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Licenciatura em Química Vitamina D A importância e as consequências na saúde dos idosos. Ana Laura Oliveira de Melo Abdalla RA:1770492 Polo de São Joaquim da Barra 2021 Vitamina D A importância e as consequências na saúde dos idosos. Trabalho de conclusão de curso em Licenciatura de Química no formato Educação a Distancia do pólo São Joaquim da Barra. Polo de São Joaquim da Barra 2021 Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a). Universidade Paulista, São Joaquim da Barra, 2021. da falta da vitamina D e o excesso. I. Martins Boto, Sabrina RESUMO A vitamina D é produzida no nosso organismo a partir da exposição ao sol, da alimentação adequada e da ingestão de suplemento vitamínico. Do contrário, temos deficiência da substância. Isso pode estar associado a doenças e ao comprome timento da saúde, especialmente dos idosos. Por isso, é muito comum que médicos receitam algum tipo de suplementação às pessoas idosas após passarem por uma série de exames laboratoriais e de imagem por estarem com índices muito baixos de vitamina D no organismo. Certamente essa deficiência não é algo grave, contudo precisa ser tratado para não acarretar outros problemas. O maior deles, portanto, é o comprometimento dos ossos que leva ao risco de quedas e à perda de equilíbrio. Logo, uma fratura pode deixar o idoso imobilizado. Sendo assim, ele perde a independên cia e pode desenvolver outras doenças por ficar muito tempo acamado. Para impedir esse efeito dominó cuide da reserva dessa vitamina no organismo da pessoa idosa, esti mulando-a a tomar sol e se alimentando com produtos alímentícios ricos em vitamina D. ABSTRACT Vitamin D is produced in our body from exposure to the sun, adequate food and intake of vitamin supplement. Otherwise, we are deficient in the substance. This can be associated with illnesses and health impairment, especially in the elderly. Therefore, it is very common for doctors to prescribe some type of supplementation to elderly people after undergoing a series of laboratory and imaging tests because they have very low levels of vitamin D in the body. Certainly this deficiency is not something serious, however it needs to be treated so as not to cause other problems. The biggest one, therefore, is the compromise of the bones that leads to the risk of falls and loss of balance. Therefore, a fracture can leave the elderly person immobilized. Therefore, he loses his independence and can develop other diseases from being bedridden for a long time. To prevent this domino effect, take care of the reserve of this vitamin in the elderly person's body, encouraging them to sunbathe and eating food products rich in vitamin D. SUMÁRIO Vitamina D ............................................................................................................................. 2 RESULTADOS ......................................................................................................................... 6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 8 1-ASPECTOS FISIOLÓGICOS E FONTES DE VITAMINA D ........................................................ 8 HIPOVITAMINOSE D ............................................................................................................ 10 PREVALÊNCIA DA VITAMINA D ........................................................................................... 11 METODOLOGIA ................................................................................................................... 13 17 17 17 17 18 18 18 18 INTRODUÇÃO O tema principal em torno do qual se centra o presente estudo é a vitamina D nos idosos e foi resultado da elaboração de uma revisão de literatura de diversos artigos publicados onde se evidencie a relevância da deficiência de vitamina D nos idosos. Muitos estudos sugerem que a deficiência de vitamina D é um problema de saúde significativo e é um problema de saúde global. Assim, este problema parece ser comum em indivíduos saudáveis em todas as faixas etárias e é ainda mais prevalente em certos grupos de risco, como pessoas idosas,doentes institucionalizadas e internados. Nas últimas décadas, a população com mais de 65 anos tem vindo a aumentar, como consequência do aumento da esperança média de vida, relacionado com o desenvolvimento técnico-científico e com a melhoria das condições de vida das populações. Torna-se assim indispensável equacionar quais as consequências da carência desta vitamina para este grupo etário,que com o avanço dos anos vai ter que enfrentar inúmeras situações de saúde mais frageis. A vitamina D insere-se no grupo das vitaminas lipossolúveis e é um fator determinante para o funcionamento ideal de muitos órgãos e tecidos, sendo há muito conhecida a sua importância para a saúde do osso e bom funcionamento do metabolismo fosfocálcio Mais recentemente, tem-se observado que a vitamina D tem também efeitos relevantes no cérebro, próstata, mama, cólon, coração, células do sistema imunitário, pâncreas e sistema vascular. A obtenção de vitamina D realiza-se através de dois processos, a dieta e a síntese na pele sob a ação da luz solar. Existe uma elevada prevalência de deficiência de vitamina D na população idosa, como consequência de vários fatores relacionados com o avançar da idade entre as quais se podem destacar as carências alimentares e a fraca exposição solar porque os idosos, por motivos físicos ou sociais, saem cada vez menos de casa. A deficiência dessa vitamina consequentemente leva à progressão de diversas doenças, entre as quais se destacam a osteoporose, doenças cardiovasculares, diabetes, cancro, doenças autoimunes e infeções. Para a elaboração do presente trabalho de revisão foram consultados e analisados vários estudos publicados em artigos científicos e diversos artigos de revisão pesquisados na base de dados Pubmed. Para a referida pesquisa foram utilizados os seguintes termos Mesh "Vitamin D Deficiency", "Aged" e “Aging”. A pesquisa foi delimitada a artigos publicados nos últimos anos e escritos em inglês ou português. RESULTADOS A deficiência de vitamina D é de fato um problema global, particularmente prevalente e preocupante na população idosa, uma população em crescimento nos tempos atuais, principalmente nos países desenvolvidos. A vitamina D tem múltiplas ações em diversos órgãos e tecidos, o que justifica o seu papel na fisiopatologia de várias patologias. Destaca-se o seu papel na regulação do metabolismo fosfocálcio determinante no desenvolvimento de osteoporose e osteomalácia, a inibição da renina e proteção contra a aterosclerose que diminuem o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, os seus efeitos antiproliferativos já observados em diversos tipos de cancro, os seus efeitos imunomoduladores que diminuem o risco de infeções e o seu efeito na prevenção da neurodegeneração. Adicionalmente, parece também ter um papel importante no desenvolvimento do síndrome da fragilidade, situação muito frequente nos idosos e que predispõe ao desenvolvimento de outras doenças. Muitas das evidências que relacionam a vitamina D com essas patologias têm origem em estudos ecológicos ou retrospetivos, dos quais não se pode inferir uma relação causal. Esta impossibilidade deriva da hipótese que os indivíduos doentes saem menos de casa e têm pior alimentação e portanto a deficiência de vitamina D seria uma consequência da doença e não a sua causa. Também é difícil retirarconclusões claras acerca do efeito da suplementação com vitamina D, uma vez que muitos dos ensaios clínicos realizados usam suplementos de vitamina D associada a cálcio. Uma forma simples e barata de prevenir a deficiência de vitamina D é um aumento da exposição solar. No entanto, isto também acarreta alguns riscos, nomeadamente desenvolvimento de cancro da pele e também é complicado nos doentes institucionalizados ou nos idosos com dificuldades de mobilidade. A suplementação é uma alternativa eficaz e relativamente segura e que deve ser considerada nos idosos, nomeadamente para a prevenção de osteoporose, quedas e consequentemente fraturas, um problema grave nos idosos, e que pode ter graves consequência, com um aumento muito marcado da morbilidade, com tempos de imobilização prolongados, e mesmo da mortalidade. No futuro, a vitamina D poderá ser também utilizada para diminuir o risco de certas doenças, como cancro, DCV e infeções, e melhorar o seu prognóstico, nomeadamente no grupo etário dos idosos, uma população particularmente frágil e na qual estas doenças são muito prevalentes. Mais estudos, nomeadamente ensaios clínicos de grandes dimensões, serão necessários para melhor compreender os mecanismos de ação da vitamina D, o seu papel em inúmeras doenças e também quais as doses ideais de suplementação. Ainda assim, e tendo em conta grande suscetibilidade dos idosos ao desenvolvimento desta deficiência vitamínica e de outras patologias, estes devem ser rastreados para averiguar a presença de deficiência de vitamina D. Deve também considerar-se a suplementação desta população de modo a prevenir esta deficiência e as suas consequências. CONCLUSÃO: São muitas as fórmulas que surgem para perder peso, algumas muito duvidosas, outras mais plausíveis e com maior raridade aparecem aquelas que a ciência possa dar um respaldo, este é o caso da vitamina D, porém apesar de evidências de que ela ajude neste processo, ainda surgem dúvidas se a vitamina D engorda ou emagrece e é sobre isso que discutiremos neste artigo. Muitos estudos surgiram ao redor do mundo a respeito desta vitamina, que é reconhecida como um hormônio, pois ela regula algumas funções do organismo e sua produção acontece em maior quantidade através da pele pela exposição ao sol. Além de ser sintetizada pela exposição da pele ao sol, a vitamina D é encontrada em alguns alimentos e pode ser também suplementada quando está em nível baixo no organismo. Esta vitamina é fundamental para a absorção do cálcio e do fósforo, minerais que permitem a saúde dos ossos, ela também protege o sistema imune, reduz o risco de diabetes, e está relacionada segundo estudos a evitar alguns tipos de câncer. Como se não bastasse todas estas importantes funções, novas pesquisas sugerem que esta vitamina na quantidade adequada no organismo favorece o emagrecimento, assim como há outros estudos que relacionam sua falta com o ganho de alguns quilos. Em dados recentes a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Médica Laboratorial (SBPC/ML) estabeleceu novos valores de referência para a vitamina D, antes os valores eram considerados ideais quando se encontravam acima de 30ng/ml. Após a atualização o novo valor aceitável como normal é a partir de 20ng/ml, portanto indivíduos saudáveis que apresentarem em exames de sangue para vitamina D entre 20 e 30ng/ml não necessitarão suplementar. Há, no entanto, uma ressalva para alguns grupos vulneráveis que apresentarem estes valores, como gestantes, idosos, portadores de doenças autoimunes, crianças com raquitismo, pacientes com osteoporose ou osteomalácia e renais crônicos, pessoas com doenças inflamatórias como síndrome do intestino irritável e aqueles que se submeterão a cirurgia bariátrica. Para todos estes casos descritos o ideal é que os níveis de vitamina D esteja entre 30 e 60ng/ml. De acordo com as referências das UI, para atingir o nível de 20ng/ml, é necessário a quantidade de 1000 UI diariamente, porém é muito difícil para a maioria das pessoas conseguir alcançar esta quantidade de vitamina D com exposição ao sol ou através da alimentação e por este motivo pode surgir mais tarde a necessidade de suplementação. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1-ASPECTOS FISIOLÓGICOS E FONTES DE VITAMINA D A vitamina D é obtida através de três tipos de fontes: a partir da exposição solar, da dieta e da suplementação. A exposição solar assume-se como a principal fonte de obtenção de vitamina D (80-90%) (Fraser & Milan, 2013; Ostermeyer et al., 2006; Lichtenstein et al., 2013). Por outro lado a vitamina D obtida através da dieta representa apenas uma pequena parte das quantidades necessárias para satisfazer as necessidades do Ser Humano ( Lichtenstein et al., 2013; Holick, 2007; Alves et al., 2013). Como referenciado anteriormente, a exposição solar funciona como a principal forma de obtenção de vitamina D e seus derivados. A pele é capaz de produzir após exposição às radiações solares, mais precisamente às radiações ultravioletas do tipo B (UVB), cujos comprimentos de onda se situam na faixa de 290-315 nm, vitamina D sob a forma de vitamina D3 (Lichtenstein et al., 2013; Gilchrest, 2008; Jakobsen & Saxholt, 2009). Devido a este facto, a vitamina D é vulgarmente designada por vitamina do Sol (Lichtenstein et al., 2013).Apesar da situação anteriormente referenciada, atualmente existe alguma controvérsia sobre a exposição prolongada da pele aos raios UVB, uma vez que esta situação favorece um envelhecimento precoce da pele, e pode originar situações mais graves, nomeadamente cancro (Wolpowitz et al.; 2006, Reichrath, 2009; Gilchrest, 2008). De forma a evitar os casos que podem estar associadas à exposição solar excessiva, é comum o uso de protetores solares que, contudo, podem limitar a síntese de vitamina D (Lichtenstein et al., 2013; Alves et al., 2013; Rosen, 2011). Alguns estudos que descrevem que o uso de protetores solares de fator 30 diminui a síntese de vitamina D em mais de 95% (Lichtenstein et al., 2013; Alves et al., 2013; Rosen, 2011). Para compensar esta situação, recomenda-se uma exposição solar relativamente frequente (2 ou 3 vezes por semana) sem recurso a filtro solar durante um curto intervalo de tempo (10 a 15 minutos) (Lichtenstein et al., 2013; Alves et al., 2013; Rosen, 2011). Deve ainda ter-se em conta a cor da pele, dado que é um fator que influência a produção de vitamina D. Assim, indivíduos com pele mais escura necessitam de uma exposição mais prolongada (3-5 vezes maior) para produzirem a mesma quantidade de vitamina D que um indivíduo de pele clara (Lichtenstein et al., 2013; Rosen, 2011). Para além dos fatores anteriores, há outros que condicionam a síntese da vitamina D na pele, designadamente a latitude, a estação do ano, o vestuário, o estilo de vida, a poluição e as condições meteorológicas (Lichtenstein et al., 2013; Alves et al., 2013; Jakobsen & Saxholt, 2009). Quanto à latitude, existem estudos, que revelaram que em latitudes nórdicas, os níveis de vitamina D reduzem cerca de 20% desde o final do verão até meados do inverno. No entanto, 30 minutos de exposição solar durante o período do verão originam uma quantidade de vitamina D suficiente (Holick, 2007; Alves et al., 2013; Gilchrest, 2008). Os níveis de vitamina D variam ainda devido a fatores hormonais, genéticos e nutricionais (Lichtenstein et al., 2013; Holick, 2007; Rosen, 2011). Um exemplo são os obesos que apresentam valores séricos de vitamina D menores, revelando uma relação indireta entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e os valores séricos de vitamina D. Esta situação pode ser parcialmente justificada pela reduzida prática de atividade física e exposição solar (Holick, 2007; Rosen, 2011). A partir da dieta também se pode obter vitamina D. No entanto, as quantidades obtidas não conseguem suprimir as necessidades diárias do indivíduo. A maioria dos produtos naturais quepossuem vitamina D constituem uma fonte pobre desta substância, contribuindo com menos de 10% para a DDR de vitamina D (Holick, 2007). Como fontes naturais mais ricas em vitamina D3 destacam-se os óleos de fígado de peixe sendo o de bacalhau e de atum aqueles que possuem um maior conteúdo neste composto (Lichtenstein et al., 2013; Alves et al., 2013). Estes óleos, para além de possuírem um conteúdo relativamente significativo em vitamina D, possuem também um conteúdo relevante em vitamina A (Alves et al., 2013; Jenab et al., 2010). Para além destes alimentos, podem ser também encontradas quantidades satisfatórias de vitamina D3 em partes comestíveis de peixes que apresentam valores elevados de gordura (sardinha, cavala, atum,…), fígado de mamíferos, ovos e produtos lácteos (Pereira & Almeida, 2008; Lichtenstein et al., 2013). No caso dos produtos lácteos, e em particular do leite, este apresentam uma variação sazonal em vitamina D. Pensa-se que esta situação possa estar relacionada com a quantidade de luz solar que atinge a pele do animal, e que, permite que seja realizada a conversão da 7-dehidrocolesterol da pele do animal em colecalciferol. No caso da vitamina D2, as maiores fontes desta forma de vitamina D são os cogumelos que podem apresentar um teor entre 30 a 100 μg de vitamina D2 por 100 g de produto (Alves et al., 2013; Jenab et al., 2010). Atualmente há uma preocupação crescente com a ingestão de vitamina D, dado o reconhecimento de que a sua síntese através da exposição solar pode não ser suficiente para satisfazer as necessidades do organismo. Estas quantidades insuficientes de produção de vitamina D a partir da exposição solar, devem-se a diferente fatores já enumerados (tipo de vestiário, cor da pele, latitude, entre outros). Desta forma, pode ser necessário recorrer a fontes alimentares ou a outro tipo de fontes para satisfazer as necessidades de vitamina D (Calvo et al., 2004). No entanto, tal como já foi referido anteriormente, as fontes alimentares disponíveis possuem uma pequena quantidade de vitamina D. Por esta razão, em diversas situações, há necessidade de administração de suplementos de vitamina D ou a suplementação de alguns produtos mais consumidos com o objetivo do consumidor ingerir a dose diária recomendada (Calvo et al., 2004; Baynes & Dominiczak, 2011). As duas formas de vitamina D, após sua ingestão ou formação na pele, estão na forma inativa, e, para tornarem-se ativas, necessitam passar por dois processos de hidroxilação. O primeiro ocorre no fígado, e o segundo ocorre nos rins. É nesse último órgão que a forma ativa será realizada Funções da vitamina D no organismo A vitamina D apresenta papel importante no funcionamento adequado do nosso organismo. Sem dúvidas, uma das principais funções atribuídas a ela é o seu papel no metabolismo do cálcio e da formação óssea. Não obstante, a vitamina D está envolvida também em outros processos fisiológicos, sendo sua deficiência relacionada, por exemplo, com o desenvolvimento de diabetes melito tipo 1, alergia alimentar, neoplasias, entre outros. A vitamina D é também um importante modulador do nosso sistema imune. Fontes de vitamina D A vitamina D pode ser conseguida por meio da alimentação e da síntese cutânea. A alimentação representa apenas uma pequena parcela do total de vitamina D no nosso organismo, sendo grande parte dela sintetizada pela pele. Estima-se que, praticamente, 90% da vitamina D corpórea sejam adquiridos pela síntese cutânea. Sendo assim, devemos expor-nos ao Sol para garantir uma maior produção de vitamina D. Entretanto, é preciso cautela, evitando-se, por exemplo, a exposição nos horários entre 10 h e 16 h. A recomendação é a exposição ao Sol por, pelo menos, 20 minutos ao dia, no início da manhã ou no fim da tarde. No que diz respeito às fontes alimentares, podemos citar como alimentos ricos em vitamina D: o óleo de fígado de bacalhau, a sardinha, o salmão, o fígado de boi e a gema de ovo. É importante salientar que, apesar da dieta não ser a melhor forma de obter-se a vitamina D, ela tem uma grande importância para aquelas pessoas que vivem em climas temperados e para os idosos, por exemplo. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E RECOMENDAÇÕES: Em dados recentes a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Médica Laboratorial (SBPC/ML) estabeleceu novos valores de referência para a vitamina D, antes os valores eram considerados ideais quando se encontravam acima de 30ng/ml. Após a atualização o novo valor aceitável como normal é a partir de 20ng/ml, portanto indivíduos saudáveis que apresentarem em exames de sangue para vitamina D entre 20 e 30ng/ml não necessitarão suplementar. Há, no entanto, uma ressalva para alguns grupos vulneráveis que apresentarem estes valores, como gestantes, idosos, portadores de doenças autoimunes, crianças com raquitismo, pacientes com osteoporose ou osteomalácia e renais crônicos, pessoas com doenças inflamatórias como síndrome do intestino irritável e aqueles que se submeterão a cirurgia bariátrica. Para todos estes casos descritos o ideal é que os níveis de vitamina D esteja entre 30 e 60ng/ml. De acordo com as referências das UI, para atingir o nível de 20ng/ml, é necessário a quantidade de 1000 UI diariamente, porém é muito difícil para a maioria das pessoas conseguir alcançar esta quantidade de vitamina D com exposição ao sol ou através da alimentação e por este motivo pode surgir mais tarde a necessidade de suplementação. HIPOVITAMINOSE D A hipovitaminose ou avitaminose é o quadro em que as quantidades de vitaminas (de qualquer uma delas) está abaixo da quantidade ideal. Geralmente estas deficiências acontecem decorrentes da alimentação incompleta, mas também podem aparecer como consequência de outros problemas de saúde. Como as vitaminas podem ser estocadas e usadas de diferentes formas, em diferentes locais e diferentes taxas de reposição, seu consumo, afim de evitar hipovitaminose, precisa acontecer em frequências diferentes. Por exemplo, as vitaminas A, B12 e D podem ser estocadas em grandes quantidades e podem durar meses, no caso da A e D e até anos, no caso da B12. Por outro lado, outras vitaminas como a B3 e vitamina C são capazes de serem estocadas em pequenas quantidades e os estoques da vitamina B3 pode durar apenas poucas semanas, fazendo com que a necessidade de ingestão delas aconteça mais frequentemente. Quando o indivíduo não repõe a quantidade das vitaminas na frequência necessárias, algumas atividades celulares ficam prejudicadas, e assim alguns problemas no organismo fazem com que sintomas apareçam e que a permanência na condição hipovitamínica desencadeie doenças de diversas naturezas. Existem duas classificações para a origem das hipovitaminoses: a hipovitaminose primária e a secundária. Na primária é dito que o motivo da deficiência vitamínica se deu em decorrência da insuficiência de ingestão da mesma. Na secundária, esta deficiência se dá decorrente de outros problemas de saúde que diminuem a absorção, a utilização ou mesmo a função das vitaminas no organismo. Fatores que envolvem estilo de vida e fatores de risco, como consumo em excesso de álcool ou tabagismo, estão relacionados com o desenvolvimento da hipovitaminose secundária. É importante ressaltar que indivíduos que possuem dieta variada têm poucas chances de desenvolver hipovitaminose, uma vez que é muito provável que estejam reabastecendo os estoques das vitaminas na frequência necessária. A primeira doença descrita associada a falta de vitamina foi o escorbuto. Essa doença se dá devido à falta de vitamina C. Os sintomas incluem dificuldades de cicatrização, chegando a hemorragias, dores nas articulações e inflamações nas gengivas. Em meados dos anos 1800 descobriu-se que ao incluir na dieta suco de limão e repolho azedo, essa doença era evitada, mas só muitos anos depois entendeu-se que a importância desses alimentos eraa presença da vitamina C, que age como cofator de enzimas importantes para manutenção da estrutura celular. Outras doenças já relacionadas à falta de vitaminas são: Raquitismos (vitamina D), beribéri (Vitamina B1), pelagra (vitamina B3), anemia (vitamina B12), ariboflavinose (vitamina B2), xeroftalmia, nictalopia e hemeralopia (todas relacionadas a vitamina A). Ainda, diversas outras disfunções orgânicas podem estar relacionadas com deficiências primárias ou secundárias das vitaminas e muito têm se especulado sobre o assunto. No geral as hipovitaminoses são tratadas com a reposição vitamínica correspondente. Muitos países têm colocado vitaminas e certos sais minerais em alguns alimentos comuns afim de enriquecêlos e assim evitar o desenvolvimento destes problemas de saúde. PREVALÊNCIA DA VITAMINA D A deficiência de vitamina D está associada a uma menor mineralização do tecido osteoide caracterizando a osteomalácia (8,11). Entretanto, análises mais recentes demonstram que valores não tão reduzidos de vitamina D estão associados a aumento do turnover ósseo e consequente aumento de fraturas. Portanto, valores intermediários anteriormente considerados "normais", embora suficientes para prevenir a osteomalácia, foram progressivamente sendo responsabilizados por fenômenos fisiopatológicos como o hiperparatireoidismo secundário e risco de fratura aumentado (18). Atualmente, existe uma grande discussão na literatura sobre quais valores de 25OHD devam ser considerados normais, uma vez que múltiplas variáveis podem interferir nessas concentrações, como idade, localização geográfica, sexo, atividade ocupacional, entre outras. Adotamos a classificação de McKenna e Freaney por ser a de maior consenso na literatura de hoje. Dados mundiais mostram que 5% a 25% da população idosa independente e 60 a 80% dos pacientes institucionalizados (19) são deficientes ou insuficientes em vitamina D. Considerando que a maior fonte de vitamina D é oriunda da exposição ao sol, a alta prevalência de hipovitaminose D encontrada tanto em pacientes ambulatoriais quanto em institucionalizados de nossa região, considerada de alta incidência solar, foi surpreendente. Essa prevalência foi maior que a de países de latitude mais alta como a Nova Zelândia (20), Inglaterra ou Alemanha (19), sendo as mulheres mais afetadas que os homens (77,6% e 45,9% respectivamente). Essa inversão inesperada entre latitude e prevalência de hipovitaminose D também foi encontrada no estudo MORE (Multiple Outcomes Raloxifene Evaluation), fato atribuído não à latitude, mas às políticas de enriquecimento alimentar. Os valores de PTH correlacionam-se de maneira inversa às concentrações de vitamina D tanto em idosos quanto na população jovem, e a alta prevalência de hipovitaminose D se correlacionou com a presença de hiperparatireoidismo secundário. Segundo nossos resultados, assim como os de outros autores, raramente vimos valores de PTH elevados quando as concentrações séricas de 25OHD atingiam 100 mmol/l. Por outro lado, no grupo controle constituído por jovens saudáveis, os valores médios de 25OHD de 82 mmol/l foram suficientes para manter o PTH dentro da faixa de normalidade. Essa constatação confirma os conceitos atuais de que os idosos necessitam de concentrações mais elevadas de 25OHD para normalizarem suas concentrações plasmáticas de PTH (23). Na tentativa de se identificar quais os fatores de risco nessa população para a hipovitaminose D e para o hiperparatireoidismo secundário, foi realizada a análise de múltiplas variáveis onde o fato de ser ou não institucionalizado foi o que mais influenciou nesses resultados, seguido pelo sexo, sendo que o feminino apresenta com maior tendência a valores baixos. A população institucionalizada possuía mais pacientes negros e usuários de anticonvulsivantes, características que podem estar prejudicando a concentração plasmática de vitamina D. Por outro lado, tiveram a coleta realizada no outono, estação do ano onde a concentração de vitamina D atinge seu maior valor, consequente à exposição ao sol intensificada no verão (24). A creatinina, o cálcio ionizado e a 25OHD foram as variáveis que mais influenciaram o PTH. Sabendo-se que a reposição de cálcio e vitamina D tem efeito protetor sobre a massa óssea (25-29), torna-se relevante a identificação de pacientes com risco de hipovitaminose D, para que haja uma adequada reposição atuando como mecanismo preventivo sobre o risco de fratura. O RDA (Recommended Dietary Allowance) recomenda uma ingestão diária de 400 UI para pacientes entre 50 e 70 anos e de 600 UI para aqueles com mais de 70 anos, o que corresponde a 20 minutos de exposição diária de 5% da superfície corpórea. As fontes alimentares de vitamina D são pobres, e os alimentos mais ricos neste pré- hormônio (peixes de águas frias e cogumelos) não fazem parte de nosso cardápio habitual. A reposição de 400 UI ao dia de 25OHD corresponde a uma 25OHD sérica de 38 mmol/l (7), ou seja, uma concentração aquém do desejado, e não demonstrou efeito protetor em idosos quanto à incidência de fraturas (30). Reposições de 700–800 UI por dia foram responsáveis por uma redução de até 43% na incidência de fraturas de colo de fêmur (31- 33). O uso de 1000 UI diárias também não foi capaz de trazer os valores de 25OHD para a normalidade, em idosos institucionalizados (34). Quando se detecta concentrações deficientes ou insuficientes de 25OHD no plasma, a correção inicial deve ser feita com doses mais elevadas de vitamina D, como 50.000 UI de colecalciferol semanal, ao longo de 6 semanas, para então passar para a dose de manutenção, que deve ficar por volta de 7.000 a 14.000 UI semanais. No Brasil, a maioria dos polivitamínicos direcionados à população geriátrica, além de cara, contém apenas 200 a 400 UI de vitamina D. Portanto, no caso de idosos, a única possibilidade de se utilizar colecalciferol isolado nas doses necessárias é o uso de formulações magistrais. A política de fortificação de alimentos como leite, suco de laranja e manteiga, com vitamina D demonstrou ser eficiente para elevar as concentrações plasmáticas de 25OHD nos países em que é utilizada. Políticas semelhantes poderiam ser estudadas também em nosso meio, com benefícios potenciais para nossa população geriátrica como demonstrado em nosso trabalho. Chamamos atenção, ainda, da nossa comunidade médica para o risco de uma interpretação equivocada para os valores elevados de PTH em idosos, que podem erroneamente ser diagnosticado como hiperparatireoidismo primário. Nessa situação, a presença de concentrações plasmáticas normais ou reduzidas de cálcio deve remeter à investigação do status nutricional de vitamina D, para sua possível correção e posterior normalização dos valores de PTH. Concluindo, observamos elevada prevalência de deficiência e insuficiência de vitamina D em nossa população geriátrica, que foi mais acentuada no grupo institucionalizado, mas também bastante evidente dentre os moradores da comunidade. Em função disso, acreditamos que o incentivo à exposição solar, à suplementação medicamentosa com colecalciferol e o enriquecimento alimentar sejam condutas de saúde pública que devem ser incentivadas em nosso país. Ao contrário do que acontece quando se recorre ao uso de muitos suplementos, quando se utiliza a suplementação de produtos alimentares com vitamina D, o objetivo é corrigir uma deficiência ambiental existente, nomeadamente, a menor exposição à radiação ultravioleta, e não de corrigir a sua falta devido a razões nutricionais (Vieth,1999; Calvo et al., 2004). Produtos alimentares suplementados com vitamina D, nomeadamente, produtos lácteos (leite e iogurtes), cereais e pão existem disponíveis em várias zonas geográficas, nomeadamente nos Estados Unidos e no norte da Europa, fazendo estes produtos parte das políticas de prevenção de saúde destas regiões (Vieth, 1999; Calvo et al., 2004; Holden& Lemar, 2008). METODOLOGIA O papel fisiológico da vitamina D no metabolismo do cálcio é já bem conhecido. No entanto, hoje em dia, sabe-se que a sua função vai muito além do metabolismo fosfocálcio, estando implicada em várias outras situações clínicas. Neste sentido, foi desenvolvida a presente revisão bibliográfica, tendo como objetivo principal identificar a importância clínica da vitamina D para a garantia do normal funcionamento do organismo humano. Com esta revisão bibliográfica pretendeuse explorar pormenorizadamente a fisiologia e metabolismo da vitamina D, bem como conhecer o seu papel na saúde/doença. Além disso foram objeto de estudo as causas subjacentes ao elevado número de casos de deficiência desta vitamina verificados na sociedade atual. Por fim, pretendeu-se ainda avaliar as características de um método fiável para o seu doseamento, bem como discutir os problemas e as controvérsias em torno dos testes laboratoriais disponíveis no mercado. Para a concretização deste trabalho e, no sentido de responder ao objetivo proposto foi efetuada uma análise, avaliação crítica e integração da literatura publicada sobre a temática em causa. Esta revisão de literatura foi elaborada a partir da pesquisa de artigos científicos que se relacionassem com a temática em causa, em diferentes bases de dados, tais como Pubmed, Science Direct, B-on, utilizando como palavras-chave: “vitamin”, “vitamin D”, “metabolism ”, “deficiency” “patologhy” “cardiovascular diseases”, “câncer”, “diabetes”, “obesity”, “metabolic diseases”, “treatment” e outras, na sua generalidade combinadas entre si. Foram também incluídas informações de livros e publicações de organizações oficiais, tais como a DGS (Direção Geral de Saúde), Infarmed ou WHO (World Health Organization). A pesquisa bibliográfica foi realizada entre janeiro e julho de 2015, sendo selecionados apenas os artigos que tinham interesse para os objetivos propostos. Desta forma, foram estabelecidos alguns critérios de inclusão e exclusão de artigos para a referida revisão bibliográfica. Os critérios de inclusão usados foram artigos originais e de revisão que abordassem a temática em estudo, e publicados na língua portuguesa, inglesa ou espanhola. Por outro lado, foram excluídos artigos e revisões bibliográficas ou sistemáticas sobre outras vitaminas que não a vitamina D e/ou abordassem esta vitamina noutros contextos que não os estabelecidos pelos objetivos propostos (ex.: avaliação laboratorial dos níveis de vitamina D nos alimentos, águas, …). REFERENCIAS: Dietary Reference Intakes: Vitamins. The National Academies, 2001. < http://www.merckmanuals.com/home/disorders-of-nutrition/vitamins/overview-of- vitamins > acessado em 05/11/17 Pemberton, J. (2006). "Medical experiments carried out in Sheffield on conscientious objectors to military service during the 1939–45 war". International Journal of Epidemiology. 35 (3): 556– 8. doi:10.1093/ije/dyl020. PMID 16510534 Price, Catherine (2015). Vitamania: Our obsessive quest for nutritional perfection. Penguin Press. ISBN 978-1594205040. Boy, E.; Mannar, V.; Pandav, C.; de Benoist, B.; Viteri, F.; Fontaine, O.; Hotz, C. (2009). "Achievements, challenges, and promising new approaches in vitamin and mineral deficiency control". Nutr Rev. 67 (Suppl 1): S24–30. doi:10.1111/j.1753- 4887.2009.00155.x. PMID 19453674 http://www.merckmanuals.com/home/disorders-of-nutrition/vitamins/overview-of-vitamins http://www.merckmanuals.com/home/disorders-of-nutrition/vitamins/overview-of-vitamins . Vitamina D RESULTADOS REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1-ASPECTOS FISIOLÓGICOS E FONTES DE VITAMINA D HIPOVITAMINOSE D PREVALÊNCIA DA VITAMINA D METODOLOGIA
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