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INQUERITO POLICIAL - RESUMO

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Poliana Beatriz Gouveia Castro | 6º Semestre | 2021.1
1
PROFESSORA ANA LIVIA – PROCESSO PENAL I
Inquérito Policial
Conceito
Inquérito Policial nada mais é que a investigação devidamente documentada e formalizada para que, posteriormente, se dê início a ação penal, seja por meio da denúncia do Ministério Público, seja por meio da queixa-crime por meio da ação penal privada. 
Quando se fala da história do inquérito policial, não há uma origem certa de quando ele surgiu, de quando surgiram as investigações. Há relatos de que até mesmo nas civilizações mais primitivas já havia investigações para descobrir quem havia praticado determinados fatos. Porém, no caso do inquérito policial, que é uma forma organizada de investigação, quando o Estado assume para si o papel de investigar e cria-se o direito do Estado de punir, seus primeiros relatos são da Roma Antiga. Na Roma Antiga havia a seguinte denominação: “quaerito”/”quarere”, que significava procurar, perguntar. E esse é o propósito do inquérito policial: indagar, procurar a autoria de um determinado delito. Ele surgiu, portanto, há muito tempo. 
O Brasil, desde sua colonização, traz consigo os preceitos de inquérito policial que eram vigentes em Portugal. Mas há um momento que o Brasil passa a chamar o que era investigação estatal de inquérito policial.
· Fernando da Costa Tourinho Filho: “Conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”.
 
· Renato Brasileiro: “Conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
O inquérito policial terá três propósitos: identificar a materialidade do crime, a autoria, bem como os partícipes do crime, e as circunstâncias (como ocorreu, qual a motivação). 
Muitas vezes essas circunstâncias poderão ser causa de um aumento de pena ou uma diminuição de pena, causa de uma qualificadora ou de um privilégio. Então pode haver várias decorrências a partir do momento que se identifica quais foram as circunstâncias do delito. 
Sobre a finalidade do inquérito policial: uma vez descobertas materialidade, autoria e circunstâncias, o inquérito será encaminhado ao titular da ação penal. O titular da ação penal pode ser duas pessoas: o Ministério Público (titular da ação penal pública) ou o ofendido (titular da ação penal de iniciativa privada).
CPP Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 
Polícia judiciária: Polícias Civis e Polícia Federal. É a polícia que auxilia o Poder Judiciário para as futuras ações penais e para a persecução penal. São instituições comandadas por um delegado de polícia. 
Obs.: o mero fato de um delegado de polícia de determinada localidade investigar um crime praticado em outra localidade não gera irregularidade. Todas as provas produzidas, desde que lícitas, serão válidas e ensejarão provas no âmbito da ação penal. Caso um delegado de Polícia Civil investigue um crime de competência da Justiça Federal que, em tese, deveria ser investigado pela Polícia Federal, haverá algum vício? Pode-se falar que há uma irregularidade, mas essa mera irregularidade não gerará qualquer sanção processual. Os elementos e as provas colhidas por esse delegado de Polícia Civil serão válidas e não vão macular a ação penal, ainda que essa ação penal seja de competência da Justiça Federal. 
ATENÇÃO!!
Um inquérito policial somente pode ser presidido por um delegado de polícia, por autoridade policial. Porém, como consta no parágrafo único supramencionado, existem outras formas de investigar. Exemplo: o Ministério Público pode investigar, mas não no inquérito policial e sim por meio do procedimento de investigação criminal conhecido como PIC.
· Inquérito Policial é: 
• Instaurado pela autoridade policial. O delegado de polícia não precisa de autorização judicial para instaurar inquérito policial, ele instaura de ofício, de acordo com sua manifestação de vontade. 
• Presidido pela autoridade policial.
· Ministério Público pode presidir inquérito policial? 
Não. 
· Ministério Público pode investigar infração penal? 
Sim. RE 593.727/MG, 14/05/2015 – Poderes implícitos (titular da ação penal). O STF entendeu que, se o Ministério Público é o titular da ação penal, e o inquérito policial é destinado a formar sua opinio delicti, então o MP pode investigar.
· Quem pode investigar? 
• Ministério Público (PIC – Procedimento de Investigação Criminal); • Detetive particular (Lei n. 13.432/2017); 
• Comissões parlamentares de inquérito (inquéritos parlamentares); 
• Inquérito Policial Militar – crimes militares; 
• Polícias legislativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (Súmula 397, STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito).
CPP Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
Obs.: este é um rol exemplificativo: 
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
Obs.: em algumas exceções não será necessária a conservação das coisas, como no caso de vítimas vivas, pois o bem maior é a vida da pessoa. 
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; Obs.: essa apreensão independe de autorização judicial. 
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV – ouvir o ofendido; 
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
Obs.: importante lembrar do princípio do nemo tenetur se detegere. De acordo com esse princípio, o indiciado tem o direito de permanecer em silêncio, tem o direito de mentir acerca dos fatos que lhes são imputados e tem o direito de sequer comparecer ao interrogatório. Inclusive, a condução coercitiva com a finalidade de interrogar o réu não é admitida. 
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; (...) 
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
Obs.: o exame de corpo de delito, se houver vestígios, é indispensável. 
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
Obs.: o entendimento majoritário da doutrina é de que esse dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal, porque o art. 5º, inciso LVIII, da CF dispõe que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal. Logo, se o indicia do apresenta sua identidade civil, ele não poderá ser obrigado a fazer identificação datiloscópica. 
Obs.: é importante que a folha de antecedentes esteja conforme o art. 20, parágrafo único, do CPP. 
IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
X – colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
CPP Art. 7º Para verificar a possibilidade de havera infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Reprodução simulada dos fatos: é a simulação, para que haja uma reconstituição do que ocorreu, de como ocorreu, porquê ocorreu, que horas ocorreu etc.
Finalidade
A partir do momento em que determinado delito é praticado, surge para o Estado o poder-dever de punir o suposto autor do ilícito. Para que o Estado possa deflagrar a persecução criminal em juízo, é indispensável a presença de elementos de informação quanto à autoria e quanto à materialidade da infração penal. De fato, para que se possa dar início a um processo criminal contra alguém, faz-se necessária a presença de um lastro probatório mínimo apontando no sentido da prática de uma infração penal e da probabilidade de o acusado ser o seu autor.
Aliás, o próprio CPP, em seu art. 395, inciso III, com redação dada pela Lei nº 11.719/08, aponta a ausência de justa causa para o exercício da ação penal como uma das causas de rejeição da peça acusatória.
Esses elementos de informação colhidos no inquérito policial são decisivos para a formação da convicção do titular da ação penal sobre a viabilidade da acusação, mas também exercem papel fundamental em relação à decretação de medidas cautelares pessoais, patrimoniais ou probatórias no curso da investigação policial. De fato, para que medidas cautelares como a prisão preventiva ou uma interceptação telefônica sejam determinadas, é necessário um mínimo de elementos quanto à materialidade e autoria do delito. Além disso, também são úteis para fundamentar eventual absolvição sumária (CPP, art. 397).
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:           
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;          
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;      
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou   
IV - extinta a punibilidade do agente.  
Com as alterações produzidas pela Lei nº 11.690/08, passou a constar expressamente do CPP a distinção entre prova e elementos informativos. De fato, eis a nova redação do art. 155 do CPP: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”. 
Visa reunir os elementos de informação para que o órgão de acusação possa subsidiar o processo que será proposto, pois sem indícios de autoria e materialidade da infração a peça acusatória não será recebida pelo órgão do poder judiciário para iniciar o processo.
a) Elementos informativos: são aqueles colhidos na fase investigatória, sem a necessária participação dialética das partes. Apesar de não serem produzidos sob o manto do contraditório e da ampla defesa, tais elementos são de vital importância para a persecução penal, pois, além de auxiliar na formação da opinio delicti do órgão da acusação, podem subsidiar a decretação de medidas cautelares pelo magistrado ou fundamentar uma decisão de absolvição sumária (CPP, art. 397).
b) Prova: a palavra prova só pode ser usada para se referir aos elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial, e, por conseguinte, com a necessária participação dialética das partes, sob o manto do contraditório (ainda que diferido) e da ampla defesa. A participação do acusador, do acusado e de seu advogado é condição sine qua non para a escorreita produção da prova, assim como também o é a direta e constante supervisão do órgão julgador, sendo que, com a inserção do princípio da identidade física do juiz no processo penal, o juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença (CPP, art. 399, § 2º). Funcionando a observância do contraditório como verdadeira condição de existência da prova, só podem ser considerados como tal, portanto, os dados de conhecimento introduzidos no processo na presença do juiz e com a participação dialética das partes.
Colher elementos de informação a respeito da autoria, materialidade e circunstâncias do crime para subsidiar a opinio delicti. 
A opinio delicti é a convicção do titular da ação penal de que houve um crime e que um crime foi praticado por determinada pessoa.
Natureza Jurídica
Procedimento administrativo (peça informativa, preparatória da ação penal). 
É importante frisar que o inquérito policial é um procedimento e não um processo, há diferença. Processo administrativo ou qualquer forma de processo terá partes, e desse processo por vir a surgir uma sanção. É por essa razão que um inquérito policial não é um processo administrativo e sim um procedimento administrativo. 
Não há partes em um inquérito policial, há a figura da autoridade policial, o delegado de polícia que estará investigando fatos praticados por determinadas pessoas para chegar à autoria desses fatos criminosos. Além disso, o inquérito policial por si só não gera qualquer sanção penal. 
Obs.: há uma doutrina minoritária que defende que o inquérito policial é um processo administrativo, pois há um imputado que sofre uma investigação, e, portanto, há interesses conflitantes entre o delegado de polícia que está imputando o delito e o indiciado, a quem está sendo imputado. Essa doutrina minoritária frisa ainda que, apesar de o inquérito não gerar sanção, há algumas medidas constritivas, medidas cautelares, que são aplicadas durante o inquérito policial que, eventualmente, poderiam caracterizar um tipo de reprimenda, um constrangimento ao indiciado.
Valor Probatório
O valor probatório do inquérito policial é relativo! 
Os elementos produzidos na fase inquisitorial não estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa. 
Quando se fala de inquérito policial, é preciso lembrar que o inquérito policial por si só não produz provas. 
Prova é um elemento que demonstra determinado fato, mas que está sujeito ao contraditório e à ampla defesa. Ou seja, é quando o titular da ação penal produz um elemento mostrando que um fato ocorreu e que foi praticado por determinada pessoa, mas aquele que é imputado pode contraditar, pode se defender daquilo que está sendo demonstrado. 
No inquérito policial, em regra, não há provas, há elementos de informação. Quando o delegado de polícia descobre algum fato no âmbito do inquérito policial, ele está descobrindo um elemento de informação. 
CPP, Art. 155. “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” 
É possível, durante o inquérito policial, a produção de provas. Mas no caso dessas provas não há que se falar em contraditório real e ampla defesa. Haverá, no inquérito policial, apenas o contraditório diferido. 
· Provas cautelares: produzidas no momento anterior à ação penal, e que precisam ser produzidas naquele momento, pois serão utilizadas posteriormente na ação penal. 
Exemplo: interceptação telefônica.
· Provas não repetíveis: eventualmente podem vir a se perder se não forem produzidas em um momento específico. 
Exemplo: lesão corporal, as marcas corporais podem vir a se perder se não forem registradas.
· Provas antecipadas: produzidas antes mesmo da ação penal.
Características
· Escrito 
CPP, art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
O fato de ser um procedimento escrito, um procedimento formal, não impede que tenha alguns usos da tecnologia. Hoje, em dia vários estados, estão adotando o inquérito policial digital, que é um procedimento escrito, mas digitalizado. 
CPP, art. 405. (...) 
§ 1º Sempre que possível, o registrodos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. 
§ 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.
O artigo supramencionado se aplica ao processo penal propriamente dito, não se aplica, em tese, ao inquérito policial. Todavia, a doutrina entende que se pode aplicar uma interpretação extensiva dessa possibilidade de recursos audiovisuais ao inquérito policial e isso tem sido aplicado cada vez mais. 
· Dispensável 
Não é obrigatório o inquérito policial para que se proceda o Ministério Público a denúncia, para que o ofendido ofereça a queixa crime, para que alguém venha a responder por um delito ou venha a ser condenado. O inquérito policial é um mero procedimento informativo.
CPP, art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
CPP, art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”.
Esse artigo, de acordo com o sistema acusatório e as novas regras do juiz de garantia, tem sido questionado por alguns doutrinadores, pois a própria ideia do juiz das garantias é de que o juiz da instrução e julgamento não tenha contato com elementos de informação produzidos no inquérito policial e que não sejam provas. Nesse contexto, então, a doutrina considerará o art. 12 errado, porque o inquérito policial não poderá acompanhar sempre que possível a ação penal ou a queixa-crime. Na verdade, ele pode até acompanhar a denúncia propriamente dita para que o juiz das garantias receba a denúncia, mas depois, durante a ação penal, não há que se falar em acompanhamento do inquérito policial. Crimes de menor potencial ofensivo não serão investigados por meio de inquérito policial.A regra é a juntada imediata. Entretanto, conforme o art. 20 do CPP, cabe à autoridade policial assegurar “no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.” Assim, excepcionalmente, poderá o delegado promover a juntada posterior do depoimento sem incorrer em qualquer ilegalidade, observado o princípio da proporcionalidade.
Crimes cuja pena máxima não seja superior a dois anos são investigados por um procedimento mais simples, que é o termo circunstanciado. A vítima, o ofendido, pode oferecer queixa-crime direto, independentemente da comunicação do fato a autoridade policial, independentemente da formalização de um inquérito policial ou de um termo circunstanciado.
Obs.: Existe uma doutrina minoritária, uma corrente doutrinária, que entende que o inquérito policial é indispensável. Como a maior parte das ações penais são precedidas de inquérito policial, essa corrente defende que a regra é a prévia realização de um inquérito policial e apenas excepcionalmente não haveria um inquérito policial prévio e, portanto, o inquérito policial seria indispensável.
· Sigiloso 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
STF – Súmula Vinculante n. 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso aos elementos da prova que já documentados em procedimentos investigatórios realizados por órgão competente da polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
A polícia não documentará diligências investigatórias em curso ou futuras, para não haver prejuízo às investigações. Só será documentado aquilo que já foi investigado.
Lei n. 13.869/2019, art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
O advogado/defensor precisa de procuração para ter acesso aos autos do inquérito policial? Não, qualquer advogado/defensor tem direito a ter acesso a autos de inquérito policial. A exceção fica por conta de inquéritos policiais que corram em segredo de justiça ou atos investigatórios que contenham informações sigilosas. 
Diante de depoimento colhido de uma testemunha, deve a autoridade policial promover a juntada imediata do documento? Ou poderia promover a juntada posterior deste depoimento, com a finalidade de assegurar seu sigilo? 
· Discricionário 
O delegado de polícia tem a discricionariedade para escolher quais são as diligências investigatórias que devem ser realizadas no curso do inquérito policial. Ele escolherá as medidas investigatórias que mais se aproximam do proposito do inquérito policial, para que se identifique a materialidade e a autoria do delito. 
CPP, arts. 6º e 7º Rol exemplificativo de diligências que podem ser realizadas/determinadas pela autoridade policial. 
CPP, art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
Ou seja, o ofendido e o indiciado podem requerer qualquer diligência ao delegado de polícia, mas o delegado de polícia não está obrigado a realizar essas diligências investigatórias, ele fará apenas se entender que elas são oportunas, que elas vão contribuir para o curso do inquérito policial.
Lei n. 12.830/2013, art. 2º § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. 
Apesar de o IP possuir a característica da discricionariedade, esta não é absoluta: 
CPP, art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
Obs.: Exame de corpo de delito, bem como perícias que venham a demonstrar materialidade do crime, o delegado de polícia não pode se negar a fazer.
· Inquisitorial/inquisitivo 
Natureza Jurídica do IP – Procedimento de natureza administrativa. O IP é mantido como um procedimento inquisitorial para que haja a celeridade das investigações, eficácia nas investigações. 
CPP, art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
Então, caso seja distribuído a um delegado de polícia um inquérito policial em que seu amigo íntimo é o investigado, ele dever se declarar suspeito. 
Caso esse delegado não se declare suspeito e continue presidindo o inquérito a fim de favorecer seu amigo, isso poderá ser um crime de corrupção passiva privilegiada, o delegado poderá responder administrativamente no âmbito da Corregedoria da polícia e sofrer sanção administrativa. No entanto, não haverá consequência para o inquérito policial, para a ação penal. 
Há o órgão de controle externo das polícias judiciárias, que é o Ministério Público. Todo inquérito policial é acompanhado por esse órgão e esse órgão pode formar a sua convicção, ainda que o delegado de polícia não tenha procedida a determinadas diligências investigatórias. Portanto, ainda que o delegado de polícia não tenha indiciado aquela pessoa, o Ministério Público pode oferecer denúncia em relação àquela pessoa.
ATENÇÃO!
Vícios e irregularidades do inquérito policial não geram qualquer tipo de anulação à ação penal, pois o inquérito policial é uma mera peça informativa. 
Observação: Existe uma exceção à ausência de contraditório: o inquérito policial que tem como objetivo a expulsão de estrangeiro. Neste, há uma série de procedimentos a serem adotados,bem como prazo para apresentação de defesa pelo expulsando e seu defensor.
Entretanto, a nova lei de migração (Lei n. 13.445/2017) denomina este inquérito de processo de expulsão e explicita: “Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa.” 
Código de Processo Penal 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) 
Obs.: Instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, Polícias Penais. 
Obs.: Art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848: hipóteses excludentes de ilicitude.
Art. 14-A. (...) 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação 
Obs.: Citação é quando há uma relação jurídica processual. No âmbito da ação penal, quando for oferecida denúncia e essa denúncia vier a ser recebida pelo juiz, deverá citar o réu, citar o acusado para que ele tome conhecimento de que há um procedimento, um processo criminal em curso contra a sua pessoa. No caso do § 1º, o pacote de crime utilizou de maneira indevida a expressão “citado”, deveria ter utilizado a expressão “notificado”. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado.
Obs.: Apesar de o art. 14-A determinar que haja um defensor, ele não está oportunizando a este defensor o contraditório e a ampla defesa. Simplesmente está determinando, para uma proteção do agente de segurança, que ele tenha um defensor constituído nos autos do inquérito policial ou de qualquer procedimento investigatório que venha a ser realizado.
 §§ 3º, 4º e 5º - VETADOS 
Obs.: Esses parágrafos determinavam que caberia à Defensoria Pública da União e dos estados fazer essa defesa, mas foram vetados, pois leis não podem obrigar a Defensoria Pública a defender servidores públicos. 
A doutrina tem entendido que serão defensores dos agentes os advogados gerais da União, para as instituições federais, e, no âmbito dos estados, os Procuradores Estaduais.
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. 
Obs.: Art. 142 da Constituição Federal: forças armadas: Marinhas, Aeronáutica e Exército.
· Indisponível 
CPP, art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
O delegado de polícia não pode arquivar nem requisitar arquivamento de um inquérito policial, pois ele não é o titular da ação penal. O titular da ação penal é o Ministério Público. 
· O inquérito policial pode ser arquivado? 
Sim. 
· Quem tem competência para arquivar o inquérito policial? 
Somente o juiz, mediante requerimento do Ministério Público.
· O juiz pode discordar do requerimento de arquivamento do inquérito policial? 
Sim – art. 28, CPP. 
Obs.: Essa é a antiga redação do art. 28 do CPP. 
O ministro Luiz Fux, em janeiro de 2020, suspendeu a eficácia prática de alguns artigos alterados pelo pacote anticrime, Lei n. 13.964/2019. Ele suspendeu a nova redação do art. 28 do Código de Processo Penal. Então, por enquanto, a sistemática antiga está válida. Portanto, é necessário estudar a redação antiga, que é a prática, é como está sendo realizado, e também é necessário estudar a redação atualizada trazida pelo pacote anticrime, porque também pode ser cobrada em provas.
Código de Processo Penal 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê- -la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
Antiga redação (revogada pela Lei n. 13.964/2019 – pacote anticrime) 
Para que haja o arquivamento do inquérito policial, é necessário o requerimento do Ministério Público. Diante desse requerimento, o juiz poderá concordar com o arquivamento, e o IP será arquivado, ou poderá discordar, e o IP será encaminhado para o Procurador Geral. Nesse último caso, o Procurador Geral terá três opções: oferecer a denúncia, designar outro órgão do MP para oferecer a denúncia ou insistir no arquivamento. 
Quando o Ministério Público recebe o inquérito policial relatado ele tem três opções: oferecer a denúncia, se já tiver sua opinio delicti formada; solicitar novas diligências investigatórias; ou requerer o arquivamento do inquérito. 
O arquivamento do inquérito policial ocorrerá quando o Ministério Público não houver sua opinio delicti formada. No entanto, o arquivar inquérito policial não significa impunidade àquele que praticou o delito, pois o inquérito policial arquivado pode vir a ser desarquivado se surgirem novas provas.
Nova redação: 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019). 
Obs.: Uma das principais funções do pacote anticrime foi trazer, de maneira definitiva, o sistema acusatório para o Brasil. Não cabe ao juiz acusar, produzir provas ou determinar se o inquérito policial deve ou não ser arquivado.
Obs.: O inquérito policial será arquivado mediante determinação do membro do Ministério Público responsável por aquele inquérito policial. Todavia, esse inquérito será revisado pela instância de revisão ministerial. 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. 
Obs.: Há uma antinomia aqui, pois, de acordo com o caput, não é necessário requerimento da vítima para que o inquérito policial seja revisado pela instância de revisão ministerial. A doutrina entende que deve ser seguido o que está disposto no caput do art. 28: que essa revisão ministerial é obrigatória e ocorrerá independentemente da manifestação da vítima no prazo de 30 (trinta) dias.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. 
· STF pode determinar arquivamento do inquérito policial? 
“Conforme o art. 231, § 4º, “e”, do RISTF, o relator deve determinar o arquivamento do inquérito, quando verificar a ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem descumpridos os prazos para a instrução do inquérito.” STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info912).
Obs.: O STF também entende que ele próprio pode instaurar inquéritos policiais. Isso foi decidido no inquérito das Fake News em 2020. 
· Uma vez arquivado o IP, é possível desarquivá-lo? 
CPP, art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Súmula n. 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. 
A regra é que o inquérito policial arquivado pode ser desarquivado. Entretanto, a depender da fundamentação do arquivamento, entende a jurisprudência que ele não poderia ser desarquivado:
	Motivo do Aquivamento do IP
	É possível desarquivar o IP?
	Insuficiência de provas
	Sim 
	Ausencia de justa causa (materialidade ou indícios de autoria)
	Sim 
	Atipicidade do fato
	Não
	Causa extintiva da punibilidade
	Não. Todavia, há uma exceção: certidão de óbito falsa, neste caso é possível desarquivar.
	Causa extintiva da culpabilidade
	não 
	Causa excludente de ilicitude
	STJ: Não 
STF: Sim
Nas hipóteses em que não pode haver o desarquivamento do inquérito policial, o fundamento da jurisprudência é de que não poderia haver o desarquivamento, porque aquela decisão judicial que arquivou o inquérito policial fez coisa julgada formal e material. Ou seja, houve uma decisão de mérito sobre o assunto. Todavia, essa ideia existia quando era o juiz quem homologava o inquérito policial. 
Na nova sistemática, o juiz não decide a respeito do arquivamento do inquérito policial, é uma determinação do Ministério Público e da instância de revisão ministerial. Então agora essa decisão do Ministério Público não gerará uma coisa julgada material. Portanto, há questionamentos acerca da validade dessa tabela de possibilidades de desarquivamento do inquérito policial, mas tem prevalecido o entendimento de que as regras permanecem válidas.
Arquivamento Implícito 
Ministério Público deixa de oferecer a denúncia acerca de determinado indiciado (subjetivo) ou fato (objetivo), sem, contudo, determinar o arquivamento. Arquivamento implícito não é admitido pela jurisprudência pátria.
Arquivamento Indireto 
Ministério Público deixa de oferecer a denúncia perante determinado juízo por considera- -lo incompetente para a ação penal. Neste caso, procede-se na forma do art. 28 do CPP, para que a instância de revisão ministerial decida sobre o assunto.
· Oficial 
A apuração de crimes e a persecução penal é responsabilidade e dever do Estado. O Inquérito Policial é presidido pela autoridade policial que é uma autoridade pública. 
· Oficioso 
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I –de ofício. 
Se chega ao delegado de polícia a notícia de um crime de ação penal pública incondicionada, ele estará obrigado a instaurar inquérito policial. Mas não é qualquer fato criminoso que chega ao conhecimento da autoridade policial que o obrigará a instaurar inquérito policial, pois existe um procedimento que é realizado antes de instaurar o inquérito policial, que é a verificação da procedência das informações. Ao chegar uma vítima na Delegacia de Polícia para registrar uma ocorrência, ainda que seja de um crime de ação penal pública incondicionada, o delegado de polícia deve verificar a mínima verossimilhança do fato relatado por essa suposta vítima. Apenas após verificada a verossimilhança, feitas as diligências investigatórias iniciais e verificada a procedência das informações prestadas, o delegado de polícia será obrigado a instaurar o inquérito policial. 
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Grande parte da doutrina entende que a requisição da autoridade judiciária não foi recepcionada pela Constituição Federal, porque ela desrespeita o sistema acusatório.
§ 1º O requerimento a que se refere o n. II conterá sempre que possível:
 a. a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b. a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c. a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
Esse recurso é chamado de Recurso Inominado. Não é um recurso judicial, não é interposto ao juiz, é um recurso administrativo. 
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
Esse parágrafo é denominado como delatio criminis (simples), pois é uma pessoa do povo e não a vítima que está delatando um crime a autoridade policial. 
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. 
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
• Crimes de ação penal pública incondicionada: 
Instauração de ofício (art. 5º, CPP); 
Instauração mediante requisição do juiz ou do Ministério Público (art. 5º, CPP); 
Instauração mediante requerimento do ofendido (art. 5º, CPP); 
• Crimes de ação penal pública condicionada: 
À requisição do Ministro da Justiça (art. 24, CPP); 
À representação da vítima (art. 5º, §4º, CPP);
• Crimes de ação penal de iniciativa privada: 
Instauração mediante requerimento da vítima (art. 5º, §5º, CPP). 
LEI N. 13.869/2019 
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada.
Se um delegado de polícia, valendo-se de sua oficiosidade, instaurar um inquérito policial sem que haja qualquer indício da prática de crime, ele estará gerando um constrangimento ilegal ao indiciado, ao investigado. Por isso, ele será responsabilizado por abuso de autoridade. 
Fishing Expeditions: expressão norte-americana que significa “jogar a rede para pescar”. Em outras palavras, quer dizer “jogar verde para colher maduro”. Isso não é admitido. Ou seja, não é admitido proceder com investigações ou diligências investigatórias sem a notícia de que há um crime simplesmente para ver se “pesca” alguma coisa.Em que pese haver a instauração de inquérito policial de ofício, esse inquérito somente deverá ser instaurado mediante informações da prática de um delito. 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Esse artigo traz o prazo decadencial para que a vítima venha a oferecer a representação e para que a vítima venha a oferecer a queixa-crime no caso das ações penais de iniciativa privada.
· Instauração do Inquérito Policial interrompe/suspende o prazo para o oferecimento da queixa-crime? 
Não. 
NOTITIA CRIMINIS 
Notitia criminis é notícia de um crime. É como um delegado de polícia toma conhecimento de que um crime foi praticado. Existem quatro formas de um delegado de polícia tomar conhecimento de uma Notitia criminis: 
• Notitia criminis de cognição imediata (direta ou espontânea): ocorre quando o delegado de polícia toma conhecimento dofato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. 
• Notitia criminis de cognição mediata (indireta ou provocada): ocorre quando o delegado de polícia toma conhecimento do fato delituoso por meio de um expediente escrito (requisição do MP, requisição de juiz, representação da vítima). 
• Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando o delegado de polícia toma conhecimento do fato delituoso por meio de uma situação flagrancial. 
• Notitia criminis inqualificada: ocorre quando o delegado de polícia toma conhecimento do fato delituoso por meio de denúncia anônima.
Notitia criminis inqualificada 
O delegado de polícia, em razão de uma denúncia anônima, não pode instaurar um inquérito policial imediatamente. Antes de instaurar um inquérito policial, o delegado deverá fazer a verificação da procedência das informações – VPI. 
1º - Recebimento da notitia criminis inqualificada; 
2º - Verificação de procedência das informações (VPI) – análise da verossimilhança dos fatos denunciados – art. 5º, § 3º, CPP; 
3º - Instauração de Inquérito Policial; 
4º - Representação por medidas cautelares. 
STF. HC 95244/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, 23/03/2010. 
STF. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, 29/3/2016 (Info 819).
Então a denúncia anônima pode oportunizar a instauração de inquérito policial, desde que haja a verificação de procedência das informações.
 DELATIO CRIMINIS 
Delatio criminis é uma espécie de notitia criminis. Consiste na comunicação de qualquer pessoa do povo acerca de determinado fato criminoso. Não se confunde com a comunicação/requerimento realizada pela vítima ou seu representante legal. 
Se a comunicação à autoridade policial se dá em suas atividades rotineiras, será uma forma de notitia criminis de cognição imediata. 
Se a comunicação é feita à autoridade policial por meio de expediente escrito, será uma forma de notitia criminis de cognição mediata.
Art. 5º, § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
Delatio criminis simples 
Ocorre quando qualquer do povo comunica à autoridade policial a prática de uma infração penal. (art. 5º, §3º, CPP) 
Delatio criminis postulatória 
Ocorre quando a vítima oferece representação criminal, solicitando providências à autoridade policial. É uma das formas de notitia criminis mediata.
Questões
1.(CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL) Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte. O inquérito instaurado contra José é procedimento de natureza administrativa, cuja finalidade é obter informações a respeito da autoria e da materialidade do delito. 
COMENTÁRIO 
O auto de prisão em flagrante nada mais é que um inquérito policial em que há a prisão instantânea do indiciado.
2.(CESPE/2013/POLÍCIA FEDERAL/CONHECIMENTOS BÁSICOS/TODOS OS CARGOS) Acerca do inquérito policial, julgue o item seguinte. O valor probatório do inquérito policial, como regra, é considerado relativo, entretanto, nada obsta que o juiz absolva o réu por decisão fundamentada exclusivamente em elementos informativos colhidos na investigação. 
COMENTÁRIO 
O art. 155 do CPP dispõe, entrelinhas, que não é possível condenar o réu com base nos elementos informativos colhidos no inquérito policial, mas que absolver o réu com base nos elementos informativos colhidos no inquérito policial é possível.
3.(FUMARC/2011/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre o inquérito policial é INCORRETO afirmar: 
a. Tem valor probante relativo. 
b. Todas as provas produzidas devem ser repetidas sob contraditório. 
c. Vícios do inquérito não nulificam subsequente ação penal. 
d. O investigado pode requerer diligências.
4.(CESPE/2014/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL) Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal, a autoridade policial deverá determinar, se for caso, a realização das perícias que se mostrarem necessárias e proceder a acareações. 
COMENTÁRIO 
Conforme art. 6º do CPP.
5.(CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) No curso do inquérito policial, a autoridade competente, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, deverá tomar uma série de providências elencadas pelo Código de Processo Penal (CPP), as quais incluem a colheita de todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. Referida autoridade não poderá, todavia, realizar acareações, já que esse tipo de prova é ato privativo do juiz, que tem como pressuposto a presença do contraditório. 
COMENTÁRIO
As acareações podem ser determinadas pela autoridade policial independentemente de autorização judicial. 
6.(FCC/2018/IAPEN-AP/AGENTE PENITENCIÁRIO) Segundo determina o Código de Processo Penal, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá 
a. Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada da imprensa. 
b. Realizar exame criminológico no indiciado, no caso de indícios de crime contra a dignidade sexual. 
c. Presidir a audiência de suspensão condicional do processo, apresentando o preso em até 24 horas à autoridade judicial responsável. 
d. Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais. 
e. Propor ao indiciado acordo de delação premiada e, caso aceite, determinar o arquivamento do inquérito policial. 
COMETÁRIO
a) É até a chegada dos peritos criminais, e não da imprensa. 
b) Não há qualquer previsão nesse sentido. 
c) Quem preside a audiência de suspensão condicional do processo é o juiz. 
e) O delegado de polícia pode propor a delação premiada, mas ele não determinará o arquivamento do inquérito policial.
7.(INSTITUTO AOCP/2019/PC-ES/INVESTIGADOR) Acerca do inquérito policial brasileiro, assinale a alternativa correta. 
a. A presidência da investigação de natureza criminal é privativa da polícia judiciária. 
b. É permitido ao Ministério Público conduzir o inquérito policial como autoridade máxima. 
c. A autoridade policial pode contrariar a moralidade ou a ordem pública na reprodução simulada de fatos concernentes a crimes contra a dignidade sexual. 
d. A competência de apuração das infrações penais e da sua autoria não excluirá a de outras autoridades administrativas que não a polícia judiciária, a quem, por lei, seja cometida a mesma função. 
e. Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito, caberá recurso para o Tribunal Regional Federal. 
COMENTÁRIO
a) A presidência do inquérito policial é privativa da polícia judiciária. 
b) O Ministério Público não preside o inquérito policial. 
c) A autoridade policial não pode contrariar a moralidade ou a ordem pública na reprodução simulada de fatos concernentes a crimes contra a dignidade sexual. 
e) Caberá recurso para o chefe de polícia.
8.(CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/PERITO CRIMINAL FEDERAL) A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente. Nesse caso, era dispensável prévia autorização judicial para apreensão dos CDs e DVDs, por isso os policiais agiram corretamente, uma vez que tais objetos estavam relacionados com a infração cometida por Pedro. 
COMENTÁRIO
Para fazer a apreensão de objetos e instrumentos relacionadosa infrações penais, não é necessária a autorização judicial
9. (FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase) Após concluído inquérito policial para apurar a prática do crime de homicídio em desfavor de Jonas, o Ministério Público requereu o seu arquivamento por falta de justa causa, pois não conseguiu identificar o(s) autor(es) do delito, o que restou devidamente homologado pelo juiz competente. Um mês após o arquivamento do inquérito policial, uma testemunha, que não havia sido anteriormente identificada, compareceu à delegacia de polícia alegando possuir informações quanto ao autor do homicídio de Jonas.
A família de Jonas, ao tomar conhecimento dos fatos, procura você, como advogado(a) da família, para esclarecimentos. Diante da notícia de existência de novas provas aptas a identificar o autor do crime, você deverá esclarecer aos familiares da vítima que o órgão ministerial
A) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento não faz coisa julgada material independentemente de seu fundamento.
B) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento é imutável na presente hipótese.
C) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois se trata de mera notícia, inexistindo efetivamente qualquer prova nova quanto à autoria do delito.
D) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento fez apenas coisa julgada formal no caso concreto.
10. (FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase) Após receber denúncia anônima, por meio de disquedenúncia, de grave crime de estupro com resultado morte que teria sido praticado por Lauro, 19 anos, na semana pretérita, a autoridade policial, de imediato, instaura inquérito policial para apurar a suposta prática delitiva. Lauro é chamado à Delegacia e apresenta sua identidade recém-obtida; em seguida, é realizada sua identificação criminal, com colheita de digitais e fotografias.
Em que pese não ter sido encontrado o cadáver até aquele momento das investigações, a autoridade policial, para resguardar a prova, pretende colher material sanguíneo do indiciado Lauro para fins de futuro confronto, além de desejar realizar, com base nas declarações de uma testemunha presencial localizada, uma reprodução simulada dos fatos; no entanto, Lauro se recusa tanto a participar da reprodução simulada quanto a permitir a colheita de seu material sanguíneo. É, ainda, realizado o reconhecimento de Lauro por uma testemunha após ser-lhe mostrada a fotografia dele, sem que fossem colocadas imagens de outros indivíduos com características semelhantes.
Ao ser informado sobre os fatos, na defesa do interesse de seu cliente, o(a) advogado(a) de Lauro, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar que
A) o inquérito policial não poderia ser instaurado, de imediato, com base em denúncia anônima isoladamente, sendo exigida a realização de diligências preliminares para confirmar as informações iniciais.
B) o indiciado não poderá ser obrigado a fornecer seu material sanguíneo para a autoridade policial, ainda que seja possível constrangê-lo a participar da reprodução simulada dos fatos, independentemente de sua vontade.
C) o vício do inquérito policial, no que tange ao reconhecimento de pessoa, invalida a ação penal como um todo, ainda que baseada em outros elementos informativos, e não somente no ato viciado.
D) a autoridade policial, como regra, deverá identificar criminalmente o indiciado, ainda que civilmente identificado, por meio de processo datiloscópico, mas não poderia fazê-lo por fotografias.
11. (FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase) Um Delegado de Polícia, ao tomar conhecimento de um suposto crime de ação penal pública incondicionada, determina, de ofício, a instauração de inquérito policial. Após adotar diligência, verifica que, na realidade, a conduta investigada era atípica. O indiciado, então, pretende o arquivamento do inquérito e procura seu advogado para esclarecimentos, informando que deseja que o inquérito seja imediatamente arquivado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que a autoridade policial
A) deverá arquivar imediatamente o inquérito, fazendo a decisão de arquivamento por atipicidade coisa julgada material.
B) não poderá arquivar imediatamente o inquérito, mas deverá encaminhar relatório final ao Poder Judiciário para arquivamento direto e imediato por parte do magistrado.
C) deverá elaborar relatório final de inquérito e, após o arquivamento, poderá proceder a novos atos de investigação, independentemente da existência de provas novas.
D) poderá elaborar relatório conclusivo, mas a promoção de arquivamento caberá ao Ministério Público, havendo coisa julgada em caso de homologação do arquivamento por atipicidade.
12.(FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase) Maria, 15 anos de idade, comparece à Delegacia em janeiro de 2017, acompanhada de seu pai, e narra que João, 18 anos, mediante grave ameaça, teria constrangido-a a manter com ele conjunção carnal, demonstrando interesse, juntamente com seu representante, na responsabilização criminal do autor do fato. Instaurado inquérito policial para apurar o crime de estupro, todas as testemunhas e João afirmaram que a relação foi consentida por Maria, razão pela qual, após promoção do Ministério Público pelo arquivamento por falta de justa causa, o juiz homologou o arquivamento com base no fundamento apresentado. Dois meses após o arquivamento, uma colega de classe de Maria a procura e diz que teve medo de contar antes a qualquer pessoa, mas em seu celular havia filmagem do ato sexual entre Maria e João, sendo que no vídeo ficava demonstrado o emprego de grave ameaça por parte deste. Maria, então, entrega o vídeo ao advogado da família.
Considerando a situação narrada, o advogado de Maria
A) nada poderá fazer sob o ponto de vista criminal, tendo em vista que a decisão de arquivamento fez coisa julgada material.
B) poderá apresentar o vídeo ao Ministério Público, sendo possível o desarquivamento do inquérito ou oferecimento de denúncia por parte do Promotor de Justiça, em razão da existência de prova nova.
C) nada poderá fazer sob o ponto de vista criminal, tendo em vista que, apesar de a decisão de arquivamento não ter feito coisa julgada material, o vídeo não poderá ser considerado prova nova, já que existia antes do arquivamento do inquérito.
D) poderá iniciar, de imediato, ação penal privada subsidiária da pública em razão da omissão do Ministério Público no oferecimento de denúncia em momento anterior.
13.(FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase)
Tiago, funcionário público, foi vítima de crime de difamação em razão de suas funções. Após Tiago narrar os fatos em sede policial e demonstrar interesse em ver o autor do fato responsabilizado, é instaurado inquérito policial para investigar a notícia de crime.
Quando da elaboração do relatório conclusivo, a autoridade policial conclui pela prática delitiva da difamação, majorada por ser contra funcionário público em razão de suas funções, bem como identifica João como autor do delito. Tiago, então, procura seu advogado e informa a este as conclusões 1 (um) mês após os fatos.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tiago, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deverá esclarecer que
A) caberá ao Ministério Público oferecer denúncia em face de João após representação do ofendido, mas Tiago não poderá optar por oferecer queixa-crime.
B) caberá a Tiago, assistido por seu advogado, oferecer queixa-crime, não podendo o ofendido optar por oferecer representação para o Ministério Público apresentar denúncia.
C) Tiago poderá optar por oferecer queixa-crime, assistido por advogado, ou oferecer representação ao Ministério Público, para que seja analisada a possibilidade de oferecimento de denúncia.
D) caberá ao Ministério Público oferecer denúncia, independentemente de representação do ofendido.
14.  (FGV- 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VI - Primeira Fase - Reaplicação) No tocante ao inquérito policial, é correto afirmar que
A) por ser um procedimento investigatório que visa reunir provas da existência (materialidade) e autoria de uma infração penal, sua instauração é indispensável.
B) pode ser arquivado por determinação da Autoridade Policial se, depois de instaurado, inexistirem provas suficientes da autoria e materialidade do crime em apuração.
C) para qualquer modalidade criminosa, deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou estiver preso preventivamente, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto.
D) tem valor probatório relativo, mesmo porque os elementos de informação, no inquérito policial, não são colhidos sob a égide do contraditório e ampla defesa, nem na presença do magistrado.
GABARITO
9. A afirmativa A está incorreta, pois a decisão de arquivamento do inquérito policial faz coisa julgada formal ou formal-material, sendo certo que na primeira hipótese poderá haver o desarquivamento caso surjam novas provas, enquanto que a segunda hipótese não admite desarquivamento. O arquivamento com reconhecimento de atipicidade, por exemplo, faz coisa julgada material, impossibilitando seu desarquivamento, de modo que o fundamento utilizado pelo Ministério Público e acolhido pelo magistrado é relevante para fins de determinar a possibilidade ou não de prosseguimento das investigações.
A afirmativa B está incorreta, na presente hipótese, considerando o fundamento utilizado pelo Ministério Público, será possível o desarquivamento diante do surgimento de provas novas.
A afirmativa C está incorreta, pois, de acordo com entendimento do STF, para que haja o desarquivamento do inquérito policial, basta que se tenha a notícia de novas provas, sendo a efetiva existência da nova prova requisito apenas para o oferecimento de eventual denúncia. Da mesma forma, o Art. 18 do CPP estabelece que a autoridade policial, uma vez ocorrido o arquivamento, poderá promover novos atos investigatórios e novas pesquisas se de outras provas tiver notícias.
A afirmativa D está correta. No caso em tela, o inquérito policial foi arquivado com base em questão processual, qual seja a ausência de justa causa, e não de mérito relacionada ao direito material, como ocorreria no caso de atipicidade, fazendo, assim, tão somente coisa julgada formal. Dessa forma, será possível o desarquivamento do inquérito, diante da mera notícia da prova nova, nos termos da previsão do Art. 18 do CPP.
10. CERTO. Para instaurar com base em denúncia anônima é necessário VPI (Verificação de procedência das informações)
ERRADO. Princípio da vedação à autoacusação - nemo tenetur se detegere
ERRADO. Em regra, vícios no IP não contaminam a AP.
ERRADO. O civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo casos específicos.
11. Gabarito: D - [a autoridade policial] poderá elaborar relatório conclusivo, mas a promoção de arquivamento caberá ao Ministério Público, havendo coisa julgada em caso de homologação do arquivamento por atipicidade.
Importante prestar atenção no fato de que a questão não está desatualizada, haja vista que com o advento do Pacote Anticrime o arquivamento PODE ser promovido diretamente pelo MP, comunicando a vítima, a autoridade policial e o investigado - artigo 28 do CPP.
> A autoridade policial não pode arquivar, apenas o MP ou o próprio juiz (sobre a letra B).
Informações complementares:
Artigo de 14 de Dezembro de 2019, site Migalhas - STF: judiciário não pode rever decisão de procurador-geral que arquivou processo administrativo - vide https://migalhas.uol.com.br/quentes/317042/stf--judiciario-nao-pode-rever-decisao-de-procurador-geral-que-arquivou-procedimento-investigativo
["Não há mais requerimento de arquivamento do IP ao Juiz. O arquivamento é realizado diretamente pelo MP". - Página 38 da apostila de 12 de Janeiro de 2021 do Estratégia Concursos (não é propaganda, apenas uma observação). > Acredito que a informação está incorreta, já que poderá haver requerimento ao juiz, mas a função é, agora, própria do MP].
13. LETRA C
Súmula 714 - STF: 
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
14. A) ERRADO - E um procedimento investigatório SIM, para colher provas e indícios de autoria e materialidade, MAIS SUA INSTAURAÇÃO E DISPENSÁVEL. Ex: O Ministério Publico através de denuncia tem competência para investigar. O ERRO, esta no INDISPENSÁVEL.
B) ERRADO - Somente autoridade judicial ( Juiz) através do requerimento do Ministério Publico.
C) ERRADO - Não pode ser qualquer modalidade.
C. 1 - Regra Geral (Art. 10 CPP): Preso 10 dias e solto 30.
C. 2 - Inquérito Federal (Art. 66 lei 5.010 de 66) Preso 15+15 e Solto 30
C.3 - Militar(Art. 20 CPPM) Preso 20 dias e solto 40 + 20
C.4 - Crimes contra a economia popular, Lei 1.521 de 51, art. 10, &1
D) CORRETA: Não existe contraditório e ampla defesa, logo é tem VALOR PROBATÓRIO RELATIVO .
OBS: O inquérito policial é um procedimento policial administrativo, criado pelo decreto imperial 4.824/1871, e previsto no Código de Processo Penal Brasileiro como fundamental procedimento investigativo da polícia judiciária brasileira. 
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