Buscar

Princípios e direitos fundamentais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

II - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (arts. 1º ao 4º). DIREITOS E GARANTIAS (art. 5º ao 17) 
1. CONCEITOS INICIAIS
1.1. FORMA e SISTEMA DE GOVERNO. FORMA DE ESTADO.
 FORMAS DE GOVERNO 
- Refere-se à RELAÇÃO DE PODER ENTRE GOVERNANTES E GOVERNADOS. Indica se o poder político é exercido por tempo certo e determinado ou ilimitadamente. 
- Resume-se, fundamentalmente, a duas formas:
a) MONARQUIA 
- Características: hereditariedade, vitaliciedade e irresponsabilidade política. Pode ser ilimitada (absolutista) ou limitada (constitucional). 
- O Brasil adotou a forma de governo relativa à monarquia constitucional na Constituição de 1824. 
b) REPÚBLICA: 
Forma de governo na qual um representante (chamado de presidente) eleito pelo povo governa o país. 
Caracteriza-se pela temporariedade, (periodicidade) no poder e pela escolha pelo voto (eletividade) do governante. 
Este princípio é o adotado atualmente no Brasil e existe boa parte da doutrina que, contrariamente, entende a forma republicana como cláusula pétrea implícita, pois uma de suas características, a periodicidade, é cláusula pétrea expressa (vide o art. 60, §4º, inciso II). O STF ainda não se manifestou a respeito. 
Há, porém, uma PROTEÇÃO AO SISTEMA REPUBLICANO na atual Constituição brasileira prevista no art. 34, inciso VII, alínea a, que possibilita a INTERVENÇÃO FEDERAL SOBRE OS ESTADOS E O DF quando qualquer um deles desrespeitar o princípio republicano. 
 FORMA DE ESTADO 
- Refere-se à DISTRIBUIÇÃO DE PODER DENTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL. 
- Resume-se, fundamentalmente, a duas formas:
a) ESTADO UNITÁRIO
- É o Estado que se apresenta internacionalmente da mesma forma que internamente, isto é, com APENAS UM GOVERNO CENTRAL DE PLENA JURISDIÇÃO NACIONAL. As divisões internas, caso existam, são apenas de ordem administrativa, sem qualquer autonomia. 
- Ex: França, Portugal, Peru e Uruguai. Ressalte-se que o Brasil já adotou esta forma de Estado quando do Império (Constituição de 1824). 
b) ESTADO FEDERADO. 
- É o Estado que se apresenta, no plano internacional, apenas como uma pessoa jurídica de Direito Público, mas no plano interno o território divide-se em regiões autônomas, isto é, é DESCENTRALIZADO POLÍTICA E ADMINISTRATIVAMENTE, o que significa dizer que existem vários poderes legislativos e executivos, tantos quantos forem as entidades autônomas.
- Outras características: apresenta dois planos de governo, sendo um geral e um regional, e o poder legislativo geral tem estrutura bicameral. 
- Acrescenta-se que A FEDERAÇÃO ESTÁ PRESENTE NA ATUAL CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA COMO UM PRINCÍPIO QUE NÃO PODE SER ABOLIDO POR EMENDA CONSTITUCIONAL, tratando-se de CLÁUSULA PÉTREA EXPRESSA (art. 60, § 4º, inciso I). 
 SISTEMA DE GOVERNO 
- Refere-se à RELAÇÃO DE PODER ENTRE OS PODERES, especialmente entre os poderes legislativo e o executivo. 
- Boa parte da doutrina entende que o sistema de governo não se encontra protegido pelas cláusulas pétreas. 
- Existem fundamentalmente duas espécies: o sistema presidencialista e o sistema parlamentarista. 
a) PRESIDENCIALISMO
- Caracteriza-se por ACUMULAR NA PESSOA DO PRESIDENTE AS FUNÇÕES DE CHEFE DE GOVERNO, exercendo a administração superior do Estado E DE CHEFE DE ESTADO, exercendo atos de soberania junto aos demais países. 
- Em relação ao GRAU DE INDEPENDÊNCIA ENTRE O EXECUTIVO E O LEGISLATIVO, existem subespécies de presidencialismo, podendo citar o presidencialismo puro (Constituição brasileira de 1891) e o presidencialismo atenuado (atual Constituição brasileira). 
b) PARLAMENTARISMO 
- Caracteriza-se por ser um GOVERNO DE DOIS ÓRGÃOS EM QUE O CHEFE DE ESTADO E O CHEFE DE GOVERNO SÃO PESSOAS DIFERENTES, havendo dualidade do executivo. 
O CHEFE DE ESTADO é ou um presidente eleito pelo povo ou um monarca, sendo que não tem atribuições administrativas. Seu encargo é (1) representar o Estado no plano internacional e (2) nomear e constituir o gabinete de ministros, a quem compete efetivamente as atribuições do governo. É irresponsável pelos atos de governo já que não tem poderes de administração, respondendo apenas criminalmente. 
PRIMEIRO MINISTRO: É escolhido pelo presidente ou pelo monarca, por indicação do parlamento, ou ainda por eleição popular. É chefe do gabinete dos ministros, órgão colegiado, é o governo propriamente dito.
- Havendo perda da confiança do povo (representado pelo Parlamento), o presidente ou o monarca, após decisão do Parlamento neste sentido, pode dissolver o gabinete, convocando em seguida novas eleições, ou pode ainda manter o gabinete, dissolvendo o Parlamento e convocar novas eleições. 
- Fica clara a interdependência entre os poderes Executivo e Legislativo. 
- O Brasil experimentou o sistema parlamentarista na Constituição de 1824 e entre setembro de 1961 a janeiro de 1963. 
 REGIME POLÍTICO DE GOVERNO 
- Refere-se à RELAÇÃO DE PODER ENTRE OS GOVERNADOS 
- Compreende a autocracia e a democracia. Interessa-nos a Democracia, que apresenta-se em forma de democracia direta, indireta ou semidireta. 
DEMOCRACIA DIRETA era exercitada em Atenas e na Grécia e são reminiscências do passado, quando o povo, sem governantes eleitos ou nomeados, exercia os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo.
DEMOCRACIA INDIRETA é a que se caracteriza pela escolha de representantes por meio de eleição ou indicação, e falam em nome do povo, seus representados. Recebe também o nome de democracia representativa. 
DEMOCRACIA SEMIDIRETA, MISTA OU PARTICIPATIVA combina sistemas de democracia direta ou indireta e é uma atenuação da democracia indireta, ou seja, ACUMULA A REPRESENTAÇÃO COM A PARTICIPAÇÃO DIRETA DO POVO ATRAVÉS DO PLEBISCITO, REFERENDO E INICIATIVA POPULAR (vide art. 14, incisos I, II, III). É a forma adotada ora no Brasil. 
INICIATIVA POPULAR é a possibilidade de o povo dar início a um processo junto ao executivo, judiciário ou legislativo, buscando conformar a vontade do povo. 
PLEBISCITO, que significa consulta ao povo, é uma forma de CONSULTA PRÉVIA para se obter autorização direta do povo antes de se realizar um ato. 
REFERENDO é a CONSULTA POPULAR A POSTERIORI, quando o ato praticado depende de ratificação popular para tornar-se plenamente eficaz. O Estado Democrático de Direito é uma cláusula pétrea implícita. 
 TRIPARTIÇÃO DOS PODERES 
A tripartição dos poderes em L, E e J não é absoluta, pois, embora independentes são harmônicos entre si, exercem o controle uns sobre os outros. É adotada a teoria de Montesquieu relativa ao sistema de freios e contrapesos ou de controle do poder pelo poder. A independência se manifesta nas funções principais e a harmonia é uma suavização desta independência. Lembrar que a separação dos poderes está protegida por cláusula pétrea (art. 60, parágrafo 4º, III). 
1.2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DIREITOS	x	GARANTIAS
				
- DECLARADOS pela CF				- ASSEGURADOS pela CF
- INSTRUMENTOS PROCESSUAIS que protegem os direitos
* Para todo DIREITO, existe uma GARANTIA que o assegura
* Do art. 5º ao art. 17 são previstos direitos e garantias
2.1. TIPOS DE GARANTIAS
a) GARANTIAS FUNDAMENTIAS
b) PRINCÍPIOS-GARANTIAS
- São os princípio que têm CARÁTER PROCESSUAL e que visam à PROTEÇÃO DOS DIREITOS
- Ex: Contraditório, juiz natural
c) REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
- São INSTRUMENTOS TAMBÉM PARA PROTEÇÃO DOS DIREITOS. Contudo, são AÇÕES.
- Subdividem-se em:
c.1) REMÉDIO EXTRAJUDICIAL
- É o DIREITO DE PETIÇÃO: a pessoa não provoca o J, faz um pedido que tem natureza administrativa para combater uma ilegalidade ou um abuso de poder
c.2) REMÉDIOS JUDICIAIS
- São as ações constitucionais: HC, HD, MS, MI, AP, ACP
1.3. DIREITOS FUNDAMENTAIS x DIREITOS HUMANOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS 	x 	DIREITOS HUMANOS
				
 - Previsão: CF				- Previsão: Tratados
 
- Dupla fundamentalidade: são FUNDAMENTAIS NO SENTIDO MATERIAL (porque o conteúdo desses direitos é essencial à proteção da dignidade da pessoa) e FORMAL (porque estão positivados na lei fundamental: a CF)
- No aspecto MATERIAL, direitos humanos e fundamentais são iguais pois AMBOS SÃO ESSENCIAISÀ PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
1.4. PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS NA ORDEM JURÍDICA INTERNA
- O sistema é DUALISTA porque existe uma ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL e outra INTERNA >> Até ser incorporado, o tratado só pertence àquela
- Fases de incorporação:
1) Celebração
2) Aprovação do tratado pelo CN
3) Ratificação pelo PR
4) Promulgação e publicação pelo PR
1) CELEBRAÇÃO
- Art. 84, VIII: Competência do PR >> Pela CF, é COMPETÊNCIA INDELEGÁVEL mas a Convenção de Viena autoriza que PREPOSTOS DO PR POSSAM CELEBRAR TRATADOS (pegadinha: aparente contrariedade entre a CF e a Convenção de Viena)
2) APROVAÇÃO
- Regra: Aprovação por MAIORIA SIMPLES (maioria dos presentes)
* O único tratado com status constitucional é o TRATADO SOBRE PROTEÇÃO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. 
* Requisitos para que um tratado sobre direitos humanos tenha status de EC:
1) CONTEÚDO: Deve ter conteúdo de DIREITOS HUMANOS
2) FORMA: Aprovação pelo RITO DE APROVAÇÃO das EC´S (2 votações em cada Casa, com 3/5)
* Portanto, os tratados podem ter:
STATUS SUPRA LEGAL >> Art. 5º §2º (rito simplificado)
STATUS DE EC >> Decorre do art. 5º §3º (rito complexo)
 Este tipo de tratado pode alterar a CF, acrescentando novos direitos. Se uma lei afrontar esse tratado, essa lei poderá ser declarada inconstitucional
 
* Todos os tratados sobre DIREITOS HUMANOS têm STATUS DE EC?
Não. Para isso, o tratado tem que ser aprovado no rito das EC´s. E como vou saber se ele vai ser aprovado com status de EC ou supralegal?
Terei que ver como foi a discussão e votação no CN:
Se foi aprovado no RITO SIMPLES (1 só turno em cada Casa, com no mínimo maioria simples), terá STATUS SUPRALEGAL
Se foi aprovado no RITO DAS EC´S, terá STATUS DE EC.
Quem escolhe se um tratado vai ter status supralegal ou de EC?
Entende-se que um dos legitimados à apresentação de PEC pode requerer que a discussão e votação do tratado se submeta ao rito das EC´s. Se ninguém requerer, segue o rito normal.
1.5. HISTORICIDADE ou GENERATIVIDADE
- Significa que os direitos fundamentais foram nascendo ao longo da história. A cada momento de nascimento de uma família de direitos corresponde uma geração
	1ª GERAÇÃO
	2ª GERAÇÃO
	3ª GERAÇÃO
	- Nasceu no séc. XVIII >> Concepção de ESTADO LIBERAL 
	- Final do séc. XIX e início do séc. XX >> Concepção de ESTADO SOCIAL
	- Nasceu depois da 2ª Guerra
	- Consagrado pelas Constituições dos EUA (1787) e Francesa (1791)
	- Consagrados nas Constituições Mexicana e de Weimar
	- Marco: Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU (década de 40) 
	- Consagra as LIBERDADES NEGATIVAS porque aqui o indivíduo exige do Estado um COMPORTAMENTO NEGATIVO
- São chamados pela doutrina de DIREITOS DE DEFESA CONTRA O ESTADO
	- Consagra as LIBERDADES POSITIVAS pois o indivíduo exige do Estado uma PRESTAÇÃO
	- Concretiza os DIREITOS DOS POVOS 
	- São os DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS: 
a) DIREITOS DE GARANTIA, que são as liberdades públicas, de cunho individualista: a liberdade de ir e vir, de propriedade, de expressão e de pensamento, etc. 
b)DIREITOS INDIVIDUAIS EXERCIDOS COLETIVAMENTE: liberdades de associação: formação de partidos, sindicatos, direito de greve, por exemplo. 
	- São os DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS: 
direito ao bem estar social, direito ao trabalho, à saúde, à educação, etc
	- São direitos de titularidade coletiva: 
a) no plano internacional: direito ao desenvolvimento e a uma nova ordem econômica mundial, direito ao patrimônio comum da humanidade, direito à paz, direito à autodeterminação 
b) no plano interno: interesses coletivos e difusos, como, por exemplo, o direito ao meio-ambiente.
a) DIREITOS DE 1ª GERAÇÃO 
b) DIREITOS DE 2ª GERAÇÃO
c) DIREITOS DE 3ª GERAÇÃO
* Veja que cada geração consagra um valor da Revolução Francesa:
1ª geração: LIBERDADE
2ª geração: IGUALDADE
3ª geração: FRATERMIDADE
d) 4ª GERAÇÃO 
- Direito ÀS NOVAS TECNOLOGIAS (internet, fertilização in vitro)
e) 5ª GERAÇÃO
- Direito à PAZ SOCIAL (= BEM ESTAR SOCIAL). Não é a paz da 3ª geração (= como ausência de guerra).
1.6. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
a) RELATIVIDADE
Colisão entre direitos fundamentais
Colisão entre direitos fundamentais e o interesse público (primário)
A ponderação ou balanceamento
O princípio da proporcionalidade 
b) IRRENUNCIABILIDADE
 O caso dos “anões” na França
 A indisponibilidade do direito de ser tratado com dignidade
c) INDIVISIBILIDADE
d) IMPRESCRITIBILIDADE
e) UNIVERSALIDADE
 O princípio da proibição do retrocesso social (efeito “cliquet”)
1.7. ESPÉCIES de DIREITOS FUNDAMENTAIS
a) Direitos individuais e coletivos
b) Direitos sociais
c) Direitos de nacionalidade
d) Direitos políticos
 Partidos políticos
1.8. TITULARIDADE dos DIREITOS FUNDAMENTAIS
a) Brasileiros e estrangeiros
- Residentes e não residentes
b) Pessoas físicas e jurídicas
A compatibilidade com a personalidade
As pessoas jurídicas de direito público
As pessoas jurídicas como titulares
 Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”
 Súmula 365 do STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.” 
1.9. DIREITOS FUNDAMENTAIS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS (art. 5º, §2º, CF):
 Sistema aberto de direitos e garantias
O papel da jurisprudência construtiva
Os primeiros direitos fundamentais a se apresentarem no panorama ocidental foram os direitos individuais, daí serem conhecidos como direitos de primeira geração ou primeira dimensão de direitos, compreendidos como aqueles inerentes ao homem e oponíveis ao Estado (sujeitos a prestações negativas), a saber: o direito a liberdade (especificamente as liberdades civis e políticas) Ou seja, são direitos de resistência ou de oposição perante o Estado Liberal. Seu surgimento jurídico data de fins do século XVIII, quando das declarações de direitos dos Estados Unidos, em 1776: Declaração de Virgínia, Declaração de Pensilvânia e a Declaração de Maryland, seguida das nove emendas da Constituição de 1787. E na Revolução Francesa de 1789, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, tendo como principal base teórica e filosófica o Contrato Social de Rousseau e as concepções jusnaturalistas. A partir daí estes direitos ganharam a característica da universalidade e generalização. 
Os próximos direitos a se apresentarem no cenário constitucional foram os direitos sociais, daí serem conhecidos como direitos de segunda geração ou segunda dimensão de direitos, com a instalação do Estado do Bem Estar Social ao término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando “a concepção liberal-burguesa do homem abstrato e artificial foi substituída (na verdade somada) pelo conceito do homem em sua concretude histórica, socializando-se então os direitos humanos” 14, dominando o século XX, da mesma forma que os direitos de primeira geração dominaram o século XIX. O Estado deixa de apenas se abster (prestação negativa) como também tem o dever de atuar em outros momentos a fim de que sejam assegurados aqueles direitos sociais, culturais, econômicos e coletivos (prestação positiva) como habitação, moradia, alimentação, segurança social, além de que o direito de propriedade adquire restrições para atender a sua função social. Na pós-Segunda Guerra (1939-1945) ocorre a internacionalização dos direitos humanos, com a assinatura de tratados internacionais dando proteção a espécie humana como: Declaração Universal dos Direitos do Homem (Paris, 1948); Pactos Internacionais de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e de Direitos Cívicos e Políticos (em vigor desde 1976) e Convenção Americana de Direitos do Homem (conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, assinado pelos Estados americanos em 1969). No Brasil, este Pacto só foi celebrado após o advento da atual CF/88. 
14 Kildare Gonçalves Carvalho - Direito Constitucional Didático - Del Rey, Belo Horizonte, 1996, p.186. 
Ainda foram introduzidos os direitos de terceira geração (como o direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio-ambiente equilibrado, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade)e os de quarta geração (como o direito à democracia, à informação e ao pluralismo). O fato é que todas essas gerações de direitos interagem-se entre si, complementam-se, não significando, portanto, que o surgimento de uma exclua as precedentes. 
Cabe lembrar que novas gerações (ou dimensões) de direitos vêm sendo reconhecidas ao longo da histórias, tais como as de 5ª, etc. 
I. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (art. 5) 
a) Deveres individuais e coletivos 
“Por deveres, em sentido genérico, deve-se entender as situações jurídicas de necessidade ou de restrições de comportamento impostas pela Constituição às pessoas” 15. Ainda que não apareçam de forma explícita e expressa, pode-se concluir pela sua conexão aos direitos, decorrendo destes “na medida em que cada titular dos direitos individuais tem o dever de reconhecer e respeitar igual direito do outro”. A imposição desses deveres tem como destinatários todos, especialmente o Poder Público e seus agentes. 
b) Direitos individuais e coletivos 
Convém lembrar que os direitos individuais e coletivos, apesar de guardarem na Constituição um capítulo próprio, encontram-se espalhados por toda ela. Neste tópico busca-se estudar apenas aqueles expressamente incursos no domínio do art. 5º, por razões puramente didáticas. 
Quanto aos destinatários há divergência doutrinária: a parte majoritária prefere compreender a expressão “estrangeiros residentes no Brasil” (caput do art. 5º) no sentido de que a Constituição assegura esses direitos (igualdade, liberdade, vida, propriedade e segurança) a todos que estejam em território brasileiro, residentes ou não (portanto, também os turistas e aqueles em trânsito) porque tendo caráter universal “deles serão destinatários todos os que se encontrem sob a tutela da ordem jurídica brasileira, pouco importando se são nacionais ou estrangeiros” 17 (deve-se utilizar este primeiro posicionamento para fins de concurso público, já que é o entendimento do Supremo Tribunal Federal); outra parte da doutrina, neste caso minoritária, prefere o entendimento de que se estrangeiro não é residente, mas esteja de passagem pelo país terá com certeza essa proteção, mas por norma infraconstitucional18. 
Vale lembrar que aos brasileiros serão assegurados esses direito, independentemente de se encontrarem em território nacional ou não. 
Quanto aos direitos coletivos, apenas as liberdades de reunião e de associação (art. 5º, incisos XVI a XX), o direito de entidade associativa de representar seus filiados (art. 5º, inciso XXI) e os direitos de receber informações de interesse coletivo (art. 5º, inciso XXXIII) e de petição (art. 5º, inciso XXXIV, alínea a) são considerados direitos coletivos dentre todos aqueles previstos no art. 5º da Constituição Federal. “Alguns deles não são propriamente direitos coletivos, mas direitos individuais de expressão coletiva, como as liberdades de reunião e associação” 19, enquanto outros dão motivo a classificação “porque conferidos não em função de interesse individual, mas da coletividade, específica ou genérica”20. 
Direito à vida: diz respeito ao direito à existência física e moral, incluindo em seu conceito o direito à privacidade, o direito à integridade físico-corporal, o direito à integridade moral e o direito à existência. Em consequência, a pena de morte é proibida no território brasileiro em tempo de paz, podendo ser excepcionada apenas em tempo de guerra declarada (art. 5º, inciso XLVII, alínea a e art. 84, inciso XIV) e não em mero estado de beligerância. Além disso, a adesão ao Pacto de San José da Costa Rica estabelece essa obrigação convencional de não adoção da pena de morte no país, impedindo inclusive a extradição quando a pena cominada for à de morte. Outras cláusulas constitucionais do art. 5º que podem ser citadas, exemplificativamente, são aquelas dos incisos III e XLIII (no que diz respeito à tortura), V, X e XLIX. 
Direito à privacidade: este direito integra o direito anterior, porque não expresso explicitamente no caput do art. 5º, mas de forma reflexa. O seu corolário manifesta-se no inciso X do art. 5º: proteção à intimidade (esfera secreta da vida do indivíduo na qual este tem o poder legal de evitar os demais21, abrangendo a inviolabilidade do domicílio (5º, inciso XI), o sigilo de correspondência (5º, inciso XII) e o segredo profissional (5º, inciso XIV), à vida privada (conjunto de modo de ser e viver, como direito de o indivíduo sua própria vida, a vida interior que se debruça sobre a mesma pessoa, sobre os membros de sua família, sobre seus amigos, protegendo, portanto o segredo da vida privada e a liberdade da vida privada22), à honra (conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, o respeito dos concidadãos, o bom nome, a reputação23) e à imagem (aspecto físico, perceptível visivelmente24). A violação a qualquer destes direitos poderá conduzir à indenização. Além disso, a Constituição buscou resguardar esses direitos com o remédio protetor do Habeas Data (art. 5º, inciso LXXII). 
Direito à igualdade: não se busca igualizar as desigualdades naturais ou físicas, pois estas são fonte da riqueza humana da sociedade plural. O que se busca é igualizar a desigualdade moral ou política, fruto de convenções, ou seja, a igualdade jurídica, que será “satisfeita se o legislador tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais” 25. Assim o caput do art. 5º estabelece o princípio da isonomia (igualdade jurídica) não só formal (perante a lei), mas também material (observando as desigualdades e impedindo quaisquer discriminações). Cláusulas constitucionais do art. 5º que podem ser citadas, exemplificativamente, são aquelas dos incisos I (admitindo-se apenas as discriminações feitas pela própria CF), XXXV(garantia da acessibilidade à justiça: igualdade de ordem formal) e LXXIV (garantia da acessibilidade à justiça: igualdade de ordem material), XXXVII (princípio da igualdade da Justiça), LIII (princípio do juiz natural), LV (princípio do contraditório e da ampla defesa do acusado), LIV (princípio do devido processo legal). 
Direito à liberdade: São várias as formas de liberdade que a CF busca dar conta, porém existe aquela liberdade primeira que serve de base, de matriz para todas as demais que é a liberdade de ação em geral, a liberdade geral de atuar26: a liberdade de ação prevista no art. 5º, inciso II (princípio da legalidade). Portanto, diversamente da atuação dos agentes públicos, a sociedade civil tem como regra a liberdade de agir, só podendo ser excepcionada e condicionada quando a lei (lei no sentido formal e material: no primeiro caso, por exemplo, a lei constitucional ou infraconstitucional elaborada pelo Congresso Nacional, de acordo com o procedimento exigido pela Constituição Federal, no segundo caso, por exemplo, medida provisória) assim exigir. A partir daí pode-se identificar as liberdades: liberdade de locomoção (art. 5º, inciso XV e tem como remédio garantidor o Habeas Corpus - art. 5º, inciso LXVIII), liberdade de manifestação do pensamento e de opinião (art. 5º, incisos IV e VIII, incluindo-se aí a liberdade de escusa de consciência e a liberdade religiosa), liberdade de comunicação (art. 5º, incisos IV e IX, incluindo-se aí a criação, expressão e manifestação por meios de comunicação), liberdade de exercício profissional (art. 5º, inciso XIII), liberdade de informação jornalística (art.5º, inciso XIV). 
Direito à propriedade: previsto no art. 5º, inciso XXII, é relativizado em razão do inciso seguinte que, eliminando o seu caráter exclusivo e ilimitado, impõe uma restrição matriz: atender ao interesse da sociedade (função social da propriedade) e estabelecendo a seguir aquelas restrições (art. 5º, inciso XXIV, XXV, XXVI e XXIX (neste caso tratando de uma propriedade imaterial: o direito do autor)). São essas limitações espécies de “restrições” porque retiram o caráter absoluto do direito de propriedade, como as servidões e outras formas de utilização da propriedade alheia que limitam o caráter exclusivo; e a desapropriaçãoque limita o caráter perpétuo . 
§ 2º do art. 5º: ao estabelecer que além dos direitos e garantias expressos na Constituição outros poderão vir a integrar o ordenamento jurídico a partir do regime e dos princípios adotados pela Constituição além daqueles que surgirem a partir de tratados internacionais de que o Brasil faça parte gerou uma enorme divergência doutrinária e jurisprudencial. Enquanto alguns liam essa cláusula entendendo que os direitos acrescentados por tratados internacionais seriam internalizados como normas constitucionais, outros compreendiam que tratado internacional não poderia vir a integrar a o ordenamento como norma constitucional porque estaria usurpando função do poder constituinte. O Supremo Tribunal Federal, no exercício de guardião constitucional, sem exclusão dos demais órgãos, conforme competência atribuída pela própria Constituição (art. 102, inciso I, alínea a) tem o entendimento de que os atos internacionais que não se refiram a direitos humanos, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se no mesmo plano de validade e eficácia das normas infraconstitucionais, existindo, entre os tratados internacionais e leis internas brasileiras, de caráter ordinário (infraconstitucionais) mera relação de paridade (igualdade) normativa. A eventual precedência dos atos internacionais sobre as normas infraconstitucionais de direito interno somente ocorrerá em razão da aplicação do critério cronológico (lei posterior derroga a anterior) ou do critério da especialidade. O iter procedimental da internalização de um tratado internacional no sistema normativo pátrio ocorre da seguinte forma: 
1) Negociação, 
2) Assinatura (pelo Presidente da República, art. 84, inciso VIII), 
3) Ratificação (pelo Presidente da República após aprovação do Congresso Nacional por Decreto Legislativo, art. 49, inciso I), 
4) Promulgação (pelo Presidente da República, por decreto) e 
5) Publicação. 
Ou, em se tratando de tratado ou convenção sobre direitos humanos, pode ser internalizado com força, status, semelhante à de uma emenda. Assim determina o art. 5º, § 3º, da CF, após o advento da emenda constitucional nº.45: “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. 
Há de se observar ainda que o Brasil, ao adotar esse procedimento para que um tratado internacional venha a integrar o seu ordenamento jurídico infraconstitucional, assimila a doutrina dualista, a saber: a doutrina monista, desenvolvida por Hans Kelsen, estabelece que haveria um único sistema jurídico, com duas faces - a interna e a externa (internacional) e porque um único sistema, a internalização do tratado internacional seria imediata e automática. Por outro lado, a teoria Dualista, desenvolvida por Triepel, estabelece dois sistemas jurídicos distintos, o externo e o interno e a penetração do primeiro no segundo se realizaria de acordo com as regras estabelecidas por este. 
Por outro lado, para introduzir uma norma com força semelhante à de uma emenda é necessário todo um procedimento legislativo especial equivalente ao que ocorre durante o exame de um projeto de emenda à Constituição, previsto no art. 60, ou durante o exame de alguns tratados ou convenções internacionais definidores de direitos humanos, previsto no art. 5º, § 3º, o que inclusive caracteriza a atual Constituição brasileira como uma constituição rígida. 
Por esse motivo, o STF entende que se o tratado internacional, ao ser internalizado, não passar por aquele processo, não terá força de emenda a Constituição, mas, apenas o de uma norma infraconstitucional, mais especificamente de norma supralegal.

Outros materiais