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BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 01 O Jornalismo Cultural não é uniforme nem de fácil compreensão. É extenso e heterogêneo. Três são os motivos que o conceito sobre jornalismo cultural torna-se dificultoso sobre sua análise. Primeiro motivo: refere-se em sentidos lato e stricto da produção jornalística e cultural. Segundo motivo: confusão que se faz ao considerar apenas como Jornalismo Cultural a veiculação da cultura erudita, letrada ou simplesmente chamada de ilustrada. Terceiro motivo: a postura do Jornalismo Cultural, em ser considerado como um espaço público da produção intelectual, desenvolvendo uma reflexão diferente de jornalismo, sendo entendido como produção ou como a própria criação. A palavra cultura que também pode ser relacionada com Jornalismo Cultural é uma "palavra mito que tem a pretensão de conter em si completa salvação: verdade, sabedoria, bem-viver, liberdade, criatividade...". A palavra cultura possui três sentidos principais. Primeiro sentido: ANTROPOLÓGICO - oposto à natureza, ou seja, é tudo que não depende do comportamento inato, tudo que é dotado de sentido. BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 02 Segundo sentido: ETNOGRÁFICO – uni crenças, valores, modelos de comportamento e normas que se eterniza através de gerações. Terceiro sentido: HUMANIDADE - sentido residual ou restrito / cultura ilustrada que se centra na humanidade clássica e no gosto literário-artistico. Jornalismo Cultural como um campo envoltório e excludente em que estão inseridos os sentidos de cultura antropológica e cultura das humanidades clássicas. O jornalismo é cultural uma vez que na cultura está tudo. Jornalismo Cultural é uma especialização que nasce das necessidades da imprensa em atender a um público segmentado e de tratar de temas com maior profundidade, assim como acontecem nas demais seções do jornalismo como política, economia, esportes e outras. O Jornalismo Cultural poderia ser chamado Jornalismo de Artes.se este fosse entendido apenas a veiculação do gosto literário-artístico. Segundo BASSO (2005 apud RIVERA, 2003, p. 19), Jornalismo Cultural é “uma zona muito complexa e heterogênea de meios, gêneros e produtos que abordam com propósitos criativos, críticos, reprodutivos ou divulgatórios os terrenos das ‘belas arte’, ‘belas letras’, correntes do pensamento, as ciências sociais e humanas, a chamada cultura popular e muitos outros aspectos que têm a ver com a produção, circulação e consumo de bens simbólicos, sem importar sua origem ou destinação”. BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 03 Segundo BASSO (2005, apud RIVERA, 2003, p.11) “melhor jornalismo cultural é aquele que reflete lealmente as problemáticas globais de uma época, satisfaz demandas sociais concretas e interpreta dinamicamente a criatividade potencial do homem na sociedade apelando para ele”. As temáticas podem ter dupla interpretação. As editoriais tradicionais focalizam os aspectos informativo e descritivo sobre um determinado assunto, enquanto, nos cadernos de cultura a temática recebe uma roupagem analítica, interpretativa, crítica e autoral, centrada muitas vezes na reflexão filosófica. Segundo BASSO (2005, apud RIVERA, 2003, p.11), “o Jornalismo Cultural apela para ele em “uma bagagem de informação, um tom, um estilo e um enfoque adequado à matéria tratada e as características do público elegido” O foco principal da questão está em considerar como cultura apenas a estética burguesa, entendida como cultura erudita, pertencente à classe letrada. No sentido de homem preparado, culto, é o possuidor de conhecimentos, que se opõe socialmente ao inculto. A maioria das pessoas associa ‘cultura’ a algo inatingível, exclusivo dos que lêem muitos livros e acumulam muitas informações, algo sério, complicado, sem a leveza de um filme-passatempo. BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 04 A produção, a circulação e o consumo dos bens culturais são diferenciada pela definição do campo simbólico que se apresenta a partir de duas vertentes. Primeira vertente: produção erudita. Segunda vertente: produção da indústria cultural. O que distingue e diferencia os campos simbólicos são a que se destinam os bens culturais produzidos. O campo da produção erudita destina-se a seus pares (produtores-consumidores de arte). O campo da produção da industria cultural destina-se à população em geral. A vulgarização na cultura está no fato da simplificação e maniqueização da reprodução da obra de arte com a eliminação de elementos que poderiam ser dificilmente inteligíveis à massa. O ideal de arte é capaz de ser veículo de conscientização e defende a aproximação e o acesso das mesmas pela massa. Os artistas consideram uma "ofensa à arte e à cultura 'baixar' a qualidade da obra com o propósito de atingir a um público mais amplo". BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 05 Jornalismo Cultural se desenvolveu a partir da idéia da produção voltada para a cultura erudita tendendo a mostrar a cultura como algo 'superior', sofisticado e formal, operando a "estética burguesa”. Jornalismo Cultural como um espaço público de manifestação da produção intelectual. O jornalismo como espaço público muitas vezes não chega a ser compreendido como jornalismo. Segundo BASSO (2005 apud SILVA, 1997), o Jornalismo Cultural possui um duplo papel. Primeiro papel: Cadernos diários que se traduzem pela aproximação com a informação de atualidade e a prestação de serviços, servindo como vitrines do mercado cultural. Segundo papel: Cadernos semanais que apresentam uma postura mais autoral do que informativa, apostando na aproximação da cultura acadêmica. Entre a produção noticiosa e analítica, os espaços se complementam com a função informativa e a opinião crítica. BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 06 Segundo BASSO (2005 apud FARO, 2003, p.1-3), “analítico e autoral está situado fora do âmbito da fatualidade do jornalismo convencional presente em outras editorias [...] tendo como foco principal a construção de um sentido organizador da crítica conceitual que se desdobra, invariavelmente, numa estrutura analítica que a coloca como veiculadora de percepções que extrapolam o objeto sobre o qual se debruça. É essa força de estruturação que justifica a presença, no âmbito dessa produção especializada, de uma interface com o universo acadêmico”. A produção textual dos intelectuais extrapola o caráter noticioso. A produção textual dos intelectuais organiza o texto de forma mais analítica, interpretativa e crítica. Segundo BASSO (2005, apud MELO, 1994, p.118), a produção textual caracteriza-se de duas formas de participação: Artigo Jornalístico e Artigo Científico. Primeira forma: ARTIGO JORNALÍSTICO - destinado "a analisar uma questão da atualidade, sugerindo ao público uma determinada maneirade vê-la ou de julgá-la" Segunda forma: ARTIGO CIENTÍFICO - destinado a "tornar público o avanço da ciência, repartindo com os leitores novos conhecimentos, novos conceitos" O Jornalismo Cultural transborda a análise e a divulgação dos produtos da cultura ilustrada (literatura, pintura, escultura, teatro, música, arquitetura, cinema) e abrange a cultura popular, o comportamento social – formas de ser e se portar, e as ciências sociais. BASSO, Eliane Corti. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão. J.S. Faro. Artigo, 2005. Jornalismo Cultural: subsídios para uma reflexão Nome do aluno 07 O Jornalismo Cultural possui dupla postura que realiza a difusão e a análise crítica das culturas - formatando um fórum público de manifestação do pensamento. Primeira postura: limita-se a divulgação da indústria cultural. Segunda postura: caracteriza-se como capaz de realizar uma real influência na configuração das idéias e gosto público de uma época.
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