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UNIDADE 4 O MERCADO, COMPETIÇÃO E PREÇOS Mercado é o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode estar em qualquer lugar, na esquina de uma rua ou no outro lado do mundo, ou bem perto como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser um lugar fixo. Nele estão presentes os fundamentos da procura e da oferta, que representam os interesses de consumidores e produtores (ou vendedores). 4.1 DEMANDA DE MERCADO A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período tempo. A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e ou, gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus (a quantidade demandada ou ofertada varia apenas em função de alterações de preço), ou seja, considera- se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor. A relação quantidade/preço procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme a apresentada a seguir: Alternativa de preço ($) Quantidade demandada 1,00 12.000 3,00 8.000 6,00 4.000 8,00 3.000 10,00 2.000 Outra forma de apresentar essas diversas alternativas seria através da curva de procura. Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q. Assim: Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à curva há toda uma teoria de valor, que envolve como vimos os fundamentos psicológicos do consumidor. A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus. 4.1.1. Outras Variáveis que afetam a demanda de um bem Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que afetam a procura. Para a maioria dos produtos, a procura será afetada também pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências e hábitos dos consumidores. Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados de bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variáveis da renda; por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a demanda de bem não é influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal etc.). A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação direta de preço de um bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos ou concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo, um aumento no consumo no preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante. Quando há relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (quantidade de automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das gravatas etc.). Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos e preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e propaganda objetivam aumentar a procura de bens e serviços influenciando suas preferências e hábitos. Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e salário etc. Sob a ótica da demanda, alterações no gosto ou preferência dos consumidores, na renda da população, nos preços de outros bens e nas expectativas sobre o futuro podem influenciar significativamente as quantidades demandadas pela sociedade, mantendo os demais fatores constantes: - Aumento no consumo de sucos naturais faz com que diminua a quantidade demandada de refrigerantes; - Elevação na renda de uma comunidade determinará maior demanda por bens de consumo duráveis. 4.2. OFERTA DE MERCADO Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Quanto mais alto é o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores estarão dispostos a oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quantidades os vendedores estarão dispostos a oferecer. É a lei da oferta: as quantidades ofertadas variam diretamente com os preços. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos preços de produtos substitutos, das preferências do empresário, do mercado e da tecnologia. Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É chamada Lei Geral da Oferta. Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço: Preço ($) Quantidade ofertada 1,00 1.000 3,00 5.000 6,00 9.000 8,00 11.000 10,00 13.000 Essa escala pode ser expressa graficamente como a seguir: A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve- se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula as empresas a produzirem mais, aumentando sua receita. Outra forma de leitura: os custos de produção aumentarão, e a empresa deverá elevar seus preços para continuar produzindo o mesmo que antes. Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por diversas causas. Aperfeiçoamento das técnicas produtivas, redução dos custos de produção, condições climáticas favoráveis ou concessão de subsídios ao produto, certamente aumentarão as quantidades ofertadas, mesmo mantendo-se estável o preço. Por outro lado, fatores como condições climáticas desfavoráveis ou aumento dos impostos sobre o produto provocarão diminuição nas quantidades ofertadas. Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das matérias-primas deve provocar coeteris paribus, uma retração da oferta do produto. A relação entre a oferta e uma melhoria tecnológica é diretamente proporcional, o mesmo ocorrendo com uma variação no número de empresas ofertantes no setor. 4.3. DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EQUILÍBRIO O objetivo deste capítulo é demonstrar o funcionamento do mercado num sistema econômico. Para determinar este funcionamento, devemos, antes, compreender o significado da palavra mercado e quais as suas funções. O mercado, num sistema econômico, é formado pelas pessoas que querem comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os empresários. Naturalmente, não nos referimos apenas à presença física de consumidores e produtores, mas sim às suas intenções de compra e venda que estão representadas nas curvas de demanda e de oferta, respectivamente. Assim, o mercado pode ser definido como o encontro da oferta com a demanda por bens e serviços em uma economia. O resultado desse encontroé a determinação do preço a que cada bem ou serviço será negociado, assim como as quantidades transacionadas. Vejamos como isso ocorre. Conforme estudamos, as curvas de oferta e procura expressam uma relação entre preços e quantidades. Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial, pois tanto produtores como consumidores estão apenas expressando as quantidades dos bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços. Portanto, com a análise isolada das curvas de oferta e demanda, não é possível determinar a quantidade em que cada bem será comprado e vendido, nem a que preço será negociado. Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar em equilíbrio. Em outras palavras, deve ser encontrado um preço pelo qual os empresários e consumidores realizem seus negócios, isto é, vendam e comprem uma certa quantidade de bens ou de serviços. Esse preço é chamado preço de equilíbrio. A figura a seguir representa o mercado de um determinado bem X, com sua oferta e demanda representada pelas letras O e D, respectivamente. No eixo vertical, representamos o preço de X (pk) e no horizontal, a quantidade (Q,). Ao preço de R$ 4,00, os consumidores estariam dispostos a comprar apenas 10 unidades de X (ponto A), enquanto os produtores oferecem 25 unidades de X (ponto B). Certamente, esse não é o preço de equilíbrio, pois a oferta é maior do que a demanda. Por outro lado, se o preço fosse R$ 2,04, a oferta seria de 10 unidades (ponto C), e a demanda, de 25 unidades (ponto D), o que também não determinaria o preço de equilíbrio. Por definição, o preço de equilíbrio é aquele que torna iguais a oferta e a demanda. Observando o gráfico, verificamos facilmente que esse preço é R$ 3,00 e que nele (ponto E) a oferta e a demanda de X são iguais a 18 unidades. Quando isso acontece, a oferta e a demanda são iguais a um determinado preço e dizemos, então, que o mercado está em equilíbrio. Efetivamente, esse é o mecanismo que determina os preços dos bens e serviços numa economia capitalista, ou economia de mercado. O preço que pagamos por um maço de cigarros, por um par de sapatos ou por um quilo de feijão é determinado pelo mercado, pela oferta e procura de cada um desses bens. 4.3.1 Oferta, Demanda e Equilíbrio em um Mercado Competitivo Em primeiro lugar, é necessário caracterizar o que é um mercado competitivo. Para ser considerado competitivo (ou perfeito), um determinado mercado (o de ameixas, por exemplo) deve apresentar as seguintes características. Deve existir um grande número de compradores e vendedores, de modo que nenhum deles, individualmente, pode influenciar o preço ao decidir comprar ou vender um produto. É lógico que esse raciocínio não vale caso um grande número de participantes do mercado tome essa decisão conjuntamente. Além disso, estamos falando de um mercado cujo produto é homogêneo (sem diferenciação). Nesse caso, o produto de uma firma é, essencialmente, um substituto perfeito do produto de outra firma. Se há diferenciação entre os produtos, não estamos falando de um mercado de concorrência perfeita (como será visto mais tarde). Adicionalmente, não há barreiras à entrada de novas firmas nesse mercado (mobilidade de recursos e produtos), de tal forma que novos concorrentes podem entrar no mercado e os recursos podem ser facilmente transferidos para usos mais eficientes. Por fim, supõe- se que há perfeita informação nesse mercado. Ou seja, demandantes e ofertantes detém perfeito conhecimento das informações necessárias sobre preços, processos de produção etc. Isso garante que consumidores não paguem um preço mais alto do que o de equilíbrio de mercado e nem empresas vendam a um preço mais baixo. Percebam que pelo tamanho das hipóteses, não é fácil encontrar em nosso cotidiano um mercado que atenda simultaneamente a todos esses requisitos. Questões subjetivas como atendimento ou preferência por uma determinada marca podem resultar em diferenciações que afetam as decisões dos consumidores, ainda que, objetivamente, estejamos falando de um mesmo produto. Esse pode ser o caso de um produto financeiro como um seguro de automóvel. Mercados competitivos, então, podem ser vistos como uma situação ideal que, em geral, tornam as análises econômicas mais simples, visto que, nesse caso, os agentes (empresas e consumidores) consideram os preços dos bens e serviços como dados (não são afetados por suas decisões individuais). Como veremos mais tarde, quando algumas dessas condições não são verificadas, observamos outras estruturas de mercado (monopólio, oligopólio, entre outras) e as decisões de empresas e consumidores tornam-se um pouco mais complexas. Tendo em mente as características de um mercado competitivo, estamos agora em condições de analisar a formação do preço de equilíbrio (ou equilíbrio de mercado). O equilíbrio no mercado se origina da interação entre oferta e demanda. Dessa ação conjunta resultará um determinado preço, chamado de preço de equilíbrio, ao qual corresponderá uma igualdade entre as quantidades ofertada e demandada (Gráfico 9). Há uma coincidência de desejos. Assim, ao preço de equilíbrio, à quantidade de um bem desejada pelos consumidores corresponderá uma quantidade ofertada pelas empresas. De outro modo, o preço de equilíbrio garante que cada comprador disposto a pagar aquele preço encontre um vendedor disposto a vender ao mesmo preço. Percebam que esse fato talvez não fosse possível caso os agentes não possuíssem perfeita informação sobre o mercado. Reforçando o conceito: em um mercado competitivo, quem determina o preço de equilíbrio são as condições de oferta e demanda. Todos os vendedores recebem o mesmo preço pela venda do produto (denominado preço de mercado). Os compradores não irão adquirir um produto mais caro, sabendo que poderão adquiri-lo a um preço menor. Por seu lado, os vendedores não venderão mais barato, sabendo que poderão vendê-lo a um preço maior. Dessa forma, uma vez alcançado o preço de equilíbrio, há uma tendência natural de que esse preço não se altere, pois não existem motivos para isso. A não ser que ocorram mudanças nas condições de oferta e/ou demanda (deslocamentos das curvas). Mas como se daria essa “tendência natural” dos preços se movimentarem ao ponto de equilíbrio? Suponha a situação representada no gráfico dez em que, ao preço P0, os desejos das empresas em ofertar produtos (QO0) superam os desejos dos consumidores em adquiri-los (QD0). Nesse ponto, não há coincidência de desejos e, portanto, P0 não pode ser um preço de equilíbrio (o mercado não está em equilíbrio). Tecnicamente, há um excesso de oferta de produto (a distância entre os pontos A e B no gráfico). Em tal situação, as forças de mercado (oferta e demanda) agirão para reconduzir esse mercado ao ponto de equilíbrio. Os vendedores perceberão que não conseguem vender tudo que desejam e caso produzam essa quantidade, seus estoques aumentarão. Assim, como há perfeita informação, os consumidores percebem o excesso de oferta (diferença entre QO0 e QD0) e passam a negociar o preço, motivo pelo qual as empresas oferecem o produto a um preço menor. Esse menor preço resultará em incentivos distintos para consumidores e produtores. Os primeiros desejarão mais produtos e os últimos não serão incentivados a produzir a mesma quantidade de antes (setas indicativas ao longo das curvas). Esse movimento de redução nos preços e na quantidade produzida e de elevação no desejo dos consumidores em adquirir o bem acontecerá até que oferta e demanda se igualem novamente. Isso acontecerá quando o preço alcançar PE no gráfico dez. Portanto, em mercados competitivos, o preço de um bem sempre cai quando há um excesso de oferta (deslocamento do preço de P0 para PE). Situação inversa ocorre quando o preçoestá abaixo do nível de equilíbrio (ponto P0 do gráfico 11). Nesse caso, os consumidores são incapazes de comprar tudo que desejam (excesso de demanda) ao preço existente e se dispõem a pagar mais. Os vendedores, observando a escassez, percebem que podem elevar os preços sem reduzir as vendas. E não só isso. São também incentivados a produzir mais. Desse modo, o movimento de elevação dos preços conduzirá a uma elevação da oferta e a uma redução do desejo dos compradores em adquirir o bem (conforme as setas indicativas ao longo das curvas). Esse movimento continuará até que o preço de equilíbrio (PE) seja alcançado. Retomando o exemplo da Coca-Cola (Gráfico 12): a mudança da tecnologia gerou queda no preço e um aumento na quantidade de Coca-Cola negociada no mercado. Houve um deslocamento da oferta da esquerda (O1) para a direita (O2). Como a demanda pelo produto é negativamente inclinada (diminuições do preço geram aumento da quantidade demandada) e como houve aumento na produtividade, a Coca-Cola pôde diminuir seu preço de P1 para P2, gerando um novo equilíbrio de mercado com maiores quantidades negociadas (aumento de Q1 para Q2). O resultado foi uma melhoria para consumidores e produtores. Estes pela obtenção de maiores lucros e aqueles por comprarem mais a preços menores. Custos e decisões de produção Nas considerações sobre mercado, estabelecemos as decisões das empresas em termos do preço de mercado dos produtos. Estava implícito na análise da curva de oferta que o desejo de produzir mais quando o preço aumentava ocorria porque o custo unitário do produto (ou custo médio) se mantinha constante. Entretanto isso não é verdade sempre e, desse modo, um preço maior não necessariamente levará a uma maior produção. Nossa tarefa agora será olhar mais de perto o comportamento dos custos e como eles afetam as decisões das empresas em produzir ou mesmo encerrar suas operações. Para iniciar a discussão, pense em uma empresa cujo preço de mercado está tão baixo que a receita total (preço multiplicado pela quantidade) é inferior ao custo total. A pergunta que deve se fazer a essa empresa e se ela deve continuar a operar, mesmo com prejuízo, ou deve fechar as portas. À primeira vista essa parece uma pergunta não muito inteligente. Afinal de contas, por que uma empresa que opera com prejuízo deveria continuar produzindo? Antes de respondermos à questão acima, é importante estabelecermos alguns conceitos sobre custos, visto que a tomada de decisões econômicas é, em grande parte, um processo de comparar custos e benefícios: ■ Custo fixo (CF) – não dependem da quantidade produzida. ■ Custo variável (CV) – como as quantidades produzidas variam diretamente com o uso dos insumos produtivos (fatores de produção), tais custos se alteram proporcionalmente à produção. No limite, quando a produção é zero, ao contrário do custo fixo, o custo variável deveria ser nulo. ■ Custo total (CT) – soma do CF e CV. ■ Custo médio (Cme) – custo total dividido pela quantidade produzida. ■ Custo variável médio (Cvm) – custo variável dividido pela quantidade produzida. ■ Custo marginal (Cmg) – custo de uma unidade adicional de produto. Como o custo fixo não muda com a produção, pode-se dizer que o custo marginal é o acréscimo do custo variável necessário para se produzir uma unidade a mais de produto. Ilustrando os conceitos Imagine uma pequena fábrica (Compre Bem) que produza calças. Para o empresário produzir calças, ele aluga uma máquina ou faz um leasing pagando R$20,00 por semana. Esse será o custo da máquina independente da intensidade de seu uso (custo fixo). A máquina é operada apenas por um trabalhador, cujo salário-hora é de R$1,00 durante a semana. A máquina operada pelo trabalhador produz uma calça por hora. Assumindo que a empresa contratou o trabalhador durante cinco dias da semana trabalhando oito horas por dia, o produto corrente será de 40 calças semanais e os custos, também por semana, serão os especificados no quadro dois: Para entendermos a importância desses conceitos, bem como a sua aplicabilidade para a tomada de decisão correta da empresa, suponha que a fábrica Compre Bem receba uma encomenda de 41 calças semanais ao preço de R$ 1,80 cada. Para produzir a calça adicional, além das 40 costumeiras, a empresa está pensando na possibilidade de solicitar ao seu funcionário que faça hora-extra. No entanto, pela legislação vigente, a hora de trabalho adicional custaria à empresa R$ 2,00. Deveria a fábrica aceitar a encomenda em sua totalidade? A produção da fábrica está em 40 peças semanais e o custo médio é dado por R$1,50, o que significa que a empresa está obtendo lucros. Se aumentasse a sua produção para 41 unidades olhando apenas o custo médio (que agora seria de R$ 1,51), o empresário estaria tomando a decisão errada. Isso porque o que é relevante para decisões na margem (produção adicional) é o custo marginal, não o médio. Como o custo marginal para se produzir mais uma unidade (além das 40) é de R$ 2,00, contratar a hora adicional de trabalho reduzirá o lucro. Isso porque a receita adicional de vender mais uma calça (receita marginal) é menor do que o custo adicional (marginal) incorrido pela empresa para produzir essa unidade. Em outros termos, o lucro adicional (ou marginal) é negativo (Quadro 3). O lucro marginal (acréscimo do lucro decorrente da produção adicional de uma unidade) é igual à diferença entre a receita marginal e o custo marginal. Portanto, o custo marginal deve ser o indicador para a empresa decidir se vale a pena produzir unidades adicionais de produto. Agora, suponha que devido à concorrência de produtos chineses, o preço de mercado das calças no Brasil caia para R$1,30. Aqui, voltamos à pergunta feita no início da discussão sobre custos: deveria a fábrica Compre Bem encerrar as atividades? À primeira vista, a resposta é positiva, visto que produzindo as 40 calças semanais ela estaria trabalhando com prejuízo: receita total de R$ 52,00 e custo total de R$ 60,00. O prejuízo advém do fato de que a receita total não está cobrindo o custo total ou, em outros termos, o custo médio supera a receita média (receita total dividida pela quantidade). Apesar disso, se a receita total estiver cobrindo o custo variável, embora não suficiente para cobrir também o custo fixo, a Compre Bem deveria continuar a operar, pois, enquanto não puder eliminar o custo fixo, o prejuízo será menor do que se ela encerrar as atividades. Façamos os cálculos. Portanto, é sensato que a empresa continue suas operações, pois pelo menos uma parte do custo fixo está sendo recuperado. De toda a discussão, no curto prazo, enquanto os custos fixos não podem ser eliminados, o custo variável médio em comparação ao preço deve ser a variável de decisão entre continuar operando ou não. Custo de oportunidade e custo afundado Já vimos, no início, o que significa custo de oportunidade – o benefício perdido pelo fato de se aplicar o recurso em uso alternativo. Assim, os custos de oportunidade devem ser levados em consideração na tomada de decisões econômicas. Entretanto, existe um outro custo, que se assemelha aos custos fixos, que não deveriam ser levados em conta nas tomadas de decisões econômicas. Eles são chamados de custos afundados. Em geral, ele é definido como um determinado investimento que não apresenta nenhum uso alternativo, ou seja, é um ativo sem custo de oportunidade. Suponha que você seja recém-formado em economia e esteja avaliando a possibilidade de pedir demissão do seu emprego para abrir uma consultoria. No seu cálculo, os custos fixos e variáveis envolvidos no funcionamento do seu escritório, bem como o custo de oportunidade de deixar de receber o salário do emprego devem ser levados em consideração. No entanto, as despesasefetuadas durante a sua formação (livros, mensalidade escolar etc.) não deveriam ser ponderadas em sua decisão, pois representam custos afundados. Portanto, as decisões econômicas devem ser baseadas em custos econômicos (que incluem os custos de oportunidade) e não nos dispêndios já realizados, pois, muitas vezes, tais dispêndios incluem os custos afundados. ELASTICIDADE Elasticidade-preço da demanda Sabemos que mudanças nos preços dos bens, ceteres paribus, provocam alterações nas quantidades demandadas. Uma questão prática e de interesse é o grau em que a quantidade demandada responde a uma variação nos preços. Essa é uma consideração importante, pois, de um lado, afeta as despesas do consumidor e, de outro, a receita dos produtores. O conceito de elasticidade- preço da demanda permite determinar o quanto a quantidade demandada depende (ou responde) dos preços, sem que nos preocupemos com as unidades de medida do bem produzido. Um exemplo pode ajudar a entender esse ponto. Imagine duas curvas de demanda de bens diferentes que mostrem o seguinte: uma variação de R$ 5,00 nos preços provoca uma alteração de 80 unidades na demanda para ambos os bens. Você seria capaz de dizer, com a informação acima, qual dos dois bens é mais sensível aos preços? Certamente que não. Imagine que os bens em questão sejam TV’s de LCD e feijão. O aumento de R$ 5,00 no preço da TV de LCD representa muito pouco em relação ao preço total do bem. Contudo, foi suficiente para alterar a quantidade demandada o que nos permite afirmar que a demanda por TV de LCD é relativamente sensível a alterações nos preços. Já para o feijão não se pode dizer que a alteração na quantidade evidencie uma alta sensibilidade da sua demanda em relação ao preço, uma vez que a variação de R$ 5,00 é bastante significativa em relação ao preço corrente do feijão. Por isso precisamos de uma medida diferente para mensurar a sensibilidade da demanda a alterações nos preços. A forma utilizada em economia para medir essa sensibilidade é a elasticidade-preço da demanda, na qual se relaciona a variação percentual da quantidade demandada com a variação percentual nos preços. O resultado dessa conta nos indicará quantos pontos percentuais a demanda pelo bem “x” varia quando observamos uma alteração de 1% no seu preço e pode ser representada pela seguinte fórmula: Onde: Como a relação entre preço e quantidade demandada é inversa (negativa), o valor encontrado para a elasticidade-preço da demanda será sempre negativo. No entanto, é mais usual representá-la em termos absolutos, porque já está implícito que o sinal é negativo. Observem que o conceito de elasticidade fornece um número “puro”, pois não depende da unidade de medida utilizada, já que se refere a uma razão entre duas percentagens, de modo que é indiferente a unidade de medida da quantidade demanda estar em quilos ou unidades. Essa característica nos permite comparar a sensibilidade de resposta da demanda a variações nos preços de produtos e setores diferentes (automóveis, celulares, feijão etc.). Em valor absoluto, a elasticidade varia entre zero e infinito. Assim, precisamos definir alguns conceitos adicionais para dizer se determinado bem é pouco ou muito sensível às variações nos preços. Dizemos que a demanda por um bem é preço-elástica se a variação de 1% nos preços causar uma variação percentual maior do que 1% na quantidade demandada (ed>1). Por outro lado, uma demanda preço-inelástica ocorre quando diante de uma variação de 1% nos preços, a variação na quantidade demandada é menor do que 1% (ed<1). Por fim, a demanda possui uma elasticidade-preço igual à unidade (elasticidade unitária) quando as variações percentuais no preço e na quantidade ocorrem na mesma proporção. Antes de prosseguirmos, vale uma ressalva sobre o conceito de elasticidade. Tecnicamente falando, elasticidade se refere a um ponto na curva de demanda (é um conceito pontual) e não à curva de demanda como um todo, de modo que não é rigorosamente correto afirmar, como fizemos acima, a não ser em casos especiais (não tratados aqui), que a demanda é elástica ou inelástica (Pinho e Vasconcellos, 2006). Um exemplo nos ajudará a entender esse ponto. Suponha que os valores apresentados no quadro quatro representem combinações de preço e quantidades da uma curva de demanda por ameixas. De acordo com esses dados, a curva de demanda por ameixas é a constante do gráfico 13. Calculemos então a elasticidade-preço da demanda para um aumento do preço a partir do ponto B para o ponto C e do ponto I ao ponto J. No primeiro caso, utilizando a fórmula, a elasticidade seria: Portanto, no ponto B, a elevação de 1,0% nos preços provoca uma redução de aproximadamente 0,111% na demanda, sugerindo uma demanda inelástica ao preço. Já para o ponto I, teríamos: Esse resultado sugere que no ponto I a demanda seja elástica ao preço. Como mostrado nos cálculos acima, a elasticidade-preço varia ao longo da curva de demanda, de modo que podemos observar, na mesma curva, regiões em que a demanda é elástica ao preço e regiões em que ela é inelástica. Vejamos um outro exemplo para nos ajudar a fixar o conceito. Suponha que uma situação de equilíbrio seja modificada por um aumento da oferta, como mostrada nos gráficos 14 “a” e 14 “b”. Em ambos os casos, as curvas de oferta são as mesmas, assim como o preço e a quantidade inicial de equilíbrio, mas as curvas de demanda são distintas. Na situação expressa pelo gráfico 14 “a”, a partir do equilíbrio inicial, há um grande aumento na quantidade demandada e pequena variação no preço. Já no gráfico 14 “b”, ocorre o contrário. Então, poderíamos ser tentados a dizer que a demanda do primeiro gráfico é elástica ao preço e, do segundo, inelástica. Mas, como realçado anteriormente, essa seria uma afirmação equivocada, visto que elasticidade é um conceito pontual e, ao longo da mesma curva de demanda, podemos encontrar situações de elasticidades maiores e menores do que a unidade. Portanto, o correto, no caso de curvas, é uma afirmação relativa: a demanda representada no gráfico 14 “a” é mais elástica do que a representada no gráfico 14 “b”. E não que a primeira é elástica e a segunda inelástica. Receita total das empresas e elasticidade-preço da demanda Conhecer a magnitude da elasticidade-preço da demanda em determinado ponto da curva de demanda é importante, pois a partir dela podemos inferir se um aumento de preços elevará ou reduzirá a receita total do vendedor. A receita total de uma empresa é igual à quantidade vendida multiplicada pelo preço da mercadoria. Sendo assim, como uma elevação nos preços reduz a quantidade demandada, qual deve ser o efeito líquido dessa mudança nos preços? A elasticidade-preço da demanda se encarrega de nos responder essa questão: ■ se a demanda por um bem é preço-elástica, um aumento de preço reduz a receita total; se há uma queda de preço, a receita total aumenta. Isso acontece no caso de uma demanda preço-elástico, pois a variação na quantidade mais do que compensa a variação nos preços; ■ se a demanda de um bem é preço-inelástica (elasticidade menor que 1), um preço mais alto aumenta a receita e uma queda de preço reduz a receita total; e ■ se a demanda por um bem tem elasticidade unitária, o aumento de preço não muda a receita total visto que as variações no preço e na quantidade se compensam. Considere o seguinte exemplo sobre a venda de anúncios veiculados em uma revista especializada em mercado financeiro. No período 1, foram vendidos oito anúncios no valor de R$ 7 mil cada. Portanto, a receita publicitária no período 1 corresponde a R$ 56 mil. Suponha que houve um reajuste no período 2 e o preço do anúncio passou a valer R$ 9 mil. Com o novopreço, a revista conquistou apenas cinco anunciantes. Desse modo, a receita publicitária passou de R$ 56 mil para R$ 45 mil. Calculando a elasticidade-preço da demanda: Como na combinação de preço e quantidade do exemplo (um ponto específico da curva) a demanda é preço-elástica (elasticidade maior que 1), um aumento de preço contribui para a redução da receita total. A redução da receita ocorre porque o aumento do preço gera dois efeitos: ■ efeito preço - o aumento de preço tende a aumentar a receita; ■ efeito quantidade - o aumento do preço gera a redução da quantidade demandada (lei da demanda), o que tende a diminuir a receita. Considerando o exemplo, pode-se afirmar que o efeito quantidade foi superior ao efeito preço. Os exemplos acima nos mostraram a importância da elasticidade para a determinação da receita das empresas diante de uma alteração nos preços. Então, torna-se relevante relacionar alguns elementos que nos ajudem a entender porque determinados bens possuem uma elasticidade-preço maior do que outros. Como diversos fatores afetam a demanda, não é fácil precisar o que efetivamente determina a elasticidade-preço da demanda. Contudo, com base na experiência, é possível relacionar algumas regras relativas aos fatores que a influenciam: ■ necessidades versus supérfluos - os bens necessários tendem a serem menos elásticos ao preço. A demanda por um remédio de uso contínuo tende a ser menos elástica ao preço do que a demanda por sorvetes; ■ disponibilidades de substitutos próximos - bens que dispõem de substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica; ■ horizonte temporal – em geral, a demanda é mais elástica ao preço quanto maior o horizonte temporal em consideração. Isso ocorre porque ao longo do tempo podemos adaptar nosso consumo ou pode surgir um maior número de substitutos aos bens, de modo que a demanda tenderá a ser mais sensível a elevações nos preços. A demanda por petróleo é um bom exemplo. É provável que daqui a algumas décadas, com o surgimento de fontes alternativas de energia, a demanda por petróleo se torne muito mais sensível aos preços do que é atualmente. Uma última nota sobre elasticidade-preço da demanda refere-se a dois casos extremos mostrados nos gráficos 15 “a” e 15 “b”. No primeiro, temos uma situação de total insensibilidade aos preços (demanda perfeitamente inelástica). Já, no segundo, observamos o outro extremo (demanda perfeitamente elástica). Elasticidade-renda da demanda É a medida de quanto a demanda por um bem é afetada por mudanças na renda dos consumidores. O sinal da elasticidade-renda da demanda depende do tipo de bem envolvido. Quando envolve bens normais a demanda aumenta diante de um aumento da renda e a elasticidade-renda da demanda é positiva. Por outro lado, quando envolve os chamados bens inferiores, a demanda diminui quando a renda aumenta e a elasticidade- renda da demanda é negativa. Os bens inferiores normalmente são caracterizados por bens de pior qualidade e baixo preço, de modo que quando os consumidores percebem uma elevação de sua renda tendem a substituir o consumo desses bens por outros de melhor qualidade. Podemos citar como exemplo de um bem inferior os refrigerantes não tradicionais (as chamadas tubaínas) ou mesmo carne de segunda. Em relação aos bens normais (os mais comuns), podem ocorrer duas circunstâncias em relação à elasticidade-renda: ■ elasticidade-renda da demanda é maior que 1: a demanda é elástica em relação à renda, ou seja, o aumento da demanda é superior ao aumento da renda. Os economistas costumam rotulares os bens com essa característica como bens superiores. Exemplo: artigos de luxo. ■ elasticidade-renda da demanda é inferior a 1: a demanda é inelástica. Nesse caso, em termos proporcionais, a demanda aumenta menos do que o aumento da renda. Exemplo: gêneros de primeira necessidade. Em termos gerais, produtos básicos têm elasticidade-renda baixa e os bens supérfluos têm elasticidade-renda alta. Elasticidade-preço da oferta É a medida de quanto à oferta de um bem é afetada por mudanças no preço dos produtos. Nos gráficos a seguir (16 “a” e 16 “b”), você encontra os casos extremos de elasticidade- preço da oferta. Os casos intermediários são análogos ao estudado no caso da elasticidade- preço da demanda. No entanto, vale lembrar que, ao contrário da demanda, a elasticidade- preço da oferta é positiva. Isso decorre do fato de que, na curva de oferta, preço e quantidade variam na mesma direção. Fatores que determinam a elasticidade-preço da oferta: ■ disponibilidade de insumos - a elasticidade-preço da oferta tende a ser alta quando não há problema de disponibilidade de insumos e baixa quando os insumos são difíceis de serem obtidos. ■ tempo - a elasticidade-preço da oferta tende a tornar-se maior à medida que os produtores têm mais tempo para responder às mudanças de preço. 4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS Até o momento, estivemos discutindo o mercado considerando a demanda de um consumidor individual e a oferta de um empresário individual, com relação a um determinado bem. Entretanto, o mercado de um bem é constituído pela oferta de todos os produtores desse bem e por todos os consumidores que estão dispostos a comprá-lo. Assim, é o equilíbrio entre a oferta dos empresários e a demanda dos consumidores que estabelece o preço de equilíbrio, ou o preço de mercado, que é a mesma coisa. Nesse sentido, do ponto de vista do empresário, é importante saber exatamente quais são as características do mercado para o seu produto, para que a empresa possa tomar as medidas adequadas ao seu bom desempenho. Para que se tenha um bom conhecimento dos mercados, eles são classificados de acordo com dois critérios. O primeiro diz respeito à importância da empresa no mercado em que opera e o segundo refere-se ao fato de os produtos vendidos no mercado serem homogêneos ou não. Com base nesses critérios, os mercados foram classificados em quatro tipos: Concorrência pura ou perfeita; Monopólio puro; Oligopólio; Concorrência monopolística. A concorrência pura ou perfeita é um tipo de mercado que exige um número bastante grande de empresas vendendo o mesmo produto. Esse produto é idêntico em todas as empresas, tornando impossível a determinação de sua origem pelos consumidores. Quanto aos critérios adotados para a classificação dos mercados, na concorrência pura, cada empresa, tomada individualmente, não é importante em seu mercado, pois ela contribui com tão pouco para a oferta total que a sua saída do mercado não é notada pelas demais empresas ou pelos consumidores. O produto oferecido nesse mercado é homogêneo, já que o bem produzido por uma empresa é exatamente igual ao bem produzido por outra. Quando estão comprando esse produto, os consumidores não são capazes de determinar em que empresa ele foi produzido, mas isso também não é importante para eles. A concorrência pura é um conceito de mercado que, apesar de largamente empregado na teoria econômica, não é encontrado facilmente no mundo real. O exemplo que mais se aproxima desse tipo de mercado é o dos produtos agrícolas. Com efeito, a laranja é um produto homogêneo, pois quando um consumidor a está comprando na feira, não sabe dizer em que fazenda foi produzida e nem se importa com tal fato. Além disso, há um número bastante grande de fazendas que produzem laranjas e nenhuma delas é importante o bastante dentro do mercado para alterar o preço vigente com a interrupção de sua produção, por exemplo. O monopólio puro é um tipo extremo de mercado, em que apenas uma empresa vende um produto para o qual não existem bens substitutos. A importância dessa empresa no mercado é absoluta, pois com o encerramento de suas atividades o mercado deixariade existir, pelo fato de o bem fabricado por ela não mais ser ofertado. O produto ofertado nesse mercado é diferenciado, não homogêneo, há possibilidade de ser substituído por outros satisfatoriamente. O monopólio puro também é uma situação de mercado dificilmente encontrada no mundo real. Na iniciativa privada, esse tipo de mercado não é encontrado pelo fato de ser impossível para qualquer empresa que esteja operando nesse regime impedir a entrada de outra empresa no mercado ofertando um produto similar ao seu. Os únicos casos de monopólio puro são encontrados no setor público, como o abastecimento de água de uma cidade, que está a cargo do governo estadual ou da prefeitura. Nesse caso, temos realmente um monopólio puro, pois a companhia que oferta a água é a única naquele mercado, ou seja, na cidade, e a água não tem nenhum substituto próximo satisfatório. O oligopólio é um regime de mercado intermediário entre a concorrência pura e o monopólio puro. No oligopólio, temos um número de produtores pequeno o suficiente para que cada empresa seja importante, de modo que as ações de uma afetam as demais e os preços dos bens por elas produzidos. Além disso, esses bens, apesar de perfeitamente substituíveis entre si, são diferenciados, permitindo que o consumidor saiba exatamente qual empresa produziu determinado produto. Esse regime de mercado talvez seja o mais comumente encontrado na vida real. Os exemplos que podem ser citados são vários, indo desde bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos em geral e os automóveis, até bens de consumo não-duráveis, como sabão em pó e pasta de dente. O que caracteriza, à primeira vista, um caso concreto de oligopólio é a marca do produto. De fato, as geladeiras, por exemplo, são conhecidas pelo consumidor através de suas marcas, que identificam sua origem e a empresa que as produziu. E embora todas as geladeiras prestem o mesmo tipo de serviço e satisfaçam às mesmas necessidades, cada consumidor individualmente prefere esta ou aquela marca. O mesmo acontece com o sabão em pó e os automóveis. A concorrência monopolística é uma situação de mercado em que há um número suficientemente grande de produtores, de modo que cada produtor individualmente não é importante. Todos eles produzem um mesmo produto, mas na mente dos consumidores cada um deles é diferente dos demais, de acordo com a empresa que o produz. Neste caso temos um elemento da concorrência perfeita, que é o razoável número de empresas produzindo o mesmo bem, de modo que a saída de uma empresa do mercado não tem efeito sobre as demais. Temos, também, uma característica do oligopólio, que é o fato de cada produto ser diferente dos demais - pelo menos na mente do consumidor -, apesar de altamente substituíveis entre si. Como exemplos de concorrência monopolística, temos as fábricas de roupas da moda, os produtos têxteis e a prestação de serviços em grandes cidades. De fato, um vestido que segue as tendências da moda é produzido por um sem-número de fábricas, mas uma senhora pode preferir o vestido produzido por determinada fábrica. O mesmo ocorre com os serviços nas grandes cidades, como o de encanador, por exemplo. Ele pode ser realizado por um grande número de encanadores, mas uma pessoa com uma pia entupida chamará um profissional que seja de sua confiança. De acordo com a importância da empresa no mercado e a homogeneidade do produto ofertado, os mercados podem ser classificados em: Características Concorrência Perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência monopolista 1. Quanto ao número? Muito grande Só há uma empresa. Pequeno. Grande. 2. Quanto ao produto? Homogêneo. Não há quaisquer diferenças. Não há substitutos próximos. Poder ser homogêneo ou diferenciado. Diferenciado. 3. Quanto ao controle das empresas sobre os preços. Não há possibilidades de manobras pelas empresas. As empresas têm grande poder para manter preços relativamente elevados, sobretudo quando não há intervenções restritivas do governo (leis antitrustes). Embora dificultado pela interdependência entre as empresas, estas tendem a formar cartéis controlando preços e quotas de produção Pouca margem de manobra, devido à existência de substitutos próximo. 4. Quanto à concorrência extra- preço. Não é possível nem sempre eficaz. A empresa geralmente recorre a campanhas institucionais, para salvaguardar sua imagem. É intensa, sobretudo quando há diferenciação do produto. É intensa, exercendo-se através de diferenças físicas, embalagens e prestação de serviços complementares. 5.Quanto às condições de ingresso na indústria. Não há barreiras. Barreiras ao acesso de novas empresas. Barreiras ao acesso de novas empresas. Não há barreiras. REFORÇANDO O comportamento de ofertantes e demandantes no mercado não são uniformes. Em decorrência da própria dinâmica da economia capitalista, o poder dos diferentes agentes econômicos é também diferenciado. Veremos a seguir as características básicas dos principais tipos de mercado. CONCORRÊNCIA PERFEITA - Grande número de consumidores e ofertantes, tornando o mercado pulverizado de tal forma que nenhum comprador ou vendedor tenha condições de influenciar os preços ou o comportamento dos demais agentes; - Perfeito conhecimento do mercado, a começar pelo preço, por parte dos que o integram; - Perfeita mobilidade de recursos; - Ausência de entraves ao ingresso de novas empresas; - Homogeneidade de produtos. Exemplos: feira livre, comércio varejista em geral. CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA - Grande número de empresas; - Fracas barreiras ao ingresso e saída do mercado; - Pouca diferenciação dos produtos. Cada concorrente estabelece um produto único e ligeiramente diferenciado pela marca, embalagem, publicidade. A diferenciação é subjetiva. Exemplos: calças jeans, pizzarias, franquias, etc. OLIGOPÓLIO - Pequeno número de empresas controla a quase totalidade do mercado; - Forte bloqueio à entrada de concorrentes; - Concorrência pela diferenciação de produtos; - Tendência à concentração de capitais através de fusões; - Tendência à formação de cartéis e à rigidez de preços; Exemplos: indústria automobilística, de vidros, cimento, aço, pneumáticos, química, petroquímica etc. MONOPÓLIO - Existência de uma única empresa produtora de bens e serviços para os quais, no curto prazo, não existem substitutos próximos; - Barreiras legais, tecnológicas e econômicas ao ingresso de concorrentes no mercado; - Dimensões do mercado estabelecidas pela empresa viam determinação prévia do volume de produção e dos preços desejáveis; - O lucro total da empresa é máximo para cada nível de produção e preço por ela estabelecido. Exemplo: correios. MONOPSÔNIO - Uma única empresa compradora de determinado produto; - Preço determinado pelo comprador. Exemplo: setor público na compra de produtos específicos. OLIGOPSÔNIO - Poucas empresas compradoras; - Preço do produto determinado pelos demandantes; - Grande dificuldade de entrada no mercado para novos compradores. Exemplo: indústria automobilística, fábricas de cigarros. O mercado também cria algumas imperfeições que impedem o que se poderia chamar de seu comportamento “natural”. Estas imperfeições estão relacionadas ao poder de mercado e formas de atingi-lo ou mantê-lo. É o caso do truste, dumping e cartel. O truste é o tipo de estrutura em que várias empresas, já detendo a maior parte do mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle, estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro. O dumping se caracteriza pela venda de produtos a preços mais baixos que os custos coma finalidade de eliminar concorrentes e conquistar fatias maiores de mercado. Cartel é um grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada, com vistas a interesses comuns. O tipo mais comum de cartel é o de empresas que produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de mercado. Apesar de manterem a sua independência e individualidade, as empresas participantes do cartel devem respeitar as regras determinadas pelo grupo. 4.5 AÇÃO GOVERNAMENTAL E ABUSOS DE MERCADO Criado em 1962 (Lei n. 4.137), o Conselho Administrativo de Direito Econômico (CADE) é uma autarquia ligada ao Ministério da justiça, que tem por objetivo julgar processos administrativos relativos a abusos do poder econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações de monopólio ou maior domínio de mercado. Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos consumidores em termos de menores preços ou produtos tecnologicamente mais avançados, o CADE manda desfazer o negócio entre as partes. Saiba mais Cartel: grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada com vistas a interesses comuns. O tipo mais comum é o de empresas que produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de mercado. Truste: tipo de estrutura em que várias empresas já detendo a maior parte de um mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar este controle, estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro. Os trustes, em muitos países são proibidos por lei, mas de eficiência duvidosa. (SANDRONI, 1994, p. 44 e 357) UNIDADE 04 - QUESTIONÁRIO ALUNO: ___________________________________________________________ 1. Conceitue Mercado e quais são os critérios adotados para a sua classificação? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 2. Defina preço de equilíbrio. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 3. Cite as principais diferenças entre monopólio e oligopólio. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 4. O que é o CADE? Como ele atua? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 5. Conceitue oferta e aponte os fatores que influenciam o comportamento dos ofertantes no mercado. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 6. Conceitue demanda e aponte os fatores que influenciam os demandantes no mercado. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 7. Por que os empresários usam a propaganda? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 8. Quais são os regimes de mercado em que a propaganda é mais eficiente? Por quê? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________
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