Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sistema Cardiovascular SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiovascular é formado pelos vasos sanguíneos, artérias, veias, capilares e pelo coração. É responsável pela circulação do sangue, isso é, transporta os nutrientes e oxigênio por todo o corpo, além de remover gás carbônico e metabólitos. As estruturas do corpo humano estão separadas em níveis: químico tecidual, celular, órgão, sistema e organismo. O coração é um musculo que age como uma bomba. Através de estimulação elétrica ele bate e empurra o sangue por todo o corpo. Apesar de sua potência o coração é relativamente pequeno, aproximadamente de uma mão fechada. Ele se encontra no mediastino, uma região anatômica que se estende do esterno à coluna vertebral, da primeira costela ao diafragma, e entre os pulmões. Sua divisão é conhecida como ápice, base e mais três faces: esternocostal, diafragmática e pulmonar. A base é formada pelos átrios direito e esquerdo. A extremidade pontuda do coração é o ápice, dirigida para frente, para baixo e para a esquerda. A porção mais larga do coração, oposta ao ápice, é a base, dirigida para trás, para cima e para a direita. Quanto às cavidades do coração, são subdivididas em quatro câmaras: átrios e ventrículos localizados à direita e à esquerda. O átrio direito se comunica com o ventrículo direito por meio do óstio atrioventricular direito, no qual existe uma estrutura direcionadora do fluxo, a valva atrioventricular direita (tricúspide). O mesmo ocorre à esquerda, por meio do óstio atrioventricular esquerdo, cuja comunicação de fluxo é por meio da valva atrioventricular esquerda (mitral). As cavidades direitas são separadas das esquerdas pelos septos interatrial e interventricular. A câmara esquerda (ventrículo) proporciona a força necessária para o sangue circular por todos os tecidos do corpo. Também na superfície do coração existem vários sulcos, que contêm vasos sanguíneos coronarianos e uma quantidade variável de gordura. Cada sulco marca a fronteira externa entre duas câmaras do coração. O profundo sulco coronário circunda a maior parte do coração e marca a fronteira externa entre os átrios acima e os ventrículos abaixo. O sulco interventricular anterior é um sulco raso na face esternocostal do coração que marca a fronteira externa entre os ventrículos direito e esquerdo na face esternocostal do coração. Este sulco continua em torno da face posterior do coração como o sulco interventricular posterior, que marca a fronteira externa entre os ventrículos na face posterior do coração. ➢ ÁTRIO E VENTRÍCULO DIREITO O átrio direito forma a margem direita do coração e recebe sangue de três veias: a veia cava superior, a veia cava inferior e o seio coronário. As paredes anterior e posterior do átrio direito são muito diferentes. O interior da parede posterior é liso; o interior da parede anterior é áspero, por causa de cristas musculares chamadas de músculos pectíneos, que também se estendem até a aurícula. Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma partição fina chamado septo interatrial. Uma característica proeminente deste septo é uma depressão oval chamada de fossa oval, o remanescente do forame oval, uma abertura no septo interatrial do coração fetal que normalmente se fecha logo após o nascimento. O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita, porque é composta por três válvulas. Também é denominada valva tricúspide. As valvas cardíacas são compostas por tecido conjuntivo denso recoberto por endocárdio. O ventrículo direito tem cerca de 4 a 5 μm de espessura e forma a maior parte da face esternocostal do coração. O interior do ventrículo direito contém uma série de cristas formadas por feixes elevados de fibras musculares cardíacas chamadas trabéculas cárneas. As válvulas da valva atrioventricular direita estão conectadas às cordas tendíneas, que por sua vez estão ligadas a trabéculas cárneas em forma de cone chamadas músculos papilares. Internamente, o ventrículo direito é separado do ventrículo esquerdo por uma partição chamada de septo interventricular. O sangue passa do ventrículo direito através da valva do tronco pulmonar para uma grande artéria chamada de tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares direita e esquerda e levam o sangue até os pulmões. ➢ ÁTRIO E VENTRÍCULO ESQUERDO O átrio esquerdo tem aproximadamente a mesma espessura que o átrio direito e forma a maior parte da base do coração. Ele recebe o sangue dos pulmões, por meio das quatro veias pulmonares. Como o átrio direito, o interior do átrio esquerdo tem uma parede posterior lisa. Como os músculos pectíneos estão restritos à aurícula do átrio esquerdo, a parede anterior do átrio esquerdo também é lisa. O sangue passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da valva atrioventricular esquerda, antigamente chamada de valva bicúspide ou mitral, a qual tem duas válvulas. O antigo termo mitral se refere à semelhança da valva com a mitra de um bispo, que tem dois lados. O ventrículo esquerdo é a câmara mais espessa do coração, com uma média de 10 a 15 mm. Forma o ápice do coração. Como o ventrículo direito, o ventrículo esquerdo contém trabéculas cárneas e tem cordas tendíneas que ancoram as válvulas da valva atrioventricular esquerda aos músculos papilares. O sangue passa do ventrículo esquerdo através da valva da aorta na parte ascendente da aorta. Um pouco do sangue da aorta flui para as artérias coronárias, que se ramificam da parte ascendente da aorta e transportam o sangue para a parede do coração. A parte restante do sangue passa para o arco da aorta e parte descendente da aorta (partes torácica e abdominal da aorta). Ramos do arco da aorta e da parte descendente da aorta levam o sangue por todo o corpo. Durante a vida fetal, um vaso sanguíneo temporário, chamado de ducto ou canal arterial, desvia o sangue do tronco pulmonar para a aorta. Por conseguinte, apenas um pequeno volume de sangue entra nos pulmões fetais não funcionantes. ➢ ESPESSURA DO MIOCÁRDIO A espessura do miocárdio das quatro câmaras varia de acordo com a função de cada uma das câmaras. Os átrios de paredes finas entregam o sangue sob menos pressão aos ventrículos adjacentes. Como os ventrículos bombeiam o sangue sob maior pressão por distâncias maiores, suas paredes são mais espessas. Embora os ventrículos direito e esquerdo ajam como duas bombas separadas que ejetam simultaneamente volumes iguais de sangue, o lado direito tem uma carga de trabalho muito menor. Ele bombeia o sangue a uma curta distância para os pulmões a uma pressão inferior, e a resistência ao fluxo sanguíneo é pequena. O ventrículo esquerdo bombeia sangue por grandes distâncias a todas as outras partes do corpo com uma pressão maior, e a resistência ao fluxo sanguíneo é maior. A anatomia dos dois ventrículos confirma esta diferença funcional, a parede muscular do ventrículo esquerdo é consideravelmente mais espessa do que a parede do ventrículo direito. ➢ O PERICÁRDIO A membrana que envolve e protege o coração é o pericárdio. Restringe o coração à sua posição no mediastino, possibilitando liberdade de movimento suficiente para a contração vigorosa e rápida. O pericárdio consiste em duas partes principais: (1) o pericárdio fibroso e (2) o pericárdio seroso. O pericárdio fibroso, superficial, é composto por tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e irregular. Ele impede a hiperdistensão do coração, fornece proteção e ancora o coração no mediastino. O pericárdio seroso, mais profundo, é uma membrana mais fina, delicada, que forma uma dupla camada em torno do coração. A lâmina parietal do pericárdio seroso mais externa está fundida ao pericárdio fibroso.A lâmina visceral do pericárdio seroso mais interna, que também é chamada epicárdio, é uma das camadas da parede do coração e adere firmemente à sua superfície. Entre as camadas parietal e visceral do pericárdio seroso existe uma fina película de líquido seroso lubrificante. Esta secreção das células pericárdicas, conhecida como líquido pericárdico, reduz o atrito entre as camadas do pericárdio seroso conforme o coração se move. ➢ CAMADAS DA PAREDE DO CORAÇÃO A parede do coração é constituída por três camadas: o epicárdio (camada externa), o miocárdio (camada intermediária) e o endocárdio (camada interna). O epicárdio é composto por duas camadas de tecido. A mais externa, é a lâmina visceral do pericárdio seroso. Esta camada exterior fina e transparente da parede do coração é composta por mesotélio. Sob o mesotélio existe uma camada variável de tecido fibroelástico delicado e tecido adiposo. O tecido adiposo predomina e torna-se mais espesso sobre as faces ventriculares, onde abriga as principais artérias coronárias e vasos cardíacos. O epicárdio confere uma textura lisa e escorregadia à face mais externa do coração. Nele há vasos sanguíneos, vasos linfáticos e vasos que irrigam o miocárdio. A camada média, o miocárdio, é responsável pela ação de bombeamento do coração e é composto por tecido muscular cardíaco. Ela é a camada mais espessa do coração, sendo formado por fibras musculares e tecido conjuntivo fibroso, responsável pela sustentação da musculatura cardíaca. Essas fibras musculares são organizadas em feixes que circundam diagonalmente o coração e produzem as fortes ações de bombeamento do coração e, embora seja estriado como o músculo esquelético, é preciso lembrar que o músculo cardíaco é involuntário como o músculo liso. A camada interna do coração é chamada de endocárdio, composta por tecido conjuntivo e epitelial, e é responsável pela cobertura interna das paredes atriais e ventriculares o que minimiza o atrito de superfície conforme o sangue passa através do coração. ➢ ESQUELETO FIBROSO DO CORAÇÃO Além do tecido muscular cardíaco, a parede do coração também contém tecido conjuntivo denso que forma o esqueleto fibroso do coração. Essencialmente, é constituído por quatro anéis de tecido conjuntivo denso que circundam as valvas cardíacas, unidos um ao outro, e que se fundem ao septo interventricular. Além de formar uma base estrutural para as valvas cardíacas, o esqueleto fibroso evita o estiramento excessivo das valvas enquanto o sangue passa por elas. Também serve como um ponto de inserção para os feixes de fibras musculares cardíacas e atua como um isolante elétrico entre os átrios e ventrículos. ➢ VALVAS CARDÍACAS As valvas se abrem e fecham em resposta às mudanças de pressão conforme o coração se contrai e relaxa. Cada uma das quatro valvas ajuda a assegurar o fluxo unidirecional de sangue através da abertura ao possibilitar que o sangue passe, e em seguida, se fechando para impedir o seu refluxo. 1. Valvas atrioventriculares Como estão localizadas entre um átrio e um ventrículo, são chamadas atrioventriculares (AV) direita e esquerda. Quando os ventrículos estão relaxados, os músculos papilares estão relaxados, as cordas tendíneas estão frouxas, o sangue se move de uma área de maior pressão no átrio para uma de menor pressão nos ventrículos através das valvas AV abertas. Quando os ventrículos se contraem, a pressão do sangue aciona as válvulas para cima até que suas extremidades se encontrem e fechem a abertura. Ao mesmo tempo, os músculos papilares se contraem, o que traciona as cordas tendíneas. 2. Válvulas semilunares As valvas da aorta e do tronco pulmonar são compostas por três válvulas semilunares. As valvas do tronco pulmonar e da aorta possibilitam a ejeção de sangue do coração para as artérias, mas evitam o refluxo de sangue para os ventrículos. As margens livres das válvulas se projetam para o lúmen da artéria. Quando os ventrículos se contraem, a pressão se acumula nas câmaras. As valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem quando a pressão no ventrículo é superior à pressão nas artérias, possibilitando a ejeção do sangue dos ventrículos para o tronco pulmonar e aorta. Conforme os ventrículos relaxam, o sangue começa a refluir para o coração. ➢ CIRCULAÇÃO CORONARIANA O coração precisa também ser suprido com sangue oxigenado. Isto é feito pelas duas artérias coronárias: direita e esquerda. As artérias coronárias emergem dos seios aórticos no início da aorta ascendente, e então envolvem o coração - emitindo vários ramos. Desta forma o sangue oxigenado atinge cada parte do coração. O sangue venoso do coração é coletado para as veias cardíacas: média, posterior e menor. Elas são todas tributárias do seio coronário - um grande vaso que entrega sangue desoxigenado do miocárdio para o átrio direito. Os nutrientes não conseguem se difundir rapidamente o suficiente do sangue das câmaras do coração para suprir todas as camadas de células que formam a parede do coração. Por isso, o miocárdio tem a sua própria rede de vasos sanguíneos, a circulação coronariana ou circulação cardíaca. As artérias coronárias ramificam-se da parte ascendente da aorta e cercam o coração como uma coroa circundando a cabeça. Enquanto o coração está se contraindo, pouco sangue flui nas artérias coronárias, porque elas estão bem comprimidas. Quando o coração relaxa, no entanto, a pressão do sangue elevada na aorta impulsiona o sangue ao longo das artérias coronárias até os vasos capilares e, em seguida, às veias coronárias. AS ARTÉRIAS CORONÁRIAS As artérias coronárias esquerda e direita, ramificam-se da parte ascendente da aorta e fornecem sangue oxigenado para o miocárdio. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/suprimento-sanguineo-do-coracao A artéria coronária esquerda passa inferiormente à aurícula esquerda e se divide nos ramos interventricular anterior e circunflexo. O ramo interventricular anterior encontra-se anteriormente ao sulco interventricular anterior e fornece sangue oxigenado às paredes de ambos os ventrículos. O ramo circunflexo encontra-se no sulco coronário e distribui sangue oxigenado às paredes do ventrículo esquerdo e átrio esquerdo. A artéria coronária direita emite pequenos ramos atriais para o átrio direito. Ela é inferiormente à aurícula direita e se divide em ramos interventricular posterior e marginal direito. O ramo interventricular posterior segue o sulco interventricular posterior e irriga as paredes dos dois ventrículos com sangue oxigenado. O ramo marginal posterior encontra-se no sulco coronário, que corre ao longo da margem direita do coração e transporta sangue oxigenado à parede do ventrículo direito. AS VEIAS CORONÁRIAS Depois de o sangue passar pelas artérias da circulação coronariana, ele flui para os capilares, onde fornece oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco e coleta dióxido de carbono e escórias metabólicas e, em seguida, desloca-se para as veias coronárias. A maior parte do sangue venoso do miocárdio drena para um seio vascular no sulco coronário na face posterior do coração, chamado seio coronário (um seio vascular é uma veia de paredes finas que não tem músculo liso para alterar seu diâmetro.) O sangue venoso do seio coronário drena para o átrio direito. As principais tributárias que transportam sangue para o seio coronário são: •Veia cardíaca magna: No sulco interventricular anterior, que drena as áreas do coração irrigadas pela artéria coronária esquerda (ventrículos esquerdo e direito e átrio esquerdo). •Veia interventricular posterior: No sulco interventricular posterior, que drena as áreas irrigadas pelo ramo interventricular posterior daartéria coronária direita (ventrículos esquerdo e direito). •Veia cardíaca parva: No sulco coronário, que drena o átrio direito e o ventrículo direito. •Veias anteriores: Do ventrículo direito, que drenam o ventrículo direito e drenam diretamente para o átrio direito. ➢ GRANDES VASOS DO CORAÇÃO Os grandes vasos do coração são: a aorta, a artéria pulmonar, a veia pulmonar e as veias cavas superior e inferior. Por que eles são chamados grandes vasos? Porque eles são grandes em dimensões; o diâmetro da aorta ascendente é de 2,1 centímetros, o que é o tamanho de uma moeda americana de cinco centavos, https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/aorta-pt e todos eles carregam sangue para ou partindo do coração. Ah, isso sem mencionar que a aorta emite ramos que vão suprir todo o corpo com sangue oxigenado. Os principais ramos da aorta incluem o tronco braquiocefálico, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia esquerda. A veia cava superior recebe sangue da metade superior do corpo através das veias braquiocefálicas direita e esquerda, e a veia cava inferior recebe o sangue da metade inferior do corpo, através das veias ilíacas comuns. ARTÉRIA AORTA A aorta é a maior artéria do corpo, com um diâmetro de 2 a 3 cm. Suas quatro divisões principais são a parte ascendente da aorta, o arco da aorta, a parte torácica da aorta e a parte abdominal da aorta. CIRCULAÇÃO PULMONAR E SISTÊMICA O sangue segue dois caminhos básicos ao chegar ao coração. Ele pode seguir em direção aos pulmões ou ser impulsionado para outros órgãos do corpo. De acordo com o caminho que ele segue, podemos classificar a circulação em pulmonar e sistêmica. A circulação pulmonar, também chamada de pequena circulação, é a responsável por levar o sangue do coração para os pulmões. Nesse caso, o sangue rico em gás carbônio sai do ventrículo direito pela artéria pulmonar, chega aos pulmões, sofre o processo de trocas gasosas (hematose) e retorna ao átrio esquerdo do coração pelas veias pulmonares. Percebe-se, portanto, que a função da circulação pulmonar é levar sangue pobre em oxigênio para os pulmões e devolvê- lo rico em oxigênio para que, assim, o sangue possa ser bombeado para o restante do corpo. A circulação sistêmica, também chamada de grande circulação, é a responsável por garantir que o sangue oxigenado seja levado para todo o corpo e que o sangue rico em gás carbônico retorne ao coração. O sangue oxigenado sai do ventrículo esquerdo pela artéria aorta, é levado para as diversas partes do corpo, sofre trocas gasosas nos tecidos e retorna ao átrio direito do coração pelas veias cavas superiores e inferiores. Ao chegar ao coração, o sangue rico em gás carbônico é então levado para o pulmão para a oxigenação, iniciando-se novamente o processo de circulação pulmonar. A circulação pulmonar e sistêmica estão diretamente associadas e são essenciais para garantir o equilíbrio do corpo. A circulação sistêmica garante oxigenação e nutrição para todas as células do corpo, enquanto a circulação pulmonar garante que o sangue a ser distribuído tenha a quantidade de oxigênio necessária para cada célula. AUTOMATISMO, GERAÇÃO E CONDUÇÃO DO ESTÍMULO ELÉTRICO O miocárdio (musculo cardíaco) é formado por fibras cardíacas que contêm discos intercalados, neles, as membranas celulares se unem formando junções comunicantes, que facilitam a rápida difusão de íons e potencias de ação. Em consequência dessa característica, o coração é composto por dois sincícios, um atrial e outro ventricular. É importante ressaltar, que o coração é constituído por dois tipos celulares distintos, as células condutoras e as células contráteis, e ambas possuem potenciais de ação diferentes. O PA (potencial de ação) do musculo cardíaco é desencadeado no nodo Sinoatrial (nodo AS, ou nodo sinusal) de forma espontânea, e passa para miócitos contrateis por junções comunicantes. A função do nodo sinoatrial é gerar estímulos para contrações cardíacas, e por ser independente do sistema nervoso, ele confere autonomia para o coração. Como o nodo SA é responsável pelos batimentos cardíacos, bem como por sua ritmicidade, ele também é chamado de marca-passo do coração. Ele está localizado na parede do átrio direito, próximo à abertura da veia cava superior. É formado por músculo cardiaco especializado, com poucos filamentos contráteis. São por natureza mais permeáveis ao cálcio e ao sódio, por isso seu potencial de repouso tem valor menos negativo que as células contráteis. A entrada Na+ nas células do nó AS, torna o potencial de repouso das mesmas menos negativo, até que o limiar é atingido e consequentemente abrem-se canais de sódio do tipo L (lentos). Dessa forma, com a entrada de Na" e Ca* ocorre a despolarização. Posteriormente, os canais de cálcio do tipo L se inativam e canais de potássio se abrem, como a concentração intracelular de potássio é maior do que a extracelular, ele sai da célula, promovendo a repolarização da membrana. O fechamento tardio dos canais de K+ gera hiperpolarização da membrana do modo AS, de modo que ao final do potencial de ação ela fica mais negativa do que seu valor no estado basal. Após o total fechamento dos canais de K+ e vazamento de íons de cálcio e sódio para o interior da célula, tem início um novo potencial de ação. Após sua geração do nodo AS, o impulso se propaga pelos dois átrios por meio de junções comunicantes (contração atrial). O potencial de ação não é passado para os ventrículos por meio dessas junções celulares, mas sim pelo nodo átrio ventricular. O nodo atrioventricular (nodo AV) fica localizado também no átrio direito, próximo do ventrículo direito. Sua principal função é retardar o estímulo que vem do nó SA, para que antes da contração dos ventrículos os átrios já tenham se esvaziado. O nodo AV é mais lento na transmissão de estímulos, pois possui um número reduzido de junções comunicantes. Do nó atrioventricular sai o Feixe de His, que chega até o ápice do coração e é dividido em dois ramos, um que vai para o ventrículo direito e o outro para o esquerdo. Próximo ao ápice o Feixe de His se ramifica em estruturas condutoras chamadas Fibras de Purkinje, que passarão o estímulo diretamente para miocárdio ventricular (contração ventricular). No musculo cardíaco a despolarização é causada pela abertura de canais de sódio dependentes de vantagem, que permitem a passagem de Na+ para o interior da célula e torna consequentemente o potencial de membrana menos negativo. O fechamento dos canais de Na+ se fecham e a passagem de íons de potássio da célula para o meio extracelular promovem a chamada repolarização inicial. A principal particularidade do potencial de ação cardíaco é o platô. Após a repolarização inicial, canais abrem-se permitindo a entrada de íons de cálcio na célula, enquanto a permeabilidade da membrana ao potássio é reduzida, ocorre dessa forma um equilíbrio elétrico, onde o potencial da membrana se mantém em um valor praticamente constante. Na fase de repolarização os canais de cálcio se encerram e canais lentos de k* se abrem. Dessa forma, a saída de potássio da célula encerra o platô e retorna o potencial da membrana do músculo cardíaco ao seu valor de repouso. CICLO CARDÍACO Denominado ciclo cardíaco, os eventos que ocorrem desde o início de um batimento cardíaco até o seguinte e acontecem em duas fases: sístole e diástole, ou seja, contração e relaxamento. O ciclo cardíaco é dividido em 5 etapas, sendo elas: diástole atrial e ventricular, sístole atrial, contração ventricular isovolumétrica, ejeção ventricular e relaxamento ventricular. 1. Sístole atrial Durante a sístole atrial, as valvas atrioventriculares se abrem e permitem que o sangue fluados átrios para os ventrículos, enquanto as valvas semilunares permanecem fechadas de forma a evitar a ejeção prematura para o interior dos grandes vasos. Durante essa fase, os átrios se contraem simultaneamente com a abertura da valva mitral e da valva tricúspide, forçando o sangue para as câmaras cardíacas inferiores. Os ventrículos já possuem uma pequena quantidade de sangue em seu interior, que foi deixado após a última fase do ciclo anterior. Esse sangue remanescente é acrescido de outros trinta por cento, de forma que o volume ventricular final em repouso é atingido em cerca de 130 ml. 2. Contração isovolumétrica Na segunda fase do ciclo cardíaco as valvas atrioventriculares e semilunares permanecem fechadas. Nesse ponto os ventrículos começam a se contrair e, apesar das fibras miocárdicas ventriculares se encurtarem somente um pouco, a pressão intraventricular aumenta rapidamente. Deve-se notar, entretanto que durante esse estágio, apesar de várias mudanças cardíacas, o volume ventricular de sangue permanece o mesmo. 3. Ejeção ventricular Ao contrário da sístole atrial, durante a ejeção ventricular as valvas semilunares são abertas, e as valvas atrioventriculares permanecem fechadas. Isso ocorre porque a pressão nos ventrículos excede a pressão nos troncos arteriais e as valvas são abertas forçadamente. A pressão no ventrículo esquerdo supera a pressão aórtica em cerca de 80 mmHg, e a pressão no ventrículo direito faz o mesmo com a pressão da artéria pulmonar em 10 mmHg. Conforme a sístole progride, a ejeção do volume sanguíneo se torna cada vez mais lenta, e eventualmente, quando um volume sanguíneo de 70 a 90 ml tiver sido ejetado do coração, a sístole termina e somente o sangue remanescente permanece no interior dos ventrículos, conforme discutido previamente. O volume de sangue remanescente é de cerca de 50 ml. 4. Relaxamento isovolumétrico Durante o relaxamento isovolumétrico, que é a penúltima fase do ciclo cardíaco, todas as valvas cardíacas se fecham. Isso significa que não há sangue passando entre as câmaras cardíacas ou para fora do coração. A pressão cai abaixo de 120 mmHg conforme os ventrículos se relaxam, causando o fechamento das valvas semilunares. Conforme a pressão continua caindo, a pressão atrial supera a dos ventrículos, e as valvas atrioventriculares se abrem. Enquanto isso o sangue está sendo bombeado ao redor do corpo. 5. Enchimento ventricular Finalmente, o enchimento ventricular é o estágio final do ciclo cardíaco. Como o nome diz, essa fase é quando os ventrículos começam a se encher com sangue vindo dos átrios, significando que as valvas semilunares estão fechadas e as valvas mitral e tricúspide estão abertas. Os ventrículos estão relaxados e são preenchidos em até aproximadamente setenta por cento de sua capacidade máxima. As valvas atrioventriculares começam a se fechar lentamente conforme a pressão atrial se reduz e o volume ventricular aumenta. Nesse ponto os átrios começam a se encher novamente. ➢ Correlação das ondas do ECG com sístoles atriais e ventriculares Os átrios e ventrículos se despolarizam e então se contraem em momentos diferentes porque o sistema de condução conduz os potenciais de ação cardíacos ao longo de uma via específica. O termo sístole refere-se à fase de contração; a fase de relaxamento é a diástole. As ondas do ECG predizem o momento da sístole e diástole atrial e ventricular. Em uma frequência de 75 bpm, a sincronização é a seguinte: 1. Um potencial de ação cardíaco surge no nó SA. Ele se propaga ao longo do músculo atrial e para baixo em direção ao nó AV em cerca de 0,03 s. Enquanto as fibras contráteis atriais se despolarizam, a onda P aparece no ECG. 2. Depois do início da onda P, os átrios se contraem (sístole atrial). A condução do potencial de ação se desacelera no nó AV, porque as fibras têm diâmetros muito menores e menos junções comunicantes. O 0,1 s de atraso resultante possibilita tempo para os átrios se contraírem, aumentando assim o volume de sangue nos ventrículos antes de a sístole ventricular começar. 3. O potencial de ação se propaga rapidamente de novo depois de entrar no fascículo AV. Cerca de 0,2 s após o início da onda P, ele se propaga ao longo dos ramos sub-endocárdios e todo o miocárdio ventricular. A despolarização progride para baixo pelo septo, para cima a partir do ápice, e para fora da superfície do endocárdio, produzindo o complexo QRS. Ao mesmo tempo, ocorre a repolarização atrial, mas esta normalmente não é evidente em um ECG, porque os complexos QRS maiores a mascaram. 4. A contração das fibras contráteis ventriculares (sístole ventricular) começa pouco depois do complexo QRS aparecer e continua durante o segmento ST. Conforme a contração prossegue do ápice à base do coração, o sangue é espremido para cima em direção às válvulas semilunares. 5. A repolarização das fibras contráteis ventriculares começa no ápice e se espalha por todo o miocárdio ventricular. Isso produz a onda T do ECG em cerca de 0,4 s depois do início da onda P. 6. Logo após a onda T começar, os ventrículos começam a relaxar (diástole ventricular). Em 0,6 s, a repolarização ventricular está completa e as fibras contráteis ventriculares estão relaxadas. Durante o próximo 0,2 s, as fibras contráteis dos átrios e ventrículos estão relaxadas. Em 0,8 s, a onda P aparece novamente no ECG, os átrios começam a se contrair, e o ciclo se repete. DÉBITO CARDÍACO E RETORNO VENOSO O débito cardíaco é a quantidade de sangue bombeado para a aorta a cada minuto pelo coração. Também é a quantidade de sangue que flui pela circulação. O débito cardíaco é um dos fatores mais importantes que temos de considerar em relação à circulação, pois é a soma do fluxo sanguíneo para todos os tecidos do corpo. O débito cardíaco (DC) pode ser obtido por meio do cálculo de multiplicação da frequência cardíaca (bpm) pelo volume sistólico. Quando há o aumento da frequência e/ou do volume sistólico, haverá também a elevação do débito cardíaco. O débito cardíaco (DC) é o volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo (ou ventrículo direito) na aorta (ou tronco pulmonar) a cada minuto. O débito cardíaco é igual ao volume sistólico (VS), o volume de sangue ejetado pelo ventrículo a cada contração, multiplicado pela frequência cardíaca (FC), a quantidade de batimentos cardíacos por minuto: Em um homem adulto típico em repouso, o volume sistólico é de 70 mℓ/batimento, em média, e a frequência cardíaca é de cerca de 75 bpm. Assim, o débito cardíaco médio é: DC= 70 mℓ/batimento × 75 bpm = 5.250 mℓ/min = 5,25 ℓ/min. Este volume é próximo do volume total de sangue, que é de cerca de 5 ℓ em um homem adulto típico. Assim, todo o volume de sangue flui pelas circulações pulmonar e sistêmica a cada minuto. Fatores que aumentam o volume sistólico ou a frequência cardíaca normalmente elevam o DC. Durante o exercício leve, por exemplo, o volume sistólico pode aumentar para 100 mℓ /batimento, e a frequência cardíaca para 100 bpm. O débito cardíaco então seria de 10 ℓ /min. Durante o exercício intenso (mas ainda não máximo), a frequência cardíaca pode acelerar para 150 bpm e o volume sistólico pode subir para 130 mℓ/batimento, resultando em um débito cardíaco de 19,5 ℓ/min. O retorno venoso é a quantidade de sangue que flui das veias para o átrio direito a cada minuto. O retorno venoso e o débito cardíaco devem ser iguais um ao outro exceto por poucos batimentos cardíacos nos momentos em que o sangue é temporariamente armazenado ou removido do coração e dos pulmões. ➔ A ação das válvulas venosasimpede o refluxo do sangue contra a direção do coração. Além disso, há a ação da contração dos músculos esqueléticos que ajudam a impulsionar o sangue em direção ao coração. O principal musculo é o da panturrilha (que é considerado como um segundo coração) que ajuda o fluxo do sangue pelas pernas através da veia safena, comprimindo-a quando flexionado o músculo. REGULAÇÃO INTRÍNSECA (FRANK- STARLING) E EXTRÍNSECA (SNA) DA ATIVIDADE CARDÍACA O coração é um músculo estriado, de contração involuntária e seu funcionamento acontece por meio de dois sistemas: simpático/parassimpático e sistema intrínseco. O simpático e parassimpático são inerentes ao sistema nervoso autônomo e o intrínseco da lei de Starling. ➢ MECANISMO DE REGULAÇ ÃO INTRÍNSECA Cada tecido periférico do corpo controla seu fluxo local de sangue, e todos os fluxos locais se combinam e retornam pelas veias para o átrio direito, compondo o retorno venoso. O coração, por sua vez automaticamente bombeia esse sangue que chegou até ele para as artérias, para que volte a circular ao longo do circuito. Essa capacidade intrínseca do coração de se adaptar a volumes crescentes de afluxo sanguíneo é conhecida como mecanismo cardíaco de Frank-Starling, em homenagem a Otto Frank e Ernest Starling, dois grandes fisiologistas do século passado. Esses pesquisadores observaram que o coração, independentemente de qualquer estímulo externo neural ou hormonal, quando submetido ao estiramento de suas paredes musculares, é capaz de promover uma contração naturalmente mais vigorosa, aumentando, consequentemente, o volume sistólico do ciclo e o volume diastólico do ciclo. Segundo o mecanismo de Frank-Starling, quanto maior o enchimento, maior será a ejeção. De forma simples, o mecanismo de Frank-Starling define que o coração possui uma capacidade intrínseca de se adaptar a volumes crescentes de a fluxo sanguíneo, ou seja, quanto mais o miocárdio for distendido durante o enchimento, maior será a força de contração e maior será a quantidade de sangue bombeada para a aorta. Ou em outras palavras, dentro de limites fisiológicos o coração bombeia todo o sangue que a ele retorna pelas veias. ➢ MECANISMO DE REGULAÇ ÃO EXTRÍNSECA Além do controle intrínseco o coração também pode aumentar ou reduzir sua atividade dependendo do grau de atividade do Sistema Nervoso Autônomo (SNA). O Sistema Nervoso Autônomo, de forma automática e independendo de nossa vontade consciente, exerce influência no funcionamento de diversos tecidos do nosso corpo através dos mediadores químicos liberados pelas terminações de seus 2 tipos de fibras: Simpáticas e Parassimpáticas. As fibras simpáticas, na sua quase totalidade, liberam noradrenalina. Ao mesmo tempo, fazendo também parte do Sistema Nervoso Autônomo Simpático, a medula das glândulas Supra Renais liberam uma considerável quantidade de adrenalina na circulação. Já as fibras parassimpáticas, todas, liberam um outro mediador químico em suas terminações: acetilcolina. • Um predomínio da atividade simpática do SNA provoca, no coração, um significativo aumento tanto na frequência cardíaca como também na força de contração. Como consequência ocorre um considerável aumento no débito cardíaco. • Já um predomínio da atividade parassimpática do SNA, com a liberação de acetilcolina pelas suas terminações nervosas, provoca um efeito oposto no coração: redução na frequência cardíaca e redução na força de contração. Como consequência, redução considerável no débito cardíaco. O SNAS atua no ajuste dos sistemas orgânicos em situações de estresse elevando a FC (cronotropismo positivo) e a força de contração do ventrículo (inotropismo positivo) e, portanto, o desempenho cardíaco. Podemos entender como situação de estresse a prática de exercício físico, onde observamos elevação da função cardíaca para atender as elevadas demandas metabólicas. As ramificações do SNAS sobre o coração se estendem da base até o ápice tanto do lado direito quanto do lado esquerdo e liberam em suas terminações o hormônio noradrenalina que ao atuar nos receptores β1 promovem seus efeitos cardioaceleradores. O efeito da noradrenalina é aumentar a permeabilidade dos íons cálcio que permite o influxo de sódio. No lado direito do coração a maior concentração sódio promove no nodo sinusal elevação da frequência de despolarização e, portanto, de potenciais de ação causando taquicardia. No nodo atrioventricular acarreta aumento na velocidade de condução do potencial de ação elevando, assim a FC. Resumidamente, seus efeitos são elevação da FC e força de contração (VS) acarretando aumento do DC e do desempenho cardíaco. Em relação ao lado esquerdo do coração, o aumento da concentração de cálcio intracelular induz em elevação da força de contração. Com uma contração ventricular esquerda mais forte há elevação do VS e somado a taquicardia elevação do DC. Diferentemente do SNAS o SNAP diminui a FC (cronotropismo negativo) e a força de contração (inotropismo negativo) e, assim, o desempenho cardíaco. Suas ramificações não se estendem por todo o coração, mas excitam áreas bastante específicas. O ramo direito inerva apenas pó nodo sinusal e o ramo esquerdo o nodo atrioventricular, em ambos o hormônio liberado é a acetilcolina (receptor M2) que induz efluxo de potássio tornando a célula miocárdica (miócito) hiperpolarizado e retardo para a despolarização (PATTON et al, 1989; BERNE, 1996; RANG et al, 2008). A ação destes sistemas fica bastante evidente durante o repouso e exercício físico. No repouso nossas necessidades metabólicas estão bem baixas e neste caso na função cardíaca está sob controle do SNAP, o tônus parassimpático é maior e a quantidade de acetilcolina no nodo também, acarretando redução da função cardíaca. Mas, quando realizamos exercício físico as necessidades metabólicas elevam proporcionalmente com a intensidade e duração do esforço e neste momento temos o tônus do SNAS prevalecendo sobre o SNAP e assim, há elevação da função cardíaca para atender estas demandas metabólicas. A adrenalina, como neurotransmissor simpático, leva à maior abertura de canais de Ca2+ e assim favorece a maior frequência de potenciais marcapassos e maior força de contração, enquanto a acetilcolina, neurotransmissor parassimpático, leva ao fechamento de canais de Ca2+ e abertura de canais de K+ hiperpolarizando as células, o que promove a diminuição da frequência cardíaca. COMO É GERADO E CONDUZIDO O IMPULSO QUE COMANDA A ATIVIDADE DO CORAÇÃO (BIOELETROGÊNESE CARDÍACA) O coração tem dois tipos de células, as células miocárdicas, também denominadas células funcionais, que quando estimuladas eletricamente são capazes de se contrair, e as células marcapasso, responsáveis pela geração e condução dos estímulos elétricos. Os tecidos especializados que geram e conduzem impulsos elétricos através do coração, são o nó sinoatrial (nó SA), nó atrioventricular (nó AV), feixe de His e fibras de Purkinje. A excitação cardíaca começa no nodo sino-atrial (SA), situado na parede atrial direita, inferior a abertura da veia cava superior. Propagando-se ao longo das fibras musculares atriais, o potencial de ação atinge o nodo atrioventricular (AV), situado no septo interatrial, anterior a abertura do seio coronário. Do nodo AV, o potencial de ação chega ao feixe atrioventricular (feixe de His), que é a única conexão elétrica entre os átrios e os ventrículos. Após ser conduzido ao longo do feixe AV, o potencial de ação entra nos ramos direito e esquerdo, que cruzam o septo interventricular, em direção ao ápice cardíaco. Finalmente, as miofibras condutoras (fibras de Purkinge), conduzem rapidamente o potencial de ação, primeiro para o ápice do ventrículoe após para o restante do miocárdio ventricular. ➢ O SISTEMA ELÉTRICO DO CORAÇÃO O nó sinusal ou sinoatrial inicia um impulso elétrico que flui sobre os átrios direito e esquerdo (câmaras cardíacas superiores), fazendo que estes se contraiam. O sangue imediatamente será deslocado para os ventrículos (câmaras cardíacas maiores e inferiores). Quando o impulso elétrico chega ao nó atrioventricular (estação intermediária do sistema elétrico), este impulso sofre um ligeiro retardo. Em seguida o impulso elétrico dissemina-se ao longo do feixe de His, o qual divide-se em ramo direito (direcionado para o ventrículo direito) e ramo esquerdo (direcionado para o ventrículo esquerdo). Este último é dividido em dois fascículos: o ântero- superior esquerdo e o póstero-inferior direito. Na sequência o impulso elétrico atinge os ventrículos fazendo com que estes se contraiam (sístole ventricular), permitindo a saída de sangue para fora do coração. O ventrículo esquerdo ejeta o sangue para o cérebro, músculos e outros órgãos do corpo humano. O ventrículo direito ejeta o sangue exclusivamente para a circulação do pulmão, para que este sangue seja enriquecido com oxigênio. O ritmo cardíaco ditado pelo marcapasso natural do coração (nó sinusal) é chamado de ritmo sinusal. O ritmo cardíaco é ditado pelo nó atrioventricular (estação intermediária do sistema elétrico do coração) é chamado de ritmo juncional. Muitas vezes, esse último ritmo pode não ser indicativo de uma doença cardíaca propriamente dita. PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA E DIASTÓLICA, PRESSÃO DE PULSO, OS FATORES QUE A DETERMINAM A pressão arterial pode ser definida como a força que o sangue, impulsionado pelo coração, exerce contra as paredes das artérias por onde circula, uma pressão indispensável para que este possa circular até aos capilares e alcançar todos os tecidos periféricos. O aparelho cardiovascular é um sistema fechado, através do qual o sangue circula de maneira praticamente constante graças à ação impulsionadora do coração. De qualquer forma, o coração atua a um ritmo básico de 60 a 80 impulsos por minuto. Em cada batimento, o ventrículo esquerdo envia para a artéria aorta uma determinada quantidade de sangue que, através de múltiplas ramificações arteriais, chega até todos os tecidos do organismo. A pressão arterial não é uniforme, pois ao longo do ciclo cardíaco sofre certas oscilações – daí que, para se referir aos seus valores, se faça referência a dois parâmetros: •À pressão arterial máxima ou sistólica que corresponde ao momento em que o ventrículo esquerdo bombeia o seu conteúdo para a aorta (sístole): a grande artéria acolhe subitamente uma considerável quantidade de sangue, o que faz com que a pressão no seu interior atinja o valor máximo, que em condições de repouso é de cerca de 120 a 140 mmHg (milímetros de mercúrio). •À pressão arterial mínima ou diastólica que corresponde ao momento em que o ventrículo esquerdo está a encher-se de sangue (diástole): a elasticidade das paredes da aorta faz com que a artéria impulsione o sangue para os vasos periféricos e, assim, a pressão no seu interior atinge o valor mínimo de aproximadamente 80 mmHg. • A pressão de pulso (PP) corresponde à diferença entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a diastólica (PAD) as quais dependem da conformidade da aorta e grandes artérias e do débito cardíaco. É um marcador útil no atendimento de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada na urgência. A pressão de pulso (PP) < 30mmHg é um marcador de baixo índice cardíaco. Para GUYTON (1984) pressão é a força exercida pelo sangue circulante contra qualquer área unitária da parede vascular. Esse mesmo conceito é adotado por ROMERO (1968), que considera ser a pressão sanguínea aquela transmitida pelo sangue circulante às paredes das artérias, relacionando cinco fatores determinantes da PA: débito cardíaco e energia da contração ventricular; quantidade de sangue circulante, volemia; qualidade do sangue e viscosidade sanguínea; elasticidade das artérias ou resistência central; tonicidade e permeabilidade das arteríolas pré-capilares ou resistência periférica. OS MECANISMOS DE CONTROLE A CURTO E LONGO PRAZO (ADH, PNA, SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA ALDOSTERONA-SISTEMA- RAA), E OS MECANISMOS DE CONTROLE LOCAL, CENTRAL E PERIFÉRICO DA PRESSÃO ARTERIAL ➢ Mecanismo de controle a curto prazo A manutenção dos níveis pressóricos dentro de uma faixa de normalidade depende de mecanismos complexos e redundantes que determinam variações na frequência e na contratilidade cardíaca, na resistência periférica e na distribuição dos líquidos corporais. Dessa forma, a regulação da pressão arterial depende de ações integradas dos sistemas cardiovascular, renal, neural e endócrino que, por sua vez, são influenciados por fatores genéticos e ambientais. O controle efetivo da pressão arterial é o resultado da atividade dos sistemas de retroalimentação que operam a curto e longo prazo. Além das funções do exercício e do estresse do sistema nervoso autônomo, para elevar a pressão arterial existem muitos mecanismos subconscientes especiais de controle nervoso que operam simultaneamente para manter a pressão arterial em seus valores normais ou próximos deles. Quase todos são mecanismos reflexos de feedback negativo. 1. O reflexo barorreceptor é o mais conhecido dos mecanismos nervosos de controle da pressão arterial. Basicamente, esse reflexo é desencadeado por receptores de estiramento, referidos como barorreceptores ou pressoreceptores, localizados em pontos específicos das paredes de diversas grandes artérias sistêmicas. O aumento da pressão arterial estira os barorreceptores, fazendo com que transmitam sinais para o sistema nervoso central. Sinais de “feedback” são então enviados de volta pelo sistema nervoso autônomo para a circulação, reduzindo a pressão arterial até seu nível normal. Anatomia Fisiológica dos Barorreceptores e sua Inervação. Os barorreceptores são terminações nervosas do tipo em buquê localizadas nas paredes das artérias; são estimuladas pelo estiramento. Nas paredes de praticamente todas as grandes artérias nas regiões torácica e cervical existem poucos barorreceptores; contudo, como mostrado na Figura 18-5, os barorreceptores são extremamente abundantes (1) na parede de cada artéria carótida interna, pouco acima da bifurcação carotídea, na área conhecida como seio carotídeo e (2) na parede do arco aórtico. 2. Quimiorreceptores Existe um reflexo quimiorreceptor, intimamente associado ao sistema de controle pressórico barorreceptor, operando da mesma maneira que ele, a não ser pelo fato da resposta ser desencadeada por quimiorreceptores em vez de ser por receptores de estiramento. Os quimiorreceptores são células sensíveis à falta de oxigênio e ao excesso de dióxido de carbono e de íons hidrogênio. Eles estão situados em diversos pequenos órgãos quimiorreceptores: dois corpos carotídeos localizados na bifurcação de cada artéria carótida comum e geralmente um a três corpos aórticos adjacentes à aorta. Os quimiorreceptores excitam fibras nervosas que, junto com as fibras barorreceptoras, passam pelos nervos de Hering e pelos nervos vagos, dirigindo-se para o centro vasomotor do tronco encefálico. Cada corpo carotídeo ou aórtico recebe abundante fluxo sanguíneo por meio de pequena artéria nutriente; assim, os quimiorreceptores estão sempre em íntimo contato com o sangue arterial. Quando a pressão arterial cai abaixo do nível crítico, os quimiorreceptores são estimulados porque a redução do fluxo sanguíneo provoca a redução dos níveis de oxigênio e o acúmulo de dióxido de carbono e de íons hidrogênio que não são removidospela circulação. Os sinais transmitidos pelos quimiorreceptores excitam o centro vasomotor, e este eleva a pressão arterial de volta ao normal. Entretanto, o reflexo quimiorreceptor não é controlador potente da pressão arterial, até que esta caia abaixo de 80 mmHg. Portanto, apenas sob pressões mais baixas é que esse reflexo passa a ser importante para ajudar a prevenir quedas ainda maiores da pressão arterial. 3. Resposta Isquêmica do Sistema Nervoso Central —Controle da Pressão Arterial pelo Centro Vasomotor do Cérebro em Resposta à Diminuição do Fluxo Sanguíneo Cerebral A maior parte do controle nervoso da pressão sanguínea é realizada por reflexos que se originam nos barorreceptores, nos quimiorreceptores e nos receptores de baixa pressão situados na circulação periférica, fora do cérebro. Entretanto, quando o fluxo sanguíneo para o centro vasomotor no tronco encefálico inferior diminui o suficiente para causar deficiência nutricional —ou seja, provocando isquemia cerebral—, os neurônios vasoconstritores e cardioaceleradores no centro vasomotor respondem Reflexo Circulatório Desencadeado pelos Barorreceptores. Depois que os sinais dos barorreceptores chegaram ao trato solitário do bulbo, sinais secundários inibem o centro vasoconstritor bulbar e excitam o centro parassimpático vagal. Os efeitos finais são (1) vasodilatação das veias e das arteríolas em todo o sistema circulatório periférico e (2) diminuição da frequência cardíaca e da força da contração cardíaca. Desse modo, a excitação dos barorreceptores por altas pressões nas artérias provoca a diminuição reflexa da pressão arterial, devido à redução da resistência periférica e do débito cardíaco. Ao contrário, a baixa pressão tem efeitos opostos, provocando a elevação reflexa da pressão de volta ao normal. de modo direto à isquemia, ficando fortemente excitados. Quando isso ocorre, a pressão arterial sistêmica frequentemente se eleva até os níveis máximos do bombeamento cardíaco. ➢ Mecanismo de controle a longo prazo O controle a curto prazo da pressão arterial pelo sistema nervoso simpático, anteriormente, ocorre em grande parte por meio dos efeitos do sistema nervoso sobre a resistência e capacitância vasculares periféricas totais e também sobre a capacidade de bombeamento do coração. O corpo, no entanto, tem também potentes mecanismos para a regulação da pressão arterial ao longo de semanas e meses. Esse controle a longo prazo da pressão arterial está intimamente relacionado à homeostasia do volume de líquido corporal, determinado pelo balanço entre a ingestão e a eliminação de líquido. Para a sobrevida a longo prazo, a ingestão e a eliminação de líquido devem ser precisamente balanceadas; essa tarefa é realizada por múltiplos controles nervosos e hormonais e por sistemas de controle local nos rins, que regulam sua excreção de sal e água. 1. ADH Em relação ao sistema RAA, mecanismo de produção e liberação e diferenças na volemia sanguínea: Uma solução hipertônica é injetada em artérias que irrigam o hipotálamo, osmorreceptores próximos ao hipotálamo percebem essa diferença na concentração do sangue e, consequentemente, os neurônios do núcleo supraóptico e paraventricular emitem impulsos que levam a liberação de ADH pela neuro-hipófise (GUYTON & HALL, 1997). Há uma diferença entre a concentração dos fluidos: fluidos concentrados estimulam a liberação de ADH e fluidos diluídos inibem o ADH (GUYTON & HALL, 1997). A volemia é extremamente importante, pois concentrações elevadas de ADH provocam efeito vasoconstritor causando aumento da pressão arterial. A baixa volemia é um estímulo para intensa secreção de ADH, pois nos átrios existem receptores para distensão de suas paredes. Quando são estimulados, enviam sinais para inibir a secreção de ADH. Quando ocorre um enchimento insuficiente do coração, sinais são enviados estimulando a secreção de ADH. Estimulações de barorreceptores na carótida provocam o mesmo efeito, como já foi descrito nos esquemas anteriormente abordados (GUYTON & HALL, 1997). 2. PNA O sistema PNA: Esse sistema é um mecanismo antagônico ao sistema renina-angiotensina- aldosterona. Não estimula o aumento de pressão, mas sua diminuição. Esse peptídeo é um hormônio natriurético, ou seja, que excreta sódio. Os peptídeos natriuréticos, em conjunto, contrabalançam os efeitos do sistema renina-angiotensina-aldosterona (Wilkins, MR., et al.). Ele é produzido pelas células musculares cardíacas (no átrio) quando o volume sanguíneo aumenta, por isso sua ação é para fins de manutenção da volemia. Ele provoca estiramento do músculo estriado cardíaco, vasodilatação da arteríola aferente e vasoconstrição da arteríola eferente, aumentando a taxa de filtração glomerular e a carga filtrada de sódio. Também inibe a reabsorção de sódio agindo diretamente nas células do ducto coletor. Inibe a secreção de renina e a liberação hipotalâmica de ADH, diminuindo assim a permeabilidade dos ductos coletores à água e aumentando o volume de urina (Rossi, A., et al.). 3. Sistema renina-angiotensina-aldosterona A Figura 19-10 mostra as etapas funcionais pelas quais o sistema renina-angiotensina contribui para a regulação da pressão arterial. A renina é sintetizada e armazenada em forma inativa chamada pró-renina nas células justaglomerulares (células JG) dos rins. Essas são células musculares lisas modificadas, situadas nas paredes das arteríolas aferentes imediatamente proximais aos glomérulos. Quando a pressão arterial cai, reações intrínsecas dos rins fazem com que muitas das moléculas de pró- renina nas células JG sejam clivadas, liberando renina. A maior parte da renina é liberada no sangue que perfunde os rins para circular pelo corpo inteiro. Entretanto, pequenas quantidades de renina permanecem nos líquidos locais dos rins onde exercem diversas funções intrarrenais. A renina é enzima, e não substância vasoativa. Como mostrado no esquema da Figura 19-10, ela age enzimaticamente sobre outra proteína plasmática, a globulina referida como substrato de renina (ou angiotensinogênio), liberando peptídeo com 10 aminoácidos, a angiotensina I. A angiotensina I tem ligeiras propriedades vasoconstritoras, mas não suficientes para causar alterações significativas na função circulatória. A renina persiste no sangue por 30 minutos a 1 hora e continua a causar a formação de angiotensina durante todo esse tempo. Alguns segundos após a formação de angiotensina I, dois aminoácidos adicionais são removidos da angiotensina I, formando o peptídeo de oito aminoácidos angiotensina II. Essa conversão ocorre em grande parte nos pulmões, enquanto o sangue flui por seus pequenos vasos catalisados pela enzima conversora de angiotensina presente no endotélio dos vasos pulmonares. Outros tecidos, tais como rins e vasos sanguíneos, também contêm enzimas conversoras e, portanto, formam localmente angiotensina II. A angiotensina II é um vasoconstritor extremamente potente, afetando também a função circulatória por outros modos. Entretanto, ela persiste no sangue por apenas 1 ou 2 minutos por ser rapidamente inativada por múltiplas enzimas sanguíneas e teciduais, coletivamente chamadas de angiotensinases. Durante sua permanência no sangue, a angiotensina II exerce dois efeitos principais capazes de aumentar a pressão arterial. O primeiro, a vasoconstrição em muitas áreas do corpo, ocorre com muita rapidez. A vasoconstrição ocorre de modo muito intenso nas arteríolas e com intensidade muito menor nas veias. A constrição das arteríolas aumenta a resistência periférica total, elevando dessa forma a pressão arterial, como mostrado na parte inferior do esquema da Figura 19-10. Além disso, a leve constrição das veias promove o aumento do retornovenoso do sangue para o coração, contribuindo para o maior bombeamento cardíaco contra a pressão elevada. O segundo meio principal pelo qual a angiotensina II eleva a pressão arterial é a diminuição da excreção de sal e de água pelos rins. Isso eleva lentamente o volume do líquido extracelular, o que aumenta a pressão arterial durante as horas e dias subsequentes. Esse efeito a longo prazo, agindo pelo mecanismo de controle do volume do líquido extracelular, é ainda mais potente que a vasoconstrição aguda na elevação eventual da pressão arterial. ➢ Mecanismos de controle local, central e periférico Pode-se fazer a pergunta simples: por que não permitir fluxo sanguíneo muito grande a qualquer tempo por todos os tecidos do corpo, sempre suficiente para suprir as necessidades teciduais, independentemente do nível de atividade do tecido? A resposta é igualmente simples: para fazê-lo, seria necessário fluxo sanguíneo muito maior do que o coração pode bombear. Experimentos mostram que o fluxo sanguíneo para cada tecido é usualmente mantido no nível mínimo suficiente para suprir as suas necessidades —nem mais, nem menos. Por exemplo, nos tecidos em que a necessidade mais importante é a oferta de oxigênio, o fluxo sanguíneo é sempre mantido em nível apenas ligeiramente acima do necessário para manter a oxigenação completa do tecido, mas não mais que isso. Controlando o fluxo sanguíneo local de modo tão preciso, os tecidos quase nunca passam por deficiência nutricional de oxigênio, e a carga de trabalho do coração é mantida no menor nível possível. Mecanismos de Controle do Fluxo Sanguíneo: O controle local do fluxo sanguíneo pode ser dividido em duas fases: (1) controle agudo e (2) controle a longo prazo. O controle agudo é realizado por meio de rápidas variações da vasodilatação ou da vasoconstrição local das arteríolas, metarteríolas e esfmeteres pré- capilares, ocorrendo em segundos ou minutos para permitir a manutenção muito rápida do fluxo sanguíneo tecidual local apropriado. O controle a longo prazo, entretanto, consiste em variações lentas e controladas do fluxo ao longo de dias, semanas, ou até mesmo meses. Em geral, essas variações resultam no melhor controle do fluxo em proporção às necessidades teciduais. Essas variações ocorrem como resultado de aumento ou diminuição nas dimensões físicas e no número de vasos sanguíneos que suprem os tecidos. Em qualquer tecido do corpo, a elevação rápida da pressão arterial provoca o aumento imediato do fluxo sanguíneo. Entretanto, após menos de 1 minuto, o fluxo sanguíneo na maioria dos tecidos retorna praticamente a seu nível normal, embora a pressão arterial seja mantida elevada. Essa normalização é referida como “autorregulação” do fluxo sanguíneo. Após a ocorrência da autorregulação, o fluxo sanguíneo local na maioria dos tecidos se correlaciona à pressão arterial de modo aproximado, de acordo com a curva contínua “aguda” mostrada na Figura 17-4. Note que, entre as pressões arteriais de cerca de 70 mmHg e de 175 mmHg, o fluxo sanguíneo aumenta por apenas 20% a 30%, embora a pressão arterial aumente por 150%. Por quase um século, duas teorias foram propostas para explicar esse mecanismo de autorregulação aguda. Elas foram chamadas de (1) teoria metabólica e (2) teoria miogênica. A teoria metabólica pode ser facilmente entendida pela aplicação dos princípios básicos da regulação local do fluxo sanguíneo. Assim, quando a pressão arterial fica muito alta, o excesso de fluxo fornece oxigênio em demasia, além de muitos outros nutrientes, aos tecidos e “elimina” os vasodilatadores liberados pelos tecidos. Esses nutrientes (especialmente o oxigênio) e níveis reduzidos de vasodilatadores provocam então a constrição dos vasos sanguíneos e o retorno do fluxo para valores próximos aos normais, apesar da pressão aumentada. A teoria miogênica, entretanto, sugere que outro mecanismo, não relacionado ao metabolismo tecidual, seja a explicação do fenômeno da autorregulação. Essa teoria é baseada na observação de que o estiramento súbito de pequenos vasos sanguíneos provoca a contração do músculo liso da parede vascular. Por isso, propôs-se que a alta pressão arterial ao estirar o vaso provoca sua constrição vascular reativa, que reduz o fluxo sanguíneo para valor próximo ao normal. Ao contrário, sob baixas pressões, o nível de estiramento do vaso é menor, de modo que o músculo liso relaxa, reduzindo a resistência vascular e ajudando o fluxo a voltar ao normal. CONHECER AS PRINCIPAIS CONDIÇÕES HEREDITÁRIAS RELACIONADAS AO SISTEMA CARDIOVASCULAR Existem cinco grandes categorias de doenças cardiovasculares hereditárias: • Síndromes arrítmicas, por exemplo a síndrome de Brugada, as síndromes de QT longo e curto e a taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica; • Miocardiopatias, por exemplo hipertrófica, dilatada, restritiva, arritmogénica e não compactada; • Arteriopatias, por exemplo a síndrome de Marfan, de Ehler-Danlos; • Distrofias musculares, por exemplo distrofia muscular de Emery-Dreifuss, distrofia miotónica; • Hipercolesterolemia familiar, por exemplo a lipodistrofia familiar de Dunningan. A Síndrome de Marfan é uma doença hereditária rara do tecido conjuntivo. Ela atinge uma em cada 3 a 5 mil indivíduos. FUNÇÃO CARDÍACA COM O ELETROCARDIOGRAMA Quando o impulso cardíaco passa através do coração, uma corrente elétrica também se propaga do coração para os tecidos adjacentes que o circundam. E pequena parte da corrente se propaga até a superfície do corpo. Se eletrodos forem colocados sobre a pele, em lados opostos do coração, será possível registrar os potenciais elétricos gerados por essa corrente: esse registro é conhecido como eletrocardiograma. ➢ Características do Eletrocardiograma Normal O eletrocardiograma normal (Fig. 11-1) é composto pela onda P, pelo complexo QRS e pela onda T. O complexo QRS apresenta com frequência, mas não sempre três ondas distintas: a onda Q, a onda R e a onda S. A onda P é produzida pelos potenciais elétricos gerados quando os átrios se despolarizam, antes de a contração atrial começar. O complexo QRS é produzido pelos potenciais gerados quando os ventrículos se despolarizam antes de sua contração, isto é, enquanto a onda de despolarização se propaga pelos ventrículos. Portanto, tanto a onda P como os componentes do complexo QRS são ondas de despolarização. A onda T é produzida pelos potenciais gerados, enquanto os ventrículos se restabelecem do estado de despolarização. Esse processo no músculo ventricular normalmente ocorre 0,25 a 0,35 segundo após a sua despolarização, e a onda T é conhecida como onda de repolarização. Assim, o eletrocardiograma é formado por ondas de despolarização e por ondas de repolarização e, distinção entre elas é muito importante na eletrocardiografia. ➢ Relação entre a Contração Atrial e a Ventricular e as Ondas do Eletrocardiograma Antes que a contração do músculo possa ocorrer, é preciso que a despolarização se propague pelo músculo para iniciar os processos químicos da contração. Voltando à Figura 11-1: a onda P ocorre no início da contração dos átrios, e o complexo QRS de ondas ocorre no início da contração dos ventrículos. Os ventrículos permanecem contraídos até que a repolarização tenha ocorrido, ou seja, até o final da onda T. Os átrios se repolarizam cerca de 0,15 a 0,20 segundo, após o término da onda P. Quase nesse mesmo instante, o complexo QRS está sendo registrado no eletrocardiograma. Como consequência, a onda de repolarização atrial conhecida como onda T atrial, é em geral encoberta pelo complexo QRS que é muito maior. Por essa razão, raramente se observa uma onda T atrial no eletrocardiograma. A onda de repolarizaçãoventricular é a onda T do eletrocardiograma normal. Normalmente, a repolarização do músculo ventricular começa em algumas fibras, cerca de 0,20 segundo após o início da onda de despolarização (o complexo QRS), mas em muitas outras fibras demora até 0,35 segundo. Assim, o processo de repolarização ventricular se estende por período longo, cerca de 0,15 segundo. Por isso, a onda T do eletrocardiograma normal é uma onda de longa duração, mas sua voltagem é consideravelmente menor que a voltagem do complexo QRS, em parte por causa de sua duração prolongada. Em um registro típico, três ondas claramente reconhecíveis aparecem a cada batimento cardíaco (Figura 20.12). A primeira, chamada onda P, é um pequeno desvio para cima no ECG. A onda P representa a despolarização atrial, que se propaga do nó SA ao longo das fibras contráteis em ambos os átrios. A segunda onda, denominada complexo QRS, começa com uma deflexão para baixo, continua como uma grande onda vertical triangular, e termina como uma onda descendente. O complexo QRS representa a despolarização ventricular rápida, conforme o potencial de ação se propaga ao longo das fibras contráteis ventriculares. A terceira onda é um desvio para cima em forma de cúpula chamada de onda T. Indica a repolarização ventricular e ocorre apenas quando os ventrículos começam a relaxar. A onda T é menor e mais larga do que o complexo QRS, porque a repolarização ocorre mais lentamente do que a despolarização. Durante o período de platô da despolarização constante, o traçado do ECG é reto. Na leitura de um ECG, o tamanho das ondas pode fornecer indícios de anomalias. Ondas P maiores indicam aumento das dimensões de um átrio; uma onda Q alargada pode indicar um infarto agudo do miocárdio e uma onda R alargada geralmente indica ventrículos aumentados. A onda T é mais plana do que o normal quando o músculo cardíaco não está recebendo oxigênio suficiente – como por exemplo na doença da artéria coronária. A onda T pode estar elevada na hiperpotassemia (nível de K + elevado no sangue). A análise de um ECG também envolve medir os intervalos de tempo entre ondas, que são chamados intervalos ou segmentos. Por exemplo, o intervalo PQ é o tempo desde o início da onda P até o início do complexo QRS. Representa o tempo de condução do início da excitação atrial até o início da excitação ventricular. Dito de outro modo, o intervalo PQ é o tempo necessário para que o potencial de ação avance pelos átrios, nó atrioventricular e fibras restantes do sistema de condução. ➢ As três ondas aparecem a cada batimento cardíaco: •Primeira onda (Onda P): É um pequeno desvio para cima no ECG. Representa a despolarização atrial, que se propaga do nó SA ao longo das fibras contráteis em ambos os átrios. •Segunda onda (complexo QRS): Começa com uma deflexão para baixo e termina como uma onda descendente. Representa a despolarização ventricular rápida, conforme o potencial de ação se propaga ao longo das fibras contráteis ventriculares. •Terceira onda (onda T): É um desvio para cima. Representa a repolarização ventricular e ocorre apenas quando os ventrículos começam a relaxar, ocorrendo mais lentamente que a despolarização. No ECG, o tamanho das ondas pode fornecer indícios de anomalias. Ondas P maiores indicam aumento das dimensões de um átrio. Uma onda Q alargada pode indicar um infarto agudo do miocárdio. Uma onda R alargada geralmente indica ventrículos aumentados. A onda T é mais plana do que o normal quando o músculo cardíaco não está recebendo oxigênio suficiente – como por exemplo na doença da artéria coronária. A análise de um ECG também envolve medir os intervalos de tempo entre ondas, que são chamados intervalos ou segmentos. •Intervalo PQ: É o tempo desde o início da onda P atéo início do complexo QRS. Representa o tempo de condução do início da excitação atrial até o início da excitação ventricular. Quando o potencial de ação é forçado a desviar de um tecido cicatricial causado por distúrbios como uma doença da artéria coronária e febre reumática, o intervalo PQ se alonga. •Intervalo ST: Começa no fim da onda e termina no início da onda T. Representa o momento em que as fibras contráteis ventriculares são despolarizadas durante a fase de platô do potencial de ação. O segmento ST está elevado (acima da linha de base) no IAM e deprimido (abaixo da linha de base) quando o músculo cardíaco não recebe oxigênio suficiente. •Intervalo QT: Se estende do início do complexo QRS até ao final da onda T. Representa o tempo a partir do início da despolarização ventricular até o fim da repolarização ventricular. O intervalo QT pode ser prolongado por dano miocárdico, isquemia miocárdica (diminuição do fluxo sanguíneo) ou anormalidades de condução. OS AJUSTES DA FUNÇÃO CARDÍACA RELACIONADOS AOS HÁBITOS E CONDIÇÕES DE VIDA ➢ Respostas cardiovasculares ao exercício aeróbio e anaeróbio Forjaz et al (p. 384, 2010) diz que “as adaptações cardiovasculares causadas pelo exercício aeróbio dinâmico se dão em sua maioria pelo aumento da atividade nervosa simpática e pela redução da parassimpática, que ocorrem principalmente por causa da ativação do comando central e de macanorreceptores musculares e articulares, essas alterações neurais resultam no aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e, consequentemente do débito cardíaco, e ainda, durante a prática de exercício aeróbio ocorre vasodilatação na musculatura ativa provocada, principalmente pela liberação de óxido nítrico, o que promove queda da resistência vascular periférica, dessa forma, durante o exercício aeróbio observa-se aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou queda da pressão arterial diastólica. Todas essas adaptações permitem dizer que o exercício aeróbio caracteriza-se por ser um exercício que promove sobrecarga volumétrica no sistema cardiovascular, ou seja, promove, sobretudo, aumento no fluxo sanguíneo, que resulta no aumento da cavidade da câmara ventricular esquerda (figura 1), promovendo assim hipertrofia ventricular esquerda excêntrica”. Em contrapartida, durante a prática do exercício anaeróbio, em especial, o treinamento com pesos, a ação mecânica da musculatura promove aumento da pressão intramuscular e comprime os vasos arteriais dentro do músculo ativo. OS EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE DA POPULAÇÃO IDOSA A prática de atividade física é um elemento valioso de vida para as pessoas de todas as faixas etárias, especialmente para os idosos, pois é extremamente importante na manutenção da saúde, da flexibilidade e da longevidade, bem como atua na redução de dor e sintomas de doenças físicas. O exercício físico para idosos pode ajudá-los a obter ou manter um peso saudável e a função normal do corpo. Ao longo dos anos, enquanto o corpo vai envelhecendo, ele se torna mais fraco. Movimentando o corpo através de exercícios pode-se ajudar a restaurar e a preservar a sua força, o que pode contribuir para que os idosos mantenham a sua mobilidade nas tarefas diárias. Muitas quedas e lesões que os idosos têm podem ser prevenidas por meio de atividade física regular, que contribui para uma maior mobilidade. Os sistemas imunológicos dos idosos são mais suscetíveis à doenças, desde condições sérias até um resfriado comum. O exercício físico pode ajudar a melhorar a resistência e função do sistema imunológico, ajudando-os a prevenir e diminuir o risco de doenças. Se uma pessoa idosa sofre de uma doença, o exercício pode muitas vezes ajudar a controlá-la, assim como aliviar seus sintomas.Isso resulta em um estilo de vida muito mais confortável. Muitos idosos encontram-se frequentemente acima do peso. Treinos em academias para idosos, particularmente aquelas que envolvem aeróbica, podem ajudar homens e mulheres idosos elevar suas frequências cardíacas e a perder peso. Tal método também pode ajudar a aliviar a dor nas articulações. Idosos com problemas cardíacos ou problemas com a circulação de sangue também podem melhorar suas condições de saúde enquanto se envolve nesses programas. A qualidade de vida dos idosos pode ser melhorada amplamente com exercícios regulares. Quaisquer alterações ou adições à saúde do idoso devem ser discutidas com o médico regularmente. Ele pode ajudar a determinar os exercícios e atividades adequadas, assim como uma dieta saudável para manter o bem-estar dos idosos. A IMPORTÂNCIA DA VISITA DOMICILIAR E DA REFERÊNCIA E CONTRA REFERÊNCIA COM O CUIDADO COORDENADO PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA INTEGRADO AOS DEMAIS PONTOS DE ATENÇÃO DA REDE A atenção às famílias e à comunidade é o objetivo central da visita domiciliar, sendo entendidas, família e comunidade, como entidades influenciadoras no processo de adoecer dos indivíduos, os quais são regidos pelas relações que estabelecem nos contextos em que estão inseridos. Compreender o contexto de vida dos usuários dos serviços de saúde e suas relações familiares deve visar ao impacto nas formas de atuação dos profissionais, permitindo novas demarcações conceituais e, consequentemente, o planejamento das ações considerando o modo de vida e os recursos de que as famílias dispõem. No que tange à articulação com o modelo assistencial, o discurso relativo à integralidade e à humanização do cuidado assume papel de destaque na reorientação do SUS. A relevância da visita nesse processo evidencia-se pelo fato de essa dispor de condições propícias a mudanças, confrontando o modelo hegemônico, centrado na doença, no qual predomina uma postura profissional de indiferença e de pouca interação com os usuários. A superação desse modelo requer dos profissionais de saúde a construção de um pensar e um fazer sustentados na produção social do processo saúde- doença. Com a criação do SUS, a integralidade surge como um dos principais pilares na construção da Atenção Primária à Saúde, uma vez que se fundamenta na articulação das ações de promoção, prevenção e recuperação, além da abordagem integral dos indivíduos e familiares. Desenvolve-se, desde então, uma reflexão sobre a integralidade que identifica três grandes conjuntos de sentidos usualmente empregados, os quais remetem a: uma nova atitude por parte dos profissionais de saúde; uma crítica à dissociação entre práticas de saúde pública e práticas assistenciais; uma recusa em objetivar e recortar os sujeitos sobre os quais as ações incidem. Tais premissas implicam, acima de tudo, uma recusa ao reducionismo e à objetivação dos sujeitos, bem como a afirmação de uma abertura ao diálogo de modo a promover um exercício de seleção negociada do que é relevante para a construção de um projeto de intervenção. O caráter polissêmico do termo integralidade sustenta que essa é uma ação social resultante da permanente interação dos atores na relação demanda e oferta, considerando aspectos subjetivos e objetivos, nos planos individual e sistêmico. A relevância da integralidade na reorientação do modelo assistencial reside justamente no fato de ser esse, dentre os princípios do SUS, "aquele que confronta incisivamente racionalidades hegemônicas no sistema", contrapondo-se a uma visão reducionista e fragmentada dos indivíduos. O sistema de referência e contrarreferência funciona dentro da lógica da hierarquização, pois o trânsito pelo fluxo da rede segue diferentes níveis. O profissional da APS que deseja encaminhar um paciente para outros níveis de atenção conhece a hierarquia do sistema, e sabe que referenciar significa indicar o paciente para outro nível de cuidados. "Os profissionais da saúde só deverão encaminhar os casos que realmente estejam fora da possibilidade técnica e dos recursos humanos de serem tratados no próprio município da residência dos pacientes." (DIAS, 2012, p.27) Quais são os fatores que determinam o desempenho cardíaco? Os dois principais fatores são a pressão arterial e o débito cardíaco. A pressão arterial é a pressão dentro do vaso sanguíneo, resultado da contração do coração a cada batimento, como também da contração dos vasos quando o sangue passa por eles. O débito cardíaco significa o volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto. Por isso, é necessário que tanto a pressão arterial como o débito cardíaco estejam adequados para permitir a manutenção da vida do ser humano. O desempenho cardíaco depende de quatro fatores que são essenciais: pré-carga, pós-carga, contratilidade ventricular e freqüência cardíaca. A pré-carga refere-se ao grau de tensão do músculo quando ele começa a se contrair, período antes do início da sístole. Uma redução na pré-carga significa uma redução no volume de ejeção como no volume e pressão diastólica final. Já um aumento da pré- carga gera um aumento na pressão ventricular, assim como na geração do fluxo, ou seja, na pressão como que o sangue circulará no corpo. A pós-carga é o termo direcionado para a pressão na artéria na saída do ventrículo ou a pressão arterial contra a qual o ventrículo deve exercer na contração cardíaca. A contratilidade ventricular significa a força externa
Compartilhar