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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/351605690
DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS
NO CERRADO
Chapter · May 2021
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Jairo Fernando Pereira Linhares
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Maria Ivanilde de Araujo Rodrigues
State University of Maranhão
30 PUBLICATIONS   104 CITATIONS   
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João Paulo Dias
State University of Minas Gerais, Ituiutaba, Brazil
6 PUBLICATIONS   9 CITATIONS   
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All content following this page was uploaded by Jairo Fernando Pereira Linhares on 15 May 2021.
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https://www.researchgate.net/publication/351605690_DIVERSIFICACAO_ASSOCIACAO_E_CONSORCIACAO_DE_PLANTAS_FRUTIFERAS_NO_CERRADO?enrichId=rgreq-4beb1302ff7068fb8e200bb919abd1e6-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MTYwNTY5MDtBUzoxMDIzNzYxNTE2MDc3MDU2QDE2MjEwOTUxNzQwNzg%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
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Cultivo de frutíferas 
em clima tropical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
2 
Dias & Mata (2021) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C9682 Cultivo de frutíferas em clima tropical/Org.: Dias & Mata 
 
 ─ Campina Grande: EPTEC, 2021. 
 142 f.: il. color. 
 
 ISBN: 978-65-00-23023-9 
 
1. Frutas. 2. Produção. 3. Brasil. I. Dias, João Paulo Tadeu. II. 
Mata, Jhansley Ferreira da. III. Título. 
 
CDU 631/63 
Os capítulos ou materiais publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. 
As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do Editor responsável. 
Sua reprodução parcial está autorizada desde que cite a fonte. 
 
Créditos de Imagens da Capa 
Pixabay 
 
Editoração, Revisão e Arte da Capa 
Paulo Roberto Megna Francisco 
 
Conselho Editorial 
Djail Santos (CCA-UFPB) 
Dermeval Araújo Furtado (CTRN-UFCG) 
George do Nascimento Ribeiro (CDSA-UFCG) 
Josivanda Palmeira Gomes (CTRN-UFCG) 
João Miguel de Moraes Neto (CTRN-UFCG) 
José Wallace Barbosa do Nascimento (CTRN-UFCG) 
Juarez Paz Pedroza (CTRN-UFCG) 
Lúcia Helena Garófalo Chaves (CTRN-UFCG) 
Luciano Marcelo Fallé Saboya (CTRN-UFCG) 
Paulo da Costa Medeiros (CDSA-UFCG) 
Paulo Roberto Megna Francisco (CTRN-UFCG) 
Soahd Arruda Rached Farias (CTRN-UFCG) 
Virgínia Mirtes de Alcântara Silva (CTRN-UFCG) 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
3 
Dias & Mata (2021) 
 
João Paulo Tadeu Dias 
Jhansley Ferreira da Mata 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas 
em clima tropical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.a Edição 
Campina Grande-PB 
2021 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
4 
Dias & Mata (2021) 
 
Realização 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apoio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
5 
Dias & Mata (2021) 
 
Sumário 
 
 
Sumário ...................................................................................................................................................................................................... 5 
Agradecimentos ...................................................................................................................................................................................... 6 
Prefácio....................................................................................................................................................................................................... 7 
Capítulo I.................................................................................................................................................................................................... 8 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS ......................................................................... 8 
Capítulo II ............................................................................................................................................................................................... 31 
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FRUTÍFERAS TROPICAIS ............................................................................................ 31 
Capítulo III .............................................................................................................................................................................................43 
ECOFISIOLOGIA DOS CITROS E DO ABACAXIZEIRO CULTIVADOS EM CLIMA TROPICAL................................... 43 
Capítulo IV .............................................................................................................................................................................................. 54 
IRRIGAÇÃO EM FRUTÍFERAS DE CLIMA TROPICAL ............................................................................................................ 54 
Capítulo V ............................................................................................................................................................................................... 65 
MÉTODOS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS CONVENCIONAIS E ORGÂNICAS .............................................................. 65 
Capítulo VI .............................................................................................................................................................................................. 76 
POLINIZAÇÃO POR ABELHAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA FRUTÍFERAS CULTIVADAS ...................................... 76 
Capítulo VII ............................................................................................................................................................................................ 89 
AVANÇOS E TÉCNICAS DE MELHORAMENTO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS PARA RESISTÊNCIA DE 
DOENÇAS ................................................................................................................................................................................................ 89 
Capítulo VIII ....................................................................................................................................................................................... 103 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM FRUTÍFERAS NATIVAS .................................................................. 103 
Capítulo IX ........................................................................................................................................................................................... 114 
DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS NO CERRADO .................... 114 
Capítulo X ............................................................................................................................................................................................ 123 
CONSERVAÇÃO E QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE FRUTOS TROPICAIS ................................................................. 123 
Índice Remissivo ............................................................................................................................................................................... 139 
Curriculum dos Autores e Organizadores .............................................................................................................................. 140 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
6 
Dias & Mata (2021) 
 
 
Agradecimentos 
 
 
 
 
Os organizadores e autores agradecem à Universidade do Estado de Minas Gerais – 
UEMG, bem como, os coordenadores, diretores, vice representantes respectivos e, em especial, 
cabe o agradecimento aos colegas e professores pela colaboração e parceria em instituições 
parceiras que tanto contribuíram para a realização desta obra. 
 
 
 
Os organizadores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
7 
Dias & Mata (2021) 
 
 
Prefácio 
 
 
 
O Brasil é um país de dimensões continentais, com vastas áreas agricultáveis e clima propício, 
na maioria dos meses do ano, para o cultivo de frutas, especialmente, as frutas de clima tropical e 
subtropical. Ademais, o país possui uma população enorme e crescente, tendo um potencial excelente 
para comércio de frutas frescas, processamento, industrialização e consumo de diversas frutas, de 
diferentes formas. 
Antes de qualquer cultivo de plantas frutíferas em clima tropical, deve-se ter em mente as 
características gerais do cultivo e das espécies de interesse, tais como: métodos e técnicas de propagação 
de plantas; métodos de germinação de sementes frutíferas (especialmente para produção de “pé-franco” 
ou porta-enxerto); ecofisiologia das principais espécies cultivadas em ambiente tropical (por exemplo, 
citros e abacaxizeiro, dentre outras); floração e frutificação de plantas frutíferas (atentando para as 
épocas de produção e comercialização); cultivo de frutíferas em sistema convencional, orgânico e suas 
variantes; utilização de resíduos na fertilização (manutenção, correção e adubação de cobertura) de 
frutíferas; recuperação de áreas degradadas com espécies frutíferas adequadas ao ambiente tropical; 
diversificação, associação e consorciação de plantas frutíferas; controle fitossanitário rigoroso em 
frutíferas; técnicas e métodos de colheita, conservação e qualidade pós-colheita de frutas tropicais, 
dentre outras. 
 Certamente, este livro vem contribuir para o desenvolvimento tecnológico e produtivo da 
fruticultura, principalmente, o cultivo de frutíferas tropicais no país. Consiste em informações técnicas 
e científicas, coletadas e organizadas, com o intuito de orientar os produtores, técnicos, professores, 
alunos, cientistas, bem como, qualquer pessoa interessada no cultivo de frutíferas em ambiente tropical. 
 
 
João Paulo Tadeu Dias 
Jhansley Ferreira da Mata 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
8 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo I 
 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CULTIVO DE 
FRUTÍFERAS TROPICAIS 
 
 
João Paulo Tadeu Dias 
 
 
Introdução 
 
Antes de iniciar o cultivo de plantas frutíferas tropicais deve-se salientar algumas características 
gerais, tais como: métodos e técnicas de propagação de plantas; métodos de germinação de sementes 
frutíferas; floração e frutificação de plantas frutíferas; métodos de cultivo de frutíferas convencionais e 
orgânicas; utilização de resíduos na fertilização de frutíferas; controle fitossanitário em frutíferas; 
dentre outros métodos produtivos e tecnológicos apresentadas nos capítulos posteriores. 
 
Métodos e técnicas de propagação de plantas 
 
Métodos e técnicas de propagação de plantas são utilizados desde os primórdios da agricultura 
para buscar um maior número de plantas e perpetuar as características produtivas e comerciais 
favoráveis destas plantas. 
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) normatiza o Sistema Nacional de 
Sementes e Mudas (SNSM), além de dar outras providências sobre o conceito de propagação e produção 
de mudas, mediante Decreto n. 5.153, de 23/07/2004, que aprova o regulamento da Lei 10.711, de 
05/08/2003 e, define propagação: 
“A reprodução, por sementes propriamente ditas, ou a multiplicação, por mudas e demais 
estruturas vegetais, ou a concomitância dessas ações, e; Semente: material de reprodução 
vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou 
assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura (BRASIL, 2003)”. 
A propagação de plantas basicamente seria um conjunto de métodos e técnicas utilizados em 
conjunto de forma a perpetuar as espécies de maneira controlada, aumentando o número de plantas e 
garantindo a manutenção de características agronômicas tidas como favoráveis às cultivares. Para 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
9 
Dias & Mata (2021) 
quaisquer espécies de plantas, nativas ou exóticas, silvestres ou cultivadas, a propagação e, 
consequentemente, a formação da nova muda constitui ponto principal. 
Historicamente, quando o ser humano passou de tribos nômades, que basicamente caçavam e 
coletavam frutos e raízes para sobreviver e, progressivamente, passaram a comunidades assentadas, 
que plantavam para o seu sustento, a humanidade deu um salto gigantesco no desenvolvimento da 
sociedade.Sabe-se que por volta do ano 8.000 a.C. no Oriente Médio existiu um primórdio de agricultura 
rudimentar e percebeu-se que cravando talos lenhosos de videiras, oliveiras e figueiras, conseguia 
preservar as características de interesse e formar novas plantas. Cerca de 2.000 a.C. começou-se o uso 
da técnica de enxertia na Grécia, Oriente Médio, Egito e China. Posteriormente, órgãos de reserva de 
cebola e alho eram utilizados para propagação no Mediterrâneo; na África tropical utilizava-se pedaços 
do colmo para propagação de cana-de-açúcar; na América do Sul adotava-se a batata inteira ou parte 
dela para propagação; na Ásia era feita propagação com estacas de bambu; por volta dos séculos XVIII e 
XIX houve grande descoberta de espécies e intercambio destas entre Europa, Japão, China, Índias 
Orientais, Austrália, África e América; além disso, a partir de 1940, passou-se a fazer uso de substâncias 
promotoras de enraizamento em estacas, como as auxinas sintéticas (TOOGOOD, 2007). 
Vale destacar a importância dos equipamentos e ferramentas utilizados ao longo do tempo para 
propagação de plantas, tais como: enxadas, pás, canivetes, canivetes de enxertia, fitas plásticas, tesouras 
de poda, podões, regadores e mangueiras para irrigação, dentre outros, que constantemente deve-se 
fazer a manutenção, bem como, a limpeza e desinfecção para uso na propagação de plantas. 
Normalmente, também se utiliza algum substrato isento de pragas, doenças e plantas daninhas, como o 
próprio solo, terra de barranco peneirada, areia, materiais compostados (como estercos de animais e 
restos culturais), misturas comerciais (contendo ou não corretivos e ou fertilizantes), casca de arroz 
carbonizada, fibra de coco, vermiculita (argila expandida), perlita (material de origem vulcânica), turfa 
(um misto de vegetal decomposto com sphagnum de musgos), só para citar alguns. 
Recipientes diversos são utilizados na propagação como vasos de barro ou plástico, sacolas 
plásticas, bandejas plásticas ou de poliestireno expandido (isopor), caixa de madeira ou ripa, caixa de 
propagação feita de alvenaria e preenchida com areia ou outro substrato. Os ambientes mais comuns 
para propagação são os naturais como a própria mata ou pomar e, os ambientes artificiais, como as casas 
de vegetação feitas de vidro, estufas plásticas do tipo capela, túnel alto, túnel médio ou túnel baixo, 
câmaras de nebulização, viveiros telados com plástico ou sombrite 50%, dentre muitos outros. Sugere-
se o uso de equipamentos e acessórios como as bancadas feitas de madeira, ferro ou alvenaria, os 
sensores (de água, temperatura, umidade, ventiladores e exaustores), equipamentos de irrigação (como 
os aspersores, micro aspersores, gotejadores, nebulizadores), termômetros e outros. 
A propagação de plantas se divide em duas: propagação sexuada e propagação assexuada. A 
propagação sexuada, reprodução ou propagação por sementes, basicamente se utiliza a semente como 
estrutura reprodutiva, sendo feita para a maioria das plantas conhecidas. A propagação sexuada por 
sementes possibilita grande variação populacional, resultando em características distintas, devido aos 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
10 
Dias & Mata (2021) 
intercambio de gametas e genes proporcionado pela polinização cruzada. Botanicamente, a semente é 
resultado do óvulo fertilizado e desenvolvido, que devido aos cruzamentos dos gametas, possibilita 
grande variação genética, como vigor distinto, frutos sem padrão (cor, formato, tamanho, sabor, 
açúcares, acidez e nutrientes). 
 O método de preparo das sementes consiste na escolha do progenitor ou planta-mãe detentora 
de sementes sadias, de plantas adultas e produtivas. Recomenda-se, de maneira geral, a seleção dos 
maiores e melhores frutos situados externamente a copa das plantas; retirar toda a polpa (pois pode 
conter inibidores de germinação); lavar as sementes em água corrente; secar à sombra; se necessário 
proceder a extração da casca ou tegumento duro (que pode ser uma barreira ao processo germinativo 
do embrião da semente); proceder a semeadura rápida, pois o poder germinativo do embrião presente 
na semente, decresce após a colheita. 
 A propagação assexuada, vegetativa ou multiplicação consiste em utilizar partes vegetativas, tais 
como raízes, caules, brotos ou folhas para gerar uma nova planta. Planta esta, com características 
genéticas idênticas ao progenitor, constituindo um clone da planta doadora de material vegetal. 
 Duas propriedades intrínsecas da célula vegetal são importantes no processo de propagação 
assexuada: a totipotência e a desdiferenciação. A totipotência é a capacidade que as células vegetais 
possuem de organizar e formar um novo indivíduo, mantendo a constituição genética necessária, sem 
haver recombinação genética. A desdiferenciação vegetal é o processo pelo qual uma célula diferenciada 
adulta, regride ou retorna à um estádio indiferenciado e, de acordo com o estímulo provocado, origina 
novos tipos de células. É o que acontece no método ou técnica de propagação assexuada por estacas 
caulinares, muito utilizado na horticultura e fruticultura, onde tecidos ou células adultas do caule podem 
vir a formar células ou tecidos vasculares, raízes iniciais e brotações novas para constituir um novo 
indivíduo. 
 O método de estaquia pode ser feito com estacas de raízes, caules, brotos ou folhas. O mais 
comum é o uso de estacas caulinares herbáceas ou lenhosas. De maneira geral, coleta-se estacas o ano 
todo, contudo, prefere-se o período de inverno para as espécies de clima subtropical ou temperadas. 
Comumente, as estacas preparadas com três a cinco gemas e em torno de 10 a 15 cm de comprimento. 
Existem espécies de fácil, mediano e difícil enraizamento. Para as espécies de difícil enraizamento pode-
se utilizar reguladores vegetais de crescimento, promotores de enraizamento como o ácido 
indolbutírico (IBA, sigla em inglês), uma substância sintética similar ao hormônio vegetal do grupo das 
auxinas, com o objetivo de aumentar a concentração endógena de auxinas nos tecidos e induzir a 
formação de raízes. 
 O ácido indolbutírico é um dos mais utilizados e melhores estimuladores do enraizamento. O 
ácido naftaleno acético (NAA) também pode ser usado, no entanto, é mais tóxico e deve ser usado em 
concentrações menores. Normalmente, aplica-se auxina na base da estaca, provocando um aumento de 
concentração, que pode ter efeito estimulador até um ponto máximo, a partir desse ponto qualquer 
aumento na concentração de auxina é inibitório ao enraizamento. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
11 
Dias & Mata (2021) 
 A aplicação dos reguladores de crescimento pode acontecer por via seca por polvilhamento em 
talco ou via úmida por solução hidroalcóolica em solventes orgânicos (como o etanol, metanol, éter, 
dentre outros). Vale ressaltar a importância do binômio, concentração e tempo de aplicação. Para 
tratamento lento (12 ou 24 horas, por exemplo), adota-se uma concentração baixa. Para tratamento 
rápido (5, 10, 20 segundos, por exemplo) utiliza-se uma concentração alta. 
 Outro método ou técnica bastante utilizada na propagação de plantas é a enxertia. 
Tradicionalmente, obtém-se o porta-enxerto ou “cavalo” por sementes e, em alguns casos, por estaquia, 
como acontece com os porta-enxertos de videira. O porta-enxerto é responsável por todo sistema 
radicular, suas características de desenvolvimento, resistência às pragas e doenças, bem como, 
adversidades edafoclimáticas. O enxerto, também denominado “cavaleiro” ou copa é responsável pela 
formação e desenvolvimento de toda parte aérea, bem como a produção de frutos. Os objetivos básicos 
da enxertia referem-se à resistência ou tolerância às pragas, doenças ou adversidade de solo e clima, 
antecipar a produção, uniformizar a planta e diminuir o porte. 
 Dentre as diferentes técnicas de enxertia, destacam-se a enxertia por garfagem e a enxertia por 
borbulhia.A enxertia por garfagem pode ser feita em fenda cheia (tradicional), inglês simples ou inglês 
complicado. A enxertia por borbulhia (utiliza menos material vegetal que a garfagem) pode ser feita em 
forma de T invertido, T normal ou de placa. Geralmente, a enxertia pode ser realizada o ano todo, porém 
prefere-se evitar o período de chuvas, pois pode causar o insucesso da técnica ou método. 
 A enxertia por garfagem é feita a altura de cerca de 20 a 30cm da base do colo do porta-enxerto, 
o caule deve apresentar coloração bronzeada e diâmetro de um lápis (cerca de 0,8 cm), os garfos (que 
constituirão a parte superior da planta ou copa) deve ser de matrizes selecionadas e produtivas, os 
garfos são feitos cortando-se os ponteiros com cinco a oito centímetros e fazendo a retirada dos pecíolos 
foliares, realiza-se o corte da parte basal do garfo em forma de bisel duplo ou “cunha” e, posteriormente, 
o corte do centro do caule do porta-enxerto até cerca de três centímetros e insere-se o garfo rente (casca 
com casca) ao porta-enxerto. Finalmente, procede-se a amarração do enxerto com fita de enxertia ou 
fitilho plástico para proteger o local do enxerto. Deve-se atentar para o a compatibilidade ou 
incompatibilidade do material utilizado como porta-enxerto e enxerto (copa). Se ocorrer 
incompatibilidade, o enxerto pode não se desenvolver ou pode-se formar um crescimento exagerado 
dos tecidos na região de enxertia denominado “pé-de-elefante” ou “pata-de-elefante”. 
 A apomixia é outro método de propagação assexuada feita pela semente, formada e desenvolvida 
por tecidos da nucela (tecidos de reserva), sem a fusão dos gametas e dando origem ao embrião nucelar 
ou adventício, proveniente das células de tecido materno. Tais plantas oriundas dessas sementes são 
clones do material progenitor. O processo de apomixia tem certa importância para amoreira-preta, 
mangueira e citros, produzindo a sementes com embrião de origem nucelar e sementes com o embrião 
de origem gamética. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 O método ou técnica da mergulhia pode ser no solo ou aérea. Quando a mergulhia for aérea 
também é conhecida como alporquia. A técnica da mergulhia ou alporquia passa a ter considerável 
importância para plantas nativas ou exóticas, nas quais se tem grande dificuldade em se produzir mudas. 
 O método ou técnica de produção vegetal ou propagação por cultura de tecidos ou cultivo “in 
vitro”, também conhecido como micropropagação. As plantas produzidas por cultura de tecidos passam 
a ser uma opção interessante ao produtor de mudas ou viveirista. É uma opção não comercial, do ponto 
de vista do alto preço da muda produzida pelo custo com mão-de-obra capacitada e qualificada que 
demanda, estrutura específica e ambiente controlado e climatizado, bem como, altamente rígido em 
relação ao controle fitossanitário. No entanto, a qualidade da muda ou planta conseguida é muito 
superior aos demais métodos e práticas de propagação, visto a uniformidade e padrão das plantas, alto 
vigor e sanidade comprovada. Para plantas com grandes problemas fitossanitários como o abacaxizeiro, 
morangueiro, a batateira, a bananeira, a batata-doce e a mandioquinha-salsa, é um método importante 
de propagação de plantas. 
 Independentemente do método ou técnica escolhida para propagação de plantas, é 
imprescindível a utilização de material vegetal com sanidade comprovada, oriundo de plantas vigorosas 
e altamente produtivas, de forma a buscar o melhor para a formação inicial de um plantio, pomar, 
lavoura comercial ou novo cultivo. 
 
Métodos de germinação de sementes frutíferas 
 
 A produção brasileira de frutas une atrativos diversos e condições muito favoráveis para 
produzir, gerar renda e empregos, exportar e auxiliar no saldo positivo da balança comercial da 
economia, ao longo de todo o ano. A estimativa de produção foi de 43,5 milhões de toneladas em 2017, 
abaixo das 44,8 milhões de toneladas do ano anterior, segundo a Associação Brasileira dos Produtores 
Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). O Brasil encontra-se na terceira posição entre os 
maiores produtores mundiais de frutas, com produção expressiva de cerca de 22 espécies e tantas 
outras exploradas e consumidas localmente, atrás de China e Índia (KIST et al., 2018). 
 Independentemente da espécie de fruta produzida, existe o consenso de que o ponto principal 
em qualquer cultivo é a propagação da planta e produção da muda frutífera, sendo a semente, na maioria 
das vezes, a estrutura principal de propagação das frutíferas. A propagação é o conjunto de técnicas ou 
artifícios destinados a perpetuar as espécies de forma controlada. Os objetivos principais são de 
aumentar o número de plantas, garantindo a manutenção das características agronômicas das 
cultivares. Botanicamente, semente é considerada o resultado da fertilização e desenvolvimento do 
óvulo. A semente como principal arcabouço destinado a propagação é descrita pela Legislação 
Brasileira, Lei 10.711, de 05/08/2003, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA) como sendo: 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
“Material de reprodução vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de 
reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura (BRASIL, 
2003). 
 Souza, Iara e Samuel (2016), relataram sobre a importância e o processo germinativo das 
sementes. Durante o processo evolutivo, as plantas desenvolveram formas de propagação assexuada 
(vegetativa ou multiplicação) e propagação sexuada (reprodutiva ou por sementes) para produzir 
descendentes. A maioria das espécies de plantas cultivadas ou selvagens, nativas ou exóticas apresenta 
propagação sexuada (reprodutiva ou por sementes), em que o diásporo é considerado a unidade de 
dispersão da espécie. No caso específico de plantas anuais, a semente é o fim de uma geração e o início 
de uma outra geração. 
 Esse diásporo é a forma de dispersão, multiplicação, sobrevivência e preservação das espécies e 
da biodiversidade, uma vez que, o código genético representa a principal forma de disseminação das 
características hereditárias nos diferentes ambientes. Portanto, a função da semente viva é sua 
germinação, crescimento e desenvolvimento do embrião, originando uma nova planta. O sucesso do 
estabelecimento do novo indivíduo no tempo-espaço e o vigor da nova plântula são, em grande parte, 
determinados por características bioquímicas e ecofisiológicas. 
 Durante o processo de formação das sementes ocorre a expansão do eixo embrionário, 
resultante da absorção de água e do acúmulo de substâncias de reserva, como os lipídeos, carboidratos 
e proteínas, sendo a fase final, a maturação das sementes. Nesta fase final, podem ocorrer várias 
transformações morfológicas e fisiológicas que, em sementes ortodoxas, culminam com a desidratação, 
podendo perder até 90% do seu peso em água. Os diásporos são representados, em sua maioria, pelas 
sementes. No entanto, em muitas espécies, o diásporo é o fruto, que pode conter além de semente, 
brácteas, pericarpo ou parte dele e o perianto. 
 Em muitas sementes, o final do processo de maturação fisiológica está associado à desidratação 
das sementes. Podendo ser: 
Sementes ortodoxas: o teor de água varia de 5 a 10% de sua massa fresca (exemplo: soja, feijão, 
pau-brasil, milho) e podem ser desidratadas a níveis baixos de umidade; 
 Sementes intermediárias: toleram dessecação entre 10 e 13% de umidade, mas quando 
desidratadas a 7% perdem significativamente a viabilidade (exemplo: café, mamão, dendê, nim); 
 Sementes recalcitrantes: sementes com teor de água entre 60 a 70% de sua massa fresca, não 
toleram dessecação em níveis de umidade entre 15 a 20%. Viabilidade curta da semente (exemplo: 
araucária, cacau, coco, manga, abacate). 
 Ao serem dispersas da planta-mãe (produtora de sementes),as sementes indicam que uma nova 
geração está se iniciando. A germinação e, posteriormente, o estabelecimento da plântula ocorrem 
quando as condições intrínsecas (da própria semente) e extrínsecas (do ambiente) são favoráveis. Para 
a retomada do crescimento do embrião é necessário que as sementes não apresentem inibidores 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
naturais de germinação, como o ácido abscísico (ABA) e que as condições ambientais sejam favoráveis, 
como: disponibilidade de água, presença de oxigênio e temperatura. 
As sementes expostas a essas condições ambientais favoráveis, germinam e são chamadas 
quiescentes, desempenhando importante papel no início do desenvolvimento da plântula, porque 
entram em repouso, com o metabolismo praticamente paralisado e representa um hiato no ciclo dos 
vegetais. 
 Sementes quiescentes apresentam baixa atividade metabólica, suficiente apenas para manter o 
embrião vivo. Nesse estado, as sementes são capazes de se manter vivas por muitos anos e, em alguns 
casos, quando armazenadas em herbários e museus, podem sobreviver por mais de 100 anos. 
 Algumas sementes ainda podem apresentar diferentes tipos de dormência de acordo com a 
origem, sendo elas (HARTMANN et al., 2011): 
 Dormência primária: se manifesta quando se completa seu ciclo de desenvolvimento; 
Dormência secundária: sementes que não apresentam dormência, germinam normalmente, mas 
quando expostas a fatores ambientais desfavoráveis são induzidas ao estado de dormência. A dormência 
pode ser perdida com o tempo, tornando-se quiescente. Podendo o embrião continuar dormente, devido 
à sua imaturidade, presença de substâncias inibidoras, como o ABA, cumarinas, compostos fenólicos e 
taninos, bem como, à exigência de temperatura e luz, como é o caso das sementes fotoblásticas positivas. 
A dormência fisiológica ou endógena é própria do embrião, que ocorre devido à presença de 
inibidores naturais como o ABA ou a ausência de promotores como o ácido giberélico (GA) no embrião. 
O método de quebra de dormência é frequentemente associado à quebra da relação ABA/GA. 
A dormência física ou tegumentar é imposta pela casca e ou outros tecidos (endosperma, 
pericarpo ou órgãos extraflorais), devido a: 
1-Impedimento da absorção de água pela presença de cutículas cerosas, camadas suberizadas e 
esclereides lignificados; 
2-Dureza mecânica pelo tegumento rígido que não permite a emersão da radícula, ou ainda, 
interferência nas trocas gasosas pelo tegumento pouco permeável ao oxigênio; 
3-Retenção de inibidores pelo tegumento, que evita lixiviação de inibidores do interior da 
semente. 
 
A presença de dormência em algumas sementes não é necessariamente uma desvantagem. Em 
alguns casos, o método de quebra de dormência pode ser conseguido por luz de comprimento de onda 
na região do espectro vermelho. 
 O método de quebra de dormência pode ser acelerado pela exposição das sementes às condições 
flutuantes, como as que ocorrem em regiões de clima temperado, em que há ciclos sazonais de 
temperatura. As sementes não sofrem a influência de um fator, mas de vários fatores que ocorrem 
simultaneamente. Um bom exemplo é o caso das sementes fotoblásticas positivas. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 A dormência de sementes pode ter variadas causas, portanto, antes da escolha do método de 
quebra de dormência e retomada da germinação, deve-se, primeiramente, tentar descobrir a causa, além 
da existência de ciclos de sensibilidade das sementes aos processos de superação de dormência. Isto 
pode influir em maior ou menor sucesso na aplicação do método de quebra de dormência. 
 Quando a dormência é causada por desequilíbrio entre promotores e inibidores da germinação 
ou que impedem a germinação, devem ser empregados métodos que aumentam a ação de estimuladores 
de germinação ou que impedem a ação dos inibidores, como a estratificação, a aplicação direta de 
substâncias (como giberelinas, citocininas e etileno) e lixiviação. A eficiência da quebra de dormência é 
uma das principais características a se considerar na escolha do método. Dessa forma, antes de se optar 
por um método, deve-se observar o grau de eficiência e o elevado grau de reprodutibilidade. 
 Outro método consiste na remoção parcial ou total do revestimento protetor da semente para 
facilitar a entrada de água (embebição), considerada como início da germinação. O tegumento seminal 
ou testa age como barreira nas trocas gasosas ou na entrada de luz, bem como, impedimento à saída de 
inibidores endógenos, ou ainda, fornece inibidores para o crescimento, impedindo a germinação. O 
método de remoção do revestimento protetor por tratamentos mecânicos diversos é denominado 
escarificação, podendo ser feita com ferramentas ou materiais cortantes ou abrasivos. A escarificação 
também pode ser realizada por meio de agentes químicos fortes, como o ácido sulfúrico concentrado. 
Também, recomenda-se o método físico da água para lavagem dos inibidores de crescimento presentes 
nas sementes. O método de escarificação pode ser usado em algumas sementes que podem ter a 
dormência quebrada quando hidratada ou exposta a baixas ou altas temperaturas. 
 Entre os agentes ou métodos químicos utilizados para a quebra de dormência estão: ácidos 
(ácido sulfúrico), ácido nítrico (HNO3), hipoclorito de sódio (NaClO3), nitrato de potássio (KNO3), etanol 
(CH3CH2OH) e a água oxigenada (H2O2). Os reguladores de crescimento têm papel importante na quebra 
de dormência de sementes, dentre esses destacam-se as giberelinas (GA3 ou ácido giberélico, GA4 e GA7), 
as citocininas (benziladenina e cinetina) e etileno. Geralmente, os reguladores de crescimento 
apresentam maiores resultados quando associados a fatores como luz e outros reguladores (balanço). 
A aplicação exógena de ABA e GA3 pode atuar de modo inverso no controle da síntese de enzimas 
envolvidas na degradação das paredes celulares do endosperma. 
 Muitos anos atrás, foi observado que alguns comprimentos de onda da luz produzem efeitos na 
germinação de algumas sementes. Por exemplo, na alface a luz vermelha (660nm) induz um grande 
aumento na germinação. Já, a luz vermelho-extremo, vermelho-distante ou vermelho-longo (730nm) 
induz inibição da germinação. A luz é absorvida por um pigmento denominado fitocromo (uma cromo 
proteína) que, dependendo do comprimento de onda da luz que ele absorve, converte-se em duas 
formas: a) FV (inativa): comprimento de onda 660nm converte-se na segunda forma; b) FVe (ativa): 
comprimento de 730nm tem absorção máxima de luz. Por isso, a indução na germinação ocorre na maior 
parte das sementes fotoblásticas. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
16 
Dias & Mata (2021) 
Também, pode ser utilizado como método de quebra de dormência de algumas espécies com 
aplicação de luz branca, como para pereira brava, macieira, pessegueiro e espécies florestais. Em alguns 
casos, o efeito da luz depende da temperatura como para a alface, que ser insensível à luz a temperatura 
de 20oC, no entanto, em temperatura mais elevada (aproximadamente 35oC) tornam-se fotoblásticas. 
Para responder a luz a semente deve ser hidratada e, em alguns casos, utilizar o método de escarificação. 
Scalon et al. (2009), avaliando o potencial germinativo de gabiroba (Campomanesia sp.), uma 
frutífera do Cerrado, testaram diferentes métodos e verificaram que os tratamentos hormonais com 
bioestimulante Stimulate®, contendo auxina, giberelina e citocinina, foi o mais eficiente. Oliveira et al. 
(2002) verificaram que, a semente de Bacuri (Platonia insignis Mart.) recomenda-se para acelerar a 
emergência de radículas, efetuar dois cortes laterais no plano dorsal/ventral da semente, sendo um 
método simples e econômico, além da redução no tempo. Morais Júnior et al. (2015), concluíram que a 
fragmentação dos pirênios de mucuri (Byrsonima crassifóliaL. Rich.) seguida de imersão por 24 horas 
em solução de ácido giberélico na concentração de 500mg L-1 foi o método mais eficiente para promover 
a germinação. 
 
Floração e frutificação de plantas frutíferas 
 
 O tronco e os ramos formam o esqueleto que sustenta as folhas, órgãos de floração e frutificação, 
gemas e frutos. Em plantas frutíferas lenhosas, as gemas constituem-se nos órgãos vegetativos por 
excelência, pois delas depende todo o crescimento e o desenvolvimento das frutas. De acordo com a sua 
posição na planta, as gemas podem ser classificadas em terminais, axilares, secundárias e basais. Já pela 
estrutura, elas podem ser classificadas em vegetativas, floríferas e mistas. 
 O processo de formação das gemas inicia-se com a brotação e, de forma evolutiva durante o 
período vegetativo, parte delas permanecem vegetativas, enquanto as demais se diferenciam em gemas 
floríferas. Segundo as espécies, as gemas floríferas podem ser formadas antes da brotação, durante a 
brotação ou posteriormente a abertura das gemas vegetativas. 
 Geralmente, em plantas frutíferas de clima temperado, o processo de diferenciação de gemas 
ocorre no final da primavera ou no verão, ou seja, seis a oito meses antes da abertura na primavera 
seguinte. Este processo é realizado de forma evolutiva, começa com a diferenciação floral (escamas, 
sépalas, pétalas, estames e primórdio do pistilo) e termina com a abertura da flor na primavera. 
 Trabalhos desenvolvidos, em seis cultivares de pessegueiro, concluíram que o início da 
diferenciação floral ocorre em meados de janeiro a meados de fevereiro (verão), podendo adiantar de 
15 a 20 dias dependendo dos fatores climáticos. As datas de final da meiose mantiveram-se para a 
mesma cultivar, com diferenças inferiores a 10 dias. 
 O processo de indução floral é largamente estudado em fruticultura. De acordo com a teoria de 
Klaus e Kraybill, em 1918, o processo dependia da relação carbono/nitrogênio (C/N), sendo a teoria, se 
essa relação fosse moderadamente alta, haveria indução floral, entretanto, se ela fosse baixa, favoreceria 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
o crescimento vegetativo. Estudos posteriores demonstraram que, além do carbono e nitrogênio, estão 
envolvidos hormônios endógenos. Na atualidade se admite que a indução floral depende do balanço 
hormonal e da nutrição e, é claramente favorecido pela massa fotossintética e pelos tratos culturais 
aplicados às frutíferas. 
 Algumas práticas culturais, tais como, o anelamento de ramos e o uso de reguladores vegetais, 
substâncias artificiais similares aos hormônios vegetais, como o etileno, estimulam a indução floral. Ao 
passo que, a presença de frutas em quantidades elevadas concorre com a indução floral, principalmente 
pela relação que existe com a síntese e translocação de giberelinas das sementes dos frutos e nos ápices 
de crescimento, estabelecendo, ao longo de muitas safras ou ciclos produtivos, o que se caracteriza de 
alternância de produção. A prática cultural da poda pode diminuir esse fenômeno. 
 A formação do fruto se dá por fecundação do óvulo ou pelo processo de partenocarpia. No 
primeiro caso, processo mais comum, para a formação do fruto é necessário que haja formação do grão 
de pólen, polinização, germinação do pólen, crescimento do tubo polínico e fecundação. 
 O processo de floração apresenta uma duração variável, podendo chegar até 25 dias, sendo que 
se denomina de plena floração quando de 50 a 70% das flores estão abertas. As plantas frutíferas, com 
exceção de serem auto férteis como o pessegueiro, necessitam de polinização cruzada como forma de 
garantir uma boa produção no pomar. 
Particularmente no caso das macieiras, pereiras e ameixeiras é necessário o plantio intercalado 
de plantas produtoras de grãos de pólen (polinizadoras), numa proporção de 10 a 20% para garantir 
uma boa polinização, fecundação e ou fertilização e, consequentemente, produção de frutos no pomar. 
A presença de insetos polinizadores ajuda a minimizar os riscos no cultivo. Portanto, insetos como 
abelhas, no período de floração é uma prática amplamente indicada e ou recomendada. 
 O processo de formação de frutos começa com a floração, fecundação e vingamento, e termina 
com a maturação. A duração varia de menos de um mês, como no caso do morangueiro, até 16 meses, 
como no caso de algumas cultivares de laranjeira. 
 O desenvolvimento dos frutos com sementes é representado por uma curva sigmóide simples, 
ao passo que, para frutas com caroço são representados por uma curva sigmóide dupla. Durante esse 
processo, a fruta passa por diferentes fases, como: 
a) Multiplicação celular: fase com duração de 10 a 30 dias, com divisão celular intensa, fazendo com 
que a fruta atinja praticamente o número total de células; 
b) Elongação celular: as células acumulam água e nutrientes, provocando aumento no volume e 
tamanho do fruto. Esta fase dura de 30 a 90 dias. No caso de frutas de caroço, como o pêssego e a 
ameixeira, pode ocorrer paralisação do crescimento do fruto para dar lugar ao desenvolvimento do 
caroço, sendo que a duração é variável para cultivares precoces e tardias; 
c) Maturação: nesta fase ocorrem uma série de transformações bioquímicas, tais como a 
diminuição da acidez, aumento dos teores de açúcares, alterações na cor e aroma, dentre outras. O 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
aumento do tamanho ocorre fundamentalmente devido ao acúmulo de água. A duração desta fase varia 
de 10 a 30 dias. 
No decorrer do desenvolvimento dos frutos ocorrem uma sucessão de fenômenos fisiológicos 
que podem provocar a queda precoce dos frutos. Além disso, em qualquer época podem ocorrer quedas 
acidentais provocadas por vento, chuva, chuva de granizo, pragas e doenças, dentre outros fatores 
incontroláveis da natureza. Tais quedas podem ser: 
a) Queda dos frutos no vingamento (estádios iniciais de desenvolvimento): ocorrem queda 
prematura de flores e frutos mal fecundados. Pode ocorrer queda de até 95% da floração total, tal 
situação pode ser agravada quando acontecer, simultaneamente, com geadas, chuvas em excesso ou 
falta de polinização; 
b) Queda no enchimento dos frutos (“June drop”): nesta fase ocorre competição entre frutos, 
normalmente no final do período de multiplicação celular e início do engrossamento do fruto. Nesta fase 
podem cair de 10 a 30% dos frutos presentes na planta, situação esta, agravada por problemas 
nutricionais e climáticos; 
c) Queda na pré-colheita: forma-se uma camada de abscisão entre o fruto e o pedúnculo, o que 
facilita a queda dos frutos. É comum em espécies frutíferas como a macieira e a pereira. 
Alguns fenômenos climáticos podem agravar a situação como longos períodos de seca, ventos 
constantes e fortes, incidência de pragas e doenças. Os frutos caem antes do tempo e, quase sempre, 
ainda estão inadequados para o consumo. O uso de regulador vegetal como o ácido naftaleno acético 
(NAA), em baixas concentrações aplicadas na forma de pulverizações podem diminuir os efeitos da 
queda pré-colheita (FACHINELLO, 2009). 
Outros fatores, como apresenta Simão (1971; 1998) estão relacionados à floração e, 
consequentemente, frutificação. Esses fatores podem ser internos e externos, pois nem todas as plantas 
frutificam regularmente todos os anos, diferindo de região para região (localização) e de acordo com o 
processo de cultivo, plantas que frutificam bem em determinadas condições ecológicas (ambientais) e 
plantas que deixam a desejar em outras condições ecológicas. 
Vários fatores internos afetam a frutificação das plantas frutíferas, mas dentre eles podemos 
citar: a) evolução; b) genéticos e; c) fisiológicos. 
Na natureza, os vegetais cruzam-se livremente, este é o fator de garantia de manutenção do vigor 
da espécie, no entanto, aquilo que naturalmente é uma vantagem, nem sempre o é, em condições de 
cultivo.Por causa da polinização cruzada aparecem aleatoriamente formações distintas, oferecendo 
dificuldades à autopolinização, tornando em certos casos impraticável. Plantas auto férteis apresentam 
sérios entraves à exploração econômica, necessitando estudo biológico e uma disposição ou distribuição 
particular no pomar, para produzirem. 
A tendência evolutiva afeta a distribuição e o número de flores nos ramos e altera o 
comportamento, sendo importantes os seguintes casos: as flores incompletas (como no caso do 
caquizeiro, mamoeiro e figueira); heterostilia (com estilos e estames de comprimento variáveis, como 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
no caso da videira e figueira); arranjamento estrutural dificultando a polinização (como em macieira 
var. Deliciosa); dicogamia (fenômeno da maturação do estigma e da antera em tempos diferentes como 
em mangueira, abacateiro, anonáceas e figueira); desenvolvimento parcial da flor ou botões floríferos 
(em mangueira, pecã, videira, oliveira e ameixeira); inviabilidade de grão de pólen (em ameixeira, 
mangueira e algumas variedades de videira, macieira e pereira). 
 A influência genética na frutificação está associada a constituição do citoplasma. A falta de 
frutificação pode estar associada ao hibridismo (levando a esterilidade, ausência de sementes e ou 
produção de frutos partenocárpicos, como em híbridos de pessegueiro, ameixeira, bananeira, macieira, 
videira e tamareira); incompatibilidade entre o pólen e óvulos da mesma planta (em videira, pereira, 
macieira, ameixeira e oliveira), dentre outros. 
 Do ponto de vista fisiológico, a baixa frutificação ou presença reduzida de sementes podem estar 
relacionadas à deficiência nutritiva da frutífera, devido às causas como: desenvolvimento lento ou 
anormal do tubo polínico; polinização antecipada ou retardada (em caquizeiro, pereira e ameixeira); 
além das condições internas de nutrição. 
 A improdutividade pode estar associada a fatores externos como: presença de elementos 
minerais no solo; plantas enxertadas (o que pode ocorrer em caquizeiro, videira, laranjeira doce 
enxertada sobre limão cravo ou laranjeira caipira); poda excessiva de ramos; localidade influindo no 
comportamento e frutificação (como em mangueira e videira); época (estações) do ano; idade e vigor da 
planta (macieira e pereira produzindo à medida que envelhecem, bem como, videira Moscatel de 
Alexandria e coco-da-baía). 
 Os fatores do clima também influenciam a frutificação, destacando-se, temperatura (macieira 
em temperatura ao redor de 20oC favorece germinação de pólen, por exemplo, além do mamoeiro que 
em épocas de temperatura mais baixa ou altitude elevada produz bem); luz (macieira e mangueira não 
florescem à sombra); chuvas durante o florescimento (reduz frutificação em abacateiro, mangueira, 
videira, macieira e ameixeira); falta de água ou umidade (abacateiro, mangueira, macieira, oliveira, 
caquizeiro e citros perdem grande quantidade de frutos); ventos intensos e fortes (em mangueira de 15 
a 20% dos frutos se desprendem); pragas e doenças (ferrugem da jabuticabeira e goiabeira, oídio e 
antracnose em videira e mangueira, dentre muitas outras). 
 A floração e frutificação de plantas frutíferas é amplamente influenciada pelos fatores internos 
e externos e, estes, pelo monitoramento constante e manejo no pomar, buscando as melhores práticas 
culturais e métodos de cultivo para um pomar produtivo e com qualidade de frutos. 
 
Métodos de cultivo de frutíferas convencionais e orgânicas 
 
De maneira geral, encontra-se amplamente distribuído no mundo duas vertentes ou sistemas de 
cultivo agrícola e, no caso do cultivo de frutíferas não é diferente, encontra-se o sistema de cultivo 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
convencional e o sistema de cultivo orgânico. No entanto, existem diferenças acentuadas entre os dois 
sistemas no que se refere à abordagem e aplicações das práticas culturais. 
Contrapondo esse sistema de cultivo, encontra-se a agricultura orgânica ou sistema de cultivo 
orgânico, que segundo Neves et al. (2000) seria onde: 
“O manejo da unidade de produção agrícola visa promover a agrobiodiversidade e os ciclos 
biológicos, procurando a sustentabilidade social, ambiental e econômica da unidade, no 
tempo e espaço.” 
De acordo com as disposições da Lei n. 10.831, de 23 de dezembro de 2003, a agricultura 
orgânica tem como princípio básico o estabelecimento do equilíbrio com a natureza, por meio da 
aplicação de técnicas naturais de adubação, controle do solo e de pragas (BRASIL, 2003). 
No cultivo orgânico recomenda-se o uso de corretivos e fertilizantes naturais, de solubilidade e 
liberação lenta, além de ação gradativa. Prioriza-se o equilíbrio de nutrientes, nas suas formas orgânicas, 
evitando os excessos e contribuindo para manter os atributos do solo e da água. A implantação de 
frutíferas usa insumos e recursos, em sua maioria, advindos da própria propriedade, como fibras 
vegetais, madeira, bambu, além de minimizar o uso de máquinas e equipamentos, priorizando e 
valorizando a mão-de-obra familiar ou local, gerando emprego e renda. 
As adubações de plantio (fundação) e coberturas (manutenção), normalmente, empregam 
fertilizantes orgânicos ou extratos vegetais (caldas nutricionais), ou ainda, rochas moídas (apatitas, 
fosforita) e matéria orgânica decomposta (húmus), além de adubações verdes (com leguminosas, como 
mucuna, leucena, feijão-de-porco). A condução das frutíferas é realizada com o uso de práticas culturais, 
normalmente associadas, como o cultivo intercalar, rotação de culturas, poda de formação, poda de 
limpeza ou verde, poda de frutificação, aplicação ou pulverização de caldas nutricionais ou 
fitoprotetoras (como o extrato de nim, calda bordalesa, calda sulfocálcica, bokashi, dentre outras), 
roçada ou capina das entrelinhas das plantas em cultivo. 
A prática da colheita e comercialização, normalmente certificada e fiscalizada, prioriza o bem-
estar dos produtores e da população, qualidade organoléptica diferenciada, qualidade fitossanitária 
garantida (uma vez que, os produtos usados na produção são naturais ou biodegradáveis), qualidade 
comercial (atentando para o ponto de colheita ideal de cada espécie frutífera) e qualidade nutricional 
(com altos níveis de nutrientes e antioxidantes favoráveis à saúde humana). 
 Entretanto, a agricultura orgânica deve e pode ser bem gerida, pois se conduzida desconforme 
aos princípios e normas pode ocasionar contaminação microbiana ou parasítica (pela grande 
quantidade de estercos e resíduos que utiliza); aumento no teor de nitratos nas plantas como 
consequência do crescente aporte de fertilizantes orgânicos ricos em nitrogênio como os estercos. Os 
nitratos podem ser reduzidos a nitritos, que combinados com aminas formam nitrosaminas, substâncias 
potencialmente cancerígenas; além disso, podem ter um alto custo produtivo pela utilização de insumos 
caros e muita mão-de-obra. No entanto, isso pode ser minimizado ou superado pelo processo de 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
21 
Dias & Mata (2021) 
certificação e agregação de valor aos produtos, tendo grande valor de mercado e demanda crescente ao 
longo dos anos. 
Em vista dos dois sistemas de produção apresentados, conclui-se que de maneira geral, os 
principais métodos e ou práticas adotadas, tanto no cultivo convencional quanto no orgânico de 
frutíferas, estão alicerçados no preparo e correção do solo, implantação da cultura, adubação, condução 
da cultura, podas, controle de plantas daninhas e manejo fitossanitário, além da colheita e 
comercialização. 
As principais diferenças residem na intensividade do uso do solo e no emprego de insumos com 
maior ou menor solubilidade no solo, além da forma de aplicação e ação que fungicidas, inseticidas, 
herbicidas, dentre outros insumos e agrotóxicos, bem como, de produtosmenos agressivos ao homem 
e o ambiente, que procuram manter o agroecossistema em equilíbrio, proporcionando o melhor retorno 
econômico em ambos os sistemas de produção. 
 
Utilização de resíduos na fertilização de frutíferas 
 
No Brasil, país onde o agronegócio é extremamente relevante, representando aproximadamente 
24% do Produto Interno Bruto (PIB) da federação. A produção agrícola representa, deste valor 70% da 
arrecadação, refletindo na manutenção do saldo positivo da balança comercial brasileira de importações 
e exportações. Anualmente, a fruticultura participa com cerca de US$10 bilhões em valor bruto inserido 
dentro da produção agrícola. A fruticultura brasileira é uma das mais diversas, com 22 espécies 
principais e outras espécies difundidas por diferentes áreas do país. Com aproximadamente 43,5 
milhões de toneladas anuais produzidas no ano de 2017, em cerca de 2,0 milhões de hectares e, 
consequentemente, ocupando a terceira colocação mundial de produtores de frutas, atrás de Índia e 
China (KIST et al., 2018). 
Portanto, vale afirmar que o Brasil é um país essencialmente agrícola e que, cerca de um terço 
das riquezas produzidas no país vêm do recurso natural, o solo. Assim, justifica a importância de estudos 
relativos a esse fator de produção tão primordial para o país. No Brasil, os rendimentos produtivos das 
frutíferas permanecem aquém dos rendimentos que podem ser alcançados comparado à países 
tradicionais no cultivo de frutas. De maneira geral, os solos possuem limites naturais (baixa fertilidade 
natural, seria um deles) para nutrir as plantas e sustentar a produção vegetal (PARENT & GAGNÉ, 2010). 
A degradação da qualidade dos solos reduz esses limites naturais, ao mesmo tempo que pode deteriorar 
a qualidade da água para os diferentes usos. É inaceitável, na atualidade, crer que o emprego de 
quaisquer tecnologias possa compensar uma gestão incorreta desse recurso natural imprescindível, o 
solo. 
Em função do melhoramento genético de variedades ou cultivares, ao longo de décadas, as 
plantas frutíferas aumentaram o potencial produtivo e a qualidade das produções, entretanto, a 
exigência, a exploração de nutrientes e o uso desses nutrientes também aumentou. Ademais, os solos do 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Brasil são naturalmente ácidos e pobres em termos de fertilidade, além de serem submetidos à intensa 
exploração, levando-os a exaurir sua capacidade de prover as plantas em nutrientes. A acidez associada 
a insuficiência do balanço de nutrientes, são fatores que interferem na produtividade agrícola, 
especialmente em solos das regiões tropicais do planeta (ROZANE; BRUNETTO; NATALE, 2017). 
A fertilidade do solo tem direta relação com a nutrição mineral das plantas. Os vegetais extraem 
do solo, os elementos nutricionais necessários para suprir satisfatoriamente suas exigências e 
manifestar todo o seu potencial genético em produção e qualidade. No entanto, há grande variação na 
capacidade do solo suprir as plantas em nutrientes. Solos de regiões tropicais, na maioria das vezes, não 
conseguem fornecer em quantidade, diversidade e qualidade necessárias de todos os nutrientes 
exigidos pelas plantas frutíferas. 
Convém destacar a importância do uso e manejo de resíduos agrícolas, sobretudo vegetais, 
sempre que possível para complementar ou substituir a adubação convencional com fertilizantes 
minerais e satisfazer as exigências nutricionais das plantas frutíferas. Segundo a Lei n. 6.894, de 16 de 
dezembro de 1980 (Redação dada pela Lei nº 12890, de 2013) fertilizante seria “a substância mineral 
ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou mais nutrientes vegetais.” Os resíduos além de 
serem fonte de macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre) e 
micronutrientes (boro, ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio), podem aumentar o conteúdo de 
carbono de fontes orgânicas no solo e, por consequência, incrementar os teores de matéria orgânica no 
solo, principalmente em solos degradados, além de promover melhorias nos atributos físicos, químicos 
e biológicos, o que é conhecido em diferentes sistemas de cultivo que trabalham com resíduos, 
sobretudo, o sistema de cultivo orgânico. Todavia, no Brasil, estudos adicionais devem ser realizados no 
intuito de escolher as melhores fontes de resíduos orgânicos a serem utilizados nos pomares, as 
melhorias nos atributos do solo nas diferentes condições ecofisiológicas ou edafoclimáticas, além do 
impacto no crescimento do sistema radicular, da parte aérea, da produção, além do balanço nutricional 
das frutíferas. 
De maneira geral, resíduos são quaisquer materiais oriundos das atividades industriais ou 
humanas que não seja aproveitado, na forma líquida ou sólida. Ou ainda, segundo a legislação de 2 de 
agosto de 2010: 
“Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em 
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a 
proceder, nos estados sólidos ou líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu 
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou que exijam para isso 
soluções técnica ou economicamente viáveis em face da melhor tecnologia disponível” 
(BRASIL, 2010). 
 Dentre os principais resíduos tratados e reutilizados na agricultura pode-se citar os resíduos de 
animais (como os dejetos de bovinos, aves, suínos, equinos, digestão bovina, resíduos de frigorífico, 
utilizados e transformados em estercos), resíduos agroindustriais (do processamento de alimentos, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
vinhaça e torta de filtro do processamento da cana-de-açúcar e fibras vegetais), resíduo de tratamento 
de esgoto e água (lodo), fosfogesso, escoria de siderurgia, restos de poda e controle de plantas daninhas, 
sobras culturais em final de ciclo (como no caso da parte aérea do abacaxizeiro), dentre muitos outros. 
As limitações de emprego de resíduos utilizados na agricultura, se dá em vista da quantidade de 
resíduos produzida (a exemplo do montante de dejetos de suínos produzida em criações confinadas) e 
da forma de tratamento e reutilização dos mesmos, de maneira a evitar contaminação de solo e das 
águas, tanto superficiais quanto subterrâneas. Cardoso, Oyamada e Silva (2015) evidenciaram que, a 
contaminação dos lençóis freáticos é o principal problema ambiental causado pelo manejo inadequado 
dos dejetos suínos e que existem tratamento como: lagoas de decantação, esterqueiras, bioesterqueiras, 
biodigestores, compostagem e cama sobreposta. Estes, buscam minimizar os impactos ambientais 
causados pelos dejetos, uma vez que a escolha do processo ocorre pela quantidade de dejetos produzida. 
No Brasil prevalece o uso de esterqueiras e lagoas de decantação, todavia, entre as propriedades 
integradas a grandes empresas do ramo alimentício destaca-se o uso de biodigestores, além da 
compostagem e a cama sobreposta são alternativas de tratamento menos utilizadas. As limitações sobre 
o uso de alguns resíduos, a exemplo do lodo de esgoto, referem-se quanto ao seu emprego em culturas 
agrícolas, onde o consumo se dá, de modo geral, in natura, a exemplo das hortaliças e frutíferas. 
 Hirata et al. (2015) referem-se as possíveis limitações referentes a: a) composição do lodo e taxa 
de aplicação; b) contaminação do solo; c) contaminação dos alimentos; d) possível patogenicidade e; e) 
liberação de odores indesejados. No entanto, pode ser uma alternativa para cultivo de plantas 
ornamentais e flores de corte, bem como, recuperação de áreas degradadas por possuir alta taxa de 
aplicabilidade, além de resultados positivos sobre a reconstituição do solo e flora. 
A Instrução Normativa Nº 17, de 18 de Junho de 2014, do Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA), estabelece regulamento técnico para os sistemas orgânicos deprodução e sobre 
utilização de resíduos, normatiza a produção animal, destinando os resíduos da produção e respeitando 
a legislação ambiental aplicável; uso de outros produtos permitidos, desde que não contenham resíduos 
contaminantes oriundos do processo de fabricação; uso de composto proveniente de resíduos orgânicos 
domésticos, resíduos de alimentos oriundos de comercialização, preparo e consumo em 
estabelecimentos comerciais e industriais, bem como, materiais vegetais de podas e jardins; uso de 
resíduos de origem vegetal; resíduos de biodigestores e de lagoas de decantação e fermentação são 
permitidos desde que seu uso e manejo não causem danos à saúde e ao meio ambiente, além de 
permitidos desde que bioestabilizados; dentre outras coisas. 
A adição de resíduos orgânicos como composto orgânico, dejetos de aves e esterco bovino são 
os mais conhecidos e utilizados para promover maior crescimento, aumento de produtividade e melhora 
dos parâmetros qualitativos (como cor, sabor, textura, dentre outros) em comparação aos fertilizantes 
minerais de alta solubilidade. Provavelmente, essas características possam estar associadas aos 
processo de liberação lenta de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), além dos micronutrientes, o que 
pode aumentar o sincronismo com a absorção das plantas, sem considerar que esses resíduos podem 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
ser considerados condicionadores (produtos que melhoram alguma propriedade física ou físico-química 
e, consequentemente, biológica) do solo como, por exemplo, do ponto de vista físico provocam o 
aumento da retenção da umidade do solo; aumento da porosidade e fornecedores de energia bioquímica 
para reações microbiológicas do solo; melhora a estrutura do solo (agente cimentante); facilita a 
drenagem da água; aumenta a circulação de ar no solo; reduz a variação de temperatura; amortiza o 
impacto direto das gotas de chuva; aumenta a disponibilidade e absorção de nutrientes; bem como, 
aumenta a superfície específica dos coloides para reações no solo. 
As propriedades químicas do solo são favorecidas por: aumento da capacidade de troca catiônica 
(CTC); aumenta a adsorção de cátions; eleva ou diminui o potencial hidrogeniônico (pH); complexa o 
alumínio tóxico; controla a presença de elementos que podem ser tóxicos (como o ferro, manganês e 
metais pesados) pela capacidade de fixar, quelar ou complexar tais elementos; auxilia na recuperação 
de solos salinos; aumenta o poder tampão do solo; fixa nitrogênio do ar e fornece substâncias 
estimulantes de crescimento. A matéria orgânica advinda dos resíduos também influência nas 
propriedades biológicas do solo, tais como: aumenta a atividade de microrganismos; aumenta a 
atividade de micorrizas (fungos arbusculares que aumentam a superfície radicular e a absorção de 
nutrientes); aumenta a atividade de bactérias do gênero Rhizobium (fixadoras de N2 atmosférico) e 
aumenta a atividade de minhocas (as quais, arejam o solo e transformam a matéria orgânica fresca em 
matéria orgânica decomposta – húmus). Por isso, os resíduos orgânicos podem e devem ser utilizados 
aplicados de forma única, parcelada ou complementar aos fertilizantes minerais em pomares de plantas 
frutíferas. 
Diante disso, pode-se concluir que, a utilização de resíduos na fertilização de frutíferas é uma 
prática recomendável, ambientalmente correta, economicamente viável e segura ao ser humano, desde 
que respeitada os preceitos, requisitos e normas de segurança. 
 
Controle fitossanitário em frutíferas 
 
Uma das vertentes mais importantes no cultivo e produção de plantas frutíferas é o controle 
fitossanitário das espécies. O controle fitossanitário, em geral, abrange práticas e métodos 
convencionais ou alternativos, naturais ou sintéticos de manejo de pragas, doenças (principalmente 
causadas por fungos, bactérias, nematoides ou vírus) e plantas daninhas, nos diferentes cultivos e, neste 
caso em particular, no cultivo de frutíferas. Questões importantes devem ser abordadas sobre o uso 
desordenado e indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional, a complexidade dos 
sistemas naturais e dos agroecossistemas, as tecnologias de proteção de plantas frutíferas, bem como, 
as possíveis alterações nos sistemas produtivos, buscando sistemas mais próximos da sustentabilidade 
agrícola. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Uma parte expressiva do tempo do agricultor, custos operacionais e pessoais, aquisição e uso de 
produtos, ferramentas e ou serviços são utilizadas visando maior e melhor controle fitossanitário das 
plantas e, com as espécies frutíferas não é diferente. 
O uso intensivo, abusivo e indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional tem 
provocado vários problemas ambientais, como a contaminação dos alimentos, do solo, da água e dos 
animais; intoxicação de um número cada vez maior de agricultores; resistência de patógenos, de pragas 
e doenças, além de plantas daninhas (ou invasoras) a determinados agrotóxicos; desequilíbrio biológico, 
alterando a ciclagem de nutrientes e matéria orgânica; diminuindo ou eliminando a biodiversidade, 
especialmente de microrganismos benéficos (CAMPANHOLA & BETTIOL, 2003). 
A legislação fitossanitária brasileira, Lei 7.802 de 11 de julho de 1989 e Decreto 4.074 de 4 de 
janeiro de 2002, define agrotóxico e afins como sendo: 
“a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinado ao uso 
nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas 
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e 
também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a 
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos 
considerados nocivos; 
b) substâncias ou produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e 
inibidores de crescimento” (BRASIL, 2002). 
A legislação também denomina e considera sinônimo de agrotóxico, produtos denominados de 
pesticidas, produtos fitossanitários ou defensivos agrícolas. 
Grande parte dos agrotóxicos aplicados é perdida no campo. Estima-se que aproximadamente 
90% dos agrotóxicos aplicados não atinjam o alvo, sendo dissipados para o meio ambiente, atingindo o 
solo e podendo chegar a reservatórios e cursos d’água. As perdas, em geral, devem-se a aplicação 
inadequada, tanto no momento desfavorável quanto em relação a tecnologia empregada. Medidas de 
controle deveriam ser empregadas somente quando fossem atingidos os níveis de dano econômico. 
Evitando o uso excessivo de produtos, sobretudo agrotóxico, além de diminuir custo com mão-de-obra, 
equipamentos e recursos diversos. 
O uso de cultivares resistentes é fundamental para os diferentes sistemas agrícolas. Trata-se de 
um método de controle fitossanitário barato e de fácil utilização para o controle de pragas, doenças e 
plantas daninhas em frutíferas. Associado a este método, recomenda-se a aquisição de sementes ou 
qualquer outro material propagativo como mudas, de produtores e ou viveirista idôneos, fiscalizados e 
credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
A remoção do material infectado pelo patógeno também pode ser utilizado como controle 
alternativo evitando contaminações ou diminuindo contaminações futuras de novos ciclos de pragas ou 
doenças no cultivo de frutíferas. O monitoramento constante aliado a identificação de plantas atípicas 
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Dias & Mata (2021) 
ou com sintomas perceptíveis de pragas ou doenças devem ser sistematicamente eliminadas do cultivo, 
prática essa conhecida como “roguing”. 
Métodos alternativos de controle fitossanitário em frutíferas têm sido preferidos e priorizados, 
como o uso do controle biológico de pragas e doenças, utilizando microhimenópteros e parasitoides 
(como ocorre em diversos países como, por exemplo, China, Estados Unidos, França, Israel, República 
Tcheca, Eslováquia, Hungria e Espanha). Outro exemplo é o controle das moscas-das-frutas por controle 
hidrotérmico e físico obtido pela imersão dos frutos em água quente (a 46oC) e o uso de armadilhas na 
área de cultivo. 
Para algumas doenças de plantas frutíferas, o destaque fica por conta do uso da técnica 
alternativa de premunização com estirpes fracas de vírus da tristeza dos citros, como ocorre com 
praticamente todas as mudas de laranja Pera comercializadas no país. Outro caso de sucesso é o uso de 
Baculovirus anticarsia utilizado em diversas culturas para o controle de lagartas. 
A utilização de matéria orgânica, tanto por meio de incorporação ao solo, como após 
transformação em húmus ou biofertilizante, deve ser considerado como um método alternativo de 
controle de pragas, doenças e plantas daninhas. A matéria orgânica possui um efeito nutricional, 
fornecendo macro e micronutrientes, bem como, outros metabólitos como antibióticos e hormônios. 
Portanto, a adição regular de matéria orgânica pode estimular a atividade de microrganismos primários, 
especialmente fungos, bactérias, ácaros, nematoides e artrópodes, que podem auxiliar no controle de 
fitopatógenos. Por exemplo, a supressão de Phytophthora cinnamoni Rands. em abacate cultivado na 
Austrália. 
Diversas outras práticas culturais, associadas ou não, podem contribuir para a eficiência e 
duração do controle fitossanitário em frutíferas, como: cultivo consorciado, adubação verde, 
solarização, rotação de culturas, pousio da área, uso de caldas nutricionais e ou fitoprotetoras, manejo 
cultural (catação e eliminação de frutos ou partes de ramos atacados, bem como, poda das partes 
afetadas), adubação equilibrada, controle e disponibilidade de água, dentre muitas outras. 
Produtos orgânicos ou agroecológicos cultivados com métodos alternativos têm tido demanda 
crescente e sido bastante valorizados no Brasil e no mundo. Venon et al. (2016), relataram importantes 
estratégias de manejo de pragas em frutíferas, destacando o controle biológico, manutenção da 
cobertura vegetal (especialmente nas entrelinhas), controle mecânico e cultural (com coleta e 
destruição de pragas, além do ensacamento dos frutos), controle comportamental (utilizando 
armadilhas contendo feromônios), inseticidas botânicos e caldas fitoprotetoras (como o extrato do fumo 
ou de nim, calda bordalesa ou sulfocálcica, dentre outras). 
Outra tecnologia bastante importante no controle fitossanitário em frutíferas é a aplicação e, 
dentro desta, a pulverização de produtos, agrotóxicos, caldas nutricionais e fitoprotetoras, bem como, 
dos extratos botânicos. 
Tradicionalmente, no controle fitossanitário em frutíferas se utiliza pulverização em alto 
volume, com calda aplicada até o ponto de escorrimento em função das dificuldades em se cobrir de 
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Dias & Mata (2021) 
maneira correta todas as partes das frutíferas, justamente por sua diversidade de porte e densidade de 
ramos, folhas e frutos. Por isso, os equipamentos são robustos, de grande tamanho, requerem alta 
potência dos tratores e equipamentos (com grande consumo de energia, pulverização excessiva de calda 
e queima de combustíveis fósseis em demasia), acarretando alto custo. Atualmente, há uma busca por 
máquinas e equipamentos menores, mais eficientes, além da redução do volume gasto na aplicação. Vale 
ressaltar a capacitação e treinamento do operador de máquinas, que deve ser periódico e o uso 
obrigatório do Equipamento de Proteção Individual (EPI), conforme preconiza a Instrução Normativa n. 
31 do MAPA, minimizando erros na aplicação e reduzindo possíveis contaminações ou intoxicações do 
aplicador/operador. 
Dentre as espécies frutíferas tropicais que mais se destacam no cenário atual estão os citros, o 
abacaxi e a banana. No caso de frutíferas arbóreas como os citros, que ocupam maior área na fruticultura 
nacional, existem exemplos de eficiência no controle fitossanitário, empregando manutenção, inspeção, 
calibração e regulagem dos equipamentos, que podem resultar em diminuição significativa do volume 
de aplicação, reduzindo custos e melhorando a eficiência (FERREIRA, 2013). 
Os citros podem ser atacados por bactérias como as causadoras do cancro-cítrico, clorose-
variegada-dos-citros (CVC) e o Huanglongbing (HLB) que acarretam sérios prejuízos à citricultura. O 
controle é cultural e preventivo, evitando a entrada do agente causal. Após estabelecimento das doenças, 
o controle passa a ser físico pela eliminação de parte ou totalidade da planta contaminada, além do 
controle de insetos vetores. As doenças fúngicas, como podridão-floral-dos-citros, mancha-marrom-de-
alternaria, em condições favoráveis, requerem um grande número de pulverizações, o que pode resultar 
em aumento dos custos e prejuízos ao meio ambiente. No pós-colheita pode ocorrer os bolores e 
podridão-azeda, diminuindo a quantidade e a qualidade dos frutos produzidos. Doenças virais, como a 
leprose-dos-citros é a que mais onera os custos pelo uso de acaricidas para controle do vetor (KUPPER 
et al., 2016). 
O abacaxizeiro é afetado principalmente pelo fungo causador da fusariose (Fusarium 
gottiforme), que ataca a planta em todos os estádios de desenvolvimento. A fusariose tem como sintoma 
característico a exudação de goma, principalmente do centro dos frutilhos. O uso de variedades 
resistentes como ‘Imperial’, ‘Vitória’ e ‘IAC Fantástico’ é um eficiente método de controle. O controle 
preventivo com mudas sadias também é indicado. Recomenda-se a eliminação de restos culturais e 
plantas infectadas como medida auxiliar (FERREIRA et al., 2011). 
Com relação à cultura da banana, a principal praga no Norte de Minas Gerais, Semiárido e 
Sudeste, é a broca-do-rizoma e, em seguida, pelos tripes. A primeira é provocada por um besouro de 
coloração escura e com 9 a 13mm. Os danos são causados pelas larvas que se alimentam do rizoma, 
formando galerias, podendo levar a planta ao tombamento e morte. Deve-se fazer o monitoramento e 
uso de iscas atrativas do tipo “queijo” ou “telha” e inseticida, perfazendo um total de 20 iscas por hectare 
e um nível de controle de dois a cinco insetos por isca. O método principal de controle é o uso de mudas 
sadias. Também, pode-se usar o fungo entomopatogênico Bauveria bassiana ou inseticida. As principais 
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doenças são: sigatoka-amarela (e ou negra), mal-do-Panamá, antracnose-dos-frutos e mosaico-da-
bananeira, além de nematoides. Na primeira e mais importante doença, observa-se estrias e manchas 
de coloração parda, em forma oval alongada, envolta por halo amarelado. O manejo da sigatoka-amarela 
deve ser com drenagem do solo, controle de plantas daninhas, desfolha parcial ou total, desbaste para 
evitar excesso de plantas e, uso de fungicidas específicos. O mal-do-Panamá causa amarelecimento das 
folhas mais velhas para as folhas mais novas, rachaduras e coloração parda-avermelhada do 
pseudocaule. As medidas de controle consistem em plantar material propagativo sadio, evitar áreas com 
histórico da doença, pH do solo próximo a neutralidade, adubação criteriosa, evitar estresse hídrico, 
controle de brocas e nematoides, além de variedades resistentes (RODRIGUES et al., 2011). 
O controle fitossanitário em frutíferas em um país de clima tropical como o Brasil deve ser 
sempre baseado na escolha de variedades resistentes, uso de material propagativo (sementes e mudas) 
sadio, monitoramento, manejo cultural com eliminação do inoculo inicial com podas ou eliminação da 
planta afetada, catação e eliminação de frutos infectados, uso de armadilhas atrativas, bem como, 
manejo correto de plantas daninhas, adubação equilibrada e, em última instancia, em casos de ataque 
severo,

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