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Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ESTRONGILOIDÍASE ➔ CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA ◆ Filo: Nematoda ◆ Família: Strongyloididae - helmintos de vida livre e parasitas (depende da forma como vão estar presentes no hospedeiro) ◆ Espécie: Strongyloides stercorali ➔ Esse verme se comporta como um oportunista, e quando o indivíduo apresenta fragilidade imunológica, vai gerar quadros graves. Quando o hospedeiro está saudável, o quadro clínico varia de assintomático a sintomas leves. ➔ O principal hospedeiro para esse verme são os seres humanos. Também podem parasitar cães e gatos, porém neles a doença não costuma manifestar-se com gravidade. ➔ Esses vermes são totalmente tissulares. ➔ MORFOLOGIA: 6 FORMAS ◆ Fêmea partenogenética parasita → corpo cilíndrico, �ilariforme e longo - 1,7 a 2,5 mm de comprimento (3n = é triploide). Vivem na mucosa duodenal (Criptas), preferencialmente na altura das glândulas de Liberkühn. Em casos graves, vivem no intestino grosso e região pilórica do estômago. Elas vão se alimentar e se reproduzir sozinhas, sem precisar do contato com o macho, produzindo 3 tipos de ovos: ● Um ovo haplóide (n): dentro dele vai se desenvolver uma larva, que vai chegar juntamente com as fezes ao solo e vai se transformar em um macho de vida livre (não parasita nenhum ser) ● Um ovo diplóide (2n): chega ao meio externo junto com as fezes do hospedeiro, dando origem a uma fêmea de vida livre ● Um ovo triploide (3n): quando essas larvas passam pelo estágio de maturação e se transformam em adultas, também se transformam em infectantes. Esse parasita 3n formado é capaz de invadir o corpo do hospedeiro. Os ovos que essas fêmeas vão liberar dentro do hospedeiro conseguem promover auto-infecção, pois não precisam passar pelo solo para se desenvolverem. A carga parasitária cresce dentro de poucos dias ou semanas. ● O macho (n) e a fêmea (2n) de vida livre se encontram no ambiente e produzem um novo ser triplóide (3n) ◆ Fêmea de vida livre ou estercoral → 0,8 a 1,2 mm de comprimento ◆ Macho de vida livre → 0,7 mm de comprimento ◆ Ovos: não são duradouros ◆ Larvas rabditóides → vão originar ● Larvas �ilarióides 3n - fêmeas parasitas (as rabditóides evoluem para �ilarióide infectante, é essa a 6° forma possível) ● Machos (n) ● Fêmeas de vida livre (2n) Eclode do ovo e será encontrada no solo ou nas fezes do indivíduo. Se for (n) vai originar macho vida livre, se for (2n) fêmea vida livre, se for (3n) evolui para �ilarióide Anna Beatriz de Moraes - MED 104 A larva �ilarióide vai achar um hospedeiro, e dentro do seu corpo vai se transformar em uma fêmea parasita (partenogenética). Ela vai �icar mergulhada nas criptas intestinais, ou seja, na mucosa. ➔ CICLO BIOLÓGICO ◆ Direto: larvas rabditóides no solo ou região perianal se transformam em larvas infectantes (envolve apenas os parasitas 3n ◆ Indireto: envolve os parasitas de vida livre ◆ Ciclo em ambos os casos: Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ➔ TRANSMISSÃO ◆ Heteroinfecção e primoinfecção → L3 �ilarióides penetram na pele. Ocorre a partir de outros indivíduos que eliminaram as larvas nas fezes, elas evoluem e penetram na pele. Possibilidade da ingestão de larvas quando não há ciclo pulmonar (pouco comum) ◆ Auto-infecção externa ou exógena → larvas na região perianal transformam-se em infectantes (evoluem de rabditóide para �ilarióide infectante) e aí penetram. Defecação na fralda, roupas, restos de fezes nos pelos perianais. ◆ Auto-infecção interna ou endógena → larvas �ilarióides penetram na mucosa intestinal. Croni�icação da doença por muitos anos: o indivíduo pode contrair a larva e só manifestar os sintomas muitos anos depois, em um dado momento que ele sofra imunossupressão. Pelo fato de ser um parasito oportunista, vai desencadear início do quadro clínico. ◆ Ativa: quando as larvas penetram no corpo ◆ Passiva: quando ingerimos objetos contaminados ou ao levar a mão contaminada à boca ➔ COMPLICAÇÕES ◆ Constipação intestinal - agravamento (aumenta �luxo de larvas retidas no intestino do hospedeiro) ◆ Baixa imunidade - agravamento (AIDS, drogas imunossupressoras, radioterapia, etc) ◆ Corticóides - seus resíduos metabólicos simulam o hormônio ecdisona, que faz a larva mudar de rabditóide para �ilarióide ➔ PATOLOGIA DA ESTRONGILOIDÍASE ◆ Lesões causadas pelas larvas ● Na pele: lesões discretas ou formam placas de eritema; lesões urticariformes aparecem em torno do ânus na auto-infecção externa (ou placas urticárias em pessoas hipersensíveis) ● Ciclo pulmonar: pequenas hemorragias no parênquima quando as larvas invadem os alvéolos e aí fazem suas mudas ● Pode haver pneumonite difusa ou Síndrome de Loef�ler, com a presença de larvas no escarro, podendo haver repetição dos quadros (a cada vez que ele se reinfectar, vai fazer ciclo pulmonar) ◆ Lesões causadas por larvas �ilarióides e fêmeas adultas ● No duodeno e jejuno: lesões na mucosa por ação mecânica, histolítica (enzimática) e in�lamatória ● Migração das larvas para a luz intestinal - in�lamação catarral, sangue nas fezes, pontos hemorrágicos e ulcerações e edema (até a submucosa) ● Consequências a) Duodeno-jejunite: aumento do peristaltismo, causando diarréia e evacuações mucosanguinolentas b) Fibrose e atro�ia da mucosa vão transformando o duodeno e jejuno em um tubo quase rígido ➔ SINTOMATOLOGIA DA ESTRONGILOIDÍASE ◆ Desconforto abdominal, cólicas, dores vagas ou imitando úlcera péptica, surtos diarréicos, anorexia, náuseas e vômitos ◆ Anemia, emagrecimento, desidratação, astenia, irritabilidade nervosa ou depressão (por conta das toxinas liberadas pelo parasita, ocorre principalmente em crianças e jovens adultos) ◆ Eosino�ilia - 15 a 45% Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ◆ Forma grave ou fatal: ulcerações extensas ou uma síndrome de sub-oclusão intestinal alta. O entra e sai das larvas vai causar ulceração, e para tentar curar o intestino vai �ibrosar. Quando há �ibrose intestinal, a peristalse �ica comprometida porque aquela área deixa de ser funcional. ◆ A não eliminação das fezes vai fazer com que as larvas �iquem retidas no intestino, vão evoluir de rabditóide para �ilarióide e penetrar na mucosa novamente. ➔ DIAGNÓSTICO ◆ Em um exame de fezes comum (nunca o método de Kato) o que se espera é encontrar as larvas rabditóides (L1), não os ovos ◆ Como elas são escassas, usar uma das técnicas coproscópicas de enriquecimento para a pesquisa de larvas nas fezes, como: ● O método de Rugai ● O método de Baermann ● A coprocultura de Harada-Mori ◆ Laboratorial: demonstração dos parasitos: PEF - pesquisa de larvas ◆ Clínico: tríade clássica - diarréia, dor abdominal e urticária ➔ PATOGENIA, PATOLOGIA E SINTOMATOLOGIA ◆ Pequeno número de parasitos → assintomáticos ◆ Formas graves (até fatais) ● Fatores extrínsecos: carga parasitária ● Fatores intrínsecos: subalimentação, ocorrência de diarréias e vômitos, infecções bacterianas e parasitárias associadas, intervenções cirúrgicas ◆ Principais alterações na estrongiloidíase são provocadas por: ● Ação traumática: causada sua passagem entre lúmen e mucosa intestinais. Ele adentra a mucosa para se desenvolver, e suas larvas voltam ao lúmen. Quanto maior a carga parasitária, mais grave será esse quadro clínico. ● Ação irritativa ● Ação tóxica ● Ação antigênica ● Ação enzimática ➔ LOCALIZAÇÕES ◆ Cutânea → discreta, ocorrendo nos pontos de penetração (urticárias, etc..) ◆ Pulmonar → dispnéia, crises asmatiformes, tosse, e em casos mais graves, síndrome de Loef�ler ◆ Intestinal (em ordem de gravidade, a última é mais grave) ● Enterite catarral: secreção mucóide com caráter reversível ● Enterite edematosa: síndrome de má absorção ● Enterite ulcerosa: alterações no peristaltismo, ulcerações da mucosa. Pode conduzir à morte. ◆ Disseminada → nos rins (além de intestino de pulmões), �ígado, vesícula biliar, cérebro, pâncreas, tireóide, adrenais, próstata, glândulas mamárias e linfonodo. Pode conduzir a óbito. Anna Beatriz de Moraes - MED 104 Ausência de larvas na super�ície intestinal, pois estão adentradas na mucosa.➔ PROFILAXIA ◆ Diagnosticar e tratar os parasitados ◆ Medidas de higiene em geral ◆ Presença de cães ◆ Andar calçado ◆ Lavar bem os alimentos ◆ Higienizar a região anal e perianal com água e sabão após evacuar ➔ TRATAMENTO ◆ Os medicamentos atualmente recomendados são os seguintes ◆ Ivermectina por via oral, 200 mg/kg/dia, administrado em 2 vezes. Contra-indicada durante a gestação e o aleitamento. ◆ Albendazol por via oral, 400 mg/kg/dia, durante 3 dias. ◆ Tiabendazol por via oral, 25 mg/kg, 2x ao dia por 7 a 10 dias. Nos casos normais, 50 mg/kg (até um máximo de 3 gramas) em um dia, divididos em 2 a 4 tomadas, depois das refeições. ◆ A taxa de cura é de 70% a 90% e como os medicamentos não matam as larvas, convém repetir o tratamento para evitar reinfecções externas ou internas.
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