvimento cognitivo descritos por Piaget e as fases de representação do desenho da criança. Para ele, o estágio sensório- motor corresponde, inicialmente, às respostas re�exivas da criança, levando o lápis à boca e, posteriormente, passando, à garatuja e, gradualmente, aos círculos. Já o estágio de pensamento pré-operatório é identi�cado pelo autor como o período do realismo intelectual, em que é visto, caracterizando pela transparência. No estágio das operações concretas, o desenho da criança apresenta um realismo visual, pois a subjetividade diminui e a criança desenha o que é realmente visível, com cores mais convencionais e �guras humanas mais realistas. Por �m, no estágio das operações formais, observa-se que, com o desenvolvimento da crítica, muitos perdem o interesse por desenhar, sendo que os mais talentosos tendem a preservar. O psicopedagogo pode fazer a seleção da técnica projetiva por idade, como: 4 anos de idade: aplicar o desenho em episódio; entre 6 e 7 anos de idade: aplicar o par educativo – e os quatro momentos do dia a dia da família educativa, o dia do meu aniversário, minhas férias e fazendo o que mais gosta; por volta do 7 e 8 anos de idade: aplicar as técnicas projetivas anteriores e mais o EU com meus companheiros; aos 8 e 9 anos de idade: as técnicas anteriores e mais a planta da sala de aula e a planta da minha casa. Veja o Quadro 2 que representa, de modo bastante claro, em relação às técnicas projetivas na psicopedagogia: Quadro 2 - Técnicas Projetivas na Psicopedagogia DOMÍNIO PROVA INVESTIGAÇÃO IDADE Par educativo Vínculo com a aprendizagem. 6-7 anos de idade ESCOLAR Eu e meuscompanheiros Vínculo com os componentes da classe. 7-8 anos de idade Planta da salade aula A representação do campo geográ�co da sala de aula e a desejada. 8-9 anos de idade Planta dacasa A planta da casa onde habita, sua representação real e desejada. 8-9 anos de idade FAMILIAR Os quatro momentos do dia Os vínculos ao longo do dia. 6-7 anos de idade Famíliaeducativa O vínculo da aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos integrantes da mesma. 6-7 anos de idade O desenhoem episódios A delimitação de permanência da identidade psíquica em função dos afetos. 4 anos de idade CONSIGO MESMO O dia do meu aniversário A representação que se tem de si e do contexto físico sócio 6-7 anos dinâmico em um momento de transição de uma idade para a outra. de idade Desenho deminhas férias As atividades escolhidas durante o período de férias escolares. 6-7 anos de idade Fazendo o que mais gosto O tipo de atividade que mais gosta. 6-7 anos de idade Fonte: a autora. SAIBA MAIS Aplicação das técnicas projetivas: Vínculo escolar: Eu com meus companheiros Idade: sete a oito anos de idade Objetivo: Investigar os vínculos com os companheiros de sala de aula. Procedimento: Consigna: Gostaria que você se desenhasse junto a seus colegas de sala de aula. Após o desenho, faça alguns questionamentos pertinentes, relacionados ao desenho. Analise o tamanho do desenho, de seus personagens, a posição e a inclusão dos personagens principais. Os comentários que o sujeito faz em relação aos colegas da sala de aula. Título. Com isso, pode se compreender que a utilização, de uma técnica projetiva o psicopedagogo terá acesso a conteúdos não somente conscientes, como forma de representação das situações e ambientes de aprendizagem na escola, mas de várias informações emocionais, de introspecção que são importantes para a sequência da análise e intervenções, que vamos veri�car no decorrer deste estudo. Caro(a) aluno(a), como vimos anteriormente, as técnicas projetivas psicopedagógicas têm por objetivo investigar os vínculos que o ser humano possui por meio de três domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo. Para Visca (2009), é nesses domínios que o indivíduo detém as diferenças individuais, e é possível compreender três níveis em relação a Provas projetivas no diagnóstico psicopedagógico AUTORIA Sonia Maria de Campos consciência e os distintos aspectos que constituem o vínculo da aprendizagem. Para tanto a técnica projetiva, segundo Visca (2011), “permite investigar essa dimensão, no que se refere ao vínculo ou vínculos que um sujeito estabelece com a aprendizagem propriamente dita, assim como também com as circunstâncias dentre as quais se opera essa construção”. Então podemos dizer que uma pessoa pode estabelecer vínculos em três grandes domínios,que podem ser o meio escolar, familiar e consigo mesmo, e em cada um desses é estabelecido três níveis, inconsciente, pré-consciente e consciente. Estes são notados quando o indivíduo, ao se relacionar com um conjunto de conteúdos e não reconhece mesmo que se faça diversas tentativas para emergir para o campo pré-consciente ou consciente, podemos notar que o nível será inconsciente. No nível pré-consciente, os conteúdos e mecanismos se alojam no campo da consciência e o sujeito pode acessar sempre que precisar desse conhecimento. Quando a pessoa consegue externalizar os conteúdos e mecanismos, as percepções internas e externas são manifestadas por meio de desenhos, palavras ou outra forma, o nível será consciente (VISCA, 2011). E, para isso, o psicopedagogo pode utilizar os testes projetivos que são compostos por dez modelos diferentes, para conseguir aferir em que nível o sujeito se encontra: Figura 5 - Os dez testes projetivos 10 Fazendo o que mais gosto. 1 Par educativo 2 Planta da sala de aula 3 Eu com meus amigos 4 A planta da minha casa 5 Família educativa6 As quatro partes de um dia 7 O desenho em episódios 8 O dia do meu aniversário 9 Em minhas férias Fonte: a autora. É preciso destacar que o psicopedagogo, ao fazer a interpretação e aplicação das técnicas projetivas, precisa seguir alguns critérios, tais como: interpretar cada uma das provas projetivas, que devem ocorrer em função do sujeito em particular e em função das vezes que trouxe determinadas informações; não precisa aplicar todas as técnicas projetivas, é prudente usar somente aquelas que são relevantes em função das hipóteses que se têm formuladas, que podem ser: a aplicação de uma prova apenas; ou a prova de alguns domínios podem ser escolhidas e aplicadas; ou que se aplique todas as provas de um único domínio; que se apliquem todas as provas, e analise se alguns indicadores de uma técnica se superpõem com os de outra; e ainda, veri�car os critérios utilizados na interpretação de cada prova, devem auxiliar e somar-se aos critérios gerais na interpretação das provas projetivas. Os indicadores e signi�cados encontrados em uma análise feita com as técnicas projetivas, podem ser refutados por outros pro�ssionais, ao aplicar outros meios e/ou a pessoa já ter passado por outras mudanças. Com isso, os resultados não são fechados ou sem lugar para dúvidas, as descobertas podem ocorrer de maneiras diversas e e�cazes em prol do processo de aprendizagem. Mas, para facilitar a compreensão, é destacado, neste momento, por meio dos quadros a seguir, as provas com os indicadores de análise que são utilizados como materiais e procedimentos em uma análise psicopedagógica por meio das técnicas projetivas. Quadro 3 - Domínio Escolar DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS INDICADORES MAIS SIGNIFICATIVOS ESCOLAR Par educativo Folha de sul�te Lápis preto Borracha Ordem Indicar nome e idade Dar título ao desenho Relatar o que acontece Detalhe Desenho Nomes e idades Título dos desenhos Relatos Eu com meus colegas Folha de sul�te Lápis preto Borracha Ordem Indicar nome e idade Comentários sobre os colegas Detalhes do desenho Comentários sobre os colegas A planta da sala de aula Folha de sul�te Lápis preto Borracha Régua (se for solicitada) Ordem: a) planta da sala de aula; b) indicar lugar que ocupa Perguntas regulares e complementares Detalhes do desenho Possíveis localizações na sala de aula Comentários sobre a sala de aula Escolha do lugar Aceitação do lugar Colegas ao redor Fonte: Visca (2011, p. 211). Quadro 4 - Domínio Familiar DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS INDICADORES MAIS SIGNIFICATIVOS FAMILIAR A planta da minha casa Folha de sul�te Lápis preto Borracha Régua Ordem: a) planta da casa; b) indicar o nome de cada ambiente; c) quem ocupa cada peça; Perguntas regulares e complementares. Detalhes do desenho Localização do próprio quarto Comentários sobre o dormitório Lugar de estudo e reunião familiar Os quatro momentos de um dia Folha de sul�te Lápis preto O entrevistado dobra uma folha em quatro partes iguais, solicita que o entrevistado faça o mesmo com outra. Solicita que desenhe quatro momentos do seu dia, desde que acorda até a hora de dormir. Relato das cenas. Adequação à ordem Momentos escolhidos Atividade realizada Pessoas Campo geográ�co Objetos Sequência do desenho (temporal, espacial, do relato). Família educativa Folha de sul�te Lápis preto Borracha Solicita-se ao entrevistado que desenhe sua família, cada fazendo o que sabe fazer. Indicar nomes e idades. Perguntas regulares e complementares. Atividades de cada personagem. Objetos utilizados. Idade e sexo. Relação de parentesco. Relato do processo. Fonte: Visca (2011, p. 212-213). Quadro 5 - Domínio Consigo Mesmo DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS INDICADORES MAIS SIGNIFICATIVOS CONSIGO MESMO O desenho em episódios Folha de sul�te Lápis preto Dobra-se a folha em seis partes. Ordem: desenhar o dia de descanso de um(a) menino(a). Representação de tempo e espaço. Tema. Elementos relacionais e sociais. Movimentos identi�catórios O dia do meu aniversário Folha de sul�te Lápis preto Borracha Solicita-se que faça um desenho do dia do seu aniversário. Perguntas regulares e complementares. Detalhes do desenho. Espaço geográ�co. Conteúdo do relato. Em minhas férias Folha de sul�te Lápis preto Borracha Solicita-se que faça uma “fotogra�a do que fez nas férias”. Solicita-se um relato da cena e das férias. Perguntas regulares e complementares. Adequação a ordem, atividade representada, marco geográ�co escolhido. Argumento, coerência interna do relato e o desenho. Fazendo o que mais gosto Folha de sul�te Lápis preto Borracha Solicita-se que se desenhe fazendo o que mais gosta. Perguntas regulares e complementares. Indecisão na escolha do tema. Ato de apagar com mudança de tema. Ato de apagar objeto sem mudar o tema. Coerência do relato e desenho. Contexto espacial e temporal em que ocorre à cena. A partir das instruções descritas por Visca (2011), veja a Figura 6, que selecionei como modelo para ilustrar os argumentos teóricos trabalhados: “a planta da sala de aula”: Figura 6 - Apresentando a sala de aula Fonte: Tietze e Castanho (2016). O aluno de nove anos e seis meses de idade apresentou o desenho de como enxerga a sua sala de aula, o título �ctício que vamos dar a esta cena é: “O professor e a lousa”. O critério de avaliação do desenho deve seguir alguns sistematizadores na composição de indicadores de con�itos ligados à aprendizagem. Fonte: Visca (2011, p. 213-2150. Quadro 6 - Alguns indicadores e seus respectivos signi�cados Alguns indicadores e seus respectivos signi�cados 1. Posição Frente a frente Vínculo de aprendizagem bom. Lado a lado Vínculo de aprendizagem regular. Ambos de costas Vínculo de aprendizagem ruim. O docente de costa para o aluno O aluno se sente rejeitado pelo docente. O aluno de costa para o docente O aluno rejeita o docente. 2. Tamanho Pequeno Não é um vínculo importante. Médio É um vínculo relativamente importante Grande É dada uma importância signi�cativamente destacada, quepode ser positiva ou negativa. 3. Tamanho relativo de personagem Sem discriminação de tamanho Vínculo confuso com quem ensina. Com discriminação de tamanhos Vínculo claro ou relativamente claro com quem ensina. Com docente grande e aluno pequeno Vínculo de quem supervaloriza quem ensina. Com aluno Vínculo no qual subestima quem ensina. E aqui podemos destacar que, no decorrer do processo de aplicação das provas projetivas psicopedagógicas, o psicopedagogo deve escolher analisar aquelas que melhor atendam os objetivos no diagnóstico, para isso se faz necessário considerar as queixas que se têm do indivíduo com relação ao seu processo de aprendizagem. A maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar o material ou situação re�ete os aspectos fundamentais do seu psiquismo. É possível,desse modo, buscar relações com a apreensão do conhecimento como procurar, evitar, distorcer, omitir, esquecer algo que lhe é apresentado. Podendo se detectar, assim, obstáculos afetivos existentes nesse processo de aprendizagem de nível geral e especi�camente escolar. (WEISS, 2003, p. 117). Outro ponto relevante é que cada desenho realizado pelo indivíduo não pode ser analisado isoladamente, mas, sim, contextualizado, com o objetivo de identi�car possíveis problemas que podem ser obstáculos à aprendizagem. grande e docente pequeno 4. Características corporais Só cabeça Supervalorização do intelecto. O corpo docente inacabado Pode signi�car uma agressão oculta de quem ensina. A simpli�cação dos personagens Costuma implicar, quando o entrevistado não tem di�culdades para desenhar, uma desvalorização do vínculo de aprendizagem com o docente. 5. Perspectiva Desenho com perspectiva Vínculo positivo e maduro. 6. Âmbito Âmbito escolar O entrevistado se centrou no aprendizado sistemático podendoeste ser positivo ou negativo. Âmbito extraescolar O entrevistado estabelece um vínculo melhor com a aprendizagem assistemática. Fonte: a autora. O que podemos avaliar por meio do desenho ou do relato é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. O pensamento fala por meio do desenho onde se diz mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade de saber como o sujeito ignora” (PAÍN, 1992, p. 61). E, para analisar “Eu com meus colegas”, é importante que o psicopedagogo analise o vínculo afetivo com os demais membros do grupo, como ele se relaciona com os outros, tomando como indicadores signi�cativos para análise do desenho: detalhes, tamanho total e dos personagens, posição dos personagens, inclusão do docente, e personagens externos ao grupo, observar os comentários feitos em relação aos personagens se são personalizados ou gerais. São informações relevantes a serem analisadas nos indicadores e nos comentários. Partindo disso, é possível colher informações no desenho e ainda atentar-se aos comentários que o indivíduo faz dos seus desenhos, sobre os participantes, tamanho que foi desenhado, são grandes informações de uma boa relação, ou um desejo de aproximação e ou rejeição. Análise do desenho “A planta da sala de aula”: como em todas as provas projetivas é preciso respeitar critérios para interpretação, e ainda veri�car o nível cognitivo, o desenvolvimento motor e os aspectos emocionais do indivíduo. E após veri�car os aspectos do desenho e interpretá-los, veja algumas observações relevantes que devem ser feitas: Detalhes do desenho Tamanho da sala: se é pequena pode indicar inibição, se for desmedido pode indicar descontrole ou falta de limites. Os elementos que compõem a sala indicam vínculos positivos e os que não se encontram na sala é que não estabeleceram vínculos; o tamanho desses elementos traz uma indicação de maior e menor valor atribuído pelo indivíduo e/ou barreira que o divide a sala de aula. Possíveis localizações na sala de aula Analisar quem escolheu o local que este ocupa na sala de aula; e analisar levando em consideração o tamanho das �guras em seu desenho. Comentários sobre a sala de aula Por meio dos comentários é possível ter maior clareza do que está passando com a pessoa no ambiente escolar. A escolha do lugar em sala de aula Veri�car se há alguma rejeição com o local que ocupa na sala de aula. Aceitação do lugar Como o indivíduo se nota neste espaço e se aceita o lugar que está alocado na sala de aula. Com os colegas Analisar como é a relação entre os colegas e se há ambos os sexos e se a escolha foi aceita ou teve alguma rejeição no grupo. E “A planta da minha casa” inicia-se propondo que o participante desenhe a planta da sua casa, e propõe-se que destaque os nomes de cada cômodo. Deve-se perguntar ao entrevistado se ele gostaria mais de usar outro quarto ou dividi-lo com outra pessoa, e por quê. Por último faz-se perguntas complementares e convenientes. Os indicadores signi�cativos são observar quais os detalhes do desenho, como: o tamanho da planta, mobílias dos espaços, inclusão de objetos decorativos, pessoas, aberturas e espaços fechados e abertos; se o quarto �ca próximo ou distante dos pais. Analise os comentários feitos sobre o quarto, como: aceitação, rejeição, indiferença e objetividade entre outras observações que julgar necessária no momento da análise. Análise “Os quatro momentos de um dia”: nesta parte da aplicação do teste, deve utilizar a técnica adaptada de desenho em episódio, em que os objetivos da técnica é veri�car como se dão os vínculos ao longo do dia. Para isso, o aplicador pode pegar uma folha de papel sul�te e lápis gra�te, com a folha dividi-la em quatro partes iguais e entregar para a pessoa fazer um desenho em cada quadro em relação aos momentos de seu dia, em seguida solicite que mencione os acontecimentos; mediante às respostas do entrevistado, pode-se fazer perguntas com o intuito de obter mais informações. Os indicadores dessa técnica são as três diferentes sequências: espaciais, temporais, de relatos. Para isso, pode-se analisar se há concordância do tempo e espaço com relação aos relatos do indivíduo analisado, para que possa compreender os aspectos de mobilidade mental, permanência de critério, criatividade, aprendizagem e preferências. Em relação à técnica “Família educativa”, é relevante compreender que a família é a instância que constitui o meio em que se constroem as aprendizagens essenciais, e os vínculos de aprendizagem vão exercer uma expressiva in�uência no estilo de construir os conhecimentos e auxiliar na agilidade de compreensão dos. Os indicadores mais signi�cativos estão no desenho na forma como apresenta cada personagem e objetos com os quais realiza a atividade. Vínculos consigo mesmo: para aplicar essa técnica é preciso de uma folha de papel sul�te e de um lápis preto. O procedimento consta da seguinte maneira: dividir a folha de papel sul�te em seis partes iguais, solicitar que o indivíduo desenhe uma história que retrata um dia de descanso, para isso vai seguir os passos desde a hora que acordou pela manhã até a hora de seu retorno. O psicopedagogo não deve interferir nesse momento e, ao ter �nalizando, é que poderá analisar o desenho, levando em consideração todos os distintos eixos de interpretação já mencionados neste. “O dia do meu aniversário” tem por objetivo compreender no sujeito a representação de si mesmo em seu contexto físico e sócio dinâmico, quando esse passa por um momento de transição de idade. Para isso, é preciso dos seguintes materiais: folhas sul�te, lápis preto e borracha. E no procedimento é solicitado que o entrevistado desenhe o dia do seu aniversário de um menino, analisar o que desenha e questionar se caso esteja desenhando outra pessoa que não o caracteriza, como no caso do sexo diferente do seu, e é relevante levar em consideração o meio social e cultural que o sujeito está inserido e ainda o lugar que ocupa na família. Em minhas férias, por meio dessa técnica, o psicopedagogo pode perceber indicadores signi�cantes, tais como: o relato, relacionando com o desenho, que pode trazer o que gostaria de ter realizado no decorrer das férias. Assim, as informações em outras técnicas podem permitir um complemento de forma contundente o processo avaliativo. “Fazendo o que mais gosto”: para realizar esta técnica é preciso de alguns materiais especí�cos, como: folha do tamanho sul�te, lápis preto e borracha. No decorrer, o psicopedagogo pode solicitar que o indivíduo desenhe a si próprio realizando o que mais gosta. Após a aplicação da técnica, podem ser feitas algumas perguntas complementares, tais como: o que está ocorrendo no desenho, onde está acontecendo e quando acontece a cena desenhada; para melhor compreender o tipo de atividade que o sujeito investigado mais gosta de realizar. Na análise da produção é relevante considerar os indicadores mais signi�cativos, que podem ser: se no decorrer da produçãodo desenho o indivíduo teve muitas dúvidas na escolha do tema, o ato de apagar com mudança de tema, ato de apagar objetos sem mudar o tema, quando foi explicar o que havia desenhado percebe incoerência do relato ou coerência entre relato e desenho em relação ao contexto espacial e temporal em que ocorre a cena. Para tanto Visca (2011) traz ainda uma nova linha teórica, com o objetivo de ver a projeção de outro ponto de vista, por meio da Epistemologia Convergente, que tem como base os conceitos da Psicanálise (Freud), Psicologia Genética (Jean Piaget) e Psicologia Social (Pichon-Rivière), que é o que vamos compreender no próximo tópico. Epistemologia Convergente AUTORIA Sonia Maria de Campos A epistemologia convergente é uma linha teórica criada por Jorge Visca, argentino, psicólogo por formação. A linha teórica da epistemologia convergente propõe uma ação clínica utilizando-se da integração de três linhas: a Psicologia Genética, de Piaget; a Psicanálise, de Freud, e a Psicologia Social, de Rivière. Para Visca (2010, p. 116) a teoria da epistemologia convergente “é o esquema conceitual con�gurado em virtude da assimilação recíproca das contribuições das escolas psicanalista, psicogenética de Genebra e da psicologia Social”. É a partir dessa concepção que Visca (2010) organiza a epistemologia convergente, relacionando os aspectos cognitivo, afetivo e social no processo de aprendizagem do indivíduo, e é nesse sentido que vamos notar elementos da Psicanálise, da Epistemologia Genética e da Psicologia Social. O processo de ensino e aprendizagem é visto como um processo global por ser analisado pela dimensão cognitiva – das estruturas que levam ao conhecimento; como também, pela dimensão afetiva – das emoções, motivação e inclinações para a ação do aprender; e ainda pela dimensão social – que é relacionada às particularidades do meio social e cultural de cada pessoa. Podemos compreender com isso, caro(a) aluno(a), que a Epistemologia Convergente se destaca, justamente, por essa visão integradora do conhecimento, e a valiosa contribuição de Visca (2010) no processo de avaliação e intervenção no contexto psicopedagógico. Visca (1987) objetiva, com essa epistemologia, por meio da avaliação diagnóstica, auxiliar tanto em sanar o problema de aprendizagem como preventivo no sentido de fazer com que o indivíduo possa superar os obstáculos que estejam impedindo de aprender, como também prevenir os possíveis obstáculos no processo educacional, contribuindo com isso, não apenas no contexto psicopedagógico clínico, mas também para o âmbito institucional. E aqui podemos evidenciar que, no diagnóstico psicopedagógico, a Psicopedagogia procura destacar os instrumentos que seriam apropriados e que, de maneira efetiva, servem de base para uma avaliação. Dentre os instrumentos disponíveis para o diagnóstico psicopedagógico, destacam-se: Figura 7 - Instrumentos para o diagnóstico psicopedagógico E.O.C.A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem Provas operatórias TDE Teste de Desempenho Escolar Sessão Lúdica Anamnese Provas Projetivas Psicopedagógicas. Fonte: a autora. No âmbito de nossos estudos vamos compreender cada um desses instrumentos, uma vez que eles servem de base para a atuação pro�ssional do psicopedagogo e é essencial que compreenda quais os vínculos que os indivíduos possuem com a aprendizagem formal. Então, podemos compreender que nos estudos da epistemologia convergente o ser humano aprende sem ser impelido, do nascimento até sua morte. E tem por fundamento a assimilação recíproca das teorias piagetiana, psicoanalítica e da psicologia social. E, com isso, o conhecimento ocorre por meio das variáveis afetivas, cognitivas e sociais que acontecem juntas. Prezado(a) aluno(a), Neste material, espero que você tenha conseguido compreender a importância das técnicas projetivas e a epistemologia convergente de Visca. Pois são recursos essenciais na atuação do psicopedagogo. Em se tratando das técnicas projetivas é preciso que compreenda que essa trabalha embasada em três níveis, o vínculo escolar, familiar e consigo mesmo, então são nesses campos que o psicopedagogo, ao utilizar uma técnica projetiva, vai avaliar o sujeito. As técnicas projetivas auxiliam bastante o psicopedagogo, principalmente em se tratando de crianças que ainda possuem limitações com a verbalização em relação ao que ela sente. Com isso, o psicopedagogo consegue avaliar no sujeito o que ele expressa, de fato, por meio de desenho de modo consciente e a nível inconsciente, com isso, por meio das técnicas projetivas é possível analisar qual vínculo o sujeito possui no meio escolar, familiar e consigo mesmo. Outro aspecto que estudamos foi em relação à epistemologia convergente de Visca, que teve como pressupostos teóricos a epistemologia genética de Piaget, a psicanálise de Freud e a psicologia Social de Riviére. É um método clínico com o qual se tenta conduzir a aprendizagem. Portanto é relevante que o psicopedagogo se mantenha em constante re�exão sobre sua prática, pois diante do que estudamos aqui, �ca claro que a psicopedagogia é um campo que vem em constante crescimento e é interdisciplinar desde sua formação a até a sua prática, �ca claro também a importância de o pro�ssional não parar seus estudos após um curso, é preciso manter-se atualizado para compreender os obstáculos que interferem nos processos de aprendizagem. Leitura complementar Conclusão - Unidade 1 Práxis psicopedagógica – �liação teórica SILVA, Maria Luiza Quaresma Soares – CENEP-HC-UFPR O papel da psicopedagogia, frente a uma queixa de di�culdade na aprendizagem, seja ela de caráter primário ou associada a distúrbios psico-neurológicos, é investigar como aquele sujeito, particular e único, interage com os objetos e realiza essa acomodação. Para tanto, faz uso de procedimentos para colher e analisar informações em busca de parâmetros para a compreensão do fenômeno. A matriz diagnóstica utilizada na elaboração dos procedimentos aqui descritos fundamentou-se na Epistemologia Convergente de Jorge Visca e em estudos sobre a aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática. A Epistemologia Convergente é uma teoria que agrega contribuições de três áreas do conhecimento: Psicologia Genética, Psicanálise e Psicologia Social (VISCA, 1994, p. 9 e 16). Nessa abordagem, o sujeito é visto como uma totalidade psicossomática, na qual, primeiramente existe um corpo (substrato biológico) inserido no mundo, que em interação com um objeto (ser maternante), desabrocha para uma consciência psíquica de si mesmo (eu psicológico - mente). Visca (1994, p.68) denomina esse pensar como um esquema referencial, e o vincula às teorias construtivista, estruturalista e interacionista. Construtivista, segundo o autor, porque tanto sujeito quanto conhecimento vão sendo construídos por etapas, a partir de sucessivas sínteses entre o que já se sabe e novas aquisições. Estruturalista, porque a construção que está surgindo é uma estrutura total, envolvendo a dimensão cognitiva e afetiva de forma interagente, frente aos desequilíbrios. E é interacionista, porque para se construir uma estrutura é necessário haver interação com o outro e com o meio. A aprendizagem ocorre na relação sujeito objeto, possuindo um aspecto cognitivo e um afetivo. Psicologia Genética é o nome dado à teoria nascida da investigação que Piaget empreendeu sobre a gênese da lógica no ser humano. Inicialmente era uma formulação epistemológica, mas buscando responder a sua questão de estudo, e não dispondo do homem pré-histórico para o intento, elegeu a criança como seu sujeito de pesquisa. Durante anos analisou e descreveu as primeiras aquisições lógicas na criança o que resultou na elaboração de uma teoria do desenvolvimento e uma concepção de aprendizagem (MORO, 2002, p.118). O próprio Piaget (1979, Apud COLL e MARTÍ, 2004, p. 45) de�nia sua epistemologia genética como a disciplina que estuda os mecanismos e os processos mediante os quais se passa “dos estados de menor conhecimento aosestados de conhecimento mais avançados”. Identi�cou na criança, três grandes estágios ou períodos evolutivos no desenvolvimento cognitivo: um estágio sensório motor, indo do nascimento até os 18-24 meses aproximadamente e culminando com a construção da primeira estrutura intelectual, o grupo dos deslocamentos; um estágio de inteligência representativa ou conceitual, dos 2 aos 10- 112 anos aproximadamente, que culmina com a construção das estruturas operatórias Leitura complementar concretas; e �nalmente, um estágio de operações formais, no qual se dá a construção das estruturas intelectuais próprias do raciocínio hipotético-dedutivo aos 15 ou 16 anos (COLL; MARTÍ, 2004, p.46). Nos anos 70, Barbel Inhelder, uma das colaboradoras de Piaget, organizou os procedimentos metodológicos utilizados por eles nas pesquisas clínicas e divulgou parte desse material com o título de provas piagetianas. A característica deste protocolo é seu caráter qualitativo distinto da psicometria que fornece dados quantitativos. Mais tarde, esse material passou a compor protocolos de avaliação psicopedagógica com o objetivo especí�co de identi�car o estágio do desenvolvimento cognitivo alcançado pelos sujeitos. (DOMAHIDYDAMI; BANKS-LEITE, 1992, p.118). As outras duas contribuições teóricas que compõem a Epistemologia Convergente são as advindas da Psicanálise, área que descreve o psiquismo humano e suas motivações inconscientes; e da Psicologia Social de Pichon-Rivière que analisa a in�uência de fatores sócio-culturais na conduta dos sujeitos (VISCA, 1994, p.15). Uma avaliação psicopedagógica, segundo o modelo da epistemologia convergente, fará uso de recursos diagnósticos provenientes dessas três áreas. O sujeito realizará atividades que forneçam subsídios a uma compreensão de seu desenvolvimento no que tange à cognição e vínculos afetivos estabelecidos com objetos e situações de aprendizagem. Visca (1994, p.68) considera três tipos de obstáculos à aprendizagem: epistêmico, epistemofílico e funcional. A interrupção ou lenti�cação no desenvolvimento cognitivo do sujeito, caracteriza o obstáculo epistêmico, e determina o nível de operatividade daquela pessoa. No obstáculo epistemológico, existe um vínculo inadequado com objetos e situações de aprendizagem, desencadeando um estado afetivo alterado que, segundo a teoria, pode se manifestar como uma ansiedade confusional, esquizo-paranóide e depressiva; agindo de forma predominante, alternada ou coexistente. Já o conceito de obstáculo funcional possui duas variantes: quando ainda não houve uma re�exão sobre um determinado problema ou setor da realidade por parte da teoria psicoanalítica ou piagetiana; ou mesmo se já o �zeram, não apresentaram instrumento especí�co de avaliação para o dito setor ou aspecto do real. Nesse caso, Visca (1991, p. 30; 1994, p.68) diz recorrer a instrumentos de �liação sensual-empirista, da psicometria tradicional; oposto aos princípios construtivista, estruturalista e interacionista adotados em sua teoria, mas que lhe fornecem como resultado, os obstáculos funcionais; e nesse contexto, tal resultado é considerado como uma hipótese diagnóstica auxiliar. A outra maneira de conceber um obstáculo funcional corresponderia às diferenças funcionais peculiares da cognição, frente a certas patologias e identi�cadas quando da aplicação do método clínico piagetiano. (VISCA, 1994, p.68-69; AJURIAGUERRA, 1992, p. 124). CONECTE-SE Práxis psicopedagógica – �liação teórica SILVA, Maria Luiza Quaresma Soares – CENEP-HC-UFPR O papel da psicopedagogia, frente a uma queixa de di�culdade na aprendizagem, seja ela de caráter primário ou associada a distúrbios psico-neurológicos, é investigar como aquele sujeito, particular e único, interage com os objetos e realiza essa acomodação. Para tanto, faz uso de procedimentos para colher e analisar informações em busca de parâmetros para a compreensão do fenômeno. A matriz diagnóstica utilizada na elaboração dos procedimentos aqui descritos fundamentou-se na Epistemologia Convergente de Jorge Visca e em estudos sobre a aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática. https://go.eadstock.com.br/ot Livro Filme Título. Primeiro Aluno Da Classe. • Ano. 2008. • Sinopse. Drama familiar inspirado na vida de Brad Cohen, um homem diagnosticado desde criança com Síndrome de Tourette, desordem neurológica caracterizada por tiques, reações rápidas, movimentos repentinos (espasmos) ou vocalizações que ocorrem repetidamente com considerável frequência. Esses tiques motores e vocais mudam constantemente de intensidade e não existem duas pessoas no mundo que apresentem os mesmos sintomas. Tele�lme produzido pelo Canal Hallmark que mostra de modo �el as di�culdades enfrentadas pelo sujeito em lidar com sua condição e alcançar seus sonhos. Uma grande história que fala de superação e do quanto as pessoas agem pela primeira impressão, movidas por preconceitos. https://go.eadstock.com.br/m3 Web No vídeo intitulado Avaliação Psicopedagógica, a psicopedagoga Daniela Janssen traz uma explicação bem dinâmica em relação às técnicas projetivas, sua aplicação e funções. https://go.eadstock.com.br/oY Unidade 2 Entrevista psicopedagógica AUTORIA Sonia Maria de Campos Introdução Prezado(a) aluno(a), abordaremos, nesta unidade, a entrevista psicopedagógica que são técnicas próprias da área da psicopedagogia, para uma ação preventiva e interventiva. Nesse momento, buscaremos analisar a entrevista, elencando as várias interferências que possam propiciar as problemáticas do indivíduo, bem como os aspectos éticos que são relevantes para a atuação do psicopedagogo. Com isso, no tópico 1 é abordado sobre a Introdução e embasamento teórico das técnicas de entrevista psicopedagógicas, que possui diferentes objetivos, dependendo de cada caso. E é por meio da análise das informações obtidas nesta etapa que o psicopedagogo terá contribuição para o planejamento dos demais processos, por isso é indispensável. No tópico 2 tratamos em relação aos Aspectos éticos implicados na relação entrevistador e entrevistado, que o pro�ssional de psicopedagogia deve dispor de organizações adequadas com técnicas de entrevistas, e ter a obrigação de se comportar e manter o sigilo, as responsabilidades com consciência de que tudo que é tratado em uma entrevistas e/ou no decorrer de todo o acompanhamento psicopedagógico deve ser mantido somente entre os interessados. No tópico 3 é feita uma compreensão da Entrevista familiar exploratória situacional e anamnese, é uma etapa de grande relevância, pois é neste momento que reside a possibilidade de o psicopedagogo compreender a queixa nas dimensões da escola e da família, por envolver uma análise da dinâmica de várias pessoas da família, socialmente e escolar que relaciona com o indivíduo analisado. No tópico 4 abordamos a Entrevista operativa centrada na aprendizagem (EOCA), que é usada como ponto inicial em todo processo de investigação diagnóstica das di�culdades de aprendizagem pelo psicopedagogo. Elaborada por Visca, com o objetivo de estudar as manifestações cognitivas e afetivas do comportamento do entrevistado em situação de aprendizagem. Com isso, vamos ter um desa�o importante: analisar os relatos mencionados na entrevista psicopedagógica, e buscar compreender as estruturadas a que se coloca em evidência o aprendizado ou não do indivíduo em análise. Então, vamos ao nosso desa�o! Bons estudos! Introdução e embasamento teórico das técnicas de entrevista psicopedagógicas AUTORIA Sonia Maria de Campos É relevante destacar que a atuação pro�ssional do psicopedagogo se apresenta como terapêutica, ou seja, terapia centrada nos processos de aprendizagem, e é recomendada a todos os públicos aprendentes: crianças, jovens ou na melhor idade. O psicopedagogo tem por missão compreender os mistérios presentes nas histórias da não aprendizagem do ser humano. Para isso, faz uso de diferentes instrumentos em busca de informações que destaquem as possíveisfraturas processuais entre o indivíduo e a aprendizagem, investigando a dinâmica dessa relação e entre todos os envolvidos nesse processo, entre eles a escola e a família. Diante das informações obtidas nesses meios, pode instrumentalizar as ações para um acompanhamento tanto dos educadores, como dos familiares na ressigni�cação da relação do aprendente com o aprender. Aqui podemos destacar a entrevista psicopedagógico, que é um dos instrumentos de grande importância para o psicopedagogo, é aplicada sempre no início do tratamento, se a pessoa for menor de idade é feito com os familiares primeiramente, e se for adulto é feito com ele mesmo e só após com os familiares. Assim, os testes se diferenciam, em geral, pela sua particularidade de analisar a aprendizagem humana, e ainda é preciso destacar que se trata geralmente de especi�cidade de uma atuação clínica. Para isso, é necessário compreender a natureza das relações do psicopedagogo com o paciente aprendente, que precisa: Figura 1 - Natureza das relações do terapeuta com o cliente Escutar Testemunhar Acolher Questionar Ser questionado e me questionar Perceber, aceitar, ultrapassar os limites do outro e seu próprio Adquirir consciência do modo de estar no mundo, dos limites e possibilidades Fonte: a autora. Vamos iniciar destacando a importância de compreender os testes por meio da escuta contextualizada do sujeito aprendiz, por meio de três etapas: ensino, aprendizagem e a família. Fernández (1990) entende por escuta-olhar psicopedagógicos em relação às atitudes e produções do paciente aprendente, sobre o material diagnóstico, que precisa constar a entrevista com os pais, a realização de testes, hora do brinquedo, momento lúdico, grá�cas, discurso verbal, gesto, o silêncio, entre outras observações que devem ser observadas pelo psicopedagogo e devidamente descritas em sua análise. É relevante compreender que a função de ouvir não é somente estar registrando tudo, mas que o psicopedagogo possa se colocar em uma posição de empatia; porém, ter a sensibilidade de não in�uenciar as narrativas pela explicitação de juízos de valor, nem tampouco auxiliar nas descrições de alguns fatos. É relevante que, caso haja esquecimento de algo, deixar que a própria pessoa relembre e discorra sobre e dê sequência dos fatos transmitidos, pois caso o psicopedagogo interferir no discurso do indivíduo analisado, pode anular a possibilidade de interpretar o discurso inconsciente. Então podemos dizer que o psicopedagogo neste momento é: “[...] alguém que com sua escuta outorga valor e sentido à palavra de quem fala, permitindo-lhe organizar (começar a entender-se) precisamente a partir de ser ouvido” (FERNÁNDEZ, 1990, p. 126). Para tanto, a escuta é uma característica do próprio ser humano que tem a necessidade de ouvir e ser ouvido. Na terapia psicopedagógica é preciso escutar as demandas dos pais, do aprendente e professores, e fazer uma análise nas entrelinhas do que não é expresso explicitamente no dia a dia, mas surge a partir dos diálogos entre o aprendente e o terapeuta da aprendizagem; entre o professor, os pais e psicopedagogo e outros pro�ssionais. Ou seja, Andersen (2002, p. 22) destaca a mesma preocupação quando a�rma: Escutar é ver. A pessoa que escuta (o terapeuta) e que segue aquela que fala (o cliente), não somente ouvindo a palavra, mas também vendo como elas são proferidas, notará que cada uma delas toma parte no movimento do corpo. As palavras faladas e a atividade do corpo vêm juntas, formando uma unidade. Outro aspecto é que o psicopedagogo deve testemunhar, que está ligado em autorizar, delegar ou dar poder legal a alguém (RAWAT, 2014). Como também o empoderamento, que pode relacionar com autonomia e autoria de pensamento, REFLITA É preciso que compreenda, caro(a) aluno(a), que estamos tratando de um recurso utilizado pelo psicopedagogo clínico, porém, a amplitude dessa área de estudos interdisciplinar permite que o psicopedagogo também utilize alguns desses testes no espaço institucional, desde que preservando a atitude clínica e o olhar analítico e entendendo que não se pode clinicar em ambientes institucionais (escola, hospitais, empresas entre outras). Fonte: Fernández (1990). que se constroem no momento em que o sujeito da aprendizagem identi�ca e verbaliza a origem de seu sucesso ou insucesso de maneira mais especí�ca ou, ainda, quando consegue, de modo espontâneo, rever sua produção e corrigi-la. Acolher, por sua vez, está relacionado ao conceito de “solicitude” ou à responsabilidade no que vai ocorrer com o outro e, simultaneamente, que ele mesmo tome parte neste destino (MEIRIEU, 2002). Posteriormente, questionar, que está ligado ao ato de perguntar, essa ação leva a diferentes formas de agir, pode auxiliar no esclarecimento para conhecer e possibilitar a construção de novos signi�cados. Ser questionado, por outro lado, e se questionar auxilia em expandir as possibilidades a diferentes vozes, descrições e diferentes alternativas na intervenção, desenvolvendo, com isso, uma maior quantidade e qualidade nos deslocamentos e/ou mudanças. Ainda, o psicopedagogo deve ter a postura de perceber, aceitar, ultrapassar os limites do outro e o seu próprio. É uma oportunidade terapêutica para a construção de novas descrições a partir de momentos que possibilitam reconhecer- se de modo incomum. Por �m, adquirir consciência do modo de estar no mundo, dos limites e possibilidades é um momento de quebra de paradigmas, pois é preciso que ocorra uma análise das concepções e crenças construídas, socialmente, a respeito da forma de estar no mundo (clichês). A terapia, então, é uma oportunidade para aprender a identi�car, analisar, descrever e nomear novas maneiras de estar no mundo e, assim, tomar consciência de outros modos para melhor viver e aprender. Para tanto, o psicopedagogo precisa ter um olhar cuidadoso, apurado, re�exivo e pesquisador para todas essas questões, para que possa exercer o seu papel adequadamente e satisfatoriamente. Ou seja, a terapia deve ter um olhar sistêmico, fundamental para a atuação nesta especi�cidade, por ser o terapeuta da aprendizagem, poderá construir e contribuir com os outros pro�ssionais; ampliar o seu fazer e facilitar processos, no meio educacional (GASPARIAN et al., 1998). Aspectos éticos implicados na relação entrevistador e entrevistado AUTORIA Sonia Maria de Campos Tem-se, desse modo, a expansão da atuação psicopedagógica, mas, por ser uma área nova e muito promissora na contemporaneidade, contempla várias dúvidas com relação ao campo de atuação e a prática no dia a dia. Por isso, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) elaborou alguns documentos que norteiam a atuação pro�ssional, entre eles, o Código de ética de Psicopedagogia, assunto abordado por nós neste momento. Para Naline (2004, p. 36), “ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Entendemos, dessa forma, que a ética é uma ciência que tem objeto, leis e método próprios. Essa palavra vem do latim ethica, tem seus fundamentos na �loso�a e não pode ser confundida com a moral, pois ética é a ciência dos costumes e moral é o objeto da ética. Ética é a ciência normativa dos comportamentos humanos (REALE, 1999, p. 134). A ética, porém, é diferente da moral, mesmo que sejam temas relacionados, mas são diferentes entre si. Moral se estabelece quando o sujeito obedece às normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos; a ética, por sua vez, tem sua essência fundamentada no modo de viver pelo pensamento humano (SÁ, 2013). Segundo Cortella (2010, p. 106), “A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na vida junta. Portanto, a ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de decidir, julgar, avaliar”. Considera-se, então, que ética é um conjunto de princípios que conduzem e orientam o homem à ação moralmente correta. As pro�ssões também são regidas por normas e regrasespecí�cas. Há, por exemplo, a ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética pro�ssional abrange todos os setores pro�ssionais da sociedade e tem como objetivo interrogar mais amplamente o papel social da pro�ssão, sua responsabilidade, função, e atitude frente a riscos e ao meio (MICHAELIS, 2018). Para Sá (2013, p. 167), Um complexo de deveres envolve a vida pro�ssional sobre os ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho, onde esses deveres passam a governar a vida do indivíduo perante seu cliente, seu grupo, colegas, a sociedade e perante sua própria conformação mental e espiritual. Diante disso, ter ética pro�ssional é cumprir com todas as atividades e obrigações estabelecidas à pro�ssão; são princípios indispensáveis para manter uma sociedade organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra seu papel na sociedade. Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é o código de ética pro�ssional, conheceremos um pouco mais sobre o código de ética do pro�ssional de psicopedagogia. Ao tomar como referência o século XXI, é pertinente que o futuro pro�ssional em psicopedagogia tenha como objetivo o desenvolvimento harmonioso do ser humano e da consciência do signi�cado de sua ação no contexto em que age. É preciso, também, buscar constantemente a consciência das suas funções na situação de aprendizagem. Para isso, é necessário que questione o signi�cado das suas ações e observe se elas constituem um possível caminho para salvaguardar que o aprendiz não se perca e desanime em um fazer automático e sem sentido de vida. No que diz respeito a sua ética, esta deve ser baseada em um conjunto de regras de conduta moral e deontológica que norteiam os pro�ssionais da área. Essas regras estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), em 1996, sendo reformulado e aprovado em assembleia geral em 5 de novembro de 2011. Segundo a ABPp (2019), o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar parâmetros que norteiam a pro�ssão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do pro�ssional, estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a evolução que ocorre em meio à sociedade, o código de ética também passou por mudanças. O Código de Ética do Psicopedagogo regulamenta as situações apresentadas na Figura 2. Figura 2 - Situações regulamentadas pelo Código de Ética do Psicopedagogo Princípios da psicopedagogia; Formação do psicopedagogo; Exercício das atividades psicopedagógicas Responsabilidades; Instrumentos; Publicações científicas; Publicidade profissional; Honorários; Disposições gerais; Fonte: a autora. O Artigo 16 indica que cabe ao psicopedagogo cumprir o código, pois, conforme consta no mesmo Artigo, em seu parágrafo único: Parágrafo único - Constitui infração ética: a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua; b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas psicopedagógicas; c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática psicopedagógica; d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si; e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado; f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por terceiros, ou solicitar que outros pro�ssionais assinem seus procedimentos (ABPP, 2019, s.p.). Logo, no exercício da pro�ssão, o psicopedagogo, investido de adequada formação, não pode cobrar honorários de serviços não realizados, nem assinar procedimentos psicopedagógicos que não tenha pessoalmente executado. O psicopedagogo não pode perder de vista que o objetivo de seu trabalho é a aprendizagem em todas as suas nuances. O Código de Ética do Psicopedagogo, no Capítulo I, composto de quatro artigos, dispõe sobre os princípios que regem a pro�ssão. Averiguemos, cada um deles: Artigo 1º A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. Parágrafo 1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas di�culdades. Parágrafo 2º A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico. Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção (ABPP, 2019, s.p.). Dessa forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área da educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os fatores que interferem nesse processo. O Artigo 3ª do Código de Ética do Psicopedagogo estabelece os objetivos do trabalho do psicopedagogo: a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; b) compreender e propor ações frente às di�culdades de aprendizagem; c) realizar pesquisas cientí�cas no campo da Psicopedagogia; d) mediar con�itos relacionados aos processos de aprendizagem (ABPP, 2019, s.p.). Como é possível perceber, a aprendizagem é o objeto de estudo da psicopedagogia e, por isso, é um fator a ser considerado nas atividades psicopedagógicas, no que se refere à proposição de ações e à mediação de con�itos correlacionados. Um objetivo que, também, merece atenção concerne ao fato de o psicopedagogo também atuar como pesquisador. O Artigo 4º do Código de Ética do Psicopedagogo ressalta o envolvimento do deste, juntamente com outros pro�ssionais, em projetos nas áreas da educação e saúde: “O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, re�etir e elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas” (ABPP, 2019, s.p.). O Capítulo II do Código de Ética do Psicopedagogo diz respeito à formação pro�ssional, que deve ocorrer em curso de graduação e/ou em curso de pós- graduação, especialização lato sensu em Psicopedagogia, ministrados em estabelecimentos de ensino, devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de acordo com a legislação em vigor. Assim, somente podem exercer a pro�ssão de psicopedagogo os pro�ssionais com graduação na área ou portadores de certi�cados de pós-graduação expedidos por instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação. O Capítulo IV do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu Artigo 11, estabelece as responsabilidades a serem assumidas pelo pro�ssional da psicopedagogia: Artigo 11 São deveres do psicopedagogo: a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos cientí�cos e técnicos que tratem da aprendizagem humana; b) desenvolver e manter relações pro�ssionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros pro�ssionais; c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica; d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer de�nição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente; f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; g) manter o respeito e a dignidade na relação pro�ssional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público (ABPP, 2019, s.p.). São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, envolvem formação continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de só prestar atendimento quando se sentir apto, zelar pelo nome da pro�ssão, entre outros. O Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10, cuida doexercício das atividades do psicopedagogo: Artigo 6º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os pro�ssionais graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os pro�ssionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. Parágrafo 1º O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste Código de Ética. Parágrafo 2º Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus responsáveis legais e o pro�ssional, a �m de que: a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e tempo despendido; b) assegurem a qualidade dos serviços prestados (ABPP, 2019, s.p.). Esse artigo, mais uma vez, rea�rma que, para exercer a pro�ssão de psicopedagogo, é necessário ser graduado na área ou ter curso de pós-graduação (lato sensu) em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação. Recomenda-se, ainda, que o psicopedagogo faça terapia. Determina, também, que a divulgação dos trabalhos deve ser elaborada conforme as normas difundidas pela ABPp, assim como os honorários devem ser combinados previamente, a �m de que ninguém se sinta lesado. Um dos pontos de�nidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo pro�ssional, ou seja, o pro�ssional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos sujeitos. Ressalta, entretanto, em seu Artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a respeitar o sigilo pro�ssional; proteger a con�dencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e não revelar fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento. Dessa forma, destaca-se a importância de conhecer o código de ética e suas regulamentações, pois elas apresentam com propósito os parâmetros que os pro�ssionais devem seguir. Vale lembrar que existem vários códigos de ética em meio a tantas pro�ssões e todos possuem o mesmo propósito: conduzir a boa conduta do pro�ssional e do cidadão. Desse modo, é relevante a necessidade que o psicopedagogo busque pela sua quali�cação e que possa realizar seu trabalho, com conhecimentos práticos e teóricos, com um nível de olhar e escuta psicopedagógica coerente. Não se esquecer, também, da sua postura ética e pro�ssionalismo. SAIBA MAIS Ser ético é se manter dentro das normas e regras que fundamentam sua pro�ssão dentro e fora do ambiente de trabalho. Por isso, �que atento às mudanças que ocorrem nas normativas do código de ética de sua pro�ssão, para que não ocorra infrações. Fonte: Goldim Junior (2006). Entrevista familiar exploratória situacional e anamnese AUTORIA Sonia Maria de Campos Caro(a) aluno(a), o processo e instrumentos utilizados durante o diagnóstico psicopedagógico são relevantes por levantar hipóteses e auxiliar na identi�cação das causas da não aprendizagem e seu signi�cado. Com isso, não há uma sequência engessada para os passos do diagnóstico psicopedagógico, e nem um número de�nido de sessões para tal. A ordem e a quantidade de testes dependem do vínculo e das necessidades do paciente. Mas, precisamos de um norte, não é mesmo? Com isso, para dar início ao diagnóstico psicopedagógico são utilizados os seguintes processos e instrumentos: A entrevista é feita com a criança e a família, preferencialmente separados um do outro, ou seja, um entrevista com a criança somente e outra com seus familiares, que pode ser realizada com o objetivo de abordar assuntos relacionados às expectativas, qual o motivo da procura do psicopedagogo e/ou a queixa no meio familiar, como se dá a relação e a expectativas dos familiares com relação à aprendizagem e ações terapêuticas psicopedagógicas; a aceitação e engajamento Tabela 1 – Processos e instrumentos para diagnóstico psicopedagógico Motivo da consulta; Enquadre com o paciente; Hora do jogo; História vital; Provas projetivas psicopedagógicas; Provas operatórias psicopedagógicas; Avaliação da Lecto-escrita; Avaliação do pensamento lógico-matemático; Avaliação do corpo e movimento; Hipótese diagnóstica. Fonte: a autora. da família no diagnóstico; deixar claro o que é um diagnóstico psicopedagógico; organizar um momento acolhedor e com um clima de segurança, atrativo (lúdico) que poderá auxiliar no retorno em se tratando de criança. É também durante a entrevista familiar exploratória situacional (EFES) que o psicopedagogo determinará o registro juntamente aos familiares ou responsáveis sobre os horários, quantidades de sessões e a importância da frequência. Outro aspecto importante que Guimarães, Rodrigues e Ciasca (2003) levantam é que na primeira consulta o psicopedagogo deve �car atento, pois nem sempre a queixa trazida pelos familiares vai descrever o sintoma. Com isso, a família é relevante neste processo, como já vimos, para que se possa compreender o motivo que está levando a procura dos conhecimentos psicopedagógicos, e é uma oportunidade de estabelecer hipóteses sobre aspectos importantes no diagnóstico dos problemas de aprendizagem, e por ser o primeiro contato que o psicopedagogo tem com a família, como também a oportunidade de acolhimento dos familiares e de transmitir segurança perante como serão os próximos atendimentos, sendo assim necessário um enquadre com a família e outro com o aprendente. Na EFES o psicopedagogo precisa adotar os procedimentos de metodologia ou modus operandi do trabalho clínico, e utilizar a entrevista e anamnese, provas psicomotoras, de linguagem, de nível mental, pedagógicas, de percepção, projetivas, entre outras que julgar necessárias. Na entrevista o psicopedagogo poderá identi�car o problema que ocorre na queixa que o professor, familiar ou o próprio sujeito levantou. Depois, deve buscar os conhecimentos de todo o entorno do sujeito para melhor compreender a queixa. Colher dados: por meio de observação, entrevista, questionários, entre outros, que pode ser para a avaliação da produção escolar, veri�car os vínculos com os objetivos de aprendizagem escolar. Neste primeiro encontro devemos fazer com que os pais sintam-se protegidos, acolhidos, pois se perceberem uma boa escuta, não crítica, terão o espaço de con�ança necessário e terapêutico. O psicopedagogo não julga se foram bons pais, e sim vai favorecer a expressão, criando um clima de afetividade e compreensão. Ainda que os pais procurem ajuda, é previsível que apareçam obstáculos e resistência a nossa ação. Vamos encontrar ocultamento, engano, sedução e desautorização em relação a nós, justamente para evitar que contatemos com o que nos foi ocultado, enganado, seduzido ou desautorizado. Tais atitudes devem ser tomadas como elementos que vão servir para poder entender o problema de aprendizagem da criança e não nos deixar atingir pela agressão que elas contêm (FERNANDEZ, 1991, p. 145-146). Então, podemos entender que a EFES é um instrumento de grande relevância para a coleta de dados, ela viabiliza a compreensão da queixa, tanto aos anseios da escola como da família. É o momento que o psicopedagogo recolhe informações acerca das relações e expectativas familiares, tendo em vista a aprendizagem escolar do aprendente (WEISS, 2004). Para Oliveira (2017), essa descrição coloca a família como intermediária de um sistema social mais amplo, e deve levar em consideração as transformações da sociedade contemporânea, em que a família precisa ajustar normas e valores, tornando de maior importância a sua função psicossocial, pois é no meio familiar que se inicia os ajustes necessários no ser humano. Após realizados todos os testes e provas, é o momento da realização da Anamnese, que consiste em uma entrevista mais especí�ca que a EFES. É uma entrevista feita com os pais ou com toda a família para entender as relações familiares
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