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e-book_SIMPÓSIO-DE-OVINOCULTURA_UEL_2015

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Simpósio de Ovinocultura 
I, II e III Edições 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDITORES 
Edson Luis de Azambuja Ribeiro 
Lívia Galiano Mangilli 
Camila Constantino 
Francisco Fernandes Júnior 
Natália Albieri Koritiaki 
Fernando Augusto Grandis 
Filipe Alexandre Boscaro de Castro 
Amanda de Freitas Pena 
Vinicius A. de Pietro Guimarães 
Francine Mezzomo Giotto 
Luis Gustavo Castro Alves 
 
 
 
 
 
 
Londrina, 2015
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da 
Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina. 
 
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 E56s Simpósio de Ovinocultura (1, 2 e 3. : 2015 : Londrina, PR). 
Anais [do] I, II e III Simpósio de Ovinocultura [livro eletrônico] 
/ editores: Edson Luis de Azambuja Ribeiro ... [Et al.]. – Londrina : UEL, 
2015. 
1 Livro digital. : Il. 
 
 Disponível em: 
 
ISBN 9788578463526 
 
1. Ovinocultura – Congressos. 2. Ovinos – Congressos. I. Ribeiro, Edson 
Luis de Azambuja. II. Universidade Estadual de Londrina. III. Título. 
 
 
 
 CDU 636.3(0.034.1) 
http://www.gepouel.com.br/p/ebook-simpovino.html?m=1
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Comissão Editorial não poderia deixar de agradecer aos palestrantes dos Simpósios 
de Ovinocultura realizados na Universidade Estadual de Londrina, e autores dos capítulos 
aqui apresentados, pela dedicação e suporte nesta publicação. De maneira similar, 
agradecemos aos alunos das diversas instituições que participaram das atividades, bem como 
aos técnicos e produtores rurais que abrilhantaram todas as edições do simpósio. E acima de 
tudo, agradecemos a Deus por nos capacitar no desenvolvimento de nossas atividades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
É com grande satisfação que apresentamos este livro no formato de e-book. O material 
publicado deriva de palestras apresentadas nas três edições do Simpósio de Ovinocultura 
realizadas na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Infelizmente, por razões adversas a 
nossa vontade não conseguimos, neste momento, publicar todas as palestras apresentadas. 
Porém, as que viraram capítulos nessa publicação abrangem as diversas áreas da ovinocultura, 
e com certeza representam material de excelente qualidade técnica. Material esse que 
contribuirá não só para aulas de graduação e pós-graduação, mas também como material de 
apoio a técnicos e produtores de ovinos. Cada capítulo representa parte do conhecimento 
teórico e prático dos autores, que tem dedicado sua vida profissional as mais distintas facetas 
da ovinocultura. 
 
Os Editores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DA OVINOCULTURA....................................7 
Edson Luis de Azambuja Ribeiro; Camila Constantino. 
 
2. SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS EM PASTAGENS: O USO DO PASTO E 
OUTRAS ESTRATÉGIAS ALIMENTARES......................................................................12 
Alda Lúcia Gomes Monteiro; César Henrique Espírito Candal Poli; Thailine Scucatto; Odilei 
Rogerio Prado; Fernando Hentz; Claudio José Araújo da Silva.
 
 
3. COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS ADOTADOS NO 
BRASIL E NOVA ZELÂNDIA.............................................................................................30 
Cledson Augusto Garcia. 
 
4. SISTEMAS INTEGRADOS E A PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE......................50 
Fernando Alvarenga Reis; Rodrigo da Costa Gomes; José Alexandre Agiova da Costa; 
Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo; Luís Carlos Vinhas Ítavo. 
 
5. PRODUÇÃO DE OVINOS LEITEIROS NO BRASIL......................................................62 
Lívia Galiano Mangilli; Amanda de Freitas Pena. 
 
6. OVINOS DE ELITE E SUA INSERÇÃO NO MERCADO...............................................71 
Edson Luiz Duarte Dias; Carla Bompiani d'Ancora Dias. 
 
7. O MELHORAMENTO GENÉTICO NA OVINOCULTURA DE CORTE.....................82 
Victor Breno Pedrosa. 
 
8. COCCIDIOSE NA PRODUÇÃO DE OVINOS...................................................................90 
Fernando Augusto Grandis; Francine Mezzomo Giotto. 
 
9. QUALIDADE DE CARNE OVINA – CONCEITOS..........................................................99 
Francisco de Assis Fonseca de Macedo; Rosa Maria Gomes de Macedo; Franciane Barbiéri 
Dias; Natália Holtz Alves Pedroso Mora; Alexandre Agostinho Mexia. 
 
 
 
 
 
10. A QUALIDADE DA CARNE OVINA – IMPLICAÇÕES...............................................109 
Alexandre Rodrigo Mendes Fernandes; Hélio de Almeida Ricardo; José Carlos da Silveira 
Osório; Maria Teresa Moreira Osório; Luis Gustavo Castro Alves. 
 
11. TÓPICOS SOBRE CUSTOS DE PRODUÇÃO NA OVINOCULTURA.......................115 
Camila Raineri; Augusto Hauber Gameiro. 
 
12. MARKETING NA OVINOCULTURA..............................................................................126 
Francisco Fernandes Junior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
 
1. SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DA OVINOCULTURA 
 
Edson Luis de Azambuja Ribeiro
1 
Camila Constantino² 
 
INTRODUÇÃO 
 A espécie ovina é uma das mais cosmopolitas entre as espécies domésticas. Podemos 
encontrar ovinos em países de clima temperado ou tropical, países com elevadas precipitações 
pluviométricas a climas desérticos, regiões com grande altitude a regiões ao nível do mar. O 
nosso próprio país apresenta climas muito variados, e encontramos ovinos em todas as 
regiões. 
 Esta característica se deve ao grande número de raças existentes que foram 
selecionadas de maneira natural, ou seja, os indivíduos mais resistentes ou adaptados a um 
determinado ambiente sobreviveram e conseguiram transmitir seus genes a descendência, ou 
ainda, foram selecionados artificialmente, pelo homem, por possuírem alguma característica 
produtiva desejável. Provavelmente as duas maneiras de seleção, natural e artificial, 
exerceram influência em todas as raças existentes. Existem raças selecionadas para as mais 
diversas aptidões produtivas, tais como carne, lã, leite e pele, e ainda raças mistas ou de duplo 
propósito. 
 Em função desta amplitude de regiões e ambientes onde os ovinos são criados, 
encontramos em nosso país criações com alto nível tecnológico, com altas produtividades até 
criações extensivas de subsistência, onde os índices produtivos observados estão aquém do 
potencial das raças. 
 
OVINOCULTURA NO BRASIL 
 Dentro de todo o território brasileiro observamos criação de ovinos, mas esta produção 
está melhor representada no nordeste com 56,7% da produção e no sul com 28,1% da 
produção. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) o 
Brasil possui um pouco mais de 17 milhões de cabeças, destas, os estados que apresentam 
maior representatividade são: Rio Grande do Sul com uma participação de 22,9% e Bahia 
com 18%. 
__________ 
1
Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina, PR. 
²Pós-Doutoranda (PNPD – CAPES) na Universidade Estadual de Londrina, PR. 
___________________________________________________________________________ 
 
8 
 
OVINOCULTURA NO PARANÁ 
 O estado apresenta boas condições para a exploração de ovinos. Em termos climáticos 
temos uma grande diversidade, onde ao sul encontramos temperaturas mais baixas durante o 
inverno, com chuvas e geadas freqüentes, e ao norte o inverno é mais ameno, porém seco. 
 A criação no estado é bastante antiga,tendo começado com os primeiros colonizadores 
e com os tropeiros que vinham do Rio Grande do Sul em direção a São Paulo. Desta maneira 
a criação estabeleceu-se principalmente nos campos da região sul do estado, porém nunca 
apresentou uma grande expressão; onde o consumo de carnes era basicamente dentro das 
propriedades rurais. E os animais que eram comercializados geralmente eram velhos e com 
carne de baixa qualidade. 
 O governo do estado vislumbrando a potencialidade da espécie, mais de uma vez 
tentou criar incentivos para os produtores iniciarem ou melhorarem suas atividades. Porém, 
devido a falta de pessoal técnico qualificado, de estrutura para abate e comercialização das 
carnes, e a falta de pessoal qualificado para a tosquia e para comercialização da lã, fez com 
que muitos produtores que entraram na atividade viessem a abandona-la pouco depois. Tendo 
ficado na atividade aqueles produtores que já possuíam alguma experiência prévia. Porém, de 
uma maneira geral a atividade era tida como uma atividade marginal dentro das propriedades. 
Processo semelhante ao que ocorreu no Paraná foi vivido no estado de São Paulo. De 
acordo com Fernandes (1989), a Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo 
desenvolveu um programa de fomento a ovinocultura ao redor do ano de 1960. Porém em 
função de vários problemas, entre estes, falta de estrutura adequada, não treinamento de 
técnicos e produtores, reformas administrativas e problemas de sanitários, fizeram com que a 
atividade sucumbisse. Posteriormente, em meado dos anos 80, técnicos e associação de 
criadores iniciaram novamente um movimento para reerguer a atividade. 
De acordo com o Fernandes (1989), o fator mais importante para o sucesso da 
atividade é a união de todos os seguimentos envolvidos. Entre estes seguimentos pode ser 
citado as universidades e instituições de pesquisa, desenvolvendo técnicas adequadas para a 
região, uma associação de produtores atuante, promovendo, incentivando e orientando a 
atividade, bem como a iniciativa privada, com espírito cooperativista, facilitadora da 
colocação dos produtos produzidos. 
Atualmente, segundo dados do IBGE (2014) o estado do Paraná possui um rebanho de 
aproximadamente 650 mil cabeças. O principal interesse é sobre a produção de cordeiros para 
abate, buscando animais novos e com carne de qualidade. Dentro desta ideia, as cooperativas 
___________________________________________________________________________ 
 
9 
 
de produtores estão tornando a ovinocultura paranaense cada vez mais competitiva. O 
agronegócio está assumindo caráter mais profissional e intensivo, visando redução de custos 
com compra de insumos mais baratos, padronização dos rebanhos e carcaças para abate, além 
da negociação direta com o mercado consumidor, como restaurantes e hotéis (SCHWAB, 
2010). 
O aumento da população e do poder de compra deve elevar o consumo de carnes em 
geral, de 95,3kg em 2011 para 97,5kg em 2012 no Brasil. Quanto maior a renda, maior o 
consumo de carnes de primeira e de produtos mais caros (FERRAZ, 2012). Segundo, Paulo 
Afonso Schwab, presidente da ARCO, o consumo per capita de carne ovina no Brasil é de 
apenas 400 gramas e está muito abaixo de outros tipos de carne, como a de aves que chega a 
43,4kg, bovina com 37,4kg e suína com 14,1kg ano (VIEGAS, 2012). O SEBRAE (2005) 
registra que o baixo consumo de carne ovina no Brasil se deve a falta de hábito do 
consumidor, irregularidade da oferta, má qualidade do produto colocado à venda e à má 
apresentação do produto oferecido no mercado interno. 
Em todos os estados brasileiros, o sistema agroindustrial da carne ovina apresenta 
índices de informalidade superior ao do abate oficializado. Clandestinidade que é estimulada 
por uma fiscalização insuficiente. A informalidade no varejo traduz na aquisição de produtos 
sem inspeção sanitária. Na indústria, implica na falta de comunicação da movimentação de 
animais aos órgãos de defesa sanitária, aquisição de animais doentes, ausência de inspeção 
durante o abate, transporte inadequado quanto aos padrões de embalagem e de refrigeração de 
produto (SORIO; RASI, 2010). Além do que, entregam ao mercado consumidor produtos 
despadronizados e sem garantia de qualidade. 
Infelizmente, várias características da nossa ovinocultura de corte, fazem com que 
estes abates clandestinos sejam uma forma de escape para outras categorias animais, que não 
cordeiros. 
O produtor de ovinos geralmente trabalha com a criação em ciclo completo, ou seja, 
fazem cria, recria e engorda. Os acordos com as cooperativas são de entrega de cordeiros, 
animais que vão para o abate com três a cinco meses de idade, com carcaças bem acabadas. 
Garantindo desta forma carcaças homogêneas e de qualidade garantida. 
Entretanto, quando se trabalha com ciclo completo a cada estação de nascimento são 
separados alguns animais para reposição de ovelhas e carneiros. Após a seleção dos melhores 
animais, ele acaba com algumas borregas ou machos inteiros com mais de um ano. Outro 
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10 
 
ponto importante são os animais de descarte, que gira ao redor de 15 a 20% ao ano 
(CAVALCANTE; LÔBO, 2005). São matrizes no fim da sua vida produtiva. 
Estas três classes não são aceitas pelas cooperativas, e o produtor acaba por não ter 
escolha a não ser vender para um atravessador – a preços muito baixos - que provavelmente 
irá realizar um abate clandestino e distribuir nos centros de varejo a preço mais baixo do que a 
carne das cooperativas. Esta carne acaba prejudicando a imagem da carne ovina, 
influenciando negativamente no aumento do consumo pela população e na competitividade 
desta proteína em frente a outras proteínas de origem animal (BRESSAN et al., 2001). 
É necessário então melhorar o nível de articulação e coordenação na cadeira produtiva 
como um todo para melhorar a competitividade e a sustentabilidade da atividade da produção 
de carne ovina no Brasil. Assim como buscar formas de inserir a carne de animais de descarte 
no mercado, através de processamentos, como hambúrgueres, linguiças, salames, carne 
maturada, cortes diferenciados, entre outros. 
 
REFERÊNCIAS 
BRESSAN, M.C. et al. Efeito do peso ao abate de cordeiros Santa Inês e Bergamácia sobre as 
características físico-químicas da carne. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.21, n.3, 
p.293-303, 2001. 
 
CAVALCANTE, A.C.R.; LÔBO, R.N.B. Sistema de produção de caprinos e ovinos de 
corte para o nordeste brasileiro. Embrapa, 2005. Disponível 
em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/CaprinoseOvinosdeCorte/Ca
prinosOvinosCorteNEBrasil/manejoprodutivo.htm#subtitulo3> Acesso em: 12 nov 2012. 
 
FERNANDES, F. M. N. Situação da ovinocultura de São Paulo. In: SIMPÓSIO PAULISTA 
DE OVINOCULTURA, 1, 1989, Campinas. Anais... Campinas: Fundação Cargill, 1989. p. 3-
10. 
 
FERRAZ, J.V. Consumo de Carnes. 2012. Disponível 
em:<http://pecuaria.ruralbr.com.br/noticia/2012/06/consultoria-preve-alta-de-3-no-consumo-
per-capita-de-carne-bovina-no-brasil-3804874.html> Acesso em: 12 nov 2012. 
 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa 
Pecuária Estadual. Sidra: sistema IBGE de recuperação automática. Rio de Janeiro, 2014. 
Disponível em: < http://ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=pr&tema=pecuaria2014>. 
Acesso em 01 dez. 2015. 
 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Produção da 
pecuária municipal, Rio de Janeiro, v. 38, p. 1-61, 2010. 
 
___________________________________________________________________________ 
 
11 
 
SCHWAB, P.A. A ovinocultura brasileira e o Paraná. 2010. Disponível 
em:<http://www.farmpoint.com.br/cadeia-produtiva/espaco-aberto/a-ovinocultura-brasileira-
e-o-parana-63027n.aspx> Acesso em: 12 nov 2012. 
 
SEBRAE. Informações de mercado sobre caprinos e ovinos. Set. 2005. Disponível 
em:<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/3e9d015cd05409e703256c6e005f3408/3001c287224701c703257154003f52ee/$FILE/NT0003202A.pdf >. Acesso em: 12 nov 2012. 
 
SORIO, A.; RASI, L. Ovinocultura e abate clandestino: um problema fiscal ou uma solução 
de mercado?. Revista de Política Agrícola, ano. 19, n. 1, jan/fev/mar. 2010. 
 
VIEGAS, A. Consumo per capita de carne ovina no Braisl é de apenas 400 gramas por 
ano. 2012. Disponível em: <http://www.agrodebate.com.br/_conteudo/2012/06/noticias/2949-
consumo-per-capita-de-carne-ovina-no-brasil-e-de-apenas-400-gramas-por-ano.html> Acesso 
em 12 nov 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
 
2. SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS EM PASTAGENS: O USO DO PASTO E 
OUTRAS ESTRATÉGIAS ALIMENTARES 
 
Alda Lúcia Gomes Monteiro
1
 
César Henrique Espírito Candal Poli
2
 
Thailine Scucatto
3
 
Odilei Rogerio Prado
4
 
Fernando Hentz
5
 
Claudio José Araújo da Silva
6 
 
INTRODUÇÃO 
A ovinocultura no Brasil foi inicialmente desenvolvida em áreas de grande extensão 
de terra, tendo como base da alimentação, a vegetação natural, como no caso dos Campos 
Sulinos; no Nordeste, a ovinocultura sempre ocupou espaço nas áreas de Caatinga. Nas 
últimas décadas, a atividade expandiu-se para novas regiões, como o Sudeste e o Centro-
Oeste, com significativo crescimento do rebanho nesta última, nos recentes 10 anos. A 
expansão geográfica da atividade pelo Brasil trouxe o aumento da utilização de pastagens 
cultivadas e de outras formas de criação, como é o caso dos confinamentos. 
Outra característica da atividade é que na maior parte das propriedades produtoras do 
país, a ovinocultura não é a principal atividade econômica, estando associada principalmente 
à agricultura e outras atividades pecuárias, especialmente a bovinocultura de corte. 
Apesar do surgimento de criações confinadas, especialmente no caso de terminação de 
cordeiros para carne em regiões de custo mais elevado da terra, como o Sudeste, as ovelhas 
continuam ocupando espaço das áreas de vegetação, seja natural ou de espécies cultivadas. As 
matrizes do rebanho, ovelhas em produção, são elementos chave para o alcance de bons 
índices zootécnicos na produção dos cordeiros. 
__________ 
1
Professora do Departamento de Zootecnia da UFPR (LAPOC – Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos 
e Caprinos), Curitiba, PR. 
2
Professor do Departamento de Zootecnia da UFRGS, Porto Alegre, RS. 
3
Graduanda em Zootecnia na UFPR/LAPOC. 
4
Pós Doutorando na UFPR/LAPOC. 
5
Doutor em Agronomia. 
6
Pós-Doutorando na UFPR/LAPOC. 
___________________________________________________________________________ 
 
13 
 
Entre os aspectos mais importantes para o bom resultado do negócio pecuário, de 
forma geral, está a boa aplicação dos recursos alimentares. No caso da produção ovina para 
carne, cujo produto mais valioso é o cordeiro, a boa aplicação dos recursos alimentares na 
fase do nascimento até o abate dessa categoria, que em geral abrange um período muito curto, 
é extremamente importante. Isso ocorre por dois motivos: o primeiro, já citado, é a própria 
duração desse período, que pode ser tão curto quanto próximo de 90 dias; o segundo refere-se 
à eficiência do uso do recurso alimentar pelo cordeiro, ou seja, seu desempenho eficiente 
relativo ao uso do recurso alimentar. 
Os resultados de pesquisas realizadas no LAPOC/UFPR, Curitiba, PR, em conjunto 
com pesquisas realizadas na UFRGS, na última década, mostram que a pastagem e seu 
adequado manejo são ferramentas decisivas na elevação dos índices produtivos para a 
ovinocultura no Sul do Brasil. Especialmente quando se trata da produção das matrizes, para o 
qual, o eficiente uso do pasto é estratégia produtiva e econômica de enorme importância, 
como a literatura tem abordado (POLI et al., 2011). 
 
MANEJO DE PASTAGENS PARA OVINOS 
Dentro dos diferentes tipos de decisão que o ovinocultor deve tomar, as relacionadas 
ao manejo da pastagem são das que mais refletem na produtividade da fazenda. É importante 
conciliar as exigências do animal e as exigências de rebrote da planta para manter a produção 
e longevidade produtiva das forrageiras. A adequação do manejo é o que muitas vezes 
diferencia um produtor bem suscedido dos outros (mais detalhes em Poli et al., 2014). 
Para um adequado manejo de pastagem é importante ter consciência que existem 
diferenças marcantes entre a criação de ovinos e bovinos. Os ovinos, por exemplo, 
apresentam um maior requerimento alimentar por peso vivo e efetuam maior seleção da dieta 
que os bovinos. Cordeiros em crescimento são animais exigentes em qualidade nutricional do 
pasto. Além disso, há diferenças devido à maior variação do requerimento alimentar da ovelha 
ao longo do ano, em comparação com a vaca. Por outro lado, ovinos apresentam maior 
susceptibilidade às infecções parasitárias gastrintestinais do que bovinos. 
 Nas condições do Sul do Brasil observou-se função quadrática do ganho de peso de 
borregos, com o aumento da altura da pastagem de azevém anual, e, consequentemente, com a 
massa de forragem. Os trabalhos de Silveira (2002) e Pontes (2001) mostraram ganhos de 
peso que variaram entre 0,113 e 0,235 kg/dia e 240,4 a 661,7 kg de PV/ha, com máximas 
eficiências de utilização ocorrendo entre 10 e 15 cm de altura (SILVEIRA, 2002). De forma 
___________________________________________________________________________ 
 
14 
 
semelhante, Castro (2003) comparou diferentes alturas de pastagem tropical cespitosa 
(milheto - Pennisetum americanum). Em pastagem de milheto, esse autor também encontrou 
resposta quadrática com a maximização do ganho de peso de borregos em altura aproximada 
de 30 cm. 
O menor ganho de peso em situações de baixa disponibilidade de forragem é 
compreendido pela redução da seleção da dieta e do consumo. Por outro lado, a redução do 
ganho individual em pastagens mais altas pode ser explicada pela redução da taxa de ingestão 
(quantidade ingerida por bocado). Em pastagens tropicais de porte cespitoso, essa redução na 
taxa de ingestão é explicada em parte devido ao maior tempo de manipulação do bocado, 
gerando redução na velocidade de consumo (CARVALHO et al., 2001). Além disso, em 
diferentes tipos de pastagens (temperadas ou tropicais - cespitosas ou prostradas), alturas 
acima de um determinado patamar podem gerar baixa densidade de folhas e consequente 
redução na taxa de ingestão. A maior densidade de folhas da pastagem aumenta a massa de 
cada bocado e reduz a energia gasta na seleção da dieta. E tem papel fundamental na 
maximização da ingestão de forragem por cordeiros. 
Entretanto no manejo de pastagens, é muito difícil que o mesmo ocorra conforme foi 
decidido previamente pelo produtor. Em geral, há uma dependência muito grande de fatores 
que não se consegue modificar, tais como o clima. É fundamental, então, que o produtor tome 
decisões de curto prazo no sentido de adequar o manejo pensado previamente. Exemplos 
dessas decisões são: aplicação de ureia para acelerar crescimento das pastagens com 
gramíneas, produção de forragem conservada quando a pastagem cresceu mais do que o 
esperado, uso do método de pastejo (rotativo ou contínuo, e outros) com a aceleração ou não 
da rotação, etc. 
Nessas decisões de curto prazo, recentemente foram realizados trabalhos de pesquisa 
na UFRGS mostrando que métodos de pastejo contínuos podem ser tão ou mais produtivos do 
que métodos rotativos (SAVIAN et al., 2014). Esses autores também ressaltam que o método 
contínuo também pode ser mais eficiente na redução da emissão de metano por unidade de 
produção animal que o método rotativo. Entretanto, Schons (2015) e Rattray et al. (1987) 
mostram que métodos de utilização rotativa com elevada massa de forragem no pós-pastejo, 
baseadas na maximização da taxa de ingestão, resultam em maior eficiência de utilização, sem 
comprometimento daeficiência de colheita. 
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15 
 
Esses novos conhecimentos demonstram que para incrementar o crescimento de 
cordeiros criados a pasto é importante maximizar da taxa de ingestão. Pode-se dizer que para 
o máximo crescimento do animal, os cordeiros têm que comer de “boca cheia”. 
Conforme descrito por Poli et al. (2014), o sistema de produção de ovinos pode ser 
representado por um círculo (Figura 1) que é dinâmico e que pode ser constantemente 
modificado, conforme ocorre em um jogo de futebol. Cada modificação tem que ser bem 
pensada tendo como meta alcançar o gol. 
 
Figura 1 – Pontos para adequação do sistema de produção – ilustração de decisões básicas, 
semelhantes às que ocorrem para promover a movimentação da bola em jogos de futebol 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CORDEIROS 
Um breve resumo das pesquisas realizadas nos últimos 10 anos, no PR e no RS, sobre 
a produção dos cordeiros em sistemas de produção em pastagem, será aqui relatado. 
Parte das pesquisas começaram a ser realizadas na UFPR a partir dos anos de 2003 a 
2005, avaliando-se primeiramente um conjunto de 4 sistemas de produção dos cordeiros: (1) 
cordeiros desmamados e terminados exclusivamente em pastagem de Tifton e/ou azevém 
anual; (2) cordeiros mantidos junto com suas mães, e assim terminados exclusivamente em 
pastagem; (3) cordeiros mantidos com suas mães, e ainda suplementados diariamente com 
concentrado em creep feeding, em 1% e 2% do peso vivo (PV); (4) cordeiros desmamados e 
terminados em confinamento, alimentados ad libitum com dieta de alta densidade energética, 
tendo como componente volumoso a silagem de milho ou o feno de alfafa, conforme o ano de 
estudo. 
De forma geral, as variáveis de interesse foram coletadas aproximadamente quinze 
dias após a parição das ovelhas nos respectivos anos de avaliação. Antes do parto, as ovelhas 
PLANEJAMENTO 
EXECUÇÃO METAS 
AVALIAÇÃO 
 
___________________________________________________________________________ 
 
16 
 
sempre estavam criadas em pastagens de verão e inverno, conforme a época, recebendo 
suplementação com silagem de milho e ração concentrada 16% PB, nos períodos de maior 
exigência (NRC, 2007), de forma que sempre foi buscado o escore de condição corporal entre 
3,0 e 3,5 no parto. 
Os resultados obtidos para desempenho e produtividade dos sistemas na pastagem de 
verão foram publicados por Poli et al. (2008), e na pastagem hibernal por Ribeiro et al. (2009a 
e 2009b), e estão sintetizados na Tabela 1. 
 
Tabela 1 – Ganho médio diário (GMD) e produtividade nos sistemas de produção de 
cordeiros abatidos com 32-34 kg de peso vivo (PV) em pastagens de verão e de inverno 
avaliados no LAPOC/UFPR entre 2003 e 2005 
Pastagem Variáveis 
Sistemas 
Desmame + 
Pastagem 
Sem 
desmame + 
Pastagem 
Creep 
feeding + 
Pastagem 
Desmame + 
Confinamento 
Tifton-85 
GMD 
(kg/animal/dia) 
0,107 c 0,281 b 0,282 b 0,437 a 
Idade de Abate 
(dias) 
131 101 105 94 
Produtividade 
(kg de 
PV/ha/dia) 
4,21 3,37 3,34 - 
Azevém 
GMD 
(g/animal/dia) 
0,115 c 0,303 b 0,294 b 0,338 a 
Idade de Abate 
(dias) 
160 106 106 96 
Produtividade 
(kg de 
PV/ha/dia) 
3,46 2,19 2,52 - 
Letras minúsculas nas linhas diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). Fonte: adaptado de Poli et al. (2008) e 
Ribeiro et al. (2009a, 2009b). 
 
Merece destaque apontar que não houve diferença no desempenho de cordeiros 
terminados sem o desmame, com ou sem a suplementação concentrada em creep feeding. Isso 
___________________________________________________________________________ 
 
17 
 
pode ser justificado pela elevada disponibilidade e boa qualidade das pastagens utilizadas, que 
certamente favoreceram a condição nutricional das mães e sua resposta em produção de leite. 
Esse resultado reafirma que uma das estratégias mais importantes para a elevação do número 
de cordeiros desmamados por ovelha é a boa nutrição das ovelhas em lactação na pastagem, 
através de sua adequada oferta e do manejo correto. Enfatiza-se que a boa lactação inicia no 
manejo alimentar das ovelhas no pré-parto, o que pode ser identificado pela recomendação de 
boa condição corporal das ovelhas ao parto, entre 3,0 a 3,5. 
Cordeiros que não foram desmamados apresentaram ganho médio diário (GMD) entre 
280-300g. Esse resultado foi considerado bastante interessante, por estar bem próximo do 
ganho obtido por cordeiros desmamados e confinados, especialmente nos anos em que se 
utilizou pastagem de azevém. Destaca-se também que a idade de abate dos cordeiros mantidos 
com suas mães apresentou-se próxima de 100 dias, semelhante aos do confinamento (95 dias), 
respeitados os mesmos pesos médios de abate ao redor de 32 a 34 kg. 
Com esses resultados, observou-se que a presença da mãe exerce papel fundamental 
para cordeiros terminados em idade jovem em pastagem, também proporcionando a 
possibilidade de boas condições sanitárias aos mesmos. A importância da ovelha pode ser 
evidenciada pela acentuada diferença no desempenho entre os sistemas com e sem desmame. 
Uma estratégia muito utilizada para a produção de cordeiros é o confinamento após o 
desmame precoce (aqui se refere ao desmame realizado aos 42-60 dias, com peso vivo ao 
redor de 15 a 20 kg). O confinamento de cordeiros desmamados tem sido comumente 
utilizado em várias regiões do Brasil, tais como o Sudeste e o Centro-Oeste – regiões nas 
quais a ovinocultura teve intensa expansão nos últimos 15 anos - especialmente onde a oferta 
de forragem é limitada na época de parição e crescimento dos cordeiros. É estratégia oportuna 
quando a alimentação dos cordeiros é balanceada de acordo com suas exigências e quando 
não é viável a terminação ao pé das mães em função da quantidade e qualidade do pasto 
existente. 
Vale ressaltar que, mesmo que os cordeiros sejam levados ao confinamento, as 
matrizes produtoras continuarão na pastagem, o que não elimina do sistema o desafio de 
atender suas exigências para que as mesmas consigam atingir e manter o escore corporal 
adequado para nova monta, após a lactação, conforme recomendam Poli e Carvalho (2001). 
A terminação de cordeiros em confinamento é de razoável aceitação pelos produtores 
da região Sul, apesar do investimento necessário com infraestrutura e do custo das dietas, 
especialmente no Estado do Paraná. Alguns motivos dessa aceitação: baixo risco de perda de 
___________________________________________________________________________ 
 
18 
 
animais por parasitose; homogeneidade dos lotes de cordeiros/carcaças para entrega; menor 
desafio no procedimento de alimentação dos animais, evitando dúvidas eventualmente 
observadas no manejo da pastagem e da oferta de suplementos em pasto e também a 
prioridade de uso da terra para agricultura. 
 Na análise econômica dos sistemas no LAPOC/UFPR por Barros et al. (2009), 
observou-se que a mortalidade de cordeiros, quando desmamados e colocados no pasto, 
prejudicou a rentabilidade, devido ao menor número de animais a serem entregues para 
comercialização. Da mesma forma, os sistemas confinados apresentaram rentabilidades muito 
limitadas ou até negativas, principalmente por necessitarem de investimento inicial maior 
(infraestrutura e instalações) e devido ao maior custo de alimentação. A análise considerou o 
ciclo completo de produção anual de cordeiros, incluindo os custos diretos e indiretos com as 
matrizes e reprodutores do rebanho. 
Fernandes et al. (2012) observaram que, de fato, o baixo desempenho de cordeiros 
desmamados e não suplementados é acompanhado por um perfil metabólico que indica 
condição nutricional inadequada, relacionados ao metabolismo energético e principalmente 
proteico dos cordeiros, representada por baixos níveis de albumina e creatinina séricas e 
concentração reduzida de glicose. 
Dessa forma, a estratégiade suplementar os cordeiros desmamados ao redor de 60 dias 
de idade com ração concentrada, em pastagem de verão ou inverno, a fim de evitar perdas por 
mortalidade no pós-desmame foi avaliada. Essa estratégia é útil para a produção de cordeiros 
nos sistemas acelerados de parição – três partos em dois anos, nos quais as ovelhas devem 
recuperar brevemente o seu escore de condição corporal para a nova estação reprodutiva, e 
dessa forma o desmame é uma ferramenta de manejo a ser considerada. Em função da latitude 
da região Sul do Brasil, há certa limitação em se trabalhar com os sistemas acelerados de 
produção de cordeiros, os sistemas de 3 partos em 2 anos, que necessitam que estações 
reprodutivas sejam locadas fora das épocas de verão-outono; no entanto, há clara 
possibilidade de utilização de protocolos de indução de cio nesse caso. 
 Os sistemas com desmame (suplementação em outra área de pasto ou confinamento) 
também são oportunos aos que trabalham com sistemas integrados de agricultura e pecuária 
(SIPA), e que não podem esperar que os cordeiros alcancem peso para abate permanecendo 
em amamentação nas áreas de pasto de inverno. Ou ainda, se a pastagem de inverno não 
possibilitar o alcance dos pesos comerciais de abate, próximos de 40 kg, sem o desmame. 
___________________________________________________________________________ 
 
19 
 
No caso de sistemas integrados, é preciso retirar os ovinos da pastagem no final do 
ciclo da aveia+azevém para a dessecação da área e o plantio da lavoura de verão, 
especialmente no caso da soja que tem plantio precoce, e assim é necessário desmamar os 
cordeiros e levá-los para outras áreas de pastagens menos produtivas, que não serão utilizadas 
na agricultura. 
Nas avaliações de sistemas realizadas em 2005 na UFPR, os cordeiros desmamados 
foram suplementados com níveis crescentes de ração concentrada (0 a 3,2% do peso corporal 
ao dia; 20% PB), com consumo individual entre 200 a 880 g/d de ração, fornecida diariamente 
em cochos localizados na pastagem de azevém anual. Os resultados indicaram claramente a 
boa oportunidade no fornecimento de dieta de qualidade aos cordeiros, mostrando elevação do 
ganho de peso diário (50g/d a 250g PV/d) à medida que se aumentava a oferta de ração (sem 
suplemento ad libitum, correspondente a 3,2% MS/kg PV em concentrado). 
Em estudo realizado em pastagens tropicais (Panicum maximum cv. Aruana IZ 5) no 
Rio Grande do Sul, com o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação concentrada e o 
comportamento ingestivo de cordeiros, Fajardo et al. (2015) observou melhoria no 
desempenho dos cordeiros, quando a suplementação pós-desmame alcançou 2,5% do peso 
corporal dos cordeiros ao dia, confirmando potencial aumento de produtividade animal, aqui 
já relatadas em pastagem de inverno. Os autores relataram o impacto negativo do uso da 
suplementação concentrada sobre a estrutura do pasto. A suplementação durante o período de 
verão-outono favoreceu o crescimento do pasto em altura e alterações fenológicas, como a 
floração da pastagem. A mudança na estrutura da pastagem é provável consequência da 
substituição da forragem pelo concentrado, e não favoreceu o consumo de forragem pelos 
cordeiros. 
Nos Campos Gerais do Estado do Paraná e em algumas regiões do Sudeste brasileiro, 
em função da perda de cordeiros a campo por parasitoses, outra estratégia para aumentar o 
número de cordeiros ao desmame é mantê-los sem nenhum acesso ao pasto, liberando-se as 
ovelhas à pastagem durante o dia. Esse modelo é denominado amamentação ou mamada 
controlada ou interrompida, e é adotado por produtores de bovinos, também visando o retorno 
ao cio das vacas. Na intenção de avaliar essa estratégia do ponto de vista da produção dos 
cordeiros, foram comparados: (1) cordeiros desmamados e terminados em pastagem de 
azevém com suplementação concentrada a 2% do PV/dia, (2) cordeiros desmamados e 
terminados em confinamento total; e (3) amamentação interrompida para os cordeiros 
___________________________________________________________________________ 
 
20 
 
mantidos em confinamento; ou seja, as ovelhas saíam ao pasto durante o dia e retornavam à 
noite ao aprisco junto aos cordeiros. 
Destaca-se que cordeiros que foram mantidos em confinamento com amamentação 
interrompida tiveram melhor desempenho (Tabela 2) que os desmamados confinados. Isso 
novamente mostrou que a ovelha, sob boa nutrição, influenciou positivamente o desempenho 
dos cordeiros no confinamento, mesmo sob a condição de amamentação interrompida. 
Portanto, essa estratégia é possível de ser considerada na ovinocultura para o Sul do Brasil, 
pela sua eficiência na terminação de cordeiros confinados. 
 
Tabela 2 - Desempenho individual nos sistemas de produção de cordeiros abatidos com 36 kg 
de PV em pastagem e confinamento avaliados no LAPOC/UFPR entre Set/2006 e Jan/2007 
Variáveis 
Sistemas 
Pastagem + 
suplementação 
concentrada 2% 
Confinamento + 
desmame 
Confinamento + 
amamentação 
interrompida 
GMD (g/animal/dia) 224 c 386 b 481 a 
Idade de Abate (dias) 116 92 78 
Letras minúsculas nas linhas diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). Fonte: adaptado de Fernandes et al., 2014. 
 
Pelo fato da presença da mãe demonstrar efeito tão marcante nos resultados de 
sobrevivência e terminação dos cordeiros, foram estudados mais alguns modelos sem 
desmame, com a inclusão de creep grazing. O creep grazing é a alimentação privativa aos 
animais jovens, onde estes têm acesso a alimentação composta de forragem de qualidade 
superior (leguminosa) a pastagem principal. Neste sistema as mães têm acesso apenas a 
pastagem principal. 
Foram estudados os sistemas alimentares: (1) os cordeiros terminados ao pé da mãe 
sem acesso a suplementação privativa; (2) cordeiros terminados ao pé da mãe com 
suplementação concentrada a 2% do peso vivo (PV)/dia em creep feeding; (3) cordeiros 
terminados ao pé da mãe com acesso livre à forragem suplementar em creep grazing. O 
experimento foi em pastagem de Tifton-85 sobressemeada com azevém. A leguminosa trevo 
branco (Trifolium repens) foi utilizada como forrageira suplementar em creep grazing. 
As estratégias de creep feeding e creep grazing proporcionaram desempenho 
individual bastante satisfatório aos cordeiros, próximo aos 300 g PV/dia (Tabela 3). É 
___________________________________________________________________________ 
 
21 
 
importante destacar que o trevo exerceu papel nutricional semelhante ao suplemento com 
ração concentrada em creep feeding, modelo mais conhecido dos produtores brasileiros. Além 
disso, os cordeiros que tinham acesso ao creep grazing apresentaram baixa parasitose. 
 
Tabela 3 - Ganho médio diário (GMD) e produtividade nos sistemas de produção de cordeiros 
abatidos com 32-34 kg de PV sem e com suplementação em creep feeding e creep grazing, 
avaliados no LAPOC/UFPR em 2007 
Pastagem Variáveis 
Sistemas 
Sem 
suplementação 
Creep feeding Creep grazing 
Azevém + 
Tifton-85 
GMD 
(kg/animal/dia) 
0,204 b 0,308 a 0,274 a 
Idade de Abate 
(dias) 
95 81 89 
Produtividade 
(kg de PV/ha/dia) 
1,8 2,4 2,4 
Letras minúsculas nas linhas diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). Fonte: adaptado de Ribeiro et al. (2008) e 
Silva et al. (2014). 
 
Quanto às parasitoses, Salgado (2011) avaliou a infecção parasitária de cordeiros em 
sete modelos produtivos e verificou que os cordeiros desmamados e confinados e os em 
amamentação controlada não diferiram (p>0,05) em contagem de ovos por grama de fezes 
(OPG). Na pastagem, cordeiros desmamados, que não foram suplementados, apresentaram os 
maiores (p<0,05) valores de OPG e a pior condição corporal, o que ocasionou alto índice de 
animais com anemia, e perda de escala e eficiência. Os cordeiros terminados ao pé das mães e 
não suplementados apresentaram resultados semelhantes (P>0,05) aos cordeiros desmamados 
e suplementados quanto aos parâmetrosde infecção parasitária (OPG, escore de condição 
corporal, grau FAMACHA). 
De fato, um dos grandes problemas enfrentados na produção de cordeiros a pasto é a 
parasitose gastrintestinal. Tontini et al. (2015) publicou recentemente um estudo mostrando 
que em pastagem de verão utilizadas por ovinos em ambientes com umidade e calor, como 
ocorre em grande parte do Brasil, encontram-se larvas infectantes L3 de Haemonchus 
dispersas desde a ponta da folha até a base do pasto. Esse estudo esclarece que a adequação 
do manejo da pastagem, aumentando a sua altura, não consegue muitas vezes limitar o 
___________________________________________________________________________ 
 
22 
 
consumo de larvas infectantes pelos animais. Esse resultado contrapõe ao que é encontrado na 
literatura em ambientes mais frios, onde grande parte das larvas infectantes mantém-se na 
base da pastagem e o manejo da altura pode ter um efeito significativo no controle da 
verminose. 
Além dos ajustes que visam obter melhoria na produtividade, há que se observar 
também as adequações necessárias para se alcançar produto final carne de qualidade. Muitas 
vezes, os produtores poderão perder oportunidades comerciais por não apresentarem ao 
mercado o produto que o mesmo almeja. Os principais aspectos considerados para alcançar a 
qualidade do produto carne de cordeiro são: peso mínimo de abate, rendimento das carcaças e 
características de terminação dos animais, tais como a cobertura de gordura, eventualmente 
mensurada pelo escore de condição corporal, e a idade do animal. 
Na Tabela 4, pode-se observar a idade e o padrão de terminação dos cordeiros em 
vários sistemas produtivos. 
Verifica-se que as carcaças diferiram muito pouco entre os vários sistemas, exceto 
quanto ao primeiro (desmame+pasto) que diferiu significativamente (P<0,05) dos demais. 
Essa é uma indicação de que a nutrição adequada dos cordeiros nessa fase de crescimento é o 
ponto principal para o resultado produtivo. 
Em experimento realizado em Londrina, entre 2011 e 2012 (HENTZ, 2015), com 
cordeiros produzidos em pasto em dois sistemas (cordeiros lactentes e cordeiros desmamados 
com suplementação concentrada), o grau de acabamento das carcaças variou entre 2,90 para o 
primeiro sistema sem o desmame e 2,54 para o segundo sistema com desmame e 
suplementação, considerando a escala de notas de 1 a 5, para animais com 15,08 e 14,66 kg de 
carcaça resfriada, respectivamente (peso vivo médio final de 32 kg). Considerando a entrega 
comercial de cordeiros com peso vivo próximo de 40 kg esses valores de acabamento deverão 
se elevar; no entanto, observa-se que a rápida terminação dos cordeiros dentro do ciclo de 
produção da pastagem é fortemente dependente da oferta de pasto às mães nessa fase, 
especialmente considerando o sistema sem o desmame, para que seja possível finalizar o ciclo 
produtivo com boa terminação das carcaças. 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________________ 
 
23 
 
Tabela 4 - Idade ao abate e padrão de terminação de cordeiros Suffolk em vários sistemas de 
produção avaliados no LAPOC/UFPR em seis anos (entre 2003-2009) 
 Desmam
e 
+pasto 
Sem 
desmame+pas
to 
Creep 
feeding+pas
to de 
inverno 
Creep 
feeding+pas
to de verão 
Creep 
grazin
g 
Desmame 
+confinamen
to 
Idade ao 
abate 
(dias) 
131 101 81 105 89 94 
Rendiment
o de 
carcaça 
(%) 
40* 45 47,2 46 48,6 48 
Escore de 
condição 
corporal 
(1-5) 
2,1* 3,2 3,0 2,5 2,6 3,3 
Cobertura 
de gordura 
(1-5) 
1,1* 2,6 2,8 2,9 2,9 3,2 
*Valores significativamente inferiores aos dos demais sistemas (P<0,05). 
 
Dois sistemas de terminação foram implantados em duas propriedades comerciais 
associadas à CooperCapanna (Região Norte) e a Cooperativa Castrolanda (Região Centro-
Oriental), a fim de validar os resultados de pesquisa obtidos no LAPOC/UFPR nos últimos 10 
anos (HENTZ, 2015). 
No primeiro experimento foram avaliados dois sistemas de terminação de cordeiros 
em pastagem de Aruana (Panicum maximum cv. Aruana) durante o verão no município de 
Londrina, região Norte. O segundo experimento com delineamento experimental semelhante 
foi realizado durante a estação Inverno/primaveril em pastagem de azevém (Lolium 
multiflorum Lam.) sobressemeada em Tifton-85 (Cynodon spp.), no município de Reserva, 
região Centro-Oriental do Paraná. Os sistemas avaliados foram: cordeiros desmamados 
precocemente aos 60 dias e suplementados com concentrado a 2% do peso corporal (PC) em 
MS/dia, e cordeiros mantidos sem desmame e sem suplementação até o abate. Os sistemas 
___________________________________________________________________________ 
 
24 
 
produziram alterações sobre os componentes macroestruturais da pastagem. Massa de 
forragem e altura da pastagem foram superiores quando os animais foram desmamados. Os 
componentes morfológicos da pastagem foram influenciados de maneira distinta. No ensaio 
conduzido no inverno-primavera, em pasto de azevém+Tifton-85, maior ocorrência de 
inflorescências foram verificadas quando os cordeiros foram desmamados e suplementados, 
com maior heterogeneidade, conforme relatado por Fajardo et al. (2015). O perfil da pastagem 
mostrou-se mais homogêneo e indicou melhor aproveitamento da massa de forragem 
disponível quando não houve desmame, resultado que evidencia a importância da ovelha no 
controle da estrutura da pastagem, especialmente no caso da pastagem de Aruana, com 
elevadas taxas de crescimento no verão. 
A condição sanitária dos animais apresentou comportamento semelhante para ambas 
as Regiões, sendo verificada maior infecção parasitária para os cordeiros que foram 
desmamados. 
As variáveis desempenho e produtividade animal apresentaram comportamentos 
distintos nas diferentes regiões. Em Aruana, a terminação dos cordeiros sem desmame e sem 
suplementação favoreceu o desempenho individual, refletido pelo maior ganho médio diário e 
peso corporal final (PCF) ao abate. Entretanto, o sistema de produção de cordeiros com 
desmame e suplementação permitiu a alocação de maior carga animal. Desta forma, quando 
analisada a produtividade animal por área, os mesmos não diferiram. No ensaio de inverno-
primavera, carga animal e taxa de lotação não variaram em função da estratégia de 
terminação. O desmame + suplementação favoreceram o ganho individual e resultaram em 
maior PCF ao abate e melhor grau de acabamento verificado pelo escore de condição 
corporal. 
A terminação com desmame precoce e suplementação foi considerada adequada ao 
sistema de parição acelerado que a fazenda comercial na região Centro-Oriental adota, e pode 
ser recomendado para condições de exploração semelhantes. Para a região Norte, em 
pastagem de Aruana, os resultados obtidos vão de encontro ao sistema de exploração já 
praticado na propriedade, e que resulta em um parto ao ano. Neste caso, as matrizes tem 
tempo para terminar seus cordeiros e recuperar escore de condição corporal para o próximo 
ciclo reprodutivo, não se justificando a suplementação dos cordeiros. 
Nos estudos de Barros (2008) e Barros et al. (2009), no Estado do Paraná, as maiores 
rentabilidades foram obtidas nos sistemas nos quais os cordeiros terminaram ao pé das mães e 
não foram suplementados, considerando módulo de 150 animais. Os cordeiros desmamados e 
___________________________________________________________________________ 
 
25 
 
terminados em confinamento, especialmente quando a dieta era à base de feno de alfafa e 
concentrado, e os cordeiros desmamados terminados em pasto resultaram em prejuízo para 
essa escala de produção. Isso indica que apenas os modelos produtivos que buscarem 
estratégias que efetivamente diminuam o custo ou que realmente elevem a eficiência e/ou a 
escala podem ser considerados sustentáveis para a ovinocultura da Região Sul. Vale ressaltar 
que os cálculos foram feitos considerandoa ovinocultura como a única atividade da fazenda, 
o que na prática, muitas vezes é diferente. Mas, de qualquer forma, serve como alerta. 
No caso da análise de resultado financeiro de sistemas de produção com terminação de 
cordeiros lactentes com 300 matrizes, o uso do creep grazing resultou em menores custos 
variáveis que o sistema com creep feeding. Isso mostra que os gastos com manejo de 
pastagem podem ser inferiores que os com alimentação concentrada. Apesar dos maiores 
dispêndios totais, o sistema em creep grazing demonstrou margem líquida superior ao sistema 
em creep feeding, contudo, considerando o retorno econômico e a taxa de retorno do 
patrimônio líquido foram inferiores, devido à maior necessidade de investimentos em área de 
pastagem e benfeitorias, especialmente quanto ao aspecto de depreciação e reparo de 
benfeitorias (STIVARI, 2012). 
Em todos os estudos relatados, concluiu-se que a alimentação e a mão de obra devem 
ser otimizadas dentro da produção, para que o uso dos recursos seja economicamente 
eficiente. 
Foi possível verificar claramente a necessidade do bom uso da pastagem e da garantia 
da oferta de alimento, desde a suplementação alimentar incluindo o uso do confinamento, nas 
situações em que o pasto não favorecer a etapa de terminação dos mesmos, para que se 
alcance resultado na criação de cordeiros para carne. As pesquisas indicaram que, tanto em 
produtividade animal quanto em rentabilidade, a viabilidade da criação é bastante dependente 
da alimentação. Ainda, a produção de cordeiros em pastagens deve estar atenta ao ciclo de 
produção das próprias forrageiras em cada região do Brasil. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Existem importantes avanços do conhecimento na direção do aprimoramento dos 
sistemas de produção de ovinos para carne para todo o Brasil. Vários estudos demonstram a 
notável resposta que os ovinos apresentam devido à variação do sistema de produção, 
principalmente relacionados com a qualidade da alimentação. Neles, também se verifica o 
papel fundamental da ovelha-mãe no crescimento do cordeiro. 
___________________________________________________________________________ 
 
26 
 
Um ponto chave para adequação dos sistemas de produção de ovinos é a necessidade 
do uso eficiente da mão-de-obra. Essa eficiência passa por um planejamento e determinação 
de objetivos claros dentro da propriedade. Dentro dessa realidade, acredita-se que somente 
irão sobreviver os produtores que forem eficientes. Uma ovinocultura de elevado custo de 
manutenção tem alto risco, pois o seu sucesso estará bastante vinculado ao preço pago ao 
produtor e ao preço dos insumos. Qualquer redução de consumo de carne e preço pode gerar 
prejuízos ao produtor e a cadeia produtiva. 
O produtor que irá manter-se na atividade é aquele que tem cuidado especial e controle 
dos animais. Nesse sentido, acredita-se que, no futuro, a tendência é a produção de ovinos 
para corte em médias e pequenas propriedades, com mão de obra familiar. Muitos destacam 
também a qualificação da mão de obra como ponto fundamental para o fortalecimento da 
atividade. Seria impossível sugerir a intensificação de cuidados com os animais sem esse 
aspecto atendido. 
A forte demanda da carne ovina é grande motivação para o crescimento; entretanto, 
somente sobreviverá, em longo prazo, quem for eficiente, ajustando a nutrição e a reprodução 
do rebanho nas várias fases. A intensificação da produção pode ser saída a médio e curto 
prazo. A longo prazo, porém, deve-se refletir que o elevado custo fixo da intensificação, 
principalmente em regiões onde a agricultura não tem destaque, estará muito vinculado às 
variações dos preços dos insumos e do valor pago ao produtor pela carne ovina. Vale observar 
também que a produção a pasto é cada vez mais valorizada no mercado mundial, e a sua 
demanda tende a aumentar. 
Um aspecto importantíssimo a ser ressaltado é a organização dos produtores em 
Cooperativas e Associações, fortes e bem estabelecidas. Apenas com a união de forças, poder-
se-á tentar vencer barreiras, tais como: a oferta de animais muito inferior à demanda (esse é 
visivelmente o caso do Estado do Paraná), a necessidade de equilibrar a oferta durante o ano, 
e mais, a total ausência de fiscalização aos abates clandestinos e a elevada carga tributária. 
Enfatiza-se também que os estudos sobre os impactos ambientais dos sistemas 
pecuários em pastagens são extremamente importantes, tais como o conhecimento das 
emissões reais de gases de efeito estufa e sobre os resíduos ambientais provenientes dos 
diferentes modelos produtivos de ovinos. 
O planejamento das propriedades, com determinação clara dos objetivos a serem 
atingidos e o monitoramento de todas as variáveis do sistema produtivo, além das questões 
___________________________________________________________________________ 
 
27 
 
organizacionais, políticas e ambientais, serão no futuro o determinante da solidificação da 
cadeia produtiva da ovinocultura no Sul do Brasil 
 
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___________________________________________________________________________ 
 
30 
 
3. COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS ADOTADOS NO 
BRASIL E NOVA ZELÂNDIA 
 
Cledson Augusto Garcia
1
 
 
INTRODUÇÃO 
A representatividade da produção ovina no Brasil no contexto mundial é limitada pela 
baixa eficiência dos índices zootécnicos, principalmente nos criatórios com consumo familiar, 
que ainda adotam técnicas primitivas, vendendo somente o excesso dos produtos. Atualmente 
qualquer que seja a atividade agropecuária deve-se ter procedimento empresarial voltado para 
a produtividade rural, pois o amadorismo ocasiona desestruturação em quaisquer segmentos 
da produção animal. 
Para reverter essa situação pecuária nacional, que ainda ocorre à ausência da liderança 
e profissionalização dos proprietários rurais, que devem trabalhar com inovações 
tecnológicas, traçando seus objetivos em qualquer que seja o seu empreendimento, inclusive 
reunir órgãos governamentais, cooperativas, associações, produtores, instituições de ensino e 
pesquisa, para fortificar a atividade agropecuária. 
Os principais países produtores de ovinos são a China, Austrália e Nova Zelândia e 
esses dois últimos atendem grande parte da demanda do mercado internacional, representando 
aproximadamente 92% da exportação mundial da carne ovina. O Brasil possui condições 
climáticas bem parecidas com estes países, portanto sendo a ovinocultura atividade 
promissora para os diferentes Estados do território nacional, possuindo raças com aptidões 
diversas, seja carne, lã, leite, peles e couro, tanto nas regiões Sul quanto no Nordeste, que 
possui os maiores rebanhos. 
O rebanho ovino vem aumentando consideravelmente no Brasil, nas diferentes regiões 
e estados nacionais, principalmente na região Nordeste (57%) e em segundo o Sul com 28% 
do total, porém o estado de São Paulo, além de ser considerado o maior centro consumidor, 
gradativamente vem aumentando seu rebanho. Com isso torna-se necessário o uso de 
pastagens cultivadas, que geralmente são mais exigentes em fertilidade, consequentemente 
mais produtivas e assim aumentando a lotação por área, pois no estado a terra possui alto 
valor comercial. 
 
1
Professor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade de Marília e Responsável Técnico pelos Projetos 
de Pesquisa da Cabanha UNIMAR. Zootecnista, Criador e Consultor em Ovinocultura. 
___________________________________________________________________________ 
 
31 
 
Existem várias raças de ovinos criadas no Brasil, sendo as mais difundidas a Suffolk, 
Hampshire Down, Texel, Ile de France e Dorper (lanadas e específicas para carne). A 
Corriedale e Romney Marsh seriam as de dupla aptidão (carne e lã), além das nacionais 
deslanadas, como a Santa Inês e a Morada Nova (carne e couro), segundo Bueno et al. (2007). 
Para criarmos as raças citadas anteriormente, devemos levar em consideração a 
fertilidade do solo e valor nutritivo do pasto, pois as exigências nutricionais das mesmas 
variam de acordo com a sua aptidão; as específicas para carne são mais exigentes, enquanto 
que as de duplo propósito têm média exigência nutricional. Outra opção para aqueles que têm 
solos de baixa fertilidade pode-se lançar mão da suplementação alimentar, tanto com ração 
concentrada quanto com sal mineral proteínado ou energético. 
A ovinocultura é mais uma alternativa no Setor Agropecuário para o produtor rural, 
pois nos últimos anos o mercado vem crescendo, principalmente no que diz respeito à 
produção de carne, pois o consumo deste produto tem aumentado consideravelmente em 
restaurantes, churrascarias, açougues e supermercados. 
Para contornar a falta de hábito de consumo, existe a necessidade de ofertar carne com 
boa qualidade. Além disso, é importante que a mesma esteja disponível para comercialização 
ao longo do ano, o que para o ovinocultor também seria um incentivo econômico, pois este 
teria melhor remuneração pelo seu produto (PINHEIRO et al., 2009; MACIEL et al., 2011). 
Para tanto, torna-se necessária à busca de novos sistemas de produção de cordeiros, que 
promovam ritmo de crescimento mais acelerado, conseqüentemente reduzindo a idade de 
abate e proporcionando retorno rápido de capital (SILVA SOBRINHO et al. 2005; POLI et al. 
2008). 
Os ovinos como espécie ruminante tem a vantagem que a maior parte do ano não 
necessita de alimentos concentrados, pois sua alimentação nas épocas das águas (primavera e 
verão), podendo ser exclusivamente gramínea e/ou consorciada com leguminosa, desde que as 
mesmas possuam bons níveis nutricionais, para atender sua exigência nutricional dos mesmos. 
Na época da seca (outono e inverno) devemos lançar mão de suplementação alimentar, tanto 
de volumosos (silagem, feno e/ou capineiras) quanto concentrados (energéticos e protéicos). 
A nutrição é de extrema importância, por isso o ovinocultor deve fazer um bom 
planejamento antes de iniciar à criação, pois muitos produtores que vão ingressar na atividade 
invertem a seqüência darealidade técnica, ou seja, primeiro compram os animais, em seguida 
preocupa-se com a alimentação. 
___________________________________________________________________________ 
 
32 
 
Sabemos que a maneira mais barata de se obter os produtos ou serviços dos 
ruminantes é permitir que o animal faça sua apreensão do alimento, ou seja, que ela 
permaneça em sistema de pastejo, preferencialmente o rotacionado, respeitando o período de 
descanso das gramíneas e/ou leguminosas, além da realização da análise química do solo, 
possibilitando adotar a adubação de reposição, permitindo o aumento da lotação de 
animais/hectare, consequentemente a produtividade. 
 
SISTEMAS DE PRODUÇÃO ADOTADOS NO BRASIL 
A produção animal é explorada principalmente com pastagem nativa, que são 
formadas principalmente por plantas adaptadas e distribuídas naturalmente; já as cultivadas 
são aquelas em que o homem contribui diretamente para sua formação, podendo ser 
exclusivas (somente uma espécie) ou consorciadas (duas ou mais espécies, podendo ser 
gramíneas e leguminosas). 
No Brasil, a maioria dos criadores adota o sistema extensivo de criação de ovinos, 
enquanto que os empreendimentos com melhor emprego de tecnologia realizam o 
confinamento após o desmame. A adoção de tecnologias vem sendo facilitada pelos trabalhos 
técnicos ligados às Universidades, Institutos de Pesquisa e Associações de criadores, 
contribuindo para a expansão e melhoria da qualidade dos produtos da espécie, buscando 
genótipos mais adequados, aliados ao bom manejo nutricional e profilático (POLI et al. 2008). 
O ideal é usar a técnica de pastejo rotacionado, pois este promove a diminuição da 
verminose dos ovinos, sendo que aproximadamente 80 a 90% dos vermes estão no pasto e 
somente 10 a 20% nos animais. Além disso, o pastejo rotacionado respeita o hábito de 
crescimento das gramíneas, deixando um período sem animais na área (período de descanso), 
consequentemente aumentando a produtividade da mesma e resultando em maior lotação 
animal por área. 
Entretanto, para algumas categorias de animais (cordeiros em terminação) e/ou estado 
fisiológico (ovelhas em final de gestação e lactação), muitas vezes temos que lançar mão da 
suplementação com alimentos concentrados ou até mesmo confinamento total, objetivando 
atender as exigências dos mesmos, que nem sempre o pasto oferece nutrientes suficientes. 
De maneira geral, no Brasil adotam-se três tipos de sistema de produção 
convencionais, com suas respectivas particularidades: 
a) Extensivo: É o sistema praticado com baixo nível tecnológico, com baixa lotação 
animal/ha (0,1 a 1 UA/ha, que representa de 0,5 a 5ovelhas/ha) e os animais permanece o ano 
___________________________________________________________________________ 
 
33 
 
todo em pastejo, muitas vezes sem nenhuma suplementação alimentar. Geralmente o mesmo é 
adotado em locais em que o valor da terra é baixo, principalmente em alguns e municípios na 
região do Nordeste, pois nesses locais ocorre baixa precipitação pluviométrica. A baixa 
lotação acontece em todo território nacional que praticam a atividade em pastagens 
degradadas, geralmente tendo baixa rentabilidade na atividade; 
b) Sistema semi extensivo: É o sistema que adota médio nível tecnológico, com 
intermediária lotação animal/ha (1 a 3 UA/ha, que representa de 5 a 15 ovelhas/ha), sendo que 
os animais permanecem boa parte do ano todo em pastejo, recebendo alguma suplementação 
em épocas críticas do ano, como também para alguns animais que necessitam de maior aporte 
nutricional em função do estado fisiológico que o mesmo se encontra ou tenham maior 
exigência nutricional, em função da raça. Nesse sistema já possui maior produtividade e 
rentabilidade, pois boas práticas de manejo já são adotadas; e 
c) Sistema intensivo: É o sistema que adota melhor nível tecnológico, com maior lotação 
animal/ha (3 a 6 UA/ha, que representa de 15 a 30 ovelhas/ha) e os animais permanece boa 
parte do ano em pastejo rotacionado, às vezes nesse sistema trabalha-se com pasto irrigado, 
inclusive usando as gramíneas de inverno, porém essa técnica ainda não é comumente adotada 
no Brasil, devido ao elevado custo com a implantação dos equipamentos. Entretanto, nesse 
sistema em algumas épocas do ano torna-se necessário a suplementação dos ovinos, 
objetivando atender a exigência nutricional dos animais. Vale destacar que existe também o 
sistema intensivo de produção de animais que ficam o ano todo em baias, considerado sistema 
de confinamento, recebendo dieta total no cocho, geralmente esse sistema é praticado em 
regiões que a terra tem alto valor comercial, principalmente pelo fato das propriedades 
possuírem menor área. Nesse sistema tem boa produtividade e rentabilidade, entretanto tem 
um custo superior em função das tecnologias adotadas. 
 
INTENSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE 
Para que ocorra a intensificação de produção, torna-se necessário adotar alternativas 
ao sistema convencional, fazendo com que os cordeiros tenham o máximo de ganho de peso 
em menor tempo possível. Neste contexto apresenta-se como opção a suplementação 
exclusiva para os lactentes, desde os primeiros dias de vida, comumente conhecida por creep 
feeding (comedouro privativo). Esta prática consiste em fornecer alimentação suplementar 
somente para os cordeiros em aleitamento, em área inacessível às ovelhas. Este sistema ainda 
___________________________________________________________________________ 
 
34 
 
é pouco adotado a nível nacional, que tem como principal objetivo alcançar melhores índices 
zootécnicos, principalmente à redução na idade de abate dos cordeiros. 
O pico de produção de leite da ovelha varia de 30 a 40 dias (Figura 1), dependendo da 
raça, pois as específicas para leite têm maior persistência de lactação, desta maneira tendo o 
pico mais tardio, ocorrendo o inverso com as menos especializadas. Pelo fato dessa situação 
fisiológica da ovelha, a partir desse momento, o cordeiro aumenta drasticamente o consumo 
de alimentos sólidos, pois o leite já não é mais suficiente para atender sua exigência 
nutricional, fase denominada transição da dieta líquida para a sólida (SILVA et al. 2010). 
Por esse motivo, o comedouro privativo, local inacessível às ovelhas em que os 
cordeiros conseguem passar por esse espaço previamente determinado; no mesmo possibilita 
o fornecimento de ração concentrada, com teor de proteína variando de 18 a 22 % PB. Esta 
técnica possibilita um incremento no ganho de peso, pois nessa fase o cordeiro tem elevado 
ritmo de crescimento, devido à deposição dos tecidos ósseos, muscular e também adiposo 
(REIS et al., 2001). 
 
Figura 1 - Curva média de lactação das ovelhas Suffolk 
 
Fonte: Garcia et al., 2003. 
 
Geralmente, o leite e o pasto não atendem às exigências nutricionais dos cordeiros 
nesta fase, principalmente quando a raça de carne criada for importada de países de clima 
temperado, sendo que a maioria delas é considerada poliéstrica estacional, com as parições 
ocorrendo principalmente no inverno e nesta época possui baixa disponibilidade de forragem, 
consequentemente tanto a ovelha quanto o cordeiro não estarão bem nutridos. 
Por esse motivo devemos trabalhar com a intensificação de produção, pois nesse 
período as ovelhas aumentam drasticamente suas exigências nutricionais, devido à produção 
de leite, conseqüentemente torna-se necessário à suplementação das mesmas. A contribuição 
0
500
1000
1500
2000
2500
1 2 3 4 5 6 7 8
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Semanas de lactação 
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35 
 
do leite no ganho de peso do cordeiro é fundamental até o pico de lactação das ovelhas, 
inclusive o mesmo possui bom valor nutricional e alta digestibilidade (GARCIA et al. 2003; 
SILVA et al. 2002). 
Na Universidade de Marília foram realizados vários trabalhoscom cordeiros 
alimentados e terminados em creep feeding, sendo resultados interessantes quando se fala em 
intensificação da ovinocultura nacional. 
No primeiro ano (1997) foram testados diferentes níveis de feno de alfafa (0, 15 e 
30%) na dieta de cordeiros alimentados em creep feeding, além do milho e do farelo de soja, 
como parte do concentrado. Neste primeiro estudo, o objetivo inicial era confinar os animais 
logo após o desmame, que foi realizado aos 56 dias. Entretanto, os resultados foram 
surpreendentes, pois os cordeiros permaneceram em média apenas 22 dias no confinamento 
após o desmame, para atingir o peso médio final de 31 kg. Além disso, neste mesmo ano, 
havia outro grupo de cordeiros, que não recebeu nenhuma suplementação concentrada 
(testemunha), porém foram desmamados aos 70 dias, apresentando ganho médio nesta fase de 
224 g/dia. Entretanto, após o desmame estes permaneceram em pastejo, apresentando um 
ganho médio de 138 g/dia, atingindo o peso vivo ao abate de 29,8 kg, o peso e o rendimento 
da carcaça fria de 12,27 kg e 41,17%, respectivamente, com a idade total de 132 dias (NERES 
et al. 2001). 
No segundo ano de pesquisa (1998) foram avaliados diferentes pesos de abate (26 e 28 
kg) e diferentes formas físicas das rações (farelada e peletizada) no mesmo sistema. Devido 
ao excelente resultado obtido no ano anterior, e ao tempo reduzido de permanência dos 
cordeiros no confinamento para atingirem o peso de abate, neste segundo ano estabeleceu-se a 
hipótese dos animais serem abatidos no momento do desmame, alcançando o peso no próprio 
creep feeding, sem a fase de recria e engorda, e também foram alcançados resultados 
satisfatórios tanto na idade de abate (62 dias) quanto no padrão das carcaças (NERES et al. 
2001). 
No ano de 1999, o estudo objetivou verificar diferentes níveis de energia (2,6; 2,8 e 
3,0 Mcal EM/kg MS) para cordeiros criados em comedouro privativo, avaliando o 
desempenho e características de carcaça dos cordeiros abatidos com 31 kg de peso vivo. Os 
resultados revelaram diferença significativa (P<0,05), para o ganho médio diário, com melhor 
desempenho para os cordeiros que receberam a ração com 3,0 Mcal EM/kg MS; para as 
demais características não houve efeito (P>0,05) entre os tratamentos. Os pesquisadores 
concluíram que o nível 3,0 Mcal EM foi o mais indicado para a ração de cordeiros Suffolk 
___________________________________________________________________________ 
 
36 
 
alimentados e terminados em creep feeding, com carcaças e carne de boa qualidade (GARCIA 
et al. 2003). 
No ano 2000, o trabalho objetivou estudar os efeitos dos níveis de substituição do 
milho grão seco moído pela silagem de grãos úmidos de milho (0; 50 e 100%) na ração de 
cordeiros alimentados em creep feeding, sobre o desempenho, nos pesos e rendimentos das 
carcaças. Os resultados revelaram que não houve efeito dos diferentes níveis de substituição 
para animais abatidos aos 28 kg de peso vivo, para nenhuma das variáveis analisadas. A 
opção pelo uso da silagem de grãos úmidos de milho ou de grãos de milho secos como 
componentes energéticos da dieta deve ser determinada pela análise de custos comparativos 
dos alimentos (ALMEIDA JÚNIOR et al. 2004). 
Na Tabela 1 encontram-se os resultados do peso médio ao nascer, ganho médio diário, 
peso vivo ao abate, pesos e rendimentos da carcaça fria e idade média de abate dos diferentes 
anos de pesquisa (1997, 1998, 1999 e 2000). 
 
Tabela 1 - Resultados médios obtidos nos diferentes anos de pesquisa no Setor de 
Ovinocultura da Universidade de Marília, com a raça Suffolk 
Características avaliadas 1997 1998 1999 2000 
Peso ao nascer (kg) 3,8 4,7 5,5 4,9 
Ganho médio diário (g/dia) 371 381 404 382 
Peso vivo ao abate (kg) * 31,5 25,6 28,6 26,3 
Peso da carcaça fria (kg) 15,6 13,0 14,6 13,0 
RCF (%) 49,6 51,0 51,2 49,3 
Idade abate (dias) 78 62 63 62 
*Peso vivo ao abate foi registrado no dia de abate, após os cordeiros permanecerem por um período de jejum 
alimentar de 15 horas, recebendo somente dieta hídrica; **RCF: rendimento de carcaça fria. Ano de 1997: níveis 
de feno de alfafa (0, 15 e 30%); 1998: diferentes pesos de abate (26 e 28 kg) e diferentes formas físicas das 
rações (farelada e peletizada); 1999: níveis de energia (2,6; 2,8 e 3,0 Mcal EM/kg MS); 2000: níveis de 
substituição do milho grão seco moído pela silagem de grãos úmidos de milho na ração (0, 50 e 100%). 
 
No ano de 2001, os pesquisadores avaliaram níveis de semente de girassol (0; 6,6; 13,2 
e 19,80%) na ração de cordeiros Suffolk criados em creep feeding, avaliando o desempenho, 
características de carcaça e idade de abate dos mesmos. Os diferentes níveis não 
influenciaram nos parâmetros estudados, no entanto os cordeiros de todos os grupos atingiram 
o peso de abate ainda no desmame (MACEDO et al. 2008a). Na mesma pesquisa os autores 
analisaram a composição tecidual e química dos lombos dos cordeiros alimentados com os 
___________________________________________________________________________ 
 
37 
 
diferentes níveis de semente de girassol e as dietas alteraram o perfil dos ácidos graxos do 
músculo Longissimus dorsi, ocasionando diminuição do ácido graxo saturado palmítico e 
aumento da insaturação da carne pelos ácidos graxos oléico e linoleico, contribuindo para a 
melhoria da carne para o consumo humano (MACEDO et al. 2008b). 
Em 2002, o grupo de pesquisa testou os níveis de proteína bruta (15, 20 e 25%) na 
ração de cordeiros inteiros Suffolk alimentados e terminados em creep feeding, sendo 
avaliados os seus desempenhos, pesos e rendimentos das carcaças quente e fria, além da idade 
de abate. Os resultados demonstraram que houve efeito (p<0,05) dos diferentes níveis de 
proteína somente para o ganho médio diário de peso dos animais, que foi de 374; 362 e 407 
g/dia, respectivamente. A ração com o nível de 25% de PB demonstrou melhores resultados, 
porém não interferindo nas características das carcaças, contudo os cordeiros de todos os 
grupos atingiram o peso de abate no momento do desmame (ORTIZ et al. 2005). 
No ano de 2003, Garcia et al. (2004) estudaram os níveis crescentes de resíduo de soja 
em substituição ao farelo de soja (0, 30 e 60%) na ração de cordeiros alimentados em 
comedouros privativos, avaliando o desempenho, os rendimentos de carcaça e suas idades de 
abate. Os resultados revelaram que o nível de 0% de resíduo de soja em substituição ao farelo 
de soja apresentou o melhor resultado para ganho médio diário (P<0,05). Desta maneira, não 
se recomenda o resíduo de soja em substituição ao farelo de soja na ração de cordeiros 
alimentados em creep feeding, porém tais níveis não influenciaram nas características de 
carcaça. 
Também em 2003 (ORTIZ et al. 2011) testaram diferentes níveis de suplementação 
restrita (0, 300 e 600 g de ração/dia) para cordeiras criadas em comedouro privativo, com 
ração contendo 25% PB e 3,3 Mcal EM/kg/MS. Os resultados indicaram que as cordeiras 
alimentadas em creep feeding tiveram maior ganho de peso médio diário (P<0,05) até o 
desmame (60 dias), sendo de 276, 340 e 368 g/dia; respectivamente. Para o ganho médio 
diário até aos 30 dias não ocorreram diferenças significativas (P>0,05), pois nesta fase inicial 
o leite teve maior contribuição para o atendimento das exigências nutricionais das cordeiras. 
Os pesquisadores concluíram que é vantajoso o fornecimento de ração no creep feeding para 
cordeiras lactentes, contribuindo para o maior ganho médio diário e consequentemente 
apresentaram maior peso ao desmame. 
Em 2004 o grupo de pesquisa testou os níveis de proteína bruta no suplemento mineral 
sobre o desempenho e características da carcaça de cordeiros Suffolk criados em comedouro 
privativo, permanecendo nesta fase até os 70 dias. Os animais que não atingiram o peso de 28 
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38 
 
kg para as

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