Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano FISIOLOGIA DO SANGUE Este resumo está seguindo os slides do Prof. Dr. Vilmar Baldissera, docente na Faculdade de Medicina de Rio Claro – Claretiano. Além disso, este resumo segue o livro de Fisiologia Médica por Guyton & Hall. Introdução O sangue é um tecido conectivo, sendo a porção do meio interno que está confinada anatomicamente ao sistema circulatório. Assim, ele é o principal sistema de transporte do corpo e, para isso, conta com o auxílio do sistema cardiovascular para a sua circulação e distribuição. Desse modo, sem o sistema cardiovascular, as funções do sangue não seriam exercidas. Ele é formado por 2 partes: - Elementos Figurados ou componente celular: composto pelas hemácias, pelos leucócitos e pelos trombócitos/plaquetas. - Plasma/componente acelular/parte líquida: onde os elementos celulares, íons, proteínas plasmáticas, hormônios e outras substâncias sinalizadoras, catabólitos, nutrientes, gases respiratórios e outros elementos estão dispersos. FUNÇÕES: • Respiratória: transportar oxigênio e dióxido de carbono • Nutritiva: transportar os nutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas). • Excretora: transporte resíduos metabólicos para serem excretados pelos sistemas renal ou biliar (ureia, amônia e sais biliares) • Imunitária: defesa contra agentes invasores pelos leucócitos. • Comunicação hormonal: transporte dos hormônios até as glândulas e tecidos alvo. • Regulação térmica: distribuir calor para aquecer ou resfriar a temperatura interna e os leitos vasculares. • Tamponamento do pH: tampões plasmáticos. Conceitos PLASMA: parte líquida do sangue. 55% de sangue e 45% de parte celular. Contém ¼ do LEC. Ele é constituído por 90% de água, 8% de proteínas e 2% de outras substâncias. • Coloração levemente amarelada devido à presença de albuminas (55% do total das proteínas plasmáticas), globulinas e fibrinogênio. O plasma tem uma composição idêntica ao líquido intersticial, com exceção das proteínas plasmáticas, permitindo que a pressa oncótica seja maior do que a do interstício. VOLEMIA: volume total de sangue em um indivíduo; seu valor é mantido constante pela ingesta de líquidos estimulada pelo mecanismo da sede e pela excreção hídrica pela ação renal, mantendo a osmolaridade plasmática constante (300 mOsm/L) • Valor médio: 74 ml/kg em homens e 67 ml/kg em mulheres. • Valores dentro da normalidade (normovolemia), valores abaixo da normalidade (hipovolemia) e valores acima da normalidade (hipervolemia). • A correção da volemia é feita pelo sistema endócrino, renal e neurocentral. SORO: é o plasma sanguíneo, mas sem o fibrinogênio e com a trombina. • Se o sangue for colocado em um tubo de ensaio, ele vai coagular após um tempo. Quando esse coágulo é retirado, o que resta passa a se chamar soro. HEMATÓCRITO: valor percentual da parte celular em relação ao sangue total OU volume percentual que as células sanguíneas ocupam em um determinado volume de sangue. • No homem: 42-49% (média de 47%). • Na mulher: 38-45% (média de 42%) – menstruação e ausência de testosterona. Pelo fato de os eritrócitos estarem em um número muito maior que o de leucócitos e o de plaquetas, o hematócrito vai indicar a quantidade de eritrócitos do indivíduo. • Valor aumentado: policitemia • Valor reduzido: anemia A determinação do hematócrito é feito de 3 maneiras: - Método clássico/manual: coleta-se uma amostra de 3- 5 ml de sangue e a transfere para um tubo de ensaio, levado à centrifugação com 10.000 rpm por 5 minutos para depois realizar a leitura. - Micro hematócrito: coleta-se cerca de 75 microlitros de sangue da polpa digital e transfere para um capilar. Leva-se à centrifugação com 12.000 rpm por 5 minutos. - Método automatizado: coleta-se uma amostra de 3-5 ml de sangue e a leva à máquina automatizada para que Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano ela calcule o número de eritrócitos por impedância elétrica. A soma desses pulsos indica o hematócrito. Hemácias/Eritrócitos As hemácias/eritrócitos podem ser chamadas de glóbulos vermelhos, devido a sua coloração avermelhada advinda do pigmento hemoglobina no citoplasma desta célula. Elas são discos bicôncavos, que podem ter a sua forma alterada quando passa pelos capilares (ficam espremidas) devido à facilidade da membrana em se deformar sem distender e romper (hemólise). Ainda, elas são células anucleadas, sem organelas ou mitocôndrias. • Por isso, realizam o metabolismo anaeróbio, ou seja, a via glicolítica, para a formação de ATP, uma vez que essa produção não pode parar pois é o ATP que mantem a bomba de sódio e potássio em funcionamento. Além disso, por não apresentar proliferação (mitose), as hemácias possuem vida média de 120 dias, que é quando sofrem hemólise no baço e seus restos são fagocitados por macrófagos, reaproveitando a hemoglobina, sobretudo o átomo de ferro. HEMATOPOIESE/ERITROPOIESE: produção de hemácias. Ocorre na medula óssea dos ossos longos e chatos (vértebras, costelas, esterno e ossos do quadril). • PERÍODO GESTACIONAL: produção ocorre no fígado, baço e linfonodos. • ESTÍMULO = ERITROPOETINA (EPO), formada nos rins e secreção aumentada em casos de hipóxia e altas altitudes à hormônio utilizado no dopping de atletas. FUNÇÃO: transporte dos gases respiratórios, sobretudo o oxigênio; formação de bicarbonato no transporte do CO2 pela ação da anidrase carbônica; tamponamento proteico no equilíbrio ácido-base. No homem normal, o valor médio de hemácias é de 5,2 milhões/mm3 (5,0-5,6); já na mulher, o valor é menor (ausência de testosterona e menstruação), que é 4,7 (4,4-5,1). • TREINAMENTO AERÓBIO: aumenta esses valores até 20%, sobretudo em grandes altitudes. • Uma pequena parte das hemácias pode ser armazenada no baço, indo para a circulação durante o exercício físico. No meio hipotônico, ou seja, < 0,9g% de cloreto de sódio, o eritrócito vai ter um aumento de volume e vai sofrer lise (hemólise). Já no meio hipertônico, ou seja, > 0,9g% de cloreto de sódio, ele vai ter uma diminuição de volume e vai sofrer plasmólise. Portanto, o ideal é que as hemácias permaneçam em um meio isotônico, com 0,9g% de cloreto de sódio. Dentro do citoplasma das hemácias, como dito anteriormente, existe a hemoglobina, que é o pigmento que fornece a coloração avermelhada e que transporta oxigênio dos pulmões até os tecidos (oxi-hemoglobina). • Valores da hemoglobina: 14-18g/100 ml de sangue (média de 16g%) no homem; e 12- 16g/100ml de sangue (média de 14g%) na mulher. Como estudado anteriormente, 1g de hemoglobina carreia 1,34 ml de oxigênio, de modo que, se toda a hemoglobina estiver saturada, 100 ml de sangue carreiam 20,1 ml de oxigênio para o homem e 18,8 ml de oxigênio para a mulher. • Note, portanto, que a diferença é de quase 10% e isso ocorre pelos motivos já citados anteriormente: menstruação e ausência de testosterona. Diante disso, sabe-se que a capacidade de extração do tecido periférico vai de acordo com a demanda metabólica, podendo variar de 10-35% deste valor. O consumo de oxigênio do tecido pode ser determinado conhecendo o fluxo sanguíneo, que é a quantidade máxima de oxigênio ofertada ao tecido, e a sua capacidade de extração, em %, que é determinada pela diferença arteriovenosa de oxigênio para aquele tecido. Segue no quadro um exemplo: EXEMPLO Sabendo que um músculo de um homem com hemograma normal recebeu um fluxo sanguíneo de 230 ml/min e a sua capacidade de extração de oxigênio era de 18% (dav O2), qual é o consumo de oxigênio deste músculo? RESPOSTA: se 100 ml de sangue carreia 20,1 ml de oxigênio, então 230 ml de sangue carreia 46,23 ml de oxigênio. Agora, se 46,23 ml de oxigênio corresponde à 100%, então 18% deste total é 8,32 ml de oxigênio por minuto. Como já visto anteriormente também, a hemoglobina éformada por 4 grupos heme e 1 globina. Lembre-se das seguintes etapas: • Ácido 2 a cetoglutarato + glicina = pirrol • Ligação de 4 pirrol = protoporfirina III • Protoporfirina III + Fe = heme Portanto, CADA grupo heme possui um átomo de ferro localizado bem no meio da molécula. Valores de normalidade Tipo de indivíduo Eritrócitos (x106/mm3) Hemoglobina (g/100ml) Hematócrito (%) Grávidas 3,9-5,6 11,5-16,0 34-47 Mulheres 4,0-5,6 12,0-16,5 35-47 Homens 4,5-6,5 13,5-18,0 40-54 Leucócitos Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano Também chamados de glóbulos brancos (ausência de hemoglobina), os leucócitos são formados na medula óssea e nos linfonodos, são células NUCLEADAS, não possuem capacidade proliferativa, apresentam organelas, mas NÃO apresentam mitocôndrias (ATP pela via glicolítica). Existem 5 tipos de leucócitos que podem ser classificados em granulócitos (presença de grânulos no citoplasma) e agranulócitos (ausência de grânulos no citoplasma). • Granulócitos: neutrófilos (corante neutro), basófilos (corante básico) e eosinófilos (corante ácido ou eosínico). • Agranulócitos: monócitos (futuros macrófagos) e linfócitos. Diferentemente das hemácias, que tem vida útil de 120 dias, os leucócitos têm vida média de 4-8 horas no sangue e 4-5 dias nos tecidos. Ainda, eles são capazes de atravessar as paredes dos capilares pela emissão de pseudópodes (diapedese). No indivíduo adulto, a contagem leucocitária deve ser por volta de 7.000 leucócitos/mm3 (4.000-12.000), sempre com maiores valores de neutrófilos e menores de basófilos (podendo chegar até 0). FUNÇÕES: defesa do organismo, fagocitar corpos invasores do organismo ou restos celulares, imunidade celular, reações alérgicas. Em resumo: • Neutrófilos: primeira linha de defesa contra bactérias e fungos. Propriedade fagocitária contra agentes invasores • Eosinófilos: células do sistema autoimune, ações contra parasitas (como esquistossomose – se adere ao parasita e libera enzimas hidrolíticas de seus grânulos de secreção e substâncias antiparasitárias que matam o invasor) e certas infecções; produção de citocinas e alguns fatores de crescimento. POUCA ATIVIDADE FAGOCITÁRIA. • Basófilos: participam de processos alérgicos, produzindo histamina, bradicinina, serotonina e heparina. A heparina endógena impede a coagulação sanguínea. • Monócitos: principal função é a fagocitária e defesa do organismo; atuam contra bactérias, vírus e fagocitam células mortas. • Linfócitos: defesa do organismo contra infecções (causadas por bactérias e vírus), substâncias alérgicas e imunidade celular. Plaquetas Também chamadas de trombócitos, as plaquetas são as menores células sanguíneas, advindas de fragmentos do megacariócito. São células diminutas, sem cor, apresenta algumas mitocôndrias e são produzidas por volta de 40 mil células/dia e apresentam uma vida média de 10 dias. Elas são células anucleadas, ricas em ATP e com vida útil de 7-10 dias (note que, entre as outras, ela é a com maior vida útil), tendo seu valor médio de 300 mil/ml (150-400 mil/ml). FUNÇÃO: formar a rede de fibrina e estancar o extravasamento de sangue; reparar feridas e lesões. • Adesão e agregação e, pelos fatores de coagulação existente em sua membrana e pela proteína contrátil citoplasmática trombostenina, promover os processos hemostáticos. TROMBOCITOPENIA: redução no número de plaquetas. TROMBOCITOSE: elevação no número de plaquetas. Hemograma É um tipo de exame de sangue para o conhecimento biológico ou para o diagnóstico de doenças que podem ser diagnosticadas pela análise sanguínea. Ele consiste na coleta de sangue venoso, colocado em um tubo de ensaio com anticoagulante (EDTA) e mensurado, de maneira manual ou automatizada, a contagem de eritrócitos, leucócitos e plaquetas, sendo possível realizar alguns índices hematológicos (VCM, HCM, CHCM, RDW). • VCM = volume corpuscular médio (volume médio do volume de hemácias) • HCM = hemoglobina corpuscular média (é o peso médio da hemoglobina dentro da hemácia) • CHCM = concentração da hemoglobina corpuscular média (nível de concentração da hemoglobina dentro da hemácia) • RDW = amplitude de distribuição das células vermelhas (índice que avalia a diferença de tamanho entre as hemácias). Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano O valor normal do RDW é 11-16% (14%). Além do hemograma completo, é possível solicitar, na mesma amostra de sangue, outros exames, como eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e magnésio), hormônios, colesterol, glicemia, triglicerídeos, bactérias, vírus, entre outros. Porém, nem sempre queremos saber todos os valores que o hemograma pode nos fornecer e, por isso, pode- se solicitar as contagens separadas. Se for solicitado apenas a contagem de eritrócitos, chama eritrograma; de leucócitos, leucograma; de plaquetas, plaquetograma. • Eritrograma: número de eritrócitos, quantidade de hemoglobina, hematócrito e os índices VCM, HCM, CHCM, RDW. • Leucograma: número total de leucócitos e os seus tipos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. • Plaquetograma: quantidade total de plaquetas Hematopoiese Processo de formação, desenvolvimento e maturação das células sanguíneas a partir de um precursor comum e indiferenciado (células troncos hematopoiéticas pluripotentes). Ocorre na medula óssea. • Eritropoiese: formação dos eritrócitos. Aproximadamente 300 bilhões por dia. • Leucopoiese: formação dos leucócitos. Pode ser dividido em mielopoiese (formação dos leucócitos granulares: neutrófilos, basófilos e eosinófilos), aproximadamente 1,5 bilhões por dia, e em monopoise (formação dos monócitos e diferenciação em macrófagos). • Trombopoeise: processo de formação dos megacariócitos que dão origem às plaquetas. Aproximadamente 250 bilhões por dia. No primeiro trimestre de gestação, ocorre a formação de hemácias nucleadas pelo saco vitelínico, enquanto no segundo trimestre é pelo fígado, no terceiro é pelo fígado, baço e linfonodos e, próximo ao nascimento, pela medula óssea. Até os 5-7 anos, todos os ossos largos e chatos realizam eritropoiese, porem, no adulto, apenas a medula óssea dos ossos da pelve, esterno, costelas e vértebras (principal) que produzem. Na medula, as células troncos hematopoiéticas pluripotente (CTHP) vão gerar outras células idênticas: as células tronco linfocíticas (formarão linfócitos) e as células tronco não comprometidas, que formarão as células progenitoras comprometidas - CPC (que formam as demais células sanguíneas). As CPCs se diferenciam e formam: • Unidade formadora dos eritrócitos • Unidade formadora dos granulócitos (formam os granulócitos e os monócitos). • Unidade formadora dos megacariócitos (formarão as plaquetas). ERITROPOIESE As unidades formadoras dos eritrócitos irão gerar a primeira série da linhagem eritrocitária, o proeritroblasto: HEMOCITOBLASTO (CÉLULA MÃE) à PROERITROBLASTO à ERITROBLASTO à NORMOBLASTO à RETICULOCITO à ERITRÓCITOS. Dentre estes, os eritrócitos estão no sangue periférico (o reticulócito também, porem, também estão na medula óssea). Enquanto isso, os outros estão na medula óssea. A linhagem de células eritrocíticas possui duração de 7-10 dias. • Proeritroblasto: é a maior célula; núcleo básico; sem hemoglobina; conteúdo citoplasmático irregular; realiza mitose. • Eritroblasto: núcleo menor; sem vacúolo; realiza mitose. • Eritrócito policromático: início da produção de hemoglobina; citoplasma rosado com contorno irregular; realiza mitose. • Eritrócito ortocromático: núcleo em fase de expulsão, pouca hemoglobina, só processo de maturação. • Reticulócito: anucleada, muita hemoglobina, cor vermelha, forma discoide e já pode haver liberação da medula. • Hemácia: célula madura, disco bicôncavo, vermelha e muita hemoglobina (célula bem diferenciada). A regulaçãoda eritropoiese se faz pela presença da eritropoietina (EPO), que estimula as CTHP a se transformarem em proeritroblasto. • EPO = hormônio glicoproteico produzido 90% nos rins e 10% no fígado (portanto, EPO hepática não é suficiente para a manutenção da eritropoiese) e destruído exclusivamente no fígado • A EPO aumenta em até 10 vezes a eritropoiese. • Concentração plasmática média de EPO = 10-11 mol/L. Para que a EPO seja secretada, é necessária uma situação de hipóxia (sobretudo por anemia ou hipóxia hipóxica (grandes altitudes)). Para que essa hipóxia Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano seja detectada, existem sensores não identificados nos rins (queda da pO2 = aumento da EPO), de modo que, em animais, quando houve a retirada dos rins, ocorreu anemia. O que ocorre é que, nos rins, a hipóxia leva à formação de fator indutível por hipóxia 1 (H1F1), que estimula secreção de EPO imediatamente, com secreção máxima em 24 horas e início da liberação de hemácias da medula óssea após 5 dias. Além da EPO, a vitamina B12 é fundamental para a produção de DNA nas células eritropoiéticas (falta = anemia perniciosa). • Fígado estoca até 3 mg de vit. B12, e o corpo necessita de 3µg/dia à garante eritropoiese por 2/3 anos. Ainda, o ácido fólico possui papel na produção do DNA, sendo encontrado em vegetais verdes, frutas e carnes vermelhas, farinhas de trigo e milho. METABOLISMO DO FERRO: absorvido no intestino delgado, indo para o plasma, que se liga à beta- globulina, formando a transferrina. Nas células, o ferro se liga a uma apoferritina, formando ferritina e, também, pode ser estocado na forma de hemossiderina, que é uma forma insolúvel de ferro. NOS ERITROBLASTOS, a ferritina libera ferro para as mitocôndrias para a formação da hemoglobina. A excreção é feita pelas fezes e pela menstruação. • HEMÓLISE = ferro é reaproveitado. LEUCOPOIESE Há uma via comum até a formação dos mieloblastos e depois há diferentes fases para a formação dos granulócitos e dos agranulócitos. Essa via comum tem início no desenvolvimento da CTHP, formando a célula reticular indiferenciada pluripotentes a partir desta o mieloblasto, para a formação dos leucócitos. Note, pela imagem, que o mieloblasto vai dar origem aos granulócitos, enquanto o linfoblasto vai formar o linfócito e o monoblasto vai formar os monócitos. A leucopoiese (crescimento, maturação e diferenciação dos diferentes tipos de leucócitos) é regulada pelos fatores de crescimento/ativação, maturação e diferenciação dos leucócitos (citocinas e interleucinas) e pelo número de leucócitos circulantes, mas note que não é regulado por hormônios. As citocinas são glicoproteínas e seus nomes estão relacionados aos fatores de formação de colônias em estudo in vitro (são os fatores estimulantes de colônias ou CSF). Já as interleucinas, diferenciadas por números, participam da ativação da formação dos linfócitos. • Fator estimulador das colônias de granulócitos (G-CSF): ativa macrófagos e fibroblastos, fazendo com que haja multiplicação das células tronco e diferenciação de neutrófilos. • Fator estimulador das colônias de granulócitos e macrófagos (GC-CFS): ativa macrófagos, linfócitos e fibroblastos, permitindo a multiplicação das células progenitoras e diferenciação de monócitos e macrófagos. • Fator estimulador das colônias de macrófagos (M-CDF): ativa monócitos, macrófagos e fibroblastos, permitindo a multiplicação das células progenitoras e diferenciação dos monócitos e macrófagos. • IL-6: ativa os linfócitos, macrófago e fibroblastos, sendo o cofator para as CSF e ativação das células progenitoras. • IL-2, IL-3, IL-4, IL-5: ativam os linfócitos T e a multilinhagem. A IL-4 e IL-6 ativam os linfócitos B. FORMAÇÃO DOS NEUTRÓFILOS: mieloblasto à promieloblasto à mielócito à metamielócito neutrófilo à metamielócito em bastão à neutrófilo. Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano • Mieloblasto: célula grande; núcleo grande; relação núcleo cromatina ¾; cromatina frouxa; basófilo com algumas granulações. • Promielócito: célula muito grande; N/C ¾; cromatina mais condensada. • Mielócito neutrófilo: cromatina mais condensada; N/C ½; alguma granulação. • Metamielócito: cromatina condensada, N/C ½; grânulos citoplasmáticos. • Metamielócito em bastão: núcleo alongado em forma de bastão, N/C ½; presença de grânulos no citoplasma e acidófilo. • Neutrófilo: citoplasma com muitos grânulos; citoplasma abundante; núcleo poli-lobulado; N/C ¼. FORMAÇÃO DOS EOSINÓFILOS: promieloblasto à promielócito à mielócito eosinófilo à metamielócito eosinófilo à eosinófilo. • Mielócito eosinófilo: núcleo oval, cromatina condensada, acidófilos. • Metamielócito eosinófilo: núcleo em forma de rim, citoplasma claro com grânulos. • Eosinófilo: núcleo bilobulado e muitos grânulos. FORMAÇÃO DOS BASÓFILOS: promieloblasto à promielócito à mielócito basófilo à basófilo. • Mielócito basófilo: citoplasma basófilo, cromatina espessa, núcleo regular e presença de grânulos citoplasmáticos. • Basófilo: núcleo grande e irregular, muitos grânulos. FORMAÇÃO DOS MONÓCITOS: mieloblasto à segmentado à monoblasto à promonócito à monócito. • Segmentado: núcleo segmentado em lobos, cromatina condensada • Monoblasto: núcleo redondo; N/C ¾; cromatina frouxa, basófilo. • Promonócito: núcleo em forma de rim; N/C ½; nucléolos visíveis. • Monócito: forma irregular, membrana celular pouco espessa. OBS: quando os monócitos se transformam em macrófagos, passam a ter vida média de alguns meses. Agora, em relação aos linfócitos, eles são produzidos pela medula óssea pelas células tronco linfoides, diferenciando-se em linfócitos T (originados das células pré-timócitos) e linfócitos B (pré-búrsicas). Eles possuem um papel fundamental na defesa do organismo. • Linfócitos T: imunidade celular – estímulo ou atenuação da formação de anticorpos. • Linfócitos B: formação dos plasmócitos e células de memória (que geram anticorpos) e imunidade humoral. Os linfócitos possuem vida média de 6-9 horas no sangue e meses até anos nos tecidos. TROMBOPOIESE CTHP à Célula indiferenciada mieloide à megacarioplasto à promegacariócito à megacariócito à plaquetas PLAQUETAS = FRAGMENTOS DOS MEGACARIÓCITOS. MEGACARIÓCITOS = CÉLULAS GRANDES QUE SOFREM REPLICAÇÃO DO DNA EM ATÉ 7 VEZES SEM DIVISÃO CELULAS/NUCLEAR. A maturação dos megacariócitos é catalisada pelo hormônio trombopoietina (TPO), que é produzido nos rins e no fígado. Anemia É a redução do número de eritrócitos ou hemoglobina no sangue OU redução da capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. SINTOMAS (falta de oxigênio par as atividades básicas): fadiga, cansaço, dispneia, sensação de desmaio, tonturas, palidez e redução do VO2 MÁXIMO. ANEMIA RELATIVA: número de eritrócitos (soluto) normal e constante, mas há aumento do volume plasmático (solvente). ANEMIA ABSOLUTA: volume plasmático normal e número de eritrócitos reduzido. Portanto, uma anemia pode acontecer por uma falta de eritrócitos, excesso de sua destruição ou por perda sanguínea. Há 7 tipos principais de anemia: • Anemia por hemorragia: após uma hemorragia, a reposição de plasma ocorre em 1-3 dias, mas de eritrócitos só depois de 3-6 semanas. Se a reposição de ferro for lenta, tem-se a anemia microcítica hipocrômica (o que fazer? Suplementar com ferro) com hemácias menores e menos hemoglobina no citoplasma. • Anemia aplástica por disfunção da medula óssea: funcionamento inadequado da medula devido à radiação intensa, quimioterapia, Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano agentes tóxicos, lúpus eritematoso, causa idiopática. • Anemia megaloblástica: falta de vit. B12 (ácido fólico) à hemácias crescem muito, ficando mais propícias à hemólise. • Anemia hemolítica: algumas anomalias hereditárias podem tornaros eritrócitos frágeis, de modo que eles sofram hemólise no baço à vida média das hemácias reduzida. • Anemia esferocitose hereditária: hemácias pequenas e esféricas, sofrem hemólise facilmente e a hemoglobina está em menor quantidade. • Anemia falciforme: as hemácias contém hemoglobina S com cadeias beta anormais que, quando em contato com um ambiente hipóxico, se cristalizam e a hemácia fica em forma de foice à lesão das hemácias com hemólise prematura com mecanismo em cascata. • Eritroblastose fetal: as hemácias fator Rh+ do feto são atacadas por anticorpos Rh- da mãe, causando hemólise. TRATAMENTO: Depende do tipo e intensidade, mas: alimentação adequada, suplementação com sulfato de ferro, transfusão de sangue, administração de eritropoietina, transplante de medula óssea, estagnação de hemorragias frequentes (TGI), repouso e oxigenioterapia hiperbárica. OBS: valores podem mudar de acordo com o tipo de exame e o profissional que está realizando. Variações da taxa de eritrócitos podem ocorrer por: - Variação diária: devido à ingesta de líquidos - Variação por exercício: indivíduos treinados possuem mais eritrócitos e, durante o exercício, o baço libera parte de eritrócitos armazenados (note: baço é o reservatório de hemácias) - Variação devido ao sexo do indivíduo: a testosterona aumenta a eritropoiese, enquanto os estrógenos causam diminuição, além da perda menstrual. - Variação por altitude: a hipóxia das grandes altitudes estimula a eritropoiese. - Variação por idade: é alta no RN, diminui até 6 meses e depois aumenta e estabiliza. Em idosos é um pouco menor. - Variação por gravidez: a partir do 5º mês há expansão do LEC (aumento das proteínas da gestante à aumento da pressão coloidosmótica = aumento do LEC). Policitemia Aumento anormal do número de hemácias no sangue devido, por exemplo, ao aumento na taxa de formação das hemácias. SINTOMAS: hiperviscosidade sanguínea (quanto maior é a viscosidade, maior é o trabalho da bomba), hipertensão sistólica, pele avermelhada, cansaço, coceira na pele após banho, cefaleia constante e elevação discreta do VO2 máximo. POLICITEMIA RELATIVA: número de eritrócitos normal e redução do volume plasmático. POLICITEMIA ABSOLUTA: volume plasmático normal e aumento do número de eritrócitos. Há dois tipos de policitemia: • Secundária: devido à hipóxia por insuficiência cardíaca (patológica) ou morar em regiões de grandes altitudes (fisiológica). Os órgãos hematopoiéticos vão produzir hemácias extras, aumentando o hematócrito e a viscosidade do sangue. • Vera: causada por aberração genética nas células tronco hematopoiétocas que não param de se duplicar, de modo que haja elevação acentuada do hematócrito e no número de hemácias, na taxa de leucócitos, plaquetas, no volume e na viscosidade sanguínea. TRATAMENTO: sangria de volume de sangue com certa frequência (flebotomia), administração de anticoagulantes e de interferon. OBS: esses pacientes não podem doar sangue. Oxigênio no feto O feto possui apenas 30-40% de oxigênio disponível em relação à mãe, necessitando de uma quantidade maior de hemoglobina (40-50%) e de ter uma hemoglobina fetal, que é formada por duas cadeias alfa e duas gama. A hemoglobina fetal tem a capacidade de transportar de 20-50% mais oxigênio do que a hemoglobina da mãe e sua curva de dissociação está desviada à esquerda, favorecendo a entrega de oxigênio aos tecidos em crescimento do feto. Leucócitos e Sistema Imune Os leucócitos e o sistema imune são responsáveis pela defesa contra infecções e agentes tóxicos, destruindo bactérias, vírus, fungos, parasitas e outros microrganismos ou toxinas, seja por fagocitose ou formação de anticorpos. • Infecção: invasão do microrganismo por patógenos capazes de provocar doenças no hospedeiro, podendo ser ocasionada por bactérias, vírus, fungos, parasitas ou seus agentes tóxicos. • Fagocitose: englobamento e digestão de partículas ou microrganismos por fagócitos, que vai emitir pseudópodes (expansão da Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano membrana plasmática) e as partículas ou microrganismos são digeridos no vacúolo. Os neutrófilos e, sobretudo, os macrófagos*, vão realizar a fagocitose (sendo chamados de fagócitos) para destruir esses microrganismos. E... como que eles sabem onde fazer fagocitose? QUIMIOTAXIA à quando um tecido está infeccionado, ocorre a liberação de inúmeras substâncias, como as toxinas bacterianas e virais, produtos degenerativos dos tecidos inflamados e produtos causados pela coagulação sanguínea que levam a uma atração dos neutrófilos e macrófagos. • Os leucócitos, por diapedese, conseguem entrar no tecido infeccionado, deixando os capilares. • Enquanto os neutrófilos fagocitam apenas 3-20 bactérias antes de serem inativados e morrerem, os macrófagos fagocitam 100 bactérias, sobrevivem e podem continuar funcionando por alguns meses. IMPORTANTE: os fagócitos precisam identificar as células invasoras ou mortas, a fim de não destruir as células integras do organismo à reação autoimune. Para evitar que isso aconteça, as células íntegras possuem um revestimento proteico protetor, que não existem nas células invasoras ou mortas. Ainda, o sistema imune desenvolve anticorpos contra invasores que aderem à célula invasora, o que facilita a fagocitose. Na fagocitose, além das enzimas digestivas, os agentes bactericidas apresentam o superóxido O2-, o peróxido de hidrogênio (H2O2) e íons hidroxila (OH-), enzimas lisossômicas dos fagócitos podem formar hipoclorito (H2O2 + CL-) no seu interior, o que é muito bactericida. Ainda, existe o chamado sistema reticuloendotelial, que é constituído por monócitos localizados nos tecidos e por macrófagos teciduais e móveis, possuindo grande capacidade de defesa dos tecidos contra invasores. Ele está localizado: pele, linfonodos, pulmões, sinusóides do fígado, baço, trato urinário e trato gastrointestinal. LESÃO: diversas substâncias são liberadas pelo tecido lesado, causando alterações secundárias nos locais perilesionais, ou seja, causando inflamação. • Vasodilatação local • Aumento da permeabilidade capilar • Coagulação dos líquidos no interstício • Migração de granulócitos e monócitos • Dilatação das células teciduais • Pode haver a formação de pus. Durante a inflamação, há produção de histamina, bradicininas, serotonina, prostaglandinas e linfocinas, que ativam os fagócitos. Além disso, ocorre o emparedamento do local da inflamação, ou seja, há redução da circulação sanguínea e linfática no loca, impedindo que o agente invasor se espalhe pelo organismo via circulação. SISTEMA IMUNE IMUNIDADE: capacidade que o organismo tem de resistir contra a maioria dos microrganismos, sendo adquirida quando há uma primeira infecção por uma bactéria, vírus ou toxinas. Isto ocorre devido à formação de anticorpos ou linfócitos ativados, capazes de atacar os microrganismos específicos. • Imunidade das células B: produção de anticorpos. • Imunidade dos linfócitos T ativados. Sabe-se que os linfócitos, situados nos linfonodos, no baço, medula óssea, TGI e timo, e são essenciais para vida Os linfócitos T são responsáveis pela imunidade celular, enquanto os linfócitos B são responsáveis pela imunidade humoral. Como citado anteriormente, os linfócitos podem ser produzidos no Timo. O timo é uma glândula linfoide (ou linfática), que tem o papel de desenvolver os linfócitos T. Ele está localizado na parte inferior do pescoço e superior ao mediastino, estando POSTERIOR AO ESTERNO e lateralmente entre os pulmões. Essa glândula é ativa, estando desenvolvida até os 10- 12 anos, diminuindo no adulto e sendo substituída por tecido adiposo no idoso. Em sua zona cortical, tem-se os pró-timócitos e os timócitos em maturação celular, enquanto na zona medular, há os pró-linfócitos T e linfócitos T maduros. Ainda, no timo, os linfócitos T vão sedividir de maneira rápida e desenvolver uma reatividade especificidade contra antígenos, SEM atacar as células do próprio organismo (sem causar uma reação autoimune). Além disso, esses linfócitos possuem receptores que reconhecem os antígenos e possuem células de memória, o que é semelhante aos linfócitos B. • Valor médio de linfócitos T:65-70% de todos os linfócitos Existem 3 tipos de linfócitos T: 1. Auxiliares: numerosas, ajudam nas funções do sistema imune pelos mediadores linfocinas (produtores de IL-2 até IL-7 e de interferon). 2. Citotóxicas (Natural Killers): célula de ataque direto, que pode destruir microrganismos, se ligando ao invasor, perfurando a membrana e injetando as Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano substâncias citotóxicas, matando o microrganismo invasor. 3. Células T supressoras: fazem a regulação das NKs, impedindo a reação autoimune. Agora, sobre os linfócitos B, eles são processados no período fetal no fígado e, depois do nascimento, na medula óssea. Eles vão secretar os anticorpos (agentes reativos), que são capazes de se combinar e destruir substâncias antigênicas. Além disso, há formação de células de memória, que possibilita a formação de plasmócitos, que formam as Ig e as citocinas. Quando um antígeno ativa o linfócito, há reprodução (aumento do número de linfócitos), sendo que, os linfócitos B irão secretar o anticorpo específico para àquele microrganismo. Isso tudo é conhecido como clone de linfócitos. Esta resposta recebe o nome de resposta imune adaptativa/específica, sendo a base para o desenvolvimento de vacinas. Isto ocorre, pois os antígenos são sempre substâncias estranhas para os organismos, permitindo que o organismo produza anticorpos por células específicas, gerando uma defesa, chamada de imunidade. Essas células específicas são os linfócitos e são eles que proporcionam uma imunidade duradoura (células de memória) após uma primeira exposição a um patógeno. LEUCEMIA A leucemia é quando há um número extremamente elevado de leucócitos anormais no organismo OU é uma doença maligna dos leucócitos, ocorrendo o acúmulo de células blásticas/jovens anormais circulantes. POR QUE ELA SURGE? Mutações cancerígenas das células mielógenas (com origem na medula óssea) ou linfógenas (com origem nos linfonodos). CAUSAS – ambientais, hereditárias, radiação ionizante ou contato com produtos químicos cancerígenos. EFEITOS – número elevado de leucócitos (devido ao fato de apresentarem crescimento metastático e disseminarem para o baço, fígado, linfonodos, medula óssea e outras áreas) • O acometimento de determinada área pode ser mais grave que outra. Por exemplo, o acometimento do fígado é mais grave que o do baço. • Quando invade os ossos, provoca dores e fragilidade óssea. CARACTERÍSTICA – leucograma alterado, incidência de infecções frequentes e graves, trombocitopenia, contagem de leucócitos normais reduzidos, anemia, febre, sangramentos nasais e gengival, emagrecimento rápido (destruição metabólica), fraqueza, fadiga, cefaleias, tonturas, palidez, hematomas (manchas roxas pelo corpo), queda do cabelo, aftas, esplenomegalia e hepatomegalia, sangramento menstrual excessivo, dor nos ossos e articulações, gânglios linfáticos edemaciados. CONSEQUÊNCIA FINAL = MORTE. DIAGNÓSTICO – exames de sangue e biópsia da medula óssea. TRATAMENTO – quimioterapia + radioterapia + terapia molecular dirigida + transplante de medula óssea + transfusão de sangue + cuidados paliativos. Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano 1. LEUCEMIA MIELOGÊNICA: É um processo canceroso que pode produzir células que, aparentemente, são diferenciadas, como neutrófilos, basófilos, eosinófilos e monócitos. Porém, são células anormais, sem formas específicas, sendo que, quanto mais indiferenciada (aguda), mais agressiva é a doença (sobrevida de 6-9 meses) e, quanto mais diferenciada (crônica), melhor é o prognóstico (sobrevida de 10-20 anos). Pelo fato de as células serem anormais, a proteção imune não é garantida, permitindo doenças infecciosas de repetição, que são frequentes e perigosas. 2. LEUCEMIA LINFOGÊNICA: É a produção anormal e cancerosa de linfócitos, que se inicia nos linfonodos (formando edema dos gânglios linfáticos) e se espalha para o organismo, tendo maior incidência em crianças de 3-5 anos, com maior proliferação dos linfócitos B do que T. Os linfócitos podem estar maduros ou não, mas são jovens, pequenos, núcleo irregular e possível alta granulação. Além disso, os processos regulatórios pelos linfócitos T são perdidos em diferentes graus. Assim como a leucemia mielogênica, pode ser classificada em aguda ou crônica. Coagulação Sanguínea A coagulação sanguínea/hemostasia é o processo de prevenção da perda sanguínea sempre que um vaso é lesionado, seja apenas uma secção ou um rompimento. Ela é desencadeada por 4 mecanismos, em sequência, que são: constrição vascular, formação do tampão plaquetário, formação do coágulo sanguíneo e eventual crescimento de tecido fibroso no coágulo (cicatrização). 1. CONSTRIÇÃO VASCULAR Ocorre imediatamente à lesão, fazendo com que o músculo liso vascular se contraia e diminua o extravasamento de sangue. Essa contração leva ao espasmo vascular. Os fatores autacóides locais originados do trauma e das plaquetas (com liberação de tromboxano A2) e os reflexos nervosos locais (vasoconstrição) vão reduzir o fluxo do local. 2. TAMPÃO PLAQUETÁRIO Caso a lesão for de pequenos vasos, o tampão plaquetário já é o suficiente para realizar a hemostasia. O QUE TEM NAS PLAQUETAS QUE PERMITE O ESTANCAMENTO DO SANGUE? Proteínas contráteis (actina e miosina fora de sarcômeros e trombostenina); complexo de Golgi e retículo endoplasmático, que sintetizam várias enzimas; cálcio e mitocôndrias para produção de ATP; sistema enzimático formador de prostaglandinas; fator estabilizador de fibrina; fator de crescimento que ativará a multiplicação das células dos vasos lesados; fosfolipídios na membrana plaquetária que são capazes de ativar a coagulação sanguínea. Assim, quando as plaquetas entram em contato com a lesão pequena, sobretudo com as fibras colágenas locais ou com as estruturas anormais, elas se modificam de maneira rápida, dilatam-se e formando pseudópodes. Logo, liberam grânulos com tromboxano A2, que atuam nas plaquetas vizinhas, aderindo-se uma às outras, formando um tampão plaquetário e evitando o extravasamento de sangue. 3. FORMAÇÃO DO COÁGULO SANGUÍNEO Em um trauma maior, começa a se formar entre 15-30 segundos e, em um trauma menor, começa a se formar entre 1-2 minutos, a partir de substâncias (produzidas pelas plaquetas, pelos vasos lesionados e pelas proteínas sanguíneas) que se aderem à parede do vaso e iniciam a coagulação. Para os traumas pequenos, o coágulo estanca a perda do sangue em 5 minutos e, em até uma hora, há retração do coágulo, cessando por completo o sangramento. 4. EVENTUAL CRESCIMENTO DO TECIDO FIBROSO NO COÁGULO Assim que se forma o coágulo, pode haver, após algumas horas, o crescimento de tecido fibroso por invasão de fibroblastos, formando, em até duas semanas, um tecido fibroso. Caso não seja necessária a formação desse tecido, o coágulo se dissolve. MECANISMO DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA O mecanismo de coagulação é composto pelo equilíbrio entre os fatores que ativam e os fatores que inibem a coagulação. Na circulação, as substâncias anticoagulantes são predominantes, pois elas que evitam que haja coagulação sanguínea e formação de trombos onde não deve. Porém, quando ocorre uma lesão, no local, há predominância das substâncias pró-coagulantes, a fim de evitar o extravasamento de sangue. Em resumo, essa cascata ocorre em 3 etapas: Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano - Cascata de fatores e reações químicas para a formação do coágulo, o que leva à formaçãodo sistema ativador da protrombina. - O sistema ativador da protrombina catalisa a conversão da protrombina em trombina, - A trombina atua como enzima, convertendo o fibrinogênio em fibras de fibrina (ou redes), e forma um emaranhado de plaquetas, outras células sanguíneas e plasma para a formação do coágulo. De maneira simplificada, o sistema ativador da protrombina, ou seja, a tromboplastina, na presença de cálcio, vai converter a protrombina (alfa-globulina plasmática formada pelo fígado na presença de vitamina K) em trombina. Por sua vez, a trombina permite a polimerização do fibrinogênio (formado no fígado) em fibras de fibrina de maneira rápida (10-15 segundos). A fibrina tem a capacidade de se polimerizar e formar longas filas de fibrina, que são estabilizadas no plasma por um fator liberado pelas plaquetas, promovendo um aumento da força tridimensional da rede de fibrina, que envolve o coágulo. Tardiamente, há retração do coágulo com auxílio das espículas das plaquetas que vão contrair a partir das proteínas contráteis e pelo íon cálcio. Esse mecanismo de coagulação, quando ativado, gera, por retroalimentação positiva, uma maior atividade da rede de fibrina, que vai progredir até o coágulo conseguir estancar a perda sanguínea. Porém, para formar o mecanismo do sistema ativador da protrombina, existem 2 vias que interagem entre si: via extrínseca e via intrínseca. 1. VIA EXTRÍNSECA DE COAGULAÇÃO Ela tem início no trauma do vaso ou dos tecidos vizinhos que entram em contato com o sangue. Primeiramente, vai haver a liberação do fator tecidual, portanto, o tecido ou o vaso lesado vai liberar o fator tecidual ou tromboplastina tecidual, que vai atuar como uma enzima proteolítica. Logo, esse fator tecidual vai se combinar com o fator VII e, na presença de cálcio, vai atuar sobre o fator X, ativando-o (fator Xa). Em seguida, o fator Xa se combina com os fosfolipídios teciduais (ou com os fosfolipídios das plaquetas) e com o fator V, para formar o complexo sistema ativador da protrombina. Assim, na presença de cálcio e de protrombina, há formação da trombina, permitindo o início do processo de formação do coágulo. 2. VIA INTRÍNSECA Tem início com o trauma ao sangue ou na exposição do sangue no colágeno da parede vascular. Primeiramente, o trauma sanguíneo ou a sua exposição ao colágeno da parede vascular causa a ativação do fator XII e das plaquetas, formando o fator XII ativado (XIIa) e o fator plaquetário. Logo, o fator XIIa atua sobre o fator XI, ativando-o, sendo essa reação acelerada pela pré-calicreina. Além disso, o fator XII vai ativar o fator IX (IXa). Assim, os fatores IXa, VIIIa, os fosfolipídios plaquetários e o fator III vão ativar o fator X (Xa). O fator Xa se combina com os fosfolipídios teciduais (ou com os das plaquetas) e com o fator V, formando o complexo ativador de protrombina. • OBS: o fator VIII é chamado de fator anti- hemofílico. Na presença de cálcio, a protrombina forma a trombina e é iniciado o processo de formação do coágulo. ANTICOAGLANTES E COAGULANTES Os anticoagulantes (endógenas ou não) são aquelas substâncias que contribuem para evitar a coagulação sanguínea, a fim de não formar trombos em momentos inoportunos, mas isso nas condições normais. Já os coagulantes, são aquelas substâncias ou tratamentos, que contribuem para acelerar o processo de coagulação sanguínea, a fim de evitar ou até mesmo reduzir uma hemorragia. 1. ANTICOAGULANTES Em geral, o sangue não se coagula na circulação e isso se deve aos 3 fatores: - A uniformidade da superfície das células endoteliais, impedindo o sistema intrínseco da coagulação; Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano - A camada de mucopolissacarídeos do endotélio capilar repele os fatores de coagulação; - A proteína trombomodulina existente na membrana endotelial vai se ligar à trombina, retirando-a da sua forma livre e, deste modo, impedindo que ela de início à coagulação. Esse complexo ativa a proteína C, que atua como um anticoagulante. E QUAIS SÃO OS ANTICOAGULANTES? A. HEPARINA: polissacarídeo endógeno, formado pelos mastócitos, em baixas concentrações, mas, quando necessário, pode ser administrado de maneira muito concentrada em forma farmacológica. Heparina + antitrombina = inibe a trombina. Como inibe a trombina, consequentemente, vai remover os fatores que são ativados por ela, como os fatores IXa, Xa, XIa e XIIa à REFORÇA O EFEITO ANTI- COAGULANTE. B. PLASMINA/FIBROLISINA: É a forma ativada do plasminogênio, sendo uma enzima semelhante à tripsina. Ela vai dirigir as fibras de fibrina e algumas proteínas coagulantes (o fibrinogênio, a protrombina e os fatores V, VIII e XII). C. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K: impede a redução ou reduz a ação da enzima carboxilase hepática e, em consequência, ocorre a redução dos fatores VII, IX, X, da proteína C e da protrombina. PORÉM, a queda acentuada desses fatores associados a falta de vitamina K levam a uma situação de hemorragia natural grave. D. HEMOFILIA: é uma doença hereditária com predomínio elevado em homens, uma vez que é uma falha cromossoma X, assim, a expressão em mulheres (XX) é muito rara. A falha é na produção do fator VIII (principal) ou eventualmente ao fator IX. Esta deficiência é relativa e pode ser suave ou severa em seus portadores. E. CUMARÍNICOS: substância que leva à redução dos fatores VII, IX e X e da protrombina; seu mecanismo de ação é semelhante à deficiência da vitamina K. F. TROMBOCITOPENIA: concentração baixa de plaquetas (trombócitos) circulantes (< 50 mil/mm3) e, neste caso, há pequenas hemorragias sob a pele, levando à formação de muitas manchas arroxeadas. A grande parte da trombocitopenia é idiopática; durante a hemorragia de longa duração, o tratamento consiste na transfusão de sangue fresco com muitas plaquetas ou a realização de esplenectomia (Retirada do baço), pois o baço remove grandes quantidades de plaquetas e, também, leva à hemólise. E QUAIS SÃO AS DROGAS FARMACOLÓGICAS ANTICOAGULANTES? A. Rivaroxabana (nome comercial: xarelto) B. Bissulfato de clopidogrel (Plavix) C. Varfarina (Marevan) D. Apixabana (Eliquis) E. Cilostasol (Cebralat) F. Ácido Acetil Salicílico (ASS, Somalgin Cardio). 2. COAGULANTES Em geral, quando se deseja evitar processos hemorrágicos, por deficiência na coagulação sanguínea, existem 2 recursos: - Transfusão de sangue fresco, concentrado de plaquetas ou de um fator de coagulação específico. - Administração de vitamina K (nome comercial Kanakion). TESTES PARA AVALIAÇÃO DA HEMOSTASIA Existem alguns testes que permitem avaliar a normalidade da hemostasia, inferindo a presença de distúrbios vasculares, das plaquetas e no processo da coagulação. Os principais testes realizados são os seguintes: 1. PROVA DO TORNIQUETE (OU FRAGILIDADE CAPILAR) Aplicar um manguito no braço com uma pressão entre a PAS e PAD, por 5 minutos e verificar, logo após, a presença de petéquias (manchas vermelhas pequenas) na região do manguito. Se houver mais de 20 petéquias por polegada2 é indicativo de fragilidade capilar do vaso capilar. É um teste simples e inespecífico. 2. TEMPO DE SANGRAMENTO Aplicar uma incisão controlada em vasos subcutâneos do braço e medir o tempo em que cesso a hemorragia. Pela padronização de Ivy, os valores de normalidade são de 2 a 6 minutos, pois, caso seja maior, há uma anormalidade na hemostasia. É inespecífica, invasiva e dolorosa. 3. CONTAGEM DE PLAQUETAS Coleta-se sangue e mensura-se em câmara com microscópio de contraste em esfregaço de sangue, verificando a contagem e a morfologia das plaquetas. • Normal: 150 a 400 mil/mm3 • Problemas na hemostasia: 50 mil/mm3 • Hemorragias espontâneas graves: 10 mil/mm3 4. TEMPO DE COAGULAÇÃO Mensura-se a via intrínseca da coagulação à uma amostra de sangue é deixada em um tubo de ensaio para a coagulação, devendo coagular em 5-15 minutos. 5. TEMPODE RECALCIFICAÇÃO Após obter um sangue citratado (sem cálcio), observar o tempo que demora para coagular após a adição do cálcio. • Normal: 100 a 240 segundos à se adicionar trombina, esse tempo reduz para 15-20 segundos. 6. MENSURAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE ALGUNS FATORES Mensuração, sobretudo, do fator VIII. 7. MENSURAÇÃO DE TROMBOPATIAS Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano É através da técnica de citometria de fluxo, que permite quantifica o número de plaquetas jovens lançadas para a circulação. 8. PROTEÍNA C Determinação por testes imunológicos (ELISA) da concentração desta importante proteína da hemostasia. Sistema ABO – Rh ANTÍGENO: substância ou microrganismo que, ao entrar em outro organismo, no caso, no nosso corpo, e capaz de provocar a formação de anticorpos (resposta imune). OU SEJA, QUALQUER MOLÉCULA QUE LEVA À PRODUÇÃO DE ANTICORPOS. ANTICORPO: é uma proteína específica em forma de Y, que reage contra uma substância ou microrganismo estranho para a sua destruição; eles são produzidos pelos linfócitos. SISTEMA ABO Existem 2 antígenos (A e B), que estão localizados na superfície das hemácias. Como eles são capazes de causar aglutinação das células sanguíneas em uma transfusão de sangue, eles recebem o nome de aglutinogênios. OU SEJA, os aglutinogênios são capazes de formar anticorpos (aglutininas) específicos. Então, como que funciona? - Presença de aglutinogênio A e ausência de B: TIPO A. - Presença de aglutinogênio B e ausência de A: TIPO B. - Presença de aglutinogênio A e B: TIPO AB - Ausência de aglutinogênio A e B: TIPO O. Porém, o que determina a presença ou ausência de cada aglutinogênio é a genética, portanto, seguindo a linha de raciocínio de que um indivíduo precisa de um PAR de alelos para expressar uma característica, vamos levar em consideração que o A representa um alelo codificador do aglutinogênio A, o B representa um alelo codificador do aglutinogênio B e o O representa o alelo codificador da ausência de aglutinogênio. Além disso, vamos ter em mente de que o A e o B são alelos DOMINANTES e o O é um alelo RECESSIVO. - AA: TIPO A - AO: TIPO A à Porque o A é dominante. - BB: TIPO B - BO: TIPO B à Porque o B é dominante. - AB: TIPO AB - OO: TIPO O. Mas então... como que o sangue reconhece um tipo sanguíneo que não é o dele? Pela presença das aglutininas, que são os anticorpos (gamaglobulinas) contra um determinado tipo sanguíneo: - TIPO A: aglutinogênio A e aglutinina anti-B. - TIPO B: aglutinogênio B e aglutinina anti-A. - TIPO AB: aglutinogênio A e B, sem aglutinina. - TIPO O: nenhum aglutinogênio, mas aglutinina anti-A e anti-B. Porém, nós não nascemos já com essas aglutininas. Ao nascermos, a quantidade de aglutininas é quase 0, sendo entre 2-8 meses de vida que se inicia a produção de aglutininas, chegando à produção máxima ao redor dos 8-10 anos, tendo ligeira decadência com o passar dos anos. OBS: o tipo sanguíneo mais comum é o O (47%), seguido do A (41%), seguido do B (9%), seguido do AB (3%). E... como realizamos a tipagem sanguínea? Primeiramente, é coletada uma amostra de hemácias que é diluída em soro fisiológico, que recebe, separadamente, aglutinina anti-A e aglutinina anti-B. Depois de algum tempo, observa-se, ao microscópio, se houve aglutinação para determinar o tipo sanguíneo. Ainda, na prática, também se determina o fator Rh. E... POR QUE ISSO É IMPORTANTE? O processo de aglutinação das hemácias forma grumos capazes de ocluir os pequenos vasos e causar o ataque de leucócitos fagócitos, que vão destruir as membranas das hemácias, ocasionando hemólise. Os grumos e a hemólise, se acentuados, ocasionam a morte do paciente. Essa hemólise pode ser mais imediata por ação dos leucócitos que liberam enzimas proteolíticas e rompem a hemácia, porém, é mais raro. Portanto, isto é fundamental, pois, em um processo de transfusão sanguínea, caso um tipo sanguíneo seja dado de maneira equivocada, sem compatibilidade sanguínea, os processos acima irão ocorrer, podendo levar o indivíduo ao óbito. SISTEMA Rh Os antígenos do fator Rh são de natureza glicoproteica e existem vários subtipos. Como existem 3 genes que determinam o antígeno Rh (C, D e E do cromossomo 1), um indivíduo é dito Rh POSITIVO quando ele possui pelo menos 1 desses 3. Para a sua determinação laboratorial, utiliza-se microplacas e um aglutinoscópio para verificar a formação dos grumos. Os anticorpos presentes são sensibilizados por inoculação prévia ou, no caso mãe-feto, o feto Rh Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano positivo e a mãe Rh negativo. TODA MÃE Rh- GRÁVIDA DE UM HOMEM Rh+ DEVE TOMAR MEDIDAS ESPECIAIS PARA EVITAR SER SENSIBILIZADA, POIS, SE ELA FOR, OCORRE A ERITROBLASTOSE FETAL. Na Eritroblastose fetal, ocorre a aglutinação e fagocitose das hemácias do feto, pois as aglutininas maternas se difundem pela placenta. As hemácias que foram lisadas liberam a hemoglobina no sangue e os macrófagos convertem em bilirrubina, tornando o RN com icterícia. Porém, na primeira gestação da mãe negativa e pai positivo, o feto não vai ter Eritroblastose Fetal, pois não é suficiente para a imunização acentuada da mãe. Entretanto, nas próximas gestações, há possibilidade de ocorrer a Eritroblastose fetal. Como prevenção, a mãe deve fazer uso de uma imunoglobulina anti-D (a preponderante) durante o final da gestação, o que, em geral, resolve a condição hematológica. O tratamento da Eritroblastose é a transfusão de Rh- e retirada de Rh+. DOADOR UNIVERSAL: O- RECEPTOR UNIVERSAL: AB+ Transfusão Sanguínea Transferência endovenosa de sangue total, de plasma, de concentrado de hemácias, de concentrado de plaquetas, de concentrado de leucócitos ou de concentrado dos fatores de coagulação e fibrinogênio de um doador para um receptor compatível. Ela é feita em situações de choque hipovolêmico, hemorragias ou doenças sanguíneas. PARA SER DOADOR, É NECESSÁRIO: - Ser maior de 18 e menor de 60 anos. - Ter mais do que 50kg - Não ser anêmico - Não ser usuário de drogas - Não ter hepatite, chagas, AIDS, câncer, malária, sífilis e outras doenças virais. - Estar afebril e sem uso de algumas medicações. - Não estar grávida ou amamentando. Do doador, é retirado cerca de 450 ml de sangue e, para homens, o intervalo entre as doações deve ser de 60 dias e, para mulheres, de 90 dias. POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES PARA O RECEPTOR: falha humana, contaminação, hemólise, reações imunes, pequenos desconfortos (tontura, febre, cansaço). FORMA MAIS SEGURA DE DOAÇÃO: Autóloga à doador é o próprio receptor. TEMPO DE VALIDADE DOS HEMOCOMPONENTES: TEMPO DE INFUSÃO DOS HEMOCOMPONENTES PARA O RECEPTOR É DE: Linfa O sistema linfático vai complementar as ações do sistema vascular e sanguíneo, regulando o balanço do fluido tecidual, facilitando o transporte de macromoléculas e participando das funções imunes do organismo. Estes fluidos e macromoléculas e, se houver, microrganismos invasores, presentes no LEC são coletados pelos capilares linfáticos, retornando à circulação sanguínea. FUNÇÕES DO SISTEMA LINFÁTICO: - Remoção dos fluidos em excesso e macromoléculas do interstício - Absorção e transporte dos quilomicrons no trato gastrointestinal - Produção e maturação dos linfócitos (sistema imune) O sistema linfático não está presente no SNC, na córnea e no osso. PINOCITOSE = transporte do LEC para o terminal linfático. A cada dia, cerca de 40% do total de proteínas plasmáticas vão do capilar para o LEC e voltam para a circulação linfática, o que é essencial, pois, se não acontecesse esse processo, haveria um grande edema e morte do indivíduo em 1-2 dias. CONSTITUINTES DO SISTEMA LINFÁTICO: terminais linfáticos, capilares e gânglios linfáticos (linfonodos inguinais, abdominais, axilares, cervicais e periféricos). O fluxo linfático é unidirecional, sempre do terminal linfáticopara as veias subclávias, onde a rede linfática desagua seu conteúdo no lado venoso da circulação. Tal direção se deve a um certo peristaltismo dos capilares linfáticos maiores, devido à musculatura lisa, se deve à ação da bomba muscular e à presença de válvulas linfáticas e linfonodos. Vitória Alvarenga – Faculdade de Medicina de Rio Claro - Claretiano Os terminais linfáticos são fechados/cegos, com uma única camada endotelial, apresentam filamentos de ancoragem entre as células do linfático ao tecido conjuntivo e células sobrepostas, funcionando como válvulas unidirecionais. Quando a pressão no LEC é superior ao interior do terminal, as válvulas se abrem, permitindo a entrada de fluido e macromoléculas para o interior do terminal, que segue em direção aos linfonodos. FLUXO LINFÁTICO NO ADULTO EM REPOUSO: 2,5 ml/kg/h. FLUXO LINFÁTICO NO ADULTO EM MOVIMENTO: 25 ml/kg/h. FLUXO LINFÁTICO NORMAL: 0,17 – 1,7 L/h. O fígado é um órgão que apresenta a maior taxa de formação de linfa (40% do total), seguido pelo trato gastrointestinal na condição pós-prandial (35%), pulmões (7%) e rins (5%), entre outros. A concentração de proteínas na linfa advinda do fígado é de 6 g/100 ml de linfa (g%), do TGI pós-prandial de 4 g% e das pernas de apenas 2g%. A concentração proteica na linfa é sempre menor que no plasma, mas a concentração iônica é idêntica. Os linfonodos possuem a capacidade de filtrar a linfa e esta chega na parte cortical do linfonodo e passa por capilares menores na parte medular, retendo microrganismos patogênicos que, então, sofrem ataque dos leucócitos. Assim, ocorre o intumescimento e dor no gânglio linfático, denominado de íngua. O acúmulo de líquidos no interstício é denominado de edema. O edema ocorre frequentemente no subcutâneo, nos pulmões ou nas pernas. Ele pode ocorrer devido a uma elevação da taxa de filtração nos capilares sanguíneos ou redução da reabsorção nos capilares linfáticos. O tratamento de edema depende da causa primária, mas é aconselhado uma dieta hipossódica, colocar a região afetada em nível mais alto que o coração, realizar massagens e drenagens e, se necessário, uso de diuréticos.
Compartilhar