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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE 5.0 EM UMA EMPRESA DE VAREJO DE SANTA CATARINA por Ângela Copatti Itajaí (SC), dezembro de 2020 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ- ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE 5.0 EM UMA EMPRESA DE VAREJO DE SANTA CATARINA Área de Engenharia Organizacional por Ângela Copatti Monografia apresentada à Banca Examinadora do Trabalho de Iniciação Científica e Tecnológica do curso de Engenharia de Produção como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. Orientador: Rodrigo Ramos Martins, Msc. Itajaí (SC), dezembro de 2020 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NOME DO ACADÊMICO: Ângela Copatti TÍTULO DO TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA A TECNOLÓGICA: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE 5.0 EM UMA EMPRESA DE VAREJO DE SANTA CATARINA Trabalho de Iniciação Científica e Tecnológica apresentado ao Curso de Engenharia de Produção, para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. Aprovado na data da defesa. Prof. Rodrigo Ramos Martins, MSc. (orientador) EMCT EMCT Prof. Jeferson Kerbes, Esp. EMCT Itajaí, 02 de dezembro de 2020. Prof. Moacir Marques, Esp. Dedico esse trabalho a minha mãe. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que me concedeu força e saúde para persistir até aqui. A minha mãe, que diariamente se faz minha fonte de inspiração, minha mentora e maior exemplo de ser humano e profissional, que apesar das minhas angústias e meu nervosismo em certos momentos, sempre me acolheu com seu carinho e paciência, tornando- me forte para continuar. Acredito que sem o seu apoio, teria desistido no meio do percurso, ou até mesmo, não iniciado. Ao meu pai, pela sua dedicação para com a nossa família, apoio incondicional e palavras de sabedoria em todo o momento. Aos meus irmãos, por todo apoio e parceria. Agradeço a todos os meus amigos e amigas que de alguma forma, me incentivaram, me apoiaram para que eu chegasse até aqui, e me incentivam para o melhor. Ao meu orientador Professor Ms. Rodrigo Ramos Martins, por seus ensinamentos, orientações, paciência, muita paciência e por nunca ter deixado de me apoiar, desde o começo do trabalho até o final desta etapa, compreendendo meus objetivos e acreditando em meu potencial. Agradeço aos Professores Moacir Marques e Jeferson Kerbes, pelo aceite em participar de minha banca e por suas excelentes contribuições na pesquisa. À Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI – me proporcionou toda a base teórica e prática ao longo de minha trajetória no curso. A empresa que abriu portas para esse trabalho acontecer, que se dedicaram a responder todas as indagações de maneira clara e sucinta. Mostrando o quanto esse estudo é importante para os acadêmicos e sociedade em geral. “A menos que modifiquemos à nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo.” (Albert Einstein) RESUMO COPATTI, Ângela. Análise da influência das características da Sociedade 5.0 em uma empresa de varejo de Santa Catarina. Itajaí, 2020. 100f. Trabalho Técnico-científico de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Escola do Mar, Ciência e Tecnologia, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2020. Enquanto o mundo ainda se adapta aos desafios da Indústria 4.0, surge um novo conceito: a Sociedade 5.0. Com a transformação da tecnologia, hoje, a disponibilidade de dados e ferramentas como a Inteligência Artificial, Big Data, Robôs Autônomos e entre outros é tão vasta e poderosa que leva a novas formas de negócios, interações tecnológicas e sociais. Acompanhar o desenvolvimento enquanto ela ocorre, é uma oportunidade única para conseguir antever as mudanças que este novo modelo de produção propõe. O objetivo da Sociedade 5.0 é criar um ambiente social onde possam ser resolvidos problemas sociais e desafios do cotidiano, incorporando as inovações da quarta revolução industrial em todas as indústrias e na vida social. O mundo está enfrentando grandes mudanças e a tendência da transformação digital não pode ser interrompida pois está mudando drasticamente muitos aspectos da sociedade. O objetivo desta pesquisa foi o de analisar a influência das características da Sociedade 5.0 em uma empresa do varejo de Santa Catarina. A metodologia de pesquisa adotada foi o Estudo de Caso, de natureza quantitativa e qualitativa e de caráter exploratório descritivo, utilizando-se como instrumento de coleta de dados um questionário on-line aplicado aos entrevistados e o segundo instrumento, considerado uma entrevista semiestruturada aplicada presencialmente com oito entrevistados. Em seguida, procedeu-se à análise retrospectiva da ação empreendida pela pesquisadora. Esta pesquisa possibilitou caracterizar o conceito de Sociedade 5.0 bem como o mapeamento das habilidades referentes a esta sociedade e, ainda, realizar o mapeamento das ferramentas da Indústria 4.0. As análises depreendidas dos instrumentos indicam que a empresa escolhida, embora tenha investido nas ferramentas da Industria 4.0, ainda é muito tímida a sua inserção em uma Sociedade 5.0. Três das habilidades se demonstraram mais evidentes, sendo a Inteligência Artificial, Criando Atenção e Planejamento “Co”, cujos indícios estão em fase de implementação, as demais ou estão apenas iniciando ou ainda sendo implantadas. A análise final possibilita dizer que há a influência das características da Sociedade 5.0 e que deixa a empresa em questão, cada vez mais perto de estar inserida na mesma. Palavras-chave: Indústria 4.0. Sociedade 5.0. Tecnologia. ABSTRACT While the world is adapting to the challenges of Industry 4.0, a new concept emerges: Society 5.0. With technology’s transformation, the availability of data and tools such as Artificial Intelligence, Big Data, Autonomous Robots and others are so vast and powerful, that leads to new types of business, technological and social interactions. To follow the development while it occurs, is an opportunity to foresee the changes this new production model proposes. The purpose of Society 5.0 is to develop a social environment where social problems and daily challenges can be solved, embracing the fourth industrial revolution’s innovation among all industries and social life. The world is facing big changes and digital transformation trend can’t be interrupted because is changing the aspects of Society drastically. The objective of this research was to analyze the influence of the 5.0 Society characteristics in a retail company in Santa Catarina. The research methodology used was the Case Study, with quantitative and qualitative nature and with an exploratory character, using as an instrument of data collection an on-line questionnaire applied to the interviewees and the second instrument, a semi-structured personal interview applied to eight interviewees. After that, the researcher performed an retrospective analysis of action. This research made possible to characterize the concept of Society 5.0 as well as the skills mapping of this society and, also, to categorize thetools of Industry 4.0. The analysis derived from these instruments indicates that the chosen company is still very timid in the 5.0 Society, even investing on 4.0 Industry tools. Three of the skills were more evident, being the Artificial Intelligence, Creating Attention and Planning "co", whose indications are still in the implementation phase, the others are just starting or being implemented. The final analysis makes it possible to say that there is the influence of the 5.0 Society's characteristics and that it leaves the company in doubt, among time closer to being inserted in it. Keywords: Industry 4.0. Society 5.0. Technology. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Evolução das Revoluções ..................................................................................... 21 Figura 2: Integração na Indústria 4.0................................................................................... 25 Figura 3: Nove pilares da Indústria 4.0 ................................................................................ 29 Figura 4: Definição de Sociedade 5.0. .................................................................................. 45 Figura 5: Canais de distribuição de bens de consumo ......................................................... 50 Figura 6: Organograma do setor administrativo da empresa ................................................ 62 Quadro 1- As habilidades necessárias na Sociedade 5.0 ...................................................... 47 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Comparativo entre os trabalhos similares - Estudo de Caso ................................ 56 Tabela 2: Comparativo entre os trabalhos similares - Estudo bibliográfico......................... 57 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRAS Associação Brasileira de Supermercados APR Automação de Processo Robótico BI Business Intelligence CTV Circuito Fechado de TV CNI Confederação Nacional da Indústria CRM Customer Relationship Management IA Inteligência Artificial IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IGBC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBM International Business Machines FGV Fundação Getúlio Vargas FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro PCL Planejamento e Controle Logístico PDV Ponto de Venda PIB Produto Interno Bruto RBS Revisão Bibliográfica Sistemática TI Tecnologia da Informação UFSC Universidade Federal de Santa Catarina WMS Warehouse Management System SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................ 15 1.1.1 Formulação do Problema................................................................................. 16 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 17 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 19 2.1 A HISTÓRIA DA TECNOLOGIA ............................................................................... 19 2.1.1 Quarta Revolução Industrial ........................................................................... 21 2.2.1 Ferramentas da Indústria 4.0 .......................................................................... 29 2.2.1.1 Big Data ......................................................................................................... 30 2.2.1.2 Robôs Autônomos ......................................................................................... 30 2.2.1.3 Simulação ...................................................................................................... 31 2.2.1.4 Sistemas de integração horizontais e verticais ............................................ 31 2.2.1.5 Internet Industrial das Coisas ...................................................................... 32 2.2.1.6 Segurança Virtual ......................................................................................... 32 2.2.1.7 Nuvem de dados ............................................................................................ 33 2.2.1.8 Aditivos à manufatura .................................................................................. 33 2.2.1.9 Realidade Aumentada ................................................................................... 33 2.3 SOCIEDADE 5.0 .................................................................................................. 35 2.3.1 A política na Sociedade 5.0 .............................................................................. 38 2.3.2 O Marketing na Sociedade 5.0 ........................................................................ 40 2.3.3 Gestão de Recursos Humanos ......................................................................... 41 2.3.4 Benefícios da Sociedade 5.0 ............................................................................. 43 2.3.5 Habilidades da Sociedade 5.0 .......................................................................... 47 2.4 INDÚSTRIA DO VAREJO ................................................................................... 48 2.5 TRABALHOS SIMILARES ................................................................................. 52 2.5.1 Trabalho 1: Análise dos Impactos da Indústria 4.0 na Logística Empresarial……………………………………………………………………………..52 2.5.2 Trabalho 2: Indústria 4.0 no Setor Têxtil: Diagnóstico Atual, Desafios e Oportunidades para o Futuro Digital ...................................................................... 53 2.5.3 Trabalho 3: A Indústria 4.0 e seu Impacto na Estratégia das Organizações – Estudo de Caso em uma Empresa de Treinamentos em Informática .................... 53 2.5.4 Trabalho 4: Sistematização dos Pilares da Indústria 4.0: Uma Análise Utilizando Revisão Bibliográfica Sistemática .......................................................... 54 2.5.5 Trabalho 5: Estudo Sobre a Percepção e a Aplicação das Tecnologias da Indústria 4.0 nas Empresas da Cidade de Caxias do Sul ........................................ 55 2.5.6 Análise das pesquisas ....................................................................................... 55 3. METODOLOGIA ................................................................................................. 58 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................. 58 3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA E COLETA DE DADOS .............................. 59 4. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 61 4.1 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................................ 61 4.2 CARATERIZAÇÃO DA EMPRESA .................................................................... 62 4.3 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS .................................................. 63 4.4 RESULTADOS E ANÁLISES .............................................................................. 65 4.4.1 Economia da inovação ..................................................................................... 68 4.4.2 Imagem ............................................................................................................. 70 4.4.3 Trabalho automatizado e robótica .................................................................. 72 4.4.4 Inteligência artificial ........................................................................................73 4.4.5 Escrita Digital .................................................................................................. 75 4.4.6 Inteligência coletiva ......................................................................................... 76 4.4.7 Lobby e influência ............................................................................................ 78 4.4.8 Criando atenção ............................................................................................... 79 4.4.9 Planejamento “Co” .......................................................................................... 81 4.4.10 Inteligência competitiva, inteligência econômica e mash-up ....................... 82 4.4.11 Análise geral da influência das habilidades da Sociedade 5.0 ..................... 84 5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 87 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 90 14 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento da tecnologia ao longo da história é normalmente reconhecido como o responsável por grandes e significativos avanços em campos tão críticos quanto diversos, como a alimentação, o transporte, a saúde e a qualidade de vida. Os benefícios propiciados pela tecnologia são absolutamente tangíveis, relevantes e intrinsecamente relacionados com o próprio desenvolvimento científico e civilizatório (CASTELLS, 2006). O governo do Japão lançou a visão do que chama de "Sociedade superinteligente" ou "Sociedade 5.0" em abril de 2016 no Conselho de Ciência, Tecnologia e Informação. Isto é, definida como uma nova sociedade na quinta etapa que se segue a quatro etapas: a sociedade de caça, a sociedade agrária, a sociedade industrial e a sociedade da informação. Visa criar uma sociedade centrada no ser humano em que produtos e serviços serão fornecidos prontamente para satisfazer várias necessidades potenciais, bem como reduzir as lacunas econômicas e sociais, que todas as pessoas vivem uma vida confortável e vigorosa. (FUKUDA, MARIZ e MESQUITA 2017). Sociedade 5.0 é o conceito que sucede a Indústria 4.0. Trata-se de um processo muito mais transformador do que o seu antecessor, visto que repercute em um bem de maior valor para a sociedade: a humanidade. Ou seja, enquanto a Indústria 4.0 é centrada, essencialmente, no fabrico e no produto, a Sociedade 5.0, procura posicionar o ser humano como centro gravitacional da inovação e da transformação tecnológica (DAVIES, 2018). A visão é baseada no reconhecimento das atuais tendências globais. O ritmo das mudanças tecnológicas, econômicas e sociais tem se acelerado, e empresas e as comunidades lutam para acompanhar as mudanças. O progresso rápido da tecnologia da informação e comunicação nos últimos anos, provocou uma explosão sem precedentes de dados digitais e o surgimento e crescimento do ciberespaço. A rápida globalização expandiu várias atividades econômicas e sociais expandindo-se para além das fronteiras nacionais e também mudando o processo de criação de novas ideias para inovação. Reconhece-se agora que as novas ideias são geradas por diferentes fontes e contribuem significativamente para vantagem competitiva. (FUKUDA, 2019). O crescimento nos mercados emergentes tem atraído atenção de consumidores, fabricantes de bens de consumo e varejistas (KUMAR, SUNDER, & SHARMA, 2015). 15 Entretanto, o ambiente de negócios no varejo em alguns desses mercados, como o Brasil, tem apresentado momentos de fragilidade em virtude de problemas econômicos e políticos principalmente a partir de 2014. Gupta, Malhotra, Czinkota e Foroudi (2016), sugerem a importância da conexão entre inovação e competitividade, identificando que a competitividade de uma empresa permite que seus gestores inovem nas práticas mercadológicas. Estudos e práticas para essa busca nos mercados consumidores podem impactar o resultado de empresas no varejo e potencialmente influenciar o desenvolvimento econômico no país. Nesse sentido, surge a necessidade de estudar os requisitos dos clientes, visando ao atendimento às suas necessidades e à superação das suas expectativas, uma vez que o sucesso do setor depende bastante do consumidor e da sua satisfação com o serviço prestado, já que as lojas buscam essencialmente atendê-los (MESQUISTA; LARA, 2007). Desta maneira, a presente pesquisa tem como objetivo identificar a influência frente às mudanças tecnológicas e a sua necessidade no setor de varejo. 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO Segundo o mais recente relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre Indústria 4.0, 77,8% das empresas ainda estão nos estágios mais atrasados de aplicações de tecnologias. Em relação à Sociedade 5.0, o cenário não é diferente. Apesar de tratar-se de um conceito relativamente novo, em países como Japão e Alemanha o movimento já é uma realidade. Porém, é preciso ter em mente que o processo de transformação no Brasil certamente seria mais lento visto que nos países mais desenvolvidos todas as tecnologias já estão sendo desenvolvidas e pensadas dentro do contexto de Sociedade 5.0. Para adequar-se à tendência, será necessário que as empresas entendam de fato que o ser humano passou a ser o foco e que os serviços e ofertas passarão por um período de adequação tanto de processos como cultural. Caminhar em direção à Sociedade 5.0 demanda ambientes de colaboração das organizações para enfrentar os grandes desafios da sociedade bem como promover a intensificação do modelo de inovação da hélice tripla Academia – Indústria - Governo (FIRJAN, 2019) para gerar impactos sociais. Além disso, provocar balanceamento da cadeia de valor, buscando a diversidade de atores, incluindo pequenas empresas, startups, entre outros. 16 1.1.1 Formulação do Problema Com o advento da quarta revolução industrial se faz necessária atenção às oportunidades bem como às possíveis ameaças que surgem na indústria para poder avançar e ter competitividade saudável no mercado nacional bem como mundial. Informações oriundas do site do Governo do Brasil (2019) direcionado a Indústria 4.0, o Brasil ocupa a 69° colocação no índice global de inovação. Este mesmo documento sinaliza que em 2014, o cenário de uso das Tecnologias de Informação e Comunicação permanece crescente, movimentando o mercado financeiro, onde o Brasil é considerado o quarto maior no mundo no setor de tecnologias, movimentando aproximadamente US$ 170 bilhões. As necessidades e interesses econômicos, trazem impactos oriundos da Indústria 4.0, cuja incorporação da digitalização à atividade industrial é fato. Além disso, a incorporação da sociedade 5.0 passa a fazer parte da indústria, por estar caracterizada pela integração e controle da produção a partir de sensores e equipamentos conectados em rede e se tornando uma fusão do mundo real com o virtual. Oriunda da Indústria 4.0, a Sociedade 5.0 ainda é um termo recente no Brasil, mas que surge aliada às ferramentas tecnológicas desta indústria para a resolução de problemas eminentes, priorizando ainda, o bem-estar da população. Como ainda não há certeza da velocidade que este conceito no nosso país se dará na prática, é importante a indústria e o comércio estarem preparados para tais mudanças. Esse novo cenário irá exigir das empresas uma mudança que inclui investimento, capacitação, interação entre homem e máquina, e o relacionamento dentro e fora das empresas. Desta forma, a pergunta de pesquisa formulada é a seguinte: qual a aderência das habilidades da Sociedade 5.0 na indústria de varejo? 1.1.2 Solução da Proposta Para buscar uma resposta ao questionamento desta pesquisa, foi utilizada a base teórica formulada por Salgues (2018), que consiste em fomentar a implementação das tecnologias da Indústria 4.0 para alcançar as habilidades daSociedade 5.0 e implantar na sociedade projetos tecnologicamente inteligentes, focado nas pessoas. 17 Como a organização da Sociedade 5.0 utiliza-se de uma harmonia entre a realidade e o virtual, para promover a resolução das necessidades do ser humano, a metodologia utilizada para compreender o caminho até objetivo fim, foi o de aplicar questionários em uma empresa cujas ferramentas da Indústria 4.0 são mapeadas e colocadas em prática. Todas os resultados das etapas descritas na metodologia desta pesquisa têm relevância para chegarmos a uma resposta. A escolha de uma empresa do varejo para a execução desta pesquisa foi fundamental para confrontar todo o aporte teórico que valida a entrada e o avanço da Sociedade 5.0 no Brasil. A análise poderá inferir no processo de busca para uma implantação da Sociedade 5.0 indicando se a empresa estará preparada e quais os caminhos metodológicos deverão ser implantados, uma vez que, a análise tem potencial de identificar como as tecnologias poderiam atuar como força ou fraquezas e como poderiam contribuir para aproveitar oportunidades ou afastar ameaças na empresa. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a influência das características da Sociedade 5.0 em uma empresa de varejo de Santa Catarina. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Caracterizar o conceito de Sociedade 5.0; b) Mapear as ferramentas da Indústria 4.0; c) Mapear as habilidades da Sociedade 5.0; d) Definir o instrumento de coleta e dados; e) Realizar a coleta de dados; f) Analisar os resultados. 18 1.3 JUSTIFICATIVA A intenção desta pesquisa é contribuir para ampliar o conhecimento do mercado varejista, melhorar a visão sobre o ambiente competitivo e encontrar oportunidades para o segmento, analisando o processo de inovação de uma grande rede de mercado do estado de Santa Catarina. Para o acadêmico de Engenharia de Produção, este presente trabalho proporcionará maior entendimento acerca da temática de inovação tecnologia e seus impactos, podendo assim, posteriormente, utilizar a metodologia apresentada para a resolução de problemas práticos. Para a universidade e para a sociedade, o estudo em questão poderá servir como uma fonte de pesquisa. Como será realizado um estudo de caso, o trabalho terá relevância para compreensão mais aprofundada de como vai delimitar e tornar cada vez mais competitivo o mercado. Para a empresa em questão, o trabalho realizado poderá ter grande utilidade, visto que, ela poderá buscar nas práticas desenvolvidas, e identificar os diferenciais necessários para manter- se à frente da concorrência e tornar-se cada vez mais competitiva. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho está organizado em cinco capítulos. O Capítulo 1, denominado Introdução, apresenta a contextualização do tema proposto neste trabalho, juntamente com o problema de pesquisa. A partir disso, foram estabelecidos os resultados esperados através da definição dos objetivos e apresentada a metodologia para execução da pesquisa. O Capítulo 2 foi composto pela fundamentação teórica, responsável por situar o leitor acerca das estratégias tratadas nesta pesquisa, abordando tanto os temas voltados a área tecnológica quanto a área de inovação. O capítulo foi dividido de acordo com os seguintes temas: história da tecnologia, Indústria 4.0, Sociedade 5.0 e uma análise de cinco trabalhos similares. O Capítulo 3 contém a metodologia desenvolvida a partir desta pesquisa, contemplando as etapas que a compõe, suas características e o público-alvo. O Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos através da aplicação desta pesquisa, contendo uma descrição detalhada de todas as atividades realizadas. 19 O Capítulo 5 foi destinado à conclusão desta pesquisa, apresentando uma análise de como os objetivos foram alcançados, bem como sugestões para trabalhos futuros. 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A HISTÓRIA DA TECNOLOGIA Dados da Dados da Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (2019) afirma que há um aumento acelerado de produção e de expansão da indústria e que este aumento tem estreita relação com o uso de tecnologias. Essas tecnologias não surgem como um instrumento que apenas é considerado inovador, mas sim, cujo potencial é capaz de resolver situações cotidianas dentro de uma proposta cujo conceito é conhecimento entre as pessoas – a sustentabilidade, que engloba tarefas capazes de atingir vários países, ou ainda, transpor continentes, contemplando os modelos sociais, ambientais e afetando ainda, a economia de uma empresa ou negócio. Observa-se o exemplo de Salgues (2018), citando os Estados Unidos, onde jovens advogados percebem que está cada vez mais difícil trabalhar na sua área. Isso ocorre porque há um computador denominado Watson da IBM (International Business Machines) pode fornecer consultoria jurídica em alguns segundos, para casos mais ou menos complicados, todos com 90% de precisão, em comparação com 70% para humanos. Esses dados indicam ainda, que no futuro, haverá 90% menos advogados. Apenas aqueles especializados irão sobreviver no mercado de trabalho. Conforme o exposto acima, Watson, o computador, traz um conceito de computação cognitiva, com linguagem acessível, natural, cujas respostas fogem até mesmo da trivialidade, com menor compromisso financeiro, em que a ciência de dados demonstra que existe a noção que tudo o que o Watson pode fazer, um outro software freeware faz ou o que se pode fazer com seu próprio conhecimento. Além da advocacia, o ramo da medicina já possui Watson como uma ferramenta tecnológica bastante contundente, auxiliando técnicos da área a encontrar respostas na ciência, promovendo saúde e qualidade de vida entre as pessoas (BROWN, 2017). Essa abordagem tanto teórica quanto metodológica orienta pesquisadores a utilizar o princípio do desenvolvimento sustentável para resolver as tarefas de aumentar a competitividade, sustentável. Salimova (2019, p.11) cita alguns aspectos necessário para que ocorra de fato uma competitividade sustentável. Segundo o autor, são imprescindíveis a sustentabilidade dos aspectos socioeconômicos da atividade econômica de uma empresa na 20 perspectiva de curto e longo prazo; a variedade de vantagens competitivas de uma empresa (reputação positiva, potencial inovador, eficiência dos processos de negócios etc.); a disponibilidade e uso de vantagens departamentais; capacidades de construção de inovações, nicho na especialização internacional do trabalho e cadeias eficientes de valor agregado. Dessa forma, infere-se que uma revolução tecnológica aumenta a produtividade e a eficiência. Pode envolver mudanças materiais ou ideológicas causadas pela introdução de um dispositivo ou sistema. Alguns exemplos de seu impacto potencial são gestão de negócios, educação, interações sociais, finanças e metodologia de pesquisa, ou seja, não se limita estritamente a aspectos técnicos. A revolução tecnológica reescreve as condições materiais da existência humana e pode remodelar a cultura. Pode desempenhar o papel de desencadear uma cadeia de mudanças diversas e imprevisíveis (LECHMAN; MARSZK, 2019). O que distingue uma revolução tecnológica de uma coleção aleatória de sistemas de tecnologia e justifica conceituá-la como uma revolução, são perceptíveis por duas características básicas: a) a forte interconectividade e interdependência dos sistemas participantes em suas tecnologias e mercados e; b) a capacidade de transformar profundamente o resto da economia e, consequentemente, a sociedade (LECHMAN; MARSZK, 2019). As consequências de uma revolução tecnológica não são necessariamente positivas. Por exemplo, inovações, como o uso de carvão como fonte de energia obtiveram um impacto ambiental negativo ao longo dos anos causando um possível desemprego tecnológico. O conceito de revolução tecnológica baseia-sena ideia de que o progresso tecnológico não é linear, mas ondulatório. Hobsbawm (2014) afirma que todas as revoluções industriais trouxeram um certo desenvolvimento econômico e social para a sociedade. Em meados do século XVIII e início do século XIX, registra-se a I Revolução Industrial que inovou com a criação das máquinas a vapor e a utilização do carvão como combustível. Já a II Revolução Industrial, na metade do século XIX, descobriu o uso da eletricidade, transformando o modo de fabricação de produtos. A III Revolução Industrial, já foi (re)conhecida como Revolução Digital, que aconteceu em meados do século XX, com a inserção dos computadores e utilização da internet de uma forma mais abrangente, promovendo comunicações de alta tecnologia, 21 universalizando seu uso na sociedade. A Quarta Revolução Industrial já está acontecendo (SALGUES, 2018), conforme observa-se na Figura 1, entre a primeira e a terceira revolução houve um salto qualitativo e substancial em relação a sua evolução, transformando o potencial produtivo da indústria, sinalizando que o futuro digital é o aqui e o agora (FIRJAN, 2019). Figura 1 - Evolução das Revoluções Fonte: Kagerman (2013) 2.1.1 Quarta Revolução Industrial As revoluções industriais modificaram padrões dos sistemas gerais (econômicos, sociais, ambientais e políticos) e afetaram ainda a tecnologia (HOBSBAWM, 2014). Não somente com a forma veloz que se estabelece nas indústrias e comércio geral, mas trazendo grandes impactos, quase não visíveis pela forma que chega e se estabelece, criando diferentes e inovadoras formas de mobilidade, de comercialização, de acessibilidade, com isonomia, 22 desafio mais emergente neste processo (SANTOS, 2017; CAVALCANTI; NOGUEIRA, 2017) É inegável que na atualidade as máquinas oriundas das revoluções industriais dialogam com outras máquinas mais atualizadas e modernas bem como na interação com os humanos. Fato que há pouco tempo, muitos negariam possibilidade. Schwab (2016, p.15) afirma que por revolução há a compreensão por “mudança abrupta e radical”. Segundo ele, na história das revoluções, as mesmas têm ocorrido quando “novas tecnologias e novas formas de perceber o mundo desencadeiam uma alteração profunda nas estruturas sociais e nos sistemas econômicos”. Segundo o dicionário, por Aulete (1980), revolucionar é conceituado como “1. Provocar profundas transformações em; 2. Dar início a uma revolução ou revolta; instigar ou mover à revolução; 3. Causar perturbação., ou seja, um verbo carregado de sentidos múltiplos, tais quais são os sentidos das tecnologias, oriunda das invenções do século XVIII e que permanece tão atual que continua revolucionando os padrões socioeconômicos da atualidade. Outro aspecto relevante, é como essas novas tecnologias têm se relacionado diretamente na qualidade de vida das pessoas. Sendo fruto do conhecimento do próprio sujeito, vivo, real, humano, tem-se confirmado no decorrer do tempo seus avanços e seus novos comportamentos que o funcionamento de cérebro, ou seja, a atividade do cérebro contribui para a integridade do sistema. (SANTOS, 2017; CAVALCANTI; NOGUEIRA, 2017) Os livros de história registram grandes vencedores e destaca também os perdedores das revoluções acontecidas no mundo, tendo destaque nesse período histórico, a quarta revolução industrial. Pode-se dizer que ela foi o marco da revolução tecnológica (CAVALCANTE e SILVA, 2011). Percebe-se, por exemplo, que nas mais diversas áreas há o uso da inteligência artificial que é fruto da quarta revolução. Esta tecnologia surgiu para melhorar diversas áreas, incluindo a produtividade agrícola, com o uso de drones que possibilita uma visão mais ampla e concreta permitindo chegar ao objetivo de maneira mais eficaz. Esse exemplo faz perceber que todas as esferas da sociedade sofrem impactos oriundos do avanço da tecnologia que só foi possível existir por ter ocorrido a revolução industrial (SANTOS, 2017). 23 Schwab (2016, p. 26), é quem conceituou e apresentou o termo como uma revolução tecnológica e afirma que “A quarta revolução industrial nos oferece a possibilidade de uma vida mais longa, mais saudável e mais ativa”. Tendo em vista uma sociedade na qual se espera que mais de um quarto das crianças nascidas na atualidade possam viver até os cem anos, se faz necessário repensar algumas questões, tais quais acerca da idade ativa da população e a aposentadoria e planejamento individual de vida. A dificuldade que muitos países têm para discutir essas questões é apenas um novo sinal de que a sociedade não está adequada e proativamente preparada para reconhecer as forças das mudanças (SCHWAB, 2016). Dessa forma, percebe-se que a quarta revolução afetará no modo que se vive, trabalha e como as interações humanas acontecem em sociedade. O autor supracitado confirma que a modernidade tecnológica no Século XXI será considerada “Tecnologia Disruptiva”, cuja integração da tecnologia dentro de quaisquer áreas da sociedade representará uma inovação, no entanto, o custo benefício será bem amigável. Schwab (2016, p.38) complementa afirmando que surgirão muitas novas posições e profissões, geradas não apenas pela quarta revolução industrial, “mas também por fatores não tecnológicos, como pressões demográficas, mudanças geopolíticas e novas normas sociais e culturais”. Hoje ainda não é possível prever exatamente o que acontecerá, “mas estou convencido de que o talento, mais que o capital, representará o fator crucial de produção”. Neste ínterim, cabe destacar que os sistemas tecnológicos não são neutros, eles sempre afetarão direta ou indiretamente as pessoas pois são carregadas de intencionalidades, pois sua interferência além de social, é direcionada a economia, a política, a indústria e ao comércio (PERASSO, 2016). Apesar de a Quarta Revolução estar presente na vida social e profissional dos sujeitos, não há um controle de onde exatamente ela vai chegar e como vai permanecer. No entanto, oriundos dela, reconhece-se que instrumentos como a Digitalização, Big Data, impressão 3D, Engenharia Genética, Inteligência Artificial entre outros, estão visivelmente presentes no meio social, e não distantes de seus usuários, ou seja, uma isonomia de uso cada vez mais real, como o Uber, que é considerada uma ferramenta de software. Mesmo sem carros, ele se tornou a maior empresa de táxi do mundo. Atualmente, o Airbnb é a maior cadeia de hotéis do mundo, apesar de não possuir instalações (SALGUES, 2018). 24 Schwab (2016) caracteriza este período por integração de tecnologias, agregando os domínios físico, digital e biológico, com internet móvel onipresente mais em conta e disponível a todas as pessoas. Pode-se então sinalizar que, nas três revoluções anteriores à quarta, existia uma fonte tecnológica, de notável demarcação histórica. Porém, dado o momento histórico-atual, ocorre uma multiplicidade de conhecimento que cresce de modo muito diferente das revoluções passadas. A ruptura causada pela quarta revolução industrial aos atuais modelos políticos, econômicos e sociais fará com que pessoas capacitadas reconheçam que elas são parte de um sistema de poderes “distribuídos que requer formas mais colaborativas de interação para que possa prosperar”. (SCHWAB, 2016, p.24) Há uma grande oportunidade de providenciar que os sistemas emergentes da quarta revolução industrial, possam potencializar o bem comum, preservando a dignidade humana e protegendo o meio ambiente para as futuras gerações. Schwab (2016, p. 25), reconhece “o potencial impacto deflacionário da tecnologia (mesmo quando definido como "deflação boa”) ” e de como alguns dos seus efeitos podem favorecer o capital em detrimento ao trabalho bem como enxugar os salários e, consequentemente, diminuir o consumo. Segundo o autor, a quarta revolução industrial permite que as pessoasconsumam mais por um preço menor e de uma forma que este consumo se torne mais sustentável e responsável. Partindo desse pressuposto, retoma-se o fato de que todo o aumento de produtividade advinda da terceira revolução industrial pode já não ser mais vista na indústria e no comércio, ou seja, está em plena diminuição, por outro lado ainda não se consegue experienciar o outro lado da produtividade, aquela oriunda das novas tecnologias, “que estão sendo produzidas no centro da quarta revolução industrial” (SCHWAB, 2016). Essa ideia de que a quarta revolução industrial tem potencial expansão de produtividade a custo baixo, aumentando dessa forma a economia, pode de fato trazer um alívio para as frentes produtivas (PERASSO, 2016), no entanto, Schwab (2016) reconhece que haverá de ter uma forma de gerenciar possíveis desigualdades, principalmente relacionados ao emprego e ao mercado de trabalho. Percebe-se, neste contexto, que uma revolução tecnológica tem potencial de transformar completamente sistemas e à vista disso, transformar a sociedade e as pessoas. 25 2.2 INDÚSTRIA 4.0 A incorporação das tecnologias digitais à atividade industrial resultou no conceito de Indústria 4.0, em referência ao que seria a 4ª revolução industrial, conforme pode ser vista na Figura 2, é caracterizada pela integração e controle da produção a partir de sensores e equipamentos conectados em rede e da fusão do mundo real com o virtual, criando os chamados sistemas ciberfísicos e viabilizando o emprego da inteligência artificial (CNI, 2016). Figura 2 - Integração na Indústria 4.0 Fonte: Confederação Nacional da Indústria – CNI (2016) A crescente digitalização de todos os processos de fabricação e suporte a ferramentas de fabricação, estão resultando no registro de uma quantidade crescente de dados de sensores e atuadores, podendo suportar funções de controle e análise. A isto, é denominado digitalização e rede, traduzida em forças motrizes para novas tecnologias como simulação de processos, proteção digital e realidade aumentada (CNI, 2016). Simultaneamente, existe uma tendência à miniaturização, isto por que, décadas atrás, computadores precisavam de grande espaço físico para seu funcionamento, devido ao tamanho dos componentes, hoje em dia, dispositivos com desempenho comparável ou até consideravelmente melhor podem ser instalados em alguns centímetros cúbicos. Isso permite 26 novos campos de aplicação, especialmente no contexto da produção e logística (COSTA & STEFANO, 2014) A nova indústria digital promete aumentar a flexibilidade na produção, busca a customização em massa, aumentar a velocidade, melhorar a qualidade e a produtividade (CNI, 2016). Esses atingíveis, ou essas melhorias nos fatores de desempenho, devem seguir alguns conceitos pré-estabelecidos pela ideia da Indústria 4.0. São eles: networking vertical dos sistemas de produção, integração horizontal na cadeia de valor, engenharia por toda a cadeia de valor, desenvolvimento tecnológico e inteligência artificial (COSTA & STEFANO, 2014). Como citado na seção anterior, a tecnologia não é neutra. Há sim, um posicionamento antagônico, que agrega um grupo de pessoas que temem e amedrontam acerca das consequências da proliferação da tecnologia de forma intensa e tão veloz. Para Fukuyama (2002) a chegada dessa tecnologia atinge pontos sensíveis, como o trabalho, a medicina genética, o controle sobre as informações, sobre os veículos e mesmo sua aplicação no campo militar, criando novos e terríveis cães de guerra. Soma-se ainda o risco da desumanização das relações e da própria consciência humana, num cenário de pós-humanismo cibernético. (GRAGLIA & LAZZARESCHI, 2018). Nas indústrias inteligentes, máquinas e insumos conversam ao longo das operações industriais com escala e flexibilidade do processo de fabricação, que, assim, ocorre de forma relativamente autônoma e integrada. O conceito de Indústria 4.0 vai além da integração dos processos associados à produção e distribuição, envolve ainda as diversas etapas da cadeia de valor, identificadas pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI, 2016) de desenvolvimento de novos produtos, como projeto, desenvolvimento, testes e até mesmo a simulação das condições de produção, até o pós-venda. As revoluções industriais têm definido a transição da vida humana tanto quanto a domesticação de animais e plantas a marcou (HUBERMAN, 2010; KON, 2015), desde a primeira revolução industrial que propiciou a produção mecânica, passando pela segunda demarcou o advento da eletricidade e das linhas de montagem (SCHWAB, 2016; SCHWAB e DAVIES, 2018), até a terceira revolução industrial que marca o ciclo digital, ou seja, o computador, a computação pessoal e a internet (SCHWAB e DAVIES, 2018). 27 As ideias de Schwab (2016) a respeito do desenvolvimento da Indústria 4.0, descritas na monografia "Quarta revolução industrial", foi utilizada como base para definição do desenvolvimento de iniciativas nacionais e interestaduais, através de estratégias e programas, bem como para digitalização da economia, e, em particular, da indústria. Essas iniciativas são mais frequentemente chamadas de Indústria 4.0 ou indústria inteligente, termo usado na Alemanha, Áustria, Itália, Portugal, Suécia entre outros países. Portanto, pode-se dizer, que a Indústria 4.0 é um termo que surgiu na Alemanha e rapidamente se difundiu pela Europa, podendo ter outras nomenclaturas, como Fábricas Inteligentes, Internet das coisas industrial”, Indústria inteligente ou Produção avançada (SCHWAB, 2016). As bases da Indústria 4.0 surgiram em 2011, que a partir de uma iniciativa de empresas, políticos e acadêmicos alemães tentariam manter a posição da indústria nacional como uma das mais competitivas no mundo (KAGERMANN et al, 2013). O conceito de "Industrial 4.0" apareceu pela primeira vez em um artigo publicado pelo governo alemão em novembro de 2011, como estratégia de alta tecnologia para 2020. Após a era da mecânica, da eletricidade e informação, a quarta etapa seria a industrialização, sendo denominada de Indústria 4.0. Nos últimos anos, a Indústria 4.0 tem sido amplamente discutida, se tornando um tema para a maioria das indústrias globais (ZHOU; LIU, 2015). É um sistema complexo que não conecta apenas as máquinas (como na terceira fase da revolução industrial), mas cria uma network de máquinas, propriedades, ativos, sistemas de informações em toda a cadeia de valor e por todo o ciclo de vida do produto (PERASSO, 2016). Coelho (2016) vai além, ele afirma que o impacto da Indústria 4.0 supera a simples digitalização, ou seja, é uma forma muito mais complexa de inovação, que fará com que as empresas repensem o gerenciamento de seus negócios e processos, seus posicionamentos na cadeia de valor, na forma de pensar no desenvolvimento de novos produtos, a introdução dos mesmos no mercado e, o mais importante, a comercialização e do seu produto. Kagermann et al. (2013) descreve uma visão sobre a Indústria 4.0, afirmando que no futuro, as empresas precisarão estabelecer redes globais que incorporem suas máquinas, sistemas de armazenagem e instalações de produção na forma de sistema cibernético. Neste contexto, melhorias na gestão das empresas serão necessárias, uma vez que cada sistema será 28 independente, capaz de compreender suas especificações e se comunicar com outros sistemas transferindo informações. Essa melhoria na gestão permitirá rápidas tomadas de decisões e respostas autônomas dos sistemas de produção. De acordo com Lasi e Kemper (2014), o termo Indústria 4.0 descreve um projeto futuro que pode ser definido por dois caminhos de desenvolvimento. Por um lado, há um enorme âmbito de aplicação, o que induz uma necessidade de mudanças devido a alteração da estrutura operacional. Os fatores sociais, econômicos e políticos são de suma importâncianesta alteração de paradigma. Neste ínterim, Lasi e Kemper (2014) destacam fatores como os curtos períodos de desenvolvimentos, ou seja, os períodos de projetos, desenvolvimentos e inovações precisam ser encurtados. Alta capacidade de inovação está se tornando um fator essencial para o sucesso de muitas empresas. Além disso, destaca-se a individualização sob demanda, que é a mudança do mercado vendedor para o mercado comprador tem se tornado muito perceptivo nas últimas décadas, o que significa que os compradores podem definir, as condições do comércio. Outro fator é a flexibilidade, que ganha destaque devido aos novos requisitos de trabalho, ou seja, maior flexibilidade no desenvolvimento de produtos é necessário, especialmente na produção. Acerca do fatore descentralização, pode-se dizer que, para lidar com as condições especificadas, são necessários procedimentos de tomada de decisão mais rápidos. Para isso, hierarquias organizacionais precisam ser reduzidas (LASI; KEMPER, 2014). Sobre o fator eficiência de recursos, pode-se dizer que se refere ao aumento da escassez e aumento relacionado de preços, recursos e mudanças sociais no contexto de aspectos ecológicos, é necessário um foco mais intensivo na sustentabilidade no âmbito industrial. Por outro lado, há um impulso tecnológico excepcional no setor industrial. Esse impulso tecnológico já influenciou a rotina diária nas áreas privadas. Dentre as tendências tecnológicas, há, web 2.0, aplicativos, smartphones, laptops, impressoras 3D, etc., no entanto, no trabalho, especialmente em contextos industriais, tecnologias inovadoras não são amplamente almejadas (LASI; KEMPER, 2014). Pode-se dizer ainda, a respeito da Indústria 4.0, que ela trouxe mudanças que atingem todas as esferas das quais hoje são conhecidas como engenharia (SCHWAB, 2016; ROBLEK 29 et al., 2016; TROMPISCH, 2017), provocando maior transformação ainda e a tornando ainda mais notória, na indústria, centro das engenharias. Segundo Kagermann et al. (2013), abordagens extensivas de um impulso tecnológico podem ser definidas para aumentar ainda mais a mecanização e automação, isto é, no processo de trabalho mais e mais ajudas técnicas serão usadas, apoiando o trabalho físico. Além disso, soluções automatizadas adotarão a execução de operações versáteis, sendo operacionais, dispositivos e componentes analíticos, como como células de fabricação autônomas que controlam e otimizam independentemente o processo industrial em várias etapas. Dessa forma, se faz necessário garantir que a Indústria 4.0 centre-se, sobretudo, no ser humano que deve colaborar e projetar sistemas baseados em valores humanos compartilhados (JUNIOR, 2007). 2.2.1 Ferramentas da Indústria 4.0 De acordo com Rubmann et al. (2015), na Indústria 4.0 há nove pilares baseados na tecnologia, conforme Figura 3, que formam a base da Indústria 4.0 e já são usados no ambiente industrial. Figura 3 - Nove pilares da Indústria 4.0 Fonte: RUBMANN et al., 2015 30 Estes pilares têm potencial de transformar a indústria e sua produção. Células isoladas, otimizadas se unirão como uma produção totalmente integrada, automatizada e otimizada levando a maiores eficiências (RUBMANN, 2015), e mudando os relacionamentos tradicionais de produção entre fornecedores, fabricantes e clientes, bem como entre humanos e máquinas. 2.2.1.1 Big Data Erboz (2017), enuncia que big data, na Indústria 4.0, aplica-se a conjuntos como a tradução livre propõe: dados grandes, ou seja, amplos e, por muitas vezes, complexos. Essa amplitude pode afetar diretamente na tomada de decisões, afetando toda a gestão de uma empresa em relação à sua estratégia. Por sua vez, Rubmann (2015), cita que as análises baseadas em grandes conjuntos de dados surgiram apenas recentemente no mundo da manufatura, onde otimizam a qualidade da produção, economizam energia e melhoram o serviço dos equipamentos. Em contexto da Indústria 4.0, a coleta e avaliação abrangente de dados de diversas fontes, equipamentos e sistemas de produção, bem como sistemas de gerenciamento de empresas e clientes se tornaram padrão para apoiar a tomada de decisões em tempo real. Zikopoulos et al. (2012) descreve este pilar em quatro aspectos, variedade (variabilidade de formatos) velocidade (agilidades em encontrar as informações na internet), volume (quantidade de dados e informações que a indústria recebe) e veracidade (confiança). 2.2.1.2 Robôs Autônomos Hedelind and Jackson (2011), indicam que as várias interfaces do homem-robô criam uma estreita cooperação com cérebro humano pois permite a conexão entre as tarefas executadas. A informação necessária é fornecida pelo operador que controla o sistema, dando instruções aos robôs industriais. Assim, realizar tarefas consideradas perigosas e repetitivas, inclusive na indústria, os robôs, conceituados como autônomos, são utilizados no carregamento de produtos, na linha de produção e ainda, em outros trabalhos pesados. Fabricantes de muitas indústrias há muito tempo usam robôs para lidar com tarefas complexas, mas estes equipamentos estão evoluindo para uma utilidade ainda maior, estão se tornando mais autônomos, flexíveis e cooperativos. Eventualmente, estas máquinas vão 31 interagir e trabalhar com segurança lado a lado com os seres humanos e aprender com os mesmos. Esses robôs custam menos e têm uma maior variedade de recursos do que os usados atualmente na indústria (RUBMANN et al., 2015). 2.2.1.3 Simulação Na fase de engenharia, simulações em 3D de produtos, materiais e processos de produção já são usados atualmente, mas no futuro as simulações serão usadas mais amplamente nas operações do campo fabril. Para Weyer et al. (2015) as ferramentas de simulação objetivam apoiar as atividades relacionadas à produção, cujo ambiente de produção se oriente na perspectiva sustentável, além de proporcionar ajustes em sistemas considerados mais complexos. Estas simulações aproveitarão os dados em tempo real para espelhar o mundo físico em um modelo virtual, que pode incluir máquinas, produtos e humanos. Isso permite que os operadores testem e otimizem as configurações da máquina para o próximo produto alinhado no mundo virtual antes de uma mudança física, diminuindo assim os tempos de configuração da máquina e aumentando a qualidade do serviço (RUBMANN et al., 2015). 2.2.1.4 Sistemas de integração horizontais e verticais Na indústria, especificamente, quando se fala em sistemas de integração horizontais e verticais, percebe-se que a maioria destes sistemas de c atuais não são totalmente integrados. Empresas, fornecedores e clientes estão raramente ligados intimamente, nem departamentos como engenharia, produção e serviço. As funções da empresa para o nível do chão de fábrica não estão totalmente integradas. Segundo Wang et al (2016), essa ferramenta se associa ao Big Data, que se interliga com a nuvem, integrando todos os objetos físicos, cuja integração vertical fará referência aos sistemas flexíveis e reconfiguráveis dentro da fábrica, e por sua vez, a integração horizontal direcionará aos parceiros. Com a Indústria 4.0, empresas, departamentos, funções e capacidades se tornarão cada vez mais integradas, redes universais de integração de dados entre empresas evoluem e permitem um valor verdadeiramente automatizado (RUBMANN et al., 2015). 32 2.2.1.5 Internet Industrial das Coisas Dentro das ferramentas utilizadas na Indústria 4.0, Ashton et al. (2016), afirma que a internet das coisas é uma proposta e otimização de um recurso, que provocará o desenvolvimento da internet, cujos objetos utilizados cotidianamente têm conectividade com a rede, de forma independente e inteligente. Hoje, apenas alguns dos sensores e máquinas de um fabricante estão em uma rede fazendo uso de computação embarcada. Eles são tipicamente organizadosem uma pirâmide de automação vertical na qual sensores e dispositivos de campo com controladores de inteligência e automação limitados alimentam um sistema abrangente de controle do processo de fabricação. Com a Internet Industrial das Coisas, mais dispositivos, às vezes incluindo até produtos inacabados, serão enriquecidos com a incorporação da computação e conectadas usando tecnologias inovadoras. Isso permite que os dispositivos de campo comuniquem- se e interajam entre si e com controladores mais centralizados, conforme necessário. Também descentraliza a análise e a tomada de decisões, permitindo respostas em tempo real (RUBMANN et al., 2015). 2.2.1.6 Segurança Virtual Muitas empresas ainda dependem de sistemas de gerenciamento e produção desconectados ou fechados. Com o aumento da conectividade e uso de protocolos de comunicação padrão que vem com a Indústria 4.0, a necessidade de proteger sistemas industriais e linhas de fabricação de ameaças de segurança cibernética aumenta dramaticamente. Segundo Chapman (1995), o conceito de fábricas inteligentes só pode existir se, por traz, as informações que alimentam os sistemas e ditam a estratégia da produção estejam seguras. Como resultado, há comunicações mais confiáveis, bem como gerenciamento sofisticado de identidade e acesso de máquinas e os usuários são essenciais. Segundo ABNT (2005), na NBR 17799, a segurança virtual é obtida a partir da implementação de um conjunto de controles adequados, incluindo políticas, processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de software e hardware, realizado em conjunto com os demais processos de gestão. 33 2.2.1.7 Nuvem de dados Neste alinhamento, percebe-se que as empresas já estão usando software baseado em nuvem para análises e aplicações. Na Indústria 4.0, mais empresas relacionadas à produção exigirão aumento do compartilhamento de dados entre sites e a interface utilizada. Ao mesmo tempo, o desempenho das tecnologias em nuvem melhorará, alcançando tempos de reação de apenas vários milissegundos. Como resultado, os dados e a funcionalidade das máquinas serão cada vez mais implantados na nuvem, permitindo mais serviços orientados a dados para sistemas de produção. Mesmo sistemas que monitoram e os processos de controle podem se tornar baseados na nuvem (RUBMANN et al., 2015). Esta ferramenta inclui conjuntos de recursos de Tecnologia da Informação que oferecem armazenamento e processamento no sistema virtual, atendendo a vários usuários e possui várias vantagens, como ajudar na automatização e integração de dados. Facilita ainda o gerenciamento e a administração. “É a maneira de virtualizar os recursos e serviços e combinar o sistema baseado em cliente / servidor” (ERBOZ, 2017). 2.2.1.8 Aditivos à manufatura A indústria começou a adotar aditivos à manufatura, como impressão em 3D, que eles usam principalmente para protótipos e produzir componentes individuais. Com a Indústria 4.0, esses métodos de fabricação aditiva serão amplamente utilizados para produzir pequenos lotes de produtos personalizados que oferecem vantagens de construção, como projetos complexos e leves (RUBMANN et al., 2015). São sistemas descentralizados de alto desempenho que reduzirão as distâncias de transporte e estoque disponível. Segundo Conner (2014), a vantagem desta ferramenta é uma redução nos prazos de entrega, no volume de produção, permanecendo ágil no processo. 2.2.1.9 Realidade Aumentada Uma das ferramentas mais utilizadas nos sistemas da indústria, é a realidade aumentada. Ela suporta uma variedade de serviços, como a seleção de peças em um armazém e envio de instruções de reparo em dispositivos móveis. Esses sistemas estão atualmente em desenvolvimento, mas no futuro as empresas farão uso muito mais amplo da realidade 34 aumentada, fornecendo aos trabalhadores informações em tempo real para melhorar a tomada de decisão e o trabalho (RUBMANN et al., 2015). He et al.16 (2017) apud Erboz (2017) afirmam que esta ferramenta é definida como uma tecnologia interativa, permitindo a integração entre o mundo virtual e os sujeitos reais, da vida real. Ela pode ser usada em muitas aplicações, combinando gráficos gerados por computador e objetos físicos, e, ainda fornece o controle de movimento de seus usuários usando tecnologia de sensores para controlar algumas tarefas. Como percebe-se, as ferramentas supracitadas, são concebidas como pilares da Indústria 4.0. Elas se entrelaçam aos objetivos da Indústria 4.0, que é atingir um nível mais alto de eficiência e produtividade operacional, bem como um nível mais alto de automatização, os principais recursos da Indústria 4.0 são a digitalização, otimização e customização da produção; automação e adaptação; interação homem-máquina; serviços de valor acrescentado e empresas e troca e comunicação automáticas de dados. Esses recursos não apenas estão altamente correlacionados com as tecnologias da internet e algoritmos avançados, mas também indicam que a Indústria 4.0 é um processo industrial de agregação de valor e conhecimento sobre gestão (LU, 2017). No âmbito econômico, a Indústria 4.0 provocará impactos imensuráveis em todas as variáveis, seja micro ou macroeconômicas, como PIB (Produto Interno Bruto), investimentos, emprego, comércio e seu consumo e, ainda, na inflação (SCHWAB, 2016). A combinação de todas as tecnologias supracitadas, tem potencial de fabricar produtos eficientes cuja comunicação e integração entre máquinas e pessoas, seus recursos serão ainda mais surpreendentes (KAGERMANN; WAHLSTER; HELBIG, 2013). Vivenciar-se-á, que as máquinas e insumos ao longo das operações fabris, agregam flexibilidade aos processos, que ocorrem de maneira autônoma e integrada (CNI, 2016). Portanto, a possibilidade da Indústria 4.0 provocar mudanças, cujos obstáculos já estão sendo enfrentados através de sua amplitude, que traz a possibilidade de uma nova revolução, muito mais tecnológica, mais econômica, mais política e profundamente social – a Sociedade 5.0. 35 2.3 SOCIEDADE 5.0 Muito se fala sobre a Indústria 4.0, mas o que realmente dever-se-ia estar falando é sobre Sociedade 5.0. Pensar em educação e saúde inteligentes, cidades tecnológicas e até governo inteligente. Juntos, eles podem formar a base de uma sociedade mais segura, mais produtiva, mais inclusiva e ambientalmente amigável. O importante a sinalizar, é que esse modelo coloca as pessoas no centro delas. A Sociedade 5.0 é baseada em tecnologia, focado nas pessoas e engloba uma infinidade de aplicativos "inteligentes" (LECHMAN; MARSZK, 2019). Originalmente criada pelo governo japonês, no evento do 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia do Japão, onde o país assinalou suas intenções de utilizar tecnologias não somente para o desenvolvimento econômico em si, mas também como uma ferramenta que fosse capaz de proporcionar bem-estar social e saídas para problemas e adversidades do mundo, como por exemplo, os danos ambientais. O documento que define políticas de inovação a serem estimuladas pelo país, publicado em 2016, cunhou o termo Sociedade 5.0. Este conceito representa um sistema inteligente, totalmente conectado em rede e sustentável. Infraestruturas, plataformas e serviços digitais formam a base. Eles são baseados em tecnologias inteligentes, como inteligência artificial, robótica, Internet das Coisas e blockchain, bem como realidade aumentada e virtual ou automação de processo robótico (LECHMAN; MARSZK, 2019). Essas tecnologias agora atingiram um nível de maturidade que está permitindo uma grande agitação social e econômica. Mas o aumento do uso de tecnologias inteligentes no desenvolvimento da Sociedade 5.0 tem consequências diretas para o indivíduo. No local de trabalho, a Inteligência Artificial e a digitalização estão mudando ou expandindo o leque de atividades humanas (LECHMAN;MARSZK, 2019). A aceitação social, no entanto, é um pré-requisito para a criação da Sociedade 5.0. Muitos temem mudar - ou são céticos sobre o progresso tecnológico - e isso deve ser tratado. O sistema educacional deve ser voltado para a nova Sociedade 5.0, tanto em termos de pesquisa quanto de ensino. As universidades e as escolas precisam adaptar seus programas educacionais para os nativos digitais, principalmente quando se refere à preparação para o mercado de trabalho (GRUNWITZ, 2019). 36 Mas quando se trata de críticas à Sociedade 5.0, questões sociais, éticas e legais também precisam ser respondidas. Sociedade 5.0 pode ser definida como uma sociedade da inteligência, na qual o espaço físico e o ciberespaço estão fortemente integrados. Devem ser estabelecidas regras claras, elaboradas e implementadas diretrizes. Eles devem ser monitorados e supervisionados (GRUNWITZ, 2019). A Sociedade 5.0, no Japão, é considerada uma estratégia para lidar com o impacto do envelhecimento da população, um olhar para o mundo que se está desenhando. O foco desta revolução silenciosa ou muito ruidosa é a humanidade e a criação de condições para promover uma sociedade feliz, motivada e satisfeita (PEREIRA; LIMA; CHARRUA, 2020). Desta forma, a concepção inicial da Sociedade 5.0 é promover uma interação funcional entre sociedade e tecnologia (FERREIRA, 2019). A Sociedade 5.0 não é definida por ondas de inovação, mas pela maneira como as inovações modelaram a sociedade, ela é baseada em diferentes pilares, incluindo o setor 4.0 e a cibernética. Ela mudou o estilo de vida com o surgimento da cidade 3.0, pois emprega as tecnologias de informação e comunicação 2.0 (SALGUES, 2018). Para Salgues (2018), a Sociedade 5.0 possui foco na humanização, ocupando um espaço promissor que além de equiparar as questões sociais tem potencial de garantir o desenvolvimento econômico, pois segundo ele, este desenvolvimento se dá pelo fornecimento de bens, produtos e serviços inerentes ao ser humano. Salgues (2018) faz uma comparação entre o tédio, o tempo considerado de fruição e o tempo cronológico, estabelecendo ainda, uma relação com a ciência da computação que “ [...] expressa a possibilidade teórica e técnica de manipular sinais, que correspondem a símbolos numéricos, e, portanto, pode realizar cálculos” (SALGUES, 2018, p. 10). Complementando, “[...] o código de informação geralmente possui conteúdo ou significado cognitivo, e isso independentemente do tipo de mídia empregada. A relação dessa reflexão com a Sociedade 5.0 se dá pelas atividades que foram possíveis devido ao tempo destinado à fruição em momentos de tédio, a exemplo, os parques temáticos e atrações turísticas são exemplos dessa busca por distração, ou seja, o desenvolvimento de uma economia de distração, uma é uma indústria real. “[...] O homem pode ficar entediado no trabalho, ou no lazer, geralmente assimilado ao tempo livre” (SALGUES, 2018, p. 13). 37 Pela compreensão de Salgues (2018), outra característica importante para o desenvolvimento de uma Sociedade 5.0 é a noção de identidade, conceito este que distingue o homem de uma máquina. Segundo o autor “Essa noção de identidade nos leva de volta às noções de globalização e regulamentação. Os produtos locais estão se tornando cada vez mais elegantes”. (SALGUES, 2018, p.14) exemplificando nas palavras do autor, supermercado originados em vilas, hoje estão dispostos em grandes centros. Na Sociedade 5.0 a adaptação de produtos se dá por meio da identidade e dos endereços de seus usuários: Uma das características da sociedade 5.0 é que ela se distancia dos processos anteriores de industrialização, por exemplo, da revolução industrial que levou à produção em massa única. Os padrões são um dos elementos essenciais dessa identidade, bem como um requisito para esse novo setor que está sendo construído. Às vezes, os padrões passam por um protocolo, por exemplo, um número de telefone ou um endereço da Internet. Às vezes, eles são restritivos, como endereços. (SALGUES, 2018, p.15). A alienação e a ação também são consideradas fatores importantes na visão de Salgues (2018), especificamente em relação a uma alienação tecnológica, que segundo ele, é frequentemente apresentada por aqueles que se opõem à Sociedade 5.0. A ação que decorre do verbo agir relaciona-se com o consumidor ativo. Querer um novo par de tênis pode estar atrelado a um interesse por ter visto alguém usar ou ainda, se uma pessoa está entediada, ela deveria agir, motivar-se, desacomodar-se, e isso pode representar a compra de um novo par de tênis. “Na Sociedade 5.0, a atuação se torna uma fonte de felicidade, prazer e liberdade” (SALGUES, 2018, p.17) Adaptabilidade, agilidade, mobilidade e reatividade são conceitos fundamentais da Sociedade 5.0, “[...] o que implica o fato de que mutações, mudanças e evolução são uma constante observável no dia-a-dia, o que também se reflete em infraestrutura, conhecimento e habilidades” (SALGUES, 2018, p.20). Na prática, o uso destes conceitos pode ser exemplificado pela troca de mercadorias ao uso de dinheiro para a compra de mercadorias, ou seja, quando mudanças são necessárias. Para que estes conceitos se deem na prática, Salgues (2018) sinaliza que os mesmos requerem a implementação da Indústria 4.0, usando técnicas aditivas que consomem menos recursos para produção. 38 2.3.1 A política na Sociedade 5.0 Segundo Salgues (2018), quem apoia as novas tecnologias, sabe que é inevitável o advento da Indústria 4.0 e, consequentemente o da Sociedade 5.0. Neste sentido, em se tratando de política pública na área de tecnologia e inovação, os governos terão que adotar uma nova postura que implicará em aceitar desejos dos cidadãos e romper paradigmas que os impedem de alcançá-las, como os déficits financeiros, políticas públicas sociais obsoletas e a discrepância social, econômica e cultural existente na sociedade (SALGUES, 2018). A Constituição Federal (1988), em seu preâmbulo, traz uma consonância com os objetivos compartilhados no relatório do Fórum Econômico Social (2020), tais quais, objetivos atrelados à segurança, desenvolvimento, igualdade, solução de conflitos. Dessa forma, a instituição do Estado Democrático está destinada a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais aos cidadãos, sem preconceitos, buscando soluções pacíficas às possíveis divergências. Nesse sentido, compreende-se que os conceitos de Sociedade 5.0 e o alcance dos objetivos compartilhados pelo Fórum Econômico Mundial, já estão previstos em algumas situações jurídicos, porém, necessitam de direcionamentos e políticas que possam efetivá-los (SALGUES, 2018) Dessa forma assim o fez Japão, ou seja, o país fez uma previsão no ordenamento jurídico, que necessitou decisão e planejamento para sua adoção como política, por isso o país foi pioneiro na instituição da Sociedade 5.0. Neste mesmo aspecto, no ponto de vista de Salgues (2018) uma reestruturação do Estado se faz necessária para a incorporação de uma Sociedade 5.0. Muros deverão ser quebrados, tais como o muro do sistema jurídico, da inovação tecnológica, de recursos humanos, de custos de acesso e de aceitação do usuário. O autor sobredito, afirma que existe duas possibilidades: vetocracia e ultrademocracia, como novas atitudes. A vetocracia aparece quando o sistema político concede um direito efetivo de veto a um grande número de atores e a “ultrademocracia pode ser descrita como uma evolução da sociedade democrática que apaga o conceito de autoridade relacionado à idade, experiência, competência e peso institucional” (SALGUES, 2018, p.34). Na década de 1990, houve uma grande recessão provocando aperto político monetário, estendendo-se em muitos países resultando em altas taxas de juros, famílias endividadas, redução de produção, falências de empresas, impactos negativosna indústria, 39 em setores diversos, como têxtil- vestuário, couro, calçados e eletrodomésticos. Houve queda na matéria-prima e no petróleo, os políticos perderam interesses nos setores e foram em direção do consumo e dos imóveis (SALGUES, 2018). Houve redução na competitividade e muitas empresas renasceram em outros países, como a conhecida Zara, que hoje não se instala somente da Europa, mas no mundo inteiro. A retomada industrial voltou em 1997 fornecendo telecomunicações e computadores. Em 2001, através da nova economia, de um dia para o outro, o euro esteve em ascensão. Para Salgues (2018), vários foram os fatores para esta ascensão, tais como terceirização de serviços e a facilitação da exportação pela China. Ocorreu então a globalização e as suas consequências. Segundo a CNI (2016), a Indústria 4.0 já é realidade em muitos países, cujos dos governos das principais potências econômicas, que tem inserido no cerne das estratégias de política industrial, e estes, tem potencial e maior probabilidade de concretizar a Sociedade 5.0. Para o Brasil, segundo estudos da confederação, é um desafio duplo, pois é necessária a incorporação e ainda o desenvolvimento destas tecnologias. Brasil (2020), cita no Relatório de Estratégia de Segurança da Informação e Comunicações e de Segurança Cibernética da Administração Pública Federal, o “Plano Brasil 2022”, cujas metas a modernização o funcionamento da administração pública, sendo esta uma meta para a economia. Na infraestrutura, assegurar acesso integral à banda larga, à velocidade de 100 mbps, a todos os brasileiros e para o Estado, a garantia do pleno exercício do direito de acesso a informações públicas e a consolidação da internet. Em contrapartida, a (CNI, 2016) aponta a heterogeneidade da indústria brasileira que exige que as políticas sejam adaptadas para diferentes conjuntos de setores e de empresas, que assumirão velocidades e condições diferenciadas, tornando a Sociedade 5.0 um desafio posto. Neste sentido, a CNI (2016), afirma que é fundamental um intercâmbio tecnológico e comercial com outros países para o acesso ao conhecimento tecnológico para a aplicabilidade das ferramentas da Indústria 4.0. Assim, uma política pública poderia fomentar esses tipos eventos e viabilizar uma produção competitiva de bens e serviços considerados estratégicos para o desenvolvimento do país. Apoiado pela Federação da Indústrias, em 2019, os ministérios da Economia e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações lançaram a Câmara Brasileira da Indústria 40 4.0 cujo objetivo é integrar as políticas públicas do governo federal de fomento à Indústria 4.0, manufatura avançada e internet das coisas reunirá atores do setor público, privado, entidades de capacitação e desenvolvimento tecnológico e academia (MDIC, 2020). 2.3.2 O Marketing na Sociedade 5.0 Kotler (2000, p.3), conceitua o marketing, trazendo um significado que está estritamente ligado ao cliente, em conquistar o mesmo e manter relacionamentos que gere lucro financeiro com eles. A meta do marketing é atrair novos clientes, “O Marketing é um processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e trocando produtos e valores uns com os outros” (KOTLER, 2000, p.3). Com o tempo, este conceito também foi se modificando. As tecnologias da informação são a base da Sociedade 5.0, o que levou a um fenômeno triplo caracterizado por mais liberdade, mais controle e importância das comunidades (SALGUES, 2018). A Sociedade 5.0 criou uma nova forma de dados: a de comandos, que não têm outro uso senão o fato de possibilitar o controle dos elementos, incluindo máquinas. Os dados, como visto anteriormente, é um dos principais elementos para a parte de gerenciamento e é um dos pontos cruciais para a definição do marketing, que vai mostrar e evidenciar a visão da empresa. Salgues (2018) conceitua o marketing como uma ferramenta de gestão que está a serviço de empresas e organizações, sem deslocar-se da economia de mercado, objetivando aumentar o desempenho e com a Sociedade 5.0, para que ainda seja necessário o uso do marketing, ele deverá passar por transformações. Para Cavallini, (2008), essas novas mídias digitais e os avanços na internet trouxeram grandes questionamentos, causando mudanças nas práticas de diversas áreas, inclusive, a de comunicação, considerada peça fundamental do marketing, principalmente em práticas que englobam a publicidade e propaganda. Segundo Kotler (2010), o marketing tem como objetivo compreender e atender o mercado que se busca atingir indo além de uma função organizacional e em alinhamento com Salgues (2018), o marketing está se transformando em resposta à nova dinâmica do meio, com expansão de empresas, voltados aos consumidores e para as questões humanas. 41 Kotler (2010) classifica o marketing em três momentos: Marketing 1.0, cujo foco é o produto e as vendas, ou seja, industrial. O marketing 2.0, é oriunda da era da informação e voltada para o consumidor e sua satisfação, de natureza estratégica e o marketing 3.0, é considerado reflexo da tecnologia, focado nos valores, no ser humano e suas peculiaridades e na transformação do mundo em um lugar melhor, ou seja, aspectos cruciais para o desenvolvimento da Sociedade 5.0. Para conseguir atingir os objetivos pretendidos pelo marketing, Cavallini (2008) afirma que é preciso fazer bom uso da web obtendo melhores resultados em campanhas, fazendo a abordagem correta e no momento correto. Segundo o autor, pela internet os gestores conseguem desempenhar as funções propostas de uma maneira mais global, além de poder observar as mudanças no comportamento e nas atitudes dos consumidores. O marketing da Sociedade 5.0 é confrontado com a resistência do cliente, por isso, não pode haver diferenças entre fala e comportamento, pois esse consumidor e sua resistência assumem de movimentos audíveis, coletivos e visíveis, como boicotes, campanhas de difamação” (SALGUES, 2018, p. 104), o que deve resultar em fuga dos mercados tradicionais. O marketing, assim como outros aspetos de gestão, deve assumir uma abordagem holística (SALGUES, 2018). Aliado a este pensamento, o marketing 3.0 se estabelece em um momento em que empresas aderem à internet como um meio para estabelecer essa relação mais próxima com seu cliente, combinando ferramentas do marketing tradicional com recursos digitais (KOTLER, 2010). 2.3.3 Gestão de Recursos Humanos O aumento de expectativa de vida traz inúmeros desafios para uma sociedade que ainda não está preparada para lidar com esses profissionais que o mercado está de certa forma deixando de lado por questões de idade. Enfrentar o envelhecimento é uma das iniciativas da Sociedade 5.0, tornando-o inclusivo e centrado no bem-estar (ALVES, 2019). Albuquerque (2007), sinaliza que a inteligência, uma das características para a gestão de pessoas, significa a capacidade de adaptabilidade, e no campo industrial pode ser caracterizado como uma habilidade de utilização das faculdades mentais e transformar em 42 benefícios, ou seja, um sujeito pode ser inteligente em alguns aspectos da vida, porém não em outros. Goleman (2015) traz o fator comunicação, clara e eficaz, como uma das habilidades mais fundamentais e mais valorizadas dentro das empresas e para o mercado de trabalho atual. Na gestão de recursos humanos, segundo o autor, esta competência se estabelece como uma forte empatia cognitiva, ou seja, a capacidade de compreender a forma com que outra pessoa pensa. Para Salgues (2018), em contribuição com a Sociedade 5.0, a gestão de recursos humanos possui três eixos: o humano deve estar no centro das organizações, trabalho significativo e eficácia. Para o autor, uma empresa não é apenas um capital que precisa ser gerenciado, mas também as pessoas. Além
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