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Autocontrato: Conceito e Exceções

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AUTOCONTRATO 
 
Antes de falar do autocontrato propriamente dito, é necessário fazer um breve 
comentário sobre dois institutos do Direito Civil: a Representação e o Contrato. A representação 
é a atuação jurídica de uma pessoa (representante) em nome de outrem (representado). Essa 
atuação se dá mediante a disposição em lei, no caso dos pais de um absolutamente incapaz, por 
exemplo, ou por meio de um negócio jurídico específico conhecido como mandato. Por sua 
vez, o contrato é um negócio jurídico que, em regra, trata-se da convergência de duas ou mais 
vontades sobre determinado assunto, geralmente caracterizado como bi ou plurilateral. O 
autocontrato, ou contrato consigo mesmo, traz em seu conceito estes dois institutos citados 
anteriormente, pois trata-se de um contrato em que o representante intervém diretamente. 
O contrato consigo mesmo é considerado incomum por ter a característica de, 
aparentemente, só ter uma manifestação de vontade e uma exceção à regra estabelecida 
anteriormente sobre os contratos. O que acontece aqui é que a vontade de titulares distintos é 
manifestada pela mesma pessoa, seja pela hipótese da dupla representação (em que as duas 
partes têm o mesmo representante) ou pela hipótese de o representante ser, também, a outra 
parte do negócio jurídico. 
O referido artigo trata do poder do representante de realizar negócios jurídicos consigo 
mesmo, ou seja, do autocontrato, sendo tal ato, em regra, anulável, pois o representante, ao 
exercer o mandato, deve sempre agir de acordo com os interesses daquele que está sendo 
representado e não agir em benefício próprio. 
Contudo, o próprio artigo 117 do Código Civil traz, também, uma exceção: é possível 
que o representante aja em benefício próprio desde que não haja conflito de interesses com o 
representado, ou seja, deve haver anuência da outra parte ou, ainda, ser permitido por lei. Este 
é o caso do artigo 685 do Código Civil, por exemplo, que prevê a procuração em causa própria, 
CC, art.117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o 
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. 
Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem 
os poderes houverem sido subestabelecidos. 
 
mediante a qual o representado autoriza o representante a utilizar a procuração em seu próprio 
favor, ou seja, realizar contrato consigo mesmo. 
Ressalta-se que a ausência de conflito de interesses não se encontra de forma expressa 
no texto do artigo 117, de forma diferente aos códigos português e italianos aos quais o 
legislador brasileiro se inspirou, mas encontra respaldo em várias jurisprudências. 
Por fim, o aludido artigo, em seu parágrafo único, fala do substabelecimento, ato no 
qual o representante transfere os poderes que o representado lhe outorgou para outrem, um 
terceiro chamado de substabelecido. Diz o parágrafo que os negócios realizados pelo 
substabelecido figurarão como celebrados pelo representante, então, conclui-se que esse 
substabelecido não pode utilizar o mandato para realizar negócios jurídicos consigo mesmo e 
nem com o representante, chamado, nessa situação, de substabelecente. 
CC, art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não terá 
eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de 
prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, 
obedecidas as formalidades legais.

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