Buscar

2021 - MODELO DE HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO COM PEDIDO DE LIMINAR - COVID-19 - PACIENTE IDOSO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO COM PEDIDO DE 
LIMINAR – COVID-19/ PACIENTE IDOSO 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE 
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXXXXXXXXXXX 
 
 
URGENTE 
 Réu enquadrado no grupo de risco à pandemia do COVID-19 
Referente ao Processo de Numeração Única XXXXXX, da XXXXX Vara Criminal 
da Comarca de XXX - XX 
Paciente: PEO 
Impetrante: NDO 
Autoridade Coatora: XXXXXX 
 
 
PEO, já devidamente qualificado nos autos do Processo em epígrafe, vem, à 
elevada presença de Vossa Excelência, através de seu representante legal que ao final 
assina, forte nos artigos 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal, e artigos 316, 319, 321, 
647 e 648, IV, do Código de Processo Penal, requerer a concessão de 
HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO COM PEDIDO DE LIMINAR 
em razão do CONSTRANGIMENTO ILEGAL que sofre o Paciente por 
parte de XXXXX, AUTORIDADE COATORA, Juiz da __ Vara Criminal da 
Comarca de XXX-XX, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
DOS FATOS 
 
1 – O Paciente foi preso na data de XX de XXXXX de 2.020, em decorrência 
do Auto de Prisão em Flagrante n.º XXXX, tendo sido acusado da prática dos crimes 
previstos nos artigos 33, caput (Tráfico de Drogas), e 35 (Associação para o Tráfico de Drogas), 
da Lei n.º 11.343/2006 (Lei de Drogas). 
 
Submetido à AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, realizada no dia XX de XXX de 
2.020, teve sua Prisão em Flagrante confirmada e convertida em Preventiva, nos seguintes 
termos: 
 
“(...) 
 
 
(...)” 
 
2 – Todavia, Excelência, a Autoridade Coatora, com essa decisão, violou a 
Recomendação n.º 62 do CNJ, EXPONDO O PACIENTE A REAL RISCO DE VIDA, 
como a seguir passaremos a demonstrar. 
 
 
DO MOMENTO HISTÓRICO QUE VIVEMOS 
 
 
3 - Em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, pessoas foram infectadas com o 
COVID-19, o novo corona-vírus, após participarem de uma feira de animais vivos. Após, 
iniciou-se a transmissão entre pessoas, inaugurando um gravíssimo ciclo de contaminação. 
 
Em pouco tempo, como é de saber notório, o vírus rodou o globo. Por onde passou 
alastrou-se com rapidez, contaminando centenas de milhares de pessoas. No mesmo passo, fez 
vítimas fatais aos milhares. 
 
Na Itália, por exemplo, onde foram adotadas políticas de enfrentamento e 
contingenciamento do vírus semelhantes às que o Brasil indica que adotará, as mortes passaram 
de 2 mil. 
 
Inclusive, com base no exemplo da Itália, que possui um sistema carcerário 
infinitamente mais estruturado e menor que o sistema prisional brasileiro, foram registradas 
rebeliões, como em Modena – aliás, com registro de seis mortos – além do grave contágio nos 
presídios. 
 
Por todo o até aqui vivenciado em relação ao contágio e fatalidade do Corona vírus, 
que no país já ultrapassou a marca de 100 (cem) mil mortes, resta evidente que o vírus inspira 
enormes preocupações. Nesta senda, corretamente o Conselho Superior da Magistratura adotou 
diversas providências na proteção de magistrados, advogados, serventuários e 
jurisdicionados, suspendendo a pauta de audiências, escalonando a jornada de 
trabalho, entre outras providências. 
Em reação aos casos confirmados e com transmissão local e comunitária no Brasil, 
a Lei federal n. 13.979/2020 estabeleceu medidas para enfrentamento da emergência de saúde 
pública de importância internacional, incluindo o isolamento às pessoas doentes e 
contaminadas e a quarentena às pessoas com suspeita de contaminação. 
A Portaria nº 356, de 11 de março de 2020, do Ministério da Saúde, que 
regulamentou a operacionalização do disposto na lei acima, estabelece, em seu art. 3°, § 2º, que 
a medida de isolamento prescrita por ato médico deverá ser efetuada, preferencialmente, em 
domicílio. 
Nesse sentido, o Boletim Epidemiológico n° 05, emitido pelo Ministério da Saúde 
em 13/03/2020, recomenda restrição de contato social (viagens, cinema, shoppings, shows 
e locais com aglomeração) a idosos e doentes crônicos nas cidades com transmissão local ou 
comunitária. 
Nesse panorama de extremo de caos mundial à saúde pública, o sistema 
penitenciário brasileiro deve ganhar especial precaução e olhar atento das autoridades 
públicas, por se tratar de uma população extremamente numerosa, com alto índice de 
aglomeração e em péssimas condições sanitárias e de acesso à saúde. Não por acaso, 
relembre-se, o Supremo Tribunal Federal, antes mesmo de qualquer circunstância externa 
extraordinária, o atrelou a um estado de coisas inconstitucional na ADPF nº 347/DF. 
Neste bojo, o Conselho Nacional de Justiça sugeriu diversas medidas para a 
prevenção do covid-19 nas cadeias, dentre as quais estão: revogação de prisões preventivas 
com prazo superior a 90 dias, ou que estejam relacionadas a crimes praticados sem 
violência ou grave ameaça; ou mesmo a orientação de, prender alguém preventivamente 
apenas em casos de “máxima excepcionalidade”. 
 
O Supremo Tribunal Federal, por meio de seus Ministros tem pedido para que os 
magistrados analisem, sobretudo a possibilidade de imposição de prisão domiciliar e ainda, na 
forma argumentada pelo preclaro Ministro Marco Aurélio, PARA CONCEDEREM A 
LIBERDADE CONDICIONAL A GRÁVIDAS, IDOSOS E DOENTES QUE ESTÃO 
PRESOS. 
 
 
4 - Nesse sentido, estabelece a RECOMENDAÇÃO N.º 62 DO CNJ: 
 
(...) 
 
 
(...)” 
 
5 - A superlotação, por si só, Excelência, já mostra a total inadequação às normas 
sanitárias e de saúde pública de contenção à transmissão do vírus. Não há, notoriamente, como 
cumprir quaisquer das recomendações realizadas pelas autoridades de saúde: não existe água 
abundante com sabão para realizar a devida higiene das mãos. Não há igualmente itens 
individuais como talheres, pratos, toalhas para banho, colchões – e tudo mais que se possa 
imaginar de mínimo para evitar a propagação da doença. 
Ainda, acaso se confirme qualquer transmissão dentro da unidade prisional, não há 
qualquer possibilidade de prestação de serviço minimamente adequado de saúde. Como dito, 
as enfermarias do presídio já são extremamente sucateadas à própria assistência básica, inicial 
e ordinária de saúde. Não há como cogitar o manejo de boas práticas clínicas dentro dos 
presídios, que não possuem respirador. 
Desta forma, Excelência, MANTER A PRISÃO DO PACIENTE NO 
CÁRCERE É IGUAL A CONDENÁ-LO À MORTE, EM RAZÃO DAS DOENÇAS QUE 
POSSUI! 
 
DAS CONDIÇÕES DE RISCO E DE SAÚDE DO 
PACIENTE XXXX. FUNDAMENTAÇÃO DO PEDIDO 
 
6 - O Paciente XXXX É IDOSO, nascido em XX de XXX de 19XX, contando 
com XX (XXX) anos de idade, portanto, É DO GRUPO DE RISCO! 
 
Nesse sentido, as informações constantes na XXXX, constante nas fls.XX do EP 
XX, conforme segue reproduzido: 
 
(...) 
 
Destaque-se, ainda, que OS IDOSOS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS DO 
CORONAVÍRUS, conforme noticia o site G1, no endereço 
eletrônico https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/12/saiba-por-que-
idosos-estao-entre-os-grupos-mais-vulneraveis-ao-coronavirus-e-quais-sao-os-riscos.ghtml, 
conforme segue: 
 
“(...) 
 
 
(...) 
 
(...)” 
 
7 - Não bastasse isso, O PACIENTE É CARDÍACO, HIPERTENSO E 
DIABÉTICO, conforme comprova a DOCUMENTAÇÃO MÉDICA INCLUSA – DOC.01. 
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/12/saiba-por-que-
E isso, Excelência, AUMENTA O RISCO DE CONTÁGIO E 
COMPLICAÇÕES DE SAÚDE DO PACIENTE, conforme exposto na REVISTA VEJA, 
no endereço eletrônico https://veja.abril.com.br/saude/por-que-idosos-hipertensos-e-
diabeticos-sao-grupos-de-risco, conforme abaixo reproduzido: 
 
“No que diz respeito aos idosos, isso acontece porque seu sistema imunológico já 
é mais fraco que o de pessoas jovens, por exemplo. Isso significa que seu organismo tem mais 
dificuldade para combater o vírus e eles estão mais suscetíveis a sofrer com a resposta 
inflamatória do próprio corpo no combate ao vírus. Além disso, a presença de doenças 
crônicas, como problemas cardiovasculares e diabetes, é mais comum nesse grupo.” 
 
Dessa forma, Excelência, no precário sistema prisionalO PACIENTE PEO irá 
contrair a doença facilmente e irá morrer! 
 
E, nesse sentido, notícias atuais já demonstram a chegada do vírus nos 
Presídios, lembrando que sequer existem testes portanto, o vírus já é comunitário nesses 
locais. 
 
 
DO CABIMENTO DO WRIT 
 
8 - Estipula a Constituição Federal, em seu artigo 6º, que a saúde, em um sentido 
amplo, faz parte do conjunto de direitos sociais conferidos a todos os brasileiros. 
 
Da lição de JOSÉ AFONSO DA SILVA, podemos extrair a seguinte conclusão a 
respeito dos direitos sociais, onde está incluso o direito subjetivo à saúde: 
 
“os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são 
prestações positivas estatais, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam 
melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de 
situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se conexionam com o direito da 
igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam 
condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que, por sua vez, 
proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade”. 
 
Em assim sendo, Excelência, É A SAÚDE ENTENDIDA COMO DIREITO 
FUNDAMENTAL DO HOMEM, de onde surge a necessidade de uma prestação positiva 
por parte do Estado, inexoravelmente pressupõe a compreensão que, diante de um quadro de 
uma grave pandemia, o Estado deve atuar positivamente – ou abstendo-se de certas condutas – 
para assegurar este direito fundamental do ser humano. 
 
No contexto prisional brasileiro, ao oposto, faltam muitas ações positivas no 
sentido de assegurar, em sentido amplo, o direito à saúde. 
 
NO ANO DE 2018, APENAS A TÍTULO EXEMPLIFICATIVO, FORAM 
REGISTRADOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE MAIS DE 10.760 CASOS DE 
TUBERCULOSE EM PRESIDIÁRIOS. ENTRE 2009 E 2018, AINDA SEGUNDO O 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, FORAM 853 MORTES POR TUBERCULOSE. 
 
https://veja.abril.com.br/saude/por-que-idosos-hipertensos-e-
Estima-se ainda, segundo a Agência Pública, que quatro em cada dez presídios 
brasileiros não possuam consultórios médicos. Quase metade (48%) não têm farmácia ou 
sala de estoque para medicamentos. 81% das Unidades Prisionais não contam com sala 
de lavagem e descontaminação. 
 
Ora, se o Estado se homiziar neste contexto de corona vírus, o resultado será 
catastrófico! Isto porque a nova pandemia é muito mais contagiosa do que a tuberculose, que 
há décadas é um grave problema nos presídios brasileiros. 
 
9 – Ressalte-se, ainda, que, através da noção abstrata de que o Estado deve atuar 
para assegurar a saúde de todos, também podemos considerar o artigo 196 da Constituição 
Federal, cuja redação determina que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos”. 
 
No caso em tela, é urgente a adoção de medidas e políticas sociais para a redução 
do risco da propagação do covid-19 nos presídios, por parte de Executivo, Legislativo e 
Judiciário, que são os poderes que compõe o Estado. 
 
É neste momento histórico que o Poder Judiciário poderá ter a firmeza de defender 
não apenas os preceitos constitucionais, mas especialmente de colaborar imensamente com o 
contingenciamento do iminente colapso social frente à pandemia. 
 
O que o Impetrante sugere, como medida de urgência e de contenção, é a liberação 
do Paciente justamente pela sua idade avançada e saúde prejudicada por Cardiopatia, 
Hipertensão e Diabetes, que tornam concreto o risco de morte. 
 
Neste momento, em relação às prisões, o que é possível é esvaziá-las para assegurar 
o direito básico à saúde. 
 
Nesta quadra, o isolamento somente será possível quando o cidadão estiver em sua 
residência. 
 
Eis, portanto a argumentação que se refere em sentido amplo à saúde. 
 
DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
10 - Excelência, imagine o fato de estar preso – especialmente se inserido em algum 
grupo de risco – ter algum familiar preso ou trabalhar em um lugar onde milhares de pessoas 
vivem aglomeradas no contexto da pandemia do Covid-19. 
 
Qualquer das situações constitui uma grave pressão psicológica baseada no medo. 
 
Medo porque presos e seus familiares sabem que não existe possibilidade de 
atendimento médico a todos os presos que, habitualmente, ficam doentes. Faça ideia em um 
contexto de pandemia. 
 
Medo porque se um detento de uma cela for contaminado, logo todos os demais 
serão contaminados por inexistência de circulação de ar, condição de higienização entre outros 
fatores. 
 
Nestas duas primeiras hipóteses, podemos considerar não apenas que há um 
tratamento degradante – ainda mais degradante quando previsto e não adotada nenhuma atitude 
prévia – mas a pena, num contexto semântico mais amplo, passa da pessoa do condenado 
atingindo seus familiares da forma mais cruel: pela angústia. 
 
Certamente, este Egrégio Tribunal de Justiça, sempre na defesa da Justiça, da Lei e 
da ordem não se desvirtuará de função neste momento histórico. 
 
Sugere-se, para tanto, no caso específico do Paciente, que é primário, não 
possui antecedentes criminais, e nega a prática dos delitos que o levaram ao cárcere, a 
imposição de medidas cautelares diversas da prisão. 
 
Por fim, caso ainda não seja acolhido nem a primeira nem a segunda tese, requer 
que seja decretada a CONVERSÃO EM PRISÃO DOMICILIAR. 
 
Nesse sentido, aliás, é o artigo 318, inciso II, do Código de Processo Penal, cuja 
aplicação aos presos em execução penal é absolutamente isenta de dúvida, indicando o 
cabimento de prisão domiciliar quando o preso encontra-se extremamente debilitado por 
motivo de doença grave. 
 
A previsão legal diz respeito à possibilidade de prisão domiciliar para 
preservação da saúde individual em caso de avançada doença. 
 
Por óbvio, na situação atual de declaração pela OMS de PANDEMIA MUNDIAL, 
deve-se antecipar a medida à eventual confirmação da doença e piora do estado de clínica da 
pessoa privada de liberdade. 
 
É o que se espera como medida de justiça, de humanidade e de consciência na 
proteção da sociedade. 
 
 
DAS DECISÕES PROFERIDAS PELOS TRIBUNAIS 
PÁTRIOS COM RELAÇÃO AO DESCUMPRIMENTO DA 
RECOMENDAÇÃO N.º 62 DO CNJ 
 
 
11 – Com relação à pretensão do Paciente, A JURISPRUDÊNCIA DE NOSSOS 
TRIBUNAIS PÁTRIOS É UNÂNIME NO SENTIDO DA CONCESSÃO DO REMÉDIO 
HERÓICO NOS CASOS DE DECISÕES QUE VIOLAM A RECOMENDAÇÃO N.° 62 
DO CNJ, conforme evidenciam os julgados abaixo reproduzidos: 
 
(...) 
 
Como se percebe suso, Excelência, é vasta a jurisprudência pátria que ampara a 
pretensão do Paciente, no sentido de concessão de liberdade provisória ou 
determinação de prisão domiciliar, caso reste comprovado que o acusado 
encontra-se no grupo de risco de contágio do COVID-19, razão pela qual se pede a 
este Egrégio Tribunal que conceda o REMÉDIO HERÓICO pleiteado, por questão de 
humanidade, e para resguardar a vida do Paciente. 
 
DA PRISÃO ILEGAL DO PACIENTE 
 
12 – Não bastasse a decisão da Autoridade Coatora violar a Recomendação n.º 62 
do CNJ, TAMBÉM DEIXOU DE RECONHECER A ILEGALIDADE DA PRISÃO DO 
PACIENTE, haja vista que esta foi efetivada por GUARDAS MUNICIPAIS, os quais não 
possuem atribuição para investigação e/ou policiamento ostensivo, que são atividades de 
atribuição das políciais civil e militar, nos termos do artigo 144, §8º, da Constituição Federal: 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. 
(...) 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipaisdestinadas à proteção 
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
(...) 
E, em assim sendo, Excelência, resta patente que a prisão do Paciente foi ilegal, 
uma vez que efetivada por quem não tinha atribuição para fazer a abordagem, a coleta de provas, 
e consequentemente, a prisão. 
 
Inclusive, nesse sentido, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal, através de 
sua Primeira Turma, conforme noticiado pelo site DELEGADOS, no endereço 
eletrônico https://delegados.com.br/noticia/stf-decide-que-e-invalida-a-apreensao-de-
entorpecentes-por-guardas-municipais, conforme segue reproduzido: 
 
(...) 
 
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que deve ser 
reconhecida inválida a apreensão de entorpecentes por guardas municipais, em típica atividade 
de investigação sobre a prática do crime de tráfico de drogas, pois fora das suas atribuições. A 
decisão (RE 1.281.774/SP) teve como relator o ministro Marco Aurélio: 
 
 
https://delegados.com.br/noticia/stf-decide-que-e-invalida-a-apreensao-de-
Ementa 
 
DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA FÁTICA – 
INVIABILIDADE – SEGUIMENTO – NEGATIVA. 
1. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, alterando o entendimento do Juízo, 
absolveu o réu, considerada a nulidade das provas produzidas. No extraordinário, o recorrente 
aponta violados os artigos 5º, inciso LXI, e 144, § 8º, da Constituição Federal. Alude à 
autorização constitucional de prisão em flagrante por parte de qualquer pessoa, inclusive 
agentes públicos sem autoridade policial, independentemente de ordem judicial. Discorrendo 
sobre a situação fática, afirma não terem os guardas municipais realizado ato de investigação, 
e sim diligência para constatação da ocorrência de flagrante de crime permanente. 
2. A recorribilidade extraordinária é distinta daquela revelada por simples revisão 
do que decidido, na maioria das vezes procedida mediante o recurso por excelência. Atua-se 
em sede excepcional à luz da moldura fática delineada soberanamente pelo Tribunal de origem, 
considerando-se as premissas constantes do acórdão impugnado. A jurisprudência sedimentada 
é pacífica a respeito, devendo-se ter presente o verbete nº 279 da Súmula do Supremo: Para 
simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Colho o seguinte trecho do acórdão 
recorrido: Não se ignora que, nos termos do art. 301 do Código de Processo de Penal, qualquer 
do povo está autorizado a realizar prisão em flagrante. Diversa, todavia, a situação em exame, 
típica de atividade investigatória. Conforme admitiram os guardas, só apreenderam o tóxico 
porque deliberaram apurar denúncia anônima. Encontraram o apelante sentado em escada, 
distante do local de apreensão do tóxico. Nada levava de ilícito. Ainda assim, se deslocaram 
para o imóvel noticiado, onde recolheram porções de maconha em quintal de casa com aspecto 
de abandonada, em meio a matagal e lixo. Ora, o art. 144, § 8º, da Constituição Federal atribui 
aos guardas municipais a proteção dos bens, serviços e instalações municipais. Atividades de 
investigação e policiamento ostensivo, conforme expresso nos demais parágrafos do mesmo 
artigo, constituem função das polícias civil e militar. No caso, portanto, ao receber notícias de 
tráfico, competia aos guardas acionar os referidos órgãos policiais. Não havia qualquer motivo 
para que, em vez disso, tomassem a iniciativa da abordagem e apreensão de drogas. […] Nesse 
cenário, forçoso reconhecer que, jungidos à legalidade estrita, que só permite ao agente público 
fazer o que estiver expressamente previsto em lei, os guardas municipais não estavam 
autorizados a abordar o réu, tampouco seguir até imóvel noticiado e proceder revista no local, 
mormente se considerado que não observada ação típica de mercancia ilícita e nada se 
encontrou de ilícito com o apelante. Logo, inválida a apreensão dos entorpecentes, não pode 
subsistir a condenação por tráfico. A hipótese não é de anulação, já que ilícitos os elementos de 
convicção colhidos, inexistindo outros a embasar a inculpação. As razões do extraordinário 
partem de pressupostos fáticos estranhos à decisão atacada, buscando-se, em última análise, o 
reexame dos elementos probatórios para, com fundamento em quadro diverso, assentar a 
viabilidade do recurso. 
 
3. Nego seguimento ao extraordinário. 
 
4. Publiquem. Brasília, 14 de agosto de 2020. Ministro MARCO AURÉLIO Relator 
(RE 1281774; Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO; Julgamento: 14/08/2020; Publicação: 
18/08/2020). 
 
 
Desta forma, Excelência, PATENTE A NULIDADE DA PRISÃO DO 
PACIENTE, UMA VEZ QUE OS GUARDAS MUNICIPAIS, ENQUANTO AGENTES 
PÚBLICOS, SÓ PODEM REALIZAR AQUILO QUE A LEI PERMITE, O QUE NÃO 
OCORREU NO CASO EM ANÁLISE, uma vez que atuaram fora dos limites de suas 
atribuições, conforme já exposto. 
 
E, em assim sendo, quer seja pela ILEGALIDADE DA PRISÃO DO 
PACIENTE, quer seja em razão dele estar DENTRO DO GRUPO DE RISCO DO COVID-
19, deve ser determinada A REVOGAÇÃO DE SUA PRISÃO PREVENTIVA, OU A 
CONCESSÃO DE SUA PRISÃO DOMICILIAR, concedendo-se o Remédio Heroico 
pleiteado, a fim de se resguardar a lei, o direito, a justiça e a vida do Paciente. 
 
 
 
DO PEDIDO 
 
13 – Mediante as razões de fato e de direito expostas, vem o Paciente, à ilustre 
presença de Vossa Excelência, através de seu representante legal que ao final 
assina, REQUERER: 
 
a) Que seja reconhecida a ILEGALIDADE DA PRISÃO DO 
PACIENTE, e concedida LIMINARMENTE a revogação da sua prisão 
preventiva, com a consequente concessão de liberdade provisória, ainda 
que condicionada às medidas cautelares do artigo 319 do Código de 
Processo Penal; 
 
Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência... 
 
b) Que seja reconhecido que o Paciente faz parte do Grupo de Risco do 
Covid-19, e seja determinada a sua liberdade provisória, nos termos da 
lei e da Recomendação n.º 62 do CNJ, ainda que condicionada às medidas 
cautelares do artigo 319 do Código de Processo Penal, ou, então, seja 
determinada a sua PRISÃO DOMICILIAR, como medida de isolamento 
social urgente, nos termos da legislação pátria vigente. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
xxxxxx-xx, xx de xxxxxxx de 2.020. 
 
 
 
 
Advogado 
OAB

Continue navegando