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Doença de chagas

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Doença de chagas] 
 
 
A doença de Chagas (DC), zoonose causada pelo protozoário Trypanosoma 
cruzi, representa uma condição infecciosa (com fase aguda ou crônica), classificada 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença tropical 
negligenciada (BRASILEIRO FILHO, 2016). Ela está associada com baixas 
condições socioeconômicas, ao mesmo tempo em que as perpetua, e apresenta 
elevada carga de morbimortalidade em países endêmicos, incluindo o Brasil, com 
expressão focal em diferentes contextos epidemiológicos (DIAS, 2016). 
Há cerca de 150 espécies transmissoras, com características hematófagas e 
hábitos silvestres (habitando palmeiras, ninhos, tocas de animais onde se alimentam 
de mamíferos silvestres), peridomiciliar (quando é encontrado em galinheiros, 
chiqueiros, locais de armazenamento de grãos) ou intradomiciliar. O ciclo biológico 
do T. cruzi é do tipo heteróxeno, ou seja, o parasito passa por uma fase de 
multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e extracelular no inseto vetor 
(NEVES, 2016). 
Os triatomíneos se infectam ao ingerir formas tripomastigotas presentes no 
sangue do hospedeiro vertebrado durante o hematofagismo. Em seu estômago, as 
tripomastigotas se transformam em epimastigotas. No intestino médio, elas se 
multiplicam e quando atingem o reto se diferenciam em tripomastigotas que serão 
eliminadas na urina e fezes do inseto. Ao atingirem as células do hospedeiro 
vertebrado, elas se transformam em amastigotas. (NEVES, 2016). 
Os possíveis mecanismos de transmissão do parasito são: 
• Transmissão pelo vetor 
Na sua forma clássica, a infecção chagásica é adquirida por humanos 
por meio do contato com fezes ou urina de triatomíneos hematófagos. Pode 
ser adquirida tanto no ambiente intracelular quanto no silvestre. 
(BRASILEIRO FILHO, 2016). 
 
 
 
• A doença de Chagas é considerada uma doença 
negligenciada e endêmica em alguns municípios do país. Discorra sobre 
a doença (etiologia, transmissão e fisiopatologia) destacando as 
principais medidas de prevenção e controle. 
Figura 1. Ciclo de vida do Trypanossoma cruzi 
FONTE: BERN, 2021. 
• Transfusão sanguínea 
As transfusões plaquetas representam maior risco de transmissão do 
que outros componentes sanguíneos. Uma importante iniciativa de controle é 
a triagem sorológica dos componentes sanguíneos para T. cruzi e ela é 
obrigatória na maioria os países endêmicos. Desde essa intervenção, o risco 
de transmissão via transfusão de sangue diminuiu muito, mas não foi 
eliminado; nessas regiões, o risco de transmissão é estimado em 1:200.000 
unidades (BERN, 2021). 
• Transmissão congênita 
 
 
 
A infecção por esse mecanismo ocorre pela penetração de 
tripomastigotas metacíclicos, que são eliminados nas fezes ou na urina de 
triatomíneos, durante o hematofagismo e entra em contato com a ferida no 
momento em se coça após a picada ou quando entra em contato com a 
mucosa (BERN, 2021). 
 
 
 
 
O período de incubação após a exposição transmitida por vetores é de uma a 
duas semanas, após a qual começa a fase aguda da doença de Chagas. Nos casos 
associados à transfusão e transplante, o período de incubação pode ser de até 
quatro meses. A fase aguda da infecção por T. cruzi dura de 8 a 12 semanas e a 
maioria dos pacientes tem sintomas inespecíficos, como mal-estar, febre e anorexia, 
 
 
 
Estima-se que 22% das novas infecções por Chagas ocorram por meio 
da transmissão mãe-filho (BERN, 2021). Ocorre quando existem ninhos de 
amastigotas na placenta que liberam tripomastigotas e atingem a circulação 
fetal (NEVES, 2016). 
 
• Acidentes de laboratório 
A infecção por T. cruzi adquirida em laboratório é rara ocorre através 
da inoculação de agulhas ou exposição à membrana mucosa à cultura do 
parasita, sangue de animais de laboratório infectados ou material fecal de 
triatomíneos infectados (BERN, 2021). 
 
• Transmissão oral 
A transmissão oral da infecção aguda de T. cruzi pode ocorrer por 
ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas por insetos de triatomíneos 
infectados ou suas fezes. Os veículos de transmissão oral incluíram açaí, 
suco de goiaba e caldo de cana. No entanto, a ingestão de amastigotas T. 
cruzi através do consumo de carne crua pode ser uma forma mais rara de 
transmissão (BERN 2021). 
 
• Transplante de órgãos. 
Receptores de transplante de órgãos não infectados que recebem um 
órgão de um doador infectado de T. cruzi podem desenvolver a doença. As 
taxas de infecção após o transplante de órgãos de um doador infectado 
parecem ser menores para receptores renais (0 a 19%) do que para 
receptores hepáticos (0 a 29%) e receptores cardíacos (75 a 100 por cento) 
(BERN, 2021). 
 
 
 
 
 
 
 
Ao contrário da fase aguda, que tem duração limitada, a fase crônica da DC 
evolui por muito tempo, durante vários anos ou décadas. Os órgãos 
predominantemente atingidos são o coração e o trato digestivo (esôfago e intestino 
grosso). Como na fase aguda, também na crônica há acometimento do sistema 
nervoso central, da musculatura esquelética, das suprarrenais e de outras vísceras. 
Entretanto, lesões destas últimas estruturas são menos frequentes, e suas 
repercussões, muito menos importantes do que as cardíacas e as do trato digestivo, 
exceto em indivíduos imunossuprimidos, em quem as alterações do SNC podem ser 
muito graves (BRASILEIRO FILHO, 2016). 
 
As principais medidas profiláticas para essa doença são: 
• Controle de vetores 
A transmissão por vetores domésticos pode ser reduzida por meio da 
aplicação residual de inseticidas de longa duração em habitações humanas e 
estruturas peridomésticas. Melhorar a qualidade das estruturas domésticas também 
ou são assintomáticos, portanto, não chegam à atenção clínica durante a fase aguda 
(BERN, 2021). 
Em uma minoria de pacientes, a infecção aguda pode estar associada à 
inflamação e inchaço no local da inoculação, conhecido como chagoma de 
inoculação, que normalmente ocorrem no rosto ou extremidades. A inoculação 
através da conjuntiva pode levar a um inchaço unilateral característico da pálpebra 
superior e inferior conhecida como sinal de Romaña (BERN, 2021). 
 
Figura 2. Sinal de Romaña 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: BERN, 2021. 
• DIAS, João Carlos Pinto et al. II Consenso Brasileiro em Doença de 
Chagas, 2015. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 25, n. esp, p. 7-86, 
jun. 2016. 
 
 
 
é um mecanismo de controle útil, pois elimina os esconderijos de insetos de 
triatomíneos e diminui a colonização vetorial e a reinfestação das casas (BERN, 
2021). 
• Vigilância alimentar 
Estabelecer protocolos de tratamento térmico no suco de açaí, capacitar os 
manipuladores a respeito das boas práticas e achar formas de inativar o T. cruzi em 
alimentos (NEVES, 2016); 
• Controle da transmissão vertical 
O determinante mais forte do risco de transmissão vertical é o nível de 
parasitemia na mãe; mulheres com resultados negativos de reação em cadeia de 
polimerase (PCR) são muito improváveis de transmitir aos seus bebês. O tratamento 
de mulheres com benznidazol antes da gravidez, As drogas benznidazol 
e nifurtimox são contraindicadas na gravidez, diminui significativamente a 
parasitemia e reduz o risco de transmissão congênita em cerca de 95% (BERN, 
2016). 
• Educação sanitária 
Melhorar habitação, telar portas e janelas, manter a casa limpa e sem animais 
dentro, evitar entulhos no interior e arredores da casa, consumir açaí somente de 
origem pasteurizada, manter anexos afastados do domicílio e difundir junto à 
comunidade conhecimentos básicos sobre a doença (DIAS, 2016). 
 
REFERÊNCIAS: 
• BERN, Caryn. Chagas disease: Acute and congenital Trypanosoma 
cruzi infection. UPTODATE, 2021. 
• BERN, Caryn Chagas disease: Epidemiology and prevention. 
UPTODATE, 2021. 
• BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo - Patologia. São Paulo: Grupo 
GEN, 2016. 
 
• NEVES, David Pereira. Parasitologia humana.13. ed. São Paulo: 
Atheneu, 2016. 
 
https://www.uptodate.com/contents/benznidazole-drug-information?search=doen%C3%A7a%2Bde%2Bchagas&topicRef=5698&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/nifurtimox-drug-information?search=doen%C3%A7a%2Bde%2Bchagas&topicRef=5698&source=see_link

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