Buscar

100_marx-karl-o-capital-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

6, cuja metade tornará a inverter no pagamento de novos salários,
enquanto a outra metade formará a mais-valia, pela qual o capitalista
não paga equivalente algum. Esse tipo de intercâmbio entre o capital
e o trabalho é o que serve de base à produção capitalista, ou ao sistema
do salariado, e tem que conduzir, sem cessar, à constante reprodução
do operário como operário e do capitalista como capitalista.
A taxa de mais-valia dependerá, se todas as outras circunstâncias
permanecerem invariáveis, da proporção existente entre a parte da
jornada que o operário tem que trabalhar para reproduzir o valor da
força de trabalho e o sobretempo ou sobretrabalho realizado para o
capitalista. Dependerá, por isso, da proporção em que a jornada de
trabalho se prolongue além do tempo durante o qual o operário, com
o seu trabalho, se limita a reproduzir o valor de sua força de trabalho
ou a repor o seu salário.
IX
O Valor do Trabalho
Devemos voltar agora à expressão “valor ou preço do trabalho”.
Vimos que, na realidade, esse valor nada mais é que o da força de
trabalho, medido pelos valores das mercadorias necessárias à sua ma-
nutenção. Mas, como o operário só recebe o seu salário depois de realizar
o seu trabalho e como, ademais, sabe que o que entrega realmente ao
capitalista é o seu trabalho, ele necessariamente imagina que o valor
ou preço de sua força de trabalho é o preço ou valor do seu próprio
trabalho. Se o preço de sua força de trabalho é 3 xelins, nos quais se
materializam 6 horas de trabalho, e ele trabalha 12 horas, forçosamente
o operário considerará esses 3 xelins como o valor ou preço de 12 horas
de trabalho, se bem que estas 12 horas representem um valor de 6
xelins. Donde se chega a um duplo resultado:
Primeiro: O valor ou preço da força de trabalho toma a aparência
do preço ou valor do próprio trabalho, ainda que a rigor as expressões
de valor e preço do trabalho careçam de sentido.
Segundo: Ainda que só se pague uma parte do trabalho diário
do operário, enquanto a outra parte fica sem remuneração, e ainda
que esse trabalho não remunerado ou sobretrabalho seja precisamente
o fundo de que se forma a mais-valia ou lucro, fica parecendo que todo
o trabalho é trabalho pago.
Essa aparência enganadora distingue o trabalho assalariado das
outras formas históricas do trabalho. Dentro do sistema do salariado,
até o trabalho não remunerado parece trabalho pago. Ao contrário, no
trabalho dos escravos parece ser trabalho não remunerado até a parte
do trabalho que se paga. Claro está que, para poder trabalhar, o escravo
tem que viver e uma parte de sua jornada de trabalho serve para
repor o valor de seu próprio sustento. Mas, como entre ele e seu senhor
OS ECONOMISTAS
102

Continue navegando