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Guia_da_Disciplina bibliotecnomia e ciencia

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BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA 
INFORMAÇÃO 
Me. Daianny Seoni de Oliveira 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2021 
 
 
1 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E A SUA INTERDISCIPLINARIEDADE 
 
Objetivo: 
Conhecer os conceitos e relações históricas da Biblioteconomia, Documentação, 
Arquivologia, Museologia e o campo científico da Ciência da Informação. 
 
Introdução: 
 Nos séculos XVIII e XIX, houve a consolidação das ciências modernas e o 
desenvolvimento das disciplinas humanas e sociais utilizando o modelo das ciências 
naturais (exatas e biológicas). Esse movimento ficou conhecido como positivismo e a 
Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia seguiram esse mesmo caminho que privilegiou 
os procedimentos técnicos de intervenção. 
 
O modelo tradicional tecnicista se deu pelas três áreas serem voltadas para as 
instituições (arquivo, biblioteca ou museu), acervos e processamentos técnicos, excluindo 
dessa forma questões históricas e sociais. As consequências foram que a arquivologia 
ficou conhecida “como a ciência das técnicas arquivísticas (o princípio de proveniência, as 
tabelas de temporalidade, as regras de verificação de autenticidade dos documentos); a 
biblioteconomia como a ciência das técnicas biblioteconômicas (os sistemas de 
classificação bibliográfica, as regras de catalogação); a museologia como a ciência das 
técnicas museológicas (regras de conservação, de inventariação, de expografia)” 
(ARAÚJO, 2014). 
 
 No decorrer do século XX, a Ciência da Informação, com uma proposta de 
cientificidade, acolheu e potencializou a produção teórica das três áreas, e superou o 
modelo tradicional tecnicista até então vigente. As produções teóricas dessas áreas, são 
marcados por “tempos”, como explica Araújo (2014): 
 
No primeiro deles, são apresentados estudos sobre as relações entre os arquivos, 
bibliotecas e museus e a sociedade, essencialmente sob inspiração funcionalista. 
No segundo, estudos também voltados para as relações entre essas instituições e 
o contexto social mais amplo, mas a partir de uma perspectiva crítica. No terceiro, 
os estudos que buscaram analisar tais instituições na óptica dos indivíduos que as 
utilizam ou que com elas se relacionam: os usuários ou visitantes. No quarto, aquele 
conjunto de reflexões que se voltaram para os distintos processos de representação 
empreendidos por estas instituições. Após a discussão destes quatro momentos, 
são apresentadas, em um quinto momento, as abordagens mais recentes, 
 
 
2 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
organizadas a partir de ideias distintas como a de mediação, de integração 
sistêmica, de fluxo, do imaterial (ARAÚJO, 2014). 
 
Também no século XX, a perspectiva funcionalista se deu em manifestos e iniciativas 
que reivindicavam uma atuação ativa dessas instituições em meio aos contextos sociais 
aos quais estavam inseridos. Essa corrente teórica teve um grande impacto nas ciências 
humanas e sociais, seguindo um modelo orgânico, em que é envolvido todos os elementos 
como por exemplo: a sociedade, cidade, empresa, escola, etc., a fim de manter um 
equilíbrio do todo. No caso das disciplinas da arquivologia, biblioteconomia e museologia, 
foi fundamental a utilização dessa perspectiva, pois as consolidou como disciplinas 
científicas o que alterou substancialmente a produção de conhecimento das três áreas. 
 
A origem da Ciência da Informação se deu em um contexto histórico do qual 
cientistas de outras áreas do conhecimento se intitulavam “Cientistas da Informação” pois 
reuniam e organizavam informações para subsidiar seus trabalhos de pesquisa e de seus 
pares. Tinham interesse em somente satisfazer as necessidades informacionais de sua 
área, e não em administrar alguns tipo de instituição, por exemplo, bibliotecas, museus, 
entre outros (ARAÚJO, 2011). 
 
 A partir desse cenário, o conceito de Ciência da Informação foi sendo construído e 
consolidado, e assumia um carácter essencialmente ligado à produção científica, 
estratégias para o acesso à informação e atendimento das necessidades informacionais da 
sociedade científica. 
 
 A relação entre a Ciência da informação e a Documentação se deu com Paul Otlet e 
Henri La Fontaine, dois advogados Belgas que construíram as bases teóricas para a 
elaboração de um repertório bibliográfico mundial, a Classificação Decimal Universal, além 
de outras atividades em busca da normalização bibliográfica. Em outros países, esse 
vínculo com a documentação foi menos sentido, nos Estados Unidos, houve mais ênfase 
com a área da tecnologia, e na Europa, um estreitamento com as áreas da cultura 
(ARAÚJO, 2011). 
 
 A vinculação entre as áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação, não foi por 
acaso, apesar de terem uma área em comum não eram campos coincidentes. Em um 
determinado momento, a área de Ciência da Informação precisava de infraestrutura 
 
 
3 Nome da Disciplina 
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institucional que a Biblioteconomia já havia conquistado com departamentos, periódicos e 
congressos. E a Biblioteconomia precisava da cientificidade na produção de conhecimento, 
que na época era considerada “tecnicista”. Foi uma contribuição de “mão dupla”. 
 
 A Arquivologia é uma área fortemente ligada à Ciência da Informação. Também 
considerada uma área “tecnicista” foi a aproximação dessas duas áreas que trouxe a 
arquivologia o merecido destaque como ciência. Antigamente, era uma área que ficava em 
segundo plano e era ligada a história. Hoje a Arquivologia, trouxe um rico conhecimento 
sobre a organicidade e o ciclo de vida dos documentos, sobre patrimônio e memória, sobre 
a historicidade dos registros do conhecimento humano para todas as disciplinas científicas 
pertencentes ao campo das ciências humanas e sociais. 
 
 A área de Museologia, ainda encontra-se dispersa e não totalmente integrada ao 
escopo da Ciência da Informação, em conjunto com a Biblioteconomia e Arquivologia. 
Espera-se que ainda seja um espaço de problematização e produção de conhecimento 
sobre questões propriamente museológicas, e não somente uma intersecção com as áreas 
de história, artes e arqueologia. 
 
 Desse modo, uma característica fundamental da Ciência da Informação é a sua 
interdisciplinaridade, que envolve as três áreas que trabalham com a informação, 
Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia. O conceito de informação vem se 
desenvolvendo com o passar do tempo pela Ciência da Informação, antes era vista como 
algo a ser guardado e recuperado e hoje, o estudo é ampliado pela visão social da 
informação e sua construção através da interatividade (ARAÚJO, 2011). 
 
 
 
● ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Ciência da Informação, Biblioteconomia, 
Arquivologia e Museologia: relações institucionais e teóricas. Enc. Bibli: R. 
Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.110-
130, 2011. Disponível em: 
https://brapci.inf.br/_repositorio/2011/09/pdf_e9d23645f2_0018712.pdf 
Acesso em: 12 dez. 2020. 
 
● TANUS, Gabrielle Francinne de S.C; RENAULT, Leonardo Vasconcelos; 
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. O conceito de documento na Arquivologia, 
Biblioteconomia e Museologia. Revista Brasileira de Biblioteconomia e 
Documentação, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 158-174, fev. 2013. ISSN 1980-6949. 
https://brapci.inf.br/_repositorio/2011/09/pdf_e9d23645f2_0018712.pdf
 
 
4 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/220>. 
Acesso em: 12 dez. 2020. 
 
 
 
 
 
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Ciência da Informação, Biblioteconomia, 
Arquivologia e Museologia: relações institucionais e teóricas. Enc. Bibli: R. 
Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.110-
130, 2011. Disponível em: 
https://brapci.inf.br/_repositorio/2011/09/pdf_e9d23645f2_0018712.pdfAcesso em: 12 dez. 2020. 
 
ARAÚJO, C. A. A. Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da 
Informação: o diálogo possível. Brasília: Briquet de Lemos, 2014. Disponível 
em: http://casal.eci.ufmg.br/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/220
https://brapci.inf.br/_repositorio/2011/09/pdf_e9d23645f2_0018712.pdf
 
 
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2. HISTÓRIA SOCIAL DO CONHECIMENTO 
 
Objetivo: 
Aprender sobre os aspectos históricos do conhecimento e sua relação com a 
informação. 
 
Introdução: 
O conhecimento tem sua história tratada por Peter Burker (2003), o qual nos leva 
para uma viagem da história do conhecimento através de diferentes épocas. E o que é o 
conhecimento? De acordo com o autor, o conhecimento é o que foi processado, classificado 
e a informação é algo efetivamente “crua”. 
 
A atividade bibliográfica teve seu início com eruditos, com o advento da invenção da 
escrita e seu registro pelos “ordenadores do universo”. Na Biblioteca de Alexandria, 
Calímaco (séc. III a.c.) já organizava os livros por grandes temas ou gêneros, sendo modelo 
para as primeiras bibliotecas de Roma. 
 
Na idade média, as bibliotecas se encontravam nos mosteiros e em casas de nobres, 
pois os livros eram caros e destinados aos “homens do saber”. Com a invenção da prensa 
tipográfica por Gutenberg em 1450, a propagação de textos ficou intensa. E o que antes 
era restrito para privilegiados, a partir daquele momento, começou a se popularizar e mudou 
a história da leitura. 
 
Segundo Burke (2003), o que as pessoas sabiam estavam relacionadas ao lugar 
onde viviam, desse modo, a “geografia do conhecimento”, também se refere às "sedes do 
conhecimento”. As sedes tradicionais, no século XVI, refere-se a mosteiro, universidade e 
hospitais que se juntavam a novos lugares, como as bibliotecas, livrarias e cafés. Em 1640, 
a biblioteca aumentou de importância e como a livraria e o café eram ambientes que 
encorajavam a comunicação oral com a impressa e não havia exigência de silêncio. 
 
A partir dos mosteiros e da instalação das universidades no século XVI e XVII, o 
número de estudiosos cresceu consideravelmente. É um período em que a função de 
secretários, bibliotecários e conselheiros é cada vez mais necessária, criando-se redes de 
informação ligando os grupos de intelectuais entre si (GOMES, 2017). 
 
 
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Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A igreja e o estado, eram as duas grandes organizações da época, e centralizava os 
documentos e livros em prédios construídos para consulta pública desse material, 
principalmente em centros europeus. Havia censura dos livros, realizada por essas duas 
instituições. O mercado de produção e distribuição situava-se nas cidades de Veneza, 
Amsterdã e Londres do século XVI a XVIII, que produziam uma enorme quantidade de 
livros, jornais e revistas. 
 
Houve o aumento das obras de referência, bibliografia, dicionários, e enciclopédias, 
modificando as formas de leitura: consulta e leitura fracionada. No final do século XVII 
começaram a surgir os debates acerca da organização da grande massa de livros bem 
como a sua classificação por tema ou ordem alfabética. Os catálogos das bibliotecas 
seguiam a mesma ordem. Por exemplo, a Biblioteca de Bodleian, 1605, separava os livros 
em quatro grupos - artes, teologia, direito e medicina - utilizando um índice de autores e de 
Aristóteles e da Bíblia. Na Biblioteca da Universidade de Leiden, 1610, conforme gravura 
abaixo, os livros eram organizados em sete categorias: teologia, direito, medicina, 
matemática, filosofia, literatura e história (BURKE, 2003). 
 
 
 
 Nesta época as melhores bibliotecas se encontravam nas maiores cidades, como 
Florença, Veneza, Milão e Roma na Itália e Paris na França. De acordo com Burke (2003) 
 
 
7 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“a sistematização do conhecimento nas cidades e fora delas era parte de um processo mais 
amplo de elaboração ou “processamento”, que incluía compilar, checar, editar, traduzir, 
comentar, criticar, sintetizar ou, como se dizia na época, “resumir e metodizar””. Dessa 
forma, o conhecimento era “produzido” aos menos letrados e só era possível com pois tinha 
a participação de burocratas, artistas e impressores. 
 
 Segundo Curty (2004), a enciclopédia surge como um marco histórico do 
conhecimento, pois é uma das precursoras das inúmeras obras de referência hoje 
existentes que emergiram como solução para um problema ainda atual, mas que já 
remontava àquele período o da “recuperação da informação”, revolucionou a pesquisa, 
acentuou o “comércio do conhecimento” e o “consumo de cultura”. 
 
Em decorrência da crescente demanda social por informações, surgem os primeiros 
catálogos, guias e livros de endereços. Passa-se de um conhecimento centralizado à 
necessidade de seu compartilhamento e distribuição e de descobertas globais, o que 
fortalece significativamente as traduções e as reproduções de documentos e livros 
(CURTY, 2004). 
 
Os currículos universitários foram alterados com o passar do tempo possibilitando a 
ramificação das ciências e das áreas do conhecimento, que por consequência, forçou uma 
nova estruturação das bibliotecas e a busca de novas formas de classificação e 
organização. 
 
 
 
Leio o livro: BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a 
Diderot. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. 
Leia o artigo de: GOMES, Hagar Espanha. Marcos históricos e teóricos da 
organização do conhecimento. Informação & Informação, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 
33-66, out. 2017. ISSN 1981-8920. Disponível em: 
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/31442>. 
Acesso em: 12 dez. 2020. doi:http://dx.doi.org/10.5433/1981-
8920.2017v22n2p33. 
 
 
 
 
 
8 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio 
de Janeiro: Zahar, 2003. 
GOMES, Hagar Espanha. Marcos históricos e teóricos da organização do 
conhecimento. Informação & Informação, [S.l.], v. 22, n. 2, p. 33-66, out. 2017. 
ISSN 1981-8920. Disponível em: 
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/31442>. 
Acesso em: 12 dez. 2020. doi:http://dx.doi.org/10.5433/1981-
8920.2017v22n2p33. 
CURTY, R. G. Resenha. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, 
n.18, 2º sem. 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2017v22n2p33
http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2017v22n2p33
 
 
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3. HISTÓRIA DAS BIBLIOTECAS E BIBLIOTECONOMIA 
 
Objetivo: 
Estudar a respeito da história das Bibliotecas e da Biblioteconomia. 
 
Introdução: 
No mundo antigo, consolidaram-se numerosas bibliotecas, arquivos e museus 
destinados aos mais diversos fins: como religioso, político, jurídico, dentre outras. As 
instituições de referência são a Biblioteca de Alexandria, Arquivos de Ebla e o Museu 
Alexandrino. Essas instituições desenvolveram métodos e técnicas de acordo com seu 
acervo, procedimentos estes de carácter prático mas que serviram de base para futuras 
disciplinas científicas (ARAÚJO, 2014). 
 
No Renascimento, a partir do século XV, o interesse pelas artes e filosofia se 
renovam, bem como, de sua preservação. A produção humana foi entendida como um 
“tesouro” a ser guardado para futuras gerações. Surgem as primeiras publicações relativas 
a estas instituições, com procedimentos sobre guarda, conservação, preservação, 
descrição de peças e documentos, incluindo questões sobre legitimidade, procedência e 
características (ARAÚJO, 2014). 
 
As revoluções francesa e burguesa na europa marcaram a transição para a 
modernidade, dessa forma, as bibliotecas,arquivos e museus foram transformadas. Com 
novos conceitos de carácter público, as bibliotecas nacionais, arquivos nacionais e museus 
nacionais foram formados. Houve contudo, a necessidade de se ter pessoal qualificado 
para as modernas instituições, o que levou aos “primeiros cursos profissionalizantes 
voltados essencialmente para regras de administração das rotinas destas instituições e, 
seguindo a tradição anterior, para conhecimentos gerais em humanidades (ou seja, os 
assuntos dos acervos guardados)” (ARAÚJO, 2014). 
 
Segundo Araújo (2014), alguns desses marcos foram: em 1800, nos Estados Unidos, 
da Library of Congress; em 1790, na França, a criação dos Archives Nationales, o primeiro 
arquivo nacional do mundo vindo; a criação, em 1793, do Musée du Louvre, que se torna 
referência obrigatória para a criação dos museus nacionais europeus. 
 
 
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Os arquivos, bibliotecas e museus passam a ser os espaços que continham os 
materiais que interessavam ao desenvolvimento das humanidades e do projeto iluminista 
e, assim, atraíram bibliófilos, literatos, historiadores e críticos de arte para as funções de 
arquivistas, bibliotecários e museólogos. Estas áreas ficaram conhecidas como auxiliares 
ao conhecimento sobre arquivos, bibliotecas e os museus e trouxe certa estagnação para 
o desenvolvimento científico próprio da área. 
 
Nos séculos XVIII e XIX, as humanidades (sociologia, psicologia, antropologia, entre 
outras) constituiu-se como ciência, tendo as ciências naturais (exatas e biológicas) como 
modelo. Este movimento ficou conhecido como positivismo e a “arquivologia, 
biblioteconomia e museologia seguiram o mesmo modelo, com o surgimento de diversos 
manuais no século XIX” (ARAÚJO, 2014). 
 
 
1.1. Breve história da Biblioteconomia Brasileira 
A primeira biblioteca brasileira surgiu dentro do Colégio da Bahia em 1568, uma 
instituição de ensino dos Jesuítas no Brasil Colonial, neste período todo acesso ao 
conhecimento laico era controlado pela Igreja. O primeiro bibliotecário foi o jesuíta 
português Antônio Gonçalves em 1604 (FONSECA, 1979 apud ALMEIDA, BAPTISTA, 
2013). Neste período não havia cursos de formação de bibliotecários no Brasil, o primeiro 
curso de Biblioteconomia foi criado apenas em 1911 na Biblioteca Nacional. 
 
O ensino de Biblioteconomia surgiu a partir do Decreto 8.835 de 11 de Julho de 1911 
que estabeleceu a criação do primeiro Curso de Biblioteconomia na Biblioteca Nacional. 
Este fato ocorreu por meio do esforço e empenho de Manuel Cícero Peregrino da Silva, 
diretor da Biblioteca Nacional. O ensino da Biblioteca Nacional era influenciado pela escola 
francesa École de Chartes com forte característica humanística e voltada para os 
funcionários daquela biblioteca. O segundo curso criado em São Paulo em 1929 no 
Mackenzie College recebeu influência americana tecnicista da Columbia University. O curso 
chamava-se “Curso Elementar de Biblioteconomia” e foi orientado pela bibliotecária 
americana Dorothy Muriel Gedds Gropp. Na época, este curso era voltado para os 
funcionários da biblioteca, professores e bibliotecários de outras instituições. (CASTRO, 
2000). 
 
 
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Nos primeiros anos de criação, as escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo foram 
guiadas por diferentes visões. A primeira mantinha suas raízes humanísticas enquanto a 
segunda era basicamente técnica (ALMEIDA, BAPTISTA, 2013). 
 
No entanto, com a americanização do país e as exigências do mercado de trabalho, 
a Biblioteca Nacional em 1944 modificou seu currículo com o acréscimo de disciplinas 
técnicas tais como: Catalogação, Classificação, Bibliografia e Referência (CASTRO, 2000). 
Mas não deixou de lado sua influência humanística. O ensino de Biblioteconomia no Rio de 
Janeiro e São Paulo apresentavam diferenças desde a influência a controvérsias nas 
práticas técnicas e nas disciplinas escolares (CASTRO, 2000). Como pode ser observado 
no quadro a seguir (ALMEIDA, BAPTISTA, 2013): 
 
 
 
 
12 Nome da Disciplina 
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Desta forma, é possível observar que o Currículo de biblioteconomia foi evoluindo com 
o passar dos anos com a padronização dos currículos na década de 1960 (ALMEIDA, 
BAPTISTA, 2013). 
 
A biblioteconomia brasileira passa por cinco fase, conforme aponta Castro (2000): 
Fase I - 1879-1928: Movimento fundador da Biblioteconomia no Brasil, de 
influência humanística francesa, sob a liderança da Biblioteca Nacional; 
 
Fase II - 1929-1939: Predomínio do modelo pragmático americano em relação 
ao modelo humanista francês anterior; 
 
Fase III - 1940-1961: Consolidação e expansão do modelo pragmático americano; 
 
Fase IV - 1962-1969: Uniformização dos conteúdos pedagógicos e 
regulamentação da profissão; 
 
Fase V - 1970-1995: Paralisação do crescimento quantitativo das escolas de 
graduação e crescimento quantitativo dos cursos de pós-graduação; busca da 
madureza teórica da área a partir de novas metodologias, e abordagens emprestados de 
outros campos do saber. 
 
 A biblioteconomia brasileira no séc. 21, vem composta por desafios tecnológicos de 
informação e comunicação, bem como, a exigência de uma atuação profissional proativa 
caracterizada pelo papel social da informação. 
 
 
 
● Castro, César Augusto. História da biblioteconomia brasileira. Brasília: 
Thesaurus Editora, 2000. 287 p. 
 
● VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: 
Interciência, 2014. Ler o Cap. 2 - Pequena introdução à história da 
Biblioteconomia. 
 
 
 
 
 
13 Nome da Disciplina 
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ALMEIDA, N. B. F., BAPTISTA, S. G. Breve histórico da Biblioteconomia 
brasileira: formação do profissional. XXV Congresso Brasileiro de e 
Biblioteconomia, Documento e Ciência da Informação – Florianópolis, SC, 
Brasil, 07 a 10 de julho de 2013. 
 
ARAÚJO, C. A. A. Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da 
Informação: o diálogo possível. Brasília: Briquet de Lemos, 2014. Disponível 
em: http://casal.eci.ufmg.br/ 
 
Castro, César Augusto. História da biblioteconomia brasileira. Brasília: 
Thesaurus Editora, 2000. 287 p. 
 
 
 
 
14 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. CULTURA E SOCIEDADE 
 
Objetivo: 
Apresentar as interfaces e conexões entre informação, cultura e sociedade, 
considerando os contextos que caracterizam a Biblioteconomia, suas instituições, seus 
profissionais e seu público. 
 
Introdução: 
Do ponto de vista antropológico, a conceitualização de cultura é uma tendência 
manifestada a partir de determinados fatores biológicos e geográficos, que define a 
formação do sujeito. 
 
Definir cultura é uma atividade complexa como coloca Chauí (1995 apud SANTA 
ANNA, 2017) entendida como a invenção coletiva de símbolos, valores, ideias e 
comportamentos impregnados à sociabilidade. A cultura oportuniza os modos de fazer, 
a tradição oral, a organização social de cada comunidade, os costumes, as crenças 
e as manifestações da cultura popular que remontam ao mito formador de cada grupo. 
 
A cultura por estar inserida na vida humana, apresenta como principal característica 
a sociabilidade, dessa forma o homem gera cultura à medida que interage com seus 
semelhantes, compartilhando tendências de sua personalidade, comportamento e de seus 
traços culturais (LARAIA, 2009 apud SANTA ANNA, 2017). 
 
Nesse contexto, a cultura e a sociedade caminham juntas, sendo impossível 
dissociar cultura de meio social e de relações humanas. Marteleto (1995, p. 2, apud SANTA 
ANNA, 2017) reflete que “[...] a culturapode ser entendida no seu sentido antropológico 
mais geral como o ‘modo de relacionamento humano com seu real’ [...]”. A autora considera 
que produtos e atividades oriundas desse relacionamento, construídos pelos sujeitos em 
sociedade (palavras, conceitos, técnicas, regras, linguagens) dão sentido, produzem e 
reproduzem sua vida material e simbólica (SANTA ANNA, 2017). 
 
Considerando o contexto pessoal e social, percebe-se o quanto a cultura é 
importante, sobretudo por garantir o respeito às diferenças, garantir a memória social 
e, proporcionar o desenvolvimento pessoal, social e econômico. “No entanto, as culturas, a 
 
 
15 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
fim de serem melhor manifestadas, preservadas e disseminadas, irão requerer a participação 
de instituições que contribuam com essa causa” (SANTA ANNA, 2017). 
 
O estudo sobre a cultura e a sociedade no contexto da biblioteconomia, possibilita 
delinear os fluxos de informação que geram conhecimentos e que proporcionam a mudança 
na vida das pessoas. Através da cultura existe a possibilidade de manifestação da sociedade, 
sem cultura não há sociedade e vice-versa. 
 
As bibliotecas, desde os primórdios da civilização, têm se consolidado como 
instituições culturais e sociais e são importantes instrumentos de poder e desenvolvimento 
social, cultural e econômico. No entanto, em tempos remotos, o objetivo dessas unidades 
estava em prol da preservação da cultura registrada em acervos documentais (ARAÚJO, 
2014 apud SANTA ANNA, 2017). 
 
As transformações da sociedade moderna fez com que as bibliotecas se 
tornassem um local de ações voltadas para os problemas sociais, tornando um sistema 
aberto e fomentador de atividades sociais, culturais e recreativas (SILVEIRA, 2014 apud 
SANTA ANNA, 2017). 
 
A respeito da biblioteca do futuro, Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014 SANTA 
ANNA, 2017) refletem que essas unidades tornam-se a cada dia mais híbridas, exercendo 
múltiplas funções, seja ela informacional, educacional, recreativa, social e cultural. No 
contexto das bibliotecas a função cultural insere-se (ou deveria se inserir), como elemento 
agregador no desenvolvimento e expansão dessas instituições, nesse âmbito, elas são de 
grande valor para a sociedade. 
 
Munhoz e outros (2010, p. 11 apud SANTA ANNA, 2017), diz que o profissional que 
atua no contexto da cultura, sobretudo os bibliotecários, precisam ampliar/aprimorar um 
tratamento mais humanista. Sendo assim, o bibliotecário precisa adquirir “[...] a nuance de 
animador cultural, dada uma comunidade, é preciso ter habilidades humanas (ou 
desenvolvê-las), tudo isso para ir ao encontro do que realmente necessita a comunidade na 
qual ele está inserido”. 
 
Os profissionais da informação, especialmente os bibliotecários, segundo José 
Filho (2009 apud SANTA ANNA, 2017), devem se portar como agentes culturais, sendo um 
 
 
16 Nome da Disciplina 
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mediador entre o objeto de estudo e a ação cultural, colocando-se em favor do fomento à 
cultura. 
 
Desse modo, o espaço da biblioteca passa a ser um local de geração, de transmissão 
e de redefinição da cultura, o que garante benefícios tanto para os cidadãos quanto para a 
sociedade (SANTA ANNA, 2017). 
 
 
 
● SANTOS, Josiel Machado. A cultura da informação nas bibliotecas públicas 
brasileiras. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São 
Paulo, v. 10, n. 1, p. 54-67, jul. 2014. ISSN 1980-6949. Disponível em: 
<https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/280>. 
 
 
 
 
 
SANTA ANNA, J. A cultura como elemento agregador para as unidades de 
informação: pluralizando manifestações culturais. RDBCI: Revista Digital de 
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 15, n. 1, p. 82–98, 
2017. DOI: 10.20396/rdbci.v15i1.8641700. Disponível em: 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/8641700 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. MEMORIA E PATRIMONIO 
 
Objetivo: 
Estudar a memória e o patrimônio como identidade cultural, bem como, sua 
valorização, preservação e conservação. 
 
Introdução: 
A memória e o Patrimônio cultural contribuem para que a sociedade tenha uma 
identidade, e para que isso aconteça devemos valorizar e preservar a cultura. Para 
Halbwachs (1992 apud SOUZA, CRIPPA, 2010), a memória coletiva é a soma, combinação 
ou o resultado de memórias individuais de vários indivíduos pertencentes ou comuns a uma 
sociedade. 
 
A memória era transmitida por meio de palavras, conhecido como história oral, e com 
o surgimento da escrita, foi se materializando informações e conhecimentos. A memória e a 
identidade estão ligadas, pois uma se apoia a outra a fim de produzir histórias, narrativas. 
 
Para o antropólogo Munanga (2012, apud SOUZA, CRIPPA, 2010) existem três 
fatores fundamentais para a construção da identidade: o fator histórico, relacionado com a 
problemática da memória; o fator linguístico, que estaria dentro dos códigos culturais; e o 
fator psicológico, responsável pela tomada da consciência. 
 
De acordo com Souza e Crippa (2010) o documento é a ligação entre memória e 
identidade, aqui entende-se documento em seus variados suportes, desde os mais 
tradicionais até o objeto que compõe a cultura material. A preservação vem como um ato de 
proteger, resguardar a memória para que ela seja evocada, é uma forma de manter viva o 
documento, a cultura, a história. 
 
O Movimento Modernismo Brasileiro, em 1920, começou a questionar a identidade 
do povo brasileiro, neste contexto é que foi se tornando necessário a definição do que seria 
o patrimônio histórico brasileiro. Em 1937, um decreto-lei foi criado, definindo patrimônio 
histórico e artístico como: 
 
(...) conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja 
conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos 
 
 
18 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico 
ou etnográfico, bibliográfico ou artístico (BRASIL, 1937). 
 
Percebe-se que este decreto-lei só se referia a bens móveis e imóveis não incluindo 
manifestações, crenças, culinária, etc. Desse modo, a área que mais se apropriou deste 
campo de estudo foi a Arquitetura (SOUZA, CRIPPA, 2010). 
 
Somente em 1975, foi criado o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), que 
tinha como objetivo estudar uma nova política para o Patrimônio Cultural e desenvolver 
projetos culturais pouco explorados, como artesanato, levantamento da documentação 
sobre o país e outros (SOUZA, CRIPPA, 2010). 
 
Essa mudança de entendimento, levou a uma modificação no texto da Constituição 
Federal de 1988, definindo patrimônio cultural como: 
 
(...) os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em 
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos 
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I. as formas de expressão; 
II. os modos de criar, fazer e viver; 
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados 
às manifestações artístico-culturais; 
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, 1988). 
 
A definição de 1988, ampliou a ideia de patrimônio cultural e em 4 de agosto de 
2000, foi aprovado o Decreto n° 3.551 que estabeleceu o programa nacional do patrimônio 
imaterial e instituiu o registro dos bens culturais de natureza imaterial. 
 
Quantoa Educação Patrimonial, Horta (1999, p. 06) a coloca como “um processo 
permanente e sistemático de trabalho educacional, centrado no patrimônio cultural como 
fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo”. Desse modo, 
assumimos enquanto profissionais e cidadãos o processo de fortalecimento e revitalização 
de nossa cultura e a responsabilidade de conduzir a outros indivíduos o caminho do 
entendimento e do profundo comprometimento na construção desse universo sociocultural. 
 
 
 
19 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nesta perspectiva, a memória é peça substancial na área do patrimônio cultural, pois 
a representação que um bem cultural tem para uma sociedade refere se a identidade 
cultural. E esse conhecimento é transformado em informação, e não há informação sem 
memória. Logo, deve-se preservar e conservar a memória num equilíbrio de ações que 
valorizem o patrimônio histórico e cultural. 
 
 
 
● SILVEIRA, Fabrício José Nascimento da. Biblioteca, memória e identidade 
social. Perspect. ciênc. inf. , Belo Horizonte, v. 15, n. 3, pág. 67-86, 2010. 
Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362010000300005&lng=en&nrm=iso>. 
 
 
 
 
 
SOUZA, W .E .R., CRIPPA, G. O campo da Ciência da Informação e o Patrimônio 
Cultural: reflexões iniciais para novas discussões sobre os limites da área. Enc. 
Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 15, n. 29, 
p.1-23, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. ATOS HISTÓRICOS DA PROFISSÃO 
 
Objetivo: 
Apresentar os marcos históricos e legais do desenvolvimento da profissão de 
Bibliotecário no Brasil 
 
Introdução: 
A formação acadêmica em biblioteconomia no Brasil data do início do século XX, o 
desenvolvimento dos cursos de biblioteconomia no Brasil inicialmente sofreu influências do 
modelo humanista francês, entretanto, em fins da década de trinta do século XX já 
manifestava forte tendência à adoção do paradigma pragmático norte-americano, e que 
teve sua consolidação nos anos sessenta (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
Em 1996, a publicação da Lei 9.394 que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da 
Educação, desencadeou alterações em todas as esferas do ensino no país. Após 2001, o 
Ministério da Educação deixou para cada escola a responsabilidade de definir o currículo 
específico além do que as mesmas terão o dever social e político de discutir com a categoria 
profissional. Conforme orientação do Parecer CNE/CES 67, de 11 de março de 2003, 
eliminou-se a exigência de currículos mínimos nacionais (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
O Parecer n. 108 do CNE que trata, especificamente, da duração dos cursos de 
bacharelado, são recomendações da União Europeia para atender ao acordo Mercosul 
(BRASIL, 2003). Percebe-se uma tendência globalizante de atender mercados econômicos, 
uniformizando e harmonizando os sistemas educacionais dos países membros dos acordos 
para que os profissionais possam ir e vir (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
6.1. Profissionalização do bibliotecário (a) 
 Na década de 50, algumas bibliotecárias brasileiras, lideradas pela dinâmica figura 
de Laura Garcia Moreno Russo, de São Paulo, iniciaram os esforços para ver a 
biblioteconomia oficialmente reconhecida junto aos poderes públicos e junto à sociedade 
brasileira. A primeira vitória veio em 1958, com a Portaria nº 162 do MTPS – Ministério do 
Trabalho e Previdência Social, através da qual a profissão de bibliotecário foi 
regulamentada no Serviço Público Federal, tendo sido incluída no 19º Grupo das profissões 
liberais. Em 1962 veio a coroação de todos esses esforços, com a aprovação da Lei nº 
 
 
21 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4084, que regula, até hoje, o exercício da profissão de bibliotecário no Brasil e estabelece 
as prerrogativas dos portadores de diploma em biblioteconomia no país (JOB, OLIVEIRA, 
2006). 
 
Em seu artigo 6, a Lei 4.084/62 traz as seguintes atribuições dos Bacharéis em 
Biblioteconomia: 
 
São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia: a organização, direção 
e execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais, 
estaduais, municipais e autarquias e empresas particulares concernentes às 
matérias e atividades seguintes: o ensino de Biblioteconomia; a fiscalização 
de estabelecimentos de ensino de Biblioteconomia reconhecidos, 
equiparados ou em vias de equiparação; administração e direção de 
bibliotecas; a organização e direção dos serviços de documentação; a 
execução dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos de 
livros raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, 
de bibliografia e referência. 
 
 Em 1965, através do Decreto n. 56.725, foi regulamentada a Lei n. 4.084/62 que 
dispõe sobre a profissão de Bibliotecário e regula seu exercício e, em seus Artigos 8 e 9, 
repetem-se, quase de forma idêntica, as atribuições expostas na lei de 1962. De 1962 a 
1998, trinta anos se passaram, um intervalo em que se observaram alterações no fazer 
bibliotecário. Por volta de 1990 o CFB elaborou um projeto de lei que alteraria a lei 4084. 
Para tanto, colaboraram com sugestões as escolas de biblioteconomia, as entidades 
associativas e os profissionais. Neste documento a expressão “informação registrada” foi a 
tônica o que foi motivo dos vetos, por pretender ter uma reserva de mercado (JOB, 
OLIVEIRA, 2006). 
 
A Lei 9.674 que dispõe sobre o exercício da profissão de Bibliotecário e determina 
outras providências foi promulgada, trouxe complementações à Lei 4084 sem, no entanto, 
revogá-la. Apresentou como novidade, a figura do técnico em biblioteconomia de forma 
restritiva e as penalidades aos leigos que exercerem a atividade inerente ao bibliotecário: 
 
O termo técnico em biblioteconomia aparece num dispositivo legal, pela 
primeira vez. No parágrafo terceiro do artigo trinta e três há a menção ao 
técnico em biblioteconomia, numa situação específica: este será aceito 
somente no âmbito legal em municípios com até 10 mil habitantes em 
bibliotecas públicas com até 200 livros catalogados. (Lei 9674, 1998, art.33, 
§3). 
 
 
22 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Além desta novidade, a lei trouxe ainda no artigo quarenta e cinco, a normatização 
das denúncias e, no artigo subseqüente, o enquadramento de pessoas não habilitadas na 
Lei de Contravenções Penais, bem como pagamento de multa. No artigo 47, acresce ao já 
definido nas leis anteriores, que torna equivalentes, para todos os efeitos, os diplomas de 
bibliotecário, de bacharel em biblioteconomia e de bacharel em biblioteconomia e 
documentação. Portanto, todos os cursos criados, similares à biblioteconomia, que não 
expedem um diploma com as denominações acima, devem estar cientes de que seus 
egressos não poderão se registrar nos Conselhos Regionais e esta decisão deverá ser 
dada a conhecer ao corpo discente, para que possam fazer sua opção sem a ilusão de 
poderem efetuar o registro (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
Em 2010 a Lei nº 12.244, dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas 
instituições de ensino do País, o que determina que as instituições de ensino públicas e 
privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas. Para os fins 
desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e 
documentos registrados em qualquer suporte destinado a consulta, pesquisa, estudo ou 
leitura. Essa lei tem um prazo de 10 anos para ser efetivada, pois era necessário ampliar a 
quantidade de vagas para a formação do profissional bibliotecário. Em 2006 existiam 35 
cursos de bacharelado em biblioteconomia, hoje temos 52 cursos, entre presenciais e EAD, 
em instituições deensino superior no Brasil. 
 
 
 
Consulte os sites: https://www.cfb.org.br/ http://www.febab.org.br/ 
 
 
 
 
 
 
 
JOB, Ivone; OLIVEIRA, Dalgiza Andrade. Marcos históricos e legais do 
desenvolvimento da profissão de bibliotecário no Brasil 
Historical and legal aspects of Brazilian librarian profession p. 259-272. Revista 
ACB, [S.l.], v. 11, n. 2, p. 259-272, dez. 2006. ISSN 1414-0594. Disponível em: 
<https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/449/565>. 
 
 
 
23 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. ÓRGÃOS REPRESENTATIVOS E MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS 
 
Objetivo: 
Apresentar os órgãos responsáveis pela fiscalização do exercício profissional e 
movimentos associativos da profissão de bibliotecário 
 
Introdução: 
A fiscalização do exercício profissional de Biblioteconomia está sob a égide dos 
Conselhos que são instituições autárquicas dotados de personalidade jurídica própria 
agindo por delegação do Poder Público. E cabe aos Conselhos Regionais de 
Biblioteconomia, atualmente com 14 jurisdições, realizar o procedimento, esses órgãos 
estão hierarquicamente relacionados (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
A lei que deu origem a tais entidades é a mesma que regulamenta o exercício da 
profissão de bibliotecário no Brasil, mas os Conselhos não são as entidades mais antigas 
relacionadas a área, esse título pertence a Federação Brasileira de Associações de 
Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) que foi fundada em 26 de 
julho de 1959 (SANTOS, 2017). 
 
A FEBAB tem como principal missão defender e incentivar o desenvolvimento da 
profissão. Tem como objetivos congregar as entidades para tornarem-se membros e 
instituições filiadas; coordenar e desenvolver atividades que promovam as bibliotecas e 
seus profissionais; apoiar as atividades de seus filiados e dos profissionais associados; 
atuar como centro de documentação, memória e informação das atividades de 
biblioteconomia, ciência da informação e áreas correlatas brasileiras; interagir com as 
instituições internacionais da área de informação; desenvolver e apoiar projetos na área, 
visando o aprimoramento das bibliotecas e dos profissionais; contribuir para a criação e 
desenvolvimento dos trabalhos das comissões e grupos de áreas especializadas de 
biblioteconomia e ciência da informação (FEBAB, 2021). 
 
A regulamentação profissional é uma questão de cidadania pois, as ações desses 
órgãos visam garantir a prestação de serviços de informação aos cidadãos brasileiros e, 
por isso, lutam para que esses serviços sejam prestados por profissionais habilitados, única 
maneira de assegurar que as funções social e ética das profissões que representam sejam 
cumpridas de modo eficaz (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
 
24 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Recorrentemente, inclusive por falta de conhecimento sobre as atribuições do 
profissional bibliotecário, as instituições tendem a contratar leigos para exercerem 
atividades atinentes ao perfil deste profissional. Exemplo disso são alguns programas 
governamentais que, na tentativa até louvável de trabalhar a importância do hábito à leitura, 
desconsideram a figura do bibliotecário que deveria estar inserido neste tipo de iniciativa, 
neste sentido, os Conselhos exercem um papel intransigente na defesa dos interesses da 
comunidade (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
A Biblioteconomia no país hoje apresenta a seguinte estrutura instituída pelas suas 
entidades representativas: 
- O Conselho Federal de Biblioteconomia - CFB que congrega os Conselhos 
Regionais de Biblioteconomia - CRB, que tem como objetivo maior a fiscalização do 
exercício e da ética profissional; 
- A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários - FEBAB que congrega as 
Associações Estaduais, que perseguem objetivo de promover a atualização 
profissional através de eventos, publicações e cursos, assim como buscam o 
fortalecimento da imagem do profissional no país entre outras ações; 
- Os sindicatos que defendem o profissional através da legislação dos fóruns 
trabalhistas e negociam junto às empresas e governo o piso salarial dos 
profissionais, bem como outros benefícios que a lei propicia aos trabalhadores de 
um modo geral; 
- A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação - 
ANCIB que congrega os pesquisadores da área de Ciência da Informação, dentre 
os quais o bibliotecário. Tem como importante objetivo promover o debate 
informacional e desenvolvimento de pesquisa na área, resultando em aumento da 
produção científica nacional; 
- A Associação Brasileira de Ensino de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da 
Informação – ABEBD que congrega as escolas de biblioteconomia, documentação 
e ciência da informação do país, com o objetivo de debater todas as questões 
inerentes à formação do profissional, do mercado de trabalho e do próprio 
profissional da informação. (VALENTIM, 2000, apud JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
A existência de uma legislação que regulamenta a profissão de bibliotecário 
contribuiu para o estabelecimento da Biblioteconomia enquanto profissão e permite que 
seus profissionais tenham respaldo para lutarem por espaço no mercado de trabalho, 
 
 
25 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mas é necessário que tenham mais força política e união de classe a fim de acompanhar 
as crescentes mudanças deste século (SANTOS, 2017). 
 
 
 
 
Consulte os sites: 
https://www.crb8.org.br/ 
http://www.sinbiesp.org.br/ 
https://www.ancib.org/ 
https://abecin.org.br/abebd/ 
 
 
 
 
SANTOS, Izabel Lima dos. Reflexões sobre a trajetória da Biblioteconomia 
Brasileira: um olhar a partir das entidades de classe. folha de rosto em 
Biblioteconomia e Ciência da Informação. v.3, n. 1, p. 80-86, jan./jun., 2017. 
 
JOB, Ivone; OLIVEIRA, Dalgiza Andrade. Marcos históricos e legais do 
desenvolvimento da profissão de bibliotecário no Brasil 
Historical and legal aspects of Brazilian librarian profession p. 259-272. Revista 
ACB, [S.l.], v. 11, n. 2, p. 259-272, dez. 2006. ISSN 1414-0594. Disponível em: 
<https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/449/565>. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.sinbiesp.org.br/
https://www.ancib.org/
 
 
26 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. BIBLIOTECÁRIO: PAPEL E RESPONSABILIDADES SOCIAIS 
 
Objetivo: 
Compreender a informação como um elemento de inclusão social, oferecendo 
oportunidades de desenvolvimento para pessoas, grupos e nações. 
 
Introdução: 
 Para o bibliotecário tem sido um grande desafio trabalhar com um intenso fluxo 
informacional inerente ao século XXI. O atendimento aos usuários é o foco desse contexto 
e não basta apenas atender demandas de alguns grupos de usuários, é necessário refletir 
e agir a respeito daqueles que a informação ainda não atinge. 
 
As dificuldades da sociedade da desinformação, marginalizada e excluída das 
modificações provocadas pelo conhecimento, reforçam a importância de uma 
biblioteconomia voltada para práticas que possam garantir a aprendizagem, o gozo de 
direitos, a plena participação política e a mobilização em prol de melhorias (DUARTE, 
2018). 
 
A Constituição Brasileira (1988) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948) garantem aos cidadãos do Brasil e do mundo o acesso à informação como direito 
fundamental, uma vez que a informação é força poderosa e valiosa que envolve toda a 
transformação proporcionada pelo homem na sociedade atual e se faz mister no exercício 
da cidadania (Araújo, 1991 apud DUARTE, 2018). 
 
A Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (Ifla – em 
inglês, International Federation of Library Associations and Institutions) defende que as 
bibliotecas devem promover o desenvolvimentode habilidades digitais, midiáticas e de 
informação, bem como a diminuição das desigualdades geradas pelo deficiente acesso à 
informação, integrando o governo, a sociedade civil e as empresas nesta empreitada (Ifla, 
2015 apud DUARTE, 2018). 
 
O exercício da cidadania quando fortalecido pela informação e seus recursos, 
envolve elementos civis, sociais e políticos. No aspecto civil, proporciona-se ao indivíduo a 
noção de seus direitos e deveres para efetivação de políticas públicas e garantias à 
população previstas em lei; os elementos sociais, neste caso, seriam os meios que 
 
 
27 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
favorecem o bem-estar e as condições mínimas para uma vida plena que devem ser 
garantidos pelo Estado. O contexto político oportuniza o envolvimento do cidadão no 
exercício do poder político de diferentes formas (Targino, 1991 apud DUARTE, 2018). 
 
A sociedade da desinformação, acontece concomitantemente à sociedade da 
informação. Onde 44% da população não lê livros, mais de 50% dos brasileiros não leem 
jornais, revistas e têm como fonte de informação apenas a televisão (73%) (Instituto Pró-
Livro, 2015, p. 21) E os museus, espaços de cultura e memória, não estão presentes em 
78% dos municípios brasileiros (Ibram, 2011 apud DUARTE, 2018). 
 
Essa sociedade da desinformação é facilmente manipulável, coagida e incentivada 
a permanecer em seu status quo para a manutenção do poder, que muitas vezes não visa 
ao interesse das minorias. As possibilidades de emancipação se tornam cada vez mais 
escassas. Como já citado, o acesso e os recursos informacionais são fatores fundamentais 
para o desenvolvimento social, cultural e econômico de um país (DUARTE, 2018). 
 
A forte demanda social clama para que bibliotecários atuem de forma mais 
colaborativa, buscando mudanças significativas na sociedade da informação. Samek 
(2014) afirma que, neste atual contexto, este profissional precisa se transformar em 
“guerreiro cultural”, que, além de favorecer e incentivar a inovação no que diz respeito às 
unidades de informação, defende a ampliação do escopo profissional e das possibilidades 
da biblioteca (DUARTE, 2018). 
 
A biblioteconomia social tem trazido a possibilidade de uma atuação profissional, 
que atenda às necessidades informacionais das minorias, e carrega consigo a necessidade 
de uma maior participação política dos profissionais da informação, com o objetivo de levar 
as demandas sociais dos diferentes grupos atendidos e dos potenciais usuários de 
informação. É preciso olhar o entorno da sociedade, locais em que os livros sequer são 
disponibilizados, onde muitos não possuem acesso à informação como comunidades 
quilombolas, indígenas, assentamentos de movimentos de sem-terra, presídios, entre 
vários outros. Torna-se essencial levar o fazer bibliotecário para as mais diversas 
comunidades em que, em plena explosão tecnológica, as bibliotecas sequer existem 
(Lindemann, Spudeit e Corrêa, 2016, p. 6 apud DUARTE, 2018). 
 
 
 
28 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Com a biblioteconomia social, o intuito é fortalecer o bibliotecário em seu papel de 
agente transformador da sociedade, oferecendo, por meio de produtos e serviços de 
pesquisas, ações. Para fortalecer a necessidade de uma biblioteconomia mais socialmente 
envolvida, foi assinada em agosto de 2014 por mais de 600 organizações, inclusive pela 
Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e 
Tecnologia (IBICT), a declaração de Lyon, que apresenta um conjunto de metas para uma 
maior democratização do acesso à informação (DUARTE, 2018). 
 
Essa declaração coloca que o acesso à informação apoia o desenvolvimento, 
capacitação das pessoas, especialmente dos marginalizados e os que vivem em situação 
de pobreza, para: 
 
• exercer os seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais; • 
ser economicamente ativos, produtivos e inovadores; 
• aprender e aplicar novas habilidades; 
• enriquecer sua identidade e expressões culturais; 
• tomar parte na tomada de decisões e participar de uma sociedade civil 
ativa e engajada; • criar soluções baseadas na comunidade para os desafios 
de desenvolvimento; 
• assegurar a prestação de contas, transparência, boa governança, 
participação e empoderamento; 
• medir o progresso dos compromissos públicos e privados de 
desenvolvimento sustentável (Ifla, 2014, p. 3). 
 
 
A biblioteconomia social traz um olhar mais sensível à prática profissional do 
bibliotecário, em cada tipologia de biblioteca, existem os não usuários e se faz necessário 
pensar neles como parte de uma sociedade para quem a informação também não chega 
(DUARTE, 2018). 
 
 
 
● Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. 
Organizadores, Anna Carolina Mendonça Lemos Ribeiro, Pedro Cavalcanti 
Gonçalves Ferreira. Brasilia: IPEA, 2018. Disponível em: 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1
rio%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20
na%20contemporaneidade.pdf 
 
 
 
 
29 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
DUARTE, Y. M. A sociedade da desinformação e os desafios do bibliotecário 
em busca da biblioteconomia social. In: Bibliotecário do século XXI: pensando 
o seu papel na contemporaneidade. Organizadores, Anna Carolina Mendonça 
Lemos Ribeiro, Pedro Cavalcanti Gonçalves Ferreira. Brasilia: IPEA, 2018. 
Disponível em: 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1rio
%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20na%20
contemporaneidade.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 Nome da Disciplina 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9. MERCADO DE TRABALHO: FORMAÇÃO, BASES LEGAIS E ÉTICAS 
DA PROFISSÃO DE BIBLIOTECÁRIO 
 
Objetivo: 
Destacar os aspectos éticos da profissão de bibliotecário (a) no Brasil. 
 
Introdução: 
No processo de desenvolvimento da profissão de bibliotecário no Brasil, é importante 
destacar que cada mudança sofrida ocorre em um determinado contexto sócio-político e 
cultural (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
No caso do mercado de trabalho do bibliotecário, por exemplo, é inevitável que 
tenham surgido mudanças no seu fazer profissional ocasionadas pelos impactos das novas 
tecnologias. A adoção de novas ferramentas têm colocado sistematicamente desafios na 
formação acadêmica oferecida atualmente nos cursos de Biblioteconomia, bem como a 
constante necessidade da educação continuada com a finalidade de atualização 
profissional (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
A necessidade do bibliotecário em se adequar às novas exigências têm sido muito 
acentuada, principalmente pelas cobranças que sofre da sociedade e, também, em 
decorrência de suas dificuldades em colocar-se de maneira mais efetiva no mercado, 
valorizando o seu fazer e saber profissional (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
No mercado de trabalho um importante guia utilizado é a Classificação Brasileira de 
Ocupações (CBO), em que se encontram categorizados os Profissionais da Informação: o 
bibliotecário, o documentalista e o analista de informações e como categoria afim o técnico 
em biblioteconomia e o auxiliar de biblioteca. A CBO é uma portaria do Ministério do 
Trabalho e não regulamenta profissões e nem cria cargos, é somente a descrição de 
atividades de diferentes profissões, uma nomenclatura. Importante frisar que não é garantia 
de que as profissões ali descritas sejam regulamentadas e nem é esta sua preocupação 
(JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
O documento que fixa as normas orientadoras de conduta no exercício de suas 
atividades profissionais é o Código de Ética Profissional do Bibliotecário, que foi atualizado 
 
 
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por meio da publicação através da Resolução CFB nº 207/2018. O documento é dividido 
em duas partes, sendo a primeira sobre a Ética do Bibliotecário e a segunda sobre as 
Infrações e Penalidades. Neste documento é tratado a natureza, fundamento e objeto do 
trabalho do bibliotecário, os quais define que: 
 
Art. 2º - A profissão de Bibliotecário tem natureza sociocultural e suas 
principais características são a prestação de serviços de informação à 
sociedade e a garantia de acesso indiscriminado aos mesmos, livre de 
quaisquer embargos. 
Parágrafo único – O bibliotecário repudia todas as formas de censura e 
ingerência política, apoia a oferta de serviços públicos e gratuitos, promove 
e incentiva o uso de coleções, produtos e serviços de bibliotecas e de outras 
unidades de informação, segundo o conceito de acesso aberto e universal. 
Art. 3º – A atuação do bibliotecário fundamenta-se no conhecimento da 
missão, objetivos, áreas de atuação e perfil sociocultural do público alvo da 
instituição onde está instalada a unidade de informação em que atua, bem 
como das necessidades e demandas dos usuários, tendo em vista o 
desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. 
Art. 4º – O objeto de trabalho do bibliotecário é a informação, artefato cultural 
aqui conceituado como conhecimento estruturado sob as formas escrita, 
oral, gestual, audiovisual e digital, por meio da articulação de linguagens 
natural e/ou artificial (CFB, 2018). 
 
A construção de uma atuação profissional pautada na ética traz benefícios tanto 
individuais quanto coletivos, uma vez que agrega elementos de caráter político e filosófico 
que podem contribuir para o fortalecimento interno e externo da área ao viabilizarem a 
construção de uma atuação mais equilibrada e saudável (JOB, OLIVEIRA, 2006). 
 
O futuro da profissão está diretamente relacionado à capacidade de adaptação às 
demandas do mundo contemporâneo e de atenção às novas competências requeridas para 
o desempenho das atividades, como o conhecimento em técnicas de comunicação, 
interação, informática e gestão (SOUZA, 2018). 
 
Souza (2018), em seu estudo sobre o mercado de trabalho para o bibliotecário frente 
às demandas do século XXI, destaca alguns pontos fundamentais que devem ser 
trabalhados pelo profissional da informação, são elas: 
 
• Se apropriar das ferramentas de tecnologia da informação: o conhecimento 
das tecnologias disponíveis para o desempenho de atividades torna-se 
imprescindível para a ampliação de seu mercado. 
 
 
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• Mostrar que o papel do bibliotecário não diminuiu com as novas tecnologias 
e identificar os novos nichos de atuação: além do conhecimento sobre a 
existência de tecnologias que permitam melhorar suas atividades e 
processos de trabalho, o conhecimento sobre as interações sociais também 
trará ganhos para este especialista, pois permitirá identificar oportunidades 
de inserção e conexão com outros nichos profissionais. 
• Além de levantar a bandeira em defesa da profissão, mostrar os resultados 
que um bibliotecário pode apresentar: mais do que defender seu mercado 
de trabalho e destacar o papel tradicional da profissão, é necessário mostrar 
as potencialidades que os conhecimentos de bibliotecário proporcionam 
atualmente, não apenas com debates e propostas, mas com produtos e 
serviços que agreguem valor, seja na antecipação de necessidades, seja no 
detalhamento de informações. 
• Entender as novas demandas dos potenciais usuários: o conhecimento das 
interações socioeconômicas e profissionais no contexto da evolução 
constante da tecnologia é um diferencial para os bibliotecários. Ou seja, a 
educação continuada não apenas permitirá o desempenho de suas 
atividades, mas também trará uma visão mais ampla das restrições e 
possibilidades de sua atuação. 
• Esclarecer à sociedade e ao mercado a atuação e as potencialidades do 
bibliotecário: os esclarecimentos somente podem ser oferecidos quando se 
conhece a imagem que o profissional passa para a sociedade e o mercado 
(SOUZA, 2018). 
 
A concepção que a classe quer que a sociedade tenha em mente é que o 
bibliotecário é um profissional flexível, adaptável e conectado com as necessidades de seus 
usuários, mantendo-se em constante capacitação. Desse modo, o mercado de trabalho 
tende a ser amplo, considerando as novas tecnologias que surgem a cada dia e as 
mudanças que a sociedade tem vivenciado (SOUZA, 2018). 
 
 
 
● Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB). Resolução CFB nº 207/2018. 
Código de Ética e Deontologia do Bibliotecário brasileiro. 2018. Disponível 
em: http://crb6.org.br/2020/wp-
content/uploads/2019/12/Resolu%C3%A7%C3%A3o-207-C%C3%B3digo-
de-%C3%89tica-e-Deontologia-do-CFB-1.pdf 
 
● SOUZA, K. M. L. Mercado de trabalho do bibliotecário do século XXI.In: 
Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. 
Organizadores, Anna Carolina Mendonça Lemos Ribeiro, Pedro Cavalcanti 
Gonçalves Ferreira. Brasilia: IPEA, 2018. Disponível em: 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1
rio%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20
na%20contemporaneidade.pdf 
 
 
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Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB). Resolução CFB nº 207/2018. 
Código de Ética e Deontologia do Bibliotecário brasileiro. Disponível em: 
http://crb6.org.br/2020/wp-
content/uploads/2019/12/Resolu%C3%A7%C3%A3o-207-C%C3%B3digo-de-
%C3%89tica-e-Deontologia-do-CFB-1.pdf 
 
JOB, Ivone; OLIVEIRA, Dalgiza Andrade. Marcos históricos e legais do 
desenvolvimento da profissão de bibliotecário no Brasil 
Historical and legal aspects of Brazilian librarian profession p. 259-272. Revista 
ACB, [S.l.], v. 11, n. 2, p. 259-272, dez. 2006. ISSN 1414-0594. Disponível em: 
<https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/449/565>. 
 
SOUZA, K. M. L. Mercado de trabalho do bibliotecário do século XXI.In: 
Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. 
Organizadores, Anna Carolina Mendonça Lemos Ribeiro, Pedro Cavalcanti 
Gonçalves Ferreira. Brasilia: IPEA, 2018. Disponível em: 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1rio
%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20na%20
contemporaneidade.pdf 
 
 
 
 
As mudanças ocorridas no mundo atual interferem na Biblioteconomia, 
ocasionando 
dinamismo na profissão do bibliotecário, e o surgimento da Ciência da 
Informação promove 
o arcabouço teórico para o estudo da informação, possibilitando a relação da 
prática com a teoria. A informação, que no passado circulava oralmente ou na 
forma de livros, apresenta-se agora em suportes diversos, tanto impressos 
quanto eletrônicos, sob forma de livros ainda, mas também como periódicos, 
papers, fitas de vídeo, CD-ROM, DVD, entre outros, e o bibliotecário exercita-
se entre a informação e seu usuário, facilitando-lhe a localização, garantindo-
lhe o acesso e promovendo o seu uso. Os usuários das bibliotecas e dos 
sistemas de informação atuais diferem dos leitores das bibliotecas de alguns 
anos atrás, especialmente no que concerne ao fator tempo: se no passado, o 
leitor frequentava a biblioteca para ler por horas seguidas, no presente o 
usuário demanda a informação para ler em outros ambientes. A Ciência da 
Informação dedica-se às questões científicas e à prática profissional voltadas 
para os problemas da efetiva comunicação do conhecimento e de seus 
registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional ou 
individual do uso e das necessidades de informação. Para esses estudos, as 
 
 
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tecnologias de informação são essenciais. A Biblioteconomia envolve desde o 
estudo do perfil do usuário, desenvolvimentode coleções, até a promoção do 
uso da informação, abrangendo um longo caminho a ser percorrido pelo 
bibliotecário. Enfim, Ciência da Informação, Biblioteconomia e demais 
correntes científicas que têm como objeto de estudo a informação, já possuem 
relação de identidade pelo objeto estudado, e são interdisciplinares (ARRUDA, 
2009). 
Arruda, Maria Izabel Moreira. Biblioteconomia ou Ciência da Informação? In: 
Borges, Maria Manoel, Casado, Elias Sanz (coord.) A Ciência da Informação 
criadora de conhecimento. vol. 1. Imprensa da Universidade de Coimbra: 
Coimbra, 2009. Disponível em: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/31852

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