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1 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 FIBROMIALGIA E DOR MIOFASCIAL OBJETIVO 01- DEFINIR FIBROMIALGIA E CARACTERIZAR SUA FISIOPATOLOGIA DEFINIÇÃO A síndrome da fibromialgia pode ser definida como uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de etiologia desconhecida, que se manifesta no sistema músculo-esquelético, podendo apresentar sintomas em outros aparelhos e sistemas. Sua definição constitui motivo de controvérsia, basicamente pela ausência de substrato anatômico na sua fisiopatologia e por sintomas que se confundem com a depressão maior e a síndrome da fadiga crônica. Por estes motivos, alguns ainda consideram-na uma síndrome de somatização. No entanto, desde 1980, um corpo crescente de conhecimento contribuiu para a fibromialgia ser caracterizada como uma síndrome de dor crônica, real, causada por um mecanismo de sensibilização do sistema nervoso central à dor. Na tentativa de homogeneizar as populações para estudos científicos, o Colégio Americano de Reumatologia, em 1990, publicou critérios de classificação da fibromialgia(A). Estes critérios foram também validados para a população brasileira(B). Dentre os critérios, destacam-se uma sensibilidade dolorosa em sítios anatômicos preestabelecidos, denominados tender points, que serão apresentados adiante, na descrição do quadro clínico. O número de tender points relaciona-se com avaliação global da gravidade das manifestações clínicas, fadiga, distúrbio do sono, depressão e ansiedade(C). A fibromialgia (FM) é uma síndrome idiopática, ou seja, de etiologia desconhecida. Sua principal característica é a dor crônica generalizada. A sua distribuição populacional é predominantemente feminina. A dor da FM não é devida a um aumento da estimulação dolorosa detectada. Também não é secundária à uma lesão ou doença que acomete o sistema nervoso somático-sensitivo, e desse modo é classificada como um tipo de dor disfuncional. Parece estar associada à disfunção do sistema nervoso central (SNC) que confere uma insuficiência aos mecanismos supressores da dor. A síndrome fibromiálgica (SFM) é um a condição dolorosa crônica difusa do sistema musculoesquelético, não- articular, caracterizada pela presença de dor à palpação em locais predeterminados denominados pontos dolorosos. É geralmente associada à fadiga persistente, rigidez, sono leve não-reparador, estresse emocional e vários outros sintomas. Não há um a patologia de tecido específico, e as queixas incluem dor articular, lesão muscular, inflam ação e d o r visceral. A fisiopatologia é incerta; admite-se ser devida à hipoatividade serotoninérgica, à hiperatividade p-érgica e às anormalidades funcionais hipotalâmicas. O diagnóstico é clínico e baseado no critério de classificação do Colégio Americano de Reumatologia (CAR), 1990. Os exames laboratoriais convencionais são normais. A terapêutica é multiponto, multimodal, consistindo no em prego de fármacos, como psicotrópicos, miorrelaxantes, analgésicos, e não-fármacos, com o medicina física, terapia cognitivo- comportamental, programa educativo e outros. FISIOPATOLOGIA ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS A primeira descrição presente na literatura de um quadro clínico semelhante ao da fibromialgia é a de Gowers, que em 1904 descreve uma síndrome caracterizada por dor lombar e a presença de dor à palpação de pontos dolorosos dessa regiao. Sua hipótese era de que se tratasse de um quadro inflamatório adjacente a tais estruturas sensíveis, por isso a nomenclatura atribuída ao quadro foi de fibrosite. Posteriormente, a investigação anatomopatológica dos pontos dolorosos forneceu indícios de que alterações dessas estruturas musculares poderiam ser responsáveis pela dor generalizada. Todavia, o aprofundamento de tais investigações e a comparação com achados presentes em outros grupos populacionais permitiu evidenciar que achados não específicos da fibromialgia, mas sim do sedentarismo e falta de atividade física, que podem ser conseqüência, e não causa, do quadro doloroso. O mesmo tem acontecido com as hipóteses embasadas em lesões do aparelho locomotor, sejam musculares ou do tecido conectivo9. Achados histológicos de atrofia muscular pareceram explicações interessantes a princípio, mas não se mostraram específicas e parecem estar mais associadas ao sedentarismo. DISTÚRBIOS DA PERCEPÇÃO DA DOR O modelo fisiopatológico que melhor descreve a fibromialgia parte da observação de que o aparecimento dos sintomas dolorosos ocorre de forma geralmente espontânea, simétrica e num sentido craniocaudal, contrariando uma hipótese de lesões periféricas e sugerindo uma origem nervosa central para a síndrome10,11. Substratos funcionais para a hipótese de percepção dolorosa incluem a elevação da concentração de substância P e os distúrbios metabólicos do metabolismo da serotonina. 2 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 A substância P (SP) é um neuromodulador presente em fibras nervosas do tipo C, não-mielinizadas. Quando estimuladas por estímulos nociceptivos, essas fibras liberam SP num grupo específico de neurônios do corno posterior da medula, que passam a responder com potenciais lentos, prolongados e com somação temporal, num fenômeno chamado "windup". Considerando a participação da SP nas respostas dos neurônios nociceptivos, qualquer distúrbio da sua produção, atividade funcional ou degradação pode resultar numa percepção dolorosa defeituosa. Russell12 comparou pessoas com fibromialgia a controles sem dor e percebeu que no líquor dos indivíduos do primeiro grupo, os níveis de substância P eram mais elevados, o que indica uma maior ativação das vias aferentes dolorosas, porém esse autor não encontrou correlação entre tal alteração e qualquer outra manifestação clínica dessa síndrome, exceto por uma correlação limítrofe com a contagem de pontos dolorosos. Por outro lado, as vias descendentes inibitórias de dor, que partem de estruturas do tronco encefálico para os diversos níveis segmentares de medula, também parecem estar envolvidas na fisiopatologia da fibromialgia. Esse conjunto de estruturas é denominado Sistema Inibidor de Dor e os principais neurotransmissores envolvidos no seu funcionamento são a serotonina e noradrenalina ao nível do tronco encefálico e as dinorfinas e encefalinas a nível segmentar medular. Esse sistema foi descrito com um tônus basal13, o que sugere uma atividade constante, contudo ele também parece ser ativado por condicionamento e estado motivacional. Estímulos nociceptivos são decididamente responsáveis por uma elevação do seu funcionamento, o que o classificaria como uma alça de retroalimentação negativa em relação a sensações dolorosas14,15. Fica demonstrado que os estímulos dolorosos seriam capazes inicialmente de produzir a sensação desagradável da dor, mas posteriormente estimulariam estas vias descendentes, atuando assim como moduladores da dor. As alterações do metabolismo da serotonina implicam na redução da atividade do Sistema Inibidor de Dor, com uma conseqüente elevação da resposta dolorosa frente a estímulos algiogênicos ou mesmo o aparecimento de dor espontânea. Níveis reduzidos de serotonina foram detectados no líquor e soro14, 15, assim como os níveis dos seus precursores16. O mesmo foi observado com os níveis de receptores plaquetários e séricos para essa substância. Outra hipótese para a reduzida atividade da serotonina é que seus receptores apresentem algum tipo de diferença funcional nesses pacientes. O polimorfismo do gene codificador de receptores para serotonina foi identificado em pacientes com fibromialgia17 e é mais uma evidência nesse sentido, além de constituir uma explicação para o habitual agrupamento familiar de pacientes portadores de dor crônica, generalizada ou não18, 19, 20. O receptor 5-HT3 estálocalizado no Sistema Nervoso Central (SNC) e Periférico e pode ser encontrado em várias outras células. Na periferia pode ser encontrado no sistema nervoso autonômico, em nervos sensitivos e no sistema nervoso entérico. No SNC está localizado em vários sítios, entre eles o hipocampo, amídala, núcleo solitário, núcleo vaudatus, núcleo accubens, córtex cingulado e corno posterior da medula espinhal. Este receptor modula a liberação de neurotransmissores e neuropeptídeos como a dopamina, colecistoquinina, acetilcolina, GABA, substância P e a serotonina. Foi demonstrado seu envolvimento com a transmissão sensitiva, regulação de funções autonômicas, processo de dor e controle da ansiedade 21. Desta forma, somam-se evidências de uma atuação não coordenada dos mecanismos de nocicepção e de inibição da dor, resultando numa percepção aumentada da dor. Outro mecanismo que poderia explicar tal distorção sensorial é a alteração global de atenção, na qual uma percepção global do meio ambiente elevada por disfunções localizadas em regioes mais rostrais do encéfalo causaria a perversão de estímulos térmicos, táteis e proprioceptivos em sensações dolorosas22. Um distúrbio dessa natureza seria responsável por outros achados habituais entre portadores de fibromialgia como a alteração do sono, transtornos ansiosos e outras síndromes disfuncionais associadas a ativação simpática, onde se incluem a cefaléia tensional, cólon irritável, dor torácica atípica e síndrome dismenorréica. Estudos clínicos de pacientes com fibromialgia mostram que alterações do sono são intimamente relacionadas com a sintomatologia somática, mas não com a personalidade. Assim quanto pior o sono, maior o número de pontos dolorosos e em pacientes com fibromialgia23,24. As alterações do sono também foram associadas a cronificação de queixas dolorosas. A privação do sono em pessoas saudáveis é capaz de induzir dolorimento generalizado semelhante ao experimentado pelos pacientes com fibromialgia25. Uma vez que também pode ser achado no sono de pessoas normais, o padrao eletroencefalográfico de sono alfa não é específico para pacientes com fibromialgia, apesar de poder servir como um indicador sensível para as queixas subjetivas e para a queixa de sono não reparador. A possibilidade de que mais de um mecanismo seja responsável pelo aparecimento dos sintomas da fibromialgia ficou mais evidente com o experimento de Sörensen27, no qual 18 pacientes foram medicados, por via intravenosa, com soluções de lidocaína, ketamina, morfina e salina. Houve pacientes que responderam favoravelmente a aplicação do placebo salino, enquanto outros pacientes responderam a uma ou várias das soluções, mas não ao 3 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 placebo e, por fim, aqueles que não responderam a nenhum dos tratamentos. Os autores a cogitaram a possibilidade de que diferentes mecanismos fisiopatológicos estivessem envolvidos em cada pessoa. Este experimento auxilia o entendimento do fracasso terapêutico de muitas intervenções propostas na literatura e que pouco diferem do placebo. Talvez a subdivisão de pacientes conforme sua resposta a testes diagnóstico-terapêuticos como esses fosse um caminho para a melhor compreensão da síndrome, classificando os pacientes de forma mais adequada e permitindo intervenção terapêutica mais efetiva. Finalmente a fisiopatologia da fibromialgia reside sobre os mesmos alicerces tao incertos e multicausais quanto a sua etiologia. Todavia, a importância de fatores sociais, emocionais, familiares, aliados a uma característica de maior resposta aos estímulos dolorosos, o baixo nível de condicionamento cardiovascular e performance muscular são as hipóteses mais plausíveis. Evidenciase assim, que as explicações monocausais e positivistas devem ceder espaço para modelos multifatoriais, que permitam o entendimento dessa síndrome como a somação de desordens que acabam se manifestando pela associação de variados sintomas. OBJETIVO 02- DESCREVER O QUADRO CLÍNICO, IDENTIFICANDO OS SINTOMAS MAIS FREQUENTES E OS ACHADOS DE EXAME FÍSICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DOR E HIPERSENSIBILIDADE A queixa inicial mais comum de um paciente com FM é de “dor em todo o corpo”. A dor em pacientes com FM localiza- se acima e abai- xo da cintura, em ambos os lados do corpo, acometendo o esqueleto axial (pescoço, costas ou tórax). Características da dor: A dor atribuível a FM é pouco localizada, difícil de ignorar Intensa Associada a uma redução da capacidade funcional. A dor deve estar presente na maior parte do dia, na maioria dos dias, durante pelo menos 3 meses. A dor clínica da FM está associada a um aumento da sensibilidade à dor evocada. Na prática clínica Essa sensibilidade é determinada pelo exame de um ponto hipersensível, em que o examinador usa a unha do polegar para exercer uma pressão de aproximadamente 4 kg/m2, ou uma pressão que produz empalidecimento da ponta da unha do polegar, em locais musculotendíneos bem definidos. Obs.: Os critérios de classificação da American College Rheumatology exigiam anteriormente 11 de 18 locais percebidos como dolorosos para o diagnóstico de FM. Na prática, a hipersensibilidade é uma variável contínua, e a aplicação rigorosa de um limiar categórico para um diagnóstico específico não é mais necessária. A sensibilidade aumentada a dor pode ser demonstrada não apenas para a dor induzida por pressão mecânica realizada na clínica, mas também para pressão mecânica não muscular, calor, frio e outros estímulos sensoriais; isso reforça a ideia de que os mecanismos patogênicos da FM não estão relacionados com uma patologia musculoesquelética específica, mas como uma alteração no processamento da dor. Novos critérios eliminam os pontos sensíveis e concentram-se nos sintomas clínicos de dor disseminada e sintomas neuropsicológicos. SINTOMAS NEUROPSICOLÓGICOS Além da dor disseminada, os pacientes com FM queixam-se de fadiga, rigidez, distúrbios do sono, disfunção cognitiva, ansiedade e depressão. Esses sintomas ocorrem em graus variáveis na maioria dos paciente com FM, porém não estão presentes em todo o paciente ou em todos os momentos. Entretanto, esses sintomas podem ter um impacto igual ou até mesmo maior sobre a função e a qualidade de vida. A fadiga é altamente prevalente em pacientes com assistência médica primária nos quais se estabelece finalmente o diagnóstico de FM. A dor, a rigi- dez e a fadiga frequentemente são agravadas pelo exercício ou por uma atividade não habitual (mal-estar após esforços). As 4 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 queixas quanto ao sono incluem dificuldade em adormecer, dificuldade em manter o sono e acordar cedo pela manhã. Independentemente da queixa específica, os pacientes acordam sentindo-se cansados. Pacientes com FM podem preencher os critérios para a síndrome das pernas inquietas e sono com distúrbio da respiração; além disso, pode ocorrer apneia do sono franca. As queixas cognitivas caracterizam- se por lentidão no processamento, dificuldades de atenção ou concentração, problemas com lembrança de palavras e perda da memória de curto prazo. Os estudos realizados demonstraram uma alteração da função cognitiva desses domínios em pacientes com FM, embora a velocidade de pro- cessamento seja apropriada com a idade. Sintomas de ansiedade e de depressão são comuns, e a prevalência de transtornos do humor em pacientes com FM aproxima-se de 80%. Embora a presença de depressão não seja necessária nem suficiente para o diagnóstico de FM, é importante proceder a uma triagem para transtornos de depressão maior, investigando a presençade humor deprimido e anedonia. A análise dos fatores genéticos que provavelmente predispõe a FM revela vias neurobiológicas compartilhadas com os transtornos do humor, fornecendo a base para a comorbidade. SÍNDROMES DE SUPERPOSIÇÃO Como a apresentação da FM pode superpor-se a outras condições de dor crônica, a revisão dos sistemas frequentemente revela cefa- leias, dor facial/mandibular, dor miofascial regional, que acomete particularmente o pescoço ou as costas e artrite. As queixas de dor visceral acometendo o trato gastrintestinal, a bexiga e a região pélvica ou perineal também estão frequentemente presentes. Os pacientes podem ou não preencher critérios definidos para síndromes específicas. É importante que o paciente compreenda que pode haver vias compartilhadas que medeiam os sintomas, e que o uso de estratégias de tratamento efetivas para uma condição pode ajudar no controle sintomático e global. CONDIÇÕES COMÓRBIDAS A FM frequentemente é comórbida com condições musculoesque- léticas, infecciosas, metabólicas ou psiquiátricas crônicas. Apesar de a FM acometer apenas 2 a 5% da população geral, ela ocorre em 20% ou mais dos pacientes com distúrbios degenerativos ou reumá- ticos inflamatórios, provavelmente pelo fato de que essas condições atuam como geradores de dor periférica, alterando as vias centrais de processamento da dor. De modo semelhante, doenças infeccio- sas, metabólicas ou psiquiátricas crônicas associadas a dor musculoesqueléticas podem simular a FM e/ou atuar como gatilho para o desenvolvimento de FM. É particularmente importante que o médico seja sensível ao controle da dor dessas condições comórbidas, de modo que, quando surgir a FM, caracterizada por dor fora dos limites que poderiam ser razoavelmente explicados pela condição de- sencadeante, desenvolvimento de sintomas neuropsicológicos ou hi- persensibilidade ao exame físico, o tratamento dos processos centrais de dor seja instituído, em lugar de continuar focando no tratamento das causas periféricas ou inflamatórias da dor. CONDIÇÕES PSICOSSOCIAIS Com frequência, os sintomas da FM começam e são exacerbados du- rante períodos de altos níveis de estresse real ou percebidos. isto pode refletir uma interação entre a fisiologia do estresse central, vigilância ou ansiedade e as vias centrais de processamento da dor. O conhecimento dos atuais estressores psicossociais irá ajudar no tratamento do paciente, visto que muitos fatores que exacerbam os sintomas não podem ser controlados com o uso de abordagens farmacológicas. Além disso, existe uma alta prevalência de exposição à violência interpessoal prévia e outras formas de violência em pacientes com FM e distúrbios relacionados. Se houver possibilidade de transtorno de estresse pós-traumático, o médico deve estar atento e considerar as opções de tratamento COMPROMETIMENTO FUNCIONAL É de suma importância avaliar o impacto dos sintomas da FM sobre a função e o desempenho de papéis. Na definição do sucesso de uma estratégia de tratamento, a melhora da função constitui uma medida essencial. A avaliação funcional deve incluir os domínios físico, social e mental. O reconhecimento das áreas onde o desempenho de papel torna-se deficiente irá ajudar a estabelecer metas de tratamento. OBJETIVO 03- CITAR OS CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA O DIAGNÓSTICO DE FIBROMIALGIA, OS EXAMES NECESSÁRIOS E OS PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DIAGNÓSTICO A fibromialgia deve ser reconhecida como um estado de saúde complexo e heterogêneo no qual há um distúrbio no processamento da dor associado a outras características secundárias. O diagnóstico da fibromialgia é exclusivamente clínico e eventuais exames subsidiários podem ser solicitados apenas para diagnóstico diferencial. O diagnóstico deve ser confirmado logo ao início do tratamento, para que possamos esclarecer ao paciente o que é verdadeiro e o que é falso. A orientação ao paciente é 5 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 fator crítico para o controle ideal da fibromialgia. Como parte inicial do tratamento, devemos fornecer aos pacientes informações básicas sobre a fibromialgia e suas opções de tratamento, orientando-os sobre controle da dor e programas de autocontrole A completa compreensão da fibromialgia requer uma avaliação abrangente da dor, da função e do contexto psicossocial. Além da dor, é importante avaliar a gravidade dos outros sintomas como fadiga, distúrbios do sono, do humor, da cognição e o impacto destes sobre a qualidade de vida do paciente. Houve consenso que a fibromialgia não justifica afastamento do trabalho. O diagnóstico da SFM não é de exclusão, é fundamentalmente clínico com as suas características. Não há evidências de anormalidades laboratoriais ou nos exames de imagem. Os critérios diagnósticos da fibromialgia sugeridas pelo CAR, são: 1. História clínica: dor generalizada localizada no hemicorpo direito e esquerdo, acima e abaixo da cintura, além do eixo axial (região cervical, face anterior do tórax, dorso e região lombar) com duração superior a três meses. 2. Exame físico: dor à palpação digital com 4 kg/cm em áreas denominadas pontos dolorosos (tender points) em 11 ou mais pontos (bilateralmente). Quando o número de pontos dolorosos é inferior a 11, mas há concomitância de outros sintomas e sinais, o diagnóstico de fibromialgia também pode ser realizado. EXAMES NECESSÁRIOS EXAMES LABORATORIAIS E RADIOGRÁFICOS Os exames laboratoriais e radiográficos de rotina são normais em pacientes com FM, de modo que os exames complementares visam excluir outros diagnósticos e avaliar os geradores de dor ou condições comórbidas. Na maioria dos pacientes com queixa recente de dor crônica disseminada, devem-se avaliar as entidades mais comuns no diagnóstico diferencial. Os exames radiográficos devem ser usados de modo parcimonioso e apenas para o diagnóstico de artrite inflamatória. Após o paciente ter sido submetido a uma avaliação completa, a repetição dos exames não é incentivada, a não ser que haja mudanças no complexo sintomático. O exame de imagem (RM) da coluna deve ser particularmente desencorajado, a não ser que haja características sugestivas de doença inflamatória da coluna ou sintomas neurológico. GENÉTICA E FISIOLOGIA Como na maioria das doenças complexas, é provável que vários genes contribuam para a vulnerabilidade ao desenvolvimento da FM. Até o momento, esses genes parecem estar em vias que controlam a sensibilidade à dor e a resposta ao estresse. Algumas das bases genéticas da FM são compartilhadas com outras condições de dor crônica. Por exemplo, a catecol-O-metiltransferase, que controla os níveis sinápticos de norepinefrina e dopamina tem sido associada à sensibilidade a dor na população geral, e certos polimorfismos ou haplótipos foram associados à FM, síndrome de fadiga crônica e distúrbio temporomandibular. Polimorfismos do receptor b–adrenérgico e do receptor de dopamina também estão associados à FM e a outras condições de dor crônica. Genes associados ao metabolismo, ao transporte e os receptores de serotonina e de outros monoaminas também foram implicadas na FM e condições de superposição. Quando consideradas em conjunto, as vias nas quais foram identificados polimorfismos em pacientes com FM implicam ainda mais fatores centrais como mediadores da fisiologia que leva às manifestações clínicas da FM. O exame psicofísico de pacientes com FM demonstrou alteração do processamento aferente sensorial da dor e comprometimento do controle inibitório nocivo descendente, com consequente hiperalgesia e alodinia. A RM funcional e outros procedimentos de imagempara pesquisa demonstram claramente a ativação das regiões cerebrais envolvidas na experiência da dor em resposta a estímulos que são inócuos em controles do estudo sem FM. A percepção da dor em pacientes com FM é influenciada pelas dimensões emocionais e cognitivas, como catastrofização e percepções de controle, proporcionando uma base sólida para recomendação de estratégias de terapia cognitiva e comportamental. 6 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Como a dor musculoesquelética constitui uma queixa tão comum, o diagnostico diferencial da FM é amplo. Algumas afecçôes reumatológicas, como artrite reumatóide (A R), síndrome de Sjõgren ou lúpus eritem atoso sistêmico (LES), podem apresentar-se inicialmente como dor difusa e fadiga. Nesses casos, a SFM pode coexistir. Alguns estudos revelam que 12% dos doentes com A R, 7% dos doentes com osteoartrose e 22% dos casos de LES apresentam SFM associada. Cerca de 20 a 35% dos doentes com SFM apresentam fenômeno de Raynaud e secura da m ucosa ocular e oral, sugerindo síndrom e de Sjõgren. A polimialgia reumática pode mimetizar SFM. N aquela condição, os pontos dolorosos não são achados constantes, a velocidade de hemossedimentação é elevada e a evolução é favorável com uso de corticosteróides. A espondilite anquilosante apresenta comprometimento axial, redução da flexibilidade à movimentação da coluna toracolombossacral e alterações radiológicas típicas. A ocorrência de sinovite e as alterações sistêmicas do tecido conectivo auxiliam o diagnóstico dessas últimas afecçôes. A miosite inflamatória e as miopatias metabólicas podem ocasionar fraqueza e fadiga muscular, mas geralmente não causam d o r difusa. Não ocorre fraqueza muscular significativa em casos de SFM; quando presente, é devida à do r e ao desuso. As enzimas musculares são normais, e o quadro histopatológico também é normal ou inespecífico em biópsias musculares de doentes com SFM. Afecçôes metabólicas ou inflamatórias podem ocorrer em doentes com SFM , incluindo o hipotireoidismo e o diabete, seu tratamento, entretanto, não implica em regressão das manifestações clínicas da SFM. A síndrome da fadiga crônica (SFC) apresenta similaridade com a SFM. Os sintomas instalam -se agudamente após doenças infecciosas e caracterizam -se pela persistência de fadiga debilitante e desconforto após os exercícios. Cerca de 75% dos doentes com diagnóstico de SFC apresenta SFM OBJETIVO 04- DISCUTIR OS MEDICAMENTOS FARMACOLÓGICOS E NÃO FARMACOLÓGICOS DA FIBROMIALGIA, INDICANDO UM TIPO DE EXERCÍCIO FÍSICO FARMACOLÓGICO ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Estes fármacos agem alterando o metabolismo da serotonina e a noradrenalina, e nos nociceptores periféricos e mecânico-receptores, promovendo analgesia periférica e central, potencializando o efeito analgésico dos opióides endógenos, aumentando a duração da fase 4 do sono n- REM, melhorando os distúrbios de sono e diminuindo as alterações de humor destes pacientes. A amitriptilina de 12,5-50mg, ministrada normalmente 2 a 4 horas antes de deitar, demonstra melhora na fadiga, no quadro doloroso e no sono destes pacientes. A ciclobenzaprina, um agente tricíclico com estrutura similar à da amitriptilina, é uma droga que não apresenta efeitos antidepressivos, sendo utilizada como miorrelaxante. Doses de 10 a 30 mg, tomadas 2 a 4 horas antes de deitar, apresentam eficácia significativa no alívio da maioria dos sintomas da fibromialgia. A eficácia e a tolerabilidade da amitriptilina e da ciclobenzaprina no tratamento da fibromialgia podem ser consideradas semelhantes. BLOQUEADORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA Bloqueadores seletivos de recaptação de serotonina, especialmente a fluoxetina, podem ser utilizados na síndrome. A fluoxetina, quando usada em conjunto com um derivado tricíclico, pode amplificar a ação destes últimos no 7 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 alívio da dor, do sono e bem-estar global. Deve ser administrada pela manhã em doses entre 10 a 40 mg. BENZODIAZEPÍNICOS A maioria dos benzodiazepínicos altera a estrutura do sono e diminui a duração de ondas delta durante o sono profundo. O alprazolam em doses entre 0,5 e 3 mg aumenta a efetividade da resposta terapêutica quando associado ao antiinflamatório não hormonal. Os benzodiazepínicos não devem ser utilizados em pacientes com fibromialgia de maneira rotineira devido ao aparecimento de dependência química. ANALGÉSICOS O paracetamol e a dipirona constituem alternativas para analgesia, como tratamento coadjuvante. A utilização do cloridrato de tramadol associado ao paracetamol contribui para a melhora da dor nos pacientes com fibromialgia, mas não para a redução do número de tender points. OUTROS O tratamento com hormônio de crescimento recombinante pode ser útil no alívio dos sintomas de pacientes com fibromialgia. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Os exercícios são importantes e fazem parte do tratamento desta síndrome. Os exercícios mais adequados são os aeróbicos, sem carga, sem grandes impactos para o aparelho osteoarticular, como dança, natação e hidroginástica, auxiliando tanto no relaxamento como no fortalecimento muscular, reduzindo a dor e em menor grau melhorando a qualidade do sono. A princípio, qualquer atividade física aeróbica, e de baixo impacto, tal qual natação, caminhada ou hidroginástica, é a mais recomendada. Em geral, uma caminhada, ao passo normal do paciente, durante 30 minutos a 1 hora todos os dias proporciona efeitos terapêuticos. A orientação de exercitar- se três vezes por semana tem sido eficaz e possibilita maior adesão ao tratamento. Em alguns casos, esta atividade se torna a única terapêutica necessária. A atividade física apresenta um efeito analgésico; por estimular a liberação de endorfinas, funciona como antidepressivo; e proporciona uma sensação de bem-estar global e de autocontrole. Esta deve ser bem dosada para que não seja muito extenuante, seu início deve ser leve e a sua "intensidade" aumentada gradativamente. Deve ser bem planejada para ser tolerada desde o início e para manter a adesão do paciente por um período prolongado. ACUPUNTURA Estudos mais recentes demonstram que um grupo de pacientes pode melhorar da dor com a eletroacupuntura. Portanto, para algumas situações, a acupuntura pode ser um tratamento alternativo e aceÍtável, demonstrando melhora importante dos sintomas. SUPORTE PSICOLÓGICO Entre 25% a 50% destes pacientes apresentam distúrbios psiquiátricos concomitantes, que dificultam a abordagem e a melhora clínica destes, necessitando muitas vezes de um suporte psicológico profissional. A abordagem cognitivo- comportamental também é efetiva, desde que combinada com técnicas de relaxamento, ou exercícios aeróbicos, alongamentos e educação familiar. Esta última é extremamente importante, em especial por se tratar de uma enfermidade de longa duração, com queixas persistentes. Por outro lado, o apoio psicológico dos familiares conduz, com certeza, à melhor qualidade de vida. BLOFEED-BACK E HIPNOTERAPIA Os estudos de biofeed-back têm demonstrado efeitos benéficos, mesmo seis meses após o término do tratamento, com significativa melhora no número de tender points, na dor generalizada e na rigidez matinal. A hipnoterapia tem igualmente demonstrado alguma eficácia no controle da dor nos pacientes com fibromialgia. Em estudo comparado com terapia física, oito sessões de hipnoterapia promoveram significativa melhora de pacientes resistentes a outros tratamentos. OBJETIVO 05- DEFINIR SÍNDROME MIOFASCIAL A síndrome dolorosa miofascial (SDM) é uma desordem regional neuromuscular caracterizada pela presença de locais sensíveis nas bandas musculares tensas/contraídas, ocorrência de dor em queimação ou peso, por vezesem pontadas, dor e diminuição da força muscular, limitação da amplitude de movimento e, em alguns casos, fadiga muscular, produzindo dor referida em áreas distantes ou adjacentes. De maneira resumida, podemos dizer que a SDM é uma dor muscular em pontos-gatilho (PG). Os PG são áreas pequenas e sensíveis no músculo que espontaneamente ou por compressão causam dor para uma região distante, conhecida como dor referida. Devemos sempre lembrar de não os confundir com os tender-points característicos da fibromialgia. Um músculo com PG não consegue trabalhar efetivamente, nele há limitação do movimento e fraqueza intensa produzida pela dor local. OBJETIVO 06- CARACTERIZAR A FISIOPATOLOGIA, O QUADRO CLÍNICO E ACHADOS DO EXAME FÍSICO DA SÍNDROME MIOFASCIAL 8 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 ETIOLOGIA As causas da SMF ainda não são bem definidas, porém tem se aventado a possibilidade de sensibilização central da dor e mecanismos externos que envolvem estresse ou lesão muscular. Aspectos chave no início da doença são: traumatismos, sobrecargas agudas ou microtraumatismos repetitivos de estruturas musculoesqueléticas. Após lesão aguda, os PGs podem ser identificados em alguns indivíduos. A SDM pode também ter instalação gradual em decorrência de microtraumatismos repetitivos durante a execução de atividades diárias ou do trabalho, resultando em fadiga ou sobrecarga. São causas frequentes da SDM: sobrecarga de músculos não condicionados (atletas de fim de semana) mal condicionamento físico estresses prolongados ou sobrecarga da musculatura antigravitária, decorrente da adoção de posturas inadequadas durante a execução de atividades de trabalho ou lazer (esportes), acidentes automobilísticos (chicote com comprometimento da região cervical ou lombar) estresses emocionais. Devemos sempre lembrar que os PG podem permanecer latentes por longos períodos. As causas mais comuns de SDM são traumatismos, sobrecargas agudas ou microtraumatismos repetitivos de estruturas musculoesqueléticas. Após um a lesão aguda, os PG s podem ser identificados em alguns indivíduos. A SDM pode também te r instalação gradual em decorrência de microtraumatismos repetitivos durante a execução de atividades diárias ou do trabalho, resultando em fadiga ou em sobrecarga. Por exemplo, essa sobrecarga de músculos descondicionados (atletas de fim de semana), aliada ao descondicionamento físico, a estresses prolongados, ou ainda a sobrecarga da musculatura antigravitária decorrente da adoção de posturas durante a execução de atividades de trabalho ou lazer (esportes), acidentes autombilísticos (chicote com comprometimento da região cervical ou lombar) e os estresses emocionais são causas freqüentes da SDM. A dor sensibiliza as terminações nervosas livres e o sistema nervoso central (SNC), justificando o fato de os PG s gerarem dor localizada e referida. Os PG s podem manter-se latentes durante período de tempo prolongado. Alterações tróficas e limitação da amplitude de movimento, fadigabilidade, com prometimento discreto da força ou da destreza freqüentemente associam-se à SDM. A sobrecarga adicional pode transformar os PG s latentes em ativos; algumas vezes, sobrecargas aparentem ente insignificantes desencadeiam reação dolorosa intensa, edema e comprometimento da ADM, muitas vezes atribuídos a condições psicossomáticas. Há correlação entre os estresses e a SDM. Os PG s latentes também podem ser ativados por outros fatores, como exposição ao frio prolongado ou à um idade; entretanto, a relação entre SD M e esses fatores precipitantes não é clara. São fatores predisponentes à ocorrência da SDM: assimetria dos membros inferiores, malformação da pelve (hemipelve), posturas inadequadas e imobilismo prolongado, anormalidades nutricionais (deficiências vitamínicas ou de sais m inerais ou dietas inadequadas), endócrinas (deficiência de estrógeno, hipotireoidismo), reumatológicas (artrites e artralgias), infecções crônicas FISIOPATOLOGIA O envolvimento muscular da SDM é sustentado por vários mecanismos. Devemos lembrar que a maioria dos estudos mostra que não há inflamação local visualizada. Uma das informações mais importantes é a do processo anormal de liberação de acetilcolina na placa mioneural, com despolarização sustentada e consequentemente encurtamento dos sarcômeros, iniciada após eventos citados na etiologia. Esse fato aumenta a demanda de energia local, e ao mesmo tempo, comprime os vasos sanguíneos locais, reduzindo os suprimentos de oxigênio e nutrientes, além de liberar substâncias nociceptivas, as quais contribuem para a liberação de mais acetilcolina no terminal nervoso. Chamamos isso de crise energética local, que consiste em um ciclo vicioso autossustentado. virais ou bacterianas e infestações parasitárias. Traumatismos: Macro ou microtraumatismos mecânicos excitam os nociceptores das fibras musculares, resultando em aumento na concentração tecidual de substâncias algogênicas e em ocorrência da inflam ação e da sensibilização de nociceptores e de neurônios no SNC. Sobrecarga funcional: Os músculos sobrecarregados funcionalmente quanto à intensidade e à duração das atividades podem sofrer lesões estruturais, incluindo necrose, e inflam ação neurogênica, ou seja, rotura e edema de fibras musculares e infiltração inflamatória intersticial. Esses fenômenos, som ados ao acúmulo de ácido láctico tecidual, estão envolvidos na dor persistente após a execução de exercícios extenuantes. As fibras dos músculos e do tecido conectivo rompem-se durante as atividades físicas e sofrem reparação, fenômeno que é acompanhado de edema e de sensibilização dos nociceptores. Segundo a teoria do espasmo muscular, há aumento da atividade elétrica muscular no músculo dolorido, m as esse fenômeno não pode ser evidenciado por meio de eletroneuromigrafia de agulha ou de superfície. Isquemia: A isquem ia associada à atividade muscular reduz a p 0 2, libera prostaglanginas, bradicinina e íons K e libera radicais ácidos (ácido láctico) e outros produtos do metabolismo oxidativo que podem excitar os nociceptores. 9 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 Estes são ativados pelos estímulos mecânicos gerados durante a contração muscular e tornam-se sensíveis à noradrenalina. O acúmulo de bradicinina produzida a partir da calicreína parece ser o mecanismo mais importante da ocorrência da dor isquêmica. Há um aumento de tensão muscular tecidual, ocasionando um a com pressão extrínseca e um a diminuição da permeabilidade dos vasos sangüíneos no nível tecidual, fazendo com que haja um suprimento diminuído de oxigênio e de nutrientes e um aumento do acúmulo tecidual de substâncias geradas do metabolismo celular; este, p o r sua vez, gerará por meio do feedback negativo, o ciclo vicioso de dor-espasmo muscular-isquemia- espasmo muscular e dor. Inflamação: O processo miosítico resultante da injeção de agentes irritantes musculares acarreta em liberação de substâncias vasoativas (serotonina, histamina, bradicinina, PGs), resultando no aumento da atividade dos nociceptores e de outros receptores. A inflamação neurogênica agrava a condição inflamatória original. Modificação do tônus muscular: O aumento do tônus muscular ocorre quando há estresse psíquico, atividade física, anormalidades neurogênicas ou miogênicas. As cãibras constituem contração muscular involuntária prolongada e dolorosa, e os espasmos são contrações musculares involuntárias, dolorosas ou não. N o mecanismo da dor em casos de cãibra, há possivelmente ativação de nociceptores mecânicos e, na dor do espasmo muscular, participam mecanismos de isquemia conseqüentes à com pressão vascular pelos músculos tensos. Condições auto-alimentadoras: Os PG s podem ser ativados diretam ente por sobrecarga agudas, fadigas, traumatismosou neuropatias ou ser ativados indiretam ente por outros PGs preexistentes, p o r afecçôes viscerais, por artropatias e p o r estresse emocional. O s mesmos fatores responsáveis pela geração dos PG s ativos podem, em menor grau, causar os PG s latentes ou induzir os PGs-satélite ativos em outros músculos. A inativação dos PG s principais pode também inativar os PG s- satélite sem necessidade do tratamento desses últimos. A ativação dos PG s pode ser associada à sobrecarga mecânica, que ocasiona encurtamento de um músculo e que pode te r PG s latentes ou ativos. Os PGs- satélite desenvolvem -se em músculos situados na área de dor referida dos PG s principais ou na área de dor referida de um a afecção visceral, com o infarto do miocárdio, úlcera péptica, colecistolitíase ou cólica renal, entre outras. Os fatores perpetuantes aumentam os estressores, convertendo o PG s latentes em ativos. A intensidade e a extensão da área de dor referida depende do grau de atividade dos PG s, e não da dimensão dos músculos. O repouso adequado e a ausência de fatores perpetuantes transformam os PG s ativos em latentes e os sintomas dolorosos desaparecem. A reativação ocasional dos PGs, quando excede o limite de tolerância dos músculos, pode ocasionar d o r recorrente ao longo dos anos. Outras condições: Fatores hormonais, dupla jornada, menor produção de serotonina no SNC e maior ocorrência de somatização são fatores adicionais possíveis que justificam o maior acometimento do sexo feminino nas afecçôes miofasciais. A SDM também poder estar associada ou ser secundária a afecçôes metabólicas, como o diabete melito e o hipotireoidismo. QUADRO CLÍNICO Como consequência de todos os mecanismos mostrados, surge o paciente “protótipo”, que é aquele que apresente dor constante, em peso ou queimação, mal localizada, regional ou referida, a qual pode vir acompanhada de diminuição de amplitude de movimento articular, tensão muscular, paresia, disestesias e paniculose. Os PG são localizados em uma área dolorosa em uma faixa muscular e podem estar ativos ou latentes. PG ativos são dolorosos com ou sem movimento, PG latentes só são dolorosos a palpação. Os PG miofasciais são tipicamente localizados pelo exame físico e pela palpação com exploração física, que deve levar em conta os sinais físicos demonstrados, incluindo: presença de tensão palpável em uma zona musculoesquelética, a presença de nódulos doloridos hipersensíveis na zona de tensão muscular, contração local visível ou palpável à compressão. O edema muscular é, às vezes, observado, mas pode implicar a ocorrência de anormalidades estruturais, incluindo polimiosite, dermatomiosite, miofosforilase, deficiência de fosfo-frutoquinase e miopatias tóxicas ou alcóolicas. A SDM é um a condição dolorosa muscular regional caracterizada pela ocorrência de bandas musculares tensas palpáveis, nas quais identificam-se pontos intensam ente dolorosos, os PGs. Quando estes estão estimulados por palpação digital ou durante a punção localizada com agulha, ocasionam d o r localmente ou referida à distância. Os PG s podem ser palpados e geralmente estão associados à presença de banda tensa ou de nódulo muscular. Além disso, os PGs são decorrentes de sobrecargas dinâmicas (traumatism os, excesso de uso) ou estáticas (sobrecargas posturais) ocorridas durante as atividades da vida diária e ocupacionais. Alguns pontos dolorosos adicionais ou satélites podem ocorrer na área de referência do PG original ou principal. A ocorrência de contração muscular visível e palpável localizada, ou seja, do reflexo contrátil localizado (RCL) ou twitch response, induzido pela palpação ou punção da banda muscular ou do PG, é característica da SDM. Em alguns casos, a tensão e o encurtamento muscular geram inflam ação no local da inserção dos feixes musculares, dos tendões ou dos ligamentos nas articulações ou estruturas ósseas, ocasionando entesites ou entesopatias. Os PG s podem ser ativos ou latentes. O PG ativo é um foco de hiperirritabilidade sintomático e muscular situado em bandas musculares tensas (contraturadas ou enduradas no músculo ou na fáscia) em áreas onde há queixa de dor e que, quando pressionado, gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada músculo. A dor 10 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 é espontânea ou surge ao movimento; ela limita a amplitude do movimento (A D M) e pode causar sensação de fraqueza muscular. O s PG s latentes são pontos dolorosos com características similares aos ativos, mas presentes em áreas assintomáticas; não se associam à dor durante as atividades físicas normais. Podem ser menos dolorosos à palpação e produzir menos disfunção que os PG s ativos. Diante de estressores físicos exógenos, endógenos ou emocionais, tornam-se ativos e geram síndromes dolorosas e/ou incapacidade funcional. Assim, as características da SDM são: dor difusa em um músculo ou grupo de músculos; d o r regional em peso, queimor ou latejamento, surtos de d o r e referência de d o r à distância; às vezes há queixas de parestesias (sem padrão neuropático); banda muscular tensa palpável contendo PGs; ausência de padrão de dor radicular ou neuropática; reprodução das queixas ou alterações das sensações durante a com pressão do ponto miálgico; ocorrência de reação de contração local (R C L) durante a inserção da agulha ou palpação no sentido transversal do ponto hipersensível da banda muscular; alívio da dor após o estiramento do músculo ou após a infiltração no ponto sensível; possível limitação da amplitude de movimento; encurtamento muscular ao estiramento passivo; possível redução da força muscular ao teste m anual. Grande parte dos indivíduos apresenta PGs latentes e, dependendo do tipo e da gravidade das lesões ou das sobre- cargas, o diagnóstico e o tratamento não são realizados de modo adequado. Os PGs latentes permanecem assintomáticos durante períodos prolongados, ocasionando aumento da sensibilidade das fibras nervosas lentas, associadamente à vasoconstrição devido ao aumento da atividade neurovegetativa simpática. A SDM caracteriza-se pela ocorrência de dor em queimor, peso ou dolorimento e às vezes em pontadas; pela ocorrência de tensão muscular, de dor muscular, de limitação da A D M e, em alguns casos, de fadiga muscular. E com um a associação com outras afecçôes, como tendinites, bursites, epicondilites, artralgias e neuropatias. A dor pode ser contínua ou episódica; geralmente é persistente. Dependendo do grau de comprometimento, pode ser incapacitante. O padrão da dor referida e dos fenômenos associados é relativamente constante e similar para cada músculo e não segue o padrão dermatomérico ou radicular. OBJETIVO 07- CITAR OS CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA O DIAGNÓSTICO DA S. MIOFASCIAL, OS EXAMES NECESSÁRIOS E OS PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DIAGNÓSTICO O diagnóstico de SDM é eminentemente clínico. Exames como eletroneuromiografia e termografia são capazes de avaliar os PGs, mas são pouco utilizados na prática clínica. É importante realizar uma completa anamnese da dor, bem como perguntar sobre os fatores que desencadeiam e perpetuam a dor – alterações de sono, humor, erros posturais nas tarefas do cotidiano e trabalho, falta de atividade física, erros alimentares, doenças clínicas mal controladas, e outras condições que possam estar associadas a sobrecarga musculoesquelética. Os exames complementares séricos e de imagem (radiográficos, ultra-sonográficos, cintilográficos e de ressonância nuclear magnética) são normais. O diagnóstico de certeza só é possível com a presença de 4 CRITÉRIOS MAIORES E 1 MENOR O diagnóstico da SDM, portanto, é clínico e baseia- se na identificação do ponto-gatilho ou doloroso em um a banda de tensão e na reprodução da dor, que são os critérios sugeridos por Simons e Traveipara o diagnóstico. Em relação aos critérios diagnósticos, e observaram que os quatro critérios mais comumente utilizados foram: pontos dolorosos em banda tensa muscular, reconhecimento de dor muscular, padrão de dor referida previsto e resposta de contração local (local twitch response). Não havia padrões consistentes para escolha de critérios diagnósticos específicos. A maior parte dos autores cita as características de SDM como as definidas por Travell e Simons; entretanto, poucos utilizam os critérios sugeridos por eles. Alguns fatores são fundamentais para o diagnóstico das SDMs: a história detalhada sobre a condição clínica, destacando-se especialmente a ocorrência ou não de sobrecargas musculoesqueléticas, posturas inadequadas adotadas durante a execução de tarefas (sono, lazer no lar, trabalho e atividades esportivas), bem como o histórico sobre os antecedentes pessoais e familiares, enfatizando-se afecçôes traumáticas, inflamatórias, metabólicas, oncológcas, viscerais, neuropáticas ou musculoesqueléticas pregressas; além disso, são importantes o exame físico geral, 11 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 fisiátrico e neurológico, centrando a atenção na inspeção das atitudes, das posturas, da conformação, do padrão de movimento das estruturas musculoesqueléticas e da assimetria dos membros, bem com o focar na pesquisa por palpação dos PGs. O histórico do paciente deve revisar os eventos de saúde cronologicamente, o uso de medicamentos e os fatores que interferem na dor. As queixas subjetivas da ocorrência de lesão ou de disfunção muscular são representadas pela dor, pelo enrijecimento e pela tensão muscular, principalmente um a dois dias após a execução de atividades físicas. Os doentes com PG s ativos geralmente queixam-se de dor mal localizada em queimor ou em peso e, muitas vezes, em pontada em um segmento corpóreo e referida à distância. Alguns doentes queixam-se de parestesias ou de adormecimentos regionais. A dor pode ocorrer quando há estimulação dos PGs durante a execução de atividades de contração voluntária e pode associar-se a alterações do sono, à sensação de fraqueza, à fadiga e à intolerância aos exercícios. A localização da dor e suas peculiaridades quanto ao padrão, à intensidade, aos fatores desencadeantes, aos fatores de melhora ou de piora são elementos importantes para caracterizar a SDM. A utilização de desenhos ou de gráficos do corpo humano é útil para documentar a distribuição dos padrões e a localização da dor Os fatores ergonômicos e posturais devem ser detalhadamente analisados (hábitos, características dos ambientes de trabalho, m odo de dormir). A análise dos eventos biomecânicos geradores dos sintomas auxilia a identificação dos músculos responsáveis pela SDM, e as assimetrias corporais observadas pelos doentes devem ser valorizadas. Os trabalhadores que praticam exercícios ativos resistidos diariamente são menos propensos ao desenvolvimento dos PGs ativos que os indivíduos sedentários quando submetidos a atividades físicas vigorosas. Os históricos sobre condições clínicas presentes e passadas, atividades no lar e no trabalho, condições mentais e hábitos alimentares (uso de álcool e adoção de dietas) são também fundamentais para o diagnóstico. O hábito de ingerir bebidas alcoólicas pode precipitar miopatia alcoólica aguda e mioglobinúria; a deficiência de vitamina B é associada à osteomalacia, fato r causador de d o r óssea ou muscular; a fraqueza decorrente de deficiência de palmitiltransferase ou de carnitina pode ocorrer particularmente durante a execução de exercícios prolongados após jejum e após dieta rica em gordura e pobre em carboidratos. Assim, a história de atividade física deve ser detalhadamente revisada. O sedentarismo, a freqüência com que são realizadas as atividades esportivas (como os atletas de finais de semana), o tipo de atividades praticadas que podem sobrecarregar estruturas musculoesqueléticas (aeróbica, musculação) e a assimetria de sobrecarga musculoesquelética (tênis e outros esportes) são importantes na história clínica. As vezes edema muscular é observado, o que pode implicar ocorrência de anormalidades estruturais incluindo polimiosite, dermatomiosite, miofosforilase, deficiência de fosfofrutoquinase e miopatias tóxicas ou alcoólicas. As disfunções neurovegetativas ocasionadas pelos PG s podem ocorrer em doentes com SDM e incluem alteração de sudorese, edema intersticial, piloereção, alterações da temperatura e da cor tegumentar. Os PGs presentes nas regiões cervical e craniana podem induzir lacrimejamento, coriza, salivação, etc. As alterações neurológicas decorrentes dos PG s incluem as anormalidades motoras, as tonturas, o zumbido e a alteração do peso corpóreo. Já as alterações motoras incluem o espasmo de outros músculos, a fraqueza, o tremor, a incoordenação motora e a redução da tolerância às atividades dos músculos envolvidos. A fraqueza e a redução da capacidade de contração são freqüentemente interpretadas com o necessidade do aumento da atividade muscular. Se essas atividades forem executadas sem inativação prévia dos PG s, pode ocorrer agravamento da dor, fraqueza e descondicionamento dos músculos envolvidos ou não. Além disso, a fraqueza pode ser expressão de um a inibição motora reflexa. O exame físico deve caracterizar o padrão da marcha, de ocorrência de posturas anormais, com o cifose ou escoliose, e a evidência de assimetrias que possam sugerir o local da lesão causai ou da sobrecarga. A ADM articular deve ser avaliada com critério; os músculos responsáveis pela limitação dos movimentos devem ser palpados, pois podem apresentar PG s que, inativados, podem contribuir para a melhora da ADM. Segundo Sola e Bonica (2001), a dor refratária pode estar acompanhada de comprometimento de músculos ipsilaterais distais da queixa álgica primária. Assim, a SDM cervical pode ser associada a PGs latentes na região da cintura escapular, do músculo quadrado lombar, dos músculos glúteos e, freqüentemente, do músculo gastrocnêmio. N o entanto, pode não haver queixa de dor na região lombar ou nos membros inferiores e, ao exame físico, revelar que músculos das cadeias musculares posteriores estão comprometidos. Por isso, há necessidade adicional de se tratarem os PG s latentes, os espasmos musculares e os encurtamentos, pois o não tratamento dos músculos tensos e encurtados, mesmo que assintomáticos, podem tornar o resultado terapêutico insatisfatório. Os PGs ativos são freqüentemente identificados nos músculos posturais da região cervical, na cintura escapular e na cintura pélvica, no trapézio superior, no escaleno, no esternocleidomastóideo, no elevador da escápula, no quadrado lombar e na musculatura mastigatória. Os PG s ativos e os satélites tornam-se mais doloridos quando os músculos são encurtados durante períodos de tempo prolongados e quando os doentes adotam posturas inadequadas durante a execução das atividades de vida diária (AVDs), de trabalho e durante o sono. A dor localizada pode ser documentada com o uso de algômetro de pressão; a pressão necessária para induzir dor deve ser inferior a 2 kg/cm2 em relação aos pontos normossensíveis contralaterais. Quando a dor é causada por PGs ou por 12 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 pontos dolorosos específicos, o agulhamento seco ou a infiltração com anestésicos locais a alivia ou a abole. Essa manobra constitui um dos critérios diagnósticos da SDM. Os exames complementares séricos e de imagem (radiográficos, ultra-sonográficos, cintilográficos e de ressonância nuclear magnética) são normais. A recorrência das SDMs pode ser ocasionada pela não-correção de fatores perpetuantes ou agravantes: mecanoposturais, nutricionais, metabólicos ou psicossociais. Os critérios diagnósticos para pontos-gatilho estão em Debate, porém existem 3 critérios diagnósticos mínimos (1-3)e 6 de confirmação(4-9): Presença de banda tensa palpável em musculo esquelético Presença de área de hipersensibilidade dentro da uma banda tensa muscular Reprodução da sensação de dor referida com estimulação do nódulo doloroso Evocação de reação contrátil visualmente ou á palpação da banda tensa Presença de “sinal do pulo” ou seja, reação de retirada a palpação dos nódulos Paciente reconhece a dor que sente ao exame de palpação muscular Previsão de padrões de dor referida Fraqueza muscular e músculo em aperto Dor com alongamento ou contração do musculo afetado EXAMES COMPLEMENTARES Classicamente, os exames séricos e de imagem disponíveis para identificação de doenças inflam atórias, infecciosas e metabólicas são normais em doentes com SDM. A eletroneuromiografia de agulha demonstrou alterações específicas em doentes com PGs. Em coelhos e em seres hum anos, há ruído de inserção com atividade espontânea de baixa voltagem na placa motora e espículas de alta voltagem durante a inserção da agulha, o que configura um quadro característico, porém não patognomônico, da ocorrência de PGs. O ruído de inserção da agulha é originário da placa motora de PGs. O alentecimento para o relaxamento muscular após a execução de exercícios repetitivos acelera a fadiga do músculo e é observado em condições em que há PG s e sobrecarga do trabalho muscular. O padrão de fadiga após a execução de atividades repetitivas, o aumento da fadigabilidade e a demora para a recuperação do tônus sugerem haver disfunções motoras nos músculos contendo PGs. As espículas observadas no traçado eletromiográfico também sugerem a presença de PGs. Os estudos eletromiográficos de superfície demonstram que as fibras musculares com PG s ativos são mais facilmente fadigáveis e apresentam menor capacidade de gerar contração muscular do que as fibras musculares normais. A fraqueza pode ser decorrente da inibição reflexa dos músculos pela presença de PGs. Foram identificadas modificações funcionais nos músculos com PG s caracterizadas pelo aumento da reação aos estímulos elétricos, pelo alentecimento no relaxamento e pelo aumento da fadigabilidade. Essas anormalidades, em conjunto, sugerem que haja diminuição da capacidade funcional diante da execução de tarefas. Os PGs podem causar espasmos musculares e inibir a atividade de outros músculos e aumentam a reação de contração muscular. O diagnóstico ultra-sonográfico, no entanto, é controverso. Foram demonstradas, nas regiões com PGs, as bandas de tensão; após inserção da agulha nos PGs, foi documentado o fenômeno de contração da fibra muscular. Há outros trabalhos, entretanto, que não demonstram anormalidades das fibras musculares ao exame ultrassonográfico. Sob a termografia p o r raio infravermelho, em geral os PGs apresentam-se com o regiões hipertérmicas, e as neuropatias, com o hipotérmicas. Esse exame às vezes possibilita diferenciar as anormalidades radiculares, as sinovites, as bursites e as SDM s. A ativação mecânica dos PG s pode causar agravamento da d o r e hipotermia reflexa. Há necessidade, entretanto, demais estudos controlados que demonstrem possíveis modificações em termografia por infravermelho após o tratamento de SDM. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Espasmo muscular: O espasmo muscular é definido como contração muscular sustentada, involuntária e usualmente dolorosa que não pode ser aliviada voluntariam ente. O grau de contração do músculo espasmódico excede as necessidades funcionais. Pode ser causado p o r qualquer condição dolorosa, especialmente por dor ou por disfunções som áticas ou viscerais. O espasmo do músculo esquelético causa e agrava a dor preexistente. Quando a causa original do espasmo é tratada, a dor pode manter-se no músculo acometido e acarretar o desenvolvimento de PGs. É o que ocorre, p o r exemplo, durante a recuperação da angina de peito: a dor cardíaca pode causar capsulite adesiva no ombro, mantendo a d o r no ombro independentemente da condição cardiológica. Deficiência muscular: É caracterizada p o r fraqueza e por perda da flexibilidade à movimentação, devido à inatividade decorrente das lesões, dos microtraumatismos, das imobilizações ou da vida sedentária. A fraqueza e o comprometimento da flexibilidade dos músculos abdominais, lombares e isquiotibiais são freqüentes em doentes com lombalgia crônica; a fraqueza abdominal aparentem ente é mais freqüente do que a fraqueza dos músculos lombares posteriores. Fibromialgia: A síndrome fibromiálgica é caracterizada pela ocorrência de d o r difusa e migratória, acima e abaixo da cintura, à direita e à esquerda do corpo, com duração de m ais de três meses; a identificação da d o r à palpação se dá em , pelo menos, 11 dos 18 pontos dolorosos preconizados pelo Colégio Americano de Reumatologia. Associa-se à 13 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 fadiga, ao sono não-reparador, à síndrome do cólon ou da bexiga irritável, à cefaléia, às parestesias ou à inquietação nos membros, à síndrome depressiva, entre outros sintomas. Disfunções vertebrais mínimas e disfunções articulares degenerativas ou inflamatórias: O diagnóstico diferencial da SD M envolve a d o r oriunda dos tendões, dos ligamentos, dos ossos e das articulações e suas cápsulas. V árias condições, incluindo o lúpus eritematoso sistêmico, podem acometer tanto articulações quanto músculos. As disfunção mecânica das articulações zigoapofisárias ocasiona dor na região inervada pelos ramos recorrentes posteriores das raízes espinais. A dor manifesta-se durante a execução da manobra de pinçamento e rolamento da pele e de palpação profunda das facetas ou dos processos espinhosos correspondentes. Os pontos miálgicos geram dor referida. O aumento da aferência nociceptiva de articulações acometidas causa sensibilização neuronal no SNC e no SN P e desencadeia a instalação de PG s . Radiculopatias: Quando há comprometimento da função muscular em decorrência de neuropatias periféricas (radiculopatias, síndromes compressivas nervosas periféricas), os músculos tornam-se m ais suscetíveis ao desenvolvimento de PGs, provavelmente porque ocorre hipersensibilidade por denervação dos neurônios da medula espinal, o que modifica a percepção das aferências musculares regionais. Os PG s latentes tornam-se ativos e com prometem a resolução do quadro doloroso, mesmo após o controle da neuropatia primária. Tendinopatias e bursites: Freqüentemente, as lesões ligamentares e inflamatórias dos tendões induzem a formação de PG s e de pontos dolorosos nos músculos adjacentes. Estes tornam -se a causa mais importante da dor. O tratamento deve ser direcionado à d o r muscular e à etiologia da afecção. Miopatias e distrofias musculares: Lesões musculares inflamatórias (poliomiosite, dermatomiosite) ou medicamentosas causam dor (geralmente na musculatura proximal dos membros) e elevação na concentração das enzimas séricas. Dor nos músculos espásticos em decorrência de neuropatias centrais: A hipertonia muscular, a hiper-reflexia e a ocorrência de sinais de neuropatias centrais (acidente vascular encefálico, traumatismos raquimedulares, etc.) estabelecem o diagnóstico e proporcionam o raciocínio fisiopatológico. A nocicepção e a desaferentação contribuem para a manifestação da dor nesses casos. Afecçôes metabólicas: A mialgia pode ser desencadeada p o r atividade física, tal como ocorre em condições de isquemia, de aumento de viscosidade sangüínea e de comprometimento da capacidade de transporte de oxigênio no sangue (anemia). A d o r pode ser relacionada ao exercício quando há comprometimento do suprimento energético dos músculos, da mesma forma com o ocorre em casos de deficiência de miofosforilase, anormalidade das citolisinas e deficiência de fosfofrutoquinase, condições que acarretam dor em cãibra e contraturas. Há associação entre exercício emialgia em casos de neuropatias mitocondriais e de deficiência de palmitiltransferase e de carnitina OBJETIVO 08- DISCUTIR AS MODALIDADES DE TRATAMENTO PARA A SÍNDROME MIOFASCIAL Massagem, compressão isquêmica, liberação ou deslizamento miofascial, e outras intervenções dos tecidos moles (como energia muscular) mostraram de moderada a forte evidência para alívio imediato da dor. Agulhamento de pontos-gatilho tem mostrado benefícios clínicos, mas são necessários mais estudos. A terapia com laser apresenta fortes evidências de eficácia para o alívio da dor. A estimulação elétrica transcutânea (TENS) e terapia magnética mostraram evidência moderada imediata sobre os pontos-gatilho miofasciais. O exercício tem mostrado benefício moderado e pode incluir alongamentos e amplitude de movimento, fortalecimento, resistência, ou exercícios de coordenação. Ultra-som terapêutico tem fraca evidência de eficácia nos pontos-gatilho. Medidas simples podem ser apropriadas nos doentes com SDM que acomete um único ou poucos músculos, desde que os componentes psicossociais e comportamentais sejam mínimos. Doentes com diversas anormalidades psicossociais e fatores perpetuantes orgânicos devem ser tratados de forma abrangente por equipes interdisciplinares. Medicamentos analgésicos antiinflamatórios são importantes no controle da dor.O uso crônico de AAINH em casos de SDM não se revelou eficaz. Seu uso deve ser reservado para crises de agudização ou para controle da dor após a execução da cinesioterapia ou de procedimentos de agulhamento e/ou infiltração dos PGs. Os relaxantes musculares de ação periférica não parecem ter efeito satisfatório. O relaxante muscular de ação central mais utilizado é a ciclobenzaprina (20 a 30mg VO/dia). Na experiência dos autores, a ciclo benzaprina é mais efetiva no tratamento da SDM em alguns doentes com fibromialgia. A tizanadina é um relaxante muscular de ação central que atua no receptor α-2 adrenérgico na medula espinal e em centros supra-segmentares, proporciona decréscimo de dor e melhora da mobilidade e do bemestar . Aos analgésicos e miorrelaxantes deve-se associar psicotrópicos. Os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, clorimipramina, nortriptilina) ou alguns inibidores específicos de recaptação de serotonina e noradrenalina (venfalaxina, mirtazapina) são agentes que, além de analgésicos, normalizam o padrão do sono e relaxam os músculos. Podem ser associados às fenotiazinas (clorpromazina, levomepromazina, propericiazina) pois 14 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 estas proporcionam analgesia, ansiólise, estabilização do humor e modificação na simbologia da dor. Os benzodiazepínicos são depressores do SNC e miorrelaxantes. Aumentam a inibição pré-sináptica das fibras aferentes na medula espinal, mediados pelo complexo receptor GABA. Atuam como tranqüilizantes e apresentam propriedades miorrelaxantes. O uso prolongado proporciona mais desvantagens que benefícios: pode causar sedação, confusão mental, dependência, tolerância, agravamento da sensibilidade à dor e depressão. O alprazolam, em combinação com o ibuprofeno, mostrou-se eficaz no controle da fibromialgia. A cloxazolam e clonazepan também são utilizados na regulação do sono em doentes com SDM ou fibromialgia. Mais recentemente, a gabapentina é utilizada no controle da SDM. Em vários doentes, a terapia combinada é mais eficaz que a monoterapia. O programa de Medicina física baseia-se na inativação dos PGs, na reabilitação muscular, cinesioterapia com relaxamento muscular e orientações posturais, além da remoção de outros fatores desencadeantes e perpetuantes. Para tal, é fundamental a identificação correta dos músculos envolvidos. É necessária a atuação de equipes interprofissionais para estabelecimento do diagnóstico da dor, de suas etiologias e da gravidade do comprometimento musculoesquelético e psicossocial e para o estabelecimento dos programas de reabilitação e reformulação das atividades dos doentes, não apenas quanto aos aspectos ergonômicos, como também emocionais e psicossociais. Em casos de dor crônica, o papel do doente, do significado da dor, dos estressores psicossociais e dos tratamentos prévios deve ser considerado com cautela, pois a qualidade da avaliação e a precisão dos diagnósticos determinam o prognóstico dos programas de reabilitação. Freqüentemente, estes doentes apresentam recorrência da dor após tratamentos mal idealizados, fazem uso de numerosos medicamentos, submetem-se a vários procedimentos e comparecem a diversas consultas médicas de diferentes especialidades, sem que o diagnóstico da SDM seja realizado. A instituição de programa terapêutico deve também obedecer o modelo interdisciplinar, pois o controle da dor e da incapacidade implica a necessidade de reabilitação física, psíquica e social, contemplando as mudanças da identidade dos doentes. Os hábitos saudáveis de vida constituem a base do tratamento da dor musculoesquelética. A dieta saudável e o sono repousante, além dos exercícios e da atividade física programada, são medidas complementares de extrema importância para qualquer programa de reabilitação de doentes com dor neuromuscular crônica. Os estresses emocionais e as anormalidades do sono podem desencadear ou agravar a dor musculoesquelética. O tabagismo provoca alterações microcirculatórias que podem agravar a dor neuropática, a distrofia simpáticoreflexa e as cefaléias. Portanto, cessar o uso do cigarro também é fator importante de melhora da qualidade do tratamento. O tratamento da SDM consiste na inativação dos PGs e na interrupção do ciclo vicioso dor-espasmo-dor. Quando o doente apresenta SDM secundária a uma condição nociceptiva primária visceral ou somática, o tratamento isolado da SDM não resulta em melhora satisfatória da dor, podendo haver recorrência muito mais freqüente do que em casos de SDMs primárias. O movimento harmonioso e eficiente depende da integridade morfofuncional do aparelho locomotor. O alinhamento ósteo-articular, o deslizamento entre as fibras musculares e os folhetos teciduais (do plano superficial ao profundo) e a correta integração neuro-sensório-motora conferem potencial biomecânico suficiente para o gesto de comunicação e para as atividades automáticas na vida diária e no trabalho. Os exercícios e os programas regulares de atividades físicas são fundamentais e constituem a base do tratamento da dor musculoesquelética-crônica. Melhoram não apenas o condicionamento cardiovascular ou muscular, como também reduzem o número e a intensidade dos PGs e melhoram as medidas objetivas e subjetivas da dor em doentes com SDM e fibromialgia. A ADM deve ser testada para avaliar o resultado do tratamento. O sucesso depende do máximo ganho da ADM, o que significa rompimento das contraturas dos sarcômeros envolvidos. Exercícios de alongamento da região cervical e da musculatura da cintura escapular melhoram a postura e a dor em doentes com cefaléia cervicogênica ou do tipo tensional. A cinesioterapia visa a aprimorar e a otimizar a atividade mecânica gerada pelos músculos e a proporcionar analgesia, recuperação da expansibilidade tecidual, força, resistência à fadiga e restabelecimento da cinestesia (padrões gestuais fisiológicos) graças à inibição dos fatores irritantes e fisiolimitadores. O procedimento cinesioterápico deve restabelecer a expansibilidade e o comprimento isométrico do músculo e dos folhetos teciduais superficiais. Utiliza a técnica de alongamento passivo, ativo assistido ou ativo e manobras de liberações ou inativações miofasciais (massagem da zona reflexa, massagens transversas profundas), seguidas de contrações isométricas para manutenção e recuperação do trofismo muscular (LIN et al., 1998). As atividades físicas regulares contribuem não apenas para a melhora física, mas proporcionam benefícios psicológicos, melhorame causam bem-estar, além de eliminar a fobia aos exercícios. Os exercícios ativos induzem participação no enfrentamento de dor crônica. Os exercícios em grupo reduzem também os estresses psicológicos e facilitam a socialização dos doentes . Diversas modalidades de métodos físicos, como a massoterapia, o calor superficial (bolsas térmicas) ou profundo (ultra-som, ondas curtas, microondas), a crioterapia (compressas de gelo, aerossóis congelantes), hidroterapia (turbilhão, tanque de Hubbard associado à hidromassagem e terapia na piscina) e a eletroterapia (estimulação elétrica transcutânea, correntes farádicas, iontoforese de agentes analgésicos e de antiinflamatórios) podem ser utilizados para reduzir a tensão muscular e inativar os PGs. Sua ação é lenta e não satisfatória em casos 15 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5 complexos e crônicos. Estes tratamentos são complementares à inativação dos PGs, quando os doentes estão integrados a programas de exercícios posturais de reabilitação muscular. Acupuntura e agulhamento seco dos pontos-gatilho são métodos eficazes no tratamento da dor musculoesquelética. Além de proporcionar relaxamento muscular, estimula o sistema supressor endógeno de dor e, freqüentemente, melhora o sono e diminui a ansiedade. Segundo consenso realizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos da América, em 1997, a acupuntura é indicada como terapia adjuvante no tratamento da fibromialgia, da lombalgia e da síndrome dolorosa miofascial. Quando há insucesso dos métodos físicos ou a intensidade de dor é intensa, a inativação dos PGs é recomendada, pois reduz a dor, melhora a ADM, aumenta a tolerabilidade aos exercícios e melhora a micro circulação. O alívio da dor perdura durante poucas horas a vários meses, na dependência da cronicidade e da gravidade dos PGs. A inativação dos PGs pode ser realizada com diversos métodos físicos, como agulhamento seco e infiltrações com anestésicos locais (procaína a 0,5% ou lidocaína a 1%, sem vasoconstritor).. Mas mesmo com o uso de anestésicos de curta duração, a melhora ainda é mantida, mesmo após o término da ação dos anestésicos locais, o que sugere que o ato mecânico de agulhamento dos PGs e das bandas de tensão muscular ocasiona alívio da sintomatologia. A crioterapia pode ser utilizada na forma de vapor, como cloreto de etila, e pode ser utilizada imediatamente após a inativação dos PGs, associada à cinesioterapia. Manobras de alongamento muscular e de cinesioterapia são recomendados após a inativação. A inserção da agulha nos PGs gera repetidas RCLs, o que significa área com vários pontos hipersensíveis à estimulação mecânica e gera dor em pontada, irradiada para a zona de dor referida. A toxina botulínica é indicada em casos rebeldes, principalmente naqueles doentes que não apresentaram melhora satisfatória com outros procedimentos. A toxina botulínica é utilizado no tratamento da SDM e da cefaléia tensional. Inibe a liberação de acetilcolina do axônio motor pré-sináptico para a fenda sináptica, bloqueando os impulsos nervosos, e induz fraqueza muscular. O efeito máximo da injeção ocorre em 2 a 6 semanas e reduz-se gradualmente. A eficácia pode variar de 2 a 6 meses. A inativação isolada dos PGs proporciona redução temporária dos sintomas. Os exercícios de reabilitação reduzem a possibilidade de reativação dos PGs e as sobrecargas que sobrepujam a capacidade funcional dos doentes. A reeducação objetiva identificar e controlar os fatores desencadeantes, agravantes e perpetuantes da dor. O processo de reabilitação geralmente é prolongado e dependente da educação e da responsabilidade do doente e do desenvolvimento de parceria entre médicopaciente, baseada na confiança mútua. A longo prazo, a conduta não reside apenas no tratamento dos PGs, mas na identificação e modificação dos fatores contribuintes, visto que estes estão relacionados aos aspectos biopsicossociais dos doentes. As posturas inadequadas podem ser fatores desencadeantes ou agravantes de algumas doenças musculoesqueléticas crônicas. Doentes com lombalgia crônica ou outras afecções musculares crônicas devem ser educados em relação às posturas, tanto em repouso quanto durante as atividades. Em doentes com LER/DORT, lombalgia, disfunção temporomandibular crônica, entre outros, os hábitos durante o trabalho e no domicílio, a maneira de executar tarefas e os fatores ergonômicos devem ser investigados. A depressão é comum em doentes com fibromialgia, entretanto a melhora da depressão não implica necessariamente a melhora da dor ou vice-versa. A intervenção psicossocial deve ser realizada para reduzir o sentimento de desamparo e do comportamento doloroso passivo ou mal adaptativo em doentes com dor crônica. O tratamento psicossomático, ou seja, os procedimentos de relaxamento, psicoterapia de apoio, entre outros, devem ser indicados quando a ansiedade, a depressão e os outros sintomas psicológicos forem importantes. O biofeedback consiste do uso de aparelhos que, via sensores aplicados aos agrupamentos musculares, geram estímulos auditivos ou visuais e permitem aos doentes controlar e conscientizar-se da ocorrência de contrações musculares. Este método pode auxiliar a avaliação e o planejamento da adequação ergonômica nos ambientes de trabalho e na realização das tarefas do lar. Outras técnicas, como a hipnose e a auto-hipnose, a yoga e a biodança, entre outras, são também eficazes como métodos auxiliares na reabilitação dos doentes com SDM. T Freqüentemente, a SDM apresenta recorrência, principalmente quando o diagnóstico etiológico e os fatores precipitantes ou agravantes (mecânicos, posturais, nutricionais, metabólicos, estressores psicossociais e biológicos) não são corrigidos apropriadamente. O tratamento medicamentoso e a fisioterapia que normalmente não objetivam tratamento específico da SDM não proporcionam o alívio significativo ou definitivo. Déficits nutricionais que ocorrem em doentes que se submetem a dietas não balanceadas para perda de peso ou que adotam maus hábitos nutricionais devem ser corrigidos. Estes cuidados são fundamentais para se evitar a progressão da sinto matologia e para a profilaxia da síndrome de dor crônica. A estimulação dos bons hábitos, como alimentação balanceada, sono reparador, atividade física regular, relaxamento e diminuição de estressores psíquicos e físicos são fundamentais para prevenir a recorrência dos sintomas 16 Rayssa Mirelle S. Carvalho Tutoria 05- Módulo 1- P5
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