Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI Núbia Parreira Dorneles O Bioma Amazônia e os desmatamentos Caldas Novas - GO 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI Núbia Parreira Dorneles O Bioma Amazônia e os desmatamentos Caldas Novas 2021 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em Biologia. O BIOMA AMAZÔNIA E OS DESMATAMENTOS Autor1, Núbia Parreira Dorneles Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). RESUMO A Amazônia Legal abriga todo o bioma Amazônico brasileiro, além de 20% do bioma Cerrado e parte do Pantanal matogrossesense. Detêm também 10% de toda a biodiversidade, ambos são alvos de muito interesse ambiental, social e econômico por parte de muitos; especialmente diante de uma crescente demanda mundial por alimentos e água potável. Apesar da importância da Amazônia os processos predatórios seguem o seu curso, exigindo ações rápidas e efetivas por parte dos governantes, o que deu início a uma grande operação de salvaguarda das nossas riquezas naturais. Objetivando identificar os principais agentes causadores dos desmatamentos foram identificadas as seguintes atividades econômicas: a agricultura, a pecuária e as madeireiras, instigadas pela indústria moveleira. Essa problemática exigiu do atual governo federal uma efetiva presença na repressão dos crimes, investimentos em tecnologias de monitoramento e uma recente tentativa de convergência para um o novo modelo bioeconômico, com a política internacional de venda de créditos de carbono. A análise dos dados possibilitou a percepção de que essas políticas governamentais foram aplicadas de forma potencialmente exitosa, logrando considerável êxito na repressão dos crimes ambientais. Apesar de ser pouco perceptível, diante de tanta destruição, provou-se ser possível interromper a destruição da Amazônia, bastando haver a aplicação de gestão, estratégia, inteligência e vontade política; o que demonstra a necessidade de aperfeiçoamento e continuidade das ações, para que seja possível sonharmos, o mais próximo possível com o estado de “desmatamento zero”. 1 Nubiapd1@hotmail.com https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28783-o-que-e-a-amazonia-legal/dicionario-ambiental/28602-o-que-e-o-bioma-cerrado https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28783-o-que-e-a-amazonia-legal/dicionario-ambiental/28612-o-que-e-o-bioma-pantanal PALAVRAS-CHAVE: DESMATAMENTO ZERO. BIOMA AMAZÔNICO. PRESERVAÇÃO. BIOECONOMIA. AGENTES CAUSADORES. INTRODUÇÃO Na primeira década do século XXI o desmatamento tinha diminuído significativamente na Amazônia brasileira, todavia, calcula-se que 20% da cobertura original da floresta amazônica tenha sido desflorestada em um curto período. Com uma vasta biodiversidade ainda pouco conhecida corremos o risco de não conhecermos todas as espécies de plantas e animais do bioma amazônico, o que nos levou à missão de descobrir os principais motivos desses desmatamentos e as possíveis soluções. De acordo com dados do Instituto Socioambiental (Isa), nos dois primeiros meses de 2019 a destruição da vegetação nativa na bacia do rio Xingu atingiu 8 500 hectares de floresta, o equivalente a 10 milhões de árvores, superando em 54% o desmatamento no mesmo período de 2018. Os ambientalistas estão preocupados com a perda de biodiversidade resultante da destruição da floresta e com a emissão de carbono, afirmando que tal evento pode acelerar o aquecimento global. Outros ainda mais pessimistas apresentam a floresta amazônica como o pulmão do mundo, o que não é correto, uma vez que o fenômeno da evapotranspiração e os rios voadores limitam a área de atuação da sua função ambiental apenas ao clima sul-americano, especialmente, no equilíbrio climático do Brasil, do Uruguai, do Paraguai e da Argentina. (CORREIA et al. 2007; NOBRE et al. 2009ª; ARTAXO et al. 2014). Os ambientalistas afirmam que a vegetação do ecossistema amazônico detém cerca de 10% das reservas de carbono do mundo, e que o desmatamento da floresta poderá levar à redução das chuvas e ao aumento da temperatura, o que é demasiadamente grave. Por outro lado, em meio a tantos dados realmente temerosos e narrativas políticas de caráter até mesmo internacional, o que não se diz em alto e bom tom é que a “Amazônia Legal” é um patrimônio de soberania exclusivamente brasileira, e que se devidamente comparado aos demais países, especialmente os desenvolvidos, o Brasil tem conservado as suas florestas; o que enseja da nossa parte maior esclarecimento à comunidade internacional, a fim de desmistificar erros já consagrados, como a questão da produção do oxigênio. https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Socioambiental https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Xingu Para tal, serão demonstradas as ações positivas de enfrentamento a essas problemáticas. O maior problema do Bioma Amazônia é justamente a sua devastação, agravada por seu incomparável tamanho, uma vez que se estende do oceano Atlântico até às encostas orientais da Cordilheira dos Andes, o que dificulta bastante o seu monitoramente via presença humana. Para se ter uma breve noção da sua imensidão, a Amazônia está presente em nove países da América do Sul e em nove estados brasileiros. Somente no Brasil ela ocupa 61% (8.510.295,914 km²) do seu território, o que corresponde à ocupação da “Amazônia Legal”, objeto principal do nosso estudo. Os nove estados que compõem a Amazônia Legal são: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Por fim, o objetivo principal é explicitar o verdadeiro papel da Amazônia no contexto global e determinar as principais causas dos seus desmatamentos, para então vislumbrar respostas a esses problemas. O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), vem reportando, mês a mês, o ritmo de degradação e desmatamento da região amazônica. Segundo os dados desses satélites a maioria dos desmatamentos ocorrem em “áreas privadas. Uma vez identificada a participação dessas atividades econômicas na degradação histórica da Amazônia, resta repensar a sua relação com a natureza, atribuindo gravíssima responsabilização. Importa perguntar o que essas atividades têm proporcionado de riqueza e qualidade de vida para as populações locais, especialmente no Amazonas, uma vez que elas continuam detentoras dos piores índices sociais e econômicos de todo o país. Se décadas de exploração não trouxeram mudanças significativas para essas regiões, é sensato questionar a manutenção das mesmas nesse modelo econômico destrutivo. Apesar dos problemas relacionados às tecnologias de monitoramento via satélites, como imprecisões e ausências de algumas informações, elas são a melhor resposta para a detecção de desmatamentos e incêndios, exercendo importante papel na orientação (georeferência) de atividades de fiscalização e repressãoaos crimes ambientais, uma vez que essas tecnologias são capazes de determinar o tamanho das áreas desmatadas no perímetro da Amazônia Legal. Dito isso, vale a pena reconhecer a atuação positiva do governo federal que investiu cerca de 300 milhões de reais em seu mais novo e modero satélite, que somadas as ações de fiscalização vem obtendo grandes resultados. Objetivos gerais e específicos. Este artigo objetiva apresentar aspectos relevantes que caracterizam a Amazônia Legal, desde a sua função ambiental até à problemática do seu desflorestamento. Para tal, se faz necessário apontar os principais agentes causadores (pecuária, agricultura e a extração da madeira) e as nefastas consequências do seu modelo de exploração. Enquanto objetivos específicos pretende-se demonstrar possíveis caminhos para a sua correção, a tentativa de chegar o mais próximo possível do desmatamento zero. Justificativa Além dos mais evidentes motivos que justificam a preservação de toda a natureza, como a própria garantia da subsistência da vida selvagem e humana, esse artigo justifica- se a partir do momento em que desenvolvemos a consciência crítica das nossas ações, Quando concluímos ser inconcebível admitir que uma nação, um país tão rico, seja ao mesmo tempo, tão pobre e tão desigual e, paradoxalmente, tão selvagem e irracional ao ponto de destruir suas finitas riquezas como se delas não dependesse para existir. Metodologia Utilizando a metodologia com caráter de revisão bibliográfica foram coletas informações em artigos científicos, dissertações, teses, livros, legislações, sites institucionais e acadêmicos, além de publicações do próprio governo federal, o que possibilitou uma revisão crítica e atualizada do tema. Importa mencionar a dificuldade em encontrar publicações acadêmicas recentes, especialmente artigos e estudos publicados em língua portuguesa, o que resultou também na leitura de material acadêmico de estrangeiros e até mesmo de autores brasileiros, porém, publicado em língua inglesa. Divisão do trabalho O artigo divide-se em três capítulos, além do capítulo conclusivo. O primeiro capítulo busca apresentar e desmistificar a Amazônia Legal dentro de um contexto mais atual, contemporâneo, sem aprofundar a história da gênese da sua ocupação. Após apresentar as suas particularidades, sua incomparável biodiversidade e a sua função ambiental, em esfera global, será demonstrado os perigos da sua exploração predatória. O segundo capítulo introduz uma análise das causas do desmatamento, nas ações da pecuária, da agricultura e das madeireiras. O terceiro capítulo busca apresentar, de forma breve, possíveis soluções. DESENVOLVIMENTO A partir da revisão bibliográfica foi possível identificar verdades e mitos quanto à Amazônia, especialmente quanto à sua “função ambiental”, questões tais como a questão da produção de oxigênio em escala global, motivo esse que se justifica adentrar questões consideradas polêmicas. A função ambiental: os rios voadores e o controle climático As florestas são de grande importância para conter a velocidade das mudanças climáticas em todo o mundo. No caso da floresta amazônica, ela reduz a variação da temperatura junto ao Equador, atuando como um aparelho de ar condicionado, tornando possível a prática da agricultura e outras atividades econômicas. Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia. Estudos promovidos pelo INPA já mostraram que além da vegetação e da sombra das árvores protegerem contra o fogo, apenas uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia. Uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, por exemplo, pode evapotranspirar bem mais de 1.000 litros por dia. Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, https://agropos.com.br/estacoes-climaticas/ e propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis carregam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Recursos Hídricos A região Amazônica também concentra 20% da água doce do planeta, uma riqueza subdimensionada na ordem de US$ 2,0 quatrilhões, apenas levando em conta o valor estimado de suas “reservas de água subterrânea”, aproximadamente 1.344.201,7 quilômetros quadrados de aquíferos porosos (dado de junho de 2011) existentes. Biodiversidade e Biotecnologia Embora cobrindo apenas 7% da superfície terrestre, a floresta Amazônica contém mais da metade da biodiversidade do mundo, abrigando uma infinidade de espécies vegetais e animais. Até o momento foram catalogadas pelo menos 40.000 espécies de plantas, 3.000 de peixes, 1.294 aves, 427 mamíferos, 428 anfíbios e 378 répteis. Um estudo feito pela WWF e o Instituto Mamirauá, relatou que 381 novas espécies foram encontradas entre 2014 e 2015. A precificação da Amazônia Além da água, a Amazônia tem reservas de petróleo, gás, ferro, alumínio, manganês, silvinita e outros minerais que, juntas, podem chegar ou até ultrapassar a casa dos US$ 20 trilhões, valor subestimado e teoricamente imensurável, uma vez que não há vida sem água. Este potencial econômico é equivalente à somatória dos Produtos Internos Brutos de grandes potências econômicas, tais como: Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Índia, Rússia e Canadá. (SILVA et al., 1995; ZIMMERMAN; KORMOS, 2012) A polêmica À medida que as notícias sobre os incêndios na Amazônia circulavam o mundo, falsas notícias eram amplamente divulgadas por grandes noticiários (CNN, ABC https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2019/08/tragedia-amazonia-pegando-fogo-bolsonaro-recordes-desmatamento-fumaca-impacto https://www.cnn.com/2019/08/21/americas/amazon-rainforest-fire-intl-hnk-trnd/index.html https://abcnews.go.com/International/natgeo-explorer-calls-expansive-fires-amazon-rainforest-heart/story?id=65120524 News, Sky News, e outras) que equivocadamente divulgavam que a Amazônia produzia 20% do oxigênio do mundo. Notórios políticos e celebridades, como o presidente francês Emmanuel Macron, a senadora americana Kamala Harris, e o ator Leonardo di Caprio, também replicavam essa falsa afirmação. A pior afirmação advém da falsa concepção de que a floresta amazônica é o “pulmão do mundo”. Como vários cientistas apontam a contribuição real da Amazônia para o oxigênio que respiramos provavelmente gira em torno de “zero”. Na verdade, o oxigênio que respiramos é o legado do fitoplâncton dos oceanos que há bilhões de anos acumula constantemente o oxigênio que tornou a atmosfera respirável, explica Scott Denning, cientista atmosférico da Colorado State University. As queimadas Toda a grandeza Amazônica, entretanto, não é páreo à ação humana, cujos danos causados são muitas vezes irreversíveis. Dos tempos do Brasil Colônia até 1970, o desmatamento não passava de 1% de toda a floresta. Desde então, em apenas 40 anos, o número saltou para 17% – uma área equivalente aos territórios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O desmatamento na região representa hoje a liberação de 200 milhões de toneladas de carbono por ano. Segundo Almeida apaud Carpanezzi et al (1990), áreas degradas consistem no ambiente que após sofrer distúrbios, perde a vegetação e os meios de regeneração biótica. Portanto, podem apresentar baixa resiliência, necessitando da ação antrópica. Para Reis et al (1999), área degradada é: “Uma determinada área que sofreu impacto de forma a impedir, ou diminuir drasticamente sua capacidade de “retornar” ao estado original, através de seus meios naturais.” Histórico do desmatamento no Brasil https://abcnews.go.com/International/natgeo-explorer-calls-expansive-fires-amazon-rainforest-heart/story?id=65120524https://news.sky.com/story/the-renewed-battle-over-brazils-rainforests-11779465 https://twitter.com/EmmanuelMacron/status/1164617008962527232 https://twitter.com/KamalaHarris/status/1165070218009489408 https://www.newsweek.com/leonardo-dicaprio-helps-raise-5-million-amazon-fires-celebrities-call-action-1456200 https://www.newsweek.com/leonardo-dicaprio-helps-raise-5-million-amazon-fires-celebrities-call-action-1456200 https://www.nationalgeographic.org/activity/save-the-plankton-breathe-freely/?ar_a=1 https://theconversation.com/amazon-fires-are-destructive-but-they-arent-depleting-earths-oxygen-supply-122369?utm_source=twitter&utm_medium=twitterbutton https://theconversation.com/amazon-fires-are-destructive-but-they-arent-depleting-earths-oxygen-supply-122369?utm_source=twitter&utm_medium=twitterbutton https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia Segundo o Relatório Anual do Desmatamento do Brasil – 2019, a área desmatada no Brasil em 2019 equivale a oito cidades de São Paulo. Esse relatório inédito, do MapBiomas, consolida dados de desmatamento em todos os biomas brasileiros e aponta perda de ao menos 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa. Segundo o relatório, mais de 60% da área desmatada está na Amazônia, com 770 mil hectares devastados. O segundo bioma em que mais houve perda foi o Cerrado, 408,6 mil hectares. Bem atrás estão: Pantanal (16,5 mil ha), Caatinga (12,1 mil ha), Mata Atlântica (10,6 mil ha) e Pampa (642 ha). Segundo o World Resources Institute, em matéria publicada pelo Jornal The New York Times, em abril de 2021, entitulada “Tropical Forest Destruction Accelerated in 2020” (Destruição da floresta tropical acelera em 2020), a derrubada de florestas em todo o mundo, no ano passado, lançaram 2,5 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono na atmosfera, duas vezes mais do que é expelido pelos carros nos Estados Unidos a cada ano. Infelizmente, o Brasil lidera o ranking de desflorestamento, com a maior parte dessas árvores derrubadas na região da Amazônia Legal, além de aumento significativo no Pantanal. Apesar da desaceleração econômica global causada pela pandemia da COVID 19, que reduziu a demanda por algumas commodities que estimularam o desmatamento no passado, em 2020 foi detectado um aumento de 12%, o que corresponde a uma área do tamanho da Suíça. Esses incêndios na região aumentaram o desmatamento em torno de 16 vezes, quando comparados com 2019. “Ainda estamos perdendo floresta primária em uma taxa inaceitável”, disse Rod Taylor, diretor global do programa florestal do instituto. “Um aumento de 12%, ano após ano, é muito quando a tendência deveria ser de queda.” A exploração madeireira A região Amazônica é uma das maiores produtoras de madeira tropical do mundo, já utilizando 350 espécies de árvores para fins comerciais. A falta de planejamento nas atividades de exploração gera um desperdício de cerca de 60% nas serrarias. A exploração racional não esgota o recurso, reduz desperdícios e, comparada a agropecuária extensiva, gera o dobro de empregos e paga salário quatro vezes maior. A Certificação Florestal, mecanismo que assegura ao consumidor que determinado produto provém de áreas bem manejadas, incentiva a exploração madeireira de impacto reduzido, a qualificação da mão de obra, traz benefícios sociais e aumento o retorno econômico da atividade. Extrativismo Cerca de 25,5 milhões de pessoas (entre populações tradicionais e familiares) no Brasil vivem na região amazônica ou na/da floresta. Na Amazônia, a extração de produtos não-madeireiros (óleos, resinas, ervas, frutos e borracha) contribui economicamente para a vida de 400 mil famílias de extrativistas. Então, não basta proibir, fiscalizar e punir, é preciso criar estratégias de convivência e desenvolvimento sustentável, gerando riqueza, qualidade de vida e proteção ambiental. Pecuária A pecuária é a responsável por aproximadamente “80% do desmatamento da região amazônica” e seus impactos são discutidos em várias esferas. A cada 10 hectares, 6 viram áreas de pasto, onde é colocado umas espécies de gramíneas, (capim) para introduzir o gado. O retorno econômico da pecuária extensiva na Amazônia é de apenas 4%, contra a exploração madeireira de manejo sustentável com desempenho de 71%. Além disto, a relação tributária potencial do setor madeireiro, em relação à pecuária extensiva, é de 8 para 1. Se o caráter extensivo fosse substituído pelo intensivo, com manejo sustentável dos solos, a pecuária poderia continuar crescendo e as pastagens atuais suportariam o dobro do rebanho, sem a necessidade de aberturas de novas áreas. A agricultura O incentivo à atividade agrícola em certas regiões da Amazônia é questionável. O retorno econômico da agricultura extensiva é de 10%, contra 71% da exploração madeireira de manejo sustentável. Grande parte da agricultura familiar na Amazônia, pobre em recursos e tecnologia, persiste baseado nos nutrientes advindos da floresta convertidos através do secular sistema de corte-e-queima. A intensificação da agricultura e a recuperação de áreas abandonadas em certas regiões diminuiria a pressão sobre as florestas. As propriedades agrícolas da Amazônia Legal devem obedecer às normas estabelecidas no Novo Código Florestal (Lei 12.727/2012), que estabelece a manutenção de 80% da cobertura florestal para a Área de Reserva Legal. Em cada 10 hectares, apenas 1 é para desenvolvimento da atividade agrícola. A maior produção da região gira em torno da soja, que já se tornou uma cultura no território brasileiro, (MACEDO e NOGUEIRA, 2005). O maior estado produtor de soja é o Estado do Mato Grosso, e é o segundo estado que mais desmata as áreas de floresta amazônica, o primeiro estado é o Pará; houve um aumento de 31% no desmatamento dessa região entre agosto de 2019 e julho de 2020, em relação ao período anterior que é de 2018 a 2019. O que dizem os satélites? Desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) produz estimativas anuais das taxas de desflorestamento da Amazônia Legal. Atualmente quatro sistemas monitoram o território, cada um com uma função diferente. O PRODES - Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite utiliza imagens do satélite americano Landsat, que produz estimativas anuais das taxas de desflorestamento da Amazônia Legal. O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que realiza o monitoramento através de vários satélites, desde 2008, pelo Imazon (Um instituto nacional de pesquisa, sem fins lucrativos) vem reportando, mês a mês, o ritmo de degradação e desmatamento da região amazônica. Em março de 2021, o SAD detectou 810 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 216% em relação a março de 2020, quando o desmatamento somou 256 quilômetros quadrados. O desmatamento detectado em março de 2021 ocorreu no Pará (35%), Mato Grosso (25%), Amazonas (12%), Rondônia (11%), Roraima (8%), Maranhão (6%), Acre (2%) e Tocantins (1%). Gráfico 1 - Alertas de Desmatamento (Amazônia Legal) Fonte: DETER-Inpe (2020) Tabela 1 – Taxa de desmatamento de 2004 até 2020. Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Gráfico 2 - Desmatamento de fevereiro a julho de 2020 Período de 01/02/2020 a 30/07/2020, somente em 4 áreas prioritárias definidas pelo Ibama. Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. DETEX – Detecção de Exploração Seletiva. Vigia áreas de manejo florestal, apontando se a exploração de madeira está de acordo com o que foi autorizado pelos órgãos ambientais. Infográfico 1- Sistema de alerta de desmatamento de abril de 2020 Fonte: Relatório Imazon – Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) Há também o Amazonia-1, primeiro satélite de observação da Terra completamenteprojetado, integrado, testado e operado pelo Brasil. Ele foi lançado em 28 de fevereiro de 2021, a bordo do foguete indiano PSLV-C51, a partir do Centro Espacial Satish Dhawan (SHAR), em Sriharikota, na Índia. O lançamento ocorreu após aproximadamente 13 anos de desenvolvimento do projeto. A grande novidade é que o Amazônia-1 viajará a uma velocidade de quase 27.000 km/h, o que lhe permitirá levar apenas 100 minutos para dar uma volta na Terra, com a capacidade de gerar imagens de qualquer ponto do planeta “a cada 5 dias”; fazendo uma varredura da nossa superfície, dos biomas terrestres e marítimos. “Ele será usado para monitorar o desmatamento, principalmente na região amazônica, a agricultura, e poderá receber demandas para verificar situações ambientais específicas”, explica Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Ações positivas do governo federal São inúmeras ações positivas adotadas pelo governo federal, todavia, não há como mencionar todas, apenas algumas de maior destaque, tais como: a reativação do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), formado por 14 ministérios; a criação da Operação Brasil Verde 1 e 2; a criação do Programa Brasil M.A.I.S. (Meio Ambiente Integrado e Seguro); a instalação de 30 bases militares avançadas (com 150 viaturas, 71 embarcações e 15 aeronaves e 7.000 militares) combatendo queimadas e reprimindo desmatamentos e garimpos ilegais na Amazônia Legal; o lançamento do mais novo satélite brasileiro e as investidas do Brasil em vender crédito de carbono e atrair investimentos para o setor do meio ambiente. Do início da operação até janeiro deste ano, foram apreendidos 331 mil m³ de madeira, 1.699 embarcações, 326 tratores e 20 aviões/helicópteros, resultando na aplicação de 4.842 multas e totalizando o valor de 3,33 bilhões de reais. Infográfico 1 – Operação VERDEBRASIL2 Fonte: Ministério da defesa. CONCLUSÃO É inegável haver a existência de acalorados embates ideológicos motivados por interesses políticos e econômicos em torno da Amazônia, especialmente em torno da Amazônia Legal, em questionáveis esforços de políticos nacionais e de governos estrangeiros. Todavia, a Amazônia não pode esperar, é preciso preservá-la antes que tenhamos outro desastre ambiental, como no caso do Pantanal. Podemos acabar condenando à extinção espécies ainda desconhecidas, especialmente quando conhecemos apenas 20% dos ecossistemas das nossas florestas. Sabe-se que 50% da Amazônia está em área protegida, mas não se trata de proteger apenas ela, mas todos os biomas, como a caatinga e os pampas gaúchos, por exemplo, que tem apenas 10% de suas áreas protegidas. Além do mais, além das questões climáticas, hidrológicas, a biodiversidades e tantas outras questões já exauridas, há até mesmo o prejuízo financeiro estimado na ordem de R$ 20 bilhões, aos cofres públicos, decorrentes dos desmatamentos e das grilagens de terras públicas, além das constantes ameaças de outros países em adotarem políticas de boicotes aos nossos produtos associados ao desmatamento. Dito isto, justifica mencionar a importância do reconhecimento de grandes medidas de combate aos desmatamentos desencadeados atualmente pelo governo federal, que deve ser mantido e intensificado, independente de quem exerça a presidência da República, no futuro. Já temos produzido muita pesquisa, muito conhecimento acadêmico, estudo científico considerável e soluções de enfrentamento bem sucedidas suficientes para ousarmos declarar ser possível chegarmos o mais próximo possível do tão almejado “desmatamento zero”. Resta-nos apenas executar, agir, investir cada vez mais em tecnologias de monitoramento, planejar e executar as reformas agrárias, e estimular modelos alternativos de manejo sustentável dos recursos florestais e da exploração da biodiversidade através do desenvolvimento da economia daquela população local. Principalmente, uma radical mudança de paradigmas quanto ao crescimento da economia baseada na exploração predatória dos seus recursos naturais, convergindo para um o novo modelo de desenvolvimento focado na chamada “economia verde”, um novo modelo de economia capaz de frear as devastações, auferir lucros bilionários e ainda fomentar milhões de empregos. REFERÊNCIAS ALMEIDA, C. A. ; VALERIANO, D. M. ; ESCADA, M. I. S. ; RENNÓ, C. D. . Estimativa de Área da Vegetação Secundária da Amazônia Legal Brasileira. Acta Amazonica ,v. 40, p. 289-302, 2010. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite:. [Online] http://www.obt.inpe.br/prodes. VIANNA, A. L. M. Diagnóstico Florestal do Estado do Amazonas/ André Luiz Menezes Vianna, Carlos Gabriel Koury, André Nóbrega de Arruda et al. / Manaus. Amazonas, 2013 MMA. Plano de Ação para Prevenção e Combate do Desmatamento na Amazônia Legal - Plano Operativo 2016-2020. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80120/Anexo%20II%2020PLANO%20OPERA TIVO%20DO%20PPCDAm%20-%20GPTI%20_%20p%20site.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2021. GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. Editora Peirópolis. 6º edição. São Paulo. 2009. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 2. ed.. Rio de Janeiro: Garamond.2002. VIANNA, A. L. M. Lei de reposição florestal no Estado do Amazonas: Potencialidade para o setor florestal/ André Luiz Menezes Viannaet al. Manaus, Amazonas, 2013. http://www.obt.inpe.br/prodes https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80120/Anexo%20II%2020PLANO%20OPERATIVO%20DO%20PPCDAm%20-%20GPTI%20_%20p%20site.pdf https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80120/Anexo%20II%2020PLANO%20OPERATIVO%20DO%20PPCDAm%20-%20GPTI%20_%20p%20site.pdf
Compartilhar