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HESPANHA António Manuel. História das Instituições. Direito Feudal (Resumo)

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ANTÓNIO MANUEL HESPANHA – HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES
LAURA CABRAL DE AVELAR MARQUES
IV) PERÍODO FEUDAL
1. Introdução
As invasões bárbaras que caracterizam esse período levaram a uma ruralização da vida econômica, social e politica, à deterioração do comércio e da economia monetária e à atomização do novo espaço econômico. Desse modo, surgiram comunidades políticas autônomas, que viviam uma economia natural. Há uma ruptura nas relações de Direito Público entre o Estado e o cidadão. No contexto das invasões bárbaras, os cidadãos mais fracos e menos poderosos procuravam a proteção dos mais ricos e fortes, priorizando relações de Direito Privado. O Estado, decadente, desprovido de recursos financeiros, retribuía os favores que lhe eram prestados por meio de doação de terras ou títulos. Estava ali configurado o sistema feudal. 
2. O Sistema Feudal
A designação "feudalismo" remete para características relativas às estruturas jurídicas e políticas da época, como os laços de vassalagem política e os deveres jurídicos do vassalo em relação ao senhor. Portanto, o feudalismo é caracterizado como um regime jurídico-político, e não como um sistema econômico-social. 
2.1 O Feudalismo enquanto um sistema jurídico-político
O Feudalismo caracterizou-se pela combinação de dois tipos de relações interpessoais:
O pacto de submissão pelo qual o vassalo promete fidelidade e serviços pessoais (principalmente o serviço militar);
A concessão de terras pelo senhor em retribuição a serviços prestados, acompanhada de ampla delegação de poderes.
Com o tempo, a crescente indispensabilidade dos serviços do vassalo tornou essa última relação mais rara. Ela foi transformada em definitiva e hereditária, ao passo que também se consolidaram nela poderes de natureza pública, como administração da justiça, cobrança de impostos e organização militar, dando origem ao sistema feudal.
Nesse contexto, surgiu também o conceito de "imunidade", que deu origem ao regime de "senhorio". A imunidade era característica de domínios isentos da jurisdição real, sem que isso acarretasse em obrigações para com o soberano. Nesses domínios, o senhor desempenhava as funções de soberano. Em vista de sua sutil diferença (uma vez que suas características são basicamente as mesmas, exceto pelo fato que no senhorio o poder político foi mais pulverizado), o feudalismo e o senhorio andavam lado a lado no contexto da Alta Idade Média, e contribuíram para a formação de um sistema econômico-social. 
2.2 O Feudalismo como sistema econômico-social
Segundo Marx, a existência social dos homens baseia-se nas relações necessárias e independentes da sua vontade a que devem se submeter. Essas são relações de produção, e a estrutura econômica (ou o modo de produção) que constituem condiciona o processo de vida social, política e intelectual. 
Para identificar um modo de produção específico, deve-se levar em consideração a titularidade do poder de direção do processo produtivo (propriedades do modo de produção e possibilidade de controlar os processos produtivos) e o modo de apropriação e de repartição do excedente social. 
2.2.1 A titularidade do poder de direção do processo produtivo
 
Titularidade Formal
Diz respeito à propriedade dos meios de produção. Logo, esse poder está nas mãos dos senhores feudais, que são donos da terra, o meio de produção por excelência. Mesmo que doassem a terra para os cultivadores diretos, ainda tinham direito sobre a terra, inclusive o direito de exclusão (direito de revogar a concessão) e o direito de exigir uma retribuição pela terra concedida (a corveia, por exemplo).
Titularidade Material
Diz respeito ao controle do processo produtivo. Comumente, diz-se que o trabalhador direto possui o controle do processo produtivo, porém, essa consideração não leva em conta aspectos como a dimensão da unidade produtiva, sua duração, o tipo de cultura, alguns meios de produção que estão na posse do senhor como fornos e moinhos (e, ainda deve pagar para utiliza-los – banalidades), o mercado, e a continuidade na posse da terra. Ou seja, o trabalhador direto controla parte do processo produtivo, mas, por meio dos mecanismos da renda feudal, o senhor feudal também pode controlar o processo produtivo. 
2.2.2 A apropriação e repartição do excedente social
A apropriação do excedente social fez-se por meio da cobrança da renda feudal, seja por renda em trabalho (que consiste em prestações de trabalhos), renda em espécie (que consiste numa quantidade fixa ou parciária de bens), ou renda em dinheiro (que consiste numa quantia fixa ou parciária de dinheiro). Essas formas de apropriação consolidam a subordinação ideológica, politica e jurídica dos cultivadores diretos em relação aos senhores proprietários de terras. 
Essa situação de subordinação permite que sejam criadas mais formas de apropriação do excedente social, como as prestações de natureza fiscal (impostos, sobretudo indiretos), remissão do serviço militar e taxas ligadas aos serviços públicos; os monopólios de fabricos, de venda ou de exploração; e, por fim, os créditos provenientes da outorga a outrem de seus poderes. 
2.3 O Direito no sistema feudal
A função do jurídico e do politico é estabelecer condições para que o sistema funcione, e habilitar as classes feudais com meios jurídico-institucionais que lhe permitiam se apropriar da produção do excedente social. Isso se processava de diversas formas:
Como a terra era o principal meio de produção, a constituição social e politica feudal refletia no estatuto jurídico da terra. Ele deveria garantir a apropriação da terra pelas classes feudais e estabelecer o caráter universal da apropriação senhorial do sobreproduto da terra. 
Como parte do produto social excedentário era apropriado, não pela Igreja e pelos nobres, mas pela Coroa, o sistema jurídico-político deveria oferecer meios de legitimação da função tributária da Coroa e a isenção tributária do clero e da nobreza. 
O sistema deveria ser controlado pelo estrato nibiliárquico, ou seja, pelo rei e seus funcionários, com a exclusão dos outros setores sociais. Esse objetivo era conseguido por meio de vários artifícios, que, em sua maioria, impediam a participação popular das classes não nobres na politica. 
A desigualdade social dos indivíduos era não só reconhecida, como garantida pelo direito feudal. O Direito da época dividia os indivíduos em "estados" ou "ordens", cada qual regido pelo seu direito especial.

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