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Unidade 4 - Microeconomia

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UNIDADE 4 
 
 
 
 O MERCADO, COMPETIÇÃO E PREÇOS 
 
Mercado é o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode estar 
em qualquer lugar, na esquina de uma rua ou no outro lado do mundo, ou bem 
perto como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser um lugar 
fixo. Nele estão presentes os fundamentos da procura e da oferta, que 
representam os interesses de consumidores e produtores (ou vendedores). 
 
4.1 DEMANDA DE MERCADO 
 
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um 
determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em 
determinado período tempo. 
 
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São 
elas: preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e 
ou, gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência dessas 
variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus (a quantidade demandada 
ou ofertada varia apenas em função de alterações de preço), ou seja, considera-
se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor. 
 
A relação quantidade/preço procurada pode ser representada por uma escala de 
procura, conforme a apresentada a seguir: 
 
Alternativa de preço ($) Quantidade demandada 
1,00 12.000 
3,00 8.000 
6,00 4.000 
8,00 3.000 
10,00 2.000 
 
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas seria através da curva de 
procura. Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo 
vertical os vários preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q. Assim: 
 
Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as preferências 
dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau 
de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à curva há toda 
uma teoria de valor, que envolve como vimos os fundamentos psicológicos 
do consumidor. 
 
A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para 
a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado 
produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus. 
 
4.1.1. Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem 
 
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu 
preço. Existe uma série de outras variáveis que afetam a procura. 
 
Para a maioria dos produtos, a procura será afetada também pela renda dos 
consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço 
dos bens complementares e pelas preferências e hábitos dos consumidores. 
 
Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos 
um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados de bens 
inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variáveis da renda; por 
exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de 
segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de 
bens de consumo saciado, quando a demanda de bem não é influenciada pela 
renda dos consumidores (arroz, farinha, sal etc.). 
 
A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços 
de outros bens e serviços. Quando há uma relação direta de preço de um bem 
e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos ou 
concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo, um aumento no consumo no 
preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante. Quando 
há relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são 
chamados de bens complementares (quantidade de automóveis e preço da 
gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das gravatas etc.). 
Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos 
hábitos e preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e 
propaganda objetivam aumentar a procura de bens e serviços influenciando suas 
preferências e hábitos. 
 
Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior 
parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como 
efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como 
condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos 
de preços e salário etc. 
 
Sob a ótica da demanda, alterações no gosto ou preferência dos consumidores, 
na renda da população, nos preços de outros bens e nas expectativas sobre o 
futuro podem influenciar significativamente as quantidades demandadas pela 
sociedade, mantendo os demais fatores constantes: 
 
- Aumento no consumo de sucos naturais faz com que diminua a 
quantidade demandada de refrigerantes; 
- Elevação na renda de uma comunidade determinará maior demanda 
por bens de consumo duráveis. 
 
4.2. OFERTA DE MERCADO 
 
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores 
desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. 
 
Quanto mais alto é o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores 
estarão dispostos a oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quantidades 
os vendedores estarão dispostos a oferecer. É a lei da oferta: as quantidades 
ofertadas variam diretamente com os preços. 
 
Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre 
eles, de seu próprio preço, dos preços de produtos substitutos, das preferências 
do empresário, do mercado e da tecnologia. 
 
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação 
direta entre a quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É chamada 
Lei Geral da Oferta. 
 
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série 
de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço: 
 
Preço ($) Quantidade ofertada 
1,00 1.000 
3,00 5.000 
6,00 9.000 
8,00 11.000 
10,00 13.000 
 
Essa escala pode ser expressa graficamente como a seguir: 
 
 
 
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-
se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula as 
empresas a produzirem mais, aumentando sua receita. Outra forma de leitura: os 
custos de produção aumentarão, e a empresa deverá elevar seus preços para 
continuar produzindo o mesmo que antes. 
 
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por diversas 
causas. Aperfeiçoamento das técnicas produtivas, redução dos custos de produção, 
condições climáticas favoráveis ou concessão de subsídios ao produto, 
certamente aumentarão as quantidades ofertadas, mesmo mantendo-se estável 
o preço. Por outro lado, fatores como condições climáticas desfavoráveis ou 
aumento dos impostos sobre o produto provocarão diminuição nas quantidades 
ofertadas. 
 
Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja 
inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo 
das matérias-primas deve provocar coeteris paribus, uma retração da oferta 
do produto. 
 
A relação entre a oferta e uma melhoria tecnológica é diretamente 
proporcional, o mesmo ocorrendo com uma variação no número de empresas 
ofertantes no setor. 
 
4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO 
 
O objetivo deste capítulo é demonstrar o funcionamento do mercado num 
sistema econômico. Para determinar este funcionamento, devemos, antes, 
compreender o significado da palavra mercado e quais as suas funções. 
 
O mercado, num sistema econômico, é formado pelas pessoas que querem 
comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os 
empresários. Naturalmente, não nos referimos apenas à presença física de 
consumidores e produtores, mas sim às suas intenções de compra e venda que 
estão representadas nas curvas de demanda e de oferta, respectivamente. Assim, o 
mercado pode ser definido como o encontro da oferta com a demanda por bens 
e serviços em uma economia. O resultado desse encontroé a determinação do 
preço a que cada bem ou serviço será negociado, assim como as quantidades 
transacionadas. Vejamos como isso ocorre. 
 
Conforme estudamos, as curvas de oferta e procura expressam uma relação entre 
preços e quantidades. Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial, pois 
tanto produtores como consumidores estão apenas expressando as quantidades 
dos bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços. Portanto, com 
a análise isolada das curvas de oferta e demanda, não é possível determinar a 
quantidade em que cada bem será comprado e vendido, nem a que preço será 
negociado. 
 
Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar em 
equilíbrio. Em outras palavras, deve ser encontrado um preço pelo qual os 
empresários e consumidores realizem seus negócios, isto é, vendam e comprem 
uma certa quantidade de bens ou de serviços. Esse preço é chamado preço de 
equilíbrio. 
 
A figura a seguir representa o mercado de um determinado bem X, com sua 
oferta e demanda representada pelas letras O e D, respectivamente. No eixo 
vertical, representamos o preço de X (pk) e no horizontal, a quantidade (Q,). 
 
 
 
Ao preço de R$ 4,00, os consumidores estariam dispostos a comprar apenas 10 
unidades de X (ponto A), enquanto os produtores oferecem 25 unidades de X 
(ponto B). Certamente, esse não é o preço de equilíbrio, pois a oferta é maior do 
que a demanda. Por outro lado, se o preço fosse R$ 2,04, a oferta seria de 10 
unidades (ponto C), e a demanda, de 25 unidades (ponto D), o que também não 
determinaria o preço de equilíbrio. 
 
 
 
Por definição, o preço de equilíbrio é aquele que torna iguais a oferta e a demanda. 
Observando o gráfico, verificamos facilmente que esse preço é R$ 3,00 e que nele (ponto 
E) a oferta e a demanda de X são iguais a 18 unidades. Quando isso acontece, a oferta e 
a demanda são iguais a um determinado preço e dizemos, então, que o mercado está em 
equilíbrio. 
 
Efetivamente, esse é o mecanismo que determina os preços dos bens e serviços numa 
economia capitalista, ou economia de mercado. O preço que pagamos por um maço 
de cigarros, por um par de sapatos ou por um quilo de feijão é determinado pelo mercado, 
pela oferta e procura de cada um desses bens. 
 
4.3.1 Oferta, Demanda e Equilíbrio em um Mercado Competitivo 
 
Em primeiro lugar, é necessário caracterizar o que é um mercado competitivo. Para ser 
considerado competitivo (ou perfeito), um determinado mercado (o de ameixas, por 
exemplo) deve apresentar as seguintes características. Deve existir um grande número de 
compradores e vendedores, de modo que nenhum deles, individualmente, pode influenciar 
o preço ao decidir comprar ou vender um produto. É lógico que esse raciocínio não vale 
caso um grande número de participantes do mercado tome essa decisão conjuntamente. 
Além disso, estamos falando de um mercado cujo produto é homogêneo (sem 
diferenciação). Nesse caso, o produto de uma firma é, essencialmente, um substituto 
perfeito do produto de outra firma. Se há diferenciação entre os produtos, não estamos 
falando de um mercado de concorrência perfeita (como será visto mais tarde). 
 
Adicionalmente, não há barreiras à entrada de novas firmas nesse mercado (mobilidade 
de recursos e produtos), de tal forma que novos concorrentes podem entrar no mercado 
e os recursos podem ser facilmente transferidos para usos mais eficientes. Por fim, supõe-
se que há perfeita informação nesse mercado. Ou seja, demandantes e ofertantes detém 
perfeito conhecimento das informações necessárias sobre preços, processos de produção 
etc. Isso garante que consumidores não paguem um preço mais alto do que o de equilíbrio 
de mercado e nem empresas vendam a um preço mais baixo. 
 
Percebam que pelo tamanho das hipóteses, não é fácil encontrar em nosso cotidiano um 
mercado que atenda simultaneamente a todos esses requisitos. Questões subjetivas como 
atendimento ou preferência por uma determinada marca podem resultar em diferenciações 
que afetam as decisões dos consumidores, ainda que, objetivamente, estejamos falando de 
um mesmo produto. Esse pode ser o caso de um produto financeiro como um seguro de 
automóvel. 
 
Mercados competitivos, então, podem ser vistos como uma situação ideal que, em geral, 
tornam as análises econômicas mais simples, visto que, nesse caso, os agentes (empresas 
e consumidores) consideram os preços dos bens e serviços como dados (não são afetados 
 
por suas decisões individuais). Como veremos mais tarde, quando algumas dessas 
condições não são verificadas, observamos outras estruturas de mercado (monopólio, 
oligopólio, entre outras) e as decisões de empresas e consumidores tornam-se um pouco 
mais complexas. 
 
Tendo em mente as características de um mercado competitivo, estamos agora em 
condições de analisar a formação do preço de equilíbrio (ou equilíbrio de mercado). O 
equilíbrio no mercado se origina da interação entre oferta e demanda. Dessa ação conjunta 
resultará um determinado preço, chamado de preço de equilíbrio, ao qual corresponderá 
uma igualdade entre as quantidades ofertada e demandada (Gráfico 9). Há uma 
coincidência de desejos. Assim, ao preço de equilíbrio, à quantidade de um bem desejada 
pelos consumidores corresponderá uma quantidade ofertada pelas empresas. De outro 
modo, o preço de equilíbrio garante que cada comprador disposto a pagar aquele preço 
encontre um vendedor disposto a vender ao mesmo preço. Percebam que esse fato 
talvez não fosse possível caso os agentes não possuíssem perfeita informação sobre o 
mercado. 
 
 
Reforçando o conceito: em um mercado competitivo, quem determina o preço de 
equilíbrio são as condições de oferta e demanda. Todos os vendedores recebem o mesmo 
preço pela venda do produto (denominado preço de mercado). Os compradores não irão 
adquirir um produto mais caro, sabendo que poderão adquiri-lo a um preço menor. Por 
seu lado, os vendedores não venderão mais barato, sabendo que poderão vendê-lo a um 
preço maior. Dessa forma, uma vez alcançado o preço de equilíbrio, há uma tendência 
natural de que esse preço não se altere, pois não existem motivos para isso. A não ser 
que ocorram mudanças nas condições de oferta e/ou demanda (deslocamentos das curvas). 
 
Mas como se daria essa “tendência natural” dos preços se movimentarem ao ponto 
de equilíbrio? 
 
Suponha a situação representada no gráfico dez em que, ao preço P0, os desejos 
das empresas em ofertar produtos (QO0) superam os desejos dos consumidores 
 
em adquiri-los (QD0). Nesse ponto, não há coincidência de desejos e, portanto, P0 
não pode ser um preço de equilíbrio (o mercado não está em equilíbrio). 
Tecnicamente, há um excesso de oferta de produto (a distância entre os pontos A e B 
no gráfico). Em tal situação, as forças de mercado (oferta e demanda) agirão para 
reconduzir esse mercado ao ponto de equilíbrio. Os vendedores perceberão que não 
conseguem vender tudo que desejam e caso produzam essa quantidade, seus 
estoques aumentarão. Assim, como há perfeita informação, os consumidores 
percebem o excesso de oferta (diferença entre QO0 e QD0) e passam a negociar o 
preço, motivo pelo qual as empresas oferecem o produto a um preço menor. 
 
Esse menor preço resultará em incentivos distintos para consumidores e 
produtores. Os primeiros desejarão mais produtos e os últimos não serão 
incentivados a produzir a mesma quantidade de antes (setas indicativas ao longo 
das curvas). Esse movimento de redução nos preços e na quantidade produzida e de 
elevação no desejo dos consumidores em adquirir o bem acontecerá até que oferta 
e demanda se igualem novamente. Isso acontecerá quando o preço alcançar PE no 
gráfico dez. Portanto, em mercados competitivos, o preço de um bem sempre cai 
quando há um excesso de oferta (deslocamento do preço de P0 para PE). 
 
 
 
Situação inversa ocorre quando o preçoestá abaixo do nível de equilíbrio (ponto 
P0 do gráfico 11). Nesse caso, os consumidores são incapazes de comprar tudo que 
desejam (excesso de demanda) ao preço existente e se dispõem a pagar mais. Os 
vendedores, observando a escassez, percebem que podem elevar os preços sem 
reduzir as vendas. E não só isso. São também incentivados a produzir mais. Desse 
modo, o movimento de elevação dos preços conduzirá a uma elevação da oferta e a 
uma redução do desejo dos compradores em adquirir o bem (conforme as setas 
indicativas ao longo das curvas). Esse movimento continuará até que o preço de 
 
equilíbrio (PE) seja alcançado. 
 
 
 
Retomando o exemplo da Coca-Cola (Gráfico 12): a mudança da tecnologia gerou 
queda no preço e um aumento na quantidade de Coca-Cola negociada no mercado. 
Houve um deslocamento da oferta da esquerda (O1) para a direita (O2). Como a 
demanda pelo produto é negativamente inclinada (diminuições do preço geram 
aumento da quantidade demandada) e como houve aumento na produtividade, a 
Coca-Cola pôde diminuir seu preço de P1 para P2, gerando um novo equilíbrio de 
mercado com maiores quantidades negociadas (aumento de Q1 para Q2). O 
resultado foi uma melhoria para consumidores e produtores. Estes pela obtenção 
de maiores lucros e aqueles por comprarem mais a preços menores. 
 
 
 
 Custos e decisões de produção 
 
Nas considerações sobre mercado, estabelecemos as decisões das empresas em termos do 
 
preço de mercado dos produtos. Estava implícito na análise da curva de oferta que o desejo 
de produzir mais quando o preço aumentava ocorria porque o custo unitário do produto 
(ou custo médio) se mantinha constante. Entretanto isso não é verdade sempre e, desse 
modo, um preço maior não necessariamente levará a uma maior produção. Nossa tarefa 
agora será olhar mais de perto o comportamento dos custos e como eles afetam as decisões 
das empresas em produzir ou mesmo encerrar suas operações. 
Para iniciar a discussão, pense em uma empresa cujo preço de mercado está tão baixo 
que a receita total (preço multiplicado pela quantidade) é inferior ao custo total. A 
pergunta que deve se fazer a essa empresa e se ela deve continuar a operar, mesmo 
com prejuízo, ou deve fechar as portas. À primeira vista essa parece uma pergunta não 
muito inteligente. Afinal de contas, por que uma empresa que opera com prejuízo deveria 
continuar produzindo? 
Antes de respondermos à questão acima, é importante estabelecermos alguns 
conceitos sobre custos, visto que a tomada de decisões econômicas é, em grande parte, 
um processo de comparar custos e benefícios: 
■ Custo fixo (CF) – não dependem da quantidade produzida. 
■ Custo variável (CV) – como as quantidades produzidas variam diretamente com o uso 
dos insumos produtivos (fatores de produção), tais custos se alteram proporcionalmente 
à produção. No limite, quando a produção é zero, ao contrário do custo fixo, o custo variável 
deveria ser nulo. 
■ Custo total (CT) – soma do CF e CV. 
■ Custo médio (Cme) – custo total dividido pela quantidade produzida. 
■ Custo variável médio (Cvm) – custo variável dividido pela quantidade produzida. 
■ Custo marginal (Cmg) – custo de uma unidade adicional de produto. Como o custo 
fixo não muda com a produção, pode-se dizer que o custo marginal é o acréscimo do 
custo variável necessário para se produzir uma unidade a mais de produto. 
 
Ilustrando os conceitos 
 
Imagine uma pequena fábrica (Compre Bem) que produza calças. Para o empresário 
produzir calças, ele aluga uma máquina ou faz um leasing pagando R$20,00 por 
semana. Esse será o custo da máquina independente da intensidade de seu uso (custo 
fixo). A máquina é operada apenas por um trabalhador, cujo salário-hora é de R$1,00 
durante a semana. A máquina operada pelo trabalhador produz uma calça por hora. 
Assumindo que a empresa contratou o trabalhador durante cinco dias da semana 
trabalhando oito horas por dia, o produto corrente será de 40 calças semanais e os 
custos, também por semana, serão os especificados no quadro dois: 
 
 
 
 
Para entendermos a importância desses conceitos, bem como a sua aplicabilidade para 
a tomada de decisão correta da empresa, suponha que a fábrica Compre Bem receba uma 
encomenda de 41 calças semanais ao preço de R$ 1,80 cada. Para produzir a calça 
adicional, além das 40 costumeiras, a empresa está pensando na possibilidade de solicitar 
ao seu funcionário que faça hora-extra. No entanto, pela legislação vigente, a hora de 
trabalho adicional custaria à empresa R$ 2,00. Deveria a fábrica aceitar a encomenda em 
sua totalidade? 
 
A produção da fábrica está em 40 peças semanais e o custo médio é dado por R$1,50, o 
que significa que a empresa está obtendo lucros. Se aumentasse a sua produção para 41 
unidades olhando apenas o custo médio (que agora seria de R$ 1,51), o empresário estaria 
tomando a decisão errada. Isso porque o que é relevante para decisões na margem 
(produção adicional) é o custo marginal, não o médio. 
 
Como o custo marginal para se produzir mais uma unidade (além das 40) é de R$ 2,00, 
contratar a hora adicional de trabalho reduzirá o lucro. Isso porque a receita adicional 
de vender mais uma calça (receita marginal) é menor do que o custo adicional (marginal) 
incorrido pela empresa para produzir essa unidade. Em outros termos, o lucro adicional 
(ou marginal) é negativo (Quadro 3). 
 
 
 
O lucro marginal (acréscimo do lucro decorrente da produção adicional de uma unidade) 
é igual à diferença entre a receita marginal e o custo marginal. Portanto, o custo 
marginal deve ser o indicador para a empresa decidir se vale a pena produzir unidades 
adicionais de produto. 
 
Agora, suponha que devido à concorrência de produtos chineses, o preço de mercado das 
 
calças no Brasil caia para R$1,30. Aqui, voltamos à pergunta feita no início da discussão 
sobre custos: deveria a fábrica Compre Bem encerrar as atividades? À primeira vista, a 
resposta é positiva, visto que produzindo as 40 calças semanais ela estaria trabalhando 
com prejuízo: receita total de R$ 52,00 e custo total de R$ 60,00. 
 
O prejuízo advém do fato de que a receita total não está cobrindo o custo total ou, em outros 
termos, o custo médio supera a receita média (receita total dividida pela quantidade). 
Apesar disso, se a receita total estiver cobrindo o custo variável, embora não suficiente 
para cobrir também o custo fixo, a Compre Bem deveria continuar a operar, pois, 
enquanto não puder eliminar o custo fixo, o prejuízo será menor do que se ela encerrar as 
atividades. Façamos os cálculos. 
 
 
 
Portanto, é sensato que a empresa continue suas operações, pois pelo menos uma parte do 
custo fixo está sendo recuperado. De toda a discussão, no curto prazo, enquanto os 
custos fixos não podem ser eliminados, o custo variável médio em comparação ao preço 
deve ser a variável de decisão entre continuar operando ou não. 
 
 Custo de oportunidade e custo afundado 
 
Já vimos, no início, o que significa custo de oportunidade – o benefício perdido pelo fato 
de se aplicar o recurso em uso alternativo. Assim, os custos de oportunidade devem ser 
levados em consideração na tomada de decisões econômicas. Entretanto, existe um outro 
custo, que se assemelha aos custos fixos, que não deveriam ser levados em conta nas 
tomadas de decisões econômicas. Eles são chamados de custos afundados. 
 
Em geral, ele é definido como um determinado investimento que não apresenta nenhum 
uso alternativo, ou seja, é um ativo sem custo de oportunidade. Suponha que você seja 
recém-formado em economia e esteja avaliando a possibilidade de pedir demissão do seu 
emprego para abrir uma consultoria. No seu cálculo, os custos fixos e variáveis envolvidos 
no funcionamento do seu escritório, bem como o custo de oportunidade de deixar de 
receber o salário do emprego devem ser levados em consideração. No entanto, as despesasefetuadas durante a sua formação (livros, mensalidade escolar etc.) não deveriam ser 
ponderadas em sua decisão, pois representam custos afundados. 
 
Portanto, as decisões econômicas devem ser baseadas em custos econômicos (que 
incluem os custos de oportunidade) e não nos dispêndios já realizados, pois, 
muitas vezes, tais dispêndios incluem os custos afundados. 
 
ELASTICIDADE 
 
 
Elasticidade-preço da demanda 
 
Sabemos que mudanças nos preços dos bens, ceteres paribus, provocam alterações 
nas quantidades demandadas. Uma questão prática e de interesse é o grau em que a 
quantidade demandada responde a uma variação nos preços. Essa é uma consideração 
importante, pois, de um lado, afeta as despesas do consumidor e, de outro, a receita 
dos produtores. O conceito de elasticidade- preço da demanda permite determinar 
o quanto a quantidade demandada depende (ou responde) dos preços, sem que nos 
preocupemos com as unidades de medida do bem produzido. 
 
Um exemplo pode ajudar a entender esse ponto. Imagine duas curvas de demanda 
de bens diferentes que mostrem o seguinte: uma variação de R$ 5,00 nos preços 
provoca uma alteração de 80 unidades na demanda para ambos os bens. Você seria 
capaz de dizer, com a informação acima, qual dos dois bens é mais sensível aos 
preços? Certamente que não. Imagine que os bens em questão sejam TV’s de LCD 
e feijão. O aumento de R$ 5,00 no preço da TV de LCD representa muito pouco 
em relação ao preço total do bem. Contudo, foi suficiente para alterar a quantidade 
demandada o que nos permite afirmar que a demanda por TV de LCD é relativamente 
sensível a alterações nos preços. Já para o feijão não se pode dizer que a alteração 
na quantidade evidencie uma alta sensibilidade da sua demanda em relação ao preço, 
uma vez que a variação de R$ 5,00 é bastante significativa em relação ao preço 
corrente do feijão. Por isso precisamos de uma medida diferente para mensurar a 
sensibilidade da demanda a alterações nos preços. 
 
A forma utilizada em economia para medir essa sensibilidade é a elasticidade-preço 
da demanda, na qual se relaciona a variação percentual da quantidade demandada 
com a variação percentual nos preços. O resultado dessa conta nos indicará quantos 
pontos percentuais a demanda pelo bem “x” varia quando observamos uma alteração 
de 1% no seu preço e pode ser representada pela seguinte fórmula: 
 
Onde: 
 
 
 
 
 
Como a relação entre preço e quantidade demandada é inversa (negativa), o valor 
 
encontrado para a elasticidade-preço da demanda será sempre negativo. No entanto, 
é mais usual representá-la em termos absolutos, porque já está implícito que o sinal 
é negativo. Observem que o conceito de elasticidade fornece um número “puro”, pois 
não depende da unidade de medida utilizada, já que se refere a uma razão entre 
duas percentagens, de modo que é indiferente a unidade de medida da quantidade 
demanda estar em quilos ou unidades. Essa característica nos permite comparar a 
sensibilidade de resposta da demanda a variações nos preços de produtos e setores 
diferentes (automóveis, celulares, feijão etc.). 
 
Em valor absoluto, a elasticidade varia entre zero e infinito. Assim, precisamos 
definir alguns conceitos adicionais para dizer se determinado bem é pouco ou 
muito sensível às variações nos preços. 
 
Dizemos que a demanda por um bem é preço-elástica se a variação de 1% nos 
preços causar uma variação percentual maior do que 1% na quantidade demandada 
(ed>1). Por outro lado, uma demanda preço-inelástica ocorre quando diante de uma 
variação de 1% nos preços, a variação na quantidade demandada é menor do que 1% 
(ed<1). Por fim, a demanda possui uma elasticidade-preço igual à unidade 
(elasticidade unitária) quando as variações percentuais no preço e na quantidade 
ocorrem na mesma proporção. 
 
Antes de prosseguirmos, vale uma ressalva sobre o conceito de elasticidade. 
 
Tecnicamente falando, elasticidade se refere a um ponto na curva de demanda (é 
um conceito pontual) e não à curva de demanda como um todo, de modo que não é 
rigorosamente correto afirmar, como fizemos acima, a não ser em casos especiais 
(não tratados aqui), que a demanda é elástica ou inelástica (Pinho e Vasconcellos, 
2006). 
 
Um exemplo nos ajudará a entender esse ponto. Suponha que os valores 
apresentados no quadro quatro representem combinações de preço e quantidades da 
uma curva de demanda por ameixas. 
 
 
 
 
De acordo com esses dados, a curva de demanda por ameixas é a constante do gráfico 13. 
 
Calculemos então a elasticidade-preço da demanda para um aumento do preço a partir 
do ponto B para o ponto C e do ponto I ao ponto J. 
 
No primeiro caso, utilizando a fórmula, a elasticidade seria: 
 
 
Portanto, no ponto B, a elevação de 1,0% nos preços provoca uma redução de 
aproximadamente 0,111% na demanda, sugerindo uma demanda inelástica ao preço. 
 
Já para o ponto I, teríamos: 
 
 
 
 
Esse resultado sugere que no ponto I a demanda seja elástica ao preço. 
 
Como mostrado nos cálculos acima, a elasticidade-preço varia ao longo da curva de 
demanda, de modo que podemos observar, na mesma curva, regiões em que a demanda é 
elástica ao preço e regiões em que ela é inelástica. 
 
Vejamos um outro exemplo para nos ajudar a fixar o conceito. Suponha que uma situação 
de equilíbrio seja modificada por um aumento da oferta, como mostrada nos gráficos 14 
“a” e 14 “b”. Em ambos os casos, as curvas de oferta são as mesmas, assim como o preço 
e a quantidade inicial de equilíbrio, mas as curvas de demanda são distintas. Na situação 
expressa pelo gráfico 14 “a”, a partir do equilíbrio inicial, há um grande aumento na 
quantidade demandada e pequena variação no preço. Já no gráfico 14 “b”, ocorre o 
contrário. Então, poderíamos ser tentados a dizer que a demanda do primeiro gráfico 
é elástica ao preço e, do segundo, inelástica. 
 
 
 
Mas, como realçado anteriormente, essa seria uma afirmação equivocada, visto que 
elasticidade é um conceito pontual e, ao longo da mesma curva de demanda, podemos 
encontrar situações de elasticidades maiores e menores do que a unidade. Portanto, o 
correto, no caso de curvas, é uma afirmação relativa: a demanda representada no 
gráfico 14 “a” é mais elástica do que a representada no gráfico 14 “b”. E não que a primeira 
é elástica e a segunda inelástica. 
 
Receita total das empresas e elasticidade-preço da demanda 
 
Conhecer a magnitude da elasticidade-preço da demanda em determinado ponto da curva 
de demanda é importante, pois a partir dela podemos inferir se um aumento de preços 
elevará ou reduzirá a receita total do vendedor. 
 
 
A receita total de uma empresa é igual à quantidade vendida multiplicada pelo preço da 
mercadoria. Sendo assim, como uma elevação nos preços reduz a quantidade demandada, 
qual deve ser o efeito líquido dessa mudança nos preços? 
 
A elasticidade-preço da demanda se encarrega de nos responder essa questão: 
 
■ se a demanda por um bem é preço-elástica, um aumento de preço reduz a receita total; se 
há uma queda de preço, a receita total aumenta. Isso acontece no caso de uma demanda 
preço-elástico, pois a variação na quantidade mais do que compensa a variação nos preços; 
■ se a demanda de um bem é preço-inelástica (elasticidade menor que 1), um preço mais 
alto aumenta a receita e uma queda de preço reduz a receita total; e 
■ se a demanda por um bem tem elasticidade unitária, o aumento de preço não muda 
a receita total visto que as variações no preço e na quantidade se compensam. 
 
Considere o seguinte exemplo sobre a venda de anúncios veiculados em uma revista 
especializada em mercado financeiro. No período 1, foram vendidos oito anúncios no 
valor de R$ 7 mil cada. Portanto, a receita publicitária no período 1 corresponde a R$ 
56 mil. Suponha que houve um reajuste no período 2 e o preço do anúncio passou a valer 
R$ 9 mil. Com o novopreço, a revista conquistou apenas cinco anunciantes. Desse modo, 
a receita publicitária passou de R$ 56 mil para R$ 45 mil. 
Calculando a elasticidade-preço da demanda: 
 
 
Como na combinação de preço e quantidade do exemplo (um ponto específico da curva) 
a demanda é preço-elástica (elasticidade maior que 1), um aumento de preço contribui 
para a redução da receita total. 
 
A redução da receita ocorre porque o aumento do preço gera dois efeitos: 
■ efeito preço - o aumento de preço tende a aumentar a receita; 
■ efeito quantidade - o aumento do preço gera a redução da quantidade demandada (lei da 
demanda), o que tende a diminuir a receita. 
 
Considerando o exemplo, pode-se afirmar que o efeito quantidade foi superior ao efeito 
preço. 
 
 
Os exemplos acima nos mostraram a importância da elasticidade para a determinação da 
receita das empresas diante de uma alteração nos preços. Então, torna-se relevante relacionar 
alguns elementos que nos ajudem a entender porque determinados bens possuem uma 
elasticidade-preço maior do que outros. 
 
Como diversos fatores afetam a demanda, não é fácil precisar o que efetivamente determina 
a elasticidade-preço da demanda. Contudo, com base na experiência, é possível relacionar 
algumas regras relativas aos fatores que a influenciam: 
 
■ necessidades versus supérfluos - os bens necessários tendem a serem menos 
elásticos ao preço. A demanda por um remédio de uso contínuo tende a ser menos 
elástica ao preço do que a demanda por sorvetes; 
 
■ disponibilidades de substitutos próximos - bens que dispõem de substitutos 
próximos tendem a ter uma demanda mais elástica; 
 
■ horizonte temporal – em geral, a demanda é mais elástica ao preço quanto maior 
o horizonte temporal em consideração. Isso ocorre porque ao longo do tempo 
podemos adaptar nosso consumo ou pode surgir um maior número de substitutos 
aos bens, de modo que a demanda tenderá a ser mais sensível a elevações nos 
preços. A demanda por petróleo é um bom exemplo. É provável que daqui a algumas 
décadas, com o surgimento de fontes alternativas de energia, a demanda por petróleo 
se torne muito mais sensível aos preços do que é atualmente. 
 
Uma última nota sobre elasticidade-preço da demanda refere-se a dois casos extremos 
mostrados nos gráficos 15 “a” e 15 “b”. No primeiro, temos uma situação de total 
insensibilidade aos preços (demanda perfeitamente inelástica). Já, no segundo, observamos 
o outro extremo (demanda perfeitamente elástica). 
 
 
 
Elasticidade-renda da demanda 
 
 
É a medida de quanto a demanda por um bem é afetada por mudanças na renda 
dos consumidores. 
 
 
 
O sinal da elasticidade-renda da demanda depende do tipo de bem envolvido. Quando 
envolve bens normais a demanda aumenta diante de um aumento da renda e a 
elasticidade-renda da demanda é positiva. Por outro lado, quando envolve os 
chamados bens inferiores, a demanda diminui quando a renda aumenta e a elasticidade-
renda da demanda é negativa. Os bens inferiores normalmente são caracterizados por 
bens de pior qualidade e baixo preço, de modo que quando os consumidores percebem 
uma elevação de sua renda tendem a substituir o consumo desses bens por outros de 
melhor qualidade. Podemos citar como exemplo de um bem inferior os refrigerantes não 
tradicionais (as chamadas tubaínas) ou mesmo carne de segunda. 
 
Em relação aos bens normais (os mais comuns), podem ocorrer duas circunstâncias em 
relação à elasticidade-renda: 
 
■ elasticidade-renda da demanda é maior que 1: a demanda é elástica em relação à renda, 
ou seja, o aumento da demanda é superior ao aumento da renda. Os economistas 
costumam rotulares os bens com essa característica como bens superiores. Exemplo: 
artigos de luxo. 
 
■ elasticidade-renda da demanda é inferior a 1: a demanda é inelástica. Nesse caso, 
em termos proporcionais, a demanda aumenta menos do que o aumento da renda. 
Exemplo: gêneros de primeira necessidade. 
 
Em termos gerais, produtos básicos têm elasticidade-renda baixa e os bens supérfluos 
têm elasticidade-renda alta. 
 
Elasticidade-preço da oferta 
É a medida de quanto à oferta de um bem é afetada por mudanças no preço dos produtos. 
 
Nos gráficos a seguir (16 “a” e 16 “b”), você encontra os casos extremos de elasticidade-
preço da oferta. Os casos intermediários são análogos ao estudado no caso da elasticidade-
preço da demanda. No entanto, vale lembrar que, ao contrário da demanda, a elasticidade-
preço da oferta é positiva. Isso decorre do fato de que, na curva de oferta, preço e 
quantidade variam na mesma direção. 
 
 
 
Fatores que determinam a elasticidade-preço da oferta: 
 
■ disponibilidade de insumos - a elasticidade-preço da oferta tende a ser alta quando 
não há problema de disponibilidade de insumos e baixa quando os insumos são 
difíceis de serem obtidos. 
■ tempo - a elasticidade-preço da oferta tende a tornar-se maior à medida que os 
produtores têm mais tempo para responder às mudanças de preço. 
 
4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS 
 
Até o momento, estivemos discutindo o mercado considerando a demanda de um 
consumidor individual e a oferta de um empresário individual, com relação a um 
determinado bem. Entretanto, o mercado de um bem é constituído pela oferta de todos 
os produtores desse bem e por todos os consumidores que estão dispostos a comprá-lo. 
Assim, é o equilíbrio entre a oferta dos empresários e a demanda dos consumidores que 
estabelece o preço de equilíbrio, ou o preço de mercado, que é a mesma coisa. Nesse 
sentido, do ponto de vista do empresário, é importante saber exatamente quais são as 
características do mercado para o seu produto, para que a empresa possa tomar as medidas 
adequadas ao seu bom desempenho. 
 
Para que se tenha um bom conhecimento dos mercados, eles são classificados de 
acordo com dois critérios. O primeiro diz respeito à importância da empresa no mercado 
em que opera e o segundo refere-se ao fato de os produtos vendidos no mercado serem 
homogêneos ou não. Com base nesses critérios, os mercados foram classificados em 
quatro tipos: 
 
 Concorrência pura ou perfeita; 
 Monopólio puro; 
 Oligopólio; 
 
 Concorrência monopolística. 
 
A concorrência pura ou perfeita é um tipo de mercado que exige um número 
bastante grande de empresas vendendo o mesmo produto. Esse produto é idêntico em todas 
as empresas, tornando impossível a determinação de sua origem pelos consumidores. 
Quanto aos critérios adotados para a classificação dos mercados, na concorrência pura, 
cada empresa, tomada individualmente, não é importante em seu mercado, pois ela 
contribui com tão pouco para a oferta total que a sua saída do mercado não é notada 
pelas demais empresas ou pelos consumidores. O produto oferecido nesse mercado é 
homogêneo, já que o bem produzido por uma empresa é exatamente igual ao bem 
produzido por outra. Quando estão comprando esse produto, os consumidores não são 
capazes de determinar em que empresa ele foi produzido, mas isso também não é 
importante para eles. 
 
A concorrência pura é um conceito de mercado que, apesar de largamente empregado 
na teoria econômica, não é encontrado facilmente no mundo real. O exemplo que mais 
se aproxima desse tipo de mercado é o dos produtos agrícolas. Com efeito, a laranja é um 
produto homogêneo, pois quando um consumidor a está comprando na feira, não sabe dizer 
em que fazenda foi produzida e nem se importa com tal fato. Além disso, há um número 
bastante grande de fazendas que produzem laranjas e nenhuma delas é importante o 
bastante dentro do mercado para alterar o preço vigente com a interrupção de sua produção, 
por exemplo. 
 
O monopólio puro é um tipo extremo de mercado, em que apenas uma empresa vende 
um produto para o qual não existem bens substitutos. A importância dessa empresa no 
mercado é absoluta, pois com o encerramento de suas atividades o mercado deixariade 
existir, pelo fato de o bem fabricado por ela não mais ser ofertado. O produto ofertado 
nesse mercado é diferenciado, não homogêneo, há possibilidade de ser substituído por 
outros satisfatoriamente. 
 
O monopólio puro também é uma situação de mercado dificilmente encontrada no 
mundo real. Na iniciativa privada, esse tipo de mercado não é encontrado pelo fato de ser 
impossível para qualquer empresa que esteja operando nesse regime impedir a entrada de 
outra empresa no mercado ofertando um produto similar ao seu. Os únicos casos de 
monopólio puro são encontrados no setor público, como o abastecimento de água de 
uma cidade, que está a cargo do governo estadual ou da prefeitura. Nesse caso, temos 
realmente um monopólio puro, pois a companhia que oferta a água é a única naquele 
mercado, ou seja, na cidade, e a água não tem nenhum substituto próximo satisfatório. 
 
O oligopólio é um regime de mercado intermediário entre a concorrência pura e o 
monopólio puro. No oligopólio, temos um número de produtores pequeno o suficiente para 
que cada empresa seja importante, de modo que as ações de uma afetam as demais e os 
preços dos bens por elas produzidos. Além disso, esses bens, apesar de perfeitamente 
substituíveis entre si, são diferenciados, permitindo que o consumidor saiba exatamente 
qual empresa produziu determinado produto. 
 
 
Esse regime de mercado talvez seja o mais comumente encontrado na vida real. Os 
exemplos que podem ser citados são vários, indo desde bens de consumo duráveis, como 
os eletrodomésticos em geral e os automóveis, até bens de consumo não-duráveis, como 
sabão em pó e pasta de dente. O que caracteriza, à primeira vista, um caso concreto de 
oligopólio é a marca do produto. De fato, as geladeiras, por exemplo, são conhecidas 
pelo consumidor através de suas marcas, que identificam sua origem e a empresa que 
as produziu. E embora todas as geladeiras prestem o mesmo tipo de serviço e satisfaçam 
às mesmas necessidades, cada consumidor individualmente prefere esta ou aquela marca. 
O mesmo acontece com o sabão em pó e os automóveis. 
 
A concorrência monopolística é uma situação de mercado em que há um número 
suficientemente grande de produtores, de modo que cada produtor individualmente 
não é importante. Todos eles produzem um mesmo produto, mas na mente dos 
consumidores cada um deles é diferente dos demais, de acordo com a empresa que 
o produz. Neste caso temos um elemento da concorrência perfeita, que é o razoável 
número de empresas produzindo o mesmo bem, de modo que a saída de uma empresa 
do mercado não tem efeito sobre as demais. Temos, também, uma característica do 
oligopólio, que é o fato de cada produto ser diferente dos demais - pelo menos na 
mente do consumidor -, apesar de altamente substituíveis entre si. 
 
Como exemplos de concorrência monopolística, temos as fábricas de roupas da moda, 
os produtos têxteis e a prestação de serviços em grandes cidades. De fato, um 
vestido que segue as tendências da moda é produzido por um sem-número de fábricas, 
mas uma senhora pode preferir o vestido produzido por determinada fábrica. O 
mesmo ocorre com os serviços nas grandes cidades, como o de encanador, por 
exemplo. Ele pode ser realizado por um grande número de encanadores, mas uma 
pessoa com uma pia entupida chamará um profissional que seja de sua confiança. 
 
De acordo com a importância da empresa no mercado e a homogeneidade do produto 
ofertado, os mercados podem ser classificados em: 
 
 
Características 
Concorrência 
Perfeita 
 
Monopólio 
 
Oligopólio 
Concorrência 
monopolista 
1. Quanto ao número? Muito grande Só há uma empresa. Pequeno. Grande. 
2. Quanto ao produto? Homogêneo. Não há 
quaisquer diferenças. 
Não há substitutos 
próximos. 
Poder ser homogêneo 
ou diferenciado. 
Diferenciado. 
3. Quanto ao controle 
das empresas sobre 
os preços. 
Não há possibilidades 
de manobras pelas 
empresas. 
As empresas têm 
grande poder para 
manter preços 
relativamente 
elevados, sobretudo 
quando não há 
intervenções 
restritivas do 
governo (leis 
antitrustes). 
Embora dificultado 
pela interdependência 
entre as empresas, 
estas tendem a 
formar cartéis 
controlando preços e
 quotas de 
produção 
Pouca margem de 
manobra, devido à 
existência de 
substitutos próximo. 
 
4. Quanto à 
concorrência extra- 
preço. 
Não é possível nem 
sempre eficaz. 
A empresa 
geralmente recorre a
 campanhas 
institucionais, para 
salvaguardar sua 
imagem. 
É intensa, 
sobretudo quando há 
diferenciação do 
produto. 
É intensa, 
exercendo-se através
 de 
diferenças físicas, 
embalagens e 
prestação de 
serviços 
complementares. 
5.Quanto às condições 
de ingresso na 
indústria. 
 
Não há barreiras. Barreiras ao acesso de 
novas empresas. 
Barreiras ao acesso de 
novas empresas. 
Não há barreiras. 
 
REFORÇANDO 
 
O comportamento de ofertantes e demandantes no mercado não são uniformes. Em 
decorrência da própria dinâmica da economia capitalista, o poder dos diferentes 
agentes econômicos é também diferenciado. Veremos a seguir as características 
básicas dos principais tipos de mercado. 
 
 
CONCORRÊNCIA PERFEITA 
 
- Grande número de consumidores e ofertantes, tornando o mercado pulverizado 
de tal forma que nenhum comprador ou vendedor tenha condições de influenciar 
os preços ou o comportamento dos demais agentes; 
- Perfeito conhecimento do mercado, a começar pelo preço, por parte dos que o 
integram; 
- Perfeita mobilidade de recursos; 
- Ausência de entraves ao ingresso de novas empresas; 
- Homogeneidade de produtos. 
 
Exemplos: feira livre, comércio varejista em geral. 
 
 
CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA 
 
- Grande número de empresas; 
- Fracas barreiras ao ingresso e saída do mercado; 
- Pouca diferenciação dos produtos. Cada concorrente estabelece um produto 
único e ligeiramente diferenciado pela marca, embalagem, publicidade. A 
diferenciação é subjetiva. 
 
Exemplos: calças jeans, pizzarias, franquias, etc. 
 
 
OLIGOPÓLIO 
 
 
- Pequeno número de empresas controla a quase totalidade do mercado; 
- Forte bloqueio à entrada de concorrentes; 
- Concorrência pela diferenciação de produtos; 
- Tendência à concentração de capitais através de fusões; 
- Tendência à formação de cartéis e à rigidez de preços; 
 
Exemplos: indústria automobilística, de vidros, cimento, aço, pneumáticos, 
química, petroquímica etc. 
 
MONOPÓLIO 
 
- Existência de uma única empresa produtora de bens e serviços para os quais, no curto 
prazo, não existem substitutos próximos; 
- Barreiras legais, tecnológicas e econômicas ao ingresso de concorrentes no 
mercado; 
- Dimensões do mercado estabelecidas pela empresa viam determinação prévia do 
volume de produção e dos preços desejáveis; 
- O lucro total da empresa é máximo para cada nível de produção e preço por ela 
estabelecido. 
 
Exemplo: correios. 
 
 
MONOPSÔNIO 
 
- Uma única empresa compradora de determinado produto; 
- Preço determinado pelo comprador. 
 
Exemplo: setor público na compra de produtos específicos. 
 
 
OLIGOPSÔNIO 
 
- Poucas empresas compradoras; 
- Preço do produto determinado pelos demandantes; 
- Grande dificuldade de entrada no mercado para novos compradores. 
 
Exemplo: indústria automobilística, fábricas de cigarros. 
 
O mercado também cria algumas imperfeições que impedem o que se poderia chamar de 
seu comportamento “natural”. Estas imperfeições estão relacionadas ao poder de mercado 
e formas de atingi-lo ou mantê-lo. É o caso do truste, dumping e cartel. 
 
O truste é o tipo de estrutura em que várias empresas, já detendo a maior parte do 
 
mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle, estabelecendo preços 
elevados que lhes garantam altas margens de lucro. 
 
O dumping se caracteriza pela venda de produtos a preços mais baixos que os custos coma finalidade de eliminar concorrentes e conquistar fatias maiores de mercado. 
 
Cartel é um grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua 
atuação coordenada, com vistas a interesses comuns. O tipo mais comum de cartel é o de 
empresas que produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de 
mercado. Apesar de manterem a sua independência e individualidade, as empresas 
participantes do cartel devem respeitar as regras determinadas pelo grupo. 
 
4.5 AÇÃO GOVERNAMENTAL E ABUSOS DE MERCADO 
 
Criado em 1962 (Lei n. 4.137), o Conselho Administrativo de Direito Econômico 
(CADE) é uma autarquia ligada ao Ministério da justiça, que tem por objetivo julgar 
processos administrativos relativos a abusos do poder econômico, bem como analisar 
fusões de empresas que podem criar situações de monopólio ou maior domínio de mercado. 
Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos consumidores 
em termos de menores preços ou produtos tecnologicamente mais avançados, o CADE 
manda desfazer o negócio entre as partes. 
 
Saiba mais 
 
Cartel: grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação 
coordenada com vistas a interesses comuns. O tipo mais comum é o de empresas que 
produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de mercado. 
 
Truste: tipo de estrutura em que várias empresas já detendo a maior parte de um 
mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar este controle, estabelecendo preços 
elevados que lhes garantam altas margens de lucro. Os trustes, em muitos países são 
proibidos por lei, mas de eficiência duvidosa. 
 
(SANDRONI, 1994, p. 44 e 357) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 04 - QUESTIONÁRIO 
 
ALUNO: ___________________________________________________________ 
 
 
 
1. Conceitue Mercado e quais são os critérios adotados para a sua classificação? 
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2. Defina preço de equilíbrio. 
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3. Cite as principais diferenças entre monopólio e oligopólio. 
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4. O que é o CADE? Como ele atua? 
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5. Conceitue oferta e aponte os fatores que influenciam o comportamento dos 
ofertantes no mercado. 
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6. Conceitue demanda e aponte os fatores que influenciam os demandantes no 
mercado. 
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7. Por que os empresários usam a propaganda? 
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8. Quais são os regimes de mercado em que a propaganda é mais eficiente? Por quê? 
 
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