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Resumo - Esporte e Mídia

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Resumo - Esporte e Mídia
Esporte Espetáculo da Mídia
Há algumas décadas, as tecnologias eletrônicas de comunicação vêm expandindo seu acesso a população, atingindo um número maior de pessoas, devido os seus avanços tecnológicos. As redes de televisão investem milhões para assinaturas com direitos de transmissão de eventos esportivos.
Como exemplo, citamos a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol),
que anunciou o valor mínimo de US$ 1,4 bilhão (R$ 4,4 bilhão em média) para a comercialização de seus torneios entre os anos de 2019 e 2022. Isso representa mais que o dobro do contrato até 2018, o principal torneio da Conmebol é a Copa Libertadores de Futebol Masculino.
As transmissões por televisão dos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol
Masculino da Série A geram o custo de R$ 550 milhões para o Esporte Interativo
pago aos clubes que tem sob contrato de transmissão de jogos em TV fechada e R$ 600 milhões é o valor desembolsado pelo Grupo Globo com os clubes que terá sob
contrato a partir de 2019. Os contratos têm duração de seis temporadas. Outros
R$ 500 milhões investiu a Globo em contratos referentes a outras plataformas,
como TV aberta e pay per view.
Outro aspecto que revela a importância dada aos Esportes é a quantidade de
transmissões esportivas na TV brasileira, com canais fechados especializados no tema (SporTV, ESPN, Fox Sports, Bandsports e Esporte Interativo), como também grandes redes com canais abertos, que dão destaque aos Esportes: Rede Globo, Rede Bandeirantes, RedeTV, RecordTV, SBT, TV Esporte Interativo e TV Brasil.
Saindo do Brasil, para demonstrar a importância dada ao Esporte, do ponto de
vista mercadológico, a transmissão do Super Bowl, que é a final do campeonato
da NFL, principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, configurado como maior evento esportivo e de maior audiência televisiva do país, também apresenta
a publicidade mais cara da televisão mundial.
Em 2017, mais de 200 milhões de pessoas assistiram à partida ao vivo, uma
cadeira para assistir à partida no estádio ficou, em média, US$ 5,6 mil, e um
simples anúncio de 30 segundos veiculado no intervalo da partida foi avaliado em US$ 5 milhões.!
O termo “mídia” surge a partir do inglês media, a versão simplificada de mass media referindo-se aos meios de comunicação em massa. A mídia é entendida como o conjunto
dos diversos meios de comunicação, com a finalidade de transmitir informações e
conteúdos variados.
O universo midiático abrange várias plataformas, entre as quais destacam-se os jornais,
revistas, a televisão, o rádio e a internet. A análise da unidade recairá, sobretudo, na
chamada mídia televisiva.
Importante!
No século XXI, vemos uma crescente utilização do suporte da internet como
meio de transmissão de conteúdos, os canais televisivos se utilizam atualmente
dessa plataforma para difusão de conteúdo esportivo, ou mesmo a transmissão ao
vivo pelos dispositivos móveis a exemplo como ocorre com aparelhos televisivos.
Apesar dos contrapontos de que a internet suprimiria as outras plataformas
midiáticas, vemos que a televisão teve importância capital no desenvolvimento do
Esporte Moderno como o conhecemos. Segundo Betti (2001), o esporte sempre
teve interesse das diversas mídias, mas com supremacia da televisão, que de forma
híbrida conseguiu ressignificar aspectos das outras mídias, nesse sentido, o esporte
não teria alcançado a importância política, econômica e cultural de que desfruta
hoje se não fosse sua associação com a televisão, associação esta que criou uma
“realidade textual autônoma”: o esporte telespetáculo.
Como chegamos a esse esporte telespetáculo?
Em 1939, aconteceu oficialmente a primeira transmissão de TV nos Estados
Unidos, a televisão, embora jovem, é um aparelho que atende a necessidades humanas
muito antigas, que em outras épocas foram, bem ou mal, atendidas por
outros meios. Anteriormente a televisão, os trabalhadores e as trabalhadoras satisfaziam
suas fantasias com romances populares, vendidos aos milhares para a população
de baixa renda. Esses livretos apaixonavam as pessoas, faziam-nas sonhar,
fabricavam sensações de ansiedade e prazer (MARCONDES FILHO, 1988).
Assim como esses livretos, o Jogo e o Esporte são práticas que potencializam
na sua execução o desenvolvimento de emoções e sentimentos, proporcionando
tensão e prazer, do choro ao riso. Evidentemente, tais sensações não são alcançadas
apenas na participação ativa de tais atividades corporais, mas também nos
espectadores de jogos, esportes, ou mesmo nas diversas manifestações artísticas,
a exemplo do que ocorria na Roma do século V, quando mais da metade de sua população podia abrigar-se simultaneamente nos seus estádios e anfiteatros.
Os primeiros espectadores da Idade Contemporânea surgiram na Inglaterra do
século XIX, no bojo do processo social que viria a originar a moderna forma do
esporte, eram apostadores das lutas de boxe e corridas de rua que se realizavam
em Londres. No início do século seguinte, passa-se do espectador-apostador para
espectador-torcedor, fiel a uma das partes em disputa, mas ainda como espectador corporalmente presente nos estádios e ginásios.
Foi a partir da década de 60, com a proliferação das transmissões ao vivo de
eventos esportivos, que se tornou proeminente uma nova figura na história do
esporte: o telespectador. O esporte transformou-se num espetáculo modelado
de forma a ser consumido por telespectadores que procuram um entretenimento
excitante, faceta utilizada pela indústria do lazer, desempenhado pela mídia, especialmente
a televisão (BETTI, 1997).
O primeiro evento denominado dentro da perspectiva do esporte telespetáculo
foi a Copa do Mundo de 1966 - o primeiro evento internacional integralmente
explorado pela televisão, mas os moldes de exploração comercial enfatizado pela mídia televisiva firmaram-se a partir dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles.
Essa relação esporte-televisão ou esporte telespetáculo vem alterando, progressiva
e rapidamente, a maneira como praticamos e percebemos esporte, sendo
o espectador a figura chave desse processo, pois o ele está disposto a pagar o
quanto for para assistir a uma competição esportiva.
O telespectador paga por busca de entretenimento, seja na compra de equipamentos
eletrônicos (televisão ou similares), ou por meio de pacotes de TV por
assinatura, até mesmo suplementares como o pay per view.
Por sua vez, tais programas televisivos estimulam o consumo de produtos
esportivos (vestuário, equipamentos etc.), utilizando o esporte enquanto conteúdo,
ou associando-o a outros produtos por meio do anúncio publicitário, tornou o
próprio telespetáculo esportivo um produto de consumo comparável às telenovelas e programas de auditório (BETTI, 1998).
Como forma de ampliar o espetacular, a transmissão televisiva propõe uma
nova visão do evento esportivo: a repetição obsessiva dos lances mais violentos ou magníficos, o fanatismo da torcida, a euforia da vitória. Toda essa produção facilita muito a comercialização do esporte, pois permite a ênfase em tudo o que mais interessa
aos investidores e produz uma visão artificial do esporte, em combinação com
uma linguagem “guerreira”, amplificando o falso drama que se vive nos palcos do esporte, seja ele individual ou coletivo. Porque, a princípio, a competição esportiva é uma luta simbólica, e não uma luta real.
!
 “A TV é telepresença, o objeto é presentado (e não mais representado) em tempo real
- daí o sensacionalismo da “transmissão ao vivo”. O esporte molda-se perfeitamente à
forma desta nova linguagem das imagens; tudo é instantaneidade, ação e velocidade.
Para a televisão, importa tanto a forma de mostrar o esporte como seu conteúdo. Uma
consequência imediata é a fragmentação e a distorção do fenômeno esportivo, pois
a televisão seleciona imagens esportivas e as interpreta para nós, propõe um certo
“modelo” do que é “esporte” e “ser esportista”. Mas, sobretudo, fornece ao telespectador
a ilusão de estar em contato perceptivo direto com a realidade, “como se estivesse
olhando atravésde uma janela de vidro” (BETTI, 1997, p.37)”.
Trocando ideias...
O trabalho de Capinussú (2005) apresenta alguns fatores negativos que
necessitam de superação em relação à cobertura televisiva dada ao movimento
olímpico, são eles:
• O Movimento Olímpico só é divulgado nos anos em que ocorrem os Jogos.
Ainda assim, é uma divulgação “capenga”, porque os meios de comunicação
não se importam em dar informações precisas e atraentes;
• Os programas de televisão são repetitivos, a maior parte do que é divulgado
refere-se à última Olimpíada (de quatro anos atrás). Pouco se cria, pouco se
renova. Não se promovem debates com atletas olímpicos brasileiros e estrangeiros
da atualidade e do passado. Não se recorre a consultores especializados
para elaborar os programas.
• Quando aparece uma publicação especializada em assuntos de caráter olímpico,
as dificuldades de produção são enormes e o seu tempo de vida é efêmero.
Prefere-se promover o dirigente envolvido com o Olimpismo em detrimento
de educar o povo, incutindo-lhe as ideias do Barão de Coubertin.
O sociólogo Pierre Bourdieu em seu livro “Sobre a televisão”, efetuou algumas
generalizações sobre os efeitos da cobertura dos jogos olímpicos pela mídia. Um dos aspectos destacados é o referencial oculto pelas representações feitas a partir das seleções de imagens desse espetáculo olímpico filmado, segundo o qual, em
que cada televisão de seu respectivo país dará mais ênfase ao atleta ou prática esportiva
que satisfará o gosto e orgulho daquela nacionalidade (selecionando os que
são sucesso televisual, medalhas e que dê lucros econômicos), transformando essa
competição de atletas de todo o globo em um confronto de campeões institucionalizado
(no sentido de combatentes devidamente delegados por seus países).
Bourdieu salienta também as pressões das redes televisivas que chegam a afetar a escolha dos esportes olímpicos, lugares, momentos em que são determinados
para o transcurso das provas e das cerimônias. Cita o exemplo que ocorreu nos Jogos Olímpicos de Seul em 1988, em que os horários de transmissão das finais das provas de atletismo, foram ajustados para o horário de audiência máxima no começo da noite dos Estados Unidos (após negociações envolvendo formidável quantia financeira) (BOURDIEU, 1997).
Importante!
O Voleibol teve alteração de suas regras para adequar-se ao formato de visualização
televisiva. A partir da década de 80, o Voleibol passou por um período de grandes contratos
publicitários e da grande cobertura da mídia, assim como, de grandes premiações nos
torneios organizados pela FIVB. As partidas foram alteradas para uma duração menor,
para adequação à programação televisiva, em que o sistema de vantagens aplicado ao
voleibol foi abolido (a partida com vantagens durava de 3 a 4 horas). Institui-se o uso de
bolas coloridas, que permitiam uma melhor visualização pelos telespectadores, houve
a introdução de um jogador especialista na defesa para aumentar o tempo do rally e a
maior interatividade dos técnicos junto aos atletas e o tempo técnico foram algumas das
mudanças propostas para a melhoria do espetáculo junto à TV.
Você Sabia?
O conceito de campo na teoria de Bourdieu foi utilizado na análise da produção
dos Jogos Olímpicos como espetáculo televisivo, em que o conjunto das relações
objetivas entre os agentes e as instituições comprometidas na concorrência pela
produção e comercialização das imagens e dos discursos sobre os Jogos, aos quais,
tais agentes e instituições foram caracterizados pelo: Comitê Olímpico Internacional
(COI), Grandes companhias de televisão, Grandes empresas multinacionais
e produtores de imagens e de comentários destinados a mídia.
Segundo o autor, o Comitê Olímpico Internacional (COI) é instituição progressivamente
convertida em grande empresa comercial com orçamento anual de
20 milhões de dólares, dominado por uma pequena camarilha de dirigentes esportivos
e de representantes das grandes marcas industriais (Adidas, Coca-Cola,
etc.), que controla a venda dos direitos de transmissão (avaliados, para o Jogos de
Barcelona em 1992,em 633 bilhões de dólares) e dos direitos de patrocínio, assim
como a escolha das cidades olímpicas.
As grandes companhias de televisão (sobretudo americanas) disputavam em
concorrência pelos direitos de transmissão, assim como, as grandes empresas
multinacionais (Coca-Cola, Kodak, Ricoh, Philips, etc.) em concorrência pelos
direitos mundiais sobre a associação com exclusividade de seus produtos com os
Jogos Olímpicos (enquanto “fornecedores oficiais”). Por fim, os produtores de
imagens e de comentários destinados à mídia (televisão, ao rádio ou aos jornais,
em números de 10.000 trabalhadores em Barcelona) que estão comprometidos
em relações de concorrência capazes de orientar seu trabalho individual e coletivo
de construção da representação dos Jogos, seleção, enquadramento, montagem
de imagens e elaboração do comentário (BOURDIEU, 1997).
Esporte e Mídia
Indústria Cultural e Esporte
Um grupo de pesquisadores debruçou-se em análises sobre as relações entre informação,
consumo, entretenimento e política, ocasionada pela mídia, bem como
seus efeitos nocivos na formação crítica de uma sociedade, aos quais, ficaram conhecidos
como pensadores da Escola de Frankfurt.
Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969) são os principais
representantes da escola, fundada em 1924 na Universidade de Frankfurt, na
Alemanha. No local, um conjunto de teóricos, entre eles Walter Benjamin (1892-
1940), Jürgen Habermas (1929), Herbert Marcuse (1898-1979) e Erich Fromm
(1900-1980), desenvolveram estudos de orientação marxista.
Tais estudos feitos por esse grupo ficaram conhecidos como Teoria Crítica,
aos quais incluem as análises dos meios de comunicação caracterizados como
indústria cultural.
A obra “Dialética do Iluminismo”, de Adorno e Horkheimer escrita em 1947,
definiram a indústria cultural como um sistema político e econômico que tem por
finalidade produzir bens de cultura: filmes, livros, música popular, programas de
TV, em formato de mercadorias, sobre a égide do capital e como estratégia de
controle social.
Tais meios de comunicação de massa, como TV, rádio, jornais e portais da
Internet, são propriedades de algumas empresas, que possuem interesse em obter
lucros e manter o status econômico vigente que as permitem continuarem lucrando.
As análises em torno da televisão como componente da indústria cultural,
atribuem uma função conservadora e alienante, contribuindo para a dominação
das massas, dirigindo e cerceando a consciência das pessoas (incutindo valores,
preceitos, crenças, modos de ser, pensar, agir e valorizar), e para a reprodução
da cultura como mercadoria no processo capitalista (universalizando os valores da
sociedade do consumo).
Outro conceito de Adorno (1996) é a semicultura ou semiformação, ao qual
compreende como uma espécie de pseudo-cultura, feita sem autorreflexão crítica
e, por isso, ela é a possibilidade da Indústria Cultural existir e exercer seu domínio,
engendrando a ideologia da classe dominante, numa perspectiva de consumo
e reificação (entendida no sentido de coisificação, ou seja, de tornar todos os
fenômenos na sociedade (capitalista) em coisas possíveis de serem comercializadas),
tornando, assim, impotente a possibilidade de uma consciência crítica e autônoma.
Segundo Marcondes Filho (1988), a televisão apresenta uma realidade já pronta,
que não atinge a criatividade do receptor, acarretando a perda do direito de escolha
e da livre concentração e estabelece com o espectador uma relação guiada por
interesses mercadológicos, não estéticos como no cinema ou teatro, nos quais o espectador ainda exerce alguma função crítica, chamando estas de formas parciais
de comunicação.
A televisão impõe um novo imaginário, produzida industrialmente na busca
da “domesticação das fantasias” das massas; em vez de atender seus desejos e vontades, fornece apenas indícios: “o perfume da flor e não a flor, a emoção do prazer e não o prazer, a sensação da paz e não a paz” (MARCONDES FILHO,1988, p.28).
Além disso, tais aspectos geram uma informação midiática de superficialidade dos
esportes, que segundo Betti (1997), somente um lado da discussão é apresentado,
até porque ainda não existe um hábito de procurar a “verdade” por outros meios
(jornais, revistas, rádio, internet). Percebe-se que uma parcela da população – não
pequena – observa o esporte pela lógica da mídia e finda atribuindo juízos de valor
por aquilo que recebe (mensagens).
Entretanto, o efeito esportivo é ambíguo:
[...]por um lado, ele pode ter um efeito contrário a barbárie e ao sadismo,
por intermédio do fairplay, do cavalheirismo e do respeito pelo mais
fraco. Por outro, em algumas modalidades e procedimentos, ele pode
promover a agressão, a brutalidade e o sadismo, principalmente no caso
dos espectadores, que pessoalmente não estão submetidos ao esforço
e a disciplina do esporte; são aqueles que costumam gritar nos campos
esportivos. (ADORNO, 1995, p.127)
A Monocultura Brasileira: O Caso do Futebol
Outro aspecto apontado por Betti (2001), refere-se à monocultura esportiva –
nesse caso, tomando como referência o Brasil. A ênfase quantitativa da “falação”
das mídias, assim como da transmissão ao vivo de eventos, é relacionada ao futebol.
A questão principal seria a relação custo-benefício. E o futebol tem, por ser “paixão
nacional”, retorno garantido nos investimentos.
O futebol, no Brasil, é o esporte predileto das massas e está fortemente
arraigado em nossa cultura. É através do futebol que a população simples e
humilde, especialmente os homens, sublima suas frustrações. Num jogo de futebol
evidenciam-se rivalidades, disputas e desafios entre torcedores. Psicologicamente,
o torcedor da equipe vitoriosa coloca-se em superioridade perante a equipe
perdedora e seus fãs.
Na Copa do Mundo — o processo assume dimensões nacionais e patrióticas: o
prazer da vitória se realiza, aqui, associado a um “ajuste de contas”. As rixas com
algumas seleções são acentuadas pela mídia esportiva, como na rivalidade com a
seleção Argentina.
Promovido intensamente pelas mídias esportivas e pelas próprias expectativas
populares, o futebol assume uma carga emocional (e agressiva) equivalente à dos
desafios militares sofridos por um país em época de guerra. Nenhum outro objetosporte e Mídia
concentra tanta energia de massas como o futebol na Copa do Mundo. Na ausência
de um fato que sintetize, que condense as aspirações por nacionalidade, por
unidade, por revolta (cultural e até política), o futebol funciona como um oportuno
(e inofensivo) substituto (MARCONDES FILHO, 1988).
Um estudo de Ribeiro e Pires (2013) analisaram a evidência midiática dada
a Sociedade Esportiva Palmeiras, após seu rebaixamento da primeira divisão do
futebol brasileiro no ano de 2002. Houve no ano de 2003 uma constante aparição
desse time nas redes televisivas de canal aberto, através dos programas esportivos.
Esse tipo de exposição não era frequente quando se tratava de uma segunda divisão.
Essa exposição midiática era reflexo da força política, simbólica e principalmente
econômica dos patrocinadores do Palmeiras à época - Diadora e Pirelli. Como
explica Pires (2002, p.111), “À medida que as empresas que estão hoje investindo
em clubes brasileiros, de forma associada à indústria midiática [...], passam a ser
controladoras e principais beneficiárias da comercialização destes direitos [...].”
Efeito similar ocorreu com o rebaixamento do Corinthians para a Série B do
campeonato Brasileiro de 2007, que pela força dos patrocinadores, o número alto
de torcedores que fazem impacto na audiência televisiva, acabam gerando esse círculo
vicioso de monocultura brasileira do esporte, que utilizam do apelo midiático,
a venda de marcas e produtos esportivos, produzindo a hegemonia de alguns times e jogadores, frutos do processo de alienação envolvendo o discurso midiático.
Algumas Considerações
A intenção proposta nesta unidade foi de analisar de forma objetiva a televisão
e suas interfaces com o esporte, propondo alguns olhares de autores que utilizam
o referencial sociológico de matrizes teóricas diversas. Como pudemos observar, a
crítica sobre o processo midiático é sistemática, no entanto, não podemos olhar a
televisão como um monstro doméstico que perverte nossas famílias.
O televisor, obviamente, não é nosso inimigo, é apenas um aparelho que transmite
mensagens produzidas por homens que trabalham na produção de programas de
naturezas distintas. Homens, grupos e empresas com ideias, intenções, ideologias,
e interesses a divulgar. Se a TV ocupa, hoje, lares, e diversos outros equipamentos
e as pessoas dispõe de horas assistindo sua programação, é porque alguma coisa
de errado ocorre com as pessoas que assistem e fazem TV, e não com o aparelho
de televisão.
Portanto, seria progressista pensar que não se deve criticar ou atacar o ponto
onde o problema não está. “Deve-se, antes, ver o que há de errado com a cabeça das
pessoas. Mudando-as, a televisão se transformara automaticamente” (MARCONDES
FILHO, 1988, p. 8).
Betti (2001) propõe um exercício de imaginação (e esperança) sobre o que deveríamos ler,
ouvir e olhar se houvesse um outro lado, o do esporte na mídia:
• A cobertura de várias modalidades esportivas, inclusive as que ainda são predominantemente
amadoras;
• A presença de informações/conteúdos científi cos (biológicos, socioculturais, históricos)
sobre a cultura esportiva;
• Análises aprofundadas e críticas a respeito dos fatos, acontecimentos e tendências nas
várias dimensões que envolvem o esporte atualmente (econômica, administrativa, política,
treinamento, tática etc.), considerando o passado, o presente e o futuro;
• As vozes dos atletas (profi ssionais e amadores) enquanto seres humanos integrais, e não apenas
como máquinas de rendimento, nos falando sobre a experiência global de praticar esporte;
• Uma maior interação com os receptores, considerados indivíduos singulares, instaurando
um verdadeiro processo de comunicação.
E tudo isso adaptado às características de cada mídia, preservando a forma espetacular que
atrai o leitor, o ouvinte, o telespectador. Será possível? Quem se arrisca a tentar?
Explor
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