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Na publicidade anterior, o rosto magro do indivíduo estampado na nota e as frases logo abaixo dela revelam a intenção de A. explicar a diminuição do poder de compra da classe média nigeriana. B. elencar os efeitos da crise econômica na vida da população nigeriana. C. responsabilizar a classe política pela situação da economia nigeriana. D. buscar auxílio para solucionar o problema da desnutrição na Nigéria. E. chamar atenção para a desvalorização da moeda oficial da Nigéria. Alternativa E Resolução: A) INCORRETA – Embora a peça publicitária aborde a desvalorização do naira nigeriano (o que pode – ou não – interferir no poder de compra da população), não se faz nenhum tipo de recorte de classe. Além disso, a publicidade não explica as causas que levaram à diminuição do poder de compra dos nigerianos; somente aponta que o naira se desvalorizou. Logo, a afirmação da alternativa não se sustenta. B) INCORRETA – O verbo “elencar” sugere a produção de uma lista de itens, e isso invalida a alternativa B, pois a publicidade não elenca efeitos da crise econômica, apenas chama a atenção do leitor para a desvalorização do naira, tendo em vista o ano de 1986. C) INCORRETA – A publicidade não se ocupa de responsabilizar nenhum indivíduo pela situação da economia da Nigéria. Ela apenas aponta que o naira se desvalorizou desde 1986 e convida o leitor a pensar maneiras de revalorizá-lo, o que fica evidente na frase “What will #PlumpTheNaira?” (O que vai “engordar” o naira?). D) INCORRETA – Na nota de 500 nairas representada na peça publicitária, o rosto de Nnamdi Azikiwe (primeiro presidente da Nigéria) foi digitalmente alterado para aparentar magreza extrema. Isso pode levar a crer que a peça publicitária faz um apelo contra a desnutrição na Nigéria. Contudo, trata-se, na realidade, de uma alegoria do próprio enfraquecimento dessa moeda. Portanto, a afirmativa da alternativa D não se sustenta. E) CORRETA – Nessa peça publicitária, associa-se o rosto digitalmente modificado de Nnamdi Azikiwe aos dizeres “In 1986, this man could buy you a car. What can he buy you now? What will #PlumpTheNaira? Talk!” (Em 1986, esse homem poderia lhe comprar um carro. O que ele pode lhe comprar agora? O que vai #EngordarONaira? Manifeste-se!). Nessa frase, “this man” não se refere exatamente ao ex-presidente nigeriano estampado na nota de 500 nairas, mas sim, metonimicamente, à própria nota de 500 nairas, ou seja, aponta-se que essa nota não tem o mesmo valor que tinha antes; enfraqueceu-se. Portanto, conclui-se que a publicidade chama atenção para a desvalorização da moeda oficial da Nigéria, conforme propõe a alternativa E. B2C3 ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 02 Saudi prince to donate $32bn fortune to charity Saudi Arabian billionaire Prince Alwaleed bin Talal has said he will donate his $32bn (£20bn; €29bn) personal fortune to charity. The 60-year-old nephew of King Salman is one of the world’s richest people. He said he had been inspired by the Gates Foundation, set up by Bill and Melinda Gates in 1997. The money would be used to foster cultural understanding, empower women, and provide vital disaster relief, among other things, he said. Mr. Gates praised the decision, calling it an “inspiration to all of us working in philanthropy around the world”. Prince Alwaleed is at number 34 on the Forbes list of the world’s richest people. The money will go to the prince’s charitable organisation, Alwaleed Philanthropies, to which he has already donated $3.5bn. The prince, who does not hold an official government position, is chairman of investment firm Kingdom Holding Company. Disponível em: <http://www.bbc.com>. Acesso em: 14 jul. 2015. Ajudar instituições de caridade é uma atividade de praxe entre personalidades. O príncipe Alwaleed, inspirado na fundação de Bill Gates, pretende doar sua fortuna para diversas causas, entre elas o(a) A. promoção da filantropia no mundo. B. combate à violência contra mulheres. C. construção da Alwaleed Philanthropies. D. erradicação do entendimento entre as culturas. E. envio de ajuda humanitária na ocorrência de calamidades. Alternativa E Resolução: No quarto parágrafo do texto, são enumerados os objetivos da doação feita pelo príncipe: estimular o entendimento cultural, empoderar as mulheres e promover ajuda humanitária em situações de catástrofe (“vital disaster relief ”). A única alternativa que apresenta corretamente um desses objetivos é a E. QUESTÃO 03 Disponível em: <http://www.bestadsontv.com>. Acesso em: 24 jan. 2017. 37JY DØØL Textos publicitários lançam mão de recursos verbais e não verbais com fins específicos. A peça anterior enfoca os problemas consequentes A. do uso de paredes de vidro nos recintos destinados a animais marinhos. B. da participação de animais selvagens em filmes e programas de televisão. C. da presença de animais psicologicamente instáveis em parques aquáticos. D. da rotina repetitiva imposta aos animais marinhos confinados em parques. E. do confinamento de animais marinhos com o propósito de entretenimento. Alternativa E Resolução: A) INCORRETA – A leitura do texto permite concluir que o problema central não são as paredes de vidro, e sim o confinamento em si. Logo, a alternativa está incorreta. B) INCORRETA – O texto não cita filmes e programas de televisão. A palavra “show” é utilizada na peça publicitária para fazer referência às atrações de parques aquáticos que envolvem animais marinhos como Hugo, a orca. C) INCORRETA – O texto indica que o confinamento de animais marinhos gera um estresse psicológico que pode ser fatal. Portanto, o problema enfocado pelo texto não é a presença de animais instáveis em parques aquáticos, e sim o fato de que o confinamento desses animais pode levá-los a desenvolver esses problemas. Logo, a alternativa está incorreta, pois distorce as informações contidas no texto. D) INCORRETA – Não há menção a uma rotina repetitiva no texto. O termo “repeatedly” é empregado para descrever a atitude da baleia Hugo que a levou à morte: bater a cabeça repetidamente no vidro do tanque. E) CORRETA – Para chegar à resposta, pode-se basear nas seguintes passagens do texto: “Confined in tanks for many years, Hugo started showing signs of psychological stress [...]; Captivity kills. Stop supporting marine parks”. Vê-se que o texto enfatiza os problemas causados aos animais pelo confinamento. Logo, a alternativa está correta. QUESTÃO 04 No speak English Mamacita is the big mama of the man across the street, third-floor front. […] The man saved his money to bring her here […] because she was alone with the baby boy in that country. He worked two jobs. He came home late and he left early. Every day. Then one day Mamacita and the baby boy arrived in a yellow taxi […]. Up, up, up the stairs she went […]. Then we didn’tsee her. […] I believe she doesn’t come out because she is afraid to speak English […]. She sits all day by the window […]. She still sighs for her pink house, and then I think she cries. I would. Sometimes the man gets disgusted. He starts screaming and you can hear it all the way down the street. […] ¡Ay, caray! We are home. This is home. Here I am and here I stay. Speak English. Speak English. Christ! 546G LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO ¡Ay! Mamacita […] lets out a cry, […] as if he had torn the only skinny thread that kept her alive, the only road out of that country. And then to break her heart forever, the baby boy, who has begun to talk, starts to sing the Pepsi commercial he heard on T.V. No speak English, she says to the child who is singing in the language that sounds like tin. No speak English, no speak English, and bubbles into tears. No, no, no, as if she can’t believe her ears. CISNEROS, S. No Speak English. In: The house on Mango Street. Vintage Books USA, 1991. Sandra Cisneros é uma escritora americana de ascendência mexicana. Em No speak English, a autora aborda desafios enfrentados por latinos que migram para os EUA, tais como A. a dificuldade de assimilação e inserção em uma nova cultura. B. a crise identitária de crianças criadas em lares multiculturais. C. o problema da violência doméstica em lares de imigrantes. D. o conflito entre pessoas de idades e culturas diferentes. E. a intolerância contra falantes de línguas estrangeiras. Alternativa A Resolução: A) CORRETA – Mamacita tem dificuldade para se encontrar no novo país. Sente falta de casa e recusa-se a falar inglês. Além disso, a ideia de que seu bebê esteja aprendendo a língua a atormenta. Isso evidencia sua dificuldade para assimilar e se inserir na cultura estadunidense. B) INCORRETA – No conto, o bebê não aparenta estar passando por nenhuma crise identitária. Pelo contrário: logo que começa a falar, ele se mostra bastante alinhado com a cultura local, cantando uma música em inglês que ouvira na TV. É justamente isso que aflige Mamacita. C) INCORRETA – Embora o homem perca a paciência com a nostalgia de Mamacita e trate-a de forma ríspida, não se pode afirmar que haja uma intenção autoral de apontar, por meio disso, a existência de violência doméstica sistêmica em lares de imigrantes. Essa alternativa, na verdade, pode ser considerada falaciosa, pois parte do evento pontual relatado no texto para descrever um grupo social inteiro. D) INCORRETA – Embora Mamacita e o homem sejam de idades diferentes (pois ela é mãe dele), ambos vêm do mesmo país, portanto têm a mesma cultura. Logo, o aspecto descrito na alternativa não se aplica ao texto. E) INCORRETA – Tanto Mamacita quanto o homem são falantes nativos do espanhol. O homem inclusive começa sua frase com “¡Ay, caray!”, que é uma interjeição castelhana que demonstra enfado. Portanto, o espanhol não é uma língua estrangeira para ele, o que invalida a alternativa. QUESTÃO 05 Election 2015: Tory inheritance tax plan “about values” Chancellor George Osborne has said Conservative plans to remove family homes worth up to £1m from inheritance tax “supports the basic human instinct to provide for your children”. It means more owners of homes in the UK would be able to pass them on to their children without paying tax. EYN3 The policy is likely to be at the centre of the Tory election manifesto, which will be launched next week. Labour said the Tories had promised such a move before and did not deliver. Deputy leader Harriet Harman contrasted the idea with Labour’s plan for a “mansion tax”, saying “people face a big choice”. “It’s becoming clearer and clearer as we get to the election how actually the Tories are helping a few people – and we want everybody to be better off,” she told BBC One’s Andrew Marr Show. The £1bn cost of the Conservative policy will be paid for by reducing tax relief on the pension contributions of people earning more than £150,000, says the party. Disponível em: <http://www.bbc.com/news/election-2015-32271505>. Acesso em: 12 dez. 2017. [Fragmento] A notícia anterior, publicada na época das eleições britânicas de 2015, aborda uma proposta que constituía a base da campanha do Partido Conservador. Essa proposta previa A. a cobrança de taxas sobre transmissões de imóveis familiares de qualquer valor. B. a redução dos valores pagos a pensionistas que recebem acima de 150 000 libras anuais. C. a isenção de impostos na transferência de imóveis de até um milhão de libras por motivo de herança. D. a elevação dos valores pagos pelo governo britânico àqueles que necessitam de auxílio-moradia. E. o aumento do valor dos impostos pagos sobre os planos de aposentadoria de funcionários públicos. Alternativa C Resolução: A) INCORRETA – A proposta dos Tories não contempla a cobrança de impostos sobre a transferência de imóveis de qualquer valor, mas sim, ao contrário, a isenção da cobrança sobre a transferência de imóveis cujo valor seja inferior a um milhão de libras esterlinas. B) INCORRETA – Na última frase do texto, lê-se o seguinte: “The £1bn cost of the Conservative policy will be paid for by reducing tax relief on the pension contributions of people earning more than £150,000, says the party”. Isso quer dizer que, para compensar o ônus aos cofres públicos causado pela mudança na taxação da transferência de imóveis, o Partido Conservador pretende reduzir a desoneração fiscal das contribuições ao fundo de pensões feitas por indivíduos cuja renda supera as 150 mil libras por ano. Com a redução dessas desonerações, os contribuintes passarão a pagar mais para o governo. Portanto, não se trata de reduzir o valor pago aos pensionistas, mas de aumentar o valor da contribuição dos futuros aposentados. C) CORRETA – Nos dois primeiros parágrafos do texto, explica-se que o plano do Partido Conservador é aumentar para um milhão de libras o valor máximo para que um imóvel seja isento do “imposto sobre herança” (inheritance tax). D) INCORRETA – O texto não faz referência a auxílios- -moradia, logo não é possível fazer a afirmação da alternativa D. E) INCORRETA – O texto não faz qualquer menção ao plano de aposentadoria de funcionários públicos britânicos, portanto a afirmação da alternativa não é cabível. ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Entrevista con Mario Benedetti Clárin: Hay un libro suyo que lleva por título La vida ese paréntesis [...] Y dentro de su paréntesis personal, ¿hay cosas de las que se arrepienta, algo que hubiera querido hacer de manera diferente? Mario Benedetti: Y sí, claro que sí, me he equivocado en muchas cosas. A veces me arrepiento de haber publicado un poema, no por cuestiones políticas, sino porque hoy lo veo y no creo que esté bien. Me he equivocado en haber publicado libros que todavía no estaban suficientemente maduros. Y en la vida misma también hay arrepentimientos. Hubiera deseado ser un joven más feliz, menos prejuicioso, menos ensimismado... También me arrepiento bastante de lo que fue mi actividad política, que en un momento fue muy intensa. Yo fui dirigente del Frente Amplio, pero a medida que iba pasando el tiempo advertí que no tenía la menor vocación para dirigente político, sí para militancia independiente, fuera del aparato partidario. Finalmente llegué a la conclusión de que podía tener una incidencia política mucho mayor a través de la literatura. Puede ser que me haya equivocado en muchas cosas, pero en lo que no me he equivocado es en mantener cierta coherencia política. A pesar de algunos errores circunstanciales, creo que volvería por el mismo camino aunque tal vez no con los mismos pasos, para no meter la pata. MARTINEZ, Ezequiel. Disponívelem: <http://edant.clarin.com/ diario/especiales/benedetti/nota1.htm>. Acesso em: 03 mar. 2015 (Adaptação). No trecho da entrevista ao jornal Clarín, o escritor e jornalista uruguaio Mario Benedetti afirma que se arrepende de ter A. escolhido as profissões de escritor e jornalista. B. provocado muitos prejuízos na juventude. C. publicado opiniões políticas em seus poemas. D. sido incoerente em suas concepções políticas. E. vivido momentos de intensa militância política. Alternativa E Resolução: No texto, Benedetti diz ter se arrependido de sua atividade política, pois percebeu com o tempo, que não tinha vocação para a militância partidária, e sim, para a militância independente por meio da literatura, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque no texto não há menção ao escritor ter se arrependido de sua atividade profissional. A alternativa B está incorreta porque ela explora a palavra “prejuicioso”, um falso cognato que em espanhol significa “preconceituoso”, de modo que o escritor declarou que gostaria de ter sido menos preconceituoso, e não que se arrepende de ter causado prejuízos na juventude. A alternativa C está incorreta, pois Benedetti acredita que sua vocação é a militância política por meio da literatura. Por fim, a alternativa D está incorreta porque o escritor afirma que manteve sua coerência política com apenas alguns erros circunstanciais. JRØD QUESTÃO 02 Retrato No tenía este rostro que tengo tan calmo, tan triste, tan magro, ni estos ojos tan vacíos, ni el labio amargo. No tenía estas manos sin fuerza, tan paradas, tan frías, tan muertas. No tenía este corazón que ni se muestra. Y no entiendo esta mudanza, tan simple, tan cierta, tan fácil. ¿En qué espejo se perdió mi rostro grácil? MEIRELES, C. Disponível em: <http://www.letrasenlinea.cl>. Acesso em: 24 out. 2017. Nesse poema de Cecília Meireles, o eu lírico faz um retrato de si próprio, A. comparando seu rosto com o de pessoas mais fortalecidas, que passaram pelas mesmas transformações. B. constatando as mudanças e transformações psicológicas e físicas pelas quais passou ao longo dos anos. C. compreendendo as mutações físicas e emocionais trazidas pelas experiências vivenciadas ao longo da vida. D. aceitando a fragilidade de seu corpo e o semblante magro e triste de seu rosto precocemente envelhecido. E. repudiando, assombrada, as transformações físicas e emocionais vivenciadas, perceptíveis em seu corpo e atitude. Alternativa E Resolução: O eu lírico do poema tem um posicionamento de repúdio e assombro diante das transformações que nota em seu corpo e em sua atitude, que podem ser percebidos na não aceitação constante de suas mudanças explicitadas nos trechos: “No tenía ...”, “Y no entiendo esta mudanza” e “¿En qué espejo se perdió mi rostro grácil?”. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico se compara a si mesmo no passado e não com outras pessoas. A alternativa B está incorreta porque o eu lírico faz um retrato de si próprio não constatando apenas, mas rejeitando as mudanças, com as quais se entristece. As alternativas C e D estão incorretas porque o eu lírico não aceita nem compreende sua transformação. QUESTÃO 03 Tareas diarias para mantener el orden en casa 1. Deja la cama hecha siempre antes de salir de casa. ¡Qué feo queda volver de trabajar y ver la cama revuelta! 2. Recoge la mesa después de cada comida, nada más terminar. No te recuestes en el sofá antes de hacer eso. Luchar contra la pereza es duro. 3. Recoge la cocina. No basta con recoger la mesa y dejar todos los platos en la cocina. El fregadero no es un contenedor. Así que rápidamente los platos al lavavajillas. TKH1 LONV LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO 4. Antes de salir de una habitación, si ya has terminado lo que estabas haciendo, echa un vistazo y recógela. 5. Dobla y guarda la ropa en los armarios, tanto la que has llevado puesta ya aireada como si recoges el tendedero. Si amontonas en una silla, la montaña crecerá. 6. Plantéate hacer una tarea de la casa al día. Poner una lavadora, planchas, limpiar el polvo, ir a la compra… Solo una por día para no acumularlas todas. [...] 7. Tira la basura. No la acumules. 8. Planifica las comidas del día siguiente. Dedica unos días a pensar qué comerás y cenarás al día siguiente. Mira el interior de tu nevera para ver qué corre el riesgo de estropearse en su interior y aprovéchalo. Disponível em: <http://www.micasarevista.com>. Acesso em: 26 jan. 2016. [Fragmento] Para manter a ordem em uma casa, algumas tarefas diárias são necessárias. Entre essas atividades, a autora do texto sugere A. realizar todas as tarefas em um único dia da semana para ter mais tempo livre. B. dobrar e empilhar as roupas em uma cadeira de maneira para que não fiquem espalhadas. C. recolher a mesa após as refeições mesmo que a louça não seja lavada no mesmo dia. D. guardar a vassoura e os demais materiais de limpeza para que não fiquem acumulados. E. planejar a alimentação do dia seguinte para que os alimentos não estraguem na geladeira. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, como pode ser confirmado no oitavo tópico do texto, o qual afirma que devemos planejar as refeições do dia seguinte e conferir a geladeira para não correr o risco de que algum alimento estrague. A alternativa A está incorreta porque as tarefas apresentadas devem ser realizadas escalonadamente. A alternativa B está incorreta, pois as roupas devem ser guardadas no armário, evitando colocá-las em uma cadeira para que não fiquem amontoadas. A alternativa C está incorreta, pois deve-se colocar a louça na lava-louça logo após tirar a mesa. A alternativa D está incorreta, pois o texto não se refere a materiais de limpeza e onde guardá-los. QUESTÃO 04 Chicos en las redes o cómo huir de los adultos Perfiles paralelos, lenguaje en código, identidades falsas: en Internet los adolescentes construyen un mundo propio y alejado de la mirada adulta. Daniela Lepiscope no entendía por qué cuando entraba al perfil que Valentina tiene en Instagram le aparecían en la pantalla comentarios y fotos que ella no reconocía como de su hija. “Es que le presté mi usuario a Paz y ella me prestó el suyo. Lo hicimos porque yo bardeo mejor”, fue la respuesta casi crítica de la adolescente de 12 años. “¿Bardeo mejor? Te dije que por las redes no quiero que insultes porque queda horrible”, le recordó Daniela. “Ay, má, bardear no es insultar. Es responder de forma sagaz”, retrucó. Además de prestarles su usuario a las amigas, donde adoptan la identidad – al menos virtual – de la otra, Valentina también le contó a su mamá que inventa perfiles de gente que no existe para llamar la atención de unos chicos que juegan al rugby y que cambia la contraseña de acceso a su perfil de Instagram y Snapchat casi a diario. Daniela la escucha con atención y trata de comprender un poco más acerca de ese universo que habita su hija en Internet y del que ella está prácticamente excluida. Disponível em: <http://www.elpais.com.uy>. Acesso em: 02 mar. 2017. [Fragmento] O texto evidencia o quão particular se tornou o universo dos jovens e adolescentes após o advento da Internet. Ao usar a estrutura “Ay, má, bardear no es insultar. Es responder de forma sagaz”, a filha mostra-se A. impaciente com a falta de conhecimento da mãe. B. irônica perante o desejo da mãe de criar um perfil. C. compreensiva com o interesse exposto pela mãe. D. surpresa com as limitações apresentadas pela mãe. E. orgulhosa por saber mais sobre a Internet que sua mãe. DSTQ ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, como pode ser confirmado na sexta linha do primeiro parágrafo: “responder de forma sagaz”, “retrucó”. O uso do verbo “retrucar” comprova a impaciênciada filha com o desconhecimento da mãe sobre o vocabulário referente à Internet e às redes sociais. A alternativa B está incorreta porque a mãe não manifesta desejo de ter um perfil, mas sim de compreender um pouco mais sobre o universo da filha. A alternativa C está incorreta, pois de acordo com o texto, a filha responde à mãe de forma ríspida nas duas ocasiões mencionadas no primeiro parágrafo. A alternativa D está incorreta, pois a filha não se mostra surpresa, mas sim impaciente e arredia ao interesse da mãe. A alternativa E está incorreta porque a filha não se vangloria por saber mais que a mãe em nenhum momento do texto. QUESTÃO 05 Las cosas El bastón, las monedas, el llavero, la dócil cerradura, las tardías notas que no leerán los pocos días que me quedan, los naipes y el tablero, un libro y en sus páginas la ajada violeta, monumento de una tarde sin duda inolvidable y ya olvidada, el rojo espejo occidental en que arde una ilusoria aurora. ¡Cuántas cosas, láminas, umbrales, atlas, copas, clavos, nos sirven como tácitos esclavos, ciegas y extrañamente sigilosas! Durarán más allá de nuestro olvido; no sabrán nunca que nos hemos ido. BORGES, J. L. Disponível em: <http://marcelosaraceno.tripod.com>. Acesso em: 16 jun. 2017. O poema de Jorge Luis Borges fala sobre diversas coisas e objetos. Nele, o foco do autor está direcionado para a(o) A. admiração causada por conseguirmos desapegar-nos de todos os bens materiais que adquirimos quando chegamos ao fim da vida. B. estranheza causada pelas pessoas que possuem muitas coisas sem verdadeira utilidade, visto que nada levaremos no momento da morte. C. assombro causado por possuirmos muitas coisas que têm significado e utilidade para nós, enquanto elas, por natureza, ignoram nossa existência. D. vaidade causada pela percepção de que nós, seres humanos, possuímos a crença egocêntrica de que temos direito sobre todas as coisas. E. ódio causado pela constatação de que somos mortais, enquanto todas as coisas e objetos dos quais nos servimos sobreviverão à nossa existência. Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois o foco do autor está direcionado para o assombro devido ao fato de que todas as diversas coisas que possuímos não têm a menor consciência de nossa existência. As alternativas A, D e E são incorretas porque não é possível afirmar com base no poema que o autor sinta admiração, vaidade ou ódio no tocante aos objetos e a nossa relação com eles. A alternativa B é incorreta porque não é possível afirmar que os objetos citados não tenham verdadeira utilidade. Além disso, o tom predominante do poema é de assombro e reflexão acerca da relação dos seres com os objetos. NMAD LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 A presidente do Conselho Federal de Fonoaudiologia, Thelma Costa, comentou o tema da redação do Enem de 2017 – “Desafios para a Formação Educacional de Surdos no Brasil”. Segundo ela, o assunto da inclusão deveria ser debatido por todos, inclusive porque o deficiente auditivo faz parte da comunidade escolar, como qualquer pessoa com deficiência. “Os desafios são vários, porque existe a questão da formação do professor. O aluno, seja surdo ou com qualquer deficiência, é colocado na sala de aula, mas não é incluído. É muito mais fácil incluir pessoas com deficiência física, mas com relação ao surdo, é preciso ter um intérprete e uma maneira diferente de dar aula. É um desafio”, disse. O preconceito existe, ainda, na própria pessoa com deficiência auditiva. “A primeira pergunta que ela faz é se o aparelho vai aparecer. Como se, desaparecendo o aparelho, desaparece o problema. Isso é preconceito da própria pessoa. E a gente pergunta: ‘Mas você usa óculos? Qual é a dificuldade e a diferença?’”, acrescentou a especialista. VERDÉLIO, A. Hoje em dia, 12 nov. 2017. [Fragmento adaptado] A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. No trecho “desaparece o problema”, há uma inadequação entre o verbo e o seu modo verbal, ao se considerar a oração anterior, pois a A. ideia de suposição deixa de ser realçada. B. noção de consequência se torna incoerente. C. certeza da conclusão da ação deixa de existir. D. ação passa a ser representada como habitual. E. realização da ação passa a acontecer no passado. Alternativa A Resolução: Analisando o período “Como se, desaparecendo o aparelho, desaparece o problema”, identifica-se a ideia de hipótese que se pretende imprimir, já que o problema desapareceria caso o aparelho não ficasse exposto. Essa ideia é registrada pelo conectivo “se”. Nesse sentido, o tempo verbal que se relaciona com o verbo da oração “desaparecendo o aparelho” – que também poderia ser redigida “quando desaparecer” ou “ao desparecer” – é o pretérito imperfeito do modo subjuntivo: “desaparecesse”. Da maneira que foi proferida a frase no texto, perde-se a ideia de suposição, a qual deveria ser realçada. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não há noção de consequência no texto, e sim conformidade, a qual denota suposição. A alternativa C está incorreta porque, mesmo grafando-se “desaparece” ou “desaparecesse”, ainda assim, não há certeza da conclusão da ação, já que ela ocorre num plano hipotético. A alternativa D está incorreta porque, mesmo que o tempo verbal de “desaparece”, presente do modo indicativo, possa denotar uma ação habitual, não há essa noção na frase, já que se trata de uma suposição. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, sendo uma ação hipotética, ela aconteceria no futuro. FQG8 QUESTÃO 07 Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 13 dez. 2017. É usual, na Internet, a apropriação de diferentes gêneros para a composição de um novo texto. No meme anterior, o humor é alcançado por meio de A. conectivo aditivo com valor semântico de conclusão. B. hipérbole na quantidade de amigos virtuais dos usuários. C. descrição da atitude de alguns usuários de redes sociais. D. surpresa da personagem com a quantidade de amigos virtuais. E. fusão da reação da personagem com a insatisfação no texto verbal. Alternativa E Resolução: No meme, o autor posiciona-se criticamente acerca do comportamento de alguns usuários em redes sociais, os quais seriam contraditórios ao dizer que “amigo a gente conta no dedo” – significando que são poucos os amigos – e marcar um número altíssimo de pessoas. Essa crítica é percebida por meio da combinação dos elementos verbais e não verbais do texto: respectivamente a descrição do que fazem alguns usuários e o semblante contrariado do homem, a personagem Seu Madruga, do seriado de TV Chaves. Portanto, está correta a alternativa E. As demais alternativas não interpretam corretamente o texto ou não apontam o elemento gerador de humor. A alternativa A está incorreta porque o conectivo aditivo “e” apresenta valor semântico de oposição. A alternativa B está incorreta porque, mesmo que haja hipérbole em “58 pessoas”, o humor do meme só é alcançado por meio da fusão dos elementos verbo-visuais. A alternativa C está incorreta porque somente a descrição da atitude de alguns internautas não gera humor no texto. Finalmente, a alternativa D está incorreta porque a expressão da personagem não representa surpresa pelo alto número de amigos, mas insatisfação com o comportamento contraditório dos usuários. QUESTÃO 08 Os rios, de tudo o que existe vivo, vivem a vida mais definida e clara; para os rios, viver vale se definir e definir viver com a língua da água. O rio corre; e assim viver para o rio vale não só ser corrido pelo tempo: o rio o corre; e pois que com sua água, viver vale suicidar-se, todo o tempo. MELO NETO, J. C. Disponível em: <http://amoraroxa.blogspot.com.br>. Acesso em: 14 dez. 2017. [Fragmento] OKXW HO3Q ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINONo penúltimo verso do fragmento anterior, as duas ocorrências do vocábulo “o” podem ser classificadas, respectivamente, quanto à classe gramatical como A. artigo definido e pronome relativo. B. artigo definido e pronome pessoal. C. pronome relativo e pronome relativo. D. pronome relativo e pronome pessoal. E. pronome pessoal e pronome pessoal. Alternativa B Resolução: No verso “o rio o corre; e pois que com sua água”, a primeira ocorrência do vocábulo “o” é classificada como artigo definido masculino, pois determina o substantivo masculino “rio”, antecedendo-o. Já a segunda ocorrência é classificada como pronome pessoal oblíquo, pois substitui o termo “tempo”, visto no verso anterior, assumindo função sintática de objeto direto. Portanto, a alternativa correta é a B. QUESTÃO 09 Os cientistas Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young ganharam na segunda-feira o Prêmio Nobel de Medicina de 2017 “por descobrirem os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano”, os fenômenos biológicos que ocorrem ritmicamente por volta da mesma hora do dia, como o sono. Suas descobertas, de acordo com o júri, explicam como as plantas, os animais e as pessoas sincronizam seus ritmos biológicos com as voltas do planeta Terra. Hall (Nova Iorque, 1945), Rosbash (Kansas City, 1944) e Young (Miami, 1949) utilizaram moscas da fruta em 1984 para isolar um gene que controla o ritmo biológico normal. Suas pesquisas mostraram que esse gene codifica uma proteína que se acumula nas células durante a noite e se degrada durante o dia, como detalha um comunicado do Instituto Karolinska de Estocolmo, responsável pela premiação. Depois, identificaram mais componentes do relógio interno, que também funciona nas células de outros organismos multicelulares, como os seres humanos. Disponível em: <https://brasil.elpais.com>. Acesso em: 13 dez. 2017. [Fragmento] Considerando as informações apresentadas, verifica-se que o excerto tem como um de seus objetivos A. mostrar a importância de um prêmio Nobel para a sociedade. B. explicar o projeto ganhador do Nobel de Medicina do ano 2017. C. exemplificar caminhos para o reconhecimento científico internacional. D. defender pesquisas e investimentos nas áreas medicinal e acadêmica. E. enaltecer os cientistas ganhadores para a valorização de conquistas pessoais. W336 Alternativa B Resolução: O texto jornalístico noticia quem são os ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2017, bem como qual projeto desenvolveram. Nesse sentido, dada a grande repercussão por trás da premiação anual, o texto, em especial o fragmento analisado, tem como objetivo explicar o projeto ganhador e sua relevância, uma vez que o público-alvo do veículo é constituído por pessoas cujo conhecimento acerca do tema é superficial. Assim, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto não aponta os supostos benefícios da premiação para a sociedade. A alternativa C está incorreta porque o texto não expõe maneiras de se adquirir reconhecimento científico internacional, mas explica e descreve o trabalho dos cientistas estadunidenses. A alternativa D está incorreta porque o texto foca apenas no projeto ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 2017, sem juízo de valor sobre pesquisas e investimentos nas áreas medicinal e acadêmica. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o texto não enaltece os cientistas ganhadores por causa de suas conquistas pessoais, mas por causa da contribuição do projeto para a sociedade. QUESTÃO 10 Vira e mexe o dinheiro toma na moleira: é o pai da desigualdade, mãe da injustiça, filho da ganância, irmão da discórdia, tio do ressentimento, primo (por afinidade) da desilusão. Mas ouso afirmar que há um outro ativo muito mais injusto, pernicioso e mal distribuído a fustigar nossa miserável humanidade: a beleza. A beleza é congênita, aleatória e não meritocrática. Num país minimamente igualitário (não me refiro ao Brasil, claro), um pobre que se esforce bastante tem chances de acabar rico. Já um bebê que vier ao mundo com nariz de Nosferatu, orelhas de Dumbo e dentição do Shrek vai morrer tão feio quanto nasceu. O estado de bem-estar social, a ONU, George Soros ou o Médicos Sem Fronteiras são impotentes diante do feio. O cineasta Luis Buñuel começa sua autobiografia dizendo que ao chegar aos 80 sentiu uma paz inédita. A partir dali, ao cruzar com uma mulher deslumbrante, seguia impávido: estava livre da beleza. Ao contrário do dinheiro que, durante o século XX, aos trancos e barrancos, aqui e ali, foi sendo mais bem distribuído, a beleza concentrou-se. Antes das revistas, do cinema, da televisão, da Internet, a mais bonita do vilarejo era a mais bonita do mundo. Cada cafundó tinha seu Brad Pitt, sua Gisele. Chineses se mediam pelos padrões chineses, Yanomami pelos padrões Yanomami, congoleses pelo congolês. Agora todo mundo é feio, só o Brad Pitt e a Gisele é que não. Pior, mesmo o Brad Pitt e a Gisele são vítimas do esteticismo selvagem: a cada dia que passa, a cada hora, a cada minuto, se afastam do Brad Pitt e da Gisele que foram. O rico velho, se souber aplicar o dinheiro, fica mais rico, mas não existe aplicação para a beleza. M6GB LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Aí vem o século XXI, império do Photoshop e chegamos à miséria absoluta. Até o ser humano considerado mais belo só será belo nas fotos, com filtro, na tela de um celular. Concentramos tanto a beleza que acabamos por extingui-la – o que não deixa de ser, de um modo estranho, certa forma de justiça. PRATA, A. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 13 nov. 2017. [Fragmento] No fragmento, o autor mistura fatos e opiniões para compor seu projeto argumentativo. A passagem em que o teor factual prevalece é: A. “A beleza é congênita, aleatória e não meritocrática.” B. “O estado de bem-estar social, a ONU, George Soros ou o Médicos Sem Fronteiras são impotentes diante do feio.” C. “A partir dali, ao cruzar com uma mulher deslumbrante, seguia impávido: estava livre da beleza.” D. “Antes das revistas, do cinema, da televisão, da Internet, a mais bonita do vilarejo era a mais bonita do mundo.” E. “Aí vem o século XXI, império do Photoshop e chegamos à miséria absoluta.” Alternativa C Resolução: Na passagem “A partir dali, ao cruzar com uma mulher deslumbrante, seguia impávido: estava livre da beleza”, o autor apenas relata o que leu na autobiografia do cineasta Luis Buñuel. Assim, não há juízo de valor, já que o fragmento não é opinativo, mas factual. A alternativa correta, então, é a C. Nas passagens das outras alternativas, o caráter opinativo do texto é preponderante, uma vez que o posicionamento do autor é marcado, principalmente, pelo uso dos verbos de ligação “é” e “são”, e dos adjetivos “congênita”, “impotente”, “bonita” e “absoluta”, entre outros. Dessa forma, a principal diferença entre os trechos das alternativas é que na C o autor não exprime sua opinião, já que usa as palavras de outrem em seu relato. QUESTÃO 11 Foi coisa tão nova e tão desusada aos olhos humanos a semelhança daquele fero e espantoso monstro marinho que nesta província se matou no ano de 1564, que ainda por muitas partes do mundo se tenha já notícia dele, não deixarei, todavia, de dar aqui outra vez de novo [...]. Era quinze palmos de comprido e semeado de cabelos pelo corpo, e no focinho tinha umas sedas mui grande como bigodes. Os índios da terra chamam em sua língua iupiara, que quer dizer demônio-d’água. Alguns como estes se viram já nestas partes, mas acham-se raramente. E assim também deve de haver outros muitos monstros de diversos pareceres, que no abismo desse largo e espantoso mar se escondem, de não menos estranheza e admiração; e tudo se pode crer por difícil que pareça; porque os segredos da natureza não foram revelados todos ao homem, para que com razão possonegar, e ter por impossível as coisas que não viu, nem de que nunca teve notícia. GÂNDAVO, P. M. História da província de Santa Cruz. São Paulo: Hedra, 2008. p. 117-119. 9P4D As primeiras cartas de viagem registraram a então Terra de Santa Cruz e seus habitantes por meio de relatos, muitas vezes, imaginários. Imagens de mitos de origem medieval ou clássica aparecem conjugadas com descrições de elementos provenientes da cultura indígena, o que possibilita acreditar que os A. interesses da Coroa portuguesa em receber informações objetivas foram relevados pelos escrivães, tão somente dedicados a descrever o comportamento grotesco dos nativos. B. viajantes escreveram por analogia ao associar o desconhecido a ideias que já faziam parte da tradição ocidental e sistematizaram, desse modo, o conhecimento sobre o Novo Mundo. C. registros são documentos inverídicos produzidos para denegrir as crenças dos nativos no anseio de deslegitimá-los perante os europeus e possibilitar a sua rápida extinção. D. habitantes nativos se comportavam de maneira muito semelhante aos povos estrangeiros, estando a cultura indígena e a cultura europeia associadas intimamente uma à outra. E. documentos pertencentes à literatura de viagem, inéditos até o início do século XX, foram modificados na publicação para se tornarem mais interessantes ao público leitor da época. Alternativa B Resolução: Os registros feitos ao longo das Grandes Navegações refletem as crenças dos europeus, que, muito religiosos e supersticiosos, projetavam suas tradições nos acontecimentos que não conseguiam explicar. Um exemplo no texto de Pero de Magalhães Gândavo é o nome dado à criatura misteriosa, “demônio”, num óbvio sincretismo com o cristianismo. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque no fragmento não há descrição dos hábitos dos indígenas, os quais também não são tidos como grotescos. A alternativa C está incorreta porque o texto carece de alteridade, no entanto não foi produzido com o intuito de denegrir a cultura indígena ou promover sua extinção. A alternativa D está incorreta porque os povos ameríndios e os europeus apresentavam e ainda apresentam diferenças em vários âmbitos sociais, políticos, culturais, religiosos. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque os textos não permaneceram inéditos nem foram modificados antes de sua publicação. QUESTÃO 12 Pesadão Vou reerguer o meu castelo Ferro e martelo Reconquistar o que eu perdi Eu sei que vão tentar me destruir Mas vou me reconstruir Vou ‘tá mais forte que antes Quando a maldade aqui passou E a tristeza fez abrigo Luz lá do céu me visitou EIHN ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO E fez morada em mim Quando o medo se apossou Trazendo guerra sem sentido A esperança aqui ficou Segue vibrando E me fez lutar para vencer LIMA, I.; FALCÃO, M.; BISPO, P. Pesadão. In: Pesadão. Download digital. Warner, 2017. [Fragmento] Na letra da canção, o verso que se inicia por conjunção que estabelece elo conectivo com a oração que o sucede é: A. “Mas vou me reconstruir”. B. “Quando a maldade aqui passou”. C. “E a tristeza fez abrigo”. D. “E fez morada em mim”. E. “E me fez lutar para vencer”. Alternativa B Resolução: Analisando a estruturação das orações na letra, vê-se que o verso da alternativa B faz parte do período “Quando a maldade aqui passou / e a tristeza fez abrigo”, relacionando-se, então, com a oração do verso seguinte por meio da conjução “quando”. Portanto, essa é a alternativa correta. Analisando esses mesmos versos, vê-se que a conjunção “e” em “E a tristeza fez abrigo”, na alternativa C, impõe sentido de adição com a oração anterior, por isso está incorreta. A alternativa A está incorreta porque a conjunção “mas” traz sentido de oposição à oração anterior: “Eu sei que vão tentar me destruir”. Já as alternativas D e E estão incorretas porque a conjunção “e” também traz sentido de adição com as orações anteriores, quais sejam, respectivamente, “Luz lá do céu me visitou” e “Segue vibrando”. QUESTÃO 13 TEXTO I Flores Olhei até ficar cansado De ver os meus olhos no espelho Chorei por ter despedaçado As flores que estão no canteiro Os pulsos e os punhos cortados E o resto do meu corpo inteiro. Há flores cobrindo o telhado E embaixo do meu travesseiro Há flores por todos os lados Há flores em tudo que eu vejo GAVIN, Charles; MIKLOS, Paulo; BRITTO, Sérgio; BELLOTTO, Tony. Flores. In: Titãs. Õ Blésq Blom. LP. WEA, 1989. [Fragmento] NBYA TEXTO II No intento de compreendermos melhor acerca desta organização, basta concluirmos que toda manifestação literária é fruto resultante da visão do homem de acordo com o mundo que o rodeia, que diz respeito ao conteúdo, ou seja, o produto artístico em si, materializado por meio de uma técnica e uma estilística próprias (forma). Partindo desse pressuposto, os gêneros literários, segundo a concepção aristotélica proposta na Grécia Antiga (384-322 a.C.), foram classificados em lírico, dramático e épico. Atualmente, como o gênero épico praticamente foi extinto, prefere-se dividi-los em lírico, dramático e narrativo [...], cada qual com suas características que lhes são peculiares [...]. DUARTE, V. M. N. Disponível em: <www.alunosonline.com.br>. Acesso em: nov. 2014 (Adaptação). Considerando o que o texto II expressa sobre os gêneros literários e as características da canção dos Titãs, o gênero do texto I envolve, principalmente, A tema ligado diretamente à representação de um acontecimento, envolvendo viagens, aventuras, gestos heroicos e exaltação de feitos. B presença de um narrador que conta uma história de terceiros, mostrando a história de um povo ou de uma nação. C narrativa informal, que capta flagrantes da vida com um toque de sarcasmo, apresentando uma história completa, com personagens, conflito e temporalidade. D manifestação de um eu lírico que se expressa por meio dos elementos que acabam tomando suas características. E conflitos dos homens e de seu mundo, expondo manifestações da miséria humana, com o intuito de serem dramatizadas em cena. Alternativa D Resolução: O texto I é a letra de uma canção da banda Titãs, portanto pode ser compreendido como um texto literário, uma vez que compartilha inúmeras características com textos poéticos. Nesse sentido, sendo representante do gênero lírico, a letra dá vazão aos sentimentos e impressões da voz poética em um texto permeado de linguagem figurada, cuja intenção não é retratar o mundo exterior, mas aquele íntimo e concernente apenas ao autor. Está correta, portanto, a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque o texto não representa acontecimento algum, apenas aquilo que sente o eu lírico. A alternativa B está incorreta porque não há narrador no texto, mas sim um eu lírico, o qual não conta história de outrem. A alternativa C está incorreta porque, novamente, não se trata de uma narração, mas de um texto lírico. A alternativa E, por fim, está incorreta porque o texto não trata de sentimentos universais ao ser humano, mas de percepções íntimas da voz poética. LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 14 Atualmente a população e os órgãos públicos têm exercido um papel fundamental na construção de uma sociedade sustentável, entendendo a importância da sustentabilidade e pressionando as organizações a se posicionarem perante as ações de sustentabilidade empresarial. Muitas organizações não aderem a projetos sustentáveis devido à delonga do retorno financeiro, porém esse cenário está mudando, as empresas estão repensando seus valores e, para Elson Aparecido dos Santos, Coordenador de Utilidades na Unilever e pós-graduado em Gestão da Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa na Unicamp, “as iniciativas com o viés de sustentabilidade estão sendo colocadas como prioridade independentedo benefício financeiro. Isso certamente será uma tendência por conta do grande momento que vivemos e dos compromissos assumidos pelos governantes do mundo para reduzir os impactos ambientas, mantendo o crescimento da economia”. Com essa evolução vemos que as organizações de origem privada e pública precisam tornar visíveis os projetos de sustentabilidade nos quais estão engajadas para que essas ações gerem credibilidade significativa frente à opinião pública. MIOTO, D.; MUNIZ, S. Disponível em: <https://portal.metodista.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento] Com base na argumentação construída, o texto apresenta uma proposta de intervenção para o problema da sustentabilidade nas organizações, que consiste em A. proporcionar transparência para os projetos de sustentabilidade. B. associar a sustentabilidade ao lucro para atrair as organizações. C. possibilitar a evolução das empresas para justificar os projetos. D. mobilizar a opinião pública em favor das empresas privadas. E. fomentar as parcerias entre empresas públicas e privadas. Alternativa A Resolução: Após apresentarem o problema de muitas organizações que não aderiram a projetos sustentáveis devido aos valores da empreitada, no último parágrafo os autores propõem como solução que as organizações de origem privada e pública deem visibilidade aos projetos de sustentabilidade para que essas ações gerem credibilidade significativa frente à opinião pública. Está correta, portanto, a alternativa A. A associação da sustentabilidade ao lucro para atrair as organizações, proposta em B, está incorreta porque a argumentação se desenvolve em torno de modificar os valores das empresas que somente esperam o lucro para uma visão sustentável. A alternativa C está incorreta porque a solução proposta também não consiste em possibilitar a evolução das empresas para justificar o projeto, mas sim em proporcionar visibilidade para eles. Não há indícios no texto que permitam a inferência de uma mobilização da opinião pública em favor das empresas privadas, e sim em favor da sustentabilidade, o que torna incorreta a alternativa D. Por fim, embora sejam citadas as empresas públicas e privadas, não se propõe parceria alguma entre elas, o que invalida a alternativa E. FF45 QUESTÃO 15 Reza a metáfora que, se você joga o sapo na água fervendo, ele pula fora, mas se você joga na água fria e vai esquentando a água aos poucos, ele não percebe e morre cozido. Pura lenda urbana (na verdade, rural – dificilmente você encontrará sapos pra ferver na cidade). Recentemente, biólogos fizeram o teste e descobriram que o sapo, ao perceber que está virando caldo, pula fora da panela, estragando ao mesmo tempo a sopa e a metáfora. Malditos biólogos. Que obsessão em estragar metáforas. A parábola servia muito bem para explicar um fenômeno tão comum quanto difícil de entender: por que as pessoas demoram tanto a pular fora de casamentos falidos, empregos deprimentes e governos autoritários. O ser humano demora pra perceber que a água está fervendo – e inventou a metáfora do sapo, coitado, logo ele que é tão melhor que a gente na sensibilidade à fervura. Seria mais justo se os sapos usassem, entre eles, a metáfora do humano. A água está esquentando, pessoal. E tem sapo achando que é jacuzzi. DUVIVIER, G. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 13 nov. 2017. [Fragmento] No fragmento anterior, a partir da análise das tipologias textuais que o compõem, identifica-se como objetivo comunicativo central do autor A. defender um ponto de vista crítico sobre a lenta percepção das sociedades. B. descrever o contexto social atual que ilustra a parábola acerca dos sapos. C. expor a recente pesquisa científica que derrubou a metáfora dos sapos. D. relatar uma já superada crença popular acerca do comportamento dos sapos. E. sugerir que os brasileiros devem ser mais perspicazes ao tomarem decisões. Alternativa A Resolução: O texto apresenta caráter dissertativo- -argumentativo, assim o objetivo central do autor é a exposição de um fato ou ideia e a defesa de um ponto de vista. No trecho “A parábola servia muito bem para explicar um fenômeno tão comum quanto difícil de entender: por que as pessoas demoram tanto a pular fora de casamentos falidos, empregos deprimentes e governos autoritários. O ser humano demora pra perceber que a água está fervendo”, o autor se posiciona a respeito da percepção das pessoas nas sociedades, afirmando que elas, como o sapo da metáfora, demoram a assumir que as coisas andam ruins – ou mesmo nunca assumem. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não há descrição de contexto social algum no fragmento, mas a exposição de situações análogas à parábola do sapo, segundo o autor: “casamentos falidos, empregos deprimentes e governos autoritários”. A alternativa C está incorreta porque o texto se limita a mencionar a pesquisa de biólogos que comprovam que os sapos pulam fora da panela ao perceberem que a temperatura da água está esquentando. A alternativa D está incorreta porque o texto não afirma que a parábola dos sapos já é compreendida como falsa pela população em geral. P9LS ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque o autor sugere, na verdade, que os brasileiros tenham mais iniciativa para reagir a situações desfavoráveis, e não na tomada de decisões. QUESTÃO 16 IAT, a sigla inglesa para Teste de Associação Implícita, é o nome da técnica que revolucionou os estudos sobre o preconceito. Ao avaliar a facilidade com que associamos categorias como negros, gays, gordos, velhos etc. a conceitos positivos e negativos, ela permite não apenas acessar o inconsciente como também medir nosso grau de preconceito implícito, isto é, aquele que não admitimos nem para nós mesmos. E o que o IAT revela sobre o preconceito contra idosos? Há na discriminação etária um par de paradoxos bem intrigantes. Para começar, há a constatação de que, apesar de não se ter notícia de discursos de ódio ou mesmo de hostilidades sistemáticas contra idosos, o preconceito em relação a esse grupo é forte e disseminado. Quando medido pelo IAT, apenas 6% dos norte-americanos associam a velhice a algo positivo, contra 80% que relacionam juventude ao bem. Esse mesmo fenômeno aparece também em sociedades asiáticas, onde o respeito pelos mais idosos é tido como traço cultural marcante. Mais interessante ainda, os próprios idosos exibem, pelo IAT, níveis de preconceito contra os mais velhos semelhantes aos demonstrados por jovens, diferentemente do que ocorre com outras discriminações. A dissonância cognitiva se resolve quando usamos o IAT para avaliar como os idosos veem a si mesmos. O resultado, surpreendente, é que tanto jovens quanto idosos associam automaticamente seu eu com juventude, e não com velhice. Para os nossos cérebros, velho é só o outro. Seria o segredo da juventude eterna, se o corpo acompanhasse os desejos do cérebro e não fosse parando de funcionar direito. SCHWARTSMAN, H. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2017. [Fragmento adaptado] Textos opinativos valem-se de estratégias dissertativas diversas visando ao convencimento. No artigo, a apresentação de dados científicos corrobora a ideia de que a(o) A. discriminação contra idosos funciona de forma similar a qualquer outro tipo de preconceito. B. segredo da juventude eterna pode ser descoberto com a ajuda da pesquisa divulgada. C. Teste de Associação Implícita permite quantificar o grau de preconceito inconsciente. D. população estadunidense entende o envelhecimento de forma diferente da asiática. E. preconceito etário se manifesta de forma contraditória nos resultados encontrados. Alternativa E Resolução: No texto, a exposição do resultado de pesquisas e estudos serve para corroborara ideia de que existe um preconceito velado contra idosos, o qual não é percebido na sociedade como aquele contra outras categorias. Isso pode ser comprovado, por exemplo, no seguinte trecho: “há a constatação de que, apesar de não se ter notícia de discursos de ódio ou mesmo de hostilidades sistemáticas contra idosos, o preconceito em relação a esse grupo é forte e disseminado”. A alternativa correta, portanto, é a E. HDRN A alternativa A está incorreta porque apresenta uma afirmação que não se pode inferir do conteúdo do texto, já que o preconceito etário, embora forte e disseminado, não se revela por discursos de ódio ou manifestações de hostilidade. A alternativa B está incorreta porque, quando menciona o segredo da juventude eterna, o autor está, na verdade, sugerindo que ele só existiria se o corpo acompanhasse os desejos do cérebro, diferentemente do que foi encontrado na pesquisa. A alternativa C está incorreta porque apresenta uma descrição do Teste de Associação Implícita, e não o resultado da exposição dos dados encontrados por ele. Finalmente, a alternativa D está incorreta porque também apresenta uma afirmação não encontrada no texto, o qual diz justamente o contrário, que o fenômeno do preconceito etário também foi identificado em sociedades asiáticas pelo IAT. QUESTÃO 17 Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal! VIEIRA, A. Sermão de Santo Antonio. Disponível em: <http://www. bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 29 dez. 2017. Para convencer seus leitores e ouvintes, Antonio Vieira parte do raciocínio lógico em vez do apelo à emoção. No texto, o autor cria uma alegoria para A. analisar o comportamento de ouvintes corruptores do sal da terra. B. reiterar o papel do homem diante das provações do Novo Mundo. C. orientar sacerdotes renunciadores da vocação cristã da pregação. D. sintetizar a doutrina cristã segundo os interesses dos colonos. E. explicar o dever dos pregadores e dos ouvintes dos sermões. Alternativa E Resolução: No texto, Padre António Vieira cria uma alegoria em que os pregadores são representados pelo sal da terra, e os ouvintes, pela terra. Assim, segundo o fragmento do Sermão de Santo António, os pregadores têm o mesmo dever do sal, que “impede a corrupção” da terra, ou seja, eles devem pregar verdadeiramente a doutrina cristã. Já a terra deve se deixar salgar, isto é, os ouvintes devem receber e seguir a doutrina. 9HXI LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque, de acordo com o texto, o sal da terra não é corrompido, mas, na verdade, é quem impede a corrupção do solo, e é o pregador que impede a corrupção do ouvinte. A alternativa B está incorreta porque, embora seja tratado o fato de que os ouvintes devem receber a doutrina cristã, comportando-se de acordo com os preceitos da religião, não há menção à América portuguesa. A alternativa C está incorreta porque o fragmento não tem a intenção de orientar ex-pregadores, mas de convencer pregadores e ouvintes a seguirem a doutrina cristã. Finalmente, a alternativa D está incorreta porque no texto não há defesa dos interesses dos colonos; na verdade, no Sermão de Santo António, o autor critica os colonos portugueses pela exploração dos índios. QUESTÃO 18 A obsessão do Estado em controlar todos os comportamentos dos cidadãos tem como resultado um enfraquecimento da responsabilidade moral e cívica dos mesmos. A lei deveria ser o último recurso – depois da educação, da ética, da negociação e do compromisso entre os indivíduos. É agora o primeiro recurso. Assino por baixo. Entendo que a sociedade moderna não se pode resumir aos Dez Mandamentos que Moisés trouxe do Sinai. E muitos comportamentos que os nossos antepassados consideravam “normais” – violência doméstica, por exemplo – são hoje punidos como crimes públicos (e ainda bem). Mas como garantir que outros comportamentos normais (agora sem aspas) não serão apanhados pela rede da sobrecriminalização? Imagino potenciais crimes que os filhos dos nossos filhos terão receio de cometer: Crime de ódio privado: qualquer cidadão que expresse preconceitos raciais, sexuais, culturais ou religiosos em privado poderá conhecer denúncia se alguma testemunha entender fazê-lo. Com a evolução tecnológica, os apartamentos serão obrigatoriamente equipados com sensores antiódio, bastante semelhantes aos sensores antifumo, diretamente conectados com a delegacia do bairro. Crime de envelhecimento público: com os avanços da Medicina, será intolerável que um cidadão recuse tratamentos / cirurgias para ocultar / reverter o seu processo de envelhecimento, exibindo em público as marcas da decadência física e / ou neurológica. A imposição da velhice à sociedade será equiparada a um ato obsceno. COUTINHO, J. P. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 09 dez. 2017. [Fragmento adaptado] O planejamento argumentativo requer a estruturação de um projeto de texto que tenha como intenção a persuasão do interlocutor. No texto, de forma irônica, esse projeto argumentativo tem por objetivo central criticar o(a) JBE5 A. caráter absurdo das leis que serão criadas no país num futuro próximo. B. existência de leis que controlam o cidadão a despeito de sua vontade. C. criminalização preocupante que os comportamentos civis têm sofrido. D. excesso de leis desnecessárias que têm sido criadas nos dias atuais. E. endurecimento da responsabilidade moral e cívica dos cidadãos. Alternativa C Resolução: Logo no primeiro parágrafo do fragmento em análise, o autor expõe seu posicionamento, permitindo entrever suas críticas à ação do Estado em, por meio de leis, cercear comportamentos civis tidos como normais. Ainda que ele entenda que a sociedade esteja mudando, ele expressa sua preocupação com a possibilidade de, no futuro, essa prática do Estado se tornar invasiva. Para tal, ele cita, de forma irônica, crimes hipotéticos num futuro próximo. Assim, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque as leis que o autor cita são hipotéticas e intencionalmente absurdas para corroborar sua crítica. A alternativa B está incorreta porque não há no fragmento crítica a leis contrárias à vontade dos cidadãos. A alternativa D está incorreta porque a crítica do autor relaciona-se ao fato de o Estado primeiro criar a lei, quando deveria, antes, educar e conscientizar a população; portanto ele não afirma serem as leis desnecessárias, mas precipitadas. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, segundo o autor, o controle excessivo do Estado, na verdade, causa “um enfraquecimento da responsabilidade moral e cívica” dos cidadãos. QUESTÃO 19 E vós, ó bem nascida segurança Da Lusitana antiga liberdade, E não menos certíssima esperança De aumento da pequena Cristandade; Vós, ó novo temor da Maura lança, Maravilha fatal da nossa idade, Dada ao mundopor Deus, que todo o mande, Pera do mundo a Deus dar parte grande; [...] Vereis amor da pátria, não movido De prêmio vil, mas alto e quase eterno; Que não é prêmio vil ser conhecido Por um pregão do ninho meu paterno. Ouvi: vereis o nome engrandecido Daqueles de quem sois senhor superno, E julgareis qual é mais excelente, Se ser do mundo Rei, se de tal gente. YQEL ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Ouvi: que não vereis com vãs façanhas, Fantásticas, fingidas, mentirosas, Louvar os vossos, como nas estranhas Musas, de engrandecer-se desejosas: As verdadeiras vossas são tamanhas, Que excedem as sonhadas, fabulosas, Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro, E Orlando, inda que fora verdadeiro. CAMÕES. L. V. Os Lusíadas. Disponível em: <http://www. dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 26 dez. 2017. [Fragmento] As estrofes anteriores do poema épico Os Lusíadas consistem na parte em que o poeta o dedica a D. Sebastião, rei de incontestável importância para a nação portuguesa e para o cristianismo. Identificam-se aspectos da dedicatória na A. esperança de liberdade expressa pelo povo português, representado no texto pela voz poética. B. ameaça feita diretamente aos povos mouros – “a Maura lança” – em nome do deus dos católicos. C. atitude de louvor e de humildade do eu lírico e na evidência de que o texto trata de fatos históricos. D. interlocução da voz poética com as Musas, a quem pede bênçãos para as futuras façanhas do Rei. E. lealdade à pátria manifestada pelo eu lírico, o qual a demonstra sem esperar qualquer tipo de prêmio. Alternativa C Resolução: Na primeira estrofe do fragmento exposto, veem-se louvores do poeta ao rei D. Sebastião, a quem é dedicado o poema. São louvadas a ascendência do rei e sua representação para a difusão da fé cristã e para a independência portuguesa dos mouros. Na estrofe seguinte, há uma demonstração, perante o rei, da humildade do poeta, que modestamente considera seu poema “um pregão do ninho meu paterno”. Por sua vez, na terceira estrofe, ao enaltecer os atos do rei, o poeta ressalta que seu poema trata de fatos históricos, ou seja, reais, não de lendas ou fantasias. Assim, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque, ainda que o poeta possa estar representando a nação portuguesa, não é isso que caracteriza a dedicatória de um poema épico, a qual deve sinalizar a quem são dedicados os versos. A alternativa B está incorreta porque não há uma ameaça explícita aos mouros, mas a declaração de que D. Sebastião será capaz de derrotá-los. A alternativa D está incorreta porque o eu lírico não se dirige às musas, o que, aliás, acomodaria as estrofes na parte da invocação. Na verdade, as musas são citadas para reforçar o fato de que o texto tratará de matéria real. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, por mais que o eu lírico manifeste indiretamente lealdade a Portugal, não é esse o aspecto que define a dedicatória de um poema épico. Além disso, o prêmio recusado é decorrente do seu texto, não de seu patriotismo. QUESTÃO 20 ALEIJADINHO. O carregamento da cruz. 1796-1799. 208 × 114 × 65 cm. Madeira policromada. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Brasil. Na escultura anterior, de Aleijadinho, identifica-se a característica barroca da A. abordagem de passagem bíblica polêmica, que contesta a contrarreforma. B. expressão corporal, que revela emoções intensas e limite físico humano. C. representação de figuras bíblicas, que valoriza o poder econômico local. D. harmonia das dimensões, que remete às obras do período clássico. E. interpretação pessoal do artista, que demonstra liberdade estética. Alternativa B Resolução: Uma característica recorrente nas esculturas barrocas é o apelo à emoção para sensibilizar os espectadores, dado o contexto da Contrarreforma. Assim, na obra de Aleijadinho, vê-se a representação de Jesus Cristo como uma figura humana, que sofre pela dor causada pelo carregamento da cruz e que demonstra fraqueza física pelo esforço empreendido, como descrito na alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o Barroco opunha-se à Reforma Protestante; assim, não pode contestar a si mesmo. A alternativa C está incorreta porque a representação de figuras bíblicas relacionava-se, na verdade, ao poder socio- -cultural da Igreja. A alternativa D está incorreta porque as obras de Aleijadinho não eram inspiradas nas obras clássicas, já que tinham como características expressividade intensa, queixo dividido, nariz alongado, olhos amendoados e com pupilas planas, boca entreaberta, entre outros. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, ainda que Aleijadinho apresentasse características únicas com relação ao Barroco, a interpretação do autor não é livre da estética desse movimento, haja vista o conteúdo da obra e o apelo emocional imposto a ela. QUKG LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 21 TEXTO I ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO – Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida. – é de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe neste latifúndio. – Não é cova grande. é cova medida, é a terra que querias ver dividida. MELO NETO, J. C. Morte e vida severina. Disponível em: <http://triplov.com>. Acesso em: 04 nov. 2015. [Fragmento] TEXTO II LATUFF. Disponível em: <https://latuffcartoons.wordpress.com>. Acesso em: 04 nov. 2015. O texto I é um fragmento de Morte e vida severina, obra que trata da condição de vida dos habitantes do Sertão nordestino. Comparando-o ao texto II, observa-se que há uma relação de A. complementação, pois o texto II mostra que o problema abordado no texto I foi resolvido. B. contraste, pois o texto II trata da questão indígena, e não do retirante nordestino. C. oposição, pois o texto II aborda a questão defendendo a perspectiva da bancada ruralista. D. redundância, pois ambos os textos retratam a miséria dos índios e dos nordestinos. E. semelhança, pois ambos criticam o problema da concentração de terras no Brasil. CC8I Alternativa E Resolução: O texto I, fragmento do famoso poema de João Cabral de Melo Neto, condena as circunstâncias em que vivem os trabalhadores do Sertão, habitantes de uma terra de difícil cultivo e oprimidos pelo sistema latifundiário. No texto II, charge de Latuff, vê-se um latifundiário demarcando as terras indígenas com covas, sugerindo que muitos deles serão mortos em consequência da PEC 215. Nesse sentido, vê-se que ambos os textos criticam, cada um à sua maneira, a concentração de terras no Brasil, a qual provoca diferentes problemas sociais no país. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta porque o texto II não expõe a resolução do problema, mas, de forma irônica, diz o que poderia acontecer com a aprovação da PEC em pauta. As alternativas B e C estão incorretas porque os textos não se opõem. Já a alternativa D está incorreta porque cada texto lida com um estrato da população: o texto I trata dos sertanejos, e o texto II, dos índios. QUESTÃO 22 A imprensa foi pródiga em elogios ao anúncio das bodas entre o príncipe Harry e a atriz americana Meghan Markle. Como a futura duquesa de Sussex, além de estrangeira e plebeia, é filha de negra e divorciada, a interpretação prevalecente é a de que a conservadora monarquia inglesa está se modernizando e se adaptando aos novos tempos. A monarquia é, a meu ver, um dos mais chocantes paradoxos da modernidade. Como é que, em pleno século XXI, no qual a igualdade se tornou um dos principais objetivos perseguidos tanto no campo econômico como no político, algumas das mais avançadas sociedades do planeta, como Reino Unido, Holanda, Suécia, Noruega, ainda mantêm uma instituição que tem comoponto de partida a distinção jurídica entre nobres e plebeus? Não só a mantêm como ainda pagam para sustentá-la. E é até mais grave do que parece. Se, no plano da economia, ainda dá para argumentar que é preciso permitir alguma desigualdade – quem produz mais ou tem melhores ideias ganha mais – para assegurar o dinamismo do mercado e estimular o crescimento, nada parecido ocorre na política. Não vejo aqui nenhum raciocínio para justificar que um grupo de pessoas, apenas por ter nascido numa família, goze de um estatuto jurídico diferente daquele conferido ao restante dos cidadãos. Num mundo um pouco mais racional, a discussão não seria em torno de a monarquia estar ou não se modernizando, mas sim sobre a extinção desse fóssil institucional. Acredito, porém, que nosso essencialismo inato, somado a alguns milênios de propaganda pró-monárquica, em que príncipes e princesas são sempre retratados como heróis, nos fizeram perder a cabeça. SCHWARTSMAN, H. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 09 dez. 2017. [Fragmento] 5GED ENEM – VOL. 3 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O artigo alude à repercussão midiática de um casamento na família real britânica para, então, defender um ponto de vista mais amplo. O trecho do texto que explicita a tese endossada pelo autor é: A. “a interpretação prevalecente é a de que a conservadora monarquia inglesa está se modernizando e se adaptando aos novos tempos.” B. “algumas das mais avançadas sociedades do planeta [...] ainda mantêm uma instituição que tem como ponto de partida a distinção jurídica entre nobres e plebeus?” C. “Se, no plano da economia, ainda dá para argumentar que é preciso permitir alguma desigualdade [...], nada parecido ocorre na política.” D. “Não vejo aqui nenhum raciocínio para justificar que um grupo de pessoas [...] goze de um estatuto jurídico diferente daquele conferido ao restante dos cidadãos.” E. “Acredito, porém, que nosso essencialismo inato somado a alguns milênios de propaganda pró- -monárquica [...] nos fizeram perder a cabeça.” Alternativa D Resolução: O ponto de vista defendido pelo autor em seu texto é o fim das monarquias, dado o contexto sociopolítico atual do mundo. Assim, ao longo do texto são defendidos argumentos que justificariam a extinção dessa forma de governo, como a injusta distinção jurídica entre nobres e plebeus. Portanto, o trecho que explicita e sintetiza a tese do autor é visto na alternativa D, “Não vejo aqui nenhum raciocínio para justificar que um grupo de pessoas [...] goze de um estatuto jurídico diferente daquele conferido ao restante dos cidadãos”, em que ele marca sua opinião desfavorável às monarquias. A alternativa A está incorreta porque apresenta uma contextualização do assunto, numa afirmação que será contraposta nos parágrafos de desenvolvimento do texto. A alternativa B está incorreta porque é um questionamento feito pelo autor para corroborar seu ponto de vista. A alternativa C está incorreta porque também expõe um argumento. Por fim, a alternativa E está incorreta porque é a conclusão das ideias expostas. QUESTÃO 23 Conversei recentemente com minha obstetra sobre a hora do parto. Não quero que seja meu corpo a decidir que nenêx está pronto e sim que seja nenêx a decidir que é chegada a hora de liberar minhas costelas de tamanha dor. Ela me garantiu que essa é uma decisão muito mais de nenêx do que minha. Que alívio. A natureza, em sua sabedoria esplêndida, já era hipster millennial quando inventou o parto. Difícil registrar criança sem saber se criança quer ter a existência documentada. Por isso deixarei em aberto seu nascimento até que criança me diga: eu. Ou melhor: estou. Enquanto criança não aceitar que vive neste planeta, não forçarei a barra. Exame do pezinho: pularei. Quando puder caminhar assertivamente, o próprio pezinho decidirá se deseja ser examinado. Banho, vulgo invasão de um corpo por estranhos: só darei se recém-nascidx for ao encontro da água. KVDT Fico na dúvida sobre trazer filhx pra casa. Filhx já sabe se quer morar comigo? Aceita a limitação de um quarto, uma família composta por dois gêneros, uma cidade? Quer ser brasileiro? Quer ouvir o ensaio de carnaval da PUC? Muito complicado dar à luz pequerruchx descendente que ainda não decidiu se quer descender de mim e pode muito bem preferir o escurinho. BERNARDI, T. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 09 dez. 2017. [Fragmento] A tese de um texto opinativo não está sempre explícita num único fragmento, sendo depreendida de sua leitura global. Nesse sentido, a crítica da crônica dirige-se A. ao questionamento educativo de um futuro próximo. B. à insegurança materna quanto a como criar seus filhos. C. ao comportamento pouco interventivo dos pais hipsters. D. ao dilema das mães contemporâneas sobre sua gravidez. E. à fluidez atual na atribuição de gênero a crianças millennial. Alternativa C Resolução: No primeiro parágrafo, em seu relato, a autora demonstra comportamento pouco interventivo em relação ao parto de seu bebê, expondo, ainda, que essa seria uma atitude hipster. Ao longo do texto, a autora enumera outras atitudes que não pretende tomar para não limitar a liberdade da criança, no entanto, o exagero proposital que ela impõe a essas ideias revelam sua crítica a pais e mães que incumbem os filhos de tomarem decisões importantes para suas vidas, mesmo sendo tão novos. Assim, sua crítica central está voltada para pais que criam seus filhos de forma pouco interventiva, aos quais ela chama de hipsters, como indicado na alternativa C. A alternativa A está incorreta porque o questionamento acerca de um método de criação das crianças acontece de forma irônica, estando a crítica do texto voltada, na verdade, para a atitude dos pais que o seguem. Além disso, esse método não é futuro, mas presente, pois muitas famílias já adotam práticas, como a de permitir que os filhos tomem decisões a respeito de sua criação. A alternativa B está incorreta porque a crítica tem como alvo pais que, segundo a autora, adotam métodos inadequados para criar seus filhos, e não mães que não sabem criá-los. A alternativa D está incorreta porque as dúvidas e decisões expostas no texto não representam dilemas das mães contemporâneas em geral, mas apenas daquelas consideradas hipsters pela autora. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, quando a autora usa termos neutros para se referir à criança – “nenêx”, “filhx”, “pequerruchx” –, ela o faz de forma irônica, empregando o vocabulário dos hipsters, os verdadeiros alvos das críticas. QUESTÃO 24 Alegres campos, verdes arvoredos, claras e frescas águas de cristal, que em vós os debuxais1 ao natural, discorrendo da altura dos rochedos; 6E1V LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 3 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual, sabei que, sem licença de meu mal, já não podeis fazer meus olhos ledos2. E, pois me já não vedes como vistes, não me alegrem verduras deleitosas, nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, regando-vos com lágrimas saudosas, e nascerão saudades de meu bem. CAMÕES, L. V. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 22 nov. 2017. 1 rascunhais, esboçais, delineais. 2 contente, alegre, feliz. A lírica de Camões é vista como uma composição literária inovadora, sofisticada e erudita. Em contrapartida, ela traz em seu bojo vestígios das raízes medievais. No soneto anterior, destaca-se, como característica das cantigas trovadorescas, o(a) A. abandono à natureza ser justificado pela vivência de um amor profundo. B. mulher casta e idealizada ser comparada aos elementos da natureza. C. natureza ser o espaço de diálogo do sujeito poético consigo mesmo. D. eu lírico manifestar prudência ao resguardar a identidade da dama. E. homem
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