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ARTIGO CIENTÍFICO - NÚBIA 2021 !!!!!

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
Núbia Parreira Dorneles 
 
 
 
 
 
O Bioma Amazônia e os desmatamentos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caldas Novas - GO 
2021 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
Núbia Parreira Dorneles 
 
 
 
 
O Bioma Amazônia e os desmatamentos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caldas Novas 
2021 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
como requisito parcial à obtenção do título 
especialista em Biologia. 
 
 
 
 
 
O BIOMA AMAZÔNIA E OS DESMATAMENTOS 
 
Autor1, Núbia Parreira Dorneles 
 
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo 
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou 
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente 
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por 
mim realizadas para fins de produção deste trabalho. 
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e 
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos 
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
 
RESUMO 
 
A Amazônia Legal abriga todo o bioma Amazônico brasileiro, além de 20% do bioma Cerrado e 
parte do Pantanal matogrossesense. Detêm também 10% de toda a biodiversidade, ambos são alvos de 
muito interesse ambiental, social e econômico por parte de muitos; especialmente diante de uma crescente 
demanda mundial por alimentos e água potável. Apesar da importância da Amazônia os processos 
predatórios seguem o seu curso, exigindo ações rápidas e efetivas por parte dos governantes, o que deu 
início a uma grande operação de salvaguarda das nossas riquezas naturais. Objetivando identificar os 
principais agentes causadores dos desmatamentos foram identificadas as seguintes atividades 
econômicas: a agricultura, a pecuária e as madeireiras, instigadas pela indústria moveleira. Essa 
problemática exigiu do atual governo federal uma efetiva presença na repressão dos crimes, investimentos 
em tecnologias de monitoramento e uma recente tentativa de convergência para um o novo modelo 
bioeconômico, com a política internacional de venda de créditos de carbono. A análise dos dados 
possibilitou a percepção de que essas políticas governamentais foram aplicadas de forma potencialmente 
exitosa, logrando considerável êxito na repressão dos crimes ambientais. Apesar de ser pouco perceptível, 
diante de tanta destruição, provou-se ser possível interromper a destruição da Amazônia, bastando haver 
a aplicação de gestão, estratégia, inteligência e vontade política; o que demonstra a necessidade de 
aperfeiçoamento e continuidade das ações, para que seja possível sonharmos, o mais próximo possível 
com o estado de “desmatamento zero”. 
 
 
1 Nubiapd1@hotmail.com 
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28783-o-que-e-a-amazonia-legal/dicionario-ambiental/28602-o-que-e-o-bioma-cerrado
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28783-o-que-e-a-amazonia-legal/dicionario-ambiental/28612-o-que-e-o-bioma-pantanal
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: DESMATAMENTO ZERO. BIOMA AMAZÔNICO. 
PRESERVAÇÃO. BIOECONOMIA. AGENTES CAUSADORES. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Na primeira década do século XXI o desmatamento tinha diminuído 
significativamente na Amazônia brasileira, todavia, calcula-se que 20% da cobertura 
original da floresta amazônica tenha sido desflorestada em um curto período. Com uma 
vasta biodiversidade ainda pouco conhecida corremos o risco de não conhecermos todas 
as espécies de plantas e animais do bioma amazônico, o que nos levou à missão de 
descobrir os principais motivos desses desmatamentos e as possíveis soluções. 
De acordo com dados do Instituto Socioambiental (Isa), nos dois primeiros meses 
de 2019 a destruição da vegetação nativa na bacia do rio Xingu atingiu 8 500 hectares 
de floresta, o equivalente a 10 milhões de árvores, superando em 54% o desmatamento 
no mesmo período de 2018. Os ambientalistas estão preocupados com a perda de 
biodiversidade resultante da destruição da floresta e com a emissão de carbono, 
afirmando que tal evento pode acelerar o aquecimento global. Outros ainda mais 
pessimistas apresentam a floresta amazônica como o pulmão do mundo, o que não é 
correto, uma vez que o fenômeno da evapotranspiração e os rios voadores limitam a área 
de atuação da sua função ambiental apenas ao clima sul-americano, especialmente, no 
equilíbrio climático do Brasil, do Uruguai, do Paraguai e da Argentina. (CORREIA et al. 
2007; NOBRE et al. 2009ª; ARTAXO et al. 2014). Os ambientalistas afirmam que a 
vegetação do ecossistema amazônico detém cerca de 10% das reservas de carbono do 
mundo, e que o desmatamento da floresta poderá levar à redução das chuvas e ao 
aumento da temperatura, o que é demasiadamente grave. Por outro lado, em meio a 
tantos dados realmente temerosos e narrativas políticas de caráter até mesmo 
internacional, o que não se diz em alto e bom tom é que a “Amazônia Legal” é um 
patrimônio de soberania exclusivamente brasileira, e que se devidamente comparado aos 
demais países, especialmente os desenvolvidos, o Brasil tem conservado as suas 
florestas; o que enseja da nossa parte maior esclarecimento à comunidade internacional, 
a fim de desmistificar erros já consagrados, como a questão da produção do oxigênio. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Socioambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Xingu
 
 
 
Para tal, serão demonstradas as ações positivas de enfrentamento a essas 
problemáticas. 
 
O maior problema do Bioma Amazônia é justamente a sua devastação, agravada 
por seu incomparável tamanho, uma vez que se estende do oceano Atlântico até às 
encostas orientais da Cordilheira dos Andes, o que dificulta bastante o seu 
monitoramente via presença humana. Para se ter uma breve noção da sua imensidão, a 
Amazônia está presente em nove países da América do Sul e em nove estados 
brasileiros. Somente no Brasil ela ocupa 61% (8.510.295,914 km²) do seu território, o que 
corresponde à ocupação da “Amazônia Legal”, objeto principal do nosso estudo. Os nove 
estados que compõem a Amazônia Legal são: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, 
Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. 
Por fim, o objetivo principal é explicitar o verdadeiro papel da Amazônia no 
contexto global e determinar as principais causas dos seus desmatamentos, para então 
vislumbrar respostas a esses problemas. 
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), vem reportando, mês a mês, o ritmo 
de degradação e desmatamento da região amazônica. Segundo os dados desses 
satélites a maioria dos desmatamentos ocorrem em “áreas privadas. Uma vez 
identificada a participação dessas atividades econômicas na degradação histórica da 
Amazônia, resta repensar a sua relação com a natureza, atribuindo gravíssima 
responsabilização. Importa perguntar o que essas atividades têm proporcionado de 
riqueza e qualidade de vida para as populações locais, especialmente no Amazonas, 
uma vez que elas continuam detentoras dos piores índices sociais e econômicos de todo 
o país. Se décadas de exploração não trouxeram mudanças significativas para essas 
regiões, é sensato questionar a manutenção das mesmas nesse modelo econômico 
destrutivo. 
Apesar dos problemas relacionados às tecnologias de monitoramento via satélites, 
como imprecisões e ausências de algumas informações, elas são a melhor resposta para 
a detecção de desmatamentos e incêndios, exercendo importante papel na orientação 
(georeferência) de atividades de fiscalização e repressãoaos crimes ambientais, uma 
vez que essas tecnologias são capazes de determinar o tamanho das áreas desmatadas 
 
 
 
no perímetro da Amazônia Legal. Dito isso, vale a pena reconhecer a atuação positiva do 
governo federal que investiu cerca de 300 milhões de reais em seu mais novo e modero 
satélite, que somadas as ações de fiscalização vem obtendo grandes resultados. 
 
Objetivos gerais e específicos. 
 
Este artigo objetiva apresentar aspectos relevantes que caracterizam a Amazônia 
Legal, desde a sua função ambiental até à problemática do seu desflorestamento. Para 
tal, se faz necessário apontar os principais agentes causadores (pecuária, agricultura e 
a extração da madeira) e as nefastas consequências do seu modelo de exploração. 
Enquanto objetivos específicos pretende-se demonstrar possíveis caminhos para a sua 
correção, a tentativa de chegar o mais próximo possível do desmatamento zero. 
 
Justificativa 
 
Além dos mais evidentes motivos que justificam a preservação de toda a natureza, 
como a própria garantia da subsistência da vida selvagem e humana, esse artigo justifica-
se a partir do momento em que desenvolvemos a consciência crítica das nossas ações, 
Quando concluímos ser inconcebível admitir que uma nação, um país tão rico, seja ao 
mesmo tempo, tão pobre e tão desigual e, paradoxalmente, tão selvagem e irracional ao 
ponto de destruir suas finitas riquezas como se delas não dependesse para existir. 
 
Metodologia 
 
Utilizando a metodologia com caráter de revisão bibliográfica foram coletas 
informações em artigos científicos, dissertações, teses, livros, legislações, sites 
institucionais e acadêmicos, além de publicações do próprio governo federal, o que 
possibilitou uma revisão crítica e atualizada do tema. Importa mencionar a dificuldade em 
encontrar publicações acadêmicas recentes, especialmente artigos e estudos publicados 
em língua portuguesa, o que resultou também na leitura de material acadêmico de 
estrangeiros e até mesmo de autores brasileiros, porém, publicado em língua inglesa. 
 
 
 
 
 Divisão do trabalho 
 
O artigo divide-se em três capítulos, além do capítulo conclusivo. O primeiro 
capítulo busca apresentar e desmistificar a Amazônia Legal dentro de um contexto mais 
atual, contemporâneo, sem aprofundar a história da gênese da sua ocupação. Após 
apresentar as suas particularidades, sua incomparável biodiversidade e a sua função 
ambiental, em esfera global, será demonstrado os perigos da sua exploração predatória. 
O segundo capítulo introduz uma análise das causas do desmatamento, nas ações da 
pecuária, da agricultura e das madeireiras. O terceiro capítulo busca apresentar, de forma 
breve, possíveis soluções. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
A partir da revisão bibliográfica foi possível identificar verdades e mitos quanto à 
Amazônia, especialmente quanto à sua “função ambiental”, questões tais como a questão 
da produção de oxigênio em escala global, motivo esse que se justifica adentrar questões 
consideradas polêmicas. 
A função ambiental: os rios voadores e o controle climático 
As florestas são de grande importância para conter a velocidade das mudanças 
climáticas em todo o mundo. No caso da floresta amazônica, ela reduz a variação da 
temperatura junto ao Equador, atuando como um aparelho de ar condicionado, tornando 
possível a prática da agricultura e outras atividades econômicas. 
Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia. Estudos promovidos pelo 
INPA já mostraram que além da vegetação e da sombra das árvores protegerem contra 
o fogo, apenas uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para 
a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia. Uma árvore 
maior, com copa de 20 metros de diâmetro, por exemplo, pode evapotranspirar bem mais 
de 1.000 litros por dia. Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”, formados 
por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, 
https://agropos.com.br/estacoes-climaticas/
 
 
 
e propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis carregam umidade da Bacia 
Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. 
Recursos Hídricos 
A região Amazônica também concentra 20% da água doce do planeta, uma 
riqueza subdimensionada na ordem de US$ 2,0 quatrilhões, apenas levando em conta o 
valor estimado de suas “reservas de água subterrânea”, aproximadamente 
1.344.201,7 quilômetros quadrados de aquíferos porosos (dado de junho de 2011) 
existentes. 
Biodiversidade e Biotecnologia 
 
Embora cobrindo apenas 7% da superfície terrestre, a floresta Amazônica contém 
mais da metade da biodiversidade do mundo, abrigando uma infinidade de espécies 
vegetais e animais. Até o momento foram catalogadas pelo menos 40.000 espécies de 
plantas, 3.000 de peixes, 1.294 aves, 427 mamíferos, 428 anfíbios e 378 répteis. Um 
estudo feito pela WWF e o Instituto Mamirauá, relatou que 381 novas espécies foram 
encontradas entre 2014 e 2015. 
 
A precificação da Amazônia 
 
Além da água, a Amazônia tem reservas de petróleo, gás, ferro, alumínio, 
manganês, silvinita e outros minerais que, juntas, podem chegar ou até ultrapassar a 
casa dos US$ 20 trilhões, valor subestimado e teoricamente imensurável, uma vez que 
não há vida sem água. Este potencial econômico é equivalente à somatória dos Produtos 
Internos Brutos de grandes potências econômicas, tais como: Japão, Alemanha, Reino 
Unido, França, Itália, Índia, Rússia e Canadá. (SILVA et al., 1995; ZIMMERMAN; 
KORMOS, 2012) 
 
A polêmica 
 
À medida que as notícias sobre os incêndios na Amazônia circulavam o mundo, 
falsas notícias eram amplamente divulgadas por grandes noticiários (CNN, ABC 
https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2019/08/tragedia-amazonia-pegando-fogo-bolsonaro-recordes-desmatamento-fumaca-impacto
https://www.cnn.com/2019/08/21/americas/amazon-rainforest-fire-intl-hnk-trnd/index.html
https://abcnews.go.com/International/natgeo-explorer-calls-expansive-fires-amazon-rainforest-heart/story?id=65120524
 
 
 
News, Sky News, e outras) que equivocadamente divulgavam que a Amazônia produzia 
20% do oxigênio do mundo. Notórios políticos e celebridades, como o presidente 
francês Emmanuel Macron, a senadora americana Kamala Harris, e o ator Leonardo di 
Caprio, também replicavam essa falsa afirmação. 
A pior afirmação advém da falsa concepção de que a floresta amazônica é o 
“pulmão do mundo”. Como vários cientistas apontam a contribuição real da Amazônia 
para o oxigênio que respiramos provavelmente gira em torno de “zero”. Na verdade, o 
oxigênio que respiramos é o legado do fitoplâncton dos oceanos que há bilhões de anos 
acumula constantemente o oxigênio que tornou a atmosfera respirável, explica Scott 
Denning, cientista atmosférico da Colorado State University. 
 
As queimadas 
 
Toda a grandeza Amazônica, entretanto, não é páreo à ação humana, cujos danos 
causados são muitas vezes irreversíveis. Dos tempos do Brasil Colônia até 1970, o 
desmatamento não passava de 1% de toda a floresta. Desde então, em apenas 40 anos, 
o número saltou para 17% – uma área equivalente aos territórios do Rio Grande do Sul, 
Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O desmatamento na região 
representa hoje a liberação de 200 milhões de toneladas de carbono por ano. 
Segundo Almeida apaud Carpanezzi et al (1990), áreas degradas consistem no 
ambiente que após sofrer distúrbios, perde a vegetação e os meios de regeneração 
biótica. Portanto, podem apresentar baixa resiliência, necessitando da ação antrópica. 
 
Para Reis et al (1999), área degradada é: 
 
“Uma determinada área que sofreu impacto de forma a impedir, ou diminuir 
drasticamente sua capacidade de “retornar” ao estado original, através de seus 
meios naturais.” 
 
Histórico do desmatamento no Brasil 
 
https://abcnews.go.com/International/natgeo-explorer-calls-expansive-fires-amazon-rainforest-heart/story?id=65120524https://news.sky.com/story/the-renewed-battle-over-brazils-rainforests-11779465
https://twitter.com/EmmanuelMacron/status/1164617008962527232
https://twitter.com/KamalaHarris/status/1165070218009489408
https://www.newsweek.com/leonardo-dicaprio-helps-raise-5-million-amazon-fires-celebrities-call-action-1456200
https://www.newsweek.com/leonardo-dicaprio-helps-raise-5-million-amazon-fires-celebrities-call-action-1456200
https://www.nationalgeographic.org/activity/save-the-plankton-breathe-freely/?ar_a=1
https://theconversation.com/amazon-fires-are-destructive-but-they-arent-depleting-earths-oxygen-supply-122369?utm_source=twitter&utm_medium=twitterbutton
https://theconversation.com/amazon-fires-are-destructive-but-they-arent-depleting-earths-oxygen-supply-122369?utm_source=twitter&utm_medium=twitterbutton
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia
 
 
 
Segundo o Relatório Anual do Desmatamento do Brasil – 2019, a área desmatada 
no Brasil em 2019 equivale a oito cidades de São Paulo. Esse relatório inédito, do 
MapBiomas, consolida dados de desmatamento em todos os biomas brasileiros e aponta 
perda de ao menos 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa. Segundo o relatório, 
mais de 60% da área desmatada está na Amazônia, com 770 mil hectares devastados. 
O segundo bioma em que mais houve perda foi o Cerrado, 408,6 mil hectares. Bem atrás 
estão: Pantanal (16,5 mil ha), Caatinga (12,1 mil ha), Mata Atlântica (10,6 mil ha) e Pampa 
(642 ha). 
 
Segundo o World Resources Institute, em matéria publicada pelo Jornal The New 
York Times, em abril de 2021, entitulada “Tropical Forest Destruction Accelerated in 
2020” (Destruição da floresta tropical acelera em 2020), a derrubada de florestas em todo 
o mundo, no ano passado, lançaram 2,5 bilhões de toneladas métricas de dióxido de 
carbono na atmosfera, duas vezes mais do que é expelido pelos carros nos Estados 
Unidos a cada ano. Infelizmente, o Brasil lidera o ranking de desflorestamento, com a 
maior parte dessas árvores derrubadas na região da Amazônia Legal, além de aumento 
significativo no Pantanal. Apesar da desaceleração econômica global causada pela 
pandemia da COVID 19, que reduziu a demanda por algumas commodities que 
estimularam o desmatamento no passado, em 2020 foi detectado um aumento de 12%, 
o que corresponde a uma área do tamanho da Suíça. Esses incêndios na região 
aumentaram o desmatamento em torno de 16 vezes, quando comparados com 2019. 
“Ainda estamos perdendo floresta primária em uma taxa inaceitável”, disse Rod 
Taylor, diretor global do programa florestal do instituto. “Um aumento de 12%, ano após 
ano, é muito quando a tendência deveria ser de queda.” 
 
A exploração madeireira 
 
A região Amazônica é uma das maiores produtoras de madeira tropical do mundo, 
já utilizando 350 espécies de árvores para fins comerciais. A falta de planejamento nas 
atividades de exploração gera um desperdício de cerca de 60% nas serrarias. A 
exploração racional não esgota o recurso, reduz desperdícios e, comparada a 
 
 
 
agropecuária extensiva, gera o dobro de empregos e paga salário quatro vezes maior. A 
Certificação Florestal, mecanismo que assegura ao consumidor que determinado produto 
provém de áreas bem manejadas, incentiva a exploração madeireira de impacto 
reduzido, a qualificação da mão de obra, traz benefícios sociais e aumento o retorno 
econômico da atividade. 
 
Extrativismo 
 
Cerca de 25,5 milhões de pessoas (entre populações tradicionais e familiares) no 
Brasil vivem na região amazônica ou na/da floresta. Na Amazônia, a extração de produtos 
não-madeireiros (óleos, resinas, ervas, frutos e borracha) contribui economicamente para 
a vida de 400 mil famílias de extrativistas. Então, não basta proibir, fiscalizar e punir, é 
preciso criar estratégias de convivência e desenvolvimento sustentável, gerando riqueza, 
qualidade de vida e proteção ambiental. 
 
Pecuária 
 
A pecuária é a responsável por aproximadamente “80% do desmatamento da 
região amazônica” e seus impactos são discutidos em várias esferas. A cada 10 hectares, 
6 viram áreas de pasto, onde é colocado umas espécies de gramíneas, (capim) para 
introduzir o gado. O retorno econômico da pecuária extensiva na Amazônia é de apenas 
4%, contra a exploração madeireira de manejo sustentável com desempenho de 71%. 
Além disto, a relação tributária potencial do setor madeireiro, em relação à pecuária 
extensiva, é de 8 para 1. Se o caráter extensivo fosse substituído pelo intensivo, com 
manejo sustentável dos solos, a pecuária poderia continuar crescendo e as pastagens 
atuais suportariam o dobro do rebanho, sem a necessidade de aberturas de novas áreas. 
 
A agricultura 
 
O incentivo à atividade agrícola em certas regiões da Amazônia é questionável. O 
retorno econômico da agricultura extensiva é de 10%, contra 71% da exploração 
 
 
 
madeireira de manejo sustentável. Grande parte da agricultura familiar na Amazônia, 
pobre em recursos e tecnologia, persiste baseado nos nutrientes advindos da floresta 
convertidos através do secular sistema de corte-e-queima. A intensificação da agricultura 
e a recuperação de áreas abandonadas em certas regiões diminuiria a pressão sobre as 
florestas. As propriedades agrícolas da Amazônia Legal devem obedecer às normas 
estabelecidas no Novo Código Florestal (Lei 12.727/2012), que estabelece a manutenção 
de 80% da cobertura florestal para a Área de Reserva Legal. Em cada 10 hectares, 
apenas 1 é para desenvolvimento da atividade agrícola. 
A maior produção da região gira em torno da soja, que já se tornou uma cultura no 
território brasileiro, (MACEDO e NOGUEIRA, 2005). O maior estado produtor de soja é 
o Estado do Mato Grosso, e é o segundo estado que mais desmata as áreas de floresta 
amazônica, o primeiro estado é o Pará; houve um aumento de 31% no desmatamento 
dessa região entre agosto de 2019 e julho de 2020, em relação ao período anterior que 
é de 2018 a 2019. 
 
O que dizem os satélites? 
 
Desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) produz 
estimativas anuais das taxas de desflorestamento da Amazônia Legal. Atualmente quatro 
sistemas monitoram o território, cada um com uma função diferente. O PRODES - 
Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite utiliza imagens do satélite 
americano Landsat, que produz estimativas anuais das taxas de desflorestamento da 
Amazônia Legal. 
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que realiza o monitoramento 
através de vários satélites, desde 2008, pelo Imazon (Um instituto nacional de pesquisa, 
sem fins lucrativos) vem reportando, mês a mês, o ritmo de degradação e desmatamento 
da região amazônica. Em março de 2021, o SAD detectou 810 quilômetros quadrados de 
desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 216% em relação a março de 2020, 
quando o desmatamento somou 256 quilômetros quadrados. O desmatamento detectado 
em março de 2021 ocorreu no Pará (35%), Mato Grosso (25%), Amazonas (12%), 
Rondônia (11%), Roraima (8%), Maranhão (6%), Acre (2%) e Tocantins (1%). 
 
 
 
 Gráfico 1 - Alertas de Desmatamento (Amazônia Legal) 
 
 
Fonte: DETER-Inpe (2020) 
 
Tabela 1 – Taxa de desmatamento de 2004 até 2020. 
 
 
 
 
 
Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 
 
Gráfico 2 - Desmatamento de fevereiro a julho de 2020 
 
Período de 01/02/2020 a 30/07/2020, somente em 4 áreas prioritárias definidas 
pelo Ibama. 
Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 
 
 
 
 DETEX – Detecção de Exploração Seletiva. Vigia áreas de manejo florestal, 
apontando se a exploração de madeira está de acordo com o que foi autorizado pelos 
órgãos ambientais. 
Infográfico 1- Sistema de alerta de desmatamento de abril de 2020 
 
 
Fonte: Relatório Imazon – Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) 
 
Há também o Amazonia-1, primeiro satélite de observação da Terra 
completamenteprojetado, integrado, testado e operado pelo Brasil. Ele foi lançado em 
28 de fevereiro de 2021, a bordo do foguete indiano PSLV-C51, a partir do Centro 
Espacial Satish Dhawan (SHAR), em Sriharikota, na Índia. O lançamento ocorreu após 
aproximadamente 13 anos de desenvolvimento do projeto. 
A grande novidade é que o Amazônia-1 viajará a uma velocidade de quase 27.000 
km/h, o que lhe permitirá levar apenas 100 minutos para dar uma volta na Terra, com a 
capacidade de gerar imagens de qualquer ponto do planeta “a cada 5 dias”; fazendo uma 
varredura da nossa superfície, dos biomas terrestres e marítimos. “Ele será usado para 
monitorar o desmatamento, principalmente na região amazônica, a agricultura, e poderá 
receber demandas para verificar situações ambientais específicas”, explica Carlos 
Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). 
 
 
 
Ações positivas do governo federal 
 
São inúmeras ações positivas adotadas pelo governo federal, todavia, não há 
como mencionar todas, apenas algumas de maior destaque, tais como: a reativação do 
Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), formado por 14 ministérios; a criação da 
Operação Brasil Verde 1 e 2; a criação do Programa Brasil M.A.I.S. (Meio Ambiente 
Integrado e Seguro); a instalação de 30 bases militares avançadas (com 150 viaturas, 71 
embarcações e 15 aeronaves e 7.000 militares) combatendo queimadas e reprimindo 
desmatamentos e garimpos ilegais na Amazônia Legal; o lançamento do mais novo 
satélite brasileiro e as investidas do Brasil em vender crédito de carbono e atrair 
investimentos para o setor do meio ambiente. 
Do início da operação até janeiro deste ano, foram apreendidos 331 mil m³ de 
madeira, 1.699 embarcações, 326 tratores e 20 aviões/helicópteros, resultando na 
aplicação de 4.842 multas e totalizando o valor de 3,33 bilhões de reais. 
Infográfico 1 – Operação VERDEBRASIL2 
 
 
Fonte: Ministério da defesa. 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
É inegável haver a existência de acalorados embates ideológicos motivados por 
interesses políticos e econômicos em torno da Amazônia, especialmente em torno da 
Amazônia Legal, em questionáveis esforços de políticos nacionais e de governos 
estrangeiros. Todavia, a Amazônia não pode esperar, é preciso preservá-la antes que 
tenhamos outro desastre ambiental, como no caso do Pantanal. Podemos acabar 
condenando à extinção espécies ainda desconhecidas, especialmente quando 
conhecemos apenas 20% dos ecossistemas das nossas florestas. Sabe-se que 50% da 
Amazônia está em área protegida, mas não se trata de proteger apenas ela, mas todos 
os biomas, como a caatinga e os pampas gaúchos, por exemplo, que tem apenas 10% 
de suas áreas protegidas. Além do mais, além das questões climáticas, hidrológicas, a 
biodiversidades e tantas outras questões já exauridas, há até mesmo o prejuízo 
financeiro estimado na ordem de R$ 20 bilhões, aos cofres públicos, decorrentes dos 
desmatamentos e das grilagens de terras públicas, além das constantes ameaças de 
outros países em adotarem políticas de boicotes aos nossos produtos associados ao 
desmatamento. Dito isto, justifica mencionar a importância do reconhecimento de 
grandes medidas de combate aos desmatamentos desencadeados atualmente pelo 
governo federal, que deve ser mantido e intensificado, independente de quem exerça a 
presidência da República, no futuro. 
Já temos produzido muita pesquisa, muito conhecimento acadêmico, estudo 
científico considerável e soluções de enfrentamento bem sucedidas suficientes para 
ousarmos declarar ser possível chegarmos o mais próximo possível do tão almejado 
“desmatamento zero”. Resta-nos apenas executar, agir, investir cada vez mais em 
tecnologias de monitoramento, planejar e executar as reformas agrárias, e estimular 
modelos alternativos de manejo sustentável dos recursos florestais e da exploração da 
biodiversidade através do desenvolvimento da economia daquela população local. 
Principalmente, uma radical mudança de paradigmas quanto ao crescimento da 
economia baseada na exploração predatória dos seus recursos naturais, convergindo 
para um o novo modelo de desenvolvimento focado na chamada “economia verde”, um 
 
 
 
novo modelo de economia capaz de frear as devastações, auferir lucros bilionários e 
ainda fomentar milhões de empregos. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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de Área da Vegetação Secundária da Amazônia Legal Brasileira. Acta Amazonica ,v. 
40, p. 289-302, 2010. 
 
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Floresta Amazônica Brasileira por Satélite:. [Online] http://www.obt.inpe.br/prodes. 
 
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Vianna, Carlos Gabriel Koury, André Nóbrega de Arruda et al. / Manaus. Amazonas, 2013 
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2021. 
 
GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. Editora Peirópolis. 6º edição. São Paulo. 2009. 
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 2. ed.. Rio de Janeiro: 
Garamond.2002. 
 
VIANNA, A. L. M. Lei de reposição florestal no Estado do Amazonas: Potencialidade 
para o setor florestal/ André Luiz Menezes Viannaet al. Manaus, Amazonas, 2013. 
 
 
http://www.obt.inpe.br/prodes
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