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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/351605690 DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS NO CERRADO Chapter · May 2021 CITATIONS 0 READS 89 3 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Part of Master's Dissertation Project View project PhD thesis project View project Jairo Fernando Pereira Linhares None 49 PUBLICATIONS 114 CITATIONS SEE PROFILE Maria Ivanilde de Araujo Rodrigues State University of Maranhão 30 PUBLICATIONS 104 CITATIONS SEE PROFILE João Paulo Dias State University of Minas Gerais, Ituiutaba, Brazil 6 PUBLICATIONS 9 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Jairo Fernando Pereira Linhares on 15 May 2021. 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ISBN: 978-65-00-23023-9 1. Frutas. 2. Produção. 3. Brasil. I. Dias, João Paulo Tadeu. II. Mata, Jhansley Ferreira da. III. Título. CDU 631/63 Os capítulos ou materiais publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do Editor responsável. Sua reprodução parcial está autorizada desde que cite a fonte. Créditos de Imagens da Capa Pixabay Editoração, Revisão e Arte da Capa Paulo Roberto Megna Francisco Conselho Editorial Djail Santos (CCA-UFPB) Dermeval Araújo Furtado (CTRN-UFCG) George do Nascimento Ribeiro (CDSA-UFCG) Josivanda Palmeira Gomes (CTRN-UFCG) João Miguel de Moraes Neto (CTRN-UFCG) José Wallace Barbosa do Nascimento (CTRN-UFCG) Juarez Paz Pedroza (CTRN-UFCG) Lúcia Helena Garófalo Chaves (CTRN-UFCG) Luciano Marcelo Fallé Saboya (CTRN-UFCG) Paulo da Costa Medeiros (CDSA-UFCG) Paulo Roberto Megna Francisco (CTRN-UFCG) Soahd Arruda Rached Farias (CTRN-UFCG) Virgínia Mirtes de Alcântara Silva (CTRN-UFCG) Cultivo de frutíferas em clima tropical 3 Dias & Mata (2021) João Paulo Tadeu Dias Jhansley Ferreira da Mata Cultivo de frutíferas em clima tropical 1.a Edição Campina Grande-PB 2021 Cultivo de frutíferas em clima tropical 4 Dias & Mata (2021) Realização Apoio Cultivo de frutíferas em clima tropical 5 Dias & Mata (2021) Sumário Sumário ...................................................................................................................................................................................................... 5 Agradecimentos ...................................................................................................................................................................................... 6 Prefácio....................................................................................................................................................................................................... 7 Capítulo I.................................................................................................................................................................................................... 8 CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS ......................................................................... 8 Capítulo II ............................................................................................................................................................................................... 31 GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FRUTÍFERAS TROPICAIS ............................................................................................ 31 Capítulo III .............................................................................................................................................................................................43 ECOFISIOLOGIA DOS CITROS E DO ABACAXIZEIRO CULTIVADOS EM CLIMA TROPICAL................................... 43 Capítulo IV .............................................................................................................................................................................................. 54 IRRIGAÇÃO EM FRUTÍFERAS DE CLIMA TROPICAL ............................................................................................................ 54 Capítulo V ............................................................................................................................................................................................... 65 MÉTODOS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS CONVENCIONAIS E ORGÂNICAS .............................................................. 65 Capítulo VI .............................................................................................................................................................................................. 76 POLINIZAÇÃO POR ABELHAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA FRUTÍFERAS CULTIVADAS ...................................... 76 Capítulo VII ............................................................................................................................................................................................ 89 AVANÇOS E TÉCNICAS DE MELHORAMENTO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS PARA RESISTÊNCIA DE DOENÇAS ................................................................................................................................................................................................ 89 Capítulo VIII ....................................................................................................................................................................................... 103 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM FRUTÍFERAS NATIVAS .................................................................. 103 Capítulo IX ........................................................................................................................................................................................... 114 DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS NO CERRADO .................... 114 Capítulo X ............................................................................................................................................................................................ 123 CONSERVAÇÃO E QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE FRUTOS TROPICAIS ................................................................. 123 Índice Remissivo ............................................................................................................................................................................... 139 Curriculum dos Autores e Organizadores .............................................................................................................................. 140 Cultivo de frutíferas em clima tropical 6 Dias & Mata (2021) Agradecimentos Os organizadores e autores agradecem à Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, bem como, os coordenadores, diretores, vice representantes respectivos e, em especial, cabe o agradecimento aos colegas e professores pela colaboração e parceria em instituições parceiras que tanto contribuíram para a realização desta obra. Os organizadores Cultivo de frutíferas em clima tropical 7 Dias & Mata (2021) Prefácio O Brasil é um país de dimensões continentais, com vastas áreas agricultáveis e clima propício, na maioria dos meses do ano, para o cultivo de frutas, especialmente, as frutas de clima tropical e subtropical. Ademais, o país possui uma população enorme e crescente, tendo um potencial excelente para comércio de frutas frescas, processamento, industrialização e consumo de diversas frutas, de diferentes formas. Antes de qualquer cultivo de plantas frutíferas em clima tropical, deve-se ter em mente as características gerais do cultivo e das espécies de interesse, tais como: métodos e técnicas de propagação de plantas; métodos de germinação de sementes frutíferas (especialmente para produção de “pé-franco” ou porta-enxerto); ecofisiologia das principais espécies cultivadas em ambiente tropical (por exemplo, citros e abacaxizeiro, dentre outras); floração e frutificação de plantas frutíferas (atentando para as épocas de produção e comercialização); cultivo de frutíferas em sistema convencional, orgânico e suas variantes; utilização de resíduos na fertilização (manutenção, correção e adubação de cobertura) de frutíferas; recuperação de áreas degradadas com espécies frutíferas adequadas ao ambiente tropical; diversificação, associação e consorciação de plantas frutíferas; controle fitossanitário rigoroso em frutíferas; técnicas e métodos de colheita, conservação e qualidade pós-colheita de frutas tropicais, dentre outras. Certamente, este livro vem contribuir para o desenvolvimento tecnológico e produtivo da fruticultura, principalmente, o cultivo de frutíferas tropicais no país. Consiste em informações técnicas e científicas, coletadas e organizadas, com o intuito de orientar os produtores, técnicos, professores, alunos, cientistas, bem como, qualquer pessoa interessada no cultivo de frutíferas em ambiente tropical. João Paulo Tadeu Dias Jhansley Ferreira da Mata Cultivo de frutíferas em clima tropical 8 Dias & Mata (2021) Capítulo I CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS João Paulo Tadeu Dias Introdução Antes de iniciar o cultivo de plantas frutíferas tropicais deve-se salientar algumas características gerais, tais como: métodos e técnicas de propagação de plantas; métodos de germinação de sementes frutíferas; floração e frutificação de plantas frutíferas; métodos de cultivo de frutíferas convencionais e orgânicas; utilização de resíduos na fertilização de frutíferas; controle fitossanitário em frutíferas; dentre outros métodos produtivos e tecnológicos apresentadas nos capítulos posteriores. Métodos e técnicas de propagação de plantas Métodos e técnicas de propagação de plantas são utilizados desde os primórdios da agricultura para buscar um maior número de plantas e perpetuar as características produtivas e comerciais favoráveis destas plantas. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) normatiza o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM), além de dar outras providências sobre o conceito de propagação e produção de mudas, mediante Decreto n. 5.153, de 23/07/2004, que aprova o regulamento da Lei 10.711, de 05/08/2003 e, define propagação: “A reprodução, por sementes propriamente ditas, ou a multiplicação, por mudas e demais estruturas vegetais, ou a concomitância dessas ações, e; Semente: material de reprodução vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura (BRASIL, 2003)”. A propagação de plantas basicamente seria um conjunto de métodos e técnicas utilizados em conjunto de forma a perpetuar as espécies de maneira controlada, aumentando o número de plantas e garantindo a manutenção de características agronômicas tidas como favoráveis às cultivares. Para Cultivo de frutíferas em clima tropical 9 Dias & Mata (2021) quaisquer espécies de plantas, nativas ou exóticas, silvestres ou cultivadas, a propagação e, consequentemente, a formação da nova muda constitui ponto principal. Historicamente, quando o ser humano passou de tribos nômades, que basicamente caçavam e coletavam frutos e raízes para sobreviver e, progressivamente, passaram a comunidades assentadas, que plantavam para o seu sustento, a humanidade deu um salto gigantesco no desenvolvimento da sociedade.Sabe-se que por volta do ano 8.000 a.C. no Oriente Médio existiu um primórdio de agricultura rudimentar e percebeu-se que cravando talos lenhosos de videiras, oliveiras e figueiras, conseguia preservar as características de interesse e formar novas plantas. Cerca de 2.000 a.C. começou-se o uso da técnica de enxertia na Grécia, Oriente Médio, Egito e China. Posteriormente, órgãos de reserva de cebola e alho eram utilizados para propagação no Mediterrâneo; na África tropical utilizava-se pedaços do colmo para propagação de cana-de-açúcar; na América do Sul adotava-se a batata inteira ou parte dela para propagação; na Ásia era feita propagação com estacas de bambu; por volta dos séculos XVIII e XIX houve grande descoberta de espécies e intercambio destas entre Europa, Japão, China, Índias Orientais, Austrália, África e América; além disso, a partir de 1940, passou-se a fazer uso de substâncias promotoras de enraizamento em estacas, como as auxinas sintéticas (TOOGOOD, 2007). Vale destacar a importância dos equipamentos e ferramentas utilizados ao longo do tempo para propagação de plantas, tais como: enxadas, pás, canivetes, canivetes de enxertia, fitas plásticas, tesouras de poda, podões, regadores e mangueiras para irrigação, dentre outros, que constantemente deve-se fazer a manutenção, bem como, a limpeza e desinfecção para uso na propagação de plantas. Normalmente, também se utiliza algum substrato isento de pragas, doenças e plantas daninhas, como o próprio solo, terra de barranco peneirada, areia, materiais compostados (como estercos de animais e restos culturais), misturas comerciais (contendo ou não corretivos e ou fertilizantes), casca de arroz carbonizada, fibra de coco, vermiculita (argila expandida), perlita (material de origem vulcânica), turfa (um misto de vegetal decomposto com sphagnum de musgos), só para citar alguns. Recipientes diversos são utilizados na propagação como vasos de barro ou plástico, sacolas plásticas, bandejas plásticas ou de poliestireno expandido (isopor), caixa de madeira ou ripa, caixa de propagação feita de alvenaria e preenchida com areia ou outro substrato. Os ambientes mais comuns para propagação são os naturais como a própria mata ou pomar e, os ambientes artificiais, como as casas de vegetação feitas de vidro, estufas plásticas do tipo capela, túnel alto, túnel médio ou túnel baixo, câmaras de nebulização, viveiros telados com plástico ou sombrite 50%, dentre muitos outros. Sugere- se o uso de equipamentos e acessórios como as bancadas feitas de madeira, ferro ou alvenaria, os sensores (de água, temperatura, umidade, ventiladores e exaustores), equipamentos de irrigação (como os aspersores, micro aspersores, gotejadores, nebulizadores), termômetros e outros. A propagação de plantas se divide em duas: propagação sexuada e propagação assexuada. A propagação sexuada, reprodução ou propagação por sementes, basicamente se utiliza a semente como estrutura reprodutiva, sendo feita para a maioria das plantas conhecidas. A propagação sexuada por sementes possibilita grande variação populacional, resultando em características distintas, devido aos Cultivo de frutíferas em clima tropical 10 Dias & Mata (2021) intercambio de gametas e genes proporcionado pela polinização cruzada. Botanicamente, a semente é resultado do óvulo fertilizado e desenvolvido, que devido aos cruzamentos dos gametas, possibilita grande variação genética, como vigor distinto, frutos sem padrão (cor, formato, tamanho, sabor, açúcares, acidez e nutrientes). O método de preparo das sementes consiste na escolha do progenitor ou planta-mãe detentora de sementes sadias, de plantas adultas e produtivas. Recomenda-se, de maneira geral, a seleção dos maiores e melhores frutos situados externamente a copa das plantas; retirar toda a polpa (pois pode conter inibidores de germinação); lavar as sementes em água corrente; secar à sombra; se necessário proceder a extração da casca ou tegumento duro (que pode ser uma barreira ao processo germinativo do embrião da semente); proceder a semeadura rápida, pois o poder germinativo do embrião presente na semente, decresce após a colheita. A propagação assexuada, vegetativa ou multiplicação consiste em utilizar partes vegetativas, tais como raízes, caules, brotos ou folhas para gerar uma nova planta. Planta esta, com características genéticas idênticas ao progenitor, constituindo um clone da planta doadora de material vegetal. Duas propriedades intrínsecas da célula vegetal são importantes no processo de propagação assexuada: a totipotência e a desdiferenciação. A totipotência é a capacidade que as células vegetais possuem de organizar e formar um novo indivíduo, mantendo a constituição genética necessária, sem haver recombinação genética. A desdiferenciação vegetal é o processo pelo qual uma célula diferenciada adulta, regride ou retorna à um estádio indiferenciado e, de acordo com o estímulo provocado, origina novos tipos de células. É o que acontece no método ou técnica de propagação assexuada por estacas caulinares, muito utilizado na horticultura e fruticultura, onde tecidos ou células adultas do caule podem vir a formar células ou tecidos vasculares, raízes iniciais e brotações novas para constituir um novo indivíduo. O método de estaquia pode ser feito com estacas de raízes, caules, brotos ou folhas. O mais comum é o uso de estacas caulinares herbáceas ou lenhosas. De maneira geral, coleta-se estacas o ano todo, contudo, prefere-se o período de inverno para as espécies de clima subtropical ou temperadas. Comumente, as estacas preparadas com três a cinco gemas e em torno de 10 a 15 cm de comprimento. Existem espécies de fácil, mediano e difícil enraizamento. Para as espécies de difícil enraizamento pode- se utilizar reguladores vegetais de crescimento, promotores de enraizamento como o ácido indolbutírico (IBA, sigla em inglês), uma substância sintética similar ao hormônio vegetal do grupo das auxinas, com o objetivo de aumentar a concentração endógena de auxinas nos tecidos e induzir a formação de raízes. O ácido indolbutírico é um dos mais utilizados e melhores estimuladores do enraizamento. O ácido naftaleno acético (NAA) também pode ser usado, no entanto, é mais tóxico e deve ser usado em concentrações menores. Normalmente, aplica-se auxina na base da estaca, provocando um aumento de concentração, que pode ter efeito estimulador até um ponto máximo, a partir desse ponto qualquer aumento na concentração de auxina é inibitório ao enraizamento. Cultivo de frutíferas em clima tropical 11 Dias & Mata (2021) A aplicação dos reguladores de crescimento pode acontecer por via seca por polvilhamento em talco ou via úmida por solução hidroalcóolica em solventes orgânicos (como o etanol, metanol, éter, dentre outros). Vale ressaltar a importância do binômio, concentração e tempo de aplicação. Para tratamento lento (12 ou 24 horas, por exemplo), adota-se uma concentração baixa. Para tratamento rápido (5, 10, 20 segundos, por exemplo) utiliza-se uma concentração alta. Outro método ou técnica bastante utilizada na propagação de plantas é a enxertia. Tradicionalmente, obtém-se o porta-enxerto ou “cavalo” por sementes e, em alguns casos, por estaquia, como acontece com os porta-enxertos de videira. O porta-enxerto é responsável por todo sistema radicular, suas características de desenvolvimento, resistência às pragas e doenças, bem como, adversidades edafoclimáticas. O enxerto, também denominado “cavaleiro” ou copa é responsável pela formação e desenvolvimento de toda parte aérea, bem como a produção de frutos. Os objetivos básicos da enxertia referem-se à resistência ou tolerância às pragas, doenças ou adversidade de solo e clima, antecipar a produção, uniformizar a planta e diminuir o porte. Dentre as diferentes técnicas de enxertia, destacam-se a enxertia por garfagem e a enxertia por borbulhia.A enxertia por garfagem pode ser feita em fenda cheia (tradicional), inglês simples ou inglês complicado. A enxertia por borbulhia (utiliza menos material vegetal que a garfagem) pode ser feita em forma de T invertido, T normal ou de placa. Geralmente, a enxertia pode ser realizada o ano todo, porém prefere-se evitar o período de chuvas, pois pode causar o insucesso da técnica ou método. A enxertia por garfagem é feita a altura de cerca de 20 a 30cm da base do colo do porta-enxerto, o caule deve apresentar coloração bronzeada e diâmetro de um lápis (cerca de 0,8 cm), os garfos (que constituirão a parte superior da planta ou copa) deve ser de matrizes selecionadas e produtivas, os garfos são feitos cortando-se os ponteiros com cinco a oito centímetros e fazendo a retirada dos pecíolos foliares, realiza-se o corte da parte basal do garfo em forma de bisel duplo ou “cunha” e, posteriormente, o corte do centro do caule do porta-enxerto até cerca de três centímetros e insere-se o garfo rente (casca com casca) ao porta-enxerto. Finalmente, procede-se a amarração do enxerto com fita de enxertia ou fitilho plástico para proteger o local do enxerto. Deve-se atentar para o a compatibilidade ou incompatibilidade do material utilizado como porta-enxerto e enxerto (copa). Se ocorrer incompatibilidade, o enxerto pode não se desenvolver ou pode-se formar um crescimento exagerado dos tecidos na região de enxertia denominado “pé-de-elefante” ou “pata-de-elefante”. A apomixia é outro método de propagação assexuada feita pela semente, formada e desenvolvida por tecidos da nucela (tecidos de reserva), sem a fusão dos gametas e dando origem ao embrião nucelar ou adventício, proveniente das células de tecido materno. Tais plantas oriundas dessas sementes são clones do material progenitor. O processo de apomixia tem certa importância para amoreira-preta, mangueira e citros, produzindo a sementes com embrião de origem nucelar e sementes com o embrião de origem gamética. Cultivo de frutíferas em clima tropical 12 Dias & Mata (2021) O método ou técnica da mergulhia pode ser no solo ou aérea. Quando a mergulhia for aérea também é conhecida como alporquia. A técnica da mergulhia ou alporquia passa a ter considerável importância para plantas nativas ou exóticas, nas quais se tem grande dificuldade em se produzir mudas. O método ou técnica de produção vegetal ou propagação por cultura de tecidos ou cultivo “in vitro”, também conhecido como micropropagação. As plantas produzidas por cultura de tecidos passam a ser uma opção interessante ao produtor de mudas ou viveirista. É uma opção não comercial, do ponto de vista do alto preço da muda produzida pelo custo com mão-de-obra capacitada e qualificada que demanda, estrutura específica e ambiente controlado e climatizado, bem como, altamente rígido em relação ao controle fitossanitário. No entanto, a qualidade da muda ou planta conseguida é muito superior aos demais métodos e práticas de propagação, visto a uniformidade e padrão das plantas, alto vigor e sanidade comprovada. Para plantas com grandes problemas fitossanitários como o abacaxizeiro, morangueiro, a batateira, a bananeira, a batata-doce e a mandioquinha-salsa, é um método importante de propagação de plantas. Independentemente do método ou técnica escolhida para propagação de plantas, é imprescindível a utilização de material vegetal com sanidade comprovada, oriundo de plantas vigorosas e altamente produtivas, de forma a buscar o melhor para a formação inicial de um plantio, pomar, lavoura comercial ou novo cultivo. Métodos de germinação de sementes frutíferas A produção brasileira de frutas une atrativos diversos e condições muito favoráveis para produzir, gerar renda e empregos, exportar e auxiliar no saldo positivo da balança comercial da economia, ao longo de todo o ano. A estimativa de produção foi de 43,5 milhões de toneladas em 2017, abaixo das 44,8 milhões de toneladas do ano anterior, segundo a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). O Brasil encontra-se na terceira posição entre os maiores produtores mundiais de frutas, com produção expressiva de cerca de 22 espécies e tantas outras exploradas e consumidas localmente, atrás de China e Índia (KIST et al., 2018). Independentemente da espécie de fruta produzida, existe o consenso de que o ponto principal em qualquer cultivo é a propagação da planta e produção da muda frutífera, sendo a semente, na maioria das vezes, a estrutura principal de propagação das frutíferas. A propagação é o conjunto de técnicas ou artifícios destinados a perpetuar as espécies de forma controlada. Os objetivos principais são de aumentar o número de plantas, garantindo a manutenção das características agronômicas das cultivares. Botanicamente, semente é considerada o resultado da fertilização e desenvolvimento do óvulo. A semente como principal arcabouço destinado a propagação é descrita pela Legislação Brasileira, Lei 10.711, de 05/08/2003, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como sendo: Cultivo de frutíferas em clima tropical 13 Dias & Mata (2021) “Material de reprodução vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura (BRASIL, 2003). Souza, Iara e Samuel (2016), relataram sobre a importância e o processo germinativo das sementes. Durante o processo evolutivo, as plantas desenvolveram formas de propagação assexuada (vegetativa ou multiplicação) e propagação sexuada (reprodutiva ou por sementes) para produzir descendentes. A maioria das espécies de plantas cultivadas ou selvagens, nativas ou exóticas apresenta propagação sexuada (reprodutiva ou por sementes), em que o diásporo é considerado a unidade de dispersão da espécie. No caso específico de plantas anuais, a semente é o fim de uma geração e o início de uma outra geração. Esse diásporo é a forma de dispersão, multiplicação, sobrevivência e preservação das espécies e da biodiversidade, uma vez que, o código genético representa a principal forma de disseminação das características hereditárias nos diferentes ambientes. Portanto, a função da semente viva é sua germinação, crescimento e desenvolvimento do embrião, originando uma nova planta. O sucesso do estabelecimento do novo indivíduo no tempo-espaço e o vigor da nova plântula são, em grande parte, determinados por características bioquímicas e ecofisiológicas. Durante o processo de formação das sementes ocorre a expansão do eixo embrionário, resultante da absorção de água e do acúmulo de substâncias de reserva, como os lipídeos, carboidratos e proteínas, sendo a fase final, a maturação das sementes. Nesta fase final, podem ocorrer várias transformações morfológicas e fisiológicas que, em sementes ortodoxas, culminam com a desidratação, podendo perder até 90% do seu peso em água. Os diásporos são representados, em sua maioria, pelas sementes. No entanto, em muitas espécies, o diásporo é o fruto, que pode conter além de semente, brácteas, pericarpo ou parte dele e o perianto. Em muitas sementes, o final do processo de maturação fisiológica está associado à desidratação das sementes. Podendo ser: Sementes ortodoxas: o teor de água varia de 5 a 10% de sua massa fresca (exemplo: soja, feijão, pau-brasil, milho) e podem ser desidratadas a níveis baixos de umidade; Sementes intermediárias: toleram dessecação entre 10 e 13% de umidade, mas quando desidratadas a 7% perdem significativamente a viabilidade (exemplo: café, mamão, dendê, nim); Sementes recalcitrantes: sementes com teor de água entre 60 a 70% de sua massa fresca, não toleram dessecação em níveis de umidade entre 15 a 20%. Viabilidade curta da semente (exemplo: araucária, cacau, coco, manga, abacate). Ao serem dispersas da planta-mãe (produtora de sementes),as sementes indicam que uma nova geração está se iniciando. A germinação e, posteriormente, o estabelecimento da plântula ocorrem quando as condições intrínsecas (da própria semente) e extrínsecas (do ambiente) são favoráveis. Para a retomada do crescimento do embrião é necessário que as sementes não apresentem inibidores Cultivo de frutíferas em clima tropical 14 Dias & Mata (2021) naturais de germinação, como o ácido abscísico (ABA) e que as condições ambientais sejam favoráveis, como: disponibilidade de água, presença de oxigênio e temperatura. As sementes expostas a essas condições ambientais favoráveis, germinam e são chamadas quiescentes, desempenhando importante papel no início do desenvolvimento da plântula, porque entram em repouso, com o metabolismo praticamente paralisado e representa um hiato no ciclo dos vegetais. Sementes quiescentes apresentam baixa atividade metabólica, suficiente apenas para manter o embrião vivo. Nesse estado, as sementes são capazes de se manter vivas por muitos anos e, em alguns casos, quando armazenadas em herbários e museus, podem sobreviver por mais de 100 anos. Algumas sementes ainda podem apresentar diferentes tipos de dormência de acordo com a origem, sendo elas (HARTMANN et al., 2011): Dormência primária: se manifesta quando se completa seu ciclo de desenvolvimento; Dormência secundária: sementes que não apresentam dormência, germinam normalmente, mas quando expostas a fatores ambientais desfavoráveis são induzidas ao estado de dormência. A dormência pode ser perdida com o tempo, tornando-se quiescente. Podendo o embrião continuar dormente, devido à sua imaturidade, presença de substâncias inibidoras, como o ABA, cumarinas, compostos fenólicos e taninos, bem como, à exigência de temperatura e luz, como é o caso das sementes fotoblásticas positivas. A dormência fisiológica ou endógena é própria do embrião, que ocorre devido à presença de inibidores naturais como o ABA ou a ausência de promotores como o ácido giberélico (GA) no embrião. O método de quebra de dormência é frequentemente associado à quebra da relação ABA/GA. A dormência física ou tegumentar é imposta pela casca e ou outros tecidos (endosperma, pericarpo ou órgãos extraflorais), devido a: 1-Impedimento da absorção de água pela presença de cutículas cerosas, camadas suberizadas e esclereides lignificados; 2-Dureza mecânica pelo tegumento rígido que não permite a emersão da radícula, ou ainda, interferência nas trocas gasosas pelo tegumento pouco permeável ao oxigênio; 3-Retenção de inibidores pelo tegumento, que evita lixiviação de inibidores do interior da semente. A presença de dormência em algumas sementes não é necessariamente uma desvantagem. Em alguns casos, o método de quebra de dormência pode ser conseguido por luz de comprimento de onda na região do espectro vermelho. O método de quebra de dormência pode ser acelerado pela exposição das sementes às condições flutuantes, como as que ocorrem em regiões de clima temperado, em que há ciclos sazonais de temperatura. As sementes não sofrem a influência de um fator, mas de vários fatores que ocorrem simultaneamente. Um bom exemplo é o caso das sementes fotoblásticas positivas. Cultivo de frutíferas em clima tropical 15 Dias & Mata (2021) A dormência de sementes pode ter variadas causas, portanto, antes da escolha do método de quebra de dormência e retomada da germinação, deve-se, primeiramente, tentar descobrir a causa, além da existência de ciclos de sensibilidade das sementes aos processos de superação de dormência. Isto pode influir em maior ou menor sucesso na aplicação do método de quebra de dormência. Quando a dormência é causada por desequilíbrio entre promotores e inibidores da germinação ou que impedem a germinação, devem ser empregados métodos que aumentam a ação de estimuladores de germinação ou que impedem a ação dos inibidores, como a estratificação, a aplicação direta de substâncias (como giberelinas, citocininas e etileno) e lixiviação. A eficiência da quebra de dormência é uma das principais características a se considerar na escolha do método. Dessa forma, antes de se optar por um método, deve-se observar o grau de eficiência e o elevado grau de reprodutibilidade. Outro método consiste na remoção parcial ou total do revestimento protetor da semente para facilitar a entrada de água (embebição), considerada como início da germinação. O tegumento seminal ou testa age como barreira nas trocas gasosas ou na entrada de luz, bem como, impedimento à saída de inibidores endógenos, ou ainda, fornece inibidores para o crescimento, impedindo a germinação. O método de remoção do revestimento protetor por tratamentos mecânicos diversos é denominado escarificação, podendo ser feita com ferramentas ou materiais cortantes ou abrasivos. A escarificação também pode ser realizada por meio de agentes químicos fortes, como o ácido sulfúrico concentrado. Também, recomenda-se o método físico da água para lavagem dos inibidores de crescimento presentes nas sementes. O método de escarificação pode ser usado em algumas sementes que podem ter a dormência quebrada quando hidratada ou exposta a baixas ou altas temperaturas. Entre os agentes ou métodos químicos utilizados para a quebra de dormência estão: ácidos (ácido sulfúrico), ácido nítrico (HNO3), hipoclorito de sódio (NaClO3), nitrato de potássio (KNO3), etanol (CH3CH2OH) e a água oxigenada (H2O2). Os reguladores de crescimento têm papel importante na quebra de dormência de sementes, dentre esses destacam-se as giberelinas (GA3 ou ácido giberélico, GA4 e GA7), as citocininas (benziladenina e cinetina) e etileno. Geralmente, os reguladores de crescimento apresentam maiores resultados quando associados a fatores como luz e outros reguladores (balanço). A aplicação exógena de ABA e GA3 pode atuar de modo inverso no controle da síntese de enzimas envolvidas na degradação das paredes celulares do endosperma. Muitos anos atrás, foi observado que alguns comprimentos de onda da luz produzem efeitos na germinação de algumas sementes. Por exemplo, na alface a luz vermelha (660nm) induz um grande aumento na germinação. Já, a luz vermelho-extremo, vermelho-distante ou vermelho-longo (730nm) induz inibição da germinação. A luz é absorvida por um pigmento denominado fitocromo (uma cromo proteína) que, dependendo do comprimento de onda da luz que ele absorve, converte-se em duas formas: a) FV (inativa): comprimento de onda 660nm converte-se na segunda forma; b) FVe (ativa): comprimento de 730nm tem absorção máxima de luz. Por isso, a indução na germinação ocorre na maior parte das sementes fotoblásticas. Cultivo de frutíferas em clima tropical 16 Dias & Mata (2021) Também, pode ser utilizado como método de quebra de dormência de algumas espécies com aplicação de luz branca, como para pereira brava, macieira, pessegueiro e espécies florestais. Em alguns casos, o efeito da luz depende da temperatura como para a alface, que ser insensível à luz a temperatura de 20oC, no entanto, em temperatura mais elevada (aproximadamente 35oC) tornam-se fotoblásticas. Para responder a luz a semente deve ser hidratada e, em alguns casos, utilizar o método de escarificação. Scalon et al. (2009), avaliando o potencial germinativo de gabiroba (Campomanesia sp.), uma frutífera do Cerrado, testaram diferentes métodos e verificaram que os tratamentos hormonais com bioestimulante Stimulate®, contendo auxina, giberelina e citocinina, foi o mais eficiente. Oliveira et al. (2002) verificaram que, a semente de Bacuri (Platonia insignis Mart.) recomenda-se para acelerar a emergência de radículas, efetuar dois cortes laterais no plano dorsal/ventral da semente, sendo um método simples e econômico, além da redução no tempo. Morais Júnior et al. (2015), concluíram que a fragmentação dos pirênios de mucuri (Byrsonima crassifóliaL. Rich.) seguida de imersão por 24 horas em solução de ácido giberélico na concentração de 500mg L-1 foi o método mais eficiente para promover a germinação. Floração e frutificação de plantas frutíferas O tronco e os ramos formam o esqueleto que sustenta as folhas, órgãos de floração e frutificação, gemas e frutos. Em plantas frutíferas lenhosas, as gemas constituem-se nos órgãos vegetativos por excelência, pois delas depende todo o crescimento e o desenvolvimento das frutas. De acordo com a sua posição na planta, as gemas podem ser classificadas em terminais, axilares, secundárias e basais. Já pela estrutura, elas podem ser classificadas em vegetativas, floríferas e mistas. O processo de formação das gemas inicia-se com a brotação e, de forma evolutiva durante o período vegetativo, parte delas permanecem vegetativas, enquanto as demais se diferenciam em gemas floríferas. Segundo as espécies, as gemas floríferas podem ser formadas antes da brotação, durante a brotação ou posteriormente a abertura das gemas vegetativas. Geralmente, em plantas frutíferas de clima temperado, o processo de diferenciação de gemas ocorre no final da primavera ou no verão, ou seja, seis a oito meses antes da abertura na primavera seguinte. Este processo é realizado de forma evolutiva, começa com a diferenciação floral (escamas, sépalas, pétalas, estames e primórdio do pistilo) e termina com a abertura da flor na primavera. Trabalhos desenvolvidos, em seis cultivares de pessegueiro, concluíram que o início da diferenciação floral ocorre em meados de janeiro a meados de fevereiro (verão), podendo adiantar de 15 a 20 dias dependendo dos fatores climáticos. As datas de final da meiose mantiveram-se para a mesma cultivar, com diferenças inferiores a 10 dias. O processo de indução floral é largamente estudado em fruticultura. De acordo com a teoria de Klaus e Kraybill, em 1918, o processo dependia da relação carbono/nitrogênio (C/N), sendo a teoria, se essa relação fosse moderadamente alta, haveria indução floral, entretanto, se ela fosse baixa, favoreceria Cultivo de frutíferas em clima tropical 17 Dias & Mata (2021) o crescimento vegetativo. Estudos posteriores demonstraram que, além do carbono e nitrogênio, estão envolvidos hormônios endógenos. Na atualidade se admite que a indução floral depende do balanço hormonal e da nutrição e, é claramente favorecido pela massa fotossintética e pelos tratos culturais aplicados às frutíferas. Algumas práticas culturais, tais como, o anelamento de ramos e o uso de reguladores vegetais, substâncias artificiais similares aos hormônios vegetais, como o etileno, estimulam a indução floral. Ao passo que, a presença de frutas em quantidades elevadas concorre com a indução floral, principalmente pela relação que existe com a síntese e translocação de giberelinas das sementes dos frutos e nos ápices de crescimento, estabelecendo, ao longo de muitas safras ou ciclos produtivos, o que se caracteriza de alternância de produção. A prática cultural da poda pode diminuir esse fenômeno. A formação do fruto se dá por fecundação do óvulo ou pelo processo de partenocarpia. No primeiro caso, processo mais comum, para a formação do fruto é necessário que haja formação do grão de pólen, polinização, germinação do pólen, crescimento do tubo polínico e fecundação. O processo de floração apresenta uma duração variável, podendo chegar até 25 dias, sendo que se denomina de plena floração quando de 50 a 70% das flores estão abertas. As plantas frutíferas, com exceção de serem auto férteis como o pessegueiro, necessitam de polinização cruzada como forma de garantir uma boa produção no pomar. Particularmente no caso das macieiras, pereiras e ameixeiras é necessário o plantio intercalado de plantas produtoras de grãos de pólen (polinizadoras), numa proporção de 10 a 20% para garantir uma boa polinização, fecundação e ou fertilização e, consequentemente, produção de frutos no pomar. A presença de insetos polinizadores ajuda a minimizar os riscos no cultivo. Portanto, insetos como abelhas, no período de floração é uma prática amplamente indicada e ou recomendada. O processo de formação de frutos começa com a floração, fecundação e vingamento, e termina com a maturação. A duração varia de menos de um mês, como no caso do morangueiro, até 16 meses, como no caso de algumas cultivares de laranjeira. O desenvolvimento dos frutos com sementes é representado por uma curva sigmóide simples, ao passo que, para frutas com caroço são representados por uma curva sigmóide dupla. Durante esse processo, a fruta passa por diferentes fases, como: a) Multiplicação celular: fase com duração de 10 a 30 dias, com divisão celular intensa, fazendo com que a fruta atinja praticamente o número total de células; b) Elongação celular: as células acumulam água e nutrientes, provocando aumento no volume e tamanho do fruto. Esta fase dura de 30 a 90 dias. No caso de frutas de caroço, como o pêssego e a ameixeira, pode ocorrer paralisação do crescimento do fruto para dar lugar ao desenvolvimento do caroço, sendo que a duração é variável para cultivares precoces e tardias; c) Maturação: nesta fase ocorrem uma série de transformações bioquímicas, tais como a diminuição da acidez, aumento dos teores de açúcares, alterações na cor e aroma, dentre outras. O Cultivo de frutíferas em clima tropical 18 Dias & Mata (2021) aumento do tamanho ocorre fundamentalmente devido ao acúmulo de água. A duração desta fase varia de 10 a 30 dias. No decorrer do desenvolvimento dos frutos ocorrem uma sucessão de fenômenos fisiológicos que podem provocar a queda precoce dos frutos. Além disso, em qualquer época podem ocorrer quedas acidentais provocadas por vento, chuva, chuva de granizo, pragas e doenças, dentre outros fatores incontroláveis da natureza. Tais quedas podem ser: a) Queda dos frutos no vingamento (estádios iniciais de desenvolvimento): ocorrem queda prematura de flores e frutos mal fecundados. Pode ocorrer queda de até 95% da floração total, tal situação pode ser agravada quando acontecer, simultaneamente, com geadas, chuvas em excesso ou falta de polinização; b) Queda no enchimento dos frutos (“June drop”): nesta fase ocorre competição entre frutos, normalmente no final do período de multiplicação celular e início do engrossamento do fruto. Nesta fase podem cair de 10 a 30% dos frutos presentes na planta, situação esta, agravada por problemas nutricionais e climáticos; c) Queda na pré-colheita: forma-se uma camada de abscisão entre o fruto e o pedúnculo, o que facilita a queda dos frutos. É comum em espécies frutíferas como a macieira e a pereira. Alguns fenômenos climáticos podem agravar a situação como longos períodos de seca, ventos constantes e fortes, incidência de pragas e doenças. Os frutos caem antes do tempo e, quase sempre, ainda estão inadequados para o consumo. O uso de regulador vegetal como o ácido naftaleno acético (NAA), em baixas concentrações aplicadas na forma de pulverizações podem diminuir os efeitos da queda pré-colheita (FACHINELLO, 2009). Outros fatores, como apresenta Simão (1971; 1998) estão relacionados à floração e, consequentemente, frutificação. Esses fatores podem ser internos e externos, pois nem todas as plantas frutificam regularmente todos os anos, diferindo de região para região (localização) e de acordo com o processo de cultivo, plantas que frutificam bem em determinadas condições ecológicas (ambientais) e plantas que deixam a desejar em outras condições ecológicas. Vários fatores internos afetam a frutificação das plantas frutíferas, mas dentre eles podemos citar: a) evolução; b) genéticos e; c) fisiológicos. Na natureza, os vegetais cruzam-se livremente, este é o fator de garantia de manutenção do vigor da espécie, no entanto, aquilo que naturalmente é uma vantagem, nem sempre o é, em condições de cultivo.Por causa da polinização cruzada aparecem aleatoriamente formações distintas, oferecendo dificuldades à autopolinização, tornando em certos casos impraticável. Plantas auto férteis apresentam sérios entraves à exploração econômica, necessitando estudo biológico e uma disposição ou distribuição particular no pomar, para produzirem. A tendência evolutiva afeta a distribuição e o número de flores nos ramos e altera o comportamento, sendo importantes os seguintes casos: as flores incompletas (como no caso do caquizeiro, mamoeiro e figueira); heterostilia (com estilos e estames de comprimento variáveis, como Cultivo de frutíferas em clima tropical 19 Dias & Mata (2021) no caso da videira e figueira); arranjamento estrutural dificultando a polinização (como em macieira var. Deliciosa); dicogamia (fenômeno da maturação do estigma e da antera em tempos diferentes como em mangueira, abacateiro, anonáceas e figueira); desenvolvimento parcial da flor ou botões floríferos (em mangueira, pecã, videira, oliveira e ameixeira); inviabilidade de grão de pólen (em ameixeira, mangueira e algumas variedades de videira, macieira e pereira). A influência genética na frutificação está associada a constituição do citoplasma. A falta de frutificação pode estar associada ao hibridismo (levando a esterilidade, ausência de sementes e ou produção de frutos partenocárpicos, como em híbridos de pessegueiro, ameixeira, bananeira, macieira, videira e tamareira); incompatibilidade entre o pólen e óvulos da mesma planta (em videira, pereira, macieira, ameixeira e oliveira), dentre outros. Do ponto de vista fisiológico, a baixa frutificação ou presença reduzida de sementes podem estar relacionadas à deficiência nutritiva da frutífera, devido às causas como: desenvolvimento lento ou anormal do tubo polínico; polinização antecipada ou retardada (em caquizeiro, pereira e ameixeira); além das condições internas de nutrição. A improdutividade pode estar associada a fatores externos como: presença de elementos minerais no solo; plantas enxertadas (o que pode ocorrer em caquizeiro, videira, laranjeira doce enxertada sobre limão cravo ou laranjeira caipira); poda excessiva de ramos; localidade influindo no comportamento e frutificação (como em mangueira e videira); época (estações) do ano; idade e vigor da planta (macieira e pereira produzindo à medida que envelhecem, bem como, videira Moscatel de Alexandria e coco-da-baía). Os fatores do clima também influenciam a frutificação, destacando-se, temperatura (macieira em temperatura ao redor de 20oC favorece germinação de pólen, por exemplo, além do mamoeiro que em épocas de temperatura mais baixa ou altitude elevada produz bem); luz (macieira e mangueira não florescem à sombra); chuvas durante o florescimento (reduz frutificação em abacateiro, mangueira, videira, macieira e ameixeira); falta de água ou umidade (abacateiro, mangueira, macieira, oliveira, caquizeiro e citros perdem grande quantidade de frutos); ventos intensos e fortes (em mangueira de 15 a 20% dos frutos se desprendem); pragas e doenças (ferrugem da jabuticabeira e goiabeira, oídio e antracnose em videira e mangueira, dentre muitas outras). A floração e frutificação de plantas frutíferas é amplamente influenciada pelos fatores internos e externos e, estes, pelo monitoramento constante e manejo no pomar, buscando as melhores práticas culturais e métodos de cultivo para um pomar produtivo e com qualidade de frutos. Métodos de cultivo de frutíferas convencionais e orgânicas De maneira geral, encontra-se amplamente distribuído no mundo duas vertentes ou sistemas de cultivo agrícola e, no caso do cultivo de frutíferas não é diferente, encontra-se o sistema de cultivo Cultivo de frutíferas em clima tropical 20 Dias & Mata (2021) convencional e o sistema de cultivo orgânico. No entanto, existem diferenças acentuadas entre os dois sistemas no que se refere à abordagem e aplicações das práticas culturais. Contrapondo esse sistema de cultivo, encontra-se a agricultura orgânica ou sistema de cultivo orgânico, que segundo Neves et al. (2000) seria onde: “O manejo da unidade de produção agrícola visa promover a agrobiodiversidade e os ciclos biológicos, procurando a sustentabilidade social, ambiental e econômica da unidade, no tempo e espaço.” De acordo com as disposições da Lei n. 10.831, de 23 de dezembro de 2003, a agricultura orgânica tem como princípio básico o estabelecimento do equilíbrio com a natureza, por meio da aplicação de técnicas naturais de adubação, controle do solo e de pragas (BRASIL, 2003). No cultivo orgânico recomenda-se o uso de corretivos e fertilizantes naturais, de solubilidade e liberação lenta, além de ação gradativa. Prioriza-se o equilíbrio de nutrientes, nas suas formas orgânicas, evitando os excessos e contribuindo para manter os atributos do solo e da água. A implantação de frutíferas usa insumos e recursos, em sua maioria, advindos da própria propriedade, como fibras vegetais, madeira, bambu, além de minimizar o uso de máquinas e equipamentos, priorizando e valorizando a mão-de-obra familiar ou local, gerando emprego e renda. As adubações de plantio (fundação) e coberturas (manutenção), normalmente, empregam fertilizantes orgânicos ou extratos vegetais (caldas nutricionais), ou ainda, rochas moídas (apatitas, fosforita) e matéria orgânica decomposta (húmus), além de adubações verdes (com leguminosas, como mucuna, leucena, feijão-de-porco). A condução das frutíferas é realizada com o uso de práticas culturais, normalmente associadas, como o cultivo intercalar, rotação de culturas, poda de formação, poda de limpeza ou verde, poda de frutificação, aplicação ou pulverização de caldas nutricionais ou fitoprotetoras (como o extrato de nim, calda bordalesa, calda sulfocálcica, bokashi, dentre outras), roçada ou capina das entrelinhas das plantas em cultivo. A prática da colheita e comercialização, normalmente certificada e fiscalizada, prioriza o bem- estar dos produtores e da população, qualidade organoléptica diferenciada, qualidade fitossanitária garantida (uma vez que, os produtos usados na produção são naturais ou biodegradáveis), qualidade comercial (atentando para o ponto de colheita ideal de cada espécie frutífera) e qualidade nutricional (com altos níveis de nutrientes e antioxidantes favoráveis à saúde humana). Entretanto, a agricultura orgânica deve e pode ser bem gerida, pois se conduzida desconforme aos princípios e normas pode ocasionar contaminação microbiana ou parasítica (pela grande quantidade de estercos e resíduos que utiliza); aumento no teor de nitratos nas plantas como consequência do crescente aporte de fertilizantes orgânicos ricos em nitrogênio como os estercos. Os nitratos podem ser reduzidos a nitritos, que combinados com aminas formam nitrosaminas, substâncias potencialmente cancerígenas; além disso, podem ter um alto custo produtivo pela utilização de insumos caros e muita mão-de-obra. No entanto, isso pode ser minimizado ou superado pelo processo de Cultivo de frutíferas em clima tropical 21 Dias & Mata (2021) certificação e agregação de valor aos produtos, tendo grande valor de mercado e demanda crescente ao longo dos anos. Em vista dos dois sistemas de produção apresentados, conclui-se que de maneira geral, os principais métodos e ou práticas adotadas, tanto no cultivo convencional quanto no orgânico de frutíferas, estão alicerçados no preparo e correção do solo, implantação da cultura, adubação, condução da cultura, podas, controle de plantas daninhas e manejo fitossanitário, além da colheita e comercialização. As principais diferenças residem na intensividade do uso do solo e no emprego de insumos com maior ou menor solubilidade no solo, além da forma de aplicação e ação que fungicidas, inseticidas, herbicidas, dentre outros insumos e agrotóxicos, bem como, de produtosmenos agressivos ao homem e o ambiente, que procuram manter o agroecossistema em equilíbrio, proporcionando o melhor retorno econômico em ambos os sistemas de produção. Utilização de resíduos na fertilização de frutíferas No Brasil, país onde o agronegócio é extremamente relevante, representando aproximadamente 24% do Produto Interno Bruto (PIB) da federação. A produção agrícola representa, deste valor 70% da arrecadação, refletindo na manutenção do saldo positivo da balança comercial brasileira de importações e exportações. Anualmente, a fruticultura participa com cerca de US$10 bilhões em valor bruto inserido dentro da produção agrícola. A fruticultura brasileira é uma das mais diversas, com 22 espécies principais e outras espécies difundidas por diferentes áreas do país. Com aproximadamente 43,5 milhões de toneladas anuais produzidas no ano de 2017, em cerca de 2,0 milhões de hectares e, consequentemente, ocupando a terceira colocação mundial de produtores de frutas, atrás de Índia e China (KIST et al., 2018). Portanto, vale afirmar que o Brasil é um país essencialmente agrícola e que, cerca de um terço das riquezas produzidas no país vêm do recurso natural, o solo. Assim, justifica a importância de estudos relativos a esse fator de produção tão primordial para o país. No Brasil, os rendimentos produtivos das frutíferas permanecem aquém dos rendimentos que podem ser alcançados comparado à países tradicionais no cultivo de frutas. De maneira geral, os solos possuem limites naturais (baixa fertilidade natural, seria um deles) para nutrir as plantas e sustentar a produção vegetal (PARENT & GAGNÉ, 2010). A degradação da qualidade dos solos reduz esses limites naturais, ao mesmo tempo que pode deteriorar a qualidade da água para os diferentes usos. É inaceitável, na atualidade, crer que o emprego de quaisquer tecnologias possa compensar uma gestão incorreta desse recurso natural imprescindível, o solo. Em função do melhoramento genético de variedades ou cultivares, ao longo de décadas, as plantas frutíferas aumentaram o potencial produtivo e a qualidade das produções, entretanto, a exigência, a exploração de nutrientes e o uso desses nutrientes também aumentou. Ademais, os solos do Cultivo de frutíferas em clima tropical 22 Dias & Mata (2021) Brasil são naturalmente ácidos e pobres em termos de fertilidade, além de serem submetidos à intensa exploração, levando-os a exaurir sua capacidade de prover as plantas em nutrientes. A acidez associada a insuficiência do balanço de nutrientes, são fatores que interferem na produtividade agrícola, especialmente em solos das regiões tropicais do planeta (ROZANE; BRUNETTO; NATALE, 2017). A fertilidade do solo tem direta relação com a nutrição mineral das plantas. Os vegetais extraem do solo, os elementos nutricionais necessários para suprir satisfatoriamente suas exigências e manifestar todo o seu potencial genético em produção e qualidade. No entanto, há grande variação na capacidade do solo suprir as plantas em nutrientes. Solos de regiões tropicais, na maioria das vezes, não conseguem fornecer em quantidade, diversidade e qualidade necessárias de todos os nutrientes exigidos pelas plantas frutíferas. Convém destacar a importância do uso e manejo de resíduos agrícolas, sobretudo vegetais, sempre que possível para complementar ou substituir a adubação convencional com fertilizantes minerais e satisfazer as exigências nutricionais das plantas frutíferas. Segundo a Lei n. 6.894, de 16 de dezembro de 1980 (Redação dada pela Lei nº 12890, de 2013) fertilizante seria “a substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou mais nutrientes vegetais.” Os resíduos além de serem fonte de macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre) e micronutrientes (boro, ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio), podem aumentar o conteúdo de carbono de fontes orgânicas no solo e, por consequência, incrementar os teores de matéria orgânica no solo, principalmente em solos degradados, além de promover melhorias nos atributos físicos, químicos e biológicos, o que é conhecido em diferentes sistemas de cultivo que trabalham com resíduos, sobretudo, o sistema de cultivo orgânico. Todavia, no Brasil, estudos adicionais devem ser realizados no intuito de escolher as melhores fontes de resíduos orgânicos a serem utilizados nos pomares, as melhorias nos atributos do solo nas diferentes condições ecofisiológicas ou edafoclimáticas, além do impacto no crescimento do sistema radicular, da parte aérea, da produção, além do balanço nutricional das frutíferas. De maneira geral, resíduos são quaisquer materiais oriundos das atividades industriais ou humanas que não seja aproveitado, na forma líquida ou sólida. Ou ainda, segundo a legislação de 2 de agosto de 2010: “Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou que exijam para isso soluções técnica ou economicamente viáveis em face da melhor tecnologia disponível” (BRASIL, 2010). Dentre os principais resíduos tratados e reutilizados na agricultura pode-se citar os resíduos de animais (como os dejetos de bovinos, aves, suínos, equinos, digestão bovina, resíduos de frigorífico, utilizados e transformados em estercos), resíduos agroindustriais (do processamento de alimentos, Cultivo de frutíferas em clima tropical 23 Dias & Mata (2021) vinhaça e torta de filtro do processamento da cana-de-açúcar e fibras vegetais), resíduo de tratamento de esgoto e água (lodo), fosfogesso, escoria de siderurgia, restos de poda e controle de plantas daninhas, sobras culturais em final de ciclo (como no caso da parte aérea do abacaxizeiro), dentre muitos outros. As limitações de emprego de resíduos utilizados na agricultura, se dá em vista da quantidade de resíduos produzida (a exemplo do montante de dejetos de suínos produzida em criações confinadas) e da forma de tratamento e reutilização dos mesmos, de maneira a evitar contaminação de solo e das águas, tanto superficiais quanto subterrâneas. Cardoso, Oyamada e Silva (2015) evidenciaram que, a contaminação dos lençóis freáticos é o principal problema ambiental causado pelo manejo inadequado dos dejetos suínos e que existem tratamento como: lagoas de decantação, esterqueiras, bioesterqueiras, biodigestores, compostagem e cama sobreposta. Estes, buscam minimizar os impactos ambientais causados pelos dejetos, uma vez que a escolha do processo ocorre pela quantidade de dejetos produzida. No Brasil prevalece o uso de esterqueiras e lagoas de decantação, todavia, entre as propriedades integradas a grandes empresas do ramo alimentício destaca-se o uso de biodigestores, além da compostagem e a cama sobreposta são alternativas de tratamento menos utilizadas. As limitações sobre o uso de alguns resíduos, a exemplo do lodo de esgoto, referem-se quanto ao seu emprego em culturas agrícolas, onde o consumo se dá, de modo geral, in natura, a exemplo das hortaliças e frutíferas. Hirata et al. (2015) referem-se as possíveis limitações referentes a: a) composição do lodo e taxa de aplicação; b) contaminação do solo; c) contaminação dos alimentos; d) possível patogenicidade e; e) liberação de odores indesejados. No entanto, pode ser uma alternativa para cultivo de plantas ornamentais e flores de corte, bem como, recuperação de áreas degradadas por possuir alta taxa de aplicabilidade, além de resultados positivos sobre a reconstituição do solo e flora. A Instrução Normativa Nº 17, de 18 de Junho de 2014, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), estabelece regulamento técnico para os sistemas orgânicos deprodução e sobre utilização de resíduos, normatiza a produção animal, destinando os resíduos da produção e respeitando a legislação ambiental aplicável; uso de outros produtos permitidos, desde que não contenham resíduos contaminantes oriundos do processo de fabricação; uso de composto proveniente de resíduos orgânicos domésticos, resíduos de alimentos oriundos de comercialização, preparo e consumo em estabelecimentos comerciais e industriais, bem como, materiais vegetais de podas e jardins; uso de resíduos de origem vegetal; resíduos de biodigestores e de lagoas de decantação e fermentação são permitidos desde que seu uso e manejo não causem danos à saúde e ao meio ambiente, além de permitidos desde que bioestabilizados; dentre outras coisas. A adição de resíduos orgânicos como composto orgânico, dejetos de aves e esterco bovino são os mais conhecidos e utilizados para promover maior crescimento, aumento de produtividade e melhora dos parâmetros qualitativos (como cor, sabor, textura, dentre outros) em comparação aos fertilizantes minerais de alta solubilidade. Provavelmente, essas características possam estar associadas aos processo de liberação lenta de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), além dos micronutrientes, o que pode aumentar o sincronismo com a absorção das plantas, sem considerar que esses resíduos podem Cultivo de frutíferas em clima tropical 24 Dias & Mata (2021) ser considerados condicionadores (produtos que melhoram alguma propriedade física ou físico-química e, consequentemente, biológica) do solo como, por exemplo, do ponto de vista físico provocam o aumento da retenção da umidade do solo; aumento da porosidade e fornecedores de energia bioquímica para reações microbiológicas do solo; melhora a estrutura do solo (agente cimentante); facilita a drenagem da água; aumenta a circulação de ar no solo; reduz a variação de temperatura; amortiza o impacto direto das gotas de chuva; aumenta a disponibilidade e absorção de nutrientes; bem como, aumenta a superfície específica dos coloides para reações no solo. As propriedades químicas do solo são favorecidas por: aumento da capacidade de troca catiônica (CTC); aumenta a adsorção de cátions; eleva ou diminui o potencial hidrogeniônico (pH); complexa o alumínio tóxico; controla a presença de elementos que podem ser tóxicos (como o ferro, manganês e metais pesados) pela capacidade de fixar, quelar ou complexar tais elementos; auxilia na recuperação de solos salinos; aumenta o poder tampão do solo; fixa nitrogênio do ar e fornece substâncias estimulantes de crescimento. A matéria orgânica advinda dos resíduos também influência nas propriedades biológicas do solo, tais como: aumenta a atividade de microrganismos; aumenta a atividade de micorrizas (fungos arbusculares que aumentam a superfície radicular e a absorção de nutrientes); aumenta a atividade de bactérias do gênero Rhizobium (fixadoras de N2 atmosférico) e aumenta a atividade de minhocas (as quais, arejam o solo e transformam a matéria orgânica fresca em matéria orgânica decomposta – húmus). Por isso, os resíduos orgânicos podem e devem ser utilizados aplicados de forma única, parcelada ou complementar aos fertilizantes minerais em pomares de plantas frutíferas. Diante disso, pode-se concluir que, a utilização de resíduos na fertilização de frutíferas é uma prática recomendável, ambientalmente correta, economicamente viável e segura ao ser humano, desde que respeitada os preceitos, requisitos e normas de segurança. Controle fitossanitário em frutíferas Uma das vertentes mais importantes no cultivo e produção de plantas frutíferas é o controle fitossanitário das espécies. O controle fitossanitário, em geral, abrange práticas e métodos convencionais ou alternativos, naturais ou sintéticos de manejo de pragas, doenças (principalmente causadas por fungos, bactérias, nematoides ou vírus) e plantas daninhas, nos diferentes cultivos e, neste caso em particular, no cultivo de frutíferas. Questões importantes devem ser abordadas sobre o uso desordenado e indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional, a complexidade dos sistemas naturais e dos agroecossistemas, as tecnologias de proteção de plantas frutíferas, bem como, as possíveis alterações nos sistemas produtivos, buscando sistemas mais próximos da sustentabilidade agrícola. Cultivo de frutíferas em clima tropical 25 Dias & Mata (2021) Uma parte expressiva do tempo do agricultor, custos operacionais e pessoais, aquisição e uso de produtos, ferramentas e ou serviços são utilizadas visando maior e melhor controle fitossanitário das plantas e, com as espécies frutíferas não é diferente. O uso intensivo, abusivo e indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional tem provocado vários problemas ambientais, como a contaminação dos alimentos, do solo, da água e dos animais; intoxicação de um número cada vez maior de agricultores; resistência de patógenos, de pragas e doenças, além de plantas daninhas (ou invasoras) a determinados agrotóxicos; desequilíbrio biológico, alterando a ciclagem de nutrientes e matéria orgânica; diminuindo ou eliminando a biodiversidade, especialmente de microrganismos benéficos (CAMPANHOLA & BETTIOL, 2003). A legislação fitossanitária brasileira, Lei 7.802 de 11 de julho de 1989 e Decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002, define agrotóxico e afins como sendo: “a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinado ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos; b) substâncias ou produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e inibidores de crescimento” (BRASIL, 2002). A legislação também denomina e considera sinônimo de agrotóxico, produtos denominados de pesticidas, produtos fitossanitários ou defensivos agrícolas. Grande parte dos agrotóxicos aplicados é perdida no campo. Estima-se que aproximadamente 90% dos agrotóxicos aplicados não atinjam o alvo, sendo dissipados para o meio ambiente, atingindo o solo e podendo chegar a reservatórios e cursos d’água. As perdas, em geral, devem-se a aplicação inadequada, tanto no momento desfavorável quanto em relação a tecnologia empregada. Medidas de controle deveriam ser empregadas somente quando fossem atingidos os níveis de dano econômico. Evitando o uso excessivo de produtos, sobretudo agrotóxico, além de diminuir custo com mão-de-obra, equipamentos e recursos diversos. O uso de cultivares resistentes é fundamental para os diferentes sistemas agrícolas. Trata-se de um método de controle fitossanitário barato e de fácil utilização para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas em frutíferas. Associado a este método, recomenda-se a aquisição de sementes ou qualquer outro material propagativo como mudas, de produtores e ou viveirista idôneos, fiscalizados e credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A remoção do material infectado pelo patógeno também pode ser utilizado como controle alternativo evitando contaminações ou diminuindo contaminações futuras de novos ciclos de pragas ou doenças no cultivo de frutíferas. O monitoramento constante aliado a identificação de plantas atípicas Cultivo de frutíferas em clima tropical 26 Dias & Mata (2021) ou com sintomas perceptíveis de pragas ou doenças devem ser sistematicamente eliminadas do cultivo, prática essa conhecida como “roguing”. Métodos alternativos de controle fitossanitário em frutíferas têm sido preferidos e priorizados, como o uso do controle biológico de pragas e doenças, utilizando microhimenópteros e parasitoides (como ocorre em diversos países como, por exemplo, China, Estados Unidos, França, Israel, República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Espanha). Outro exemplo é o controle das moscas-das-frutas por controle hidrotérmico e físico obtido pela imersão dos frutos em água quente (a 46oC) e o uso de armadilhas na área de cultivo. Para algumas doenças de plantas frutíferas, o destaque fica por conta do uso da técnica alternativa de premunização com estirpes fracas de vírus da tristeza dos citros, como ocorre com praticamente todas as mudas de laranja Pera comercializadas no país. Outro caso de sucesso é o uso de Baculovirus anticarsia utilizado em diversas culturas para o controle de lagartas. A utilização de matéria orgânica, tanto por meio de incorporação ao solo, como após transformação em húmus ou biofertilizante, deve ser considerado como um método alternativo de controle de pragas, doenças e plantas daninhas. A matéria orgânica possui um efeito nutricional, fornecendo macro e micronutrientes, bem como, outros metabólitos como antibióticos e hormônios. Portanto, a adição regular de matéria orgânica pode estimular a atividade de microrganismos primários, especialmente fungos, bactérias, ácaros, nematoides e artrópodes, que podem auxiliar no controle de fitopatógenos. Por exemplo, a supressão de Phytophthora cinnamoni Rands. em abacate cultivado na Austrália. Diversas outras práticas culturais, associadas ou não, podem contribuir para a eficiência e duração do controle fitossanitário em frutíferas, como: cultivo consorciado, adubação verde, solarização, rotação de culturas, pousio da área, uso de caldas nutricionais e ou fitoprotetoras, manejo cultural (catação e eliminação de frutos ou partes de ramos atacados, bem como, poda das partes afetadas), adubação equilibrada, controle e disponibilidade de água, dentre muitas outras. Produtos orgânicos ou agroecológicos cultivados com métodos alternativos têm tido demanda crescente e sido bastante valorizados no Brasil e no mundo. Venon et al. (2016), relataram importantes estratégias de manejo de pragas em frutíferas, destacando o controle biológico, manutenção da cobertura vegetal (especialmente nas entrelinhas), controle mecânico e cultural (com coleta e destruição de pragas, além do ensacamento dos frutos), controle comportamental (utilizando armadilhas contendo feromônios), inseticidas botânicos e caldas fitoprotetoras (como o extrato do fumo ou de nim, calda bordalesa ou sulfocálcica, dentre outras). Outra tecnologia bastante importante no controle fitossanitário em frutíferas é a aplicação e, dentro desta, a pulverização de produtos, agrotóxicos, caldas nutricionais e fitoprotetoras, bem como, dos extratos botânicos. Tradicionalmente, no controle fitossanitário em frutíferas se utiliza pulverização em alto volume, com calda aplicada até o ponto de escorrimento em função das dificuldades em se cobrir de Cultivo de frutíferas em clima tropical 27 Dias & Mata (2021) maneira correta todas as partes das frutíferas, justamente por sua diversidade de porte e densidade de ramos, folhas e frutos. Por isso, os equipamentos são robustos, de grande tamanho, requerem alta potência dos tratores e equipamentos (com grande consumo de energia, pulverização excessiva de calda e queima de combustíveis fósseis em demasia), acarretando alto custo. Atualmente, há uma busca por máquinas e equipamentos menores, mais eficientes, além da redução do volume gasto na aplicação. Vale ressaltar a capacitação e treinamento do operador de máquinas, que deve ser periódico e o uso obrigatório do Equipamento de Proteção Individual (EPI), conforme preconiza a Instrução Normativa n. 31 do MAPA, minimizando erros na aplicação e reduzindo possíveis contaminações ou intoxicações do aplicador/operador. Dentre as espécies frutíferas tropicais que mais se destacam no cenário atual estão os citros, o abacaxi e a banana. No caso de frutíferas arbóreas como os citros, que ocupam maior área na fruticultura nacional, existem exemplos de eficiência no controle fitossanitário, empregando manutenção, inspeção, calibração e regulagem dos equipamentos, que podem resultar em diminuição significativa do volume de aplicação, reduzindo custos e melhorando a eficiência (FERREIRA, 2013). Os citros podem ser atacados por bactérias como as causadoras do cancro-cítrico, clorose- variegada-dos-citros (CVC) e o Huanglongbing (HLB) que acarretam sérios prejuízos à citricultura. O controle é cultural e preventivo, evitando a entrada do agente causal. Após estabelecimento das doenças, o controle passa a ser físico pela eliminação de parte ou totalidade da planta contaminada, além do controle de insetos vetores. As doenças fúngicas, como podridão-floral-dos-citros, mancha-marrom-de- alternaria, em condições favoráveis, requerem um grande número de pulverizações, o que pode resultar em aumento dos custos e prejuízos ao meio ambiente. No pós-colheita pode ocorrer os bolores e podridão-azeda, diminuindo a quantidade e a qualidade dos frutos produzidos. Doenças virais, como a leprose-dos-citros é a que mais onera os custos pelo uso de acaricidas para controle do vetor (KUPPER et al., 2016). O abacaxizeiro é afetado principalmente pelo fungo causador da fusariose (Fusarium gottiforme), que ataca a planta em todos os estádios de desenvolvimento. A fusariose tem como sintoma característico a exudação de goma, principalmente do centro dos frutilhos. O uso de variedades resistentes como ‘Imperial’, ‘Vitória’ e ‘IAC Fantástico’ é um eficiente método de controle. O controle preventivo com mudas sadias também é indicado. Recomenda-se a eliminação de restos culturais e plantas infectadas como medida auxiliar (FERREIRA et al., 2011). Com relação à cultura da banana, a principal praga no Norte de Minas Gerais, Semiárido e Sudeste, é a broca-do-rizoma e, em seguida, pelos tripes. A primeira é provocada por um besouro de coloração escura e com 9 a 13mm. Os danos são causados pelas larvas que se alimentam do rizoma, formando galerias, podendo levar a planta ao tombamento e morte. Deve-se fazer o monitoramento e uso de iscas atrativas do tipo “queijo” ou “telha” e inseticida, perfazendo um total de 20 iscas por hectare e um nível de controle de dois a cinco insetos por isca. O método principal de controle é o uso de mudas sadias. Também, pode-se usar o fungo entomopatogênico Bauveria bassiana ou inseticida. As principais Cultivo de frutíferas em clima tropical 28 Dias & Mata (2021) doenças são: sigatoka-amarela (e ou negra), mal-do-Panamá, antracnose-dos-frutos e mosaico-da- bananeira, além de nematoides. Na primeira e mais importante doença, observa-se estrias e manchas de coloração parda, em forma oval alongada, envolta por halo amarelado. O manejo da sigatoka-amarela deve ser com drenagem do solo, controle de plantas daninhas, desfolha parcial ou total, desbaste para evitar excesso de plantas e, uso de fungicidas específicos. O mal-do-Panamá causa amarelecimento das folhas mais velhas para as folhas mais novas, rachaduras e coloração parda-avermelhada do pseudocaule. As medidas de controle consistem em plantar material propagativo sadio, evitar áreas com histórico da doença, pH do solo próximo a neutralidade, adubação criteriosa, evitar estresse hídrico, controle de brocas e nematoides, além de variedades resistentes (RODRIGUES et al., 2011). O controle fitossanitário em frutíferas em um país de clima tropical como o Brasil deve ser sempre baseado na escolha de variedades resistentes, uso de material propagativo (sementes e mudas) sadio, monitoramento, manejo cultural com eliminação do inoculo inicial com podas ou eliminação da planta afetada, catação e eliminação de frutos infectados, uso de armadilhas atrativas, bem como, manejo correto de plantas daninhas, adubação equilibrada e, em última instancia, em casos de ataque severo,
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