Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO PELO CAIXA Copyright C COP Editora Reservados todos os direitos. Proibida a duplicação ou a reprodução desta obra, ou de suas partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia ou outros) sem o consentimento expresso, por escrito da editora. COP Editora Ltda. Rua São Manuel, 36 - Botafogo - Rio de Janeiro / RJ CEP: 22290-010 Tel: (0++21) 501-2001 Cap. 1 - Introdução ............................................... 5 Cap. 2 - O Ciclo da Empresa ............................................... 7 Cap. 3 - O Fluxo de Caixa ............................................. 11 Cap. 4 - O Capital de Giro ............................................. 15 Cap. 5 - Política de Recebimento, Desembolso e Aplicação ............. 17 Cap. 6 - Política de Crédito ............................................. 19 Cap. 7 - Administrando o Estoque ............................................. 23 Cap. 8 - Estratégias para gerir o Caixa ............................................. 25 Cap. 9 - A previsão da Tesouraria e o quadro “Receita x Despesa” .......... 29 Cap. 10 - O Lucro transita pelo Caixa ............................................. 45 Índice Gestão pelo Caixa 5 Você já parou para pensar como anda o caixa de sua empresa? Vamos apresentar para você um esquema claro para poder fazer uma eficiente gestão pelo caixa. Para isso, você terá a oportunidade de co- nhecer, analisar e calcular todos os ciclos que determinam o tempo das entradas e saídas. Você verá também o fluxo do caixa, elemento principal da sua análise, que mostra desde o momento que você compra de seus fornecedores até o momento que recebe dos seus clientes. A partir daí, é só saber definir caminhos e políticas, conhecer o mer- cado e prever quanto se vai gastar e receber para se conseguir altos lucros. Ofereceremos estratégias para tentar ajudá-lo a administrar sua em- presa através do caixa. 1 INTRODUÇÃO Gestão pelo Caixa 7 Em suas operações, as empresas realizam algumas atividades que au- mentam e outras que diminuem o caixa. Estas atividades são chamadas respectivamente de fontes de caixa e aplicações de caixa, em um deter- minado período de TEMPO. O período compreendido entre as compras aos fornecedores e o recebimento das vendas é chamado CICLO OPERACIONAL. Ele representa o intervalo de tempo que ocorre na cadeia seqüencial das operações de produção-venda-recebimento, que se inicia na aquisição de insumos para a produção de bens ou serviços e termina no recebimento da venda. Estas entradas e saídas de caixa não são sincronizadas e são incertas porque não podemos esperar que todas as atividades de entrada e saída ocorram ao mesmo tempo. A importância do Ciclo Operacional é possibilitar a compreensão do período de tempo que há a necessidade de obter capital para o financia- mento de sua atividade. Da mesma forma que não recebemos ao mesmo tempo em que vendemos, não pagamos aos fornecedores junto com a compra. O período entre o pagamento de contas e o recebimento pelos clientes é chamado de CICLO DE CAIXA. Assim poderemos montar a linha de tempo do fluxo de caixa, que corresponde o ciclo operacional e o ciclo de caixa. 2 O CICLO DA EMPRESA Gestão pelo Caixa8 Compra de Insumos Venda de Produtos Estoques Contas a receber Contas a pagar Ciclo de Caixa Pagamento da Compra Recebimento da Venda Ciclo Operacional Tempo Você verá agora como realizar os cálculos dos ciclos operacionais e de caixa com base nas demonstrações financeiras. Para tanto, é necessário coletar alguns dados do balanço, como os apresentados no exemplo dados do balanço, como os apresentados no exemplo a seguir: Período de contas a receber = 365 dias Giro de contas a Receber O resultado será 365/ 6,38, aproximadamente 57 dias. O ciclo operacional é a soma dos períodos de estoque e contas a re- ceber. Desta forma, o ciclo operacional é 122 + 57 = 179 dias. b) Cálculo do Ciclo de Caixa Gestão pelo Caixa 9 DEMONSTRATIVO DE RESULTADO Vendas - - - - - - - - - - 46.000 Custos - - - - - - - - - -30.000 a) Cálculo do Ciclo Operacional Com base nos dados do exemplo, os custos foram de R$ 30.000 e o estoque médio, R$ 10.000,00. Para calcular o giro dos estoques com ênfase no estoque médio, usaremos a seguinte fórmula: Giro do estoque = Custo Estoque médio Então teríamos: Giro do estoque = 30.000 = 3 10.000 Este resultado nos diz que o estoque foi comprado e vendido 3 vezes durante um período. Deste cálculo, podemos calcular o período de estoque durante o ano. Período de Estoque = 365 dias Giro de estoque Logo o período de estoque é 365 , que é aproximadamente 122 dias 3 Do mesmo modo, é fácil achar o giro das contas a receber. De acordo com o exemplo, elas tiveram um saldo médio de R$ 3.500 e as vendas foram de R$ 4.600. Portanto, temos que: Giro de Contas a Receber = Vendas a prazo Contas a Receber Assim, o giro de contas a receber é 46.000 / 7.200 = 6,38. Ou seja, elas giram 6,38 vezes no período. O período de contas a receber será: Gestão pelo Caixa10 Agora você irá determinar o período de contas a pagar. Sabemos que o saldo médio das contas a pagar é R$ 3.500,00 e o custo dos produtos, R$ 30.000,00. O giro de contas a pagar é: Giro de Contas a Pagar = Custos Contas a Pagar Assim, do exemplo, 30.000/3.500= 8,5 vezes. O período de contas a pagar é: 365 dias Giro de Contas a pagar O resultado é 365/ 8,5 aproximadamente 43 dias. Para pagar as contas se leva 43 dias. O ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período de contas a pagar: Ciclo de Caixa = Ciclo Operacional – Período de Contas a Pagar 179 – 43 = 136 dias Resumindo, há uma espera média de 136 dias entre o momento em que é feita a compra e o momento em que se recebe pelas vendas. Gestão pelo Caixa 11 O fluxo de caixa é a diferença entre os valores que entraram e os va- lores que saíram da empresa. Você poderá perceber a movimentação do dinheiro desde os clientes, passando pela sua empresa até os fornecedores. 3 O FLUXO DE CAIXA Contas a Pagar Contas a Receber Desta forma, o Fluxo de Caixa é um instrumento utilizado para con- trolar e planejar os recursos financeiros de uma empresa. O objetivo maior é antecipar a defasagem entre as operações de desembolsos e recebimentos de recursos da empresa em um determinado intervalo de tempo, conforme seu ciclo operacional, como vimos ante- riormente. É importante salientar que sua empresa deve possuir um nível de liquidez que permita saldar seus compromissos nos prazos, o que indica uma situação financeira positiva. Uma reserva de caixa excessivamente elevada pode representar a perda de novos negócios pela falta de financiamento a seus clientes. Logo, é fundamental adequar as características do seu negócio com a gestão do caixa. FORNECEDORES EMPRESA CLIENTES Gestão pelo Caixa12 O Fluxo de Caixa deve ser uma preocupação de todos os setores da empresa. Portanto, para a administração eficaz do fluxo de caixa, todos os setores da empresa devem interagir: Departamento de Produção – nos prazos de fabricação e mudanças nos custos de produção, além da análise do estoque Departamento de Compras – nos prazos obtidos para pagamento das compras e negociação de descontos Departamento de Vendas – deve conciliaros objetivos de cresci- mento da atividade comercial, com os descontos e prazos conce- didos aos clientes. Porém, deve-se atentar aos desembolsos como insumos, impostos e publicidade, de modo a não pressionar o fluxo de caixa. Departamento de Cobrança – deve ser ágil no sistema de emis- são de duplicatas e na redução de clientes em atraso, reduzindo a inadimplência e agilizando o recebimento Departamento Financeiro – deve analisar os movimentos de entra- da e saída de recursos financeiros de forma que eles proporcionem geração de caixa e antecipar o que irá se passar no caixa em função das vendas e do estoque. Gestão pelo Caixa 13 Como podemos observar no esquema, para obter um fluxo de caixa compatível com as suas necessidades, é preciso aumentar o “giro”, fazendo com que as entradas de recursos ocorram em uma velocidade maior que os desembolsos. Se você pensar no esquema acima como uma caixa d’água, você verá que a caixa só se enche quando a torneira de entrada (no caso, os rece- bimentos), possuir maior vazão que todos as torneiras de saída. Abordaremos a seguir a questão com mais detalhes na análise do Capital de Giro. Contas a Receber CAIXA Estoques Mão-de- Obra Fornecedores Compras Pagamentos Vendas a Vista Vendas a Prazo Depreciação Pagamentos Pagamentos Investimentos Despesas Publicidade Impostos Salários Gestão pelo Caixa 15 1. Circulante - Disponível - Estoque - Contas a Receber 2. Realizável a longo Prazo 3. Permanente - Investimentos - Imobilizado ATIVO PASSIVO 1. Circulante - Contas a Pagar - Salários - Impostos - Empréstimos 2. Realizável a longo Prazo 3. Permanente - Capital - Lucros - Reservas 4 O CAPITAL DE GIRO O Capital de Giro da empresa corresponde aos recursos necessários para o financiamento de suas operações no curto prazo. Durante as atividades da empresa, duas questões são feitas com freqüência: Como foi o nosso desempenho em determinado período? Onde estamos agora? Estas perguntas podem ser respondidas através de dois demonstrativos financeiros: o BALANÇO e o DEMONSTRATIVO DE RESULTADO. Eles expressam os registros de todas as operações da empresa. a) BALANÇO O balanço é uma fotografia da condição financeira em determinado momento. Tem duas partes que se equivalem: ativo e passivo. O ativo representa os recursos econômicos que beneficiarão a empresa no futuro. O passivo representa as exigibilidades, ou seja, as obrigações econômicas e o capital. Gestão pelo Caixa16 b) DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS O demonstrativo de resultados mede o desempenho operacional da empresa durante o período de um ano. Ele representa um elo entre os balanços. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS Venda Bruta Impostos Venda Líquida Custos Lucro Bruto Despesas Receita Financeira/ Juros Lucro Líquido Todo o sistema contábil se baseia na equação do Balanço, onde o Ativo é igual ao Passivo. Esta equação está sempre em equilíbrio e é a partir dela que analisamos o Capital de Giro. Você deve estabelecer uma estratégia que ao mesmo tempo faça interagir seu nível de estoques, sua política de prazos de pagamento e a estrutura adequada de financiamento. Para isso deve ter-se como premissa básica um nível de rentabilidade e liquidez que possibilite a continuidade e expansão dos negócios. Outro fator fundamental na determinação do nível adequado do capital de Giro é o volume de vendas que você deseja. Como as ope- rações de produção, venda e cobrança não se combinam perfeitamente entre si no decorrer do tempo, é fundamental dimensionar e controlar o investimento em Capital de Giro. Uma administração equivocada do Capital de Giro pode provocar a falência dos negócios. Por isso, veremos a seguir, políticas e estratégias para uma eficaz gestão do Capital de Giro. + (-) = (-) = (-) (+/-) = Gestão pelo Caixa 17 Você já pôde notar claramente que as entradas e saídas de caixa não são perfeitamente sincronizadas, portanto é preciso manter certo dinheiro em caixa. Em sua gestão de caixa, você deve montar mecanismos para cobrar dos clientes, pagar fornecedores e aplicar os excedentes de caixa. Veremos agora como fazer isso. a) Recebimento As demoras no recebimento podem ser extremamente nocivas à sua empresa. Por isso, é importante analisar o prazo de recebimento. Ele representa o espaço de tempo entre quando o cliente paga e quando o dinheiro está disponível na sua conta bancária. Outro fator que devemos nos atentar é a maneira pela qual a co- brança é feita, o que varia, dependendo do tipo de negócio da empresa. Um restaurante, por exemplo, cobra no ponto de venda. Mas a empresa pode cobrar através dos correios, contratando uma terceira firma ou até realizando um débito automático na conta bancária do cliente. O ponto importante para a eficaz gestão do caixa é concentrar os recursos. Os diversos pontos de cobrança devem transferir os valores para um só ponto e acumulá-lo, formando um sistema integrado. Em outras palavras, você deve centralizar seus recebimentos, for- mando um ponto de concentração de recursos. É a idéia de caixa único. 5 POLÍTICA DE RECEBIMENTO, DESEMBOLSO E APLICAÇÃO Gestão pelo Caixa18 b) Desembolso A sua empresa deve tentar aumentar o prazo de pagamento, ou seja, aumentar o tempo de desembolso. Isso pode ser feito através de depósitos em bancos distantes ou pelos correios. Porém, é de extrema importância prestar atenção aos descontos forne- cidos pelo pagamento antecipado, que podem representar uma economia maior que a obtida com o dinheiro parado no caixa. c) Aplicação do excedente do caixa O superávit temporário, se existir, pode ser aplicado em títulos de curto prazo. Os superávits temporários podem ocorrer devido ao finan- ciamento de atividades temporais, como por exemplo, o fluxo de caixa de lojas de brinquedo gerado pelo Natal e o financiamento de planejamento de gastos possíveis no futuro. Há uma variedade de títulos de curto prazo disponíveis para a apli- cação. As principais características destes títulos são: Prazo de vencimento – devem ser observadas para evitar o risco de perdas devido às taxas de juros Liquidez Riscos Rentabilidade Gestão pelo Caixa 19 Você já deve ter se perguntado se vale a pena conceder crédito aos clientes. Por um lado, é uma forma de estimular as vendas. Mas por outro, o cliente pode não pagar, e temos de levar em consideração os custos de manutenção desta política. E agora, o que fazer? Se você decidir conceder crédito aos seus clientes, deve analisar as condições de venda, a quem dar crédito e como cobrar estas pessoas. As condições de vendas estipulam como você vai vender seus produtos ou serviços (à vista ou a prazo). A política de crédito da empresa é um elemento fundamental na de- terminação da estratégia de expansão de seus negócios, visto a exigência de adequar-se o volume de vendas desejado ao fluxo de caixa gerado pela política adotada. Mudanças na política de crédito, em função de objetivos de vendas mais ou menos agressivos, alteram a necessidade de financiamento da empresa. Uma política de crédito estabelece as regras da empresa para vendas a prazo, fixando os indicadores para cadastro de clientes, concessão de crédito e métodos de cobrança. É importante salientar que alterações na política de crédito podem afetar a imagem da empresa, assim como sua relação com a concorrência. Para o estabelecimento de uma política de crédito, temos de considerar 6 POLÍTICA DE CRÉDITO Gestão pelo Caixa20 os seguintes elementos: Padrão de Crédito – são as condições mínimas para que seja concedido crédito a um cliente. Quanto mais rigorosas forem estas condições, menores serão as vendas a prazo. Prazo de Crédito – corresponde ao intervalo de tempo entre a venda do produto e seu efetivo recebimento. A concessão de grandes prazos pode significar uma estratégia de expansãode vendas, cuja decisão dependerá do fluxo de caixa. Concessão de desconto – é a redução do preço de venda quando um pagamento é antecipado. A utilização do desconto pode ocor- rer pela necessidade de fluxo de caixa ou para reduzir o risco de inadimplência dos clientes, através da motivação de pagamentos mais rápidos. Política de Cobrança – é a metodologia empregada para a recu- peração do crédito concedido. Você está vendo as relações existentes entre os elementos de uma política de crédito, com volume de vendas desejado e os gastos em cré- dito e cobrança. Padrão de Crédito Prazo de Crédito Descontos Política de Cobrança RígidaPequeno LiberalGrandePequenoAmploRestritoFrouxo Volume de Vendas Gasto com Crédito e Cobrança Após o estabelecimento de uma política de crédito, cabe agora a você fixar uma análise individual de cada cliente, tendo como primeiro passo determinar a viabilidade de conceder ou não crédito e num segundo momento estabelecer o valor limite. Estruture um sistema de Cadastro baseado em informações como razão social, composição do Capital, endereço e referências comerciais e Gestão pelo Caixa 21 Na Análise de Crédito, existem alguns sistemas de auxílio para a decisão, dentre os quais podemos destacar: Os Cinco C’s – estudar no cliente o seu caráter, a sua capacida- de, o capital, as condições econômicas e a cessão de ativos como garantia. O Sistema de pontuação – é a graduação em pontos de uma série de variáveis tais como situação patrimonial e garantias, cada uma com um determinado peso em função de experiências anteriores. Análise de Demonstrações Financeiras – permite um exame mais técnico do cliente, através da análise de balanços e dos índices de liquidez, rentabilidade, endividamento e caixa. Estes sistemas de avaliação exigem certa subjetividade devido ao fato de as informações estarem ou não viáveis no futuro e a confiabilidade das informações. Cabe agora a você estabelecer os fatores para a concessão do crédito baseado na qualidade do cliente e no montante de crédito solicitado, evitando concentrar demais, pois isto aumentará seu risco. O último passo da política de crédito é a cobrança. Para isso, é neces- sário o acompanhamento de suas contas a receber. Assim, você poderá perceber quando os clientes estão demorando a pagar e quando as contas estão vencidas. Com isso, podemos acionar os clientes com contas ven- cidas através de cartas, telefonemas e até processos na justiça. Mas isto deve ser feito com cuidado, sem ferir os padrões éticos e sem prejudicar as relações com clientes em potencial. E na nova economia, o cliente permanente e fiel é tudo! Gestão pelo Caixa 23 A administração do Estoque é um ponto vital na gestão financeira de sua empresa, seja tanto pela sua participação no total do ativo, quanto pela sua importância na gestão do ciclo operacional. Assim como no caso da política de crédito, o grau de ousadia dos objetivos comerciais interfere diretamente na gestão de estoques, pelo fato de que maiores volumes de vendas geram automaticamente a ne- cessidade de maiores investimentos em estoque, o que altera a estrutura do capital de giro da empresa. O investimento em Estoques tem como objetivo tornar contínuo o fluxo econômico da empresa, na medida em que numa indústria, a falta de um determinado insumo pode interromper a produção. Dessa forma, algumas empresas determinam seus estoques com certo nível de precaução. Por outro lado, um aumento do estoque pode ocorrer em função de uma grande variedade de produtos, como no caso dos supermercados, podendo também representar um crescimento no volume das vendas. A política de venda do fornecedor é outro fator que pode determinar maiores níveis de estoque em uma empresa. O fornecedor pode motivar o incremento de suas vendas através de uma agressiva concessão de descontos, que incentive as compras de seu cliente, gerando, conseqüen- temente, um crescimento do estoque dele. Uma recomendação muito importante para uma boa gestão de estoque, é a obrigação da elaboração de previsões de vendas confiáveis e constantes, produtos a produto, mês a mês, cliente a cliente, com o objetivo de evitar-se possíveis rupturas. Isso minimiza o custo de estoca- 7 ADMINISTRANDO O ESTOQUE Gestão pelo Caixa24 gem. A análise sobre o nível ideal de estoque deve levar em conta o custo de armazenagem, para decidir o quanto se deve possuir de estoque e para quando se deve solicitar a reposição dos produtos. O quando e o quanto são decisões fundamentais para uma boa gestão de gestão dos estoques. Existem alguns sistemas de ajuda para a administração de estoque dentre os quais podemos destacar o Lote Econômico de Compra (LCE) e o “Just in Time”. O sistema LCE busca a estratégia mais eficaz para determinar a quan- tidade ótima que se deve ser mantida em estoque e de quanto em quanto tempo deve-se realizar novo pedido. Através do LCE apuramos a quantidade ótima de cada pedido, para que os custos totais (custo de pedido + custo de armazenagem) sejam os menores possíveis. No caso do “Just in Time”, o pressuposto é que a empresa deve pro- duzir somente produtos para os quais ela possui demanda. Lembre-se da noção de liquidez dos ativos que falamos anteriormente. O Estoque é um ativo da sua empresa, um bem adquirido. Mas um estoque de má qualidade, composto de produtos obsoletos ou de rotação lenta são ativos de pouca liquidez. Tenha atenção com o estoque! Gestão pelo Caixa 25 Como gerenciar o caixa? O objetivo básico é manter o investimento em caixa o mais baixo possível, sem prejudicar as atividades da empresa. Por isso, investir em negócios com alta liquidez é uma maneira de fazer isso. Segundo John Keynes, o célebre economista, a liquidez é importante por três motivos: especulação, precaução e transação. Especulação – é a necessidade de possuir caixa para poder aproveitar as oportunidades existentes no mercado. Precaução – é a necessidade de reserva de segurança, para gastos imprevistos. Transação – é a exigência de caixa para o pagamento de contas. Marc Bertoneche, professor do INSEAD e da Universidade de Har- vard, diz haver três tipos de empresa na evolução do mundo empresarial: As mais primitivas são empresas que só pensam em vendas, em “market share”. Essas formam a grande maioria. Algumas empresas evoluem um pouco, pensam em lucro. Querem vender, querem “market share”, mas querem ter lucro. Poucas chegam ao estágio mais evoluído de empresa. São aquelas que pensam em caixa, em “cash-flow”. Lucro é uma ficção econômica e contábil. Você não paga salários nem compra nada com lucro. Há empresas que se enganam com um falso lucro 8 ESTRATÉGIAS PARA GERIR O CAIXA Gestão pelo Caixa26 caixa para financiar sua expansão. O que o planejamento pode trazer para sua empresa? 1. Interações Você deve perceber as ligações entre as atividades operacionais como, por exemplo, o crescimento das vendas e necessidades de produção. Caso contrário, poderá haver um desastre financeiro. Foi o que aconteceu com a Grandmother Calendar. Seus produtos eram um sucesso, seus clientes possuíam várias opções. Só que a empresa não conseguiu acompanhar a demanda, devido aos gastos com produção e o atraso no recebimento das vendas com cartão de crédito. O capital de giro se exauriu e a empresa, sem dinheiro, suspendeu as operações. Isso mostra como o planejamento é crucial, pois o que causou sua queda foi o sucesso e a popularidade do seu produto. Neste caso, não faltou venda, faltou Capital de Giro. 2. Oportunidades Com o planejamento, a capacidade de desenvolver análises dos cenários internos e externos se firma. Assim, você descobrirá diversas opções de investimento e financiamento a serem exploradas. Além disso, o lançamento de novos produtos pode representar novas opor- tunidades a serem avaliadas e descobertas, no entanto, geram mais necessidade de caixa. 3. Evitar surpresas O planejamentoajuda a fazer premissas sobre que providências a empresa tomaria se algo saísse muito errado, evitando surpresas, de- senvolvendo planos alternativos e minimizando os riscos. 4. Coerência interna O planejamento financeiro também ajuda a garantir que os seus objetivos em relação ás áreas internas relativas às operações sejam vi- áveis. Em outras palavras, o planejamento obriga você a refletir sobre as prioridades nos processos e o equilíbrio global da empresa. Gestão pelo Caixa 27 e pensam estar ganhando. A maioria não sabem fazer contas. É com o caixa que as empresas sobrevivem e vencem. É preciso cuidar do caixa, “sentar em cima dele” para poder vencer os desafios da competitividade do nosso tempo. A importância de se chegar ao terceiro estágio da evolução empresa- rial é que somente as empresas que chegarem lá, ou seja, tiverem caixa, poderão chegar ao quarto estágio. O quarto estágio é “comprar as empresas do primeiro estágio”, que só pensaram em vender, vender, fazer participação no mercado e... quebraram, sendo arrematadas, às vezes, por um valor inferior ao seu patrimônio líquido, por uma empresa que tem o essencial – CAIXA. Assim, cuidado com: Estoques. Carteira de duplicatas. Endividamento bancário. As empresas de hoje estão quebrando por causa de estoques elevados e por terem seu capital de giro nas mãos de terceiros, através de uma carteira de duplicatas. Quem estiver em banco, já quebrou... O que fazer então? Junte seu pessoal e repense a sua empresa em termos de caixa. Traga todo e qualquer tostão disponível para dentro do caixa e “sente-se em cima dele”. Aplique seus valores e faça com que sua empresa tenha saúde para sobreviver a qualquer crise. Pense agora no futuro. Como podemos prevê-lo? A maneira mais eficaz de antever os acontecimentos é fazendo o planejamento financeiro. O planejamento determina caminhos de mudanças e crescimento em sua empresa. Declara o que deve ser feito no futuro e em situações de incerteza. Por isso, as decisões devem ser analisadas com antecedência. Você não deve pensar apenas no crescimento como objetivo. O processo de planejamento envolve análises das taxas de crescimento e define políticas de investimento, financiamento e a capacidade de gerar Gestão pelo Caixa 29 Você agora vai utilizar o disquete que recebeu junto com a fita, con- tendo um simulador desenvolvido para permitir o planejamento de seu Caixa. Para isso, existem duas planilhas, acessadas através dos botões que trabalham de maneira interligada : a Ciclo de Caixa e a Fluxo de Caixa. Dentro de cada planilha você encontrará suas instruções de preenchimento. Em primeiro lugar, vamos seguir passo a passo as instruções para a instalação do simulador. Como configuração mínima, seu computador deve possuir o ambiente Windows 95 e os programas Powerpoint e Excel, ambos também na versão 97. 1) Insira o disquete “Gestão pelo Caixa – Metodologia de Simu- lação” no drive A:. No Windows, clique duas vezes no ícone “Meu Computador”. Em seguida, clique duas vezes no ícone “Disquete de 3½ (A:)” e clique duas vezes no ícone do arquivo “GestãoPeloCaixa”; 2) Na tela inicial do simulador, selecione a opção “Ciclo de Caixa” e siga as instruções para entrada de dados. Esta planilha fornecerá informações necessárias para a utilização posterior da planilha “Fluxo de Caixa”. Ao final do preenchimento dos dados, você deve retornar ao menu inicial clicando no botão ; 9 A PREVISÃO DA TESOURARIA E O QUADRO “RECEITA X DESPESA” METODOLOGIA DE SIMULAÇÃO INSTRUÇÕES DE UTILIZAÇÃO Gestão pelo Caixa30 3) O próximo passo será simular sua Tesouraria clicando na opção “Fluxo de Caixa” e seguindo as instruções para entrada de dados. Como esta planilha trabalha relacionada com a planilha “Ciclo de Caixa”, você deve clicar no botão SIM quando aparecer a caixa de vinculação abaixo. Ao final do preenchimento dos dados, você deve retornar ao menu inicial clicando no botão ; 4) Não esqueça de salvar sempre suas simulações antes de fechar suas planilhas. Ao término dos preenchimentos, você pode fi- nalizar o programa clicando, em qualquer momento, no botão . Gestão pelo Caixa 31 Gestão pelo Caixa32 Gestão pelo Caixa 33 Gestão pelo Caixa34 Gestão pelo Caixa 35 Gestão pelo Caixa36 Gestão pelo Caixa 37 Gestão pelo Caixa38 Gestão pelo Caixa 39 Aq ui v oc ê te m u m e xe m pl o nu m ér ic o pa ra a s ua o rie nt aç ão . Gestão pelo Caixa40 Gestão pelo Caixa 41 Gestão pelo Caixa42 Gestão pelo Caixa 43 A Administração Financeira de uma empresa tem como principal objetivo, a busca, ao mesmo tempo, da liquidez necessária, e do nível de rentabilidade que financiem a atividade do negócio. Aparentemente estes dois temas são conflitantes, porém, na verdade, ambos convergem para o mesmo ponto. Para explicar esta questão, peguemos como exemplo uma carrocinha de cachorro quente. Suponhamos que numa primeira compra se gaste R$ 100,00 em pães e salsichas para a elaboração do produto, utilizando capital próprio e, vende-se tudo por R$ 150,00. No entanto, os clientes não possuíam dinheiro em espécie e deram cheques para compensação em 30 dias. A questão agora é: Como con- tinuar a investir no negócio de cachorros quentes se a primeira e única produção foi vendida a prazo, e não há mais capital para financiar a atividade? Resultado – falência, já que embora tenha obtido um lucro de R$ 50,00 na operação de compra e venda de cachorros quentes, não há mais capital suficiente para repor o estoque e expandir o negócio neste momento. É a partir deste exemplo simples que vemos que uma empresa necessita compatibilizar seu ciclo de caixa ao seu ciclo operacional, equilibrando rentabilidade e liquidez. Como já vimos, podemos vincular os regimes de competência e de caixa através da análise do Balanço e de uma Demonstração de Resultados. Segundo Eliseu Martins, “o Balanço e a Demonstração de Resultados (lucro), se elaborados à luz do custo histórico puro e na au- sência de inflação, são a distribuição lógica e racional ao longo do tempo do Fluxo de Caixa da empresa”. Imagine o futuro! Ele é desconhecido. Determine direções que você quer avançar. Tente avaliar o que vai encontrar no caminho. Se o seu trabalho e planejamento forem bem feitos, então não será apanhado de surpresa quando chegar ao futuro desejado. 10 O LUCRO TRANSITA PELO CAIXA
Compartilhar