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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL FACULDADE DE MEDICINA – FAMED EIXO DE APROXIMAÇÃO À PRÁTICA MÉDICA E COMUNIDADE SAÚDE E SOCIEDADE 3 ROTEIRO PARA VISITA TÉCNICA LOCAL: CAPS – Centro de Atenção Psicossocial DATA: 11/09/2021 PROFESSOR SUPERVISOR: João Klínio Cavalcanti PARTICIPANTE/ALUNO/A: Sofia Evangelista Arruda de Oliveira OBJETIVO: Conhecer o funcionamento, a história e a organização do CAPS COMO SURGIU O CAPS? A PARTIR DE QUE LEGISLAÇÃO HA UM ESTIMULO A SUA ABERTURA? O Centro de Atenção Psicossocial, CAPS, surge no final da década de 1980, na cidade de São Paulo, advindo da utilização do espaço que abrigava a já extinta Divisão de Ambulatório, instância técnica e administrativa da Coordenadoria de Saúde Mental, cuja função era dar assistência psiquiátrica extra-hospitalar. Nesse sentido, o 1º CAPS, denominado Professor Luís da Rocha Cerqueira, se propunha a oferecer um atendimento intensivo e diário aos portadores de doenças mentais, de tal forma a propiciar um atendimento em saúde mental mais humanizado e atento as necessidades dos indivíduos. É mister compreender, ainda, que o estimulo para a abertura desses locais ocorre a partir da Lei nº 10.216, proposta pelo deputado federal Paulo Delgado, também conhecida como Lei Paulo Delgado. Tal legislação foi responsável por instituir um novo modelo de tratamento aos portadores de transtornos mentais no Brasil É UM SERVIÇO NA PERSPECTIVA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA? QUAL O SEU PAPEL PRINCIPAL PARA A SOCIEDADE? De início, é preciso salientar que a reforma psiquiátrica pode ser entendida como sendo fundamentada não apenas na crítica conjuntural ao subsistema nacional de saúde mental, mas também na crítica estrutural ao saber e às instituições psiquiátricas clássicas até então vigentes no país. Esse movimento ocorre de forma concomitante ao período de redemocratização, caracterizado por ser um momento de crítica ao modelo hospitalocêntrico que regia as práticas médicas. A partir dessa perspectiva, é possível afirmar que o CAPS, decerto, alinha-se à perspectiva difundida pela Reforma Psiquiátrica, na medida em que esses espações têm por objetivo maior substituir uma saúde mental centrada no hospital por outra, sustentada em dispositivos diversificados, abertos e de natureza comunitária e territorial, rompendo-se definitivamente com o modelo sanitarista. Em suma, esses centros visam humanizar o atendimento psicossocial, levando o indivíduo e sua família a participarem de maneira ativa no processo de recuperação. Por fim, é, ainda, função dos CAPS prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica. É função, portanto, e por excelência, dos CAPS organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios. Os CAPS são os articuladores estratégicos desta rede e da política de saúde mental num determinado território. QUAIS OS SERVIÇOS/PROFISSIONAIS: A equipe que constrói CAPS é notadamente multidisciplinar, a fim de abranger as várias faces dos distúrbios mentais. Sob tal perspectiva, dentre os profissionais que compõem o CAPS, cita- se: médico (clínico, psiquiatra, neurologista) com formação em saúde mental, enfermeiro, psicólogo, farmacêutico e/ou auxiliar de farmácia, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico, técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. QUAL O PÚBLICO ALVO: Os pacientes desses centros são indivíduos, de todas as faixas etárias, que sofrem de transtornos mentais graves e persistentes. Dentro dessa população são incluídos, também, indivíduos com saúde mental debilitada pelo uso de substâncias psicoativas, bem como pessoas que fazem uso de crack, álcool e outras drogas. QUAL A DEMANDA DO SERVIÇO: A demanda do serviço será distinta conforme a clientela atendida e o perfil populacional dos municípios brasileiros, de tal modo que esses fatores irão modular não só o porte, mas também a capacidade de atendimento. Assim, é possível diferenciá-los em CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad. CAPS I: são os de menor porte, capazes de oferecer uma resposta efetiva às demandas de saúde mental em municípios com população entre 20.000 e 50.000. Estes serviços têm como clientela adulta com transtornos mentais severos e persistentes e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas; CAPS II: são serviços de médio porte, e dão cobertura a municípios com mais de 50.000. A clientela típica destes serviços é de adultos com transtornos mentais severos e persistentes. CAPS III: são os serviços de maior porte da rede CAPS. Previstos para dar cobertura aos municípios com mais de 200.000 habitantes, os CAPS III são serviços de grande complexidade, uma vez que funcionam durante 24 horas em todos os dias da semana e em feriados e realiza, quando necessário, acolhimento noturno; CAPSi: são especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais, são equipamentos geralmente necessários para dar resposta à demanda em saúde mental em municípios com mais de 200.000 habitantes; CAPSad: são especializados no atendimento de pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, são equipamentos previstos para cidades com mais de 200.000 habitantes, ou cidades que, por sua localização geográfica (municípios de fronteira, ou parte de rota de tráfico de drogas) ou cenários epidemiológicos importantes, necessitem deste serviço para dar resposta efetiva às demandas de saúde mental. COMO SE DÁ O ACESSO AO SERVIÇO: O acesso ao serviço pode ser por meio de um atendimento inicial, no qual o usuário procura uma Unidade básica de saúde ou é acompanhado pela família com seus documentos pessoais e cartão SUS para receber o primeiro acolhimento. A equipe da UBS realiza a triagem e nota a necessidade de um atendimento mais especializado, logo faz o encaminhamento para o CAPS. Entretanto, em casos de crise, o familiar ou responsável do usuário aciona o SAMU, o qual direciona o usuário para os leitos psiquiátricos existentes na região ou para qualquer ponto de atenção de urgência e emergência. COMO OCORRE O ACOLHIMENTO: O acolhimento consiste em uma triagem/entrevista e avaliação, onde o profissional irá coletar dados e irá classificar a gravidade. Cabe salientar, que é no acolhimento no qual há o momento de escuta, no qual há a criação de um vínculo de confiança entre o profissional de saúde e o usuário do CAPS. COMO É FEITO O TRATAMENTO: O tratamento ocorre conforme o projeto terapêutico desenvolvido pelo profissional de saúde responsável pelo acolhimento do paciente. Nesse sentido, é notável a importância da equipe multidisciplinar desses ambiente, posto que o tratamento no CAPS pode incluir atendimentos amplos com equipe de enfermagem, terapeuta ocupacional, nutricionista, profissional da educação física, farmácia, assistente social, entre outros. Dessa forma, esse permite que o indivíduo seja cuidado integralmente e de acordo com suas necessidades. Exemplo disso é a criação de um vínculo, entre o paciente com seus familiares e com o local de trabalho, situação que ocorre graças a presença da assistente social. A partir do projeto terapêutico singular inicia-se um acompanhamento terapêutico onde o usuário do serviço receberá apoio psicossocial a partir de atividades terapêuticas, culturais e sociais, objetivando sua reabilitação psicossocial. E A DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS: A dispensação de medicamentos é responsabilidade do farmacêutico. Assim é funçãodesse profissional a liberação dos medicamentos, após a avaliação da prescrição e da notificação de receita. Por fim, cabe ao farmacêutico não só apenas dispensar, mas também informar e orientar o paciente acerca do uso adequado dos medicamentos, com ênfase no cumprimento da farmacoterapia, a qual irá abranger, por sua vez, a interação com outros medicamentos, alimentos e exames laboratoriais, conhecimento das reações adversas em potencial e as suas condições de conservação. E O ACOMPANHAMENTO: O acompanhamento irá ocorrer conforme o plano terapêutico individual, de tal modo a ser realizado pela própria equipe multiprofissional do CAPS. COMENTÁRIOS / IMPRESSÕES SOBRE O SERVIÇO: A compreensão e reconhecimento do CAPS torna notória a capacidade que a saúde pública brasileira tem em cuidar de seus usuários segundo uma visão holística e humanizada. Cuidar esse que é, por fim, seguido por uma integração do paciente seja com a comunidade, seja com sua própria família.
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