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MÓDULO IV APERFEIÇOAMENTO FORTALECIMENTO DAS AÇÕES DE IMUNIZAÇÃO NOS TERRITÓRIOS MUNICIPAIS //Curso de Aula 14 // Programa Nacional de Imunizações, Calendário Nacional de Vacinação e Calendário Vacinal da Criança até 10 anos de idade, com destaque para a vacina BCG. C r é d i t o s / / Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. O conteúdo desta publicação foi desenvolvido e aperfeiçoado pela equipe MaisCONASEMS e Faculdade São Leopoldo Mandic. Material de Referência. Mais CONASEMS. Curso de Aperfeiçoamento Fortalecimento das Ações de Imunização nos Territórios Municipais. Módulo IV: A Imunização Segura nos Ciclos de Vida - Aula 14 – Programa Nacional de Imunizações, Calendário Nacional de Vacinação e Calendário Vacinal da Criança até 10 anos de idade, com destaque para a vacina BCG. F ic ha C at al ogr áf ic a Ficha Técnica Curadoria e Produção de Conteúdos Mandic André Ricardo Ribas Freitas Fabiana Medeiros Lopes de Oliveira Giuliano Dimarzio Laura Andrade Lagoa Nóbrega Márcia Fonseca Regina Célia de Menezes Succi Gestor Educacional Rubensmidt Ramos Riani Coordenação Técnica e Pedagógica Cristina Crespo Valdívia Marçal Coordenação Pedagógica – Faculdade São Leopoldo Mandic Fabiana Succi Patricia Zen Tempski Especialista em Educação a Distância Kelly Santana Priscila Rondas Designer instrucional Alexandra Gusmão Juliana de Almeida Fortunato Pollyanna Micheline Lucarelli Web Desenvolvedor Aidan Bruno Alexandre Itabayana Cristina Perrone Paloma Eveir Este material foi elaborado e desenvolvido pela equipe técnica e pedagógica do Mais CONASEMS em parceria com a Faculdade São Leopoldo Mandic. Coordenação Geral Conexões Consultoria em Saúde Ltda. Revisão textual Gehilde Reis Paula de Moura Olá! Este é o seu Material de Referência da Aula 14 do Módulo 4. Aqui, aprofundaremos nossos estudos referentes ao tema: Programa Nacional de Imunizações, Calendário Nacional de Vacinação e Vacina BCG. Nossa proposta é que você tenha acesso a mais conhecimento, por isso leia-o com atenção e consulte-o sempre que necessário! Compreender o funcionamento e a importância do Programa Nacional de Imunizações. Compreender o conceito de imunidade individual e coletiva. Reconhecer a atuação dos serviços de saúde na vacinação. Entender o calendário vacinal: finalidade, características e a forma de construção. Diferenciar o calendário vacinal da criança até 10 anos de idade, com destaque para a vacina BCG. Conhecer a tuberculose e suas formas graves e características clínicas e epidemiológicas. 01 03 04 05 06 07 Identificar atribuições das esferas de governo. 02 Objetivos de aprendizagem Intro dução Na Aula 14, você conhecerá as atribuições das esferas de governo e os serviços de saúde e como se dá a vacinação dos calendários de vacinação nacional e vacina BCG e compreenderá os tipos de imunidade individual e coletiva. B oa lei tur a! //Programa Nacional de Imunizações Programa Nacional de Imunizações No Brasil, desde o início do século XIX, as vacinas são utilizadas como medida de prevenção e controle de doenças. No entanto, somente a partir do ano de 1973 é que se formulou o Programa Nacional de Imunizações (PNI), regulamentado pela Lei Federal n.º 6.259, de 30 de outubro de 1975, e pelo Decreto n.° 78.321, de 12 de agosto de 1976, que instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). O PNI organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como missão o controle, a eliminação e a erradicação de doenças imunopreveníveis. É considerado uma das principais e mais relevantes intervenções em saúde pública no Brasil, em especial pelo importante impacto obtido na redução de doenças nas últimas décadas. Os principais aliados no âmbito do SUS são as secretarias estaduais e municipais de saúde. / / P r o g r a m a N a c i o n a l d e I m u n i z a ç õ e s //Atribuições das Esferas de Governo As diretrizes e responsabilidades para a execução das ações de vigilância em saúde, entre as quais se incluem as ações de vacinação, estão definidas em legislação nacional que mostra a gestão das ações compartilhada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. As ações devem ser pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), tendo por base a regionalização, a rede de serviços e as tecnologias disponíveis. / / Atribuições das Esferas de Governo Atribuições das esferas de governo Na esfera federal, o PNI está sob responsabilidade da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI) e do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (DEIDT) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). O Programa Nacional de Imunizações conta com a Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis (CTAI) para auxiliar técnica e cientificamente as decisões relevantes. Esta Câmara Técnica é coordenada pela SVS e composta por representantes do Ministério da Saúde e de outros órgãos governamentais e não governamentais, assim como Sociedades Científicas, Conselhos de Classe, especialistas com expertise na área, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). / / Atribuições das Esferas de Governo • a coordenação do PNI (incluindo a definição das vacinas nos calendários, grupos prioritários, estratégias de vacinação e campanhas nacionais), as estratégias e as normatizações técnicas sobre sua utilização; • a realização de campanhas publicitárias em âmbito nacional e/ou regional; • o provimento dos imunobiológicos definidos pelo PNI, considerados insumos estratégicos; • o provimento de seringas e agulhas para campanhas de vacinação que não fazem parte daquelas já estabelecidas ou quando solicitadas por um Estado; • a gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a consolidação e a análise dos dados nacionais e a retroalimentação das informações à esfera estadual. Constituem competências da esfera federal: / / Atribuições das Esferas de Governo • a coordenação do componente estadual do PNI; • a gestão dos estoques estaduais de insumos estratégicos, inclusive o armazenamento e o abastecimento aos municípios, de acordo com as normas vigentes; • a realização de campanhas publicitárias em âmbito estadual; • o provimento de seringas e agulhas, itens que também são considerados insumos estratégicos; • a gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a consolidação e a análise dos dados municipais, o envio dos dados ao nível federal dentro dos prazos estabelecidos e a retroalimentação das informações à esfera municipal. Constituem competências da esfera estadual: / / Atribuições das Esferas de Governo A vacinação e as demais ações de vigilância epidemiológica perderam há anos o caráter verticalizado, incorporando-se ao conjunto de ações da Atenção Básica em saúde. A vacinação de rotina, a vigilância da cobertura vacinal, as campanhas, as intensificações, as operações de bloqueio e as atividades extramuros são operacionalizadas pela equipe da atenção básica, com apoio dos níveis distrital, regional, estadual e federal, sendo fundamental o fortalecimento da esfera municipal. Responsabilidades da esfera municipal: / / Atribuições das Esferas de Governo • a coordenação e a execução das ações de vacinação integrantes do PNI, incluindo a vacinação de rotina, a vigilância da cobertura vacinal, as estratégias especiais (como campanhas e vacinações de bloqueio) e a notificação e investigação de eventos adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação; • a gerência do estoque municipal de vacinas e outros insumos, incluindoo armazenamento e o transporte para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes; • o descarte e a destinação final de frascos, seringas e agulhas utilizados, conforme as normas técnicas vigentes; e • a gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a coleta, o processamento, a consolidação e a avaliação da qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes, bem como a transferência dos dados em conformidade com os prazos e fluxos estabelecidos nos âmbitos nacional e estadual e a retroalimentação das informações às unidades notificadoras. Constituem competências da esfera municipal: / / Atribuições das Esferas de Governo //Serviços de Saúde e Vacinação / / Serviços de Saúde e Vacinação A Política Nacional de Atenção Básica caracteriza a Atenção Básica como “um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde”. Existem dois serviços que são fundamentais para essa implantação: Serviços de saúde e vacinação As salas de vacinas das Unidades Básicas de Saúde. Os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE.) É fundamental que haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais equipes de saúde, no sentido de evitar as oportunidades perdidas de vacinação que se caracterizam pelo fato de o indivíduo ser atendido em outros setores da unidade de saúde sem que seja verificada sua situação vacinal ou haja encaminhamento à sala de vacinação. Os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) têm como finalidade facilitar o acesso da população – em especial, dos portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida e de outras condições especiais de morbidade ou exposição a situações de risco – aos imunobiológicos especiais para prevenção das doenças que são objeto do Programa Nacional de Imunizações (PNI), bem como garantir os mecanismos necessários para investigação, acompanhamento e elucidação dos casos de eventos adversos graves e/ou inusitados associados temporalmente à administração de imunobiológicos. / / Serviços de Saúde e Vacinação //Imunidade Individual e Coletiva Imunidade Individual e Coletiva A imunidade coletiva é a resistência de uma população à introdução e disseminação de um agente infeccioso em razão de uma elevada proporção de indivíduos imunes que são resistentes às infecções. Este fenômeno pode ocorrer através de infecção natural para doenças que não têm vacina, como ocorria antigamente com o sarampo, ou por imunização através de vacinas, como ocorre atualmente. Exemplo 1 Quando uma doença começa ocorrer entre pessoas de uma determinada população e grande parte das pessoas não têm imunidade, a doença vai se transmitir facilmente e afetar um grande número de pessoas. / / Imunidade individual e coletiva Exemplo 2 Se a mesma doença atingir uma comunidade com grande parte da população já vacinada, ela não conseguirá se transmitir com a mesma facilidade. Neste segundo exemplo, mesmo aqueles poucos que não puderam ser vacinados, estarão protegidos, pois a doença não permanecerá sendo transmitida nessa população. Este conceito é muito importante e reforça a ideia de que a vacinação traz benefícios individuais e, também, benefícios coletivos. Manter altas coberturas vacinais é a melhor forma de alcançar a eliminação de doenças como o sarampo no país e manter a eliminação da poliomielite. Por isso, as ações de verificação de carteira vacinal, busca de faltosos e monitoramento da cobertura vacinal são tão importantes para a coletividade. / / Imunidade individual e coletiva Fonte: Adaptado de National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) / / Imunidade individual e coletiva //Calendário de Vacinação: finalidade, características e forma de construção O Calendário Nacional de Vacinação é a sequência cronológica de vacinas que devem ser administradas sistematicamente em um país ou área geográfica e cuja finalidade é a obtenção de imunização adequada na população, frente às enfermidades prevalentes na ocasião e para as quais se dispõe de vacina eficaz. Qual é a finalidade do Calendário de Vacinação ? Vários aspectos e critérios são considerados para a sua construção: • importância epidemiológica das doenças a serem prevenidas; disponibilidade de uma vacina segura e eficaz; o esquema vacinal a ser utilizado (viabilidade do uso, número de aplicações necessárias e resposta imune obtida) e os recursos financeiros disponíveis para compra das vacinas pelo Ministério da Saúde. // Calendário de Vacinação O Calendário Nacional de Vacinação é definido pelo Ministério da Saúde, por intermédio do Programa Nacional de Imunização (PNI). O primeiro calendário brasileiro foi definido em 1977 e contemplava as vacinas BCG, poliomielite, DTP (difteria, tétano, coqueluche) e sarampo, vacinas disponíveis na época. O Brasil é um dos países que oferece o maior número de vacinas de forma gratuita para todas as idades. Atualmente, são disponibilizadas na rotina de imunização 19 vacinas cuja proteção se inicia nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida. Os calendários vacinais variam entre os países e, dentro de um mesmo país, podem variar de uma região para outra. Entidades de classe e sociedades médicas também podem propor calendários diferenciados, por exemplo, os calendários propostos pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), mas a gratuidade e disponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS) é garantida para o calendário proposto pelo PNI. Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z- 1/c/calendario-de-vacinacao Acesso em:15 maio 2021. // Calendário de Vacinação Além do calendário da criança, considerando o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define também calendários de vacinação com orientações específicas para adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. O calendário vacinal é dinâmico e atualizado periodicamente, devido às mudanças epidemiológicas das doenças passíveis de proteção vacinal e disponibilidade de novas vacinas. Estão definidos neste calendário: • os tipos de vacina; • o número de doses do esquema básico e dos reforços; • a idade para a administração de cada dose; • o intervalo entre as doses. Nas unidades de saúde, os calendários e os esquemas vacinais para cada grupo-alvo devem estar disponíveis para consulta e afixados em local visível. // Calendário de Vacinação // Calendário de Vacinação da Criança / / C a l e n d á r i o d e V a c i n a ç ã o d a C r i a n ç a Para crianças nos dois primeiros anos de vida, o calendário de vacinação prevê mais vacinas do que ao longo de toda a vida. Isso é necessário porque o sistema imune do bebê, ao nascer, ainda está em desenvolvimento, e os anticorpos maternos (passivamente adquiridos através da placenta) serão perdidos nos primeiros meses de vida. A vulnerabilidade dos recém-nascidos e lactentes às doenças infecciosas nos dois primeiros anos de vida é muito grande e, por isso, é necessário que desenvolvam rapidamente proteção para algumas doenças infecciosas que podem ser particularmente graves nessa época da vida. Importante lembrar que a imunização é uma medida de prevenção primária que deve ocorrer preferentemente antes da exposição do indivíduo aos agentes infecciosos. Considerando-se que a melhor época para proteger é antes da exposição, vacinar os recém-nascidos e lactentes jovens deve ser visto como um cuidado básico de saúde muito importante. Vacinando os bebês, conseguimos diminuir a ocorrência de algumas doenças infecciosas em toda a comunidade e com isso reduzimos hospitalizações, gastos com medicações e mortalidade por essas doenças. Garantindo o esquema básicocompleto no primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos posteriores, pretende-se atingir a proteção não só de um público-alvo específico, mas de toda comunidade. O calendário de vacinação da criança foi instituído em todo o território nacional pelo Ministério da Saúde (quadro 1), e as indicações estabelecidas em 2020 permanecem vigentes até o momento. / / C a l e n d á r i o d e V a c i n a ç ã o d a C r i a n ç a / / C a l e n d á r i o d e V a c i n a ç ã o d a C r i a n ç a A vacinação deve se iniciar ainda na maternidade, nas primeiras 24 horas, de preferência nas primeiras 12 horas após o nascimento. Nessa ocasião, devem ser administradas as vacinas BCG e a primeira dose da Hepatite B. A partir do segundo mês e até o fim do primeiro ano de vida, vacinas que protegem o bebê contra difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, diarreia por rotavírus, doenças invasivas por Haemophilus influenzae tipo B, doença meningocócica causada pelo sorogrupo C, doenças pneumocócicas e febre amarela serão administradas. A partir dos 12 meses e até os quatro anos, a criança receberá vacinas contra o sarampo, caxumba, rubéola, varicela e hepatite A. Doses de reforço das vacinas recebidas no primeiro ano de vida serão também administradas. Quando a vacinação é iniciada fora da idade idealmente recomendada, os esquemas podem ser atualizados, de acordo com a idade de início, respeitando os intervalos mínimos entre as doses, a exemplo a vacina rotavírus, considerando as idades limites para sua indicação. E também na primo vacinação para a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ou tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) em crianças menores de 2 (dois) anos de idade e vacina febre amarela, visto que, neste caso, deve ser respeitado o intervalo de 30 dias entre as duas vacinas (mínimo de 15 dias), salvo em circunstâncias específicas a serem discutidas entre as três esferas do Sistema Único de Saúde. A integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais equipes de saúde pode evitar as oportunidades perdidas de vacinação (acesso aos outros setores da unidade de saúde sem aproveitar a oportunidade de atualizar a situação vacinal). / / C a l e n d á r i o d e V a c i n a ç ã o d a C r i a n ç a // Tuberculose Por ter causa desconhecida na época, a doença, assim como diversas outras, era vista como um castigo. Essa visão, no entanto, foi desmistificada por Hipócrates, na Grécia. O estudioso mostrou que a tuberculose era algo natural e passou a denominá-la de Tísica. A expansão da doença mundo afora se deu com o advento das guerras, que estreitavam o contato entre indivíduos. / / T u b e r c u l o s e O bacilo causador da tuberculose (TB) foi descoberto em 1882 pelo bacteriologista alemão Robert Koch, mas ela é uma das doenças mais antigas do mundo. Evidências da enfermidade já foram encontradas em ossos humanos pré- históricos na Alemanha e há registros datados de 8.000 anos antes de Cristo. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_K och Desde o século XIX, a doença era tratada com a terapêutica higieno-dietética que consistia em uma boa alimentação, repouso e incorporava o clima das montanhas. Para isso, os pacientes eram isolados em sanatórios e preventórios. / / T u b e r c u l o s e A partir do final do século XVIII, a enfermidade foi vinculada a duas representações: A primeira a associava a uma doença romântica, que acometia principalmente poetas e intelectuais. A outra, criada em fins do século XIX, vinculava-a a um mal social, visão que permaneceu durante o século XX. A tuberculose passou a ser mais bem compreendida nos séculos XVII e XVIII com o surgimento do estudo da Anatomia. Foi quando então a doença recebeu seu nome atual. No Brasil, em 1920, com a Reforma Carlos Chagas que deu origem ao Departamento Nacional de Saúde Pública, o Estado passou a estar mais presente na luta contra a doença, criando a Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose. Na década de 1920, surgiram avanços no combate à doença com a invenção da vacina BCG, seguida da baciloscopia, a abreugrafia (um tipo de radiografia), o pneumotórax e outras cirurgias torácicas. Em função do conhecimento mais amplo da doença, o fator climático na sua cura passou a ser questionado. Com a descoberta da quimioterapia antibiótica específica na década de 1940 e a comprovação de sua eficácia ao longo das décadas de 1950 e 1960, o tratamento passou a ser ambulatorial sem a necessidade de internação, o que culminou na desativação dos sanatórios. O advento do tratamento com antibióticos, unido a medidas de profilaxia e simplificação do diagnóstico, ocasionou uma redução significativa no índice de mortalidade pela doença. / / T u b e r c u l o s e A partir dos anos 1990, apesar da crença de que a doença estava controlada, observou-se em várias regiões do mundo um crescimento de casos principalmente associados à infecção pelo HIV. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados anualmente 5 milhões de novos casos de coinfecção no mundo. Estudos de autópsia apontam a TB como responsável por 33% das mortes de pessoas que vivem com HIV, mesmo entre os que foram tratados com antirretroviral de elevada eficácia. Outro dos grandes desafios enfrentados pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) é o aumento da forma da doença resistente ao tratamento habitual em diversos países nos últimos anos. / / T u b e r c u l o s e A tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública mundial. Estima-se que em 2019, no mundo, cerca de dez milhões de pessoas desenvolveram TB e 1,2 milhão morreram devido à doença. Quanto aos desfechos de tratamento, em 2018, o percentual de sucesso de tratamento foi de 85% entre os casos novos. Em relação ao Brasil, o país continua entre os 30 países de alta carga para a TB e para coinfecção TB-HIV, sendo, portanto, considerado prioritário para o controle da doença no mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de TB, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes. / / T u b e r c u l o s e Conhecer os indicadores epidemiológicos da TB é essencial para o planejamento de ações que visem o controle da doença nos diversos âmbitos. Além disso, permite a identificação de necessidades e situações que impõem desafios ao manejo da doença, principalmente diante do cenário atual de enfrentamento do novo coronavírus, o qual agravou a situação epidemiológica da TB no país e no mundo. / / T u b e r c u l o s e A tuberculose é uma doença infectocontagiosa sistêmica causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. Em saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis, conhecida também como bacilo de Koch (BK). A forma pulmonar da doença é a mais frequente e de maior relevância para a Saúde Pública, responsável pela manutenção da sua transmissão, mas outros órgãos e sistemas podem ser comprometidos (tuberculose extra-pulmonar), incluindo sistema nervoso, ossos, rins e etc. A doença é tratável e curável na quase totalidade dos casos. A doença não ocorre em todas as pessoas expostas e infectadas; estima-se que 10% das pessoas que foram infectadas pelo M. tuberculosis adoeçam: 5% nos primeiros dois anos após a infecção e 5% ao longo da vida (se não receberem o tratamento preventivo). A vulnerabilidade à doença e o risco de adoecer após contato com o doente bacilífero é maior em alguns grupos: crianças até dois anos de idade (daí a importância da vacina BCG ao nascimento), idosos eimunossuprimidos (incluindo HIV). A doença que ocorre logo após a primo-infecção é chamada TB primária. Quando o sistema imune consegue conter a infecção, os bacilos podem permanecer latentes por vários anos (infecção latente pelo M. tuberculosis – ILTB), podendo ser reativada anos depois (TB pós-primária). A infecção e adoecimento pelo M. tuberculosis não conferem imunidade, e recidivas podem ocorrer. / / T u b e r c u l o s e O homem é o reservatório do M. tuberculosis e a transmissão se faz por via respiratória, de uma pessoa com TB ativa pulmonar ou laríngea (caso fonte - bacilífero) que elimina aerossóis através da tosse, fala ou espirro para outra pessoa; outras vias de transmissão são raras. O doente é transmissor enquanto eliminar bacilos no escarro; após o início do tratamento, a transmissão diminui gradativamente e em geral é muito baixa após o 15º dia de tratamento. Ambientes pouco ventilados e tempo prolongado de contato com o doente bacilífero aumentam a chance de transmissão da doença. Crianças de até 10 anos de idade, mesmo aquelas com TB pulmonar, têm baciloscopia negativa e, em geral, não são consideradas como doente fonte na cadeia de transmissão da doença. Ambientes bem ventilados e com exposição à luz solar diminuem o risco de transmissão. Pacientes com ILTB não apresentam sintomas e não transmitem a doença e podem ser reconhecidos pela positividade ao teste tuberculínico (TT) ou ensaios clínicos de liberação de interferon gama (IGRA). / / T u b e r c u l o s e / / T u b e r c u l o s e • A infecção pelo HIV é um desses fatores. • O tempo decorrido da infecção até o desenvolvimento de TB ativa (maior risco de adoecimento nos primeiros dois anos após exposição). • A idade menor que dois anos ou maior que 60 anos e doenças e/ou tratamentos imunossupressores. • Pessoas vivendo em situação de rua, privadas de liberdade e indígenas também apresentam maior vulnerabilidade à doença. Alguns fatores aumentam o risco de adoecimento (progressão para TB ativa após infecção) / / T u b e r c u l o s e A forma pulmonar da TB é a mais frequente e a mais importante em termos de saúde pública, mantendo a cadeia de transmissão. Além dos sinais e sintomas clínicos (sintomáticos respiratórios), o diagnóstico bacteriológico é fundamental em adultos. Podem ser realizados: baciloscopia direta, cultura para micobactéria com testes de sensibilidade e Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB). Além disso, pode-se fazer o diagnóstico por imagem (Radiografia de tórax, tomografia computadorizada do tórax, outros exames de imagem) e exames histopatológicos de amostras de tecidos obtidos por biópsia. Na criança, o diagnóstico da TB é mais difícil pois as formas de doença são abacilíferas e os sintomas inespecíficos. O diagnóstico da forma pulmonar da criança é feito pelo sistema de escore baseado em uma combinação de critérios clínicos, epidemiológicos, associados a teste imunológico não específico de infecção tuberculosa e à radiografia de tórax. Importante! É importante lembrar que toda pessoa diagnosticada com TB deve fazer o teste para HIV, visto que o diagnóstico precoce de infecção pelo HIV em pessoas com TB tem impacto significante no curso clínico da doença. A apresentação clínica da TB em pessoas vivendo com HIV pode ser diferente, dependendo do grau de imunossupressão, dificultando o diagnóstico. / / T u b e r c u l o s e Dentre as medidas de controle da TB disponíveis estão o diagnóstico e tratamento precoce, o tratamento da infecção latente dos contatos e a vacinação com BCG. O tratamento da tuberculose é padronizado pelo Ministério da Saúde, dura seis meses e é composto por quatro medicamentos para adultos e três medicamentos para crianças menores de 10 anos de idade; compreende duas fases: a intensiva (ou de ataque), e a de manutenção. Esquemas especiais e inclusão de outras drogas devem ser utilizados em situações específicas. / / T u b e r c u l o s e // Vacina BCG / / V a c i n a B C G A vacina BCG protege contra formas graves e disseminadas da tuberculose - doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Foi inicialmente utilizada em 1921 por Léon Calmette e Alphonse Guérin, na França, a partir de uma cepa atenuada de Mycobacterium bovis (causador de tuberculose em gado bovino) dando origem ao nome Bacilo de Calmette Guérin. É a única vacina licenciada para tuberculose e considerada pela Organização Mundial da Saúde como importante instrumento para proteção contra formas graves da doença, tais como tuberculose miliar e meningite tuberculosa; lactentes e crianças nos primeiros anos de vida são particularmente suscetíveis a essas formas da doença. A vacina BCG atua provocando uma primo-infecção artificial com um bacilo bovino atenuado, resultando no desenvolvimento de resposta imune específica que permitirá controlar uma eventual infecção virulenta, causada por M. tuberculosis. / / V a c i n a B C G Sua eficácia para prevenir formas graves de TB, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (forma disseminada) é de cerca de 70%; embora não seja eficaz na prevenção completa da TB pulmonar, sua aplicação em massa reduz a morbidade e mortalidade por essa doença. Segundo o PNI, se não aplicada anteriormente, a vacina deve ser administrada em crianças menores de cinco anos de idade, preferencialmente em menores de um ano de idade, pois quanto menor a idade maior a eficácia deste imunobiológico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, nos países onde a tuberculose é frequente e a vacina integra o programa de vacinação infantil, cerca de 40 mil mortes podem ser evitadas por coorte de nascimento, nos primeiros 15 anos. Em decorrência da situação epidemiológica da TB no país, a vacina BCG está recomendada para aplicação de dose única administrada o mais precocemente possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade. Caso não tenha sido administrada na maternidade, deve ser aplicada na primeira visita ao serviço de saúde. / / V a c i n a B C G Até 2018, a vacina BCG utilizada no Brasil era da Cepa Moreau-Rio de Janeiro, produzida na Fundação Ataulpho de Paiva e aplicada em dose única de 0,1ml independentemente da idade. A partir de fevereiro de 2018, o Brasil passou a utilizar também a vacina da Cepa Moscou, produzida no Serum Institute of India. Ambas vacinas são liofilizadas, vivas e atenuadas, o estabilizante é o glutamato de sódio e devem ser reconstituídas com cloreto de sódio. Após a reconstituição, a vacina da Fundação Ataulpho de Paiva contém mais de 2,0 x 106 unidades formadoras de colônia (UFC) do bacilo vivo e a vacina do Serum Institute of India , cada 0,1 mL contém entre 2 x 105 e 8 x 105 UFC. A dose recomendada para a vacina da cepa Moreau é de 0,1 ml independente da idade e para a cepa Moscou é de 0,05 ml para recém-nascidos até 11 meses e 29 dias de idade e 0,1 ml para crianças de 1 ano até 4 anos 11 meses e 29 dias. A vacina BCG (liofilizada) deve ser armazenada em temperatura entre +2ºC e +8ºC, protegida da luz. Após a reconstituição, a vacina tem validade de até 6 horas (mantida em condições adequadas de conservação) e depois de diluída com solução de cloreto de sódio e completa homogeneização, a vacina deve ser administrada exclusivamente por via intradérmica, na inserção do músculo deltóide direito, o que permite a fácil verificação da existência da cicatriz vacinal. Para aplicação de 0,05 ml, utiliza-se uma seringa com agulha acoplada e marcação única de 0,05 ml no cilindro. A dose de 0,1 ml deve ser feita com as seringas de 1 ml e agulhas 13x3,8 dec/mm ou 13x4,5 dec/mm. Essa vacina pode ser administrada simultaneamente com as demais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação. A comprovação da vacinação com BCG é feita por meio do registro da vacinação no cartão ou caderneta de vacinação,da identificação da cicatriz vacinal ou da palpação de nódulo no deltóide direito, na ausência de cicatriz. / / V a c i n a B C G Quadro 1 – Calendário Vacinal da Criança até os 6 anos / / V a c i n a B C G Após a vacinação, o local da aplicação sofre algumas transformações que evoluem de seis a 12 semanas da seguinte forma: • Entre a 1ª e a 2ª semana após a administração surge uma mácula avermelhada que evolui para pústula com amolecimento central durante a 3ª e a 4ª semana. • Entre a 4ª e a 5ª semana, essa pústula se transforma numa úlcera (ferida aberta com 4 a 10 mm de diâmetro) e entre 6ª e a 12ª semana, forma-se uma crosta e a lesão deixa uma cicatriz com 4 a 7 mm de diâmetro. Essa evolução ocorre em cerca de 95% dos vacinados; raramente essa evolução dura mais tempo (até 24 semanas) e em algumas poucas vezes pode haver recorrência da lesão, mesmo depois de ter ocorrido a completa cicatrização (reativação vacinal). Indivíduos anteriormente infectados (infecção natural ou vacinação) podem apresentar lesões maiores e de evolução mais acelerada (fenômeno de Koch), com cicatrização precoce. Durante toda evolução da cicatrização após administração da vacina BCG, não está indicado o uso de qualquer medicamento ou curativo no local; o único cuidado com a lesão é mantê-la limpa, usando água e sabão. Evolução da lesão vacinal / / V a c i n a B C G / / V a c i n a B C G Aproximadamente, 10% dos vacinados não desenvolverão cicatriz após aplicação da vacina BCG. Considerando-se que a ausência da cicatriz após a vacinação não é indicativa de ausência de proteção e que não há evidências dos benefícios da revacinação, o PNI, seguindo as orientações da OMS, não recomenda a revacinação em crianças que não desenvolveram cicatriz após a vacinação, mesmo se não houver formação de enduração quando realizado o teste tuberculínico. / / V a c i n a B C G A ausência de cicatriz após a vacinação, também, pode estar relacionada a erros em imunização. Assim, se no momento da administração houver perda de líquido ocasionando dose insuficiente, se administração de vacina ocorrer fora da validade ou se ela não estava acondicionada adequadamente, deve-se monitorar a evolução no local da aplicação periodicamente (a cada visita ao serviço). O enfartamento ganglionar, homolateral (do mesmo lado) ao local da aplicação (axilar e supra ou infraclavicular, único ou múltiplo, não-supurado) ocorre em até 10% dos vacinados em 3 a 6 semanas após a vacinação e mede até 3,0 cm de diâmetro. Costuma ser firme, móvel, frio e indolor, e não se acompanha de sintomatologia geral. Evolui por tempo variável, geralmente, quatro semanas e permanece estacionário num período de um a três meses. Desaparece espontaneamente, sem necessidade de tratamento. A vacina BCG pode causar eventos adversos locais, regionais ou sistêmicos, que podem ser decorrentes do tipo de cepa utilizada, da quantidade de bacilos atenuados administrados, da técnica de aplicação e da presença de imunodeficiência primária ou adquirida no receptor da vacina. Indivíduos com resposta imune adequada, conseguem fazer o controle da replicação do bacilo vacinal e da resposta inflamatória; aqueles com imunodeficiência podem apresentar dificuldade nesse controle, ocorrendo disseminação do bacilo vacinal. A ocorrência de eventos adversos pode estar relacionada à vacina (cepa, meio de cultura utilizado, processo de atenuação, adjuvantes, estabilizadores ou substâncias conservadoras, lote da vacina), às técnicas de administração (agulha e seringa, local de inoculação, via de inoculação) e aos vacinados (idade, sexo, número de doses, eventos adversos às doses prévias, doenças concomitantes, doenças alérgicas, autoimunidade, deficiência imunológica). Eventos adversos / / V a c i n a B C G Os eventos adversos podem ser locais, regionais ou sistêmicos. As lesões locais e regionais são as mais frequentes e podem estar relacionadas à técnica incorreta na aplicação da vacina, particularmente a úlcera com diâmetro maior que 1 cm e os abscessos. São eventos locais e regionais: úlcera com diâmetro maior que 1cm; abscesso subcutâneo frio; abscesso subcutâneo quente; linfadenopatia regional não supurada maior que 3,0 cm; linfadenopatia regional supurada; cicatriz queloide; reação lupoide; granuloma. As úlceras não devem ser cobertas ou tratadas com medicamentos de uso tópico. Requerem tratamento com isoniazida até a solução do quadro: úlceras maiores que 1,0 cm que não cicatrizam após 12 semanas de evolução, abscesso subcutâneo frio, granulomas, linfadenopatia regional supurada. Os abscessos subcutâneos supurados devem receber antibioticoterapia. Os eventos adversos sistêmicos são raros, ultrapassam a topografia loco regional e podem acometer pele e linfonodos a distância, sistema osteoarticular e um ou mais órgãos; requerem tratamento com esquema tríplice para TB e é mandatório fazer investigação de imunodeficiência. A reação lupoide também deve ser tratada com esquema tríplice para TB. / / V a c i n a B C G Situação em que uma lesão de BCG já cicatrizada volta a apresentar atividade: desde hiperemia na região da cicatriz até uma franca reativação, com possibilidade de disseminação. Pode ocorrer em indivíduos com diferentes condições de base, mas pode ocorrer sem fator desencadeante conhecido. Têm sido descritas como doenças associadas à reativação do BCG: infecção pelo HIV, após-transplante de células-tronco hematopoiéticas, uso de medicação imunossupressora pós- transplante de órgãos sólidos, doença de Kawasaki, após- infecções virais leves, após vacinação. Os casos leves em indivíduos sem imunossupressão não requerem tratamento; casos em pacientes imunossuprimidos podem requerer tratamento com isoniazida ou esquema para tratamento de TB. Todos os eventos adversos à vacina BCG devem ser investigados e notificados. Como os eventos descritos no Brasil se baseiam na experiência brasileira com a cepa Moreau-Rio de Janeiro, a identificação da cepa associada ao evento adverso deve constar obrigatoriamente da notificação. Reativação do BCG Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 05822021000100602&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 16 maio 2021. / / V a c i n a B C G Sempre que houver suspeita que um evento adverso ao BCG pode ser secundário a uma imunodeficiência de base, é necessário seguir um protocolo de investigação proposto pelo PNI: investigar história familiar (casos similares ou mortes precoces), infecção pelo HIV, realizar leucograma (com contagem de valores absolutos de células), avaliação (citometria de fluxo) dos valores de células TCD4+, TCD8+ , células B, Células NK , investigar doença granulomatosa crônica através do teste da di-hidro rodamina (DHR), avaliar o eixo interleucina 12/23-interferon-gama. Dependendo dos resultados desses testes e da evolução do paciente, encaminhar para um especialista. Importante! Importante lembrar que qualquer evento adverso deve ser notificado dentro das primeiras 24 horas após a sua ocorrência, em qualquer unidade de saúde, de acordo com as recomendações do Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação do Ministério da Saúde (BRASIL, 2020). / / V a c i n a B C G Considerando que a vacina BCG é uma vacina com agente vivo atenuado, espera-se que o sistema imune do indivíduo vacinado controle a multiplicação e disseminação do agente vacinal. Quando um indivíduo com imunodeficiência primária ou adquirida é inadvertidamente vacinado, o agente vacinal pode se multiplicar e disseminar de forma descontrolada. Precauções e Contraindicações / / V a c i n a B C G 01 A vaciana deve ser adiada em indivíduos onde o risco de ausência do controle da replicação do agente vacinal pode existir: recém-nascidos com menos de 2.000 g, recém-nascidos contatos de indivíduos bacilíferos (só serão vacinados apósquimioprofilaxia), pacientes em uso de terapias imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, entre outros), pacientes em uso de imunossupressores, imunomoduladores ou corticosteroides em dose elevada (a vacina poderá ser aplicada 3 meses após o tratamento com imunossupressores). Filhos de mães infectadas pelo HIV deverão receber a vacina BCG ao nascimento ou o mais precocemente possível, se não vacinados ao nascer, a vacina está indicada para os lactentes assintomáticos e sem imunodepressão. / / V a c i n a B C G 02 A vacina não deve ser aplicada em indivíduos com imunodeficiência primária ou adquirida, portadores de neoplasias, pacientes em tratamento com corticosteroides em dose elevada (equivalente à dose de prednisona de 2 mg/kg/dia para crianças até 10 kg ou de 20 mg/dia ou mais, para indivíduos acima de 10 kg) por período superior a duas semanas; recém-nascidos de mães que utilizaram durante os dois últimos trimestres da gestação drogas imunomoduladoras que atravessam a barreira placentária, tais como: anti- TNF e anti-CD20. 03 Acidentes com profissionais de saúde durante a aplicação da vacina BCG No caso de contato acidental com a vacina BCG na mucosa ocular, lavar o olho acometido com soro fisiológico ou água; solicitar avaliação do oftalmologista após o acidente. É importante o uso dos óculos de proteção no momento da administração da vacina BCG a fim de evitar esse tipo de acidente. Nos casos de acidente perfurocortante com a vacina BCG, o local deve ser limpo com água ou soro fisiológico e assistência médica deve ser buscada se não houver resolução espontânea da lesão resultante. / / V a c i n a B C G 04 Contatos prolongados de portadores de hanseníase A vacinação será seletiva, nas seguintes situações: menores de 1 ano de idade não vacinados; menores de 1 ano de idade comprovadamente vacinados, mas sem cicatriz vacinal (aplicar nova dose de BCG 6 meses após a dose anterior) a partir de um ano de idade, vacinados com uma dose, aplicar outra dose, respeitando o intervalo mínimo de seis meses entre as doses. Vacinados com duas doses não devem receber outra dose da vacina. 05 Objetivo da vacinação BCG: evitar formas graves e disseminadas de TB que, junto com o diagnóstico e tratamento precoce da doença, visa diminuir seu impacto em Saúde Pública. / / V a c i n a B C G // Considerações Finais Chegamos ao final deste conteúdo. É importante destacar os seguintes pontos abordados: // Considerações Finais • As responsabilidades e ações de vacinação são compartilhadas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios e devem ser pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), tendo por base a regionalização, a rede de serviços e as tecnologias disponíveis. • A imunização é uma medida de prevenção primária que deve ocorrer preferentemente antes da exposição do indivíduo aos agentes infecciosos. • Para crianças nos dois primeiros anos de vida, o Calendário Nacional de Vacinação prevê mais vacinas do que ao longo de toda a vida. // Considerações Finais • A vulnerabilidade à doença e o risco de adoecer após contato com o doente bacilífero é maior em crianças até dois anos de idade (daí a importância da vacina BCG ao nascimento), idosos e imunossuprimidos (incluindo HIV). • A vacina BCG protege contra formas graves e disseminadas da tuberculose, em especial as formas miliar e meníngea. • A vacina BCG é considerada importante medida de controle da tuberculose, junto com o diagnóstico, o tratamento precoce e o tratamento da infecção latente dos contatos. Até a próxima! // referências r e f e r ê n c i a s / / Brasil. Ministério da Saúde - Calendário Nacional de Vacinação. [acesso em: 15 maio 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt- br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/c/calendario-de- vacinacao Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Tuberculose 2021. Número Especial. Brasília; Ministério da Saúde, 2021.43 p. [acesso em: 15 maio 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt- br/media/pdf/2021/marco/24/boletim- tuberculose-2021_24.03 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação/Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 176 p. // referências r e f e r ê n c i a s / / Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis MANUAL DE RECOMENDAÇÕES PARA O CONTROLE DA TUBERCULOSE NO BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília DF 2019. 2. ed. [acesso em: 15 maio 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual _recomendacoes_controle_tuberculose_brasil_2_e d.pdf Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação [recurso eletrônico. 4. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 340 p. [acesso em: 15 maio 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual _vigilancia_epidemiologica_eventos_vacinacao 4. ed.pdf Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz – Glossário de doenças: Tuberculose. [acesso em: 15 maio 2021]. https://agencia.fiocruz.br/tuberculose Créditos de imagens Banco de imagens Freepik https://www.freepik.com https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 05822021000100602&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 16 maio 2021. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de- a-a-z-1/c/calendario-de-vacinacao . Acesso em: 15 maio 2021. https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Koch . Acesso em: 15 maio 2021. Banco de ícones https://www.flaticon.com // Créditos
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