Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
faroljurídicoead@gmail.com mailto:dicoead@gmail.com CURSO SOBRE PRISÕES E LIBERDADE PROVISÓRIA – PROFESSOR LENILDO MÁRCIO DA SILVA •INTRODUÇÃO Existem, atualmente, no Brasil, 03 (três) tipos de prisão provisória: • # PRISÃO EM FLAGRANTE • # PRISÃO TEMPORÁRIA • # PRISÃO PREVENTIVA NA REDAÇÃO ORIGINÁRIA DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL... • existiam outras duas formas de prisão processual com regras próprias: prisão por sentença condenatória recorrível e prisão por pronúncia. • Tais modalidades de prisão, todavia, deixaram de existir em decorrência das Leis n. 11.689/2008 e 11.719/2008. • A própria redação do art. 283 do CPP, alterada pela Lei n. 12.403/2011, prevê que ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. Para cada tipo de prisão, existe um instrumento processual adequado. • Os instrumentos processuais utilizados para obtenção da liberdade do Acusado/Réu preso são: • # RELAXAMENTO DE PRISÃO; • # PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA; • # PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA; • # PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA; • # HABEAS CORPUS. ATENÇÃO! • O conhecimento acerca da NATUREZA E FINALIDADE de cada tipo de PRISÃO PROVISÓRIA é fundamental para compreensão de qual instrumento processual deve ser manuseado para obtenção da liberdade do Acusado/Réu! • Analisaremos cada uma das modalidades de prisão provisória e os pedidos de liberdade cabíveis em cada situação. •DA PRISÃO EM FLAGRANTE DA PRISÃO EM FLAGRANTE • Trata -se de modalidade de prisão processual expressamente prevista no art. 5º, LXI, da Constituição Federal, e regulamentada nos arts. 301 a 310 do Código de Processo Penal. • Estabelece o artigo 301 do Código de Processo Penal: • Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. ARTIGO 302 DO CPP • Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: • I - está cometendo a infração penal; • II - acaba de cometê-la; • III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; • IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. ARTIGO 303 DO CPP • Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. •HIPÓTESES QUE CARACTERIZAM O FLAGRANTE DELITO INCISO I — CONSIDERA -SE EM FLAGRANTE DELITO QUEM ESTÁ COMETENDO A INFRAÇÃO PENAL. • FLAGRANTE PRÓPRIO OU REAL - trata -se de situação em que o sujeito é visto durante a realização dos atos executórios da infração penal ou colaborando para sua concretização. Assim, pode ser preso em flagrante, por exemplo, aquele que for visto efetuando os disparos contra a vítima do homicídio ou apontando a arma para a vítima do roubo. INCISO II — CONSIDERA -SE EM FLAGRANTE DELITO QUEM ACABA DE COMETER A INFRAÇÃO. • FLAGRANTE PRÓPRIO OU REAL - é a hipótese em que o sujeito é encontrado ainda no local dos fatos, imediatamente após encerrar os atos de execução do delito. É o que ocorre quando vizinhos acionam a polícia por ouvir disparos dentro de uma residência e os policiais, lá chegando, encontram a vítima morta e o homicida ao lado. FLAGRANTE IMPRÓPRIO OU QUASE FLAGRANTE • art. 302, III, do CPP, considera -se em flagrante delito quem é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração. Premissa dessa modalidade de prisão em flagrante é que o agente já tenha deixado o local do crime, após a realização de atos executórios, e que seja perseguido. • A lei esclarece que tal perseguição pode se dar por parte da autoridade (policiais civis ou militares), do ofendido (vítima) ou de qualquer outra pessoa. ATENÇÃO! • A expressão “logo após” abrange o tempo necessário para que a polícia seja acionada, compareça ao local, tome informações acerca das características físicas dos autores do crime e da direção por eles tomada, e saia no encalço destes. • Uma vez iniciada a perseguição logo após a prática do crime, não existe prazo para sua efetivação, desde que referida perseguição seja ininterrupta. • Por isso, a perseguição pode durar vários dias, desde que os policiais estejam o tempo todo em diligências, no encalço dos criminosos (fato que, em geral, só ocorre em crimes de maior gravidade). • Ao contrário do que se possa imaginar, iniciada a perseguição, não existe prazo de 24 horas para a efetivação da prisão em flagrante. O que existe na lei é um prazo de 24 horas para a lavratura do auto de prisão após esta ter se efetivado (art. 306, § 1º). Tampouco a palavra “perseguição” supõe que os fugitivos estejam na esfera visual dos perseguidores, mas tão somente que os últimos estejam no encalço dos autores do crime, à sua procura. NESSE SENTIDO: • “é cediço que iniciada a perseguição logo após o crime, sendo ela incessante nos termos legais, não importa o tempo decorrido entre o momento do crime e a prisão dos seus autores. Tem -se admitido pacificamente que esse tempo pode ser de várias horas ou mesmo dias (...). Observa -se que logo após a prática infracional a vítima acionou a polícia através do Copom, que obviamente logrou passar as informações a toda sua equipe com vistas à colheita de informações que levassem à identificação dos supostos autores, desencadeando uma rápida investigação policial que resultou na prisão do paciente e do coautor. Nota -se que mesmo tendo o encarceramento se efetivado algumas horas após a infração, o ato se deu em razoável espaço temporal, aliás, em tempo suficiente para o desdobramento das informações obtidas em conjunto pelo aparato policial. Desta maneira a situação se amolda à categoria do denominado flagrante em sentido impróprio, ou quase flagrante, previsto no art. 302, inciso III da Lei Adjetiva” (STJ — HC 126.980/GO — 5ª Turma — Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho — DJe 08.09.2009). O próprio Código de Processo Penal em seu artigo 290, §1º, estabelece que: • § 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: • a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; • b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. O INÍCIO DA PERSEGUIÇÃO... • a que se refere o art. 302, III, do CPP diz respeito ao término da ação delituosa e começo da fuga do bandido. • Não se pode, portanto, considerar presente tal situação quando alguém que está viajando é vítima de furto e, ao retornar para casa, dias ou horas depois, aciona a polícia ao perceber que os bens da residência foram subtraídos. PARA A CONFIGURAÇÃO DO FLAGRANTE IMPRÓPRIO É IRRELEVANTE QUE... • o agente tenha conseguido ou não consumar o crime que pretendia cometer. • É plenamente possível tal modalidade de flagrante em crimes tentados. • Ex.: ladrão foge do local do crime sem nada levar por ter soado o alarme sonoro existente no estabelecimento, sendo, por conta disso, desencadeada uma perseguição que culmina em sua prisão. FLAGRANTE PRESUMIDO OU FICTO • Nos termos do art. 302, IV , do CPP, considera -se ainda em flagrante delito quem é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. • Nessa modalidade, o sujeito não é perseguido, mas localizado, ainda que casualmente, na posse das coisas mencionadas na lei, de modo que a situação fática leve à conclusão de que ele é autor do delito. É O QUE OCORRE, POR EXEMPLO, QUANDO... • alguém rouba um carro e, algumas horas depois, é parado em uma blitz de rotina da políciaque constata a ocorrência do roubo e, por isso, leva o condutor do veículo até a vítima que o reconhece, ou, ainda, quando o furtador de uma bolsa feminina é flagrado por policiais em uma praça, vasculhando o interior da bolsa minutos após o furto. O ALCANCE DA EXPRESSÃO “LOGO DEPOIS”... • deve ser analisado no caso concreto, em geral de acordo com a gravidade do crime, para se dar maior ou menor elastério a ela, sempre de acordo com o prudente arbítrio do juiz. • Em pesquisas de jurisprudências é possível verificar que têm sido plenamente aceitas as prisões ocorridas várias horas após o crime. • Em alguns casos mais graves, como nos de homicídio, JÁ SE ADMITIU O FLAGRANTE FICTO ATÉ NO DIA SEGUINTE AO DO CRIME, MAS NUNCA DOIS DIAS DEPOIS OU MAIS. NESSE SENTIDO: • “não há falar em nulidade da prisão em questão, pois, apesar das peculiaridades do caso, restou configurada a hipótese prevista no art. 302, IV , do CPP, que trata do flagrante presumido. A expressão ‘logo depois’ admite interpretação elástica, havendo maior margem na apreciação do elemento cronológico, quando o agente é encontrado em circunstâncias suspeitas, aptas, diante de indícios, a autorizar a presunção de ser ele autor de delito, estendendo o prazo a várias horas, inclusive ao repouso noturno até o dia seguinte, se for o caso” (STJ — RHC 7.622 — 6ª Turma — Rel. Min. Fernando Gonçalves — DJU 08.09.1998 — p. 118 -119) AINDA NESSE SENTIDO... • “tem -se como legítimo o flagrante, atendida a flexibilidade cronológica da expressão ‘logo depois’, de homicida que estava sendo procurado e foi encontrado treze horas após o crime, ainda com o veículo e arma por ele utilizados (art. 302, IV , do CPP). Ocorrendo as hipóteses que autorizam a prisão preventiva e a legitimidade do flagrante, improcede o pedido de liberdade provisória” (STJ — RHC 1.798/RN — 6ª Turma — Rel. Min. José Cândido de Carvalho Filho — DJ 16.03.1992 — p. 3.107). ATENÇÃO! APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA! • Se o autor do delito não foi preso no local da infração e não está sendo perseguido, sua apresentação espontânea perante o delegado de polícia impede sua prisão em flagrante, já que a situação não se enquadra em nenhuma das quatro hipóteses de flagrância elencadas no art. 302 do CPP, devendo o infrator ser liberado após sua oitiva. • Se, todavia, a autoridade policial entender necessário, em razão da gravidade do delito ou para viabilizar a investigação, poderá representar para que o juiz decrete a prisão preventiva ou a temporária. NESSE SENTIDO: • “Habeas corpus. Prisão em flagrante. Falta de pressuposto legal. Inocorre a quase flagrância se não há perseguição ordenada a pessoa certa, logo após o fato delituoso. Tampouco tem cabimento a prisão quando o agente se entrega a polícia, depois do fracasso da perseguição contra ele empreendida” (STF — RHC 64.550/PA — 2ª Turma — Rel. Min. Francisco Rezek — DJ 12.12.1986 — p. 104) E... • “Prisão em flagrante. Não tem cabimento prender em flagrante o agente que, horas depois do delito, entrega -se a polícia, que o não perseguia, e confessa o crime. Ressalvada a hipótese de decretação da custódia preventiva, se presentes os seus pressupostos. Concede -se a ordem de habeas corpus, para invalidar o flagrante” (STF — RHC 61.442/MT — 2ª Turma — Rel. Min. Francisco Rezek — DJ 10.02.1984 — p. 1.065). NESTES CASOS DE PRISÃO EM FLAGRANTE, CABE, PARA OBTENÇÃO DA LIBERDADE DO ACUSADO... • O RELAXAMENTO DE PRISÃO, no caso de se identificar alguma ilegalidade/irregularidade na prisão, ou, ainda, o PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA, com ou sem fiança, dependendo do delito que está sendo imputado ao Acusado. • Nesse caso, como, aliás, nos demais casos de pedido de liberdade provisória, REGRA GERAL, NÃO SE ADENTRA NO MÉRITO DA PRÁTICA CRIMINOSA da qual se está sendo imputado o Acusado. O RELAXAMENTO DE PRISÃO POSSUI FUNDAMENTAÇÃO LEGAL NO ARTIGO... 5º, INCISO LXV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; E NO ARTIGO 310, INCISO I, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: • Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: • I - relaxar a prisão ilegal; • (...) ALGUMAS HIPÓTESES QUE CONSTITUEM ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE • # NÃO É POSSÍVEL A PRISÃO EM FLAGRANTE DE QUEM SE APRESENTA ESPONTANEAMENTE À AUTORIDADE POLICIAL; • # É ILEGAL A PRISÃO EM FLAGRANTE IMPOSTA NO MOMENTO DO EXAURIMENTO DO DELITO; • # É ILEGAL O FLAGRANTE QUANDO O AGENTE É INSTIGADO A PRATICAR O DELITO (FLAGRANTE PREPARADO); • # AUSÊNCIA DE NOTA DE CULPA. JÁ O PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA POSSUI SUA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL... • NO ARTIGO 310, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: • Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: • III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. • E, TAMBÉM... ARTIGO 321 DO C.P.P.: • Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. ARTIGO 319 DO CPP: • Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). • I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; • II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; • III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; • IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; • V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; • VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; • VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; • VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; • IX - monitoração eletrônica. ARTIGO 282 DO CPP • Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). • I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; • II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. • § 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. • § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. • § 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. • § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).• § 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. • § 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). ATENÇÃO AO ARTIGO 322 DO CPP! • Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. • Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. E, LEMBREM-SE QUE NÃO SE CONCEDE FIANÇA, NOS CASOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 323 E 324 DO CPP! • Art. 323. Não será concedida fiança: • I - nos crimes de racismo; • II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; • III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; ARTIGO 324 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: • Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: • I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; • II - em caso de prisão civil ou militar; • III - (revogado); • IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). •COMO FORMULAR AS PEÇAS E OS SEUS RESPECTIVOS PEDIDOS? COMO FORMULAR AS PEÇAS E OS SEUS RESPECTIVOS PEDIDOS? No caso da peça de RELAXAMENTO DE PRISÃO, deve-se, simplesmente, fazer a fundamentação legal da peça, narrar a prisão efetivada, identificar a ilegalidade/irregularidade ocorrida e requerer que a PRISÃO SEJA RELAXADA E O ACUSADO POSTO EM LIBERDADE, requerendo, ainda, a expedição urgente do ALVARÁ DE SOLTURA e identificando, no pedido, ONDE o Acusado está preso. NO CASO DO PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA • Narra-se as circunstâncias da prisão do Acusado, a/as imputação/ões que lhe é/são atribuída(s), e evidencia-se que trata-se/tratam-se de delito (s) afiançável(eis), apresentando, também, os requisitos para concessão da liberdade provisória, ou seja, residência fixa, profissão definida e bons antecedentes criminais. • O pedido a ser formulado é o de estabelecimento de fiança, no menor valor possível, e cumprimento em caráter urgente de ALVARÁ DE SOLTURA, indicando ONDE o Acusado encontra-se preso. A FUNDAMENTAÇÃO DO PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE FIANÇA, ENCONTRA-SE... Nos artigos 310, inciso III, e no artigo 312 do Código de Processo Penal. Além dos referidos dispositivos, deve-se argumentar também com base nos artigos 323 e 324 do Código de Processo Penal, onde estão elencadas as hipóteses em que a fiança não será concedida, expondo que o Acusado não está inserido em nenhuma das hipóteses impeditivas de concessão do benefício, previstas em lei. A FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA, SEM FIANÇA, • É a mesma do Pedido de Liberdade Provisória com fiança, inclusive com relação à estrutura, a diferença é que ele geralmente é formulado nos casos de CRIMES INAFIANÇÁVEIS, e no pedido requer-se, simplesmente, a CONCESSÃO DA LIBERDADE AO ACUSADO, identificando ONDE ele se encontra preso, para cumprimento do ALVARÁ DE SOLTURA. faroljurídicoead@gmail.com mailto:dicoead@gmail.com CURSO SOBRE PRISÕES E LIBERDADE PROVISÓRIA – PROFESSOR LENILDO MÁRCIO DA SILVA •DA PRISÃO TEMPORÁRIA DA PRISÃO TEMPORÁRIA • É uma medida privativa da liberdade de locomoção, decretada por tempo determinado, destinada a possibilitar as investigações de crimes considerados graves, durante o inquérito policial. • Sua disciplina encontra -se na Lei n. 7.960/89. HIPÓTESES DE CABIMENTO • Nos termos do art. 1º, da Lei n. 7.960/89, CABERÁ PRISÃO TEMPORÁRIA: • I — Quando for imprescindível para as investigações durante o inquérito policial, ou seja, quando houver indícios de que, sem a prisão, as diligências serão malsucedidas. • II — Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade. • III — Quando houver indícios de autoria ou de participação em um dos seguintes crimes: • homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, atentado violento ao pudor, rapto violento, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte, quadrilha ou bando, genocídio, tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro e crimes previstos na Lei de Terrorismo. ATENÇÃO! IMPORTANTE! • O crime de rapto violento consta desse dispositivo, porém foi revogado como infração penal autônoma e, nos termos da Lei n. 11.106/2005, passou a ser considerado figura qualificada do crime de sequestro (art. 148, § 1º, V , do CPP). Assim, como a conduta — privação da liberdade de alguém para fim libidinoso — continua sendo ilícita, tendo havido apenas alteração na capitulação jurídica, cabível a prisão temporária para quem a realizar. • O crime de atentado violento ao pudor também consta do dispositivo, contudo, tal delito foi revogado pela Lei n. 12.015/2009, tendo sido unificado com o crime de estupro. A LEI N. 12.850/2013 • modificou a denominação do crime de quadrilha ou bando para associação criminosa e passou a exigir o envolvimento de apenas três pessoas para sua configuração (antes eram necessárias quatro pessoas). • Assim, é possível a prisão temporária no crime de associação criminosa. O ART. 2º, § 4º, DA LEI N. 8.072/90 POSSIBILITA TAMBÉM A DECRETAÇÃO • DA PRISÃO TEMPORÁRIA nos crimes de TERRORISMO, TORTURA E EM TODOS OS CRIMES HEDIONDOS — ainda que não constem do rol supracitado, como o crime de estupro de vulnerável (art. 217 -A), criado pela Lei n. 12.015/2009. ART. 2º, § 4º, LEI N. 8.072/90 • Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: • (...) • § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. E QUAIS SÃO OS CRIMES HEDIONDOS? • Art. 1o da Lei n.º 8.072/90. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: • • I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);(Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015) • I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) E QUAIS SÃO OS CRIMES HEDIONDOS? • II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); • III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); • IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); • V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); • VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); • VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). • VII-A – (VETADO) • VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). E QUAIS SÃO OS CRIMES HEDIONDOS? • VIII- favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). • Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. IMPORTANTE! • Apesar de divergências a respeito, prevalece o entendimento de que a prisão temporária só é cabível nos crimes mencionados no inciso III e desde que também presente a hipótese do inciso I ou do inciso II. • A prisão temporária só pode ser decretada durante o inquérito policial, nunca durante o tramitar da ação. CASO DECRETADA A PRISÃO... • será expedido mandado de prisão em duas vias, sendo que uma delas será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa (art. 2º, § 4º). • A prisão só poderá ser executada após a expedição do respectivo mandado (art. 2º, § 5º). • Efetuada a prisão, a autoridade deve informar o preso acerca de seus direitos constitucionais (art. 2º, § 6º) — de permanecer calado, de ter sua prisão comunicada aos familiares ou pessoa por ele indicada etc. NOS TERMOS DO ART. 3º DA LEI N. 7.960/89 • os presos temporários devem permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos (provisórios ou condenados). PRAZOS • De acordo com art. 2º, caput, da Lei n. 7.960/89, a duração da prisão temporária é de cinco dias, prorrogável por mais cinco em caso de extrema e comprovada necessidade. • Somente o juiz de direito poderá prorrogar a prisão. • Saliente -se, todavia, que o art. 2º, § 4º, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) permite que a prisão temporária seja decretada por prazo de trinta dias, prorrogável por igual período, quando se trate de crime hediondo, tráfico de drogas, terrorismo ou tortura. • É preciso ressalvar que o juiz pode decretar a prisão temporária por tempo inferior ao máximo estabelecido no texto legal ou prorrogá -la por tempo menor, mencionando expressamente o tempo de duração da prisão no despacho decisório. DO MANDADO DE PRISÃO CONSTARÁ • o prazo de duração da prisão temporária, que, uma vez expirado, implicará a imediata libertação do indiciado, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva. • É muito comum que, ao término das investigações e próximo ao fim do prazo da prisão temporária, a autoridade policial ou o Ministério Público requeiram a decretação da prisão preventiva, de modo que o indiciado não chega a ser solto, pois isso poderia dificultar a recaptura. • A não libertação do preso após o exaurimento do prazo constitui modalidade específica do crime de abuso de autoridade (art. 4º, i, da Lei n. 4.898/65). NO CASO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, CABE, ESPECIFICAMENTE, UM PEDIDO • DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, todavia, o referido pedido só faz sentido no caso das prisões temporárias decretadas com base na Lei n.º 8.072/90, a qual permite que a prisão temporária seja decretada por prazo de trinta dias, prorrogável por igual período, quando se trate de crime hediondo, tráfico de drogas, terrorismo ou tortura. •COMO FORMULAR A PEÇA E O SEU PEDIDO? O PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA DEVE SER FUNDAMENTADO • no esvaziamento de necessidade da prisão, ou no não cumprimento dos requisitos para a sua decretação. • Não existe dispositivo legal específico autorizando o PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA, razão pela qual o fundamento legal da peça deve abordar os dispositivos legais que autorizam a sua decretação, evidenciando através de argumentos e, se possível, provas, a desnecessidade de manutenção da medida cautelar de segregação do Acusado. NA PEÇA, O PEDIDO A SER FORMULADO É... • a REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA DO ACUSADO, com a expedição urgente do ALVARÁ DE SOLTURA, indicando ONDE o Acusado se encontra preso. faroljurídicoead@gmail.com mailto:dicoead@gmail.com CURSO SOBRE PRISÕES E LIBERDADE PROVISÓRIA – PROFESSOR LENILDO MÁRCIO DA SILVA •DA PRISÃO PREVENTIVA DA PRISÃO PREVENTIVA • Trata -se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente pelo juiz de direito quando presentes os requisitos expressamente previstos em lei. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do FUMUS COMMISSI DELICTI E DO PERICULUM LIBERTATIS. • FUMUS COMMISSI DELICTI nada mais é do que a exigência de que o fato investigado seja criminoso, bem como da existência de indícios de autoria e prova da materialidade da infração em apuração. • Já o PERICULUM LIBERTATIS diz respeito à necessidade de segregação do acusado, antes mesmo da condenação, por se tratar de pessoa perigosa ou que está prestes a fugir para outro país etc. A POSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA ENCONTRA EMBASAMENTO • no art. 5º, LXI, da Constituição Federal, que admite, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, a prisão por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente (além da prisão em flagrante). A DECISÃO QUE DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA DO ACUSADO/RÉU... • deve ser suficientemente fundamentada em uma das hipóteses legais, não bastando ao juiz, por exemplo, dizer, genericamente, que aquele tipo de crime é grave. • Deve, desse modo, apreciar as circunstâncias específicas que tornam grave aquele crime em apreciação no caso concreto e que tornam temerária a liberdade do réu ou, ainda, justificar a medida em outra das hipóteses legais (risco de fuga, ameaça a testemunhas etc.). • A insuficiência da fundamentação dará causa à revogação da prisão por meio de habeas corpus interposto em prol do acusado. NESSE SENTIDO: • “a fundamentação da prisão preventiva — além da prova da existência do crime e dos indícios de autoria —, há de indicar a adequação dos fatos concretos à norma abstrata que a autoriza como garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal (CPP, arts. 312 a 315). A gravidade do crime imputado, um dos malsinados crimes hediondos (Lei n. 8.072/90), não basta à justificação da prisão preventiva que tem natureza cautelar, no interesse do desenvolvimento e do resultado do processo, e só se legitima quando a tanto se mostrar necessária: não serve a prisão preventiva, e nem a Constituição permitiria que pra isso fosse utilizada, a punir sem processo, em atenção à gravidade do crime imputado, do qual, entretanto, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, LVII)” (STF — RHC 68.631 — 1ª Turma — Rel. Min. Sepúlveda Pertence — DJ 23.08.1991 — p. 11.265). IMPORTANTE! • É NULO o tipo de decisão onde apenas se lê: • “nos termos do requerimento do Ministério Público, decreto a prisão preventiva de João da Silva” ou “presentes os requisitos legais, nos termos da representação da autoridade policial, decreto a prisão preventiva”. NESSE SENTIDO: • “a fundamentação do decreto de prisão preventiva não pode limitar -se a acolher o pedido do representante do Ministério Público. No caso, a decisão impugnada, além de sucinta, limita -se a repetir os termos da lei, nada adiantando o Juiz sobre sua própria convicção quanto à necessidade da prisão cautelar” (STJ — RHC — Rel. Min. Jesus Costa Lima — RT 703/358). • Apesar de existirem também julgados em sentido contrário... ATENÇÃO! • QUANDO SE TRATAR DE DOIS OU MAIS INFRATORES, A DECISÃO DEVE APRECIAR A SITUAÇÃO ESPECÍFICA DE CADA UM DELES (EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA, POR EXEMPLO). TEM NATUREZA INTERLOCUTÓRIA SIMPLES A DECISÃO QUE... • DECRETA OU DENEGA A PRISÃO PREVENTIVA. • Em caso de decretação, mostra -se cabível o HABEAS CORPUS e, na denegação, o RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (art. 581, V, do CPP). • Cabe ainda RECURSO EM SENTIDO ESTRITO contra a decisão que revoga a prisão preventiva, admitindo - se, também, a impetração de MANDADO DE SEGURANÇA para a obtenção de efeito suspensivo ao recurso paraque, em eventual liminar, o tribunal mantenha o réu preso até a decisão de mérito. OPORTUNIDADE DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA • Após as alterações trazidas pela Lei n. 12.403/2011, a decretação da prisão preventiva pode se verificar em três situações: • a) quando o autor da infração tiver sido preso em flagrante e o juiz, ao receber a cópia do auto no prazo de 24 horas da prisão, convertê - la em preventiva. • b) quando o autor da infração não tiver sido preso em flagrante, mas as circunstâncias do caso concreto demonstrarem sua necessidade. • c) quando o acusado descumprir, injustificadamente, medida cautelar diversa da prisão anteriormente imposta. a) quando o autor da infração tiver sido preso em flagrante e o juiz, ao receber a cópia do auto no prazo de 24 horas da prisão, convertê - la em preventiva. • Nesse caso, não é necessário requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial, conforme se depreende da própria leitura do art. 310 do CPP. • Diz o caput do referido artigo que o juiz, ao receber a cópia do auto de prisão em flagrante “deverá” relaxá -la se for ilegal, convertê -la em preventiva ou conceder a liberdade provisória, isto é, o fato de ter havido prisão em flagrante e de o indiciado estar no cárcere permite que o juiz, de ofício, tome qualquer das providências que o texto legal elenca. ESTE MESMO DISPOSITIVO DISPÕE QUE O JUIZ SÓ DECRETARÁ A PRISÃO • PREVENTIVA se concluir que são inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão, previstas nos arts. 319 e 320 do CPP (monitoramento eletrônico, recolhimento domiciliar noturno etc.). b) quando o autor da infração não tiver sido preso em flagrante, mas as circunstâncias do caso concreto demonstrarem sua necessidade. • Nessa hipótese, o juiz não pode decretar a prisão de ofício, durante as investigações policiais, mas apenas se houver requerimento da acusação ou representação da autoridade policial. • Durante o tramitar da ação penal a decretação pode se dar de ofício e em razão de requerimento de Ministério Público, do querelante ou do assistente de acusação. c) quando o acusado descumprir, injustificadamente, medida cautelar diversa da prisão anteriormente imposta. • O descumprimento da medida justificará a substituição por outra, a cumulação de medidas ou, em último caso, a decretação da prisão preventiva (art. 282, § 4º, do CPP). REQUISITOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA • No art. 312 do CPP encontram -se elencados os PRESSUPOSTOS E OS FUNDAMENTOS que justificam a prisão preventiva. • Por sua vez, no art. 313 estão previstas as CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE de referida modalidade de prisão cautelar. PRESSUPOSTOS • Só é possível a prisão preventiva se, no caso concreto, houver INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME. • Importa ressalvar que o art. 312, ao se referir apenas a CRIME, E NÃO GENERICAMENTE A INFRAÇÃO PENAL, DEIXA CLARA A IMPOSSIBILIDADE DE PRISÃO PREVENTIVA NAS CONTRAVENÇÕES PENAIS. FUNDAMENTOS • Esse tópico refere -se aos motivos (às razões de fato) que autorizam o juiz a decretar a prisão preventiva, sendo, portanto, aspecto primordial do tema. • De acordo com o art. 312 e seu parágrafo único, pode ela ser decretada como GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA, DA ORDEM ECONÔMICA, POR CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL, PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL OU EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS POR FORÇA DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA ARTIGO 312, CAPUT, CPP • Entende -se cabível a custódia cautelar quando se mostra necessário afastar imediatamente o acusado do convívio social em razão da sua grande periculosidade demonstrada pelo cometimento de delito de extrema gravidade ou por ser pessoa voltada à prática reiterada de infrações penais. A GRAVIDADE DO DELITO • é razão suficiente para a decretação da prisão, porém, deve o juiz apreciar esta gravidade de acordo com as circunstâncias daquele crime em apuração no caso concreto. • Se não fosse assim, a prisão preventiva seria compulsória sempre que determinada espécie de crime fosse cometido. O CLAMOR PÚBLICO • provocado por determinado delito, por si só, não justifica a decretação da preventiva. • Pode até ser considerado como um argumento a mais, um plus, mas nunca como argumento único. NESSE SENTIDO: • “o estado de comoção social e de eventual indignação popular, motivado pela repercussão da prática da infração penal, não pode justificar, por si só, a decretação da prisão cautelar do suposto autor do comportamento delituoso, sob pena de completa e grave aniquilação do postulado fundamental da liberdade. O clamor público — precisamente por não constituir causa legal de justificação da prisão processual (CPP, art. 312) — não se qualifica como fator de legitimação da privação cautelar da liberdade do indiciado ou do réu” (STF — HC 80.179/SP — Rel. Min. Celso de Mello — DJU 28.09.2001). GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA ARTIGO 312, CAPUT, CPP • Trata -se de prisão decretada a fim de coibir graves crimes contra a ordem tributária (arts. 1º a 3º da Lei n. 8.137/90), o sistema financeiro (Lei n. 7.492/86), a ordem econômica (Lei n. 8.176/91; arts. 4º a 6º da Lei n. 8.137/90) etc. • São os crimes de “colarinho branco” de grande repercussão que podem gerar prejuízos disseminados a investidores de bolsa de valores, a instituições financeiras e até mesmo aos órgãos do Governo. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL ARTIGO 312, CAPUT, CPP • É decretada, por exemplo, quando o agente, em liberdade, ameaça testemunhas ou a vítima para que prestem depoimento favorável a ele em juízo ou para que não o reconheçam como o autor do crime no dia da audiência, ou ainda no caso de estar forjando provas em seu favor ou destruindo provas em seu desfavor. • Além da decretação da prisão preventiva pelo delito já em apuração, o autor da ameaça poderá ainda ser responsabilizado por outro crime denominado coação no curso do processo (art. 344 do CP). GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL ARTIGO 312, CAPUT, CPP • Baseia -se na existência de indícios de que o acusado está prestes a se evadir ou de que já fugiu para furtar -se ao cumprimento da pena em caso de condenação. • Ex.: réu que se esconde para não ser citado dando causa à suspensão do processo, nos termos do art. 366 do CPP, ou réu acusado de homicídio que alugou avião para fugir do país etc. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES IMPOSTAS POR FORÇA DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES • Desde o advento da Lei n. 12.403/2011, o juiz pode optar pela aplicação de medida cautelar diversa da prisão caso a entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. • Suponha -se que o juiz proíba o acusado de manter contato com determinada pessoa relacionada ao fato criminoso (art. 319, III, do CPP) e ele, em liberdade, descumpra a medida, ou que o juiz determine o monitoramento eletrônico do réu e ele destrua a tornozeleira eletrônica. • Em tais casos, diz o art. 312, parágrafo único, do CPP que o juiz pode decretar a prisão preventiva. A LEI CONFERE, AINDA, AO MAGISTRADO A POSSIBILIDADE... • DE SUBSTITUIR A MEDIDA OU APLICAR OUTRA EM CUMULAÇÃO EM VEZ DE DECRETAR A PRISÃO (ART. 282, § 4º). PRIMARIEDADE, BONS ANTECEDENTES, RESIDÊNCIA E EMPREGO FIXO • É absolutamente comum que os acusados se insurjam contra a decretação da prisão preventiva alegando que são primários ou que têm bons antecedentes, ou, ainda, que possuem residência ou emprego fixos. • De ver -se, entretanto, que a lei não prevê nenhum desses fatores como causa impeditiva da prisão, se, por outro lado, estiver presente algum dos fundamentos autorizadores da decretação. NESSE SENTIDO: • “fatores como a primariedade, bons antecedentes, residência fixa e profissão definida não bastam para afastar a possibilidade de prisão preventiva quando esta é ditada por qualquer das razões previstas no art. 312, do CPP” (STF — RHC — Rel. Min. Sidney Sanches — RT 643/361); e “As condições pessoais favoráveis, tais como primariedade,ocupação lícita e residência fixa, entre outras, não têm o condão de, por si sós, garantirem ao recorrente a revogação da prisão preventiva se há nos autos elementos hábeis a recomendar a manutenção de sua custódia cautelar. Recurso ordinário desprovido” (STJ — RHC 56.007/PR — Rel. Min. Felix Fischer — 5ª Turma — julgado em 16.06.2015 — DJe 05.08.2015). CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE • O art. 313 do CPP esclarece que não basta a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, só podendo ela ser decretada em determinadas espécies de infração penal ou sob certas circunstâncias. • São as chamadas CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE. COM EFEITO, REFERIDO DISPOSITIVO SÓ PERMITE A PREVENTIVA: • I — NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR A 4 ANOS. • Em tais crimes, se o réu, por exemplo, ameaçar uma testemunha o juiz pode decretar imediatamente a sua prisão preventiva, ainda que ele seja primário e de bons antecedentes. • II — SE O RÉU OSTENTAR CONDENAÇÃO ANTERIOR DEFINITIVA POR OUTRO CRIME DOLOSO NO PRAZO DE 5 • ANOS DA REINCIDÊNCIA. • Assim, ainda que se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se o réu for reincidente em crime doloso e isso leve o magistrado a entender que, por tal razão, ele coloca em risco a ordem pública pela considerável possibilidade de tornar a delinquir. • III — SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OU FAMILIAR CONTRA A MULHER , CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA DEFICIENTE, QUANDO HOUVER NECESSIDADE DE GARANTIR A EXECUÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA. • Essas medidas protetivas estão previstas no art. 69, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95, e no art. 22 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). • Exs.: suspensão do direito à posse de arma de fogo, afastamento do lar, proibição de aproximação da vítima, seus familiares ou testemunhas, restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores etc. • Há também medidas protetivas nos arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso, e arts. 98 a 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente. OBSERVAÇÃO • O art. 313, parágrafo único, do CPP possibilita, ainda, a prisão preventiva, quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê -la, devendo o preso ser imediatamente solto tão logo seja obtida a identificação. • Note -se que este dispositivo, ao contrário dos demais, não se refere exclusivamente a crimes dolosos. • Assim, teoricamente, é possível a prisão preventiva em um homicídio culposo na hipótese de o autor da infração recusar -se a fornecer sua identificação, devendo, porém, ser solto, assim que se obtenha a qualificação. A PRISÃO PREVENTIVA NÃO PODE SER DECRETADA, EM NENHUMA HIPÓTESE • se à infração cometida não for cominada pena privativa de liberdade isolada, cumulativa ou alternativamente (art. 283, § 1º). • Este dispositivo tem importância em relação ao crime de porte de droga para uso próprio para o qual, atualmente, não existe previsão de pena privativa de liberdade (art. 28 da Lei n. 11.343/2006). • Existem também algumas contravenções apenadas somente com multa como a de importunação ofensiva ao pudor (art. 61 da LCP). • De ver -se, entretanto, que o art. 312, caput, do CPP inviabiliza a prisão preventiva para toda e qualquer espécie de contravenção (ainda que punida com pena de prisão). É VEDADA A DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA SE O JUIZ VERIFICAR... • pelas provas constantes dos autos, que o agente praticou o ato sob o manto de uma das excludentes de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal). • Tal regra encontra -se no art. 314 do Código de Processo Penal. ARTIGO 314 DO CPP • Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA DO ACUSADO • “A apresentação espontânea do Paciente à autoridade policial, a teor do disposto no art. 317 do Código de Processo Penal, não impede a decretação da prisão preventiva, nos casos em que a lei a autoriza. 5. Ordem denegada” (STJ — HC 215.821/PE — Rel. Min. Laurita Vaz — 5ª Turma — julgado em 15.03.2012 — DJe 27.03.2012); • “Na linha dos precedentes desta Corte, a apresentação espontânea do réu, por si só, não é motivo suficiente para a revogação de sua custódia cautelar (precedentes desta Corte e do col. Pretório Excelso). • V — As condições pessoais favoráveis, tais como primariedade, ocupação lícita e residência fixa, entre outras, não têm o condão de, por si sós, garantirem ao recorrente a revogação da prisão preventiva se há nos autos elementos hábeis a recomendar a manutenção de sua custódia cautelar. Recurso ordinário desprovido” (STJ — RHC 56.007/PR — Rel. Min. Felix Fischer — 5ª Turma — julgado em 16.06.2015 — DJe 05.08.2015). REVOGAÇÃO E NOVA DECRETAÇÃO • O juiz pode a todo tempo revogar a prisão preventiva caso desapareçam os motivos que a ensejaram. Pode, também, redecretá -la se os mesmos motivos ressurgirem ou, ainda, com base em novos argumentos (art. 316 do CPP). • Todas as decisões deverão ser devidamente fundamentadas. ARTIGO 316 DO CPP • Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. DURAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA • Após a decretação da prisão preventiva, o réu não pode ficar preso por tempo indeterminado. • Devem, assim, ser observados os prazos estabelecidos na lei para o cumprimento dos diversos atos processuais em caso de réu preso: • a) Conclusão do inquérito: 10 dias (ou 15 em se tratando de crime de competência da Justiça Federal). • b) Oferecimento de denúncia: 5 dias. • c) Recebimento da denúncia: 5 dias, uma vez que se trata de decisão interlocutória simples (art. 800, II, do CPP). • d) Resposta escrita do réu: 10 dias a contar da citação. Caso, porém, o réu não apresente sua resposta no prazo, por meio de defensor constituído, os autos irão conclusos para o juiz nomear defensor dativo ao réu que, após a intimação, terá outros 10 dias para oferecer a resposta. • e) Apreciação do magistrado quanto à resposta escrita com possibilidade de absolvição sumária: 10 dias, posto que o juiz pode proferir sentença absolutória (art. 800, I, do CPP). • f) Audiência para oitiva de testemunhas, debates e sentença: 60 dias. A ESSES PRAZOS DEVE SER SOMADO O DE 24 HORAS PARA CADA ANDAMENTO... • a ser dado pelo cartório judicial — fazer conclusão ao juiz e encaminhar -lhe os autos para apreciar o recebimento da denúncia; expedir mandado de citação após o juiz ter recebido a denúncia; certificar eventual ausência de resposta escrita e remeter os autos ao juiz para nomear defensor; intimar o defensor nomeado; juntar a resposta escrita e encaminhá -la ao juiz com conclusão; publicar e cumprir a decisão do juiz que não absolveu sumariamente o réu e determinou a realização da audiência. • Além disso, deve -se dar um prazo razoável ao oficial de justiça para cumprir o mandado de citação (3 dias pelo menos). ESSES PRAZOS SOMADOS ALCANÇAM O MONTANTE DE 120 DIAS NA ESFERA... • ESTADUAL E DE 125 DIAS NA ESFERA FEDERAL. • A jurisprudência, por sua vez, há muito tempo firmou entendimento de que, uma vez iniciada a ação penal, os prazos não devem ser contados isoladamente em relação a cada um deles. • Ao contrário, devem ser considerados englobadamente, só se escoando quando ultrapassado o tempo de todos eles somados, a contar da data da prisão. • Findo tal prazo, poderá ser alegado constrangimento ilegal por excesso de prazo e, como consequência, ser revogada a preventiva. PORÉM, CONTUDO, TODAVIA... • Esse prazo não é fatal, sendo certo que a jurisprudência entendeque uma série de fatores pode ser levada em conta para permitir que o réu fique preso além desse tempo (necessidade de citação do réu por carta precatória, excesso de réus ou de testemunhas, demora na elaboração de provas periciais de alto grau de dificuldade, necessidade de adiamento de audiência pela não condução do réu ao fórum, excesso de processos em pauta etc.). • Assim, o juiz, dentro do critério da razoabilidade e decidindo fundamentadamente, pode deixar de soltar o réu (hipótese em que o acusado poderá impetrar habeas corpus no tribunal competente para tentar sua liberdade, refutando os argumentos do juiz que o mantiveram no cárcere). ADEMAIS... • quando a responsabilidade pelo atraso for da defesa, não se justifica a libertação do acusado por excesso de prazo nos termos da Súmula n. 64 do Superior Tribunal de Justiça: • “não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa”. É COMUM, POR EXEMPLO... • que haja demasiada demora na apresentação da resposta escrita, que é premissa para o juiz determinar o prosseguimento do feito e designar a data da audiência de instrução e julgamento. • Posteriormente, o defensor alega excesso de prazo, que, todavia, não pode ser reconhecido, já que a responsabilidade pela demora foi exclusivamente da defesa. Em tal caso, deve ser descontado o tempo do atraso no oferecimento da resposta escrita. • Muitas vezes, ainda, o réu arrola testemunhas de defesa que não são encontradas ou requer diligências de difícil cumprimento, o que faz com que sua prisão se alongue. POR ISSO, DIZ-SE QUE O PRAZO É CONTADO DA DATA DA PRISÃO... • ATÉ O TÉRMINO DA INSTRUÇÃO ACUSATÓRIA, pois se não fosse assim os réus poderiam usar do artifício de criar entraves no processo apenas para ser revogada a prisão preventiva. • Nesse sentido existe, inclusive, a Súmula n. 52 do Superior Tribunal de Justiça: • “Terminada a instrução, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo”. PRISÃO PREVENTIVA DOMICILIAR • Esta forma de cumprimento da prisão preventiva é inovação trazida pela Lei n. 12.403/2011, que, na nova redação dada ao art. 317 do CPP, possibilitou ao indiciado ou réu permanecer fechado em sua residência, e não em estabelecimento prisional, nas seguintes hipóteses: • A) SE FOR MAIOR DE 80 ANOS; • B) SE ESTIVER EXTREMAMENTE DEBILITADO POR MOTIVO DE DOENÇA GRAVE; • C) SE SE TRATAR DE PESSOA IMPRESCINDÍVEL AOS CUIDADOS ESPECIAIS DE PESSOA MENOR DE 6 ANOS DE IDADE OU COM DEFICIÊNCIA; • D) SE SE CUIDAR DE GESTANTE A PARTIR DO 7º MÊS DE GRAVIDEZ OU SENDO ESTA DE ALTO RISCO. EM TAIS CASOS, O ACUSADO SÓ PODERÁ DEIXAR AS DEPENDÊNCIAS... • da residência com autorização judicial ou nas datas em que haja ato do processo (audiência, por exemplo). • Como o texto legal se refere à prisão do agente em sua própria residência, aqueles que não a possuírem não poderão auferir dessa modalidade de prisão (os moradores de rua, por exemplo). NOTE-SE QUE NAS HIPÓTESES “A”, “B” e “D”, A RAZÃO DA DECRETAÇÃO DA... • prisão domiciliar é o fato de o autor da infração estar consideravelmente debilitado (idade avançada, doença grave ou gestação em fase final ou de risco). • Nessas hipóteses, se o juiz verificar que a condição dessas pessoas faz com que não coloquem em risco a coletividade ou a instrução criminal, sequer deve decretar a prisão, o que certamente ocorrerá em grande número de casos. • Se, ao contrário, o juiz concluir que, apesar das condições etárias, de saúde ou gestacional, o agente coloca em risco a ordem pública, a instrução criminal etc., deverá decretar a prisão, porém na modalidade domiciliar. EM SE TRATANDO DE MODALIDADE DE PRISÃO, EMBORA DOMICILIAR... • o réu terá direito à detração, ou seja, poderá descontar na pena a ser futuramente cumprida, em caso de eventual condenação, o tempo de prisão domiciliar. • Por fim, ressalte-se que é ônus do acusado fazer prova de que está em uma das situa ções para as quais se mostra cabível a prisão domiciliar (art. 313, parágrafo único, do CPP). QUAL O INSTRUMENTO ADEQUADO A SER FORMULADO E QUAL O PEDIDO A SER FEITO? NO CASO DE DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA... • O INSTRUMENTO ADEQUADO PARA OBTENÇÃO DA LIBERDADE DO ACUSADO/RÉU É O PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA. • NELE, DEVE-SE EXPOR A MOTIVAÇÃO DA DECISÃO QUE DECRETOU A SEGREGAÇÃO CAUTELAR E ATACÁ-LA ESPECIFICAMENTE EM SEUS FUNDAMENTOS, EVIDENCIANDO QUE, OU NUNCA EXISTIRAM, OU DEIXARAM DE EXISTIR. • IMPORTANTE DESTACAR, AINDA, QUE, TAMBÉM AQUI, É IMPORTANTE QUE SE EVIDENCIE QUE O RÉU PREENCHE OS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA: BONS ANTECEDENTES CRIMINAIS, RESIDÊNCIA FIXA, E PROFISSÃO DEFINIDA. O PEDIDO A SER FORMULADO É ... • A REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, COM A EXPEDIÇÃO URGENTE DO ALVARÁ DE SOLTURA, CASO O ACUSADO/RÉU ESTEJA PRESO, OU DE SALVO – CONDUTO, CASO A PRISÃO AINDA NÃO TENHA SE EFETIVADO. • NO CASO DO ACUSADO/RÉU ESTAR PRESO, É NECESSÁRIO INDICAR O LOCAL ONDE SE ENCONTRA SEGREGADO PARA CUMPRIMENTO DO ALVARÁ DE SOLTURA. •DO HABEAS CORPUS HABEAS CORPUS • é uma ação autônoma de impugnação, de natureza mandamental e com status constitucional, previsto no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e artigo 647 e seguintes, do Código de Processo Penal. • É UM REMÉDIO JURÍDICO QUE TEM POR OBJETO O DIREITO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO DE ALGUÉM. ARTIGO 5º, INCISO LXVIII, DA CF: • (...) • LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; ARTIGO 647 DO CPP • Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. ARTIGO 648 DO CPP: • Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: • I - quando não houver justa causa; • II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; • III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; • IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; • V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; • VI - quando o processo for manifestamente nulo; • VII - quando extinta a punibilidade. O HABEAS CORPUS PODE SER UTILIZADO... • ainda que não haja processo ou decisão a ser impugnada e serve, não raro, como meio de rescindir a coisa julgada. • Todavia, apesar de ação, exerce, algumas vezes, função de impugnação de decisão judicial,ocasionando a revisão do ato contra o qual foi investido. • Ex.: habeas corpus concedido para reformar decisão que indeferiu pedido de liberdade provisória. • Como nas ações em geral, a impetração de habeas corpus pressupõe a presença das condições da ação: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade das partes. SÃO PARTES NO PROCESSO DE HABEAS CORPUS: • # PACIENTE – quem sofre o constrangimento ilegal; • # IMPETRANTE – é aquele que ajuíza o pedido de Habeas Corpus; • # COATOR/IMPETRADO – quem exerce o constrangimento, a coação sem fundamento legal; O HABEAS CORPUS PODE SER... • # LIBERATÓRIO • # PREVENTIVO • Qualquer pessoa (denominado impetrante), física ou jurídica, nacional ou estrangeira, pode impetrar habeas corpus em favor de alguém (denominado paciente), independentemente de possuir habilitação técnica para tanto (desnecessário o patrocínio de advogado, conforme disposição expressa no art. 1.º, § 1.º, do Estatuto da Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil – Lei 8.906/94). HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO • CORRETIVO OU REPRESSIVO — tem lugar quando alguém sofrer violência ou coação ilegal na liberdade de ir e vir, ou seja, quando se pretende a restituição da liberdade a alguém que já se acha com esse direito violado; HABEAS CORPUS PREVENTIVO • jus fica -se sempre que alguém se achar na iminência de sofrer a violência ou coação, isto é, quando se pretende evitarque a ilegal restrição à liberdade se efetive, desde que haja fundado receio de que irá ocorrer. É COM BASE NO CARÁTER PREVENTIVO DO HABEAS CORPUS • que se exerce o controle de legalidade da persecução penal, pois o evento prisão, em maior ou menor probabilidade, afigura -se possível quando instaurado inquérito policial ou ajuizada ação penal. • Por esse motivo, permite -se, em certos casos, até mesmo o trancamento de inquérito ou de ação penal pela via do habeas corpus, desde que o fato apurado, por exemplo, seja evidentemente atípico ou que já esteja extinta a punibilidade. CONSOLIDOU-SE, TODAVIA, O ENTENDIMENTO SEGUNDO O QUAL • não é cabível habeas corpus para discutir matéria relativa a processo cujo crime é apenado exclusivamente com multa, pois não se estaria tutelando liberdade de locomoção. • Nesse sentido, a Súmula n. 693, do Supremo Tribunal Federal: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. COMO FORMULAR O HC E QUAL O PEDIDO A SER FEITO? O HABEAS CORPUS DEVE SER FORMULADO COM FUNDAMENTO • No artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal e artigos 647 e seguintes do Código de Processo Penal, expondo-se com clareza qual a lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir do Paciente, evidenciando as provas do argumento exposto. • O pedido a ser formulado é de expedição de alvará de soltura ou salvo – conduto, dependendo do Paciente estar preso ou em liberdade. • Pode, também, ser formulado pedido para trancamento da ação penal, por ausência de justa causa. NESSE SENTIDO, GUILHERME DE SOUZA NUCCI, EM SUA OBRA... • PRÁTICA FORENSE PENAL, nos fornece um esquema relativo à estrutura da peça, às fls. 654: • “A petição inicial da ação de habeas corpus deve conter os requisitos básicos de qualquer ação penal: • a) dirige-se ao juiz ou tribunal competente; b) indica-se o nome completo do impetrante, com sua qualificação e endereço; c) relaciona-se em favor de quem o habeas corpus está sendo impetrado (nome completo do paciente) e onde se encontra. Se não for possível fornecer o nome e a qualificação do paciente, indica-se, pelo menos, dados básicos para ser localizado; d) aponta-se a autoridade coatora da qual partiu a ordem ou o ato considerado coação ilegal; e) expõe-se qual foi a ilegalidade cometida ou qual é a ameaça de coação; f) insere-se a assinatura do impetrante, ou, quando não puder assinar, a de quem, a seu rogo, puder fazê-lo.” DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU QUE CONCEDER OU DENEGAR A ORDEM • DE HABEAS CORPUS, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, X, do CPP). • Se concedida a ordem, por outro lado, é obrigatório o reexame da questão pela instância superior (“recurso de ofício” — art. 574, I, do CPP). ATENÇÃO! • O Ministério Público pode ingressar com habeas corpus em favor de qualquer pessoa, inclusive do réu do processo no qual ele (promotor ou procurador da República) figura como acusador. • O delegado e o juiz somente podem impetrar habeas corpus com relação a pessoa que não se vincule com investigação ou processo por eles presidido. faroljurídicoead@gmail.com mailto:dicoead@gmail.com
Compartilhar