Buscar

CS2010 - Aula 2 - O sistema básico das Contas Nacionais

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O sistema básico das contas nacionais – Aula 2
Rafael Costa Lima
Contas Nacionais
É possível definir várias formas de apresentar as informações de uma economia.
Mas, a necessidade de comparar dados de países diferentes fez com que a ONU estabelecesse recomendações para tornar a apresentação de dados mais homogênea possível.
O chamado System of National Accouts (SNA).
Essas recomendações foram atualizadas em 93, e o Brasil se adequou a elas em 96.
Anteriormente o Brasil seguia as recomendações de 68.
Sistema Básico
Vamos começar estudando o sistema básico das contas nacionais, que é a base do sistema que vigorou até 96.
Vamos começar estudando uma economia Fechada e sem governo.
A principal variável de interesse é o produto da economia.
Por isso a Conta de Produto é a principal conta do sistema.
Exemplo
Quadro 2.1
Transações ocorridas na Economia no ano X – situação 2
A empresa do setor 1 produziu sementes no valor de $500 e vendeu-as à empresa do setor 2;
A empresa do setor 2 produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu à empresa do setor 3 uma parcela equivalente a $ 1.000, retendo nos estoques uma quantidade no valor de $500;
A empresa do setor 3 produziu farinha no valor de $1.400 e vendeu-a à empresa do setor 4;
A empresa do setor 4 produziu pães no valor de $1.680 e vendeu-os aos consumidores finais.
Conta do produto
Repassando o exemplo da situação 2 da economia, percebemos, pela ótica da despesa que o produto foi de pães no valor de $1.680 mais $500 de trigo que não foram utilizados na produção de farinha.
Os pães foram consumidos e a farinha foi estocada para ser utilizada no futuro.
Por isso, nesta economia simplificada, um dos lados da conta de produção está dividida entre consumo pessoal (cons. Privado) e variação de estoques.
Investimento
A variação de estoques pode ser positiva ou negativa.
É uma forma de guardar bens para serem aproveitados no futuro.
A aplicações de recursos para aumentar o consumo futuro também são chamadas de investimentos.
O investimento também ocorre quando se utilizam recursos para ampliar (ou manter) a capacidade de produção da economia.
Compra de máquinas, instalações físicas, ferramentas são tipos de investimento.
Investimento
Variação de estoques e compra de bens para serem utilizados na produção são tipos distintos de investimento.
O investimento é dividido em variação de estoques e Formação bruta de capital fixo.
A formação bruta de capital fixo é a produção de bens duráveis que serão utilizados (várias vezes) na produção de outros bens.
Depreciação
O capital físico é durável, pois pode ser utilizado várias vezes, porém esses bens não duram pra sempre.
Seja por desgaste ou por tornarem-se obsoletos, estes bens precisam ser repostos periodicamente.
Com isto precisamos considerar a depreciação do capital físico.
Caso uma economia não invista nada em formação de capital, no período seguinte, ela não será mais capaz de produzir a mesma quantidade de produto.
Isto gera uma distinção entre conceitos de produto: Bruto e líquido.
O Produto Bruto inclui o consumo, a formação bruta de capital e a variação de estoques.
O Produto Líquido é igual ao Produto Bruto, menos o valor que foi gasto para apenas repor o capital fixo que depreciou. 
O valor do capital físico que se perde é chamado de depreciação.
Assim obtemos a conta de produção numa economia fechada e sem governo se torna
Conta de produção
Quadro 2.2
Conta de produção (economia fechada e sem governo)
Débito
Crédito
a1Salários
a2Lucros
a3Aluguéis
a4Juros
ARenda (ou Produto nacional Líquido)
(A = a1+a2+a3+a4)
BDepreciação
CConsumo pessoal
DVariação de Estoque
EFormação Brutade Capital Fixo
Produto Nacional Bruto(ou Renda N.B.)
Despesa Bruta
O lado do débito mostra como os fatores de produção foram remunerados pela produção
O lado do crédito mostra qual foi o destino do produto.
A identidade Produto=Despesa garante o equilíbrio interno da conta de produção.
Para obter o equilíbrio externo do sistema de contas nacionais, precisamos de duas outras contas: A conta de apropriação e a conta de capital
Conta de apropriação
Mostra como as famílias alocaram a renda que receberam em troca da utilização dos fatores de produção.
Do lado do crédito estão as rendas recebidas
Do lado do débito estão o destino da renda recebida.
Apropriação
Quadro 2.3
Conta da Apropriação(economia fechada e sem governo)
Débito
Crédito
CConsumo Pessoal
FPoupança Líquida
a1Salários
a2Lucros
a3Aluguéis
a4Juros
Utilização da Renda Nacional Líquida
Renda Nacional Líquida
Apropriação
As rúbricas a Crédito na conta de apropriação estão à débito na conta da produção.
Isto se deve ao equilíbrio externo do sistema de contas nacionais.
Note que existem novos itens, portanto o sistema ainda não está em equilíbrio.
A conta de capital fecha o sistema de contas nacionais.
Conta de Capital
Quadro 2.4– Conta de capital
Economia fechada e sem governo
Débito
Crédito
DVariação de estoques
EFormação bruta de capital fixo
FPoupançalíquida
BDepreciação
Investimento Bruto
Poupança Bruta
Conta de capital
A conta de capital garante o equilíbrio externo do sistema de contas nacionais.
Representa o mercado de capitais.
Também demostra a igualdade entre Poupança e Investimento.
Economia Aberta
Agora vamos entender como o sistema de contas nacionais deve ser adaptado para incluir as transações de um país com o resto do mundo.
Ainda sem governo
Praticamente todo país importa e exporta insumos e bens finais.
As economias também importam e exportam serviços como fretes e seguros.
Economia aberta
Exportações e importações fazem parte da balança de comercial.
A balança comercial é um item do balanço de pagamentos. 
O balanço de pagamentos será estudado em maior detalhe em outro momento do curso.
A balança de serviços e rendas também é um item do balanço de pagamentos.
Ela contabiliza as transações internacionais de serviços, mas também as remunerações (rendas) de fatores de produção pertencentes a outros países.
Economia aberta
Quando não-residentes são proprietários de fatores de produção em outros países, eles podem desfrutar da renda destes fatores em outro país.
Num caso extremo, se toda a indústria de um país é de propriedade de não-residentes, os lucros não retidos normalmente são remetidos ao exterior.
Da mesma forma, residentes de um país podem receber rendas de fatores de produção que estão sendo utilizados em outro país.
Por isso, a remuneração de fatores de propriedade de não-residentes cria uma importante distinção para a contabilidade nacional.
Economia aberta
Quando os residentes recebem renda do exterior, a economia recebe mais recursos.
Quando o país envia renda para não residentes, perde recursos. 
Obviamente, o que importa aqui é o saldo dessas transações.
Quando consideramos apenas o valor da produção no país, não levamos em conta a renda que sai ou entra no país.
Neste caso estamos calculando o Produto Interno.
Quando consideramos o saldo da rendas enviadas e recebidas do exterior, estamos calculando o valor adicionado por fatores de produção que pertencem ao residentes de um país.
Nesta caso calculamos o Produto Nacional.
Em geral, um país que possui muitos investimentos estrangeiros diretos, tende a enviar muitos recursos para o exterior.
Os residentes de países que já acumularam muitas riquezas tendem a investir em outros países, e por isso, geralmente recebem rendas do exterior.
Economia Aberta
Quando o país envia mais renda do que recebe, o Produto Interno é maior que o Produto Nacional.
É o caso do Brasil e de outros países em desenvolvimento.
Quando o país recebe mais renda do que envia, o Produto Interno é menor que o Produto Nacional.
É o caso dos Estados Unidos.
Normalmente a diferença entre as duas medidas não é tão grande. 
Mas existem exceções (Kwait). 
Interno x Nacional
Qual das duas medidas é melhor?
Depende do que se deseja analisar.
O Produto Interno é uma medida melhor da produção de uma economia
Mede a intensidade da atividade econômica.
O Produto Nacional é uma mede quanta riqueza os residentes de um país receberam
É uma medida
melhor da variação de riquezas
 
Transações com o resto do mundo no sistema de contas nacionais
Para dar conta das transações com o exterior, vamos acrescentar uma nova conta ao nosso sistema.
Conta Setor Externo.
Esta conta incluirá as importações, exportações, envio e recebimento de rendas.
É construída do ponto de vista do resto do mundo.
Conta do setor externo
Quadro2.5 – Conta do setor externo
(economia aberta e sem governo)
Débito
Crédito
GExportações de bens e serviçosnão fatores
HRenda recebida do exterior
KResultado do Balanço de Pagamentos em transações correntes
IImportações de bens e serviços não fatores
JRenda enviada ao exterior
Total do débito
Total do crédito
Conta setor externo
Note que o item K está na conta para garantir o equilíbrio interno, logo pode ser incluído em qualquer lado (desde que o sinal se ajuste).
No lado do débito, será positivo se o país apresentou um déficit em transações correntes. 
Vejamos agora como as outras contas se ajustam para garantir o equilíbrio externo do sistema.
As demais contas afetadas são as contas de produção e a conta de capital.
Economia aberta
A conta de produção precisa contabilizar o valor produzido com a utilização de recursos de não residentes.
Também vai contabilizar, no lado do débito, o item importações.
Assim, a conta de produção vai apresentar a oferta total de bens na economia (não apenas o que foi produzido).
As exportações entrarão no lado do crédito, compondo a demanda total da economia.
Conta de produção
Quadro2.6 – Conta de Produção
(Economia aberta e sem governo)
Débito
Crédito
IImportações de bens e serviços não fatores
J-HRenda líquida enviada ao exterior (+) ou recebida (-) do exterior
a1Salários
a2Lucros
a3Aluguéis
a4Juros
ARenda (ou Produto nacional Líquido)
(A = a1+a2+a3+a4)
BDepreciação
GExportação debens e serviços não fatores
CConsumo pessoal
DVariação de Estoque
EFormação Brutade Capital Fixo
Oferta total de bens e serviços
Demanda total de bens e serviços
Conta de produto
Do lado do débito temos o Produto Interno Bruto (PIB) mais as importações de bens e serviços não fatores (oferta total)
Do lado do crédito temos a demanda total por bens e serviços.
Quase todas as alterações aparecem nesta conta.
Mas resta i item K, que aparecerá na conta de capital.
Conta de capital
Quadro 2.7– Conta de capital
(Economia aberta e sem governo)
Débito
Crédito
DVariação de estoques
EFormação bruta de capital fixo
FPoupançalíquida
BDepreciação
KResultado do BP em transações correntes
Investimento Bruto Total
Poupança Bruta Total
Conta de capital
A conta de capital demonstra a identidade investimento=poupança.
Portanto, se K for positivo (déficit nas transações correntes), parte do investimento deve-se à importação de capital.
O pais necessitou de poupança externa.
Se K for negativo (superávit em transações correntes), a economia estará enviando capital ao exterior.
Ou seja, estará investindo em outros países.
Economia Aberta com Governo
Agora vamos introduzir o governo no nosso sistema de contas nacionais.
O governo age na economia de diversas maneiras.
Ele arrecada impostos, consome bens e serviços, fornece bens e serviços (como segurança e educação), realiza transferências e subsídios.
O governo ainda interfere em alguns preços da economia.
Por isso, vamos introduzir uma quinta conta no nosso sistema, a Conta do Governo.
Conta do governo
Quadro 2.8 - Contado Governo
Débito
Crédito
L
M
N
O
Consumo do Governo
Transferências
Subsídios
Saldo do governo em conta corrente
P
Q
R
Impostos diretos
Impostos indiretos
Outras receitas correnteslíquidas
Utilização da receita
Total da receita
Conta do governo
Esta conta é semelhante à conta da apropriação, pois de um lado (crédito) ela mostra como o governo obteve suas receitas e do outro (débito) mostra onde ele as alocou.
O que é gasto com salários, bens e serviços adquiridos (material de escritório, merenda, etc.) são computados no item consumo do governo.
As transferências são transações que não correspondem à aquisição de um bem – normalmente são subsídios.
Conta do governo
O saldo do governo em conta corrente fecha a conta do governo. 
Pode ser positivo ou negativo.
Se for positivo, significa que o governo arrecadou mais do que gastou.
Neste caso, dizemos que houve uma poupança do governo.
Se for negativo, significa que o governo arrecadou menos do que gastou.
Neste caso o governo deve ser financiado por poupança privada.
Conta do governo
Os impostos podem ser classificados como diretos ou indiretos.
Impostos diretos incidem sobre a renda ou a propriedade.
Imposto de renda, IPTU, IPVA.
Impostos indiretos não são pagos como impostos pelas famílias, mas estão incluídos no preço das mercadorias.
IPI, ICMS
Eles alteram o preço final dos bens.
Conta do governo
As transferências correspondem a desembolsos do governo para indivíduos do setor privado.
Inclui aposentadorias e pensões, benefícios sociais e pagamentos de juros da dívida do governo.
Transferências também são chamadas de impostos diretos negativos.
Os subsídios significam uma renúncia a valores que o governo tem direito a recolher.
São também chamados de impostos indiretos negativos.
Governo
A existência do governo cria uma nova distinção na forma de registrar os agregados.
O preço das mercadorias aumenta com os impostos indiretos (- subsídios) mas esse aumento não corresponde a um aumento no pagamento de fatores.
Por isso, é possível calcular o Produto a Preços de Mercado.
Inclui o valor dos impostos indiretos (- subsídios)
Governo
Mas também é possível calcular o Produto a Custo de Fatores.
Não considera esse valor adicional.
Cada um dos conceitos é mais adequado a uma situação específica.
E estatística que o IBGE divulga como PIB é o Produto Interno a preços de mercado.
Vejamos como ficam as outras 4 contas com a introdução do governo.
Conta do produto
Quadro 2.9 - Conta da produção
Débito
Crédito
I
J-H
a1
a2
a3
a4
A
B
Q-N
Importações de bens e serviços não fatores
Renda líquida enviada (+) ourecebida (-) do exterior.
Salários
Lucros
Alugueis
Juros
Renda ouproduto nacional líquido(a1+a2+a3+a4)
Depreciação
Impostos indiretos líquidos de subsídios
G
C
L
D
E
Exportação de bense serviços não fatores
Consumo pessoal
Consumo do governo
Variação de estoques
Formação bruta de capital fixo
Oferta totalde bens e serviços
Demanda total de bens e serviços
Conta de apropriação
Quadro2.10 – Conta de apropriação
(economia aberta com governo)
Débito
Crédito
C
P-M
R
F
Consumo pessoal
Impostos diretos líquidos de transferências
Outras receitas correntes líquidas
Poupança privada líquida
a1
a2
a3
a4
Salários
Lucros
Aluguéis
Juros
Utilização da Renda Nacional Líquida
Renda Nacional Líquida
Conta do setor externo
Quadro 2.11 – Conta do setor externo
(economia aberta em com governo)
Débito
Crédito
G
H
K
Exportação de bens e serviços não fatores
Renda recebida do exterior
Resultado do BP em transações correntes
I
J
Importações de bens e serviços não fatores
Rendaenviada ao exterior
Total do débito
Total do crédito
Conta de capital
Quadro 2.12 - Conta de capital
(economiaaberta e com governo)
Débito
Crédito
D
E
Variação de estoques
Formação bruta de capital fixo
F
B
K
O
Poupança privada líquida
Depreciação
Resultado do BP em transações correntes
Saldo do governo em conta corrente
Investimento Bruto Total
Poupança Bruta Total
Governo
Na conta de capital contam dois novos lançamentos – impostos indiretos (deb.) e consumo do governo (cred.)
Isso porque a conta de produção registra PIB a preços de mercado.
Na conta de apropriação constam dois novos lançamentos no destino da renda nacional.
Na conta de capital, no lado do crédito, entra a o saldo do governo, podendo aumentar ou diminuir a poupança disponível.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando