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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: GESTÃO DA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO AUTORIA: Ma. CLAUDIA AMIGA Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Gestão Da Tecnologia E Inovação Autoria: Ma. Claudia Amigo Primeira edição: 2009 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Caro Aluno e Cara Aluna O módulo de Gestão da Tecnologia e Inovação tem como objetivo levá-lo (la) a perceber o processo de inovação tecnológica como um dos principais elementos de pressão competitiva no quadro da economia mundial contemporânea e a compreender os diferentes processos de inovação, percebendo a complexidade inerente ao gerenciamento da inovação nas organizações. Neste módulo vamos conceituar a inovação, os seus agentes, as suas classificações e aspectos da sua gestão. Discorremos sobre o Sistema Nacional de Inovação e seus atores: governo, academia, empresas e organizações não governamentais, analisando o ambiente de ciência e tecnologia do país. Além de abordar alguns teóricos que muito contribuíram com o processo de inovação. Espero que gostem do módulo. Sua Educadora, Claudia Amigo Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Objetivo Compreender os conceitos básicos: inovação, invenção, ciência e tecnologia; Descrever sobre as novas técnicas de gestão; Abordar a classificação e modelos de inovação; Condicionantes da inovação, aspectos para uma gestão de equilíbrio; Conceituar as tecnologias primárias; Descrever o papel do gerente inovador e competitivo; Gestão da tecnologia e da Inovação tecnológica; Identificar as estratégias tecnológicas; Dar a conhecer o significado prático da inovação e o modo como ela participa/contribui para a criação de empresas: empreendedorismo; Compreender a relação: Empresa, Universidade e Governo. Ementa Inovação na era da informação; conceitos básicos: ciência e tecnologia, invenção e inovação, criatividade e inovação; tipos de tecnologias; classificação das tecnologias; classificação da inovação; modelos de inovação; gestão da inovação tecnológica: conceitos, elementos; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 aspectos organizacionais e de recursos humanos em empresas inovadoras; estratégias de escolha tecnológica. Sobre o Autor Cláudia Amigo: Mestra em Informática pela Universidade Federal do Espírito Santo, 2000; Graduada em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo, 1994; Trabalha com Educação há mais de 13 anos, além de atuar na área de informática. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 SUMÁRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9 Por que Inovar? .................................................................................................. 9 UNIDADE 2 ......................................................................................................... 14 Novas Técnicas de Gestão .............................................................................. 14 UNIDADE 3 ......................................................................................................... 20 Papel da Tecnologia no Processo da Evolução Humana ............................... 20 UNIDADE 4 ......................................................................................................... 26 Explicando a Evolução do Conceito de Inovação Tecnológica ....................... 26 UNIDADE 5 ......................................................................................................... 31 Inovação Tecnológica: fator propulsor do crescimento ................................... 31 UNIDADE 6 ......................................................................................................... 36 Inovação: um novo campo de estudo .............................................................. 36 UNIDADE 7 ......................................................................................................... 41 Mercado e Inovação ......................................................................................... 41 UNIDADE 8 ......................................................................................................... 47 Tecnologia: Componentes ............................................................................... 47 UNIDADE 9 ......................................................................................................... 53 Gestão da Tecnologia na Organização Empresarial ....................................... 53 UNIDADE 10 ....................................................................................................... 57 Gestão da Inovação Tecnológica .................................................................... 57 UNIDADE 11 ....................................................................................................... 63 Inovação e Empreendedorismo ....................................................................... 63 UNIDADE 12 ....................................................................................................... 68 Quem é o Agente da Inovação? ...................................................................... 68 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 UNIDADE 13 ....................................................................................................... 72 Fontes de Oportunidades de Inovação ............................................................ 72 UNIDADE 14 ....................................................................................................... 78 Gestão de Inovação É a Mesma Coisa que Gestão do Conhecimento? ........ 78 UNIDADE 15 ....................................................................................................... 83 Ciclo de Inovação ............................................................................................. 83 UNIDADE 16 ....................................................................................................... 89 Classificação das Inovações ............................................................................ 89 UNIDADE 17 ....................................................................................................... 95 Como é o Processo de Inovação Tecnológica? .............................................. 95 UNIDADE 18 ....................................................................................................... 98 Modelos do Processo de Inovação ..................................................................98 UNIDADE 19 ..................................................................................................... 101 Processos de Inovação modelos .................................................................. 101 UNIDADE 20 ..................................................................................................... 106 Sistema Nacional de Inovação ...................................................................... 106 UNIDADE 21 ..................................................................................................... 112 Instrumentos Governamentais de Apoio à Inovação ..................................... 112 UNIDADE 22 ..................................................................................................... 116 A Academia .................................................................................................... 116 UNIDADE 23 ..................................................................................................... 120 Vantagens da Relação: Universidade e Empresa ......................................... 120 UNIDADE 24 ..................................................................................................... 124 A Empresa ...................................................................................................... 124 UNIDADE 25 ..................................................................................................... 129 Entidades Não Governamentais .................................................................... 129 UNIDADE 26 ..................................................................................................... 132 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 O Papel do Administrador: foco gerente inovador e competitivo .................. 132 UNIDADE 27 ..................................................................................................... 136 Administrador com Consciência Inovadora ................................................... 136 UNIDADE 28 ..................................................................................................... 139 Impacto das Estruturas Organizacionais em Organizações Inovadoras ...... 139 UNIDADE 29 ..................................................................................................... 145 Aspectos Relevantes para Gestão de Equilíbrio ........................................... 145 UNIDADE 30 ..................................................................................................... 150 Ligando a Estratégia aos Negócios ............................................................... 150 GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 157 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 175 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 UNIDADE 1 Objetivo: Abordar, de maneira geral, o tema inovação. Por que Inovar? As companhias têm feito de tudo para aumentar seu lucro em meio a cenários tão competitivos: reengenharia, downsizing, corte de pessoal, melhora na eficiência, controle de qualidade. Ainda assim, olham para o horizonte e sempre conseguem enxergar um concorrente lá na frente, a quilômetros de distância. Surge, então, a seguinte questão: Como o concorrente pode estar na dianteira da competição se você já aplicou todos os modernos processos de gestão e utiliza as tecnologias mais avançadas no mercado? Provavelmente porque a empresa concorrente inova mais do que a sua. De repente, o país e as organizações começaram a perceber que mais do que um modismo de gestão, a palavra "inovação" tem que ser encarada como tão importante quanto à qualidade dos produtos e atendimento aos clientes. Falando especificamente sobre a cultura brasileira, sabemos que é reconhecida como altamente criativa, tendo como traços marcantes a adaptabilidade e a flexibilidade para lidar com situações adversas, o que é tido como uma qualidade favorável à inovação. Inspiração também não nos falta, vide a nossa música popular, entretanto, encontramos dificuldades em conectar essas habilidades ao meio produtivo e aos negócios, para gerarmos riqueza, o que resulta numa perda para a nossa sociedade. Uma das definições de inovação é: uma nova ideia aliada a sua implementação, objetivando a consecução de um fim desejado. A inovação só ocorre quando chega ao meio produtivo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 Esta dificuldade em atrelarmos nossa criatividade aos nossos negócios é, em parte, também constatada ao analisarmos o padrão da produção científica brasileira - trabalhos em simpósios, congressos e publicações especializadas -, que cresceu significativamente na última década atingindo um patamar relevante, em nível mundial. Enquanto o número de patentes geradas é extremamente reduzido. Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Fonte: Revista veja – Set/2008. O Brasil tem a décima economia, mas ocupa o vigésimo primeiro lugar no ranking mundial de patentes. Os brasileiros publicam 2% dos artigos científicos do mundo, mas registram apenas 0,2% das patentes. Os números de patentes obtidas nos outros países emergentes mostram-se maiores que o nosso como pode ser visto no gráfico acima. Segundo Fagerberg (1998), existe uma correlação entre o PIB per capita de um país e o seu número de patentes. Desta forma, tem- se no número de patentes, um indicador de desenvolvimento de um país. Assim, a inovação tecnológica é condição essencial para estimular o progresso econômico de um país e garantir a competitividade de suas empresas. As inovações podem ocorrer em todas as atividades. Falando especificamente na atividade produtiva nacional sabemos que temos baixa intensidade tecnológica na nossa carteira de exportação. Nossa pauta é majoritariamente composta por produtos primários, como soja e seus derivados, minério de ferro, frango, café, etc., tendo como honrosa exceção o item "aviões", graças à Embraer. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 Segundo Leite (2005), há uma diferença significativa entre as grandes empresas multinacionais e as brasileiras. Não adianta tentarmos copiar modelos, métodos de gerencia- mento e marketing dessas grandes corporações. O ambiente de negócios, a cultura, o nível de recursos e nossas características sociotecnológicas são muito distintos. Certamente incorreríamos, mais uma vez, no erro da cópia. Ainda segundo Leite, devemos explorar mais as vantagens competitivas que apresentamos em alguns setores. O mundo moderno é cheio de dicotomias e paradoxos. Hoje, está em moda o "natural", justamente para fazer frente ao desenvolvimento desenfreado e ao artificialismo tecnológico. A Ioga, a medicina natural, a homeopatia e a alimentação natural ganham força e mercado. Temos a mais rica biodiversidade do planeta, 22% de todas as espécies existentes, a maior floresta tropical e a maior planície alagada do mundo, o Pantanal. Por outro lado, não temos, ainda, marcas internacionais fortes de produtos fitoterápicos. A Natura se destacar com a linha "Natura Ekos", uma iniciativa digna de aplausos. E o ecoturismo? Estamos perdendo para a Costa Rica! Deveríamos ser o maior exportador mundial de biodiesel? Não estamos negligenciando a energia solar? Nosso potencial hidroviário não está sendo subutilizado? Que tal exportarmos Capoeira e Forró? A tabela abaixo mostra razões econômicas e tecnológicas para inovar. São elas: Razões Econômicas para Inovar: Inovação de Produtos Substituir produtos obsoletos e aumentar a gama deprodutos; Manter posição atual de mercado; entrar em/ abrir novos mercados Inovação de Processos Melhorar a flexibilização na fabricação; Reduzir custos de fabricação; Consumo de materiais; Consumo de energia; Custo de design dos produtos; Custo com pessoal; Melhorar as condições de trabalho; Reduzir a poluição ambiental. Fonte: Conceição Vedovello, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 Razões Tecnológicas para Inovar: Desenvolver novos produtos e serviços; Alterar ou melhorar os métodos de produção existentes; Melhorar o desempenho de técnicas existentes; Imitar os líderes em inovação; Adaptar as tecnologias desenvolvidas por outros para atender às necessidades da empresa. Inovações Brasileiras Este módulo tem como um dos propósitos contribuir com informações para a mudança deste quadro. Há uma urgência em alterarmos nossa rota. O governo, as empresas e o meio acadêmico se sentem insatisfeitos e incomodados com o status quo. Entretanto, existe dificuldade para que estes agentes alinhem esforços para iniciar um ciclo virtuoso que resulte em inovações, gerando riqueza para a nossa sociedade. Por outro lado, há casos brasileiros de sucesso, como a já citada Embraer e a Petrobrás, que é líder mundial de produção de petróleo em águas profundas, graças às tecnologias desenvolvidas em seu Centro de P&D - Cenpes. Não devemos esquecer na área de serviços, a GOL Linhas Aéreas que, com uma gestão inovadora e adotando uma política de preços mais baixos e redução de custos, logo alcançou a terceira posição entre as maiores companhias do país. Dica: para quem quer aprofundar os estudos em gestão da tecnologia e inovação fica a indicação, logo nesta primeira unidade, dos livros intitulados: “Inovação Organizacional e Tecnológica” dos autores Daniel Augusto Moreira e Ana Carolina S. Queiroz e o livro “Gestão Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 da Tecnologia e Inovação” dos autores João Roberto Loureiro de Mattos e Leonam dos Santos Guimarães. Estes são os livros que formam a base do nosso módulo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 UNIDADE 2 Objetivo: Descrever sobre as novas técnicas de gestão. Novas Técnicas de Gestão Na unidade anterior abordamos aspectos gerais da inovação. Nesta unidade vamos fazer uma breve introdução sobre as novas técnicas de gestão que inclui a inovação, mas também descreve sobre as outras técnicas: ciência e tecnologia, nova economia do conhecimento e competitividade segundo Mattos e Guimarães (2005). 1. Nova economia do conhecimento - Na história da humanidade, existem momentos marcantes, onde à medida que o homem evoluía e criava, sentia a necessidade de conhecimentos que atendessem a uma demanda cada vez mais especializada. Um exemplo é a Revolução Industrial, onde o conhecimento tornou-se indispensável. Em seguida temos a transição da Era Industrial para a Era da Informação, onde a sociedade da informação ou do conhecimento passa a caracterizar-se pela valorização do “saber” como forma de acesso ao poder. Agora, fontes de poder e riqueza dependem da capacidade de geração de conhecimento e processamento de informações. Sendo assim, é importante ressaltar que o desenvolvimento rápido das novas tecnologias da informação e comunicações (TIC) é claramente responsável por essa nova economia e contribui para a construção da sociedade da informação. A nova economia do conhecimento é definida como aquela em que a geração e utilização do conhecimento desempenham um papel predominante na criação do bem-estar social. Neste sentido, torna-se necessário, investimentos em equipamentos de informática, pesquisa, desenvolvimento (P&D) e formação técnica. Estes investimentos sedimentam a crescente Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 importância do conhecimento e de sua gestão para o desenvolvimento econômico de um país. A figura abaixo mostra que a inovação ocorre com o conhecimento e vice-versa, e que o progresso técnico e acumulação de conhecimento implicam em produtividade e crescimento. 2. Ciência e Tecnologia - Entende-se por ciência o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao universo objetivo, envolvendo fenômenos naturais, ambientais e comportamentais. Em geral, a ciência é dita pura ou fundamental quando é desvinculada de objetivos práticos, e aplicada, quando visa consequências determinadas. No passado, os cientistas estavam unicamente interessados em descobrir e compreender os fenômenos do Universo, com total despreocupação pelas possíveis consequências de suas descobertas. Hoje, também se interessam pelas consequências de suas novas descobertas, não só pela simples compreensão dos fenômenos envolvidos. O cientista, entretanto, não está preparado para transformar suas descobertas em um bem comercializado. Alguns autores consideram a tecnologia como ciência aplicada, apesar de nem sempre esta definição ser verdadeira, embora, no mundo atual, a tecnologia dependa cada vez mais dos conhecimentos científicos. Entende-se como tecnologia: Um conjunto ordenado de conhecimentos – científicos; empíricos ou intuitivos – empregados na produção e comercialização de bens e de serviços. INOVAÇÃO CONHECIMENTO Progresso Técnico e acumulação de conhecimentos Produtividade e Crescimento Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 A tecnologia é normalmente produzida e levada a sua plena utilização, pelo setor produtivo, por meio de um sistemático encadeamento de atividades de pesquisa, desenvolvimento experimental e engenharia (PD&E). Pesquisa – É a atividade realizada com o objetivo de produzir novos conhecimentos, geralmente envolvendo experimentações. Desenvolvimento Experimental – Compreende o uso sistemático de conhecimentos científicos ou não, em geral oriundos da pesquisa, visando à produção de novos materiais, produtos, equipamentos, processos, sistemas ou serviços específicos, assim como o melhoramento significativo daqueles já existentes. O desenvolvimento cobre a lacuna existente entre a pesquisa e a produção e, geralmente, envolve a construção e operação de plantas piloto (engenharia de processo), construção e testes de protótipos (engenharia de produto), entre outros experimentos necessários à obtenção de dados para o dimensionamento de uma produção em escala industrial. A tecnologia gerada ou aperfeiçoada pela pesquisa e pelo desenvolvimento experimental pode exigir diferentes graus de elaboração até seu emprego em uma unidade produtiva. Essa elaboração exige os serviços especializados de engenharia. Vale ressaltar novamente que o homem ao longo de sua história sempre procurou dominar a natureza para colocá-la a seu serviço, tendo, para tanto, que produzir tecnologia. Pesquisa Básica Pesquisa Aplicada Desenvolvimento Produção e Operação Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Na produção de tecnologia, utiliza-se o estoque mundial de conhecimentos disponíveis. Os insumos básicos para a produção de tecnologia são conhecimentos; ideias que podem originar de três fontes principais: do mercado, do exercício da produção e dos avanços da ciência e da própria tecnologia. Nas unidades seguintes abordaremos detalhadamente a evolução e as tecnologias primárias: produto, processo e informação. 3. Inovação – É ter uma ideia que seus concorrentes ainda não tiveram e implantá-la com sucesso. A inovação tem que fazer parte da estratégia das empresas: seu foco é o desempenho econômico e a criação de valor. Uma maneira de escrever a inovação é explicar o que ela não é. Vejamos alguns exemplos: O marido e a mulher abrem uma lanchonete na frente de um novo edifício de escritórios podem estarjogando com a poupança de suas vidas, mas não estão inovando. A empresa farmacêutica que fabrica uma versão genérica de uma pílula campeã de vendas contra úlcera está simplesmente se aproveitando da expiração das patentes de um rival. Todos esses exemplos são simplesmente empreendimentos comerciais, não são inovações. As inovações não apenas quebram a forma, elas também rendem retornos bem melhores do que os empreendimentos comerciais comuns. Para apreciar a diferença entre abrir mais uma loja de hambúrgueres e realmente promover a inovação, consideremos o que fez o McDonald´s. Ele padronizou o produto, concebeu procedimentos culinários inteiramente novos e treinou meticulosamente seus funcionários, dando, assim, aos clientes algo que nunca tinham tido: hambúrgueres de alta qualidade, servido com extrema rapidez, em um ambiente higiênico. O McDonald´s não apenas criou um novo produto, mas toda uma nova categoria de mercado. Isso foi uma inovação de primeiríssima ordem. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 4. Competitividade - É definida como a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado baseado na dinâmica do processo de concorrência (Ferraz, 1996). Processo Competitivo O desenvolvimento de inovações é efetuado por pessoas ou grupo de pessoas visionárias. Ocorre, entretanto, que muitos fatores externos influenciam profundamente na quantidade, profundidade e direção das inovações de uma comunidade. Entre os fatores mais representativos, podem se destacados: o fluxo de informações entre pessoas, a receptividade a mudanças e a disponibilidade de capital. Fluxo de informações – base para gerar soluções inovadoras Disponibilidade de Capital – fator propulsor Receptividade à mudanças – está relacionado à aceitação de novas soluções que se faz a partir do fluxo de informações. O homem possui uma natureza bastante conservadora a mudanças, pois mudar implica assumir riscos e se expor. Desta forma, quanto mais profundas as mudanças propostas, menores são as perspectivas de se concretizarem um processo de inovação. Tecnologia Inovação Competitividade Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 Por esta razão, as grandes evoluções da humanidade ocorrem no formato de ondas, como sugere Alvin Toffler em seu livro “A terceira onda”. Novas soluções são assimiladas inicialmente sob forma de inovações sutis, que vão sendo incorporadas ao dia a dia. Isso permite a assimilação de inovações crescentemente revolucionárias, até que seja atingido um estágio - topo da onda – no qual se vence o antigo, tornando-o ultrapassado, e se assimila completamente a nova solução. Figura (Mattos e Guimarães, 2005). Assista a entrevista de Jô Soares com Waldez Ludwig disponível nos links abaixo: 1. http://www.youtube.com/watch?v=Wtnn69-oQ8E 2. http://www.youtube.com/watch?v=mmWODyD6_XE&feature=related 3. http://www.youtube.com/watch?v=9wewvBwcsQ8&feature=related Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 UNIDADE 3 Objetivo: Apresentar a relação da inovação e tecnologia, bem como descrever o papel da tecnologia no processo de evolução humana através das ondas de Shumpeter. Papel da Tecnologia no Processo da Evolução Humana O processo evolutivo pelo qual a humanidade passa inclui a compreensão dos fenômenos naturais e sociais. Apoiados nessa compreensão foram inventados artefatos e instrumentos que, consequentemente, têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida. O conhecimento, criando novas formas de fazer de maneira reproduzível, define a tecnologia. De alguma maneira, os processos de inovação tecnológica são mais acentuados e perceptíveis porque propiciam a criação de artefatos, ferramentas, máquinas e equipamentos de uso amplo, alterando visivelmente os modos de viver e trabalhar da humanidade. Analisando as relações entre o progresso tecnológico e as atividades econômicas, economistas observaram que há ciclos de intenso crescimento tecnológico e expansão econômica, que podem ser comparados com ondas. Observe através da figura abaixo a tendência na diminuição do período entre seus picos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 A figura acima identifica cinco ondas onde a 1ª onda é dominada pela introdução de uso de força da água, têxteis e (final do século XVIII); A 2ª onda é denominada pelo uso do vapor e do aço (meados do século XIX); A 3ª onda vem caracterizada pelo advento da eletricidade, novos produtos químicos e motor de combustão interna (na virada para o século XX); A 4ª onda é caracterizada pela produção em massa, petróleo, eletrônica e aviação (meados do Século XX), e a 5ª onda é caracterizada pelo aparecimento de inovações e de rápido crescimento tecnológico é a que estamos testemunhando, e que começou há, aproximadamente, 10 anos. Segundo Mochkalev e Pimenta (2001), nesses ciclos, o crescimento começa tipicamente como resultado de um conjunto de inovações radicais, revolucionárias, que ocorrem, quase simultaneamente, em vários setores da indústria. Essas inovações são, em muitas vezes, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 disruptivas, ou seja, dão origem a uma nova geração de produtos e serviços, substituindo os produtos e serviços convencionais. Assim, os transistores substituíram, quase totalmente, as válvulas eletrônicas e a introdução de microcomputadores terminou com a era dos minicomputadores e das máquinas de escrever. Porém, a história mostra que, geralmente, depois de uma fase de crescimento (estimulado pelos novos investimentos na indústria), inicia-se uma fase de estagnação e, em seguida, uma de queda. Quem não conseguir aproveitar a fase crescente da onda de inovações, quando os lucros ainda podem ser altos, corre o risco de atrasar na corrida para o sucesso. Quando caracterizamos a última onda de crescimento tecnológico - que, atualmente, chamamos de altas tecnologias, o senso comum nos leva a uma associação imediata com termos muito repetidos pelas mídias: Internet, software, telecomunicações, fibra óptica, biotecnologia, engenharia genética, laser, microeletrônica, materiais compósitos, etc. São muitas as áreas de intenso crescimento tecnológico. É constatável que boa parte das áreas de crescimento está relacionada à informação/informatização (computação, telecomunicações), não sendo por acaso que muitos especialistas definem as novas tecnologias como as de informação. Com certeza, a Tecnologia da Informação (TI) - novas capacidades em adquirir, processar, analisar e transferir volumes enormes de informação- tem ajudado bastante na melhoria da produtividade na indústria, na ciência e nas diversas áreas de serviços. Assim, é possível observar os impactos da TI na automatização ampla em projetos (design) de produtos e serviços e na estrutura de gerenciamento de finanças, produção, estoques, relações com clientes, distribuidores e fornecedores, etc. Podemos observar que a universalidade do atual progresso tecnológico (resultado do desenvolvimento amplo e profundo da ciência nas últimas décadas) é a marca diferencial da última onda de inovações e de expansão econômica. Na opinião dos vários pesquisadores, como por exemplo, Lastre (1994), a introdução dos conceitos de TI vem modificando forte- Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 mente os aspectos básicos do paradigma técnico-econômico que antes era baseado no estilo Fordista: Paradigma Fordista Paradigma de TI Uso intenso de energia Isso intenso de informação Padronização Customização, personalização Produtos básicos (mix) estabelecidos Mudanças rápidas de produtos básicosFábricas e equipamentos dedicados Sistemas de produção flexível Automatização Sistematização Empresas isoladas Redes de empresas Estrutura hierárquica/departamental Estrutura horizontal/integrada Produto com serviço Serviço de produtos Centralização Inteligência Distribuída Habilidades específicas Habilidades múltiplas Papel do governo: controle e planejamento Papel do governo: informação, regulação, coordenação Fonte: MOCHKALEV, Stanislav; PIMENTA, Maria Alzira de A. Tópicos Atuais em Administração: Inovação, Ed. Alínea, 2001. Fazendo uma análise dos termos listados acima, identificamos que eles são resultado da acumulação de conhecimentos nas ciências fundamentais e aplicadas, tratadas de maneira interdisciplinar. Neste sentido, podemos observar também uma mudança na concepção de Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 ciência: no lugar das ciências especializadas e bastante isoladas, cria-se uma “rede” de ciências caracterizada por uma forte integração e interação, interdesenvolvimento e sinergia. Por exemplo, o prêmio Nobel de Física no ano de 2000 que foi concedido para trabalhos na área de micro e optoeletrônica, fundamentais para a tecnologia da informação. O prêmio foi para a invenção e o desenvolvimento do circuito integrado, conhecido como chip, e para a criação de heteroestruturas formadas por camadas de semicondutores compostos. Esses novos materiais possibilitaram a fabricação de transistores Veja que interessante, a figura ao lado representa uma Máquina de Lavar do século XVIII. Vale ressaltar aqui o quanto em conhecimento foi necessário para chegarmos às máquinas atuais, disponíveis no mercado, com alta tecnologia. Já que falamos em ONDAS fica a pergunta - Qual será a 6ª. Onda? Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 Vá até a pasta Material Complementar e acesse o arquivo Cirque du Soleil. Leia o artigo e veja uma Inovação voltada ao entretenimento. Você poderá ver uma parte do espetáculo, basta acessar na pasta Vídeo, o arquivo: Tema ALEGRIA. Quais os aspectos positivos e negativos da globalização SEM o uso da Tecnologia da Informação? Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 UNIDADE 4 Objetivo: Mostrar a evolução do conceito de inovação tecnológica e suas novas abordagens. Explicando a Evolução do Conceito de Inovação Tecnológica Segundo Andreassi (2007), a questão tecnológica que desperta a atenção de estudiosos há muito tempo, vive hoje o conceito de investimento intangível, afirmando que a situação de um país resulta da acumulação de todas as descobertas, invenções, melhorias, aperfeiçoamentos e esforços de todas as gerações antecedentes: isso forma o capital intelectual da raça humana (Freeman e Soete, 1997). No entanto, esses estudos não tinham a pretensão de entender com profundidade a dinâmica do processo de mudança tecnológica. Foi só na primeira metade do século XX, com o economista austríaco Schumpeter, que a tecnologia passou a ser analisada mais detalhadamente, com base nas teorias de desenvolvimento econômico – já mencionada na unidade anterior. Schumpeter deu à inovação tecnológica, papel de destaque na economia do século XX, concentrando sua atenção nos efeitos positivos das inovações de processo e produto no desenvolvimento econômico e analisando também o papel da empresa e dos empreendedores. Schumpeter menciona cinco tipos de inovação: Introdução de um novo bem (com o qual os consumidores ainda não estejam familiarizados) ou de uma nova qualidade de um Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 bem. A introdução do telefone celular, por exemplo, enquadra-se nessa categoria de inovação; Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método ainda não testado em determinada área da indústria e que tenha sido gerado a partir de uma nova descoberta científica; ou ainda um novo método de tratamento comercial de um commodity. Como exemplo, podemos citar a robotização das linhas de montagem da indústria automobilística; Abertura de um novo mercado, no qual uma área específica da indústria ainda não tenha penetrado, independentemente do fato de o mercado já existir ou não. O lançamento de uma linha de cosméticos voltada ao público masculino exemplifica esse tipo de inovação; A conquista de uma nova fonte de matéria-prima ou de bens parcialmente manufaturados, independentemente do fato de essa fonte ou esse bem já existir ou não. Podemos citar como exemplo, a utilização do plástico na confecção de sandálias; Curiosidade: A figura apresenta o sapato lunar. Com este sapato você vai se sentir na lua. Pelo menos é isso que promete o fabricante do “Moon Shoes”, uma espécie de sandália feita de plástico que prende no sapato e faz você quicar, como se estivesse na lua. O Moon Shoes é indicado para maiores de 7 anos e aguenta uma pessoa de até 81 quilos. O sapato lunar custa US$ 30 na Amazon. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 o aparecimento de uma nova estrutura de organização em um setor, como a criação de uma posição de monopólio ou a quebra de um monopólio existente. O setor de supermercados constitui um exemplo disso, passando de uma estrutura fragmentada para uma estrutura oligopolizada. Novos Enfoques dados à Inovação Alguns críticos de Schumpeter afirmam que o autor faz uma conceituação muito abrangente de inovação, uma vez que está relacionada aos aspectos técnicos, mercadológicos e organizacionais. Para Dosi (1988), a inovação está essencialmente relacionada à descoberta, à experimentação, ao desenvolvimento, à imitação e à adoção de novos produtos, novos processos de produção e novos arranjos organizacionais. Dessa definição decorrem cinco fatos ou propriedades que auxiliam a compreensão do processo contemporâneo de inovação: a inovação pressupõe certa dose de incerteza, uma vez que os resultados do esforço de criação dificilmente podem ser conhecidos de antemão. Tal incerteza envolve não só a falta de informação sobre a ocorrência de eventos conhecidos, mas principalmente a existência de problemas técnico-econômicos de solução desconhecida. Além disso, é impossível prever as consequências das ações; basicamente a partir do século XX, as novas oportunidades tecnológicas estão cada vez mais se baseando nos avanços obtidos pelo conhecimento científico; o aumento da complexidade envolvendo as atividades de inovação tem favorecido a organização formal (laboratórios de P&D em empresas, universidades, institutos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 governamentais, etc.), em vez do "agente individual". Como consequência, obtém-se maior integração entre os diversos sujeitos envolvidos no processo; uma parte significativa de inovação tem surgido com o learning-by-doing e o learning- by-using. Pessoas e organizações, especialmente empresas, podem aprender como usar, melhorar ou produzir coisas realizando atividades informais, como reuniões com clientes, solução de problemas práticos, redução de obstáculos na produção, etc.; a mudança tecnológica não pode ser descrita simplesmente como uma reação às mudanças nas condições do mercado. Ela é mais um fator que surge da experiência obtida pelas empresas, organizações e até mesmo países. Em outras palavras, a inovação tecnológica é uma atividade acumulativa. Ainda segundo Adreassi, outro ponto importante é a dimensão do impacto causado pela inovação. Quando Schumpeter se refere à inovação, ele está, na verdade, falando de inovações radicais, ou seja, aquelas que produzem um grande impacto econômico ou mercadológico. O autor deixa em segundo plano as inovações de ordem incremental, isto é, os aprimoramentostécnicos de base contínua, que também são importantes para se entender o processo inovativo. Contudo, a influência de Schumpeter é tão grande que seu modelo acabou sendo utilizado para a análise de toda atividade inovativa, seja ela de ordem radical ou incremental. Para Hall (1994), a ideia de que a mudança tecnológica é incremental e gradual é amplamente aceita hoje em dia, principalmente em virtude da teoria evolucionária. Hasenclever e Mendonça (1994) argumentam que a característica principal da abordagem evolucionária é a incorporação do fenômeno da mudança tecnológica. Eles explicam como as atividades técnico-científicas são incorporadas ao processo produtivo e quais são os efeitos disso sobre a própria estrutura industrial e sobre a concorrência. Pela teoria evolucionária, a mudança técnica e a estrutura de mercado devem ser entendidas como mutuamente interativas, afetando-se uma à outra. A inovação é uma escolha não Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 inteiramente conhecida, podendo ou não dar certo. Nesse ambiente de incerteza e diversidade, as empresas utilizam suas rotinas ou "trajetórias naturais". Tais rotinas são, na verdade, as técnicas de produção, os procedimentos para escolha de insumos e produtos, as regras de preço, as políticas de P&D, entre outras atividades. As firmas que possuírem as melhores rotinas em seu ambiente tenderão a prosperar e a crescer mais que as demais. Dosi contribui para a teoria evolucionária, ao introduzir o conceito de "paradigma tecnológico". Tal conceito significa um programa de pesquisa tecnológica baseada em modelos ou padrões de soluções de determinados problemas, derivados de princípios e procedimentos técnico-científicos. O espaço tecnológico possibilita vários vetores ou trajetórias, responsáveis pelo direcionamento do progresso técnico. Assim sendo, Dosi conclui que a inovação é o resultado de uma interação entre elementos técnicos e econômicos que se realimentam para orientar que vetor ou trajetória tecnológica serão adotados, em um ambiente marcado por incerteza e riscos. Vá até o site do YouTube – www.youtube.com.br e digite “vassoura de garrafa PET passo a passo”. Você verá um exemplo em vídeo de inovação adequada as questões ambientais usando o plástico como nova fonte de matéria-prima. Abra também Pasta Material Complementar a veja outra forma de produção no arquivo Vassoura PET. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 UNIDADE 5 Objetivo: Mostrar a inovação tecnológica como fator propulsor do crescimento, e como está a inovação tecnológica no Brasil. Inovação Tecnológica : fator propulsor do crescimento A relação entre tecnologia e crescimento como elemento de estudo não é algo novo. Assim como Shumpeter visto na unidade anterior, outros economistas também contribuíram com estudos voltados a relação entre a tecnologia e o crescimento, no entanto, foi só a partir dos anos 1960 que apareceram alguns trabalhos com uma base mais empírica e comparativa entre diversos países. Vale lembrar, novamente, o destaque do trabalho clássico de Fagerberg (1988), onde o autor analisou o PIB per capita, os gastos em P&D, como percentual do PIB e o número de patentes externas, por bilhão de dólares exportado, de 24 países. O resultado mostrou que os países tecnologicamente mais avançados, nos itens "gastos em P&D" e "número de patentes", são também os economicamente mais avançados, segundo a variável "PIB per capita". Nesse sentido, a importância da tecnologia para o crescimento, especialmente em atividades relacionadas à tecnologia de ponta, vem sendo cada vez mais enfatizada nos países Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 industrializados. A tecnologia deve ser considerada uma fonte de “competitividade estrutural" para um país, uma oportunidade para se mudar a estrutura das vantagens comparativas e também uma maneira de se substituir inputs usados na produção. A inovação tecnológica é uma peça-chave na obtenção da competitividade de um país. Porter (1993), no primeiro capítulo do seu livro “A vantagem Competitiva das Nações”, introduz a necessidade de uma nova teoria sobre vantagem competitiva, ressaltando que nessa nova teoria a inovação e o melhoramento em métodos e tecnologia são os elementos centrais. O autor prossegue afirmando que a base da vantagem competitiva de um país está em seu papel criador de um ambiente favorável à inovação. Observa-se também que a relação entre a dinâmica da inovação e o impacto econômico depende do contexto considerado. Tecnologia e crescimento econômico apresentam relações distintas quando se levam em conta períodos recessivos, nível de abertura ou protecionismo econômico, intervencionismo estatal, natureza tecnológica (civil ou militar) ou mesmo setores industriais predominantes no país. Inovação Tecnológica no Brasil Quanto à realidade brasileira, um estudo detalhado sobre a origem e evolução da ciência e tecnologia no Brasil foi conduzido por Marcovitch (1978). Segundo o autor, o processo de industrialização brasileiro é recente se comparado com os países desenvolvidos. Esse processo iniciou-se de forma decisiva apenas a partir da Segunda Guerra Mundial, com a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional, como forma de garantir a infraestrutura necessária para as indústrias automotiva, de equipamentos, química, elétrica e eletrônica, que se instalaram aqui a partir da década de 1950. Devido à rapidez do processo de industrialização, o empresário brasileiro teve de procurar no exterior a tecnologia necessária para garantir o funcionamento das empresas, já que no país Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 não existiam recursos humanos e materiais para a criação do know-how nacional. Assim, tal know-how foi adquirido por meio de acordos de assistência técnica, licenças e do emprego de técnicos estrangeiros. Porém, a fim de garantir uma otimização da tecnologia importada, foi necessária a criação de uma equipe de P&D; tal equipe fez os ajustes para a adaptação da tecnologia adquirida no exterior. Em algumas empresas, notadamente as estatais do ramo de energia, telecomunicações e petróleo, as equipes de P&D evoluíram e conseguiram ser reconhecidas por seu alto nível de inovação. Porém, no restante dos setores, o investimento em P&D começou a ocorrer apenas após a abertura de mercado, no início da década de 1990, conforme relata Israel Vargas, ex-ministro da Ciência e Tecnologia no período: Até há poucos anos, dona de um mercado cativo, embora limitado, a preocupação com a tecnologia não passava de uma decisão sobre qual equipamento comprar. Não havia necessidade de aperfeiçoarem-se processos e produtos [ ... ]. Mas isto está mudando a olhos vistos. Com relação ao papel do estado no processo, foi só a partir do final da década de 1960, mais especificamente com a instituição do Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED), em 1968, que o governo passou a se preocupar, de forma mais explícita, com o desenvolvimento científico e tecnológico. Criou planos e políticas específicos para a área, agências de fomento e bancos de investimentos, conforme analisado por Stal (1997). Entretanto, a autora salienta que, desde os anos 1970 até os dias atuais, ficam evidentes as contradições existentes entre a política explícita de C&T e a política econômica vigente, causando uma precariedade nas articulações entre empresa, governo e universidade. Um típico exemplo dessa contradição é a Lei nº 8.661/93, que regula os incentivos fiscais para a capacitação tecnológica das empresas. Após apenas quatro anos de implantação, quando as empresas estavam efetivamente começando a utilizá-Ia, os incentivos sofreram cortes e sua aplicação nas empresas foi prejudicada. Só recentemente, em2006, 13 anos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 depois de promulgada a Lei nº 8.661, uma nova lei foi elaborada para incentivar a inovação tecnológica empresarial, concedendo incentivos às empresas que investem em P&D. Pode-se perceber que P&D exerce papel fundamental no desenvolvimento econômico dos países. Porém, P&D deve ser considerada uma condição necessária, mas não suficiente. Demais variáveis acabam influenciando, como a forma de utilizar os gastos em P&D, o impacto dos investimentos (se são ou não acompanhados de mudanças sociais), a adoção de políticas econômicas e de P&D, compatíveis entre si, o relacionamento articulado entre empresa, governo e universidade, entre outras. IMPORTANTE: Veja alguns dados fornecidos pelo Relatório de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial de 2006-2007 (Araújo, Arruda, Tello, 2007). Note que fazendo uma comparação entre 2005 e 2006 podemos observar: O destaque da Suíça em primeiro lugar no ranking e a presença maciça dos países nórdicos nas primeiras posições em relação ao ano anterior; A queda de cinco posições dos Estados Unidos está associada ao mau desempenho dos seus fatores macroeconômicos. Mas os EUA se mantêm como líderes em muitos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 dos indicadores de Inovação (2º lugar), Eficiência de Mercado (2º lugar), Educação Superior e Treinamento (5º lugar) e Sofisticação Empresarial (8º lugar); A Suíça passa a ocupar a liderança do indicador, fruto do equilíbrio entre os diversos pilares e variáveis, destacando-se nos investimentos significativos em Inovação (3º lugar) e na Sofisticação do Ambiente Empresarial (3º lugar); O Brasil depara-se com grandes problemas em diversas áreas, apresentando queda de nove posições no ranking (de 57º para 66º). Destaca-se o péssimo posicionamento no pilar Macroeconomia (114º lugar) e Instituições (91º lugar), equilibradas apenas por posições muito boas nos pilares Sofisticação Empresarial (38º lugar) e Inovação (38º lugar). Vá até a Pasta Material Complementar e leia o ARQUIVO – “Banana e Bananada.pdf representa o discurso do professor Weber, uma aula de despedida”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 UNIDADE 6 Objetivo: Descrever a importância da inovação como campo de estudo. Inovação: um novo campo de estudo Após a leitura do texto que descreve a aula de despedida do Prof. Weber, na unidade anterior, fica ainda mais claro a necessidade de investirmos tanto em conhecimentos na área tecnológica como em conhecimentos neste novo campo de estudo, a inovação. Segundo Moreira e Queiroz (2007), os estudos de inovação, particularmente nas duas últimas décadas, ganharam forte impulso e se constituíram em um complexo campo de pesquisa, com muitas ramificações e especializações, no qual apontam muitas certezas acumuladas e também muitas dúvidas ainda por responder. As dúvidas começam pelo conceito de inovação. Embora haja um forte consenso no sentido de que a inovação está relacionada a "algo novo" (Slappendel, 1996), existe considerável desacordo sobre o que pode ser considerado "novo" (Johannessen, Olsen e Lumpkin, 2001), abrindo espaço para conceituações divergentes. Devido à indefinição conceitual do que seja uma inovação, os problemas para em se encontrar um esquema classificatório único persistem. Alguns tipos de inovação já se consolidaram e são fundamentais como marcos de estudo e pesquisa: assim, por exemplo, a inovação técnica ou tecnológica é, para um grande número de autores, consultores e executivos, praticamente sinônimo de inovação. Há também dificuldades quanto ao "mapeamento mental" do campo da inovação, mesmo quando se especifica um subcampo mais restrito, como, por exemplo, a inovação em nível de empresa. Existe um consenso sobre as variáveis mais importantes que possam ser Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 relacionadas aos esforços inovadores? Existem estratégias de pesquisa reconhecidas que se apliquem a modelos de estudo particulares? E assim por diante. Mais uma certeza existe; a inovação é um elemento importante tanto para sociedade quanto para as organizações. É importante ressaltar, que para muitos autores reconhecidos no campo da inovação, as organizações devem seu sucesso econômico, em maior ou menor grau, ao sucesso em introduzir inovações em seus produtos e processos (Tidd, Bessant e Pavitt, 1997). A vantagem competitiva pode advir do tamanho da empresa ou de seus ativos, mas, sem dúvida, a habilidade para mobilizar conhecimento, tecnologia e experiência para criar produtos, processos ou serviços está contando cada vez mais. Um exemplo de inovação para a sociedade brasileira foi a Urna Eletrônica, que agilizou o processo eleitoral. Você já parou para refletir como esta inovação destacou o Brasil mundialmente? É o “saber” como forma de Poder. As pesquisas sugerem diversas formas pelas quais a inovação pode contribuir. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 Onde podemos Inovar? A classificação quanto aos tipos de inovações, do Fórum de Inovação da Escola de Administração de Empresas de SP, da Fundação Getulio Vargas, é muito apropriada. São divididas em quatro: Inovação de produtos e serviços - desenvolvimento e comercialização de produtos ou serviços novos, fundamentados em novas tecnologias e vinculados à satisfação dos clientes; Inovação de processos - desenvolvimento de novos meios de produção ou de novas formas de relacionamento para a prestação de serviços; Inovação de negócios - desenvolvimento de novos negócios que forneçam uma vantagem competitiva sustentável; Inovação em gestão - desenvolvimento de novas estruturas de poder e liderança. A inovação pode ocorrer no: design, produto, processo de produção, serviço agregado ao produto, modo de comercialização, serviço prestado ao cliente, na técnica de marketing, na gestão da cadeia de valor, na relação com fornecedores e clientes. É essencial que a inovação atenda a uma necessidade ou desejo do consumidor, de modo, a efetivamente criar valor. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 Faça uma reflexão acerca da figura abaixo. Qual seria o tipo de Inovação? Justifique. Visite a ENDEAVOR (http://www.endeavor.org.br/). Ao se cadastrar gratuitamente nesse site, você terá acesso a vários vídeos muito interessantes. Acesse ao vídeo: “Inovação, Tecnologia e Criatividade gerando valor para a sua empresa”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 Existe um Filme chamado “Na Roda da Fortuna”, com Tim Robbins e Paul Newman que conta de maneira divertida a história da invenção do BAMBOLÊ. Só disponível em locadoras de vídeo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 UNIDADE 7 Objetivo: Mostrar a variedade de conceitos, de vários autores, em relação a INOVAÇÃO. Mercado e Inovação O mercado atual é caracterizado por uma alta competitividade, excesso de informação, alta instabilidade, curto ciclo de vida de produtos e concorrência acirrada, fazendo com que as empresas, para obter êxito, tenham que desenvolver a capacidade de inovar, gerando novos produtos e serviços, a um preço menor, com melhor qualidade e a uma velocidade maior que seus concorrentes. As empresas precisam atender, simultaneamente, às demandas por eficiência, qualidade, flexibilidade e agilidade, através da aplicação de novas tecnologias. Segundo Leite, outra característica da nossa sociedade moderna é a penetração e difusão da tecnologia. Hoje, ela está inserida no nosso cotidiano, no trabalho, na vida familiare em nossa vida comunitária, ou seja, cada vez mais somos "tecnólogos"- dependentes. Se ocorre um problema no servidor ou na rede de computadores de nossa empresa, praticamente ficamos impedidos de trabalhar. Os telefones celulares entraram em nossas vidas com tal essencialidade que parecem sempre ter existido. A conectividade se tornou condição básica para a existência moderna. Os produtos ficam rapidamente obsoletos e existe uma avidez por novidades e novas tecnologias. Nonaka (apud Leite, 2005), afirma que neste cenário conturbado só as "empresas geradoras de conhecimento" (knowledge-creating companies) têm garantida a sua existência, pois o seu negócio é a inovação contínua. Há uma diferença significativa entre essas gerações, pois viveram experiências cognitivas bem distintas, o que estimula o desenvolvimento de modelos mentais diferenciados, ou seja, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 são seres humanos com expectativas, desejos e hábitos diversos. Hoje, a criança e o jovem de uma classe social favorecida lidam com uma série de brinquedos e produtos de entretenimento de alta intensidade tecnológica. Não há a mínima chance de um menino da classe média ou rica se interessar mais pelo carrinho de rolimã ou pela bola de gude, como eu fazia. Os jogos de computador e o Playstation fazem parte da vida dele. Os integrantes desta nova geração vão se tornar adultos desejosos e, por que não dizer, "viciados" em consumir produtos de alta tecnologia. O que é Inovação? Introdução ao conceito Essa pergunta não admite uma resposta tão direta quanto seria de se desejar, mesmo porque, não existe uma definição única, totalmente aceita por todos. Como foi comentado anteriormente, a ideia de inovação incorpora ideias de novidade e de mudança, e esses elementos acabam por aparecer em praticamente qualquer uma das dezenas de definições surgidas nos últimos 30 ou 40 anos. Exemplifiquemos com uma definição de cunho geral, apresentada no relatório da Comunidade Europeia, intitulado Green paper on innovation (European Commission, 1995). O objetivo declarado do Green paper era identificar os fatores, positivos ou negativos, dos quais dependia a inovação, particularmente na Europa, e propor medidas para aumentar a capacidade inovadora da Comunidade Europeia. Com esses propósitos: (...) inovação é tomada como sendo um sinônimo para a produção, assimilação e exploração com sucesso de novidades nas esferas econômicas e sociais. [A inovação] oferece novas soluções para problemas e assim torna possível satisfazer as necessidades tanto do indivíduo como da sociedade. (European Commission, 1995, p. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 Na verdade, a inovação pode preceder e causar a mudança social ou ser desenvolvida em resposta a necessidades criadas pela mudança social, segundo Zaltman, Duncan e Holbek, (apud Moreira, Queiroz, 2007). Existe uma interação contínua e dinâmica entre novas ideias, práticas e produtos, de um lado, e a estrutura e a função social, de outro. As inovações podem criar mudança social, e a subsequente mudança social pode trazer inovações adicionais que podem reagir sobre as estruturas e/ ou funções alteradas que as fizeram existir ou influenciam outros aspectos da organização. Para esses autores, o termo inovação é usualmente empregado em três diferentes contextos. Em um deles, é sinônimo de invenção, isto é, refere-se a um processo criativo em que dois ou mais conceitos, ou entidades existentes, são combinados de forma nova para produzir uma configuração não conhecida previamente pela pessoa envolvida. Às vezes, essa ideia é misturada com a ideia de inovação como um processo (de inovação tecnológica) que parte da conceitualização de uma nova ideia para a solução de um problema e daí, para a real utilização de um novo item de valor econômico ou social. Essa visão da inovação como um processo, começando com o reconhecimento de uma demanda potencial, a viabilidade técnica de um item e finalizando com sua utilização generalizada é, talvez, o mais amplo uso do termo inovação na literatura existente. Ela mescla a ideia de inovação com a de adoção. O termo inovação é também usado para descrever somente o processo em que uma inovação existente torna-se parte do estado cognitivo e repertório comportamental de um adotante. A inovação, nesse sentido, é a adoção de uma mudança que é nova para a organização e seu ambiente relevante. Trata-se da introdução em uma situação aplicada, com sucesso, de meios ou fins que são novos à situação. No primeiro sentido, a organização ou o indivíduo podem ser inovadores sem adotar; no segundo, podem ser inovadores sem ser inventivos. Finalmente, o terceiro uso do termo refere-se àquela ideia, prática ou artefato material que foi inventado ou é visto como novo; independentemente de sua adoção ou não adoção. A Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 ênfase aqui está na descrição de por que alguma coisa é nova, enquanto a invenção e a adoção envolvem processos. Essa visão descreve atributos e dimensões. Para os próprios autores, "a inovação é qualquer ideia, prática ou artefato material percebido como novo pela unidade de adoção relevante, a qual pode ser uma pessoa, uma organização, um setor industrial, uma região, etc." (Zaltman, Duncan e Holbek, 1973). Para Johannessen, Olsen e Lumpkin (apud Moreira e Queiroz, 2007), o caráter de "novo" existente em qualquer inovação pode ser analisado em três dimensões: O que significa algo ser "novo"? Quão "novo" esse algo precisa ser para ser considerado uma inovação? Esse algo deve ser "novo" para quem? Uma das mais importantes consequências do significado de "novo" está nas medidas mais usadas de inovação. De forma geral, a inovação é medida de formas indiretas, e não exatamente pelo que seja "novo" (em um produto, processo ou serviço, por exemplo). É corriqueiro usar como medidas de inovação as despesas totais com Pesquisa e Desenvolvimento (um componente significativo do custo de inovar, mas não o único, e seguramente não uma medida do que seja algo "novo"). A proporção de cientistas e engenheiros engajados em Pesquisa e Desenvolvimento ou o número de patentes, o número de produtos introduzidos pela empresa, etc. Apesar de que, nenhuma dessas medidas reflete diretamente o que seja a inovação. Segundo Moreira e Queiroz (2007), o primeiro passo para entender e, eventualmente, interferir, em componente tão crucial para o desenvolvimento econômico (a inovação) consiste em avaliar, da forma mais abrangente possível, tanto qualitativa como quantitativamente, o processo de geração, difusão e incorporação do progresso tecnológico. Há uma gama enorme de percepções e significados complementares que mostram distintas visões sobre o tema inovação. A seguir, destacaremos as citações de alguns autores importantes. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 Vá até a Pasta Atividades Dissertativas e abra o arquivo Caso 3M. O artigo mostra como funciona uma das empresas mais inovadoras do mundo. Em seguida responda as questões: 1. Qual são as principais características de uma empresa inovadora? 2. Qual é o foco da 3M? 3. Qual a diferença entre criatividade e inovação? 4. Qual a relação entre inovação e fidelização de clientes? 5. Quais são os dois tipos de necessidades de mercado na visão da 3m? Visite o site da 3M e veja seus produtos. Basta acessar www.3M.com.br Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 UNIDADE 8 Objetivo: Conceituar tecnologia e descrever as caratcterísticas das tecnologias primárias – produto, processo e informação. Tecnologia: componentes Apósabordarmos o conceito de Inovação, vamos iniciar esta unidade conceituando tecnologia. A tecnologia é um conjunto ordenado de conhecimentos científicos, técnicos, empíricos e intuitivos empregados no desenvolvimento, na produção, na comercialização e na utilização de bens ou serviços. A tecnologia consiste em três componentes trabalhando juntos que, segundo Mattos (2005), são: o conhecimento (Know-How), as instalações físicas e os procedimentos usados para produzir produtos, isto é, bens e serviços. Detalhando os componentes, temos que: Know-how – é o conhecimento e julgamento de como, quando e por que empregar determinados equipamentos e procedimentos. Habilidade e experiência individual estão incorporadas nesse conhecimento e frequentemente não podem ser transcritas em manuais e rotinas; Instalações físicas são equipamentos e ferramentas necessárias à produção; Procedimentos são as regras e técnicas para operar os equipamentos e as ferramentas de modo que as atividades de produção sejam executadas. Podemos aplicar este conceito, de maneira bem simples, no artigo “Banana e Bananada”, sobre a aula de despedida na unidade 5. Naquele caso específico temos a vovó como a pessoa que tem o Know-how, o conhecimento; as instalações físicas podemos considerar o Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 48 fogão e os procedimentos são as regras e técnicas para operar a matéria-prima e o fogão até transformar a banana em bananada. Sabemos que a tecnologia está presente nas organizações. Dentro de uma organização, as tecnologias se refletem naquilo que as pessoas estão trabalhando e no que elas estão usando para fazer esse trabalho. Sendo assim, vamos descrever sobre as três tecnologias primárias: produto, processo e informação. Tecnologia de Produto – é a mais notada tecnologia, onde grupos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da empresa empenham-se para criar novos produtos e serviços, ou seja, tecnologia desenvolvida para criar um produto ou serviço; Tecnologia de Processo – são empregados pela empresa para executar suas atividades, ou seja, tecnologia desenvolvida para melhorar os métodos utilizados pelas empresas para realizar suas tarefas; Tecnologia da Informação e Comunicação – cada vez mais importante, é o que os colaboradores de uma empresa dispõem para adquirir, tratar, processar e comunicar informação. 1) Sobre CLASSIFICAÇÃO: É importante destacar que a tecnologia pode ser classificada, sendo assim, o modo pela qual uma tecnologia específica é classificada depende de sua aplicação: Por exemplo, a tecnologia de produto de uma empresa – empresa que produz computadores – pode fazer parte da tecnologia de processo, de outras máquinas de comando numérico, e ser uma tecnologia de informação de uma terceira, como por exemplo, o banco de dados em rede. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 49 2) Sobre GESTÃO: A gestão de uma empresa está intimamente associada a todos os três aspectos da tecnologia, já que em qualquer empresa fazemos uso ou criamos tecnologia. A tecnologia de produto – é importante porque as operações empresariais devem ser projetadas para gerar produtos e serviços decorrentes dos avanços tecnológicos; A tecnologia de processo – é importante porque pode melhorar os métodos usados nessas operações; A tecnologia da Informação e comunicações - é importante porque pode melhorar o modo de uso da informação dos sistemas de operações da empresa. Vejamos como fica a classificação quanto à tecnologia dos CAIXAS AUTOMÁTICOS. Para que produz/fabrica/cria os Caixas Automáticos, tem-se como classificação: Tecnologia de Produto; Para o banco que utiliza/faz uso dos Caixas Automáticos tem-se como classificação: Tecnologia de Processo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 50 Já a Tecnologia de Informação é aplicada tanto para o banco como para os clientes. Detalhando as Tecnologias: Produto, Processo e Informação 1) TECNOLOGIA DE PRODUTO – é desenvolvida dentro da organização, tem como objetivo traduzir ideias em novos produtos e serviços, para os clientes da empresa. É desenvolvida principalmente por engenheiros e pesquisadores que desenvolvem novos conhecimentos e a maneira de produzi-los. As capacidades originais desses conhecimentos são fundidas e ampliadas, traduzindo-se em novos produtos e serviços, com características específicas que agregam valor para os clientes. Um dos pontos relevantes a considerar é que o desenvolvimento de novas tecnologias de produto requer íntima cooperação com o marketing da empresa, buscando descobrir aquilo que o mercado realmente necessita, e com sua produção, para determinar como os novos produtos e serviços criados para atender a essas Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 51 necessidades podem efetivamente ser produzidos e entregues aos clientes. Tendo necessidade de projeto e a implantação de sistemas para apoiar a instalação e manutenção do produto com os usuários pós-venda. Assim, a criação e aplicação da tecnologia pela organização das atividades de P&D, nas empresas, estão diretamente relacionadas à tecnologia de produto. Além de definir a estratégia tecnológica e a seleção de tecnologias a serem obtidas pela empresa. Que será detalhado nas unidades 9. A figura representa a descrição do processo de fabricação de um produto. Através do conhecimento gera-se a tecnologia para durante o processamento fabricar o produto. 2) TECNOLOGIA DE PROCESSOS – são os métodos pelos quais uma organização para realizar suas atividades, depende da aplicação desta tecnologia. Algumas tecnologias C O N H E C I M E N T O S Tecnologia Projeto do Produto Processos e Instrumentos Materiais Fabricação P R O D u T O Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 52 de processo são específicas a sua área de atuação, enquanto outras são de uso universal, como aquelas empregadas na cadeia de suprimentos; 3) TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) – são utilizadas para adquirir dados operacionais internos e externos à empresa. Esses dados são utilizados na produção de informações e na geração de conhecimentos, de modo que as organizações possam tomar decisões, eficientes e efetivas. Esses dados, informação e conhecimentos, devem ser transmitidos para outras pessoas e processos, dentro e fora da empresa. A tecnologia da informação e comunicações permeia, portanto, todas as áreas funcionais da empresa. Se quiséssemos classificar o “programa da RECEITA FEDERAL” (Declaração de Imposto de Renda), quanto a TECNOLOGIA, como ficaria esta classificação para a instituição Receita Federal e para a sociedade (pessoas Físicas e Jurídicas)? Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 53 UNIDADE 9 Objetivo: Conceituar gestão da tecnologia no contexto empresarial detalhando aspectos quanto ao uso e criação destas tecnologias nas organizações Gestão da Tecnologia na Organização Empresarial Segundo Kupfer & Hasenclever (apud Mattos e Guimarães, 2005), as empresas precisam adaptar suas estruturas organizacionais de tal forma que lhes permitam introduzir, da melhor maneira possível, as suas estratégias tecnológicas. Como organismos vivos, as empresas recebem e exercem influência do ambiente no qual habitam, logo, é através da inserção das inovações tecnológicas que elas influenciam e transformam seu ambiente produtivo. Após a definição de tecnologia na unidade anterior, vamos conceituar gestão da tecnologia. Em um sentido mais amplo, a gestão da tecnologia cobre todos os aspectos de planejamento, organização, execução e controle de atividades empresariais desenvolvidas em ambientes com intensa tecnologia, ou seja, coordenaa P&D, a engenharia e o gerenciamento para planejar, desenvolver e implementar novas capacidades tecnológicas que possam impulsionar as estratégias corporativas e de operações da empresa. Isto significa que o gestor deve identificar possibilidades tecnológicas através da P&D, selecionando as tecnologias a serem obtidas tanto de fontes internas quanto externas, prosseguindo, então, pelo sucesso em sua implementação como novos produtos, processos e serviços. Vários são os papéis da tecnologia, no desempenho empresarial: A tecnologia é provavelmente o mais importante fator para o aumento da competitividade global de uma empresa; As empresas que investem e aplicam em novas tecnologias tendem a ter situação financeira mais sólida do que as que não o fazem; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 54 Estudos mostram que existe forte correlação entre o investimento em P&D e a rentabilidade e frequência de introdução de novos produtos; Pequenas empresas podem desfrutar de fortes posições competitivas quando têm maior know-how tecnológico e usam de forma intensiva a tecnologia da informação e tecnologia de produção assistida por computador; A relação entre tecnologia e vantagem competitiva é ainda muitas vezes mal- entendida; Ser uma empresa high-tech não necessariamente significa estar fazendo uso adequado da tecnologia. Em muitos casos, um simples serrote é uma escolha melhor do que uma máquina de corte a laser controlada por computador. A gestão da tecnologia aborda o gerenciamento das atividades ligadas ao uso de tecnologia e a criação de tecnologia. Vejamos a tabela abaixo, que representa a matriz de tipologia da gestão da tecnologia: Uso de Tecnologia Criação de Tecnologia Tecnologias Dinâmicas Gerenciamento da resposta da empresa à introdução de novas tecnologias Gerenciamento de redes de P&D para criar novas tecnologias e comercializar produtos e processos decorrentes Tecnologias Estabilizadas Gerenciamento dos recursos da empresa para o uso mais eficiente de tecnologias bem estabelecidas Gerenciamento de grupos de P&D para criar e comercializar novos produtos e processos baseados em tecnologias disponíveis A tabela mostra que, quanto ao USO de tecnologia podemos ter: Tecnologias: Dinâmicas e Estabilizadas. Se Dinâmicas deve-se gerenciar a resposta a esta nova tecnologia, se Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 55 Estabilizada deve-se potencializar o uso da tecnologia existente. Já em relação à CRIAÇÃO de Tecnologia temos que: as Tecnologias Dinâmicas devem ser gerenciadas com o intuito de criar e comercializar produtos e processos decorrentes destas novas tecnologias. Em Tecnologias Estabilizadas o gerenciamento tem o mesmo intuito, só que de tecnologias já disponíveis. Mattos e Guimarães (2005). A gestão da tecnologia, então, complementa e expande outras disciplinas e técnicas de administração, focando todo o corpo de conhecimentos ligados à criação e comercialização de novas tecnologias. De um modo geral, tais empresas usam o estado da arte existente, de modo a gerar tecnologia sem propriamente executar qualquer pesquisa. Assim, as empresas têm necessidade de identificar, no organograma organizacional, a posição estratégica mais adequada para um “departamento” de Gestão Tecnológica, com autonomia estabelecida e ampla visão empreendedora, com ligação linear à alta direção e às demais funções gerenciais básicas. Mais uma vez recorre-se a Longo (1984), para lembrar que a principal causa de fracasso nas indústrias que lidam com tecnologia “tem como origem o fato de que, a maioria de seu pessoal desconhece que trabalha numa fábrica e pensa que está a serviço de um laboratório”. A simples atividade de P&D isolada não é garantia de que a tecnologia desenvolvida seja transferida para o sistema produtivo; a tecnologia gerada, ou aperfeiçoada, por uma atividade de P&D, exige diversos graus de elaboração até sua efetiva inserção numa atividade produtiva, englobando tanto a “produção” da tecnologia como a sua comercialização. Assim, as indústrias de base tecnológica, por exemplo, “devem possuir um setor de comercialização que se encarregue da determinação e definição dos mercados mais convenientes, da elaboração da estratégia, de comercialização e da utilização dos recursos da empresa para adquirir tecnologias, combiná-las com a produção própria e vendê-las na forma mais adequada para as necessidades do cliente” (LONGO, 1984). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 56 A presença de P&D no ambiente produtivo pode ser vista como uma estratégia de inovação que vise obter ganhos potenciais de competitividade, no atual mercado globalizado. Vá até a pasta Atividades Dissertativas e abra o arquivo Caso APPLE e sobre o I-Phone APPLE. Depois da leitura, reflita: Porque uma empresa tão criativa não consegue obter lucro de suas inovações? Faça uma comparação entre a empresa Apple e 3M. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 57 UNIDADE 10 Objetivo: Continuar o estudo sobre gestão da tecnologia, contextualizando a tecnologia como mercadoria. Gestão da Inovação Tecnológica Nas unidades 8 e 9 foram abordadas as definições de tecnologia e suas classificações, respectivamente. Ainda segundo Mattos, a Gestão da Tecnologia também é chamada de Gestão da Inovação Tecnológica. Aqui é importante ressaltar que o conceito de TECNOLOGIA é diferente do conceito de INOVAÇÃO. Retornando ao assunto, temos que a inovação tem duas etapas: 1. Geração de ideia ou invenção; 2. Conversão daquela ideia em um negócio ou outra aplicação útil. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 58 A equação apresentada mostra que a linha divisória entre as duas – invenção e comercialização – não é claramente definida. O estudo da geração de uma ideia ou invenção está relacionado ao processo de P&D e a comercialização está, principalmente, voltada a temas como marketing de novos produtos e processos. Como exemplo temos um produto da empresa APPLE. O I-Pod surgiu como uma solução portátil e com capacidade de armazenamento para resolver o problema dos usuários que para ouvir músicas sempre tinham que carregar vários CD´s. Para a criação deste produto inovador foi necessário tanto de P&D, quanto de marketing. Tecnologia: Mercadoria? A tecnologia é uma mercadoria. Ela é produzida, tem proprietário (porque mantém privilégios de patente), é vendida, trocada, cedida e até mesmo copiada, falsificada, roubada e contrabandeada. Os centros de pesquisas tecnológicas podem ser entendidos como “fábricas de tecnologia”. Segundo informações do site do INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial - www.inpi.gov.br, a pesquisa e o desenvolvimento para elaboração de novos produtos (no sentido mais abrangente) requerem, na maioria das vezes, grandes investimentos. Proteger esse produto através de uma patente significa prevenir-se de que competidores copiem e vendam esse produto a um preço mais baixo, uma vez que eles não foram onerados com os custos da pesquisa e desenvolvimento do produto. A proteção conferida pela patente é, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 59 portanto, um valioso e imprescindível instrumento para que a invenção e a criação industrializável se tornem um investimento rentável. Patente é a codificação de uma inovação, visto que uma inovação é um conjunto de novas informações. A matéria-prima básica de uma patente é a informação. Outra definição de patente: representa um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida,
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