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FUNDAMENTOS DA ZOOTECNIA

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Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS DA ZOOTECNIA 
Profa. Dra. Paula Adriana Grande 
Prof. Me. José Francisco Lopes Júnior 
 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À ZOOTECNIA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Esta apostila é dirigida aos discentes dos cursos de Agronomia e de Medicina 
Veterinária e tem por finalidade auxiliar no processo de aprendizagem sobre o 
conhecimento de alguns dos principais temas ligados à produção animal. Este material 
foi elaborado a fim de inteirar os discentes com as outras disciplinas, apresentando 
conteúdos mínimos que possibilitem a organização do conhecimento, indicando 
referências e, especialmente, incentivando a procurar novos conteúdos. 
Como sugestão para compreender melhor esta disciplina, o discente deverá 
completar a sua sabedoria com outros conhecimentos sobre: 
a) Ambientes utilizados na criação animal; 
b) Origem e caracteres étnicos das principais raças de produção animal; 
c) Reprodução (puberdade, ciclo estral, detecção do cio, época e métodos de 
cobrição, sincronização de cios, estação de monta, inseminação artificial, relação 
macho/fêmea, gestação e parto, cuidados com a gestante); 
d) Manejo do rebanho (Ex.: separação por sexo, identificação, descarte etc.); 
e) Tecnologias dos produtos de origem animal; 
f) Controle zootécnico; 
g) Políticas públicas de desenvolvimento do setor pecuário. 
 Para entender melhor a Zootecnia, apresentaremos, nesta primeira unidade, 
uma breve história de como o homem iniciou sua relação com os animais: 
primeiramente, por meio da caça, da pesca e da coleta de vegetais, a fim de garantir 
sua subsistência e sobrevivência; em segundo lugar, por meio da agricultura e 
domesticação de alguns animais, para garantir a disponibilidade regular de alimentos; 
em terceiro lugar, com a aplicação científica dos conhecimentos gerados pela Zootecnia 
a fim de obter maiores e melhores produções de proteína animal, gerando lucro aos 
criadores. Os temas abordados nesta unidade estão baseados nas obras dos seguintes 
autores: Oliveira Jr. (1989); Price (2006); Aragão (2008); Mazoyer e Roudart (2010). 
 
1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA CRIAÇÃO ANIMAL 
 
SAIBA MAIS 
Como forma de aprimorar os conhecimentos indicados anteriormente e os que estarão 
discriminados no decorrer desta apostila, sugere-se o acesso aos sites da Embrapa e 
das Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), indicados no seguinte 
quadro: 
 
Empresa Endereço eletrônico 
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária 
https://www.embrapa.br/ 
Emparn – Empresa de Pesquisa 
Agropecuária do Rio Grande do Norte 
http://www.emparn.rn.gov.br/ 
Emepa – Empresa Estadual de Pesquisa 
Agropecuária da Paraíba S/A 
http://gestaounificada.pb.gov.br/emepa 
IPA – Empresa Pernambucana de Pesquisa 
Agropecuária 
http://www.ipa.br/ 
Emater – Instituto de Inovação para o 
Desenvolvimento Rural Sustentável de 
Alagoas 
http://www.emater.al.gov.br/ 
Endagro – Empresa de Desenvolvimento 
Agropecuário do Estado de Sergipe 
http://www.emdagro.se.gov.br/ 
Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, 
Assistência Técnica e Extensão Rural 
http://www.incaper.es.gov.br/ 
Epamig – Empresa de Pesquisa 
Agropecuária de Minas Gerais 
http://www.epamig.br/ 
Pesagro-Rio – Empresa de Pesquisa 
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro 
http://www.pesagro.rj.gov.br/ 
Apta – Agência Paulista de Tecnologia dos 
Agronegócios 
http://www.apta.sp.gov.br/ 
IAC – Instituto Agronômico de Campinas http://www.iac.br/ 
Instituto Biológico http://www.biologico.sp.gov.br/ 
Instituto de Economia Agrícola http://www.iea.sp.gov.br/ 
Instituto de Pesca http://www.pesca.sp.gov.br/ 
Instituto de Zootecnia http://www.iz.sp.gov.br/ 
Instituto de Tecnologia de Alimentos http://www.ital.sp.gov.br/ 
Iapar – Instituto Agronômico do Paraná http://www.iapar.br/ 
Epagri – Empresa Estadual de Pesquisa 
Agropecuária e Extensão Rural de Santa 
Catarina 
http://www.epagri.sc.gov.br/ 
Unitins – Universidade do Estado do 
Tocantins 
http://www.unitins.br/ 
Emater – Agência Goiana de Assistência 
Técnica, Extensão Rural e Pesquisa 
Agropecuária 
http://www.emater.go.gov.br/ 
Empaer – Empresa de Pesquisa e 
Assistência Técnica e Extensão Rural de 
Mato Grosso 
http://www.empaer.mt.gov.br/ 
Agraer – Agência de Desenvolvimento 
Agrário e Extensão Rural 
http://www.agraer.ms.gov.br/ 
Quadro 1 - Empresas do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, 2018. Fonte: Os autores. 
 
 
1.1 Origem da Criação Animal 
 
A história do planeta Terra começou há cerca de 4,6 bilhões de anos, mas a do 
homem moderno só começou há 150 mil anos do presente (SANTOS; SANTOS, 2014, 
p. 162). 
 
INDICAÇÃO DE VÍDEO 
Para melhor compreender os aspectos relacionados ao surgimento do homem 
moderno, sugere-se o filme A origem do homem (The real Eve), disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=w8Pp6KmIMu0. 
 
“A Terra sofreu evolução, tal como a vida sofreu evolução” (ARAGÃO, 2008). De 
acordo com Price (2006), a evolução aplicada à biologia, geralmente, se refere a 
mudanças nas formas de vida ao longo do tempo. As evidências de que a evolução dos 
seres vivos ocorreu historicamente podem ser classificadas da seguinte forma: 
a) diagramas filogenéticos; 
b) anatomia comparativa; 
c) genômica comparativa; 
d) embriologia; 
e) órgãos vestigiais; 
f) biogeografia; 
g) progressão no registro fóssil; 
h) formulários de transição no registro fóssil; 
i) extinção registrada no registro fóssil. 
 
SAIBA MAIS 
A descrição mais detalhada de cada fonte de informação citada poderá ser estudada 
em: 
Understanding evolution: history, theory, evidence, and implications, disponível 
em http://www.rationalrevolution.net/articles/understanding_evolution.htm. 
 
 
Figura 1 - Calendário Geológico. Fonte: Biologuito Evolu (2018). 
 
Segundo Price (2006), de todas as teorias científicas, a que é mais abrangente é 
a Teoria da Evolução Biológica, pois incorpora muitas linhas de evidências e disciplinas 
diferentes, contendo milhares de provas. De acordo com esse mesmo autor, muitas 
questões permanecem sobre os aspectos de como a evolução na Terra tem procedido 
historicamente, mas não há dúvida entre os cientistas de que a evolução ocorreu e 
ainda está ocorrendo e explica fundamentalmente a diversidade e as características de 
toda a vida na Terra. 
Durante a maior parte de sua existência (um milhão de anos), o homem retirou 
da natureza os produtos necessários à sua alimentação, garantindo, assim, a sua 
reprodução biológica. “A caça, a pesca e a coleta de frutos, raízes, cereais, etc., foram 
as principais atividades humanas até que a agropecuária se consolidasse” (OLIVEIRA 
JR., 1989, p. 5). A Figura 2 retrata a vida do homem no período paleolítico, também 
chamado de “Pedra Lascada”. 
 
 
Figura 2 - Período Paleolítico. Fonte: História Digital (2011b). 
 
Os primeiros sistemas de cultivo e de criação apareceram no período neolítico 
há menos de 10 mil anos, em algumas regiões pouco numerosas e relativamente pouco 
extensas do planeta. Originavam-se da autotransformação de alguns dos sistemas de 
predação muito variados que reinavam então no mundo habitado (MAZOYER; 
ROUDART, 2010). 
A Figura 3 demonstra essa autotransformação que se passava com o ser 
humano. 
 
 
Figura 3 - Período Neolítico. Fonte: História Digital (2011a). 
 
As comunidades iniciaram o semeio de plantas e a criação de animais em 
cativeiro, com a finalidade de multiplicá-los e utilizar-se de seus produtos. Nessa 
época, após algum tempo, essas plantas e esses animais especialmente escolhidos e 
explorados foram domesticados e, dessa forma, essas comunidades de predadores se 
transformaram por si mesmas, paulatinamente, em comunidades de agricultores. 
Desde então, essas comunidades introduziram e desenvolveram espécies domesticadas 
na maior parte dos ecossistemas do planeta, transformando-os, então, por seu 
trabalho, em ecossistemas cultivados, artificializados, cada vez mais distintos dosecossistemas naturais originais (MAZOYER; ROUDART, 2010). 
 
1.2 Domesticação 
 
 Em tempos remotos, os habitantes das cavernas deixaram importantes 
pinturas de espécies contemporâneas selvagens, tais como: o veado, a rena, o alce, mas 
também de animais domesticáveis como o carneiro, a cabra e a vaca, num gesto que 
pretendia antecipar a caça ou assegurar o domínio sobre eles. 
 Amansar as espécies submissas, ou domar as bravias, ou seja, fazer com que 
se acostumassem à vida reclusa, assegurando sua sobrevivência e reprodução, 
significou extinguir nos animais a tendência natural de fugir do homem. Usando força 
e astúcia, explorando o sentido gregário de alguns, o sedentarismo de outros ou a 
predisposição para o estado de domesticidade, o homem acabou por vencer o instinto 
de independência do animal, e este passou a viver sob um jugo que o hábito tornou 
cada dia mais leve. 
Domesticar, entretanto, consistiu em um processo lento e profundo, que levou 
à modificação das espécies, no que diz respeito não somente ao comportamento, mas 
também à morfologia e à fisiologia. Significou, portanto, não mais a posse de um 
indivíduo, mas da raça como um todo. 
Parece convincente que a domesticação não surgiu diretamente da caça, e sim 
no período Neolítico, com as verdadeiras sociedades de agricultores. Vida sedentária e 
agricultura foram as condições essenciais da domesticação. Apesar das controvérsias, 
acredita-se que, primeiramente, estivesse ligada ao misticismo e à religião, com o 
sacrifício de animais para cerimônias rituais, e que somente mais tarde tenha surgido 
a domesticação com fins utilitários. 
Embora seja impossível traçar uma cronologia segura, deduz-se, com base em 
pesquisas fósseis, que o primeiro animal domesticado tenha sido o cão, provavelmente, 
por volta de 10.000 a.C., antes ou no início do desenvolvimento da agricultura. O 
homem encontrou nele um auxiliar insubstituível na caça e na sucessiva aproximação 
com outras espécies. 
Depois vieram os animais de abate: cabra (8.000 a.C.), carneiro (7.000 a.C.), 
porco (6000 a.C.), seguidos dos de maior porte: os bovinos (6.000 a.C.), para os quais 
a vida sedentária é essencial, seguidos dos animais de carga, como camelos, jumentos 
(4.000 a.C.) e cavalos (3.000 a.C.), estes últimos mais rápidos e mais dominadores do 
que todos os seus antecessores. 
A domesticação nem sempre foi bem-sucedida. De acordo com Oliveira Jr. 
(1989), espécies (vegetais e animais) começaram a ser cultivadas e criadas e, logo após, 
foram abandonadas. Animais e plantas foram domesticados e, em seguida, retornaram 
a seu estado selvagem. Populações humanas diferentes domesticaram certas espécies 
por razões diferentes, para fins e uso diferentes. Uma população escolheu espécies 
diferentes porque tinha razões diferentes para essa escolha etc. 
A domesticação consiste na seleção e adaptação de certos seres vivos, 
considerados úteis para suprir as necessidades humanas. Ao longo de milhares de 
anos, esse processo acarretou modificações em várias características originais dos seres 
vivos domesticados. 
Vários foram os métodos empregados para alcançar a domesticidade, partindo 
dos animais que se encontravam em estado selvagem. Os estudiosos têm levado em 
conta que devem ter sido os métodos: violentos (cavalos e jumentos), pacíficos (cães, 
gatos e suínos) e intermediários (bovinos, caprinos, ovinos, búfalos e aves). 
A domesticação dos animais teve um papel fundamental no desenvolvimento da 
cultura humana e material. Com esse processo, muitos animais passaram a ter um 
papel significativo no fornecimento de alimentos, peles, além de ajudar em tarefas e 
meio de locomoção para os seres humanos. 
Nessa longa trajetória, o convívio com os animais tem significado para o homem 
alimento, agasalho, transporte, força de tração, defesa, companhia e, também, um 
importante suporte para a construção do seu imaginário. A domesticação ou 
modificação das espécies selvagens, iniciada há mais de 12.000 anos, por motivações 
diversas, enquadra-se na transformação geral da natureza que o homem promove, 
incessantemente, para servir aos seus fins. Dela resultaram algumas espécies animais, 
entre as quais muitas raças dotadas de características únicas, que passaram a fazer 
parte da dieta humana. 
Assim como a descoberta do fogo, a conservação dos alimentos e a invenção das 
ferramentas, a domesticação pode ser considerada uma importante conquista da 
civilização. Entretanto, no afã de subjugar a natureza, o homem vem sendo, 
constantemente, por ela desafiado. 
O domínio sobre os animais tem permitido que a produção de alimentos se 
torne, cada vez mais, capaz de fazer frente às mudanças ambientais e à elástica 
demanda das sociedades humanas. O conhecimento adquirido ao longo do processo de 
domesticação tornou-se possível ao homem selecionar os rebanhos e desenvolver 
novas raças mais resistentes e adequadas às suas necessidades nutricionais. 
Paradoxalmente, a pressão demográfica e econômica tem acelerado o ritmo das 
mudanças nos sistemas agrícolas tradicionais, pondo em risco a biodiversidade, que é 
condição essencial para a produção eficiente e sustentável de alimentos. A crescente 
demanda de produtos de origem animal, nos países em desenvolvimento, 
concentrados, principalmente, na zona intertropical, tem gerado muitas tentativas de 
aumentar a produtividade de raças consideradas naturalizadas, por meio de 
cruzamentos com raças exóticas, altamente produtivas, desenvolvidas para os países 
de clima temperado. Tais cruzamentos podem ser considerados como causa de uma 
rápida substituição das raças “locais”. 
 
1.2.1 Origem da domesticação 
 
Como descrito anteriormente, a domesticação dos animais (processo de 
conversão de animais selvagens para uso doméstico) e plantas iniciou-se há 10.000 
a.C., durante o período neolítico. Surgiu em poucas regiões do mundo e se disseminou 
ao poucos para quase todas as partes do planeta Terra. Na Figura 4, são apresentados 
os seis centros de origem da agricultura no período neolítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Centros de origem e áreas de extensão da revolução agrícola neolítica. Fonte: Adaptado de 
Mazoyer e Roudart (2010). 
 
No Quadro 2, é apresentada uma lista de alguns dos principais animais 
domésticos com seu tempo aproximado e local de domesticação. 
Animal Nome científico Data 
aproximada da 
domesticação 
Local de 
domesticação 
Cão Canis lupus familiaris > 30.000 a.C. Eurásia 
 
Centro Médio-oriental 
10.000 / 9.000 A.C. 
 
Centro Chinês 
8.500 A.C. 
 
Centro Nova Guiné 
10.000 A.C. 
 
Centro Norte-americano 
4.000 / 3.000 A.C. 
 
Centro Americano 
9.000 / 4.000 A.C. 
 
Centro Sul-americano 
6.000 A.C. 
 
Ovinos Ovis orientalis aries 11.000 – 9.000 
a.C. 
Sudoeste da Ásia 
Suíno Sus scrofa domestica 9.000 a.C. Oriente próximo, 
China, Alemanha 
Cabra Capra aepagrus hircus 8.000 a.C. Irã 
Gado 
europeu 
Bos primigenius 
taurus 
8.000 a.C. Índia, Oriente Médio, 
África do Norte 
Gado Zebu Bos primigenius 
indicus 
8.000 a.C. Índia 
Gato Felis catus 7.500 a.C. Chipre e Oriente 
próximo 
Frango Gallus gallus 
domesticus 
6.000 a.C. Índia e Sudeste 
asiático 
Llama Lama glama 6.000 a.C. Peru 
Cobaia Cavia porcellus 5.000 a.C. Peru 
Asno Equus africanus 
asinus 
5.000 a.C. Egito 
Pato 
doméstico 
Anas platyrhynchos 
domesticus 
4.000 a.C. China 
Búfalo Bubalus bubalis 4.000 a.C. Índia e China 
Cavalo Equus ferus caballus 4.000 a.C. Estepes euroasiáticas 
Dromedário Camelus dromedaries 4.000 a.C. Arábia 
Abelha Apis 4.000 a.C. Múltiplos lugares 
Bicho-da-
seda 
Bombyx mori 3.000 a.C. China 
Camelo Camelus bactrianus 2.500 a.C. Ásia Central 
Peru Meleagris gallopavo 500 a.C. México 
Coelho 
europeu 
Oryctolagus cuniculus 600 d.C. Europa 
Quadro 2 - Lista de animais domesticados, tempo aproximado e local de domesticação. Fonte: 
Adaptado de Wikipedia (2018).Dentre as espécies de bovídeos domesticados, três se destacam por serem mais 
intensamente exploradas: o boi comum, ou europeu (Bos taurus); o zebu ou boi 
indiano (Bos indicus), dotado de giba; e o búfalo, também da família Bovidae (Bubalus 
bubalis), que parece descender do Arni (Bubalus arnee), ainda hoje encontrado em 
estado selvagem na Índia. Originários da Ásia, e introduzidos na Europa no primeiro 
milênio de nossa era, estes últimos teriam sido levados, por volta de 595 d.C., para 
povoarem as áreas pantanosas ao sul da Itália. 
Com a fixação dos rebanhos domésticos, a diferenciação entre as populações 
tornou-se mais rápida, originando tipos locais distintos. As migrações humanas, no 
início da Era Cristã, promoveram uma significativa distribuição dos animais 
domésticos. Atribuem-se, sobretudo, aos celtas e aos romanos o deslocamento dos 
bovinos na direção oeste da Europa e, portanto, a formação das raças ibéricas, que 
pertencem a três troncos étnicos principais: o turdetano (Bos taurus turdetano), o 
ibérico (Bos taurus ibericus) e o cântabro. 
Os primeiros cavalos (Eohippus), domesticados para consumo de sua carne e 
couro, eram pequenos demais para serem montados; posteriormente, tal qual o boi, o 
cavalo começou a ser usado para puxar carros de rodas até ser atrelado às primeiras 
charretes. Somente por volta do ano 2.000 a.C. o homem aprendeu a montá-lo. E, 
tendo domado plantas e domesticado animais para seu uso, ao montar o cavalo, o 
homem realizou muito mais do que uma conquista: ele estabeleceu um símbolo de 
domínio sobre a criação. 
Os ancestrais selvagens dos cavalos diferenciaram-se na América do Norte, de 
onde invadiram a América do Sul, pelo istmo do Panamá. Do continente americano, os 
equídeos se espalharam por todas as partes do mundo, com exceção da Austrália, de 
Madagascar e das ilhas japonesas. Se o gênero se formou na américa, não foi ali que 
suas formas selvagens sobreviveram, nem que passaram à domesticação. De fato, esses 
indivíduos desapareceram do Novo Mundo durante o Quaternário, antes, portanto, da 
Era dos descobrimentos. Ficaram, todavia, seus fósseis para revelarem ser a América 
o berço dos pré-equídeos. 
Em função da produção de trabalho, ou da execução de transporte, o cavalo pode 
ser classificado em dois tipos: de sela, ou de tiro ligeiro, e o de tração, ou de tiro pesado. 
O primeiro é composto por animais leves, enérgicos, de ossatura fina, tendões e 
articulações bem definidas, que se prestam à lida com o gado, para viagens e diversos 
tipos de esportes. Está representado pela maioria das raças – Árabe, Berbere, Puro 
Sangue Inglês, Andaluz, Quarto de Milha, Apaloosa -, e pelas nacionais Mangalarga, 
Mangalarga Marchador, Campolina, Crioula, Pantaneira, Nordestina, Marajoara e 
Lavradeira. O segundo compõe-se de animais maciços, largos, de ossatura forte e 
musculatura abundante, que são utilizados em serviços e transportes pesados. Faz-se 
representar pelas raças Percherão e Bretão. 
O jumento (Equus asinus) é uma outra importante espécie da família Equidae. 
A espécie selvagem que o originou (Equus Taeniopus) parece provir da Núbia e da 
Etiópia. Diferentemente da domesticação do cavalo, a do jumento deu-se, 
primeiramente, na África, sobretudo na região do vale do Nilo. E seu aproveitamento, 
nos continentes africano e asiático, deu-se bem antes de seu uso na Europa. Talvez seja 
esta uma explicação para a origem semita de todos os nomes de jumentos. A despeito 
de sua origem tropical, o jumento é hoje uma espécie doméstica que vive bastante bem, 
mesmo nos climas temperados. Para a pecuária, a grande contribuição do jumento foi 
ter dado origem ao burro, ou mulo – um notável animal de trabalho, que se constitui 
em um híbrido, geralmente estéril, oriundo do acasalamento de jumento com égua. 
É provável que a domesticação dos ovinos tenha tido início na Ásia, em uma fase 
inicial do desenvolvimento agrícola. De lá, os animais teriam passado à África e ao sul 
da Europa, já domesticados. 
Segundo as correntes mais aceitas, três seriam as principais fontes das atuais 
raças de ovinos: o Ovis musimon, ovino selvagem da Europa, que até hoje vive por lá, 
e que fundou o grupo dos ovinos europeus; o Ovis ammotragus, que originou os ovinos 
africanos, e o Ovis arkal, provavelmente o mais antigo. Asiático de origem, acredita-se 
que o arkal emigrou já domesticado. O cruzamento entre esses animais resultou na 
origem da maioria dos ovinos modernos: o Ovis aries palustris, conhecido como 
carneiro das estepes da Ásia. 
Depois dos cães, por ordem de antiguidade como seres domésticos, vêm os 
caprinos. A abundância de seus detritos fósseis denuncia a larga generalização do uso 
desses animais em tempos remotos; supõe-se ter sido a cabra o primeiro animal leiteiro 
a ser usado pelo homem. 
Até o final do século XIX, acreditava-se que os caprinos modernos tivessem 
surgido de cruzamentos entre indivíduos selvagens da espécie Capra aegagrus, ou 
cabra bezoar, dos planaltos ocidentais da Ásia, e aqueles da espécie Capra falconeri, 
de chifres espiralados, provenientes de uma área mais oriental, que coincide com a 
Índia. A partir de 1926, a descoberta fóssil de mais um tipo remoto de cabra fez com 
que fosse atribuído à Capra prisca o papel de tronco primitivo das espécies modernas 
de caprinos. 
Acredita-se, ainda, que a Capra aegagrus tenha se diversificado, durante os 
tempos pré-históricos, em duas formas: a Capra hircus das turfeiras, de chifres médios 
e pouco torcidos para fora, e a Capra hircus, da Idade do Bronze, que apresentava um 
porte maior e grandes chifres espiralados. 
Apesar de o porco ter sido domesticado na Ásia, os antigos egípcios 
consideravam sua carne nociva à saúde e, por isso, jamais utilizavam sua imagem em 
seus baixos-relevos e pinturas, como fizeram com outras espécies domésticas antigas. 
Embora o porco tenha sido, na ordem cronológica, o último animal domesticado na 
Europa, os chineses já o criavam como animal doméstico por volta do ano 5.000 a.C. 
Na verdade, a diversificação intensa por que passou conduz à aceitação da hipótese da 
remota domesticação para uma espécie, acreditando-se que o porco asiático só tenha 
sido conhecido pelos europeus já em sua forma doméstica e, em tal estado, se 
espalhado pela extensa área geográfica que veio ocupar no período neolítico. 
Os suínos domésticos pertencem ao gênero Sus, que, originário da Ásia e das 
regiões marginais do Mediterrâneo, disseminou-se pela Europa. Todas as raças de 
suínos conhecidas podem ser filiadas a dois grandes grupos: o Sus scrofa e o Sus 
indicus. Com exceção de uma espécie selvagem da ilha de Java, muito aproximada do 
Sus vittatus, o Sus indicus só é conhecido, nos dias atuais, em suas formas domésticas. 
Animal sacrificial e propiciatório, ligado à arte divinatória dos arúspides e a 
inumeráveis superstições no mundo inteiro, o galo deu origem a riquíssimo folclore. 
Nos textos persas do Zenda Avesta, é o representante da saudação matinal. Tudo indica 
que o primeiro interesse pela espécie tenha se limitado às brigas de galo, muito comuns 
na China, na Grécia, em Roma e em Bali. Posteriormente, os galos passaram a ser 
criados para fins ornamentais, tendo se desenvolvido muitas raças, que se destinavam 
a exposições, nas quais se apreciava, acima de tudo, a beleza dos exemplares. Mais 
recentemente, é que se difundiu a criação da espécie como fonte de alimentos. 
Constituem os galiformes uma grande população de aves de várias espécies, 
entre as quais os numídeos e os fasianídeos. Os numídeos têm como principal 
representante a galinha d´angola, originária da África. Essa espécie conserva como 
resquícios da vida selvagem o natural espantadiço e o hábito de nidificar longe do 
convívio com outros galináceos. A galinha doméstica, ou comum, provém do Gallus 
gallus da Índia, ou, mais precisamente, da subespécie Gallus gallus bankiva, 
origináriado sudeste da Ásia – Indochina, Malásia e Indonésia. 
 
INDICAÇÕES DE VÍDEO 
Assista aos vídeos: 
- Domesticação dos animais e plantas, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=5pO6FFV-NoE. 
- A domesticação dos animais e seus cérebros, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=Z868MXco0tg. 
 
1.2.2 Atributos dos animais domésticos 
 
https://www.youtube.com/watch?v=5pO6FFV-NoE
https://www.youtube.com/watch?v=Z868MXco0tg
Atributos são particularidades, qualidades e características nos animais, que 
permitiram a domesticação de algumas espécies e não de outras. As zebras são um 
exemplo de espécie cuja domesticação não foi bem-sucedida. Apesar de poder mantê-
las em áreas fechadas através de gerações e elas se reproduzirem, não foi possível que 
fosse modificada geneticamente para que pudesse ser montada. Os principais critérios 
a serem adotados na domesticação de espécies animais são: 
a) os animais devem ter facilidade de se adaptarem ao ambiente (Ex.: adaptar-se 
ao tipo de alimentação que é oferecido pelos seres humanos); 
b) o animal deve poder sobreviver e se reproduzir em cativeiro; 
c) os animais precisam ser naturalmente calmos; 
d) os animais precisam estar dispostos a viver em conjunto. Praticamente todas as 
espécies domésticas vivem em grupos e são sociáveis, sendo esse comportamento uma 
condição que permitiu sua aproximação ao homem e seu amansamento; 
e) os animais devem possuir funções especializadas (Ex.: bicho-da-seda e abelha). 
As espécies animais que não atendem a todos os critérios acima serão muito 
difíceis de domesticar, mas um número razoável de espécies animais foi domesticado, 
o qual está aumentando. A domesticação precoce provavelmente foi impulsionada 
principalmente pela seleção natural: os animais que melhor se adaptaram ao ambiente 
que lhes foi imposto foram os mais bem-sucedidos na produção da próxima geração. 
Os animais domésticos passam por três fases na domesticação: 
1. cativeiro; 
2. mansidão; 
3. domesticação. 
A domesticação teve início a partir da necessidade de sobrevivência do homem, 
que precisava se alimentar, força motriz para realizar trabalho, motivação religiosa e 
interação ambiental. Conforme o grau de domesticação dos animais, pode-se dividir 
em quatro grupos distintos: 
1. Cão, carneiro, cabra, boi, bicho-da-seda, porco, gato, jumento, cavalo e camelo. 
2. Zebra, macaco, ganso, pato, peru, pombo, lhama, cisne e pavão. 
3. Búfalo, rena, galinha d´angola, coelho, avestruz, faisão, alpaca. 
4. Abelha, carpa, tilápia, jundiá. 
Quanto maior o grau de domesticação, é mais difícil os animais voltarem à vida 
selvagem. Assim, é possível afirmar que os animais do primeiro e segundo grupo 
dificilmente voltam à vida selvagem. Os animais do terceiro e quarto grupo apresentam 
grandes possibilidades de voltar à vida selvagem. 
 
1.2.3 Modificações morfológicas, fisiológicas e etológicas sofridas pelos 
animais após a domesticação 
 
Quando comparados com seus ancestrais selvagens, as modificações 
apresentadas pelos animais são bem evidentes. Essas modificações são consequências 
de processos evolutivos que permitiram um maior conhecimento dos genes e da 
genética. As modificações podem ser morfológicas, fisiológicas e etológicas. 
1. Modificações morfológicas: fazem referência a mudanças físicas nos animais e 
que tiveram consequências em suas atividades biológicas, como, por exemplo: 
mudança na cor da pelagem, tamanho e dimensões corporais, gordura corporal, 
ossatura. 
2. Modificações fisiológicas: fazem referência à produção animal, pois 
dependendo da intensidade fisiológica, haverá maior ou menor produção animal. 
Exemplos: locomoção ou velocidade de locomoção, capacidade de voo, fertilidade, 
prolificidade, lactação, choco, velocidade de crescimento. 
3. Modificações etológicas: são aquelas que fazem referência às mudanças 
comportamentais. Exemplos: instinto de defesa, comportamento sexual, relação com 
o homem. 
Os fatores que deram origem a essas mudanças foram: mudança de meio, 
regime de criação, alimentação (nutrição). 
 
1.3 Surgimento da Zootecnia como Ciência 
 
A palavra Zootecnia surgiu pela primeira vez em 1843, no Cours d´Agriculture 
de Adrien Étienne Pierre, o Conde de Gasparin, que a fez derivar dos radicais gregos 
zoon (animal) e techne (tratado sobre uma arte). O conde foi o primeiro a reconhecer, 
na arte de criar animais, um objeto próprio da ciência e independente da agricultura, 
criando para ela uma cadeira destinada ao estudo dos animais domésticos, no Instituto 
Agronômico de Versailles, em 1848. Já em fins 1849, um jovem biólogo chamado Émile 
Baudement ocupou a nova cadeira, pelas suas ideias inovadoras, explicando em sua 
dissertação que a Zootecnia é uma ciência que explica os acontecimentos para 
constatar os fatos. 
A Zootecnia deixou de ser somente uma prática que se aprendia com a “lida” 
com o gado para ser também uma arte ou ciência aplicada que se aprende observando 
e experimentando. 
 
Para estabelecer a Zootecnia, é necessário que a observação e a 
experimentação sejam empregadas paralelamente. A segunda comprova e 
reforça a primeira; sem sua intervenção, a Zootecnia permaneceria apenas um 
conjunto de doutrinas, não seria uma Ciência (CORNEVIN, 2017). 
 
 Em 1891, Cornevin (2017) escrevia no seu Traité de Zootechnie Générale: 
 
Hoje a Zootecnia, sem esquecer seu caráter peculiar tecnológico, que não deve 
perder, aproxima-se estreitamente das ciências naturais propriamente ditas. 
É para ela uma condição de progresso, pois a maioria dos problemas que 
aborda, interessa vivamente a biologia geral, e só podem ser resolvidos pelos 
métodos usados por esta. 
 
As primeiras definições de Zootecnia nos dicionários de língua portuguesa 
conferiram a ela o atributo de “Arte de criar animais”. Nos atuais tratados linguísticos, 
reduziu-se seu significado para “Estudo científico da criação e aperfeiçoamento dos 
animais domésticos”. “A arte em sua abstração e amplitude foi descortinada pela 
Ciência em uma equivocada aparência de mais status ou pretenso domínio do 
conhecimento avançado” (FERREIRA et al., 2006). 
De acordo com Ferreira et al. (2006), o professor Octávio Domingues, em 1929, 
definiu Zootecnia como: “É a ciência aplicada que estuda e aperfeiçoa os meios de 
promover a adaptação econômica do animal ao ambiente criatório, e deste ambiente 
ao animal”. 
No Brasil, a Zootecnia foi ensinada como disciplina especial nos cursos de 
agronomia até 1966 quando foi criado, na Pontifícia Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul, na cidade de Uruguaiana, o primeiro curso de graduação em Zootecnia. 
 
Figura 5 – Conceitos da Zootecnia. Fonte: Oliveira (2000). 
 
1.4 Correlação da Zootecnia com Outros Conhecimentos 
 
A Zootecnia engloba conhecimentos de várias ciências como: 
a) ciências formais: matemática e estatística; 
b) ciências da natureza e da terra: física, química, biologia e seus ramos (anatomia, 
biologia celular, botânica, ecologia, embriologia, etologia, evolução, genética, 
histologia, fisiologia, microbiologia e zoologia); 
c) ciências sociais: que se ocupam do ser humano, de sua história, do seu 
comportamento, da língua, do social, do psicológico e da política, entre outras. 
 
2. TERMINOLOGIAS ZOOTÉCNICAS 
 
Neste item, apresenta-se um glossário dos principais termos empregados na 
zootecnia geral e especial. 
 
2.1 Zootecnia Geral 
 
Na Zootecnia geral, o conhecimento é aplicado numa perspectiva de observação 
e entendimento geral sobre a criação dos animais domesticados. A seguir, são 
apresentadas algumas das terminologias mais utilizadas na Zootecnia geral. 
 
Abate: consiste na matança de animais para fins de consumo ou comercialização. 
Adaptabilidade: capacidade de uma espécie de viver em condições ambientais 
diferentes de seu hábitat natural. 
Adaptação: processo de um organismo ajustar-se a um ambiente diferente de seuhábitat natural, por meio da mudança de forma ou de função para sobreviver em 
determinadas condições ou situações apresentadas pelo meio ambiente. 
Agronegócio: relações comerciais efetuadas com produtos agropecuários por meio 
de atividades de compra e venda. 
Agropecuária: teoria e prática da agricultura associada à pecuária. 
Aleitamento artificial: processo que consiste em fornecer, a filhotes de animais 
mamíferos, dietas líquidas como o leite ou sucedâneos de leite, por meio de 
mamadeiras, baldes ou outros recipientes. 
Alongado: diz-se do indivíduo de espécie domesticada que foge para o mato e volta a 
ter vida selvagem. 
Alqueire: unidade de medida de área equivalente a 2,42 hectares (alqueire paulista). 
Ambiente: conjunto de todas as condições físico-químicas externas que cercam e 
influenciam um indivíduo e afetam seu crescimento e desenvolvimento. 
Animal inteiro: termo utilizado para identificar os machos não castrados de uma 
espécie, tendo, portanto, todos os órgãos do aparelho reprodutor. 
Arraçoar: ato de fornecer ração ou outro tipo de alimento aos animais. 
Arroba: medida de peso de produtos agropecuários, equivalente a 15 kg. 
Bacia leiteira: zona de abastecimento formada por propriedades agrícolas que se 
dedicam à atividade de produção de leite localizada em uma região fisiográfica, 
canalizada para um processador e destinada a um centro de consumo. Pode ultrapassar 
os limites geográficos do município ou estado. 
Boas práticas agropecuárias (BPA): são um conjunto de atividades desenvolvidas 
dentro da propriedade com o objetivo de garantir a saúde, o bem-estar e a segurança 
dos animais, do homem e do ambiente. 
Brete: local de contenção ou imobilização de animais com objetivo de alguma prática 
de manejo, como seleção, aplicação de vacina e medicamentos, ou seja, tratamentos 
profiláticos e higiênicos. 
Carcaça: animal morto, geralmente sem pele, com carne limpa, sem víscera, patas e 
cabeça. 
Casqueamento: tratamento profilático ou terapêutico, efetuado nos cascos de 
bovinos, equinos, caprinos e outros com o objetivo de corrigir o aprumo e manter a 
saúde dos animais. 
Choco: estado febril que apresenta as fêmeas das aves durante o período necessário à 
incubação dos ovos. 
Ciclo biológico: conjunto de etapas por que passa um determinado ser vivo, do 
nascimento à morte, biociclo. 
Cobertura: cópula ou coito entre animais em que, ocorrendo no período de fertilidade 
da fêmea, acontece a fecundação, também chamada de monta. 
Cocho: utensílio ou equipamento muito utilizado para fornecer alimento a animais, 
podendo ser de vários tipos, dependendo do tipo de animal que será alimento e do 
alimento que será fornecido. 
Colchete de porteira: tipo de cancela flexível feita com ripas e arames. 
Colostro: primeiro leite segregado pelas glândulas mamárias após o parto, rico em 
anticorpos indispensáveis à proteção do organismo dos filhotes. 
Confinamento: sistema de produção intensivo utilizado para criação de aves, 
bovinos, suínos, ovinos, caprinos e outras espécies, no qual os animais são criados em 
galpões fechados e alimentados com ração e/ou material volumoso no cocho. 
Conversão alimentar: é a transformação dos alimentos ingeridos pelos animais em 
energia, gordura e carne. 
Couro: pele de animais curtida e utilizada como matéria-prima para diversos usos e 
finalidades. 
Creep feed: termo da língua inglesa para identificar o sistema utilizado pela pecuária 
para alimentação de animais recém-nascidos para diminuir e facilitar o período de 
desmame. 
Cria: filho que nasceu de uma fêmea do animal. 
Criação: denominação genérica para o conjunto de animais que se cria para consumo 
ou fins comerciais. 
Criadouro: área delimitada, preparada e dotada de instalações capazes de possibilitar 
a reprodução, cria, recria de espécies da fauna silvestre. 
Curral: instalação ou local fechado, geralmente coberto, onde se aloja e reúne o gado 
para uma série de operações de manejo, como apartação, marcação, pesagem, 
castração, inseminação, medicação, vacinação e embarque. Deve ser construído de 
forma a permitir que essas operações sejam feitas de maneira tranquila e segura e com 
o mínimo de esforço e estresse para os animais e o tratador. 
Descarte: é a retirada de um ou mais indivíduos de um grupo em virtude da não 
conformidade com os padrões pré-determinados, tais como: sexo, tamanho, peso, 
altura, formação, rendimento, taxa de conversão, consumo de energia etc. 
Desmamar: fazer perder o costume de mamar. 
Edafoclimática: diz-se das condições e/ou características de solo, em um ponto da 
superfície da terra, associadas ao conjunto de fatores climáticos ou meteorológicos, 
como temperatura, pressão e ventos, umidade e chuvas etc. 
Ensilagem: processo de conservação de forragens verdes dentro de silos sem a 
presença de ar. 
Espécie: é o agrupamento de indivíduos suficientemente diferenciados de outros para 
receber um nome em comum. 
Estação de monta: época do ano na qual se faz o acasalamento de mamíferos, por 
ocasião do cio das fêmeas ou para o nascimento de filhotes nas estações mais 
convenientes. 
Fauna: animais de quaisquer espécies, em qualquer fase de seu desenvolvimento. 
Família: conjunto de indivíduos, descendentes diretos e colaterais (primos) de um 
casal, considerando-se para isso até a 5ª geração. 
Filhote: cria de animal. 
Gado: denominação genérica dada aos animais domésticos que formam rebanhos e 
são explorados economicamente. 
Hectare: medida de superfície equivalente a 10.000 (dez mil) metros quadrados. 
Índice de fertilidade: obtido pela relação entre o número de fêmeas prenhes e 
número de fêmeas que foram colocadas em cobertura. 
Índice de fecundidade: relação entre o número de crias nascidas e o número de 
fêmeas em cobertura. 
Indivíduo: unidade biológica básica dos seres vivos, constitui-se do animal 
isoladamente em relação à espécie. Um indivíduo nunca é igual ao outro, com exceção 
dos gêmeos univitelinos e dos clones. 
Intervalo entre partos (IEP): período compreendido entre dois partos 
consecutivos de uma matriz. Deve-se efetuar a média geral dentro das categorias das 
matrizes. 
Linhagem: é o grupamento constituído por indivíduos descendentes diretos de um 
genitor ou genitora, sendo muitas vezes um indivíduo citado como descendente da 
linhagem de um ancestral famoso. 
Manejo de animais: são operações e técnicas utilizadas no trato de animais que se 
evidenciam no tipo e na forma de fornecimento de alimentação, na movimentação, nos 
tratamentos preventivos e terapêuticos de doenças, nas instalações para permanência 
ou repousos, dentre outros. 
Manejo em lotes: consiste em dividir o total de animais do plantel em vários lotes de 
tamanho idêntico que se sucedem em intervalos regulares (intervalo entre lotes) com 
o objetivo de planejar as diferentes fases da criação (o desmame, o cio, as coberturas, 
os partos e as fases de creche e crescimento/terminação). 
Manejo reprodutivo: é o arranjo de um conjunto de práticas relacionadas com a 
reprodução animal, que visam a otimizar a eficiência reprodutiva de um rebanho. 
Microflora: conjunto de microrganismos (fungos e bactérias) que existem 
normalmente em determinadas partes do organismo e que, em condições normais, não 
causam problemas à saúde desse organismo. 
Ordenha: retirada do leite das glândulas mamárias de animais, podendo ser manual 
ou mecânica. 
Pecuária: atividade agropecuária que tem por finalidade a criação de gado. Esse 
termo é muito utilizado para a criação de bovinos, embora se relacione a todo tipo de 
gado. 
Pecuária de corte: atividade que visa à criação de animais para produção de carne, 
couro e seus derivados. 
Pecuária de leite: atividade que visa à criação de animais para produção de leite e 
seus derivados. 
Pecuária extensiva: atividade desenvolvida em grandes extensões de terra, com 
gado solto, geralmente sem grandes aplicações de recursos tecnológicos.Pecuária intensiva: atividade desenvolvida em áreas menores, geralmente em 
regime de confinamento ou semiconfinamento. São utilizados recursos tecnológicos 
avançados, como reprodução por inseminação artificial, técnicas de melhoramento 
genético, alimentação balanceada e cuidados sanitários, como vacinação e tratamento 
de enfermidades. 
Pedilúvio: tanque raso que contém água ou substâncias terapêuticas e/ou curativas, 
geralmente construído na entrada ou na saída dos currais e salas de ordenha, com 
objetivo de efetuar a higiene e/ou tratamento dos cascos de animais. 
Período de serviço: intervalo de tempo (em dias) compreendido entre um parto e a 
primeira cobertura fértil posterior a esse parto de uma mesma matriz. Deve-se fazer 
avaliação média das matrizes. 
Peso vivo: peso do animal vivo, o mesmo que peso do animal em pé. 
Piquete: subdivisão de um pasto, normalmente cercado, destinado ao pastoreio ou à 
separação de animais que necessitam de tratamentos ou cuidados especiais. 
Plantel: machos e fêmeas do rebanho que se destinam à reprodução. Animais de um 
mesmo criador, geralmente formados de indivíduos parentes entre si e geralmente 
formados de mesma raça. 
Produtividade: relação entre a quantidade ou valor produzido e a quantidade ou 
valor dos insumos aplicados à produção; eficiência produtiva. 
Rebanho: conjunto de famílias e linhagens criadas dentro de um mesmo ambiente 
sujeito às mesmas condições de manejo, alimentação e seleção. 
Rês: qualquer quadrúpede usado na alimentação humana. 
Rufião: macho inteiro (dois testículos), com desvio lateral de pênis, caracterizado pela 
impossibilidade de concluir a monta. Serve para marcar as fêmeas em cio, utilizados 
em bovinos e ovinos. 
Sustentabilidade ambiental: uso da funções vitais do ambiente biofísico de 
maneira a permanecer disponível indefinidamente. Desenvolvimento sustentável é o 
desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a 
capacidade das gerações futuras de suprir as próprias necessidades. 
Taurino: animais de espécies bovinas, provenientes de raças de origem europeia. 
Taxa de abate: é o percentual resultante da relação entre o número de indivíduos 
abatidos e o número total de indivíduos existentes em um grupo ou em uma área. 
Taxa de desmame ou eficiência reprodutiva: é o número de crias desmamadas 
dividido pelo número de fêmeas em cobertura, multiplicado por 100. 
Tosquia: ato ou efeito de cortar o pelo ou a lã dos animais. 
Zebu: grupo de raças de bovinos de origem indiana, cuja principal característica é 
apresentar giba ou cupim. 
Zooplâncton: comunidade exclusivamente composta de organismos animais, 
microscópicos, que vivem nas diversas camadas de água, constituindo a base da cadeia 
alimentar do meio aquático. 
 
2.2 Zootecnia Geral e Especial 
 
 A Zootecnia se divide em Geral e Especial: 
A Zootecnia Geral é aquela que estuda os princípios básicos e gerais da criação 
de todas as espécies e raças. 
A Zootecnia Especial é aquela que estuda as particularidades na criação de cada 
espécie ou raça. Exemplo: criação de suínos (suinocultura), avicultura, bovinocultura 
de leite, apicultura, codornicultura, equideocultura, bubalinocultura, caprinocultura, 
ovinocultura, entre outras criações. 
Na Zootecnia Especial, o conhecimento é aplicado, estabelecendo as estratégias 
de melhoramento genético, manejos reprodutivo e nutricional para as diversas 
categorias de animais de produção. 
 
2.2.1 Apicultura 
Criação de abelhas para a produção de mel, ceras, própolis e outros derivados. 
As práticas mais comuns são a apicultura fixa (colmeias não se deslocam) e apicultura 
itinerante ou migratória (colmeias são deslocadas). A seguir, são apresentadas algumas 
terminologias utilizadas na apicultura: 
 
a) Favo: conjunto de alvéolos feitos com cera pelas abelhas operárias para abrigar 
a cria e depositar o mel, o pólen e a geleia real. 
b) Operárias: fêmeas que realizam todo o trabalho do enxame de abelhas (coleta 
de néctar, pólen e água, cuidados das crias e da rainha, limpeza e defesa do enxame). 
c) Rainha: responsável pela reprodução, é a única abelha do enxame de abelhas 
que se acasala com os machos e pode pôr ovos que geram fêmeas e zangões. 
d) Zangões: machos do enxame de abelhas, cuja única função é se acasalar com a 
rainha. 
 
2.2.2 Avicultura 
 
A avicultura é a criação de aves para produção de carne e ovos. A seguir, são 
apresentadas algumas terminologias utilizadas na avicultura: 
a) Frango de corte: animal destinado ao abate. 
b) Poedeira comercial: aves de postura. 
c) Matriz de corte: pais do frango de corte. 
d) Matriz de postura: pais de poedeira comercial. 
e) Pintainho: é o filhote da galinha. 
f) Debicagem: prática que consiste em queimar e retirar a ponta do bico das aves 
com a finalidade de diminuir o canibalismo e os danos causados nas cascas dos ovos. 
Essa prática é condenada no manejo orientado por sistemas orgânicos de produção. 
g) Eclosão: quebra do envoltório dos ovos no final da incubação e a saída de 
répteis, quelônios, batráquios, aves ou peixes neles gerados. 
 
2.2.3 Bovinocultura 
 
Atividade pecuária destinada à criação de gado bovino, dividida em 
bovinocultura de corte, para produção de carnes e peles, e bovinocultura de leite. A 
seguir, são apresentadas algumas terminologias utilizadas na bovinocultura: 
a) Bezerro ou terneiro: bovino jovem entre o nascimento e o desmame, geralmente 
até sete meses de idade. 
b) Boi: macho castrado das espécies taurinas ou zebuínas com idade acima de 30 
meses, geralmente destinado ao abate, serviço no campo ou como meio de transporte. 
c) Boi gordo: bovino de corte com tamanho e peso ideal para o abate. 
d) Fase de cria: no caso de bovinos, compreende o período que vai do nascimento 
até a desmama, que pode ocorrer até 12 meses. 
e) Fase de recria: no caso de bovinos, compreende o período que vai da desmama 
até a fase de engorda ou terminação, que pode ocorrer entre 24 e 30 meses. 
f) Fase de engorda ou terminação: no caso de bovinos, compreende o período que 
vai do final da fase de recria até o abate, que normalmente ocorre quando o animal 
atinge o peso de 15 arrobas. 
g) Novilho precoce: animal abatido até 24 meses de idade. 
h) Novilho sobreano: animais de um ano e menos de dois anos. 
i) Vaca de descarte: vaca que foi retirada da produção por problemas de ovário, 
idade avançada ou por problemas físicos. 
j) Vaca falhada: vaca que não fertilizou (não pegou cria). 
k) Vaca seca: é a que não está lactando (não está produzindo leite). 
l) Vaca solteira (novilha): é a fêmea em crescimento que ainda não atingiu o peso 
de cobertura. 
 
2.2.4 Caprinocultura 
 
Atividade pecuária destinada à criação de cabras. Dividida em caprinocultura de 
corte, para produção de carnes e peles, e caprinocultura de leite. A seguir, são 
apresentadas algumas terminologias utilizadas na caprinocultura: 
a) Aprisco: tipo de instalação utilizada particularmente para o manejo de cabras e 
ovelhas. 
b) Bode: macho já em reprodução. 
c) Cabra: fêmea após a parição. 
d) Cabrito(a): animal jovem do nascimento até antes de ser utilizado na 
reprodução. Fêmeas antes da parição. 
 
2.2.5 Equinocultura 
 
Atividade pecuária destinada à criação de cavalos. A seguir, são apresentadas 
algumas terminologias utilizadas na equinocultura: 
a) Garanhão: macho reprodutor. 
b) Égua: fêmea do cavalo. 
c) Potro e potranca: animais em crescimento. 
d) Potrilho: animal do nascimento ao desmame. 
 
2.2.6 Ovinocultura 
 
Atividade pecuária destinada à criação de ovinos. Dividida em ovinocultura de 
corte, para produção de carnes e peles, e ovinocultura de leite. A seguir, são 
apresentadas algumas terminologias utilizadas na ovinocultura: 
a) Borrega: é o ovino fêmea, dos 7 meses de idade até o primeiro parto (12-24 
meses). 
b) Borrego: é o ovino macho, dos 7 meses de idade até que se torne apto para 
reproduzir(12-18 meses). 
c) Capão: animal castrado destinado ao abate (quatro dentes). 
d) Carneiro: após se tornar apto para a reprodução, o borrego é chamado de 
carneiro ou reprodutor. 
e) Cordeiro: ovino jovem (macho ou fêmea) do nascimento até a idade de 7 meses. 
f) Ovelha: após o primeiro parto, a borrega passa a ser chamada de ovelha. 
 
2.2.7 Suinocultura 
 
Atividade agrícola que se dedica à criação de suínos (porcos). A seguir, são 
apresentadas algumas terminologias utilizadas na suinocultura: 
a) Cachaço: macho reprodutor. 
b) Fase de cria: no caso de suínos, compreende o período que vai dos nascimento 
até 2 meses. 
c) Fase de recria: no caso de suínos, compreende o período de 2 a 3 meses. 
d) Fase de engorda ou terminação: no caso de suínos, compreende o período de 3 
a 4 meses até o abate, que ocorre com aproximadamente 5 meses. 
e) Leitão: do nascimento ao desmame. 
f) Marrã: fêmea em crescimento. 
 
2.2.8 Piscicultura 
 
Atividade de criação de peixe em cativeiro em tanques, redes ou viveiros de água 
doce ou salgada. A seguir, são apresentadas algumas terminologias utilizadas na 
piscicultura: 
a) Alevino: peixe recém-nascido. Filhote de peixe. Forma embrionária, inicial dos 
peixes, em forma de uma bolsa volumosa. 
b) Despescar: retirar, geralmente com auxílio de rede ou tarrafa, os peixes ou 
outras espécies aquáticas introduzidas nos açudes, viveiros e tanques. 
c) Fitoplâncton: comunidade exclusivamente vegetal microscópica que vive nas 
diversas camadas de água e promove a fotossíntese graças à presença de luz, 
constituindo a base da cadeia alimentar do meio aquático. 
 
SAIBA MAIS 
Outras terminologias empregadas na produção animal podem ser vistas em: 
EMBRAPA – FORRAGEIRAS: 
http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/li/li01-forrageiras/cap18.pdf. 
 
GLOSSÁRIO DE TERMOS AGROPECUÁRIOS: 
http://aincetooz.blogspot.com.br/2012/03/glossario-de-termos-agropecuarios-
do.html. 
 
GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS USADOS EM ESTUDOS E CRIAÇÃO DE 
ANIMAIS: 
http://www.canil-boiadeiro.com.br/2016/08/30/glossario-termos-tecnicos-usado-
em-estudos-e-criacao-de-animais. 
 
2.2.9 Outras Culturas 
 
● Cunicultura: atividade de criação de coelhos. Dentro da Cunicultura, existe o 
termo “Láparos”, que se refere aos animais do nascimento ao desmame. 
● Ranicultura: atividade de criação de rãs. 
● Carcinicultura: atividade de criação de crustáceos, especialmente camarões, 
em viveiros, redes ou tanques. 
● Ciprinocultura: atividade de criação de carpas. 
● Estrutiocultura: prática agropecuária que consiste na criação de avestruzes. 
● Sericicultura: atividade agrícola de criação e/ou exploração racional do 
bicho-da-seda. 
 
3. ASPECTOS GERAIS DA PRODUÇÃO ANIMAL 
 
A característica e o interesse pelos animais de produção variam entre as regiões 
(ambientes diferentes) e as categorias de criadores (pequenos, médios e grandes). As 
diferentes espécies executam ações importantes para a produção de produtos de 
origem animal comestíveis (cárneos, pescados, lácteos, ovos, mel e seus derivados), 
para a geração de renda, bem como em outras funções não alimentares importantes 
(meios de transporte, tração animal, lã, seda, polinização e companhia). Segundo a 
FAO (2009), a produção eficiente de animais de produção requer boas práticas de 
manejo alimentar e saúde adequadas, bem como o melhoramento genético desde que 
adaptado aos ambientes de produção específicos. 
É indispensável conhecer a interação entre a produção animal e as políticas 
públicas atuais, para que ela continue a desempenhar suas funções social, econômica 
e cultural nas diferentes regiões do planeta. 
A produção animal pode ser classificada de diversos modos. De acordo com a 
ILRI (1995), duas classificações são contextualizadas em termos de: 
a) tipos de produção (alimentos; insumos para cultivo; e matérias-primas); 
b) utilizações para as quais essas saídas são colocadas (consumo de subsistência; 
fornecimento direto de insumos; receita de caixa; poupança e investimentos; e 
socioculturais). 
 
3.1 Importância da Produção Animal na Satisfação das Necessidades 
Alimentares 
 
“A demanda por produtos de origem animal está aumentando em todo o mundo 
como resultado do aumento do crescimento populacional, da urbanização e do 
aumento dos rendimentos” (COUGHENOUR; MAKKAR, 2014, p. 5). 
Os produtos de origem animal são importantes colaboradores para a nutrição 
humana. De acordo com Nabarro e Wannous (2014), a produção animal exerce papel 
relevante no fornecimento de nutrientes, na segurança alimentar e na subsistência de 
milhares de habitantes no planeta. 
A criação animal contribui com um terço da proteína que as pessoas consomem. 
Os animais de produção são uma importante fonte de nutrientes para a população 
brasileira. 
 
3.2 Interação entre a Produção Animal, a Agricultura e a Agroindústria 
 
A produção animal, criação de animais domésticos, exploração pecuária, ou 
simplesmente pecuária, corresponde ao conjunto de técnicas utilizadas e destinadas à 
criação e reprodução de animais domésticos com fins econômicos. Esses animais são 
comercializados e abastecem o mercado consumidor. A produção animal se integra 
com a agricultura, pois ambas são desenvolvidas em um mesmo local e, em 
determinados momentos, uma atividade depende da outra. 
A pecuária produz importantes matérias-primas, provenientes de diversos 
ramos, que abastecem diversas agroindústrias, como carnes, peles, leite e muitos 
outros (Quadro 3). 
 
Ramos da 
pecuária 
Produção animal Matérias-primas 
Aquicultura Peixes, mexilhões, 
moluscos, crustáceos, 
anfíbios e répteis 
Carne e pele 
Apicultura Abelhas com ferrão Apitoxina, mel, cera, geleia real, 
pólen e própolis 
Avicultura Avicultura de corte e 
postura 
Carne, ovos, penas e pele 
Bovinocultura Bovinos de corte e leite Carne, couro, leite, fâneros, ossos 
e vísceras 
Bubalinocultura Búfalos Carne e leite 
Caprinocultura Caprinos Carne, leite e pele 
Carcinicultura Camarão em cativeiro Carne 
Cunicultura Coelhos Carne, pele e pelos 
Equinocultura Cavalos Trabalho, lazer e esporte 
Estrutiocultura Avestruzes Carne, pele, plumas e ovos 
Meliponicultura Abelhas nativas Mel 
Minhocultura Minhocas Húmus 
Ovinocultura Ovinos Carne, pele, lã e leite. 
Ranicultura Rãs Carne, pele e óleo 
Sericicultura Bicho-da-seda Fio de seda 
Suinocultura Suínos Carne 
Quadro 3 – Ramos da pecuária, animais inseridos e respectivas matérias-primas. Fonte: Os autores. 
 
Dentre as muitas fontes de renda derivadas da pecuária, destaca-se a produção 
de carne, leite e ovos. A carne exerce a principal função na produção agroindustrial; 
nesse sentido, os animais consumidos são: bovinos, suínos, bubalinos, ovinos, caprinos 
e galináceos. A segunda importante produção está ligada à produção leiteira; nesse 
caso, são derivados de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos. O terceiro tipo de 
produção mais importante é a de ovos, provenientes da criação de galináceos; e, por 
último, os animais de montaria (equinos, muares e asininos). 
 
3.3 Fatores Condicionantes da Produção Animal 
 
Fatores naturais: 
a) Clima: temperatura, umidade do ar, velocidade do vento e radiação solar 
(alterações comportamentais e fisiológicas – produção e reprodução); 
b) Disponibilidade de água; 
c) Qualidade do solo; 
d) Relevo; 
e) Biodiversidade; 
f) Instalações: necessidades de conforto e bem-estar. 
 
Fatores nutricionais: oferta quantitativa e qualitativa de alimentos (volumosos e 
concentrados). 
 
Fatores de manejo: adoção de sistemas de manejo adequados e eficientes a cada 
espécie animal e área geográfica. 
 
Fatores econômicos: 
a) Estrutura do mercado (atacado e varejo); 
b) Custo de produção versus preço de mercado; 
c) Finalidade da produção; 
d) Políticas públicas (incentivo fiscal, subsídio, financiamento de projetos); 
e) Influência histórica e social. Ex.: criação de pequenos ruminantes no semiárido. 
 
Outrosfatores relevantes são: Genéticos; Saúde e doença; Reprodutivos; 
Técnicos (acesso à tecnologia); Tipo de produtor (pioneiros, investidores e familiares). 
 
UNIDADE 2 - NUTRIÇÃO ANIMAL E ALIMENTAÇÃO 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nesta unidade, estudaremos, de maneira geral, esse importante fator biológico, 
determinante para a produção e produtividade dos animais de produção. Os temas 
abordados nesta unidade estão baseados nas obras dos seguintes autores: Andriguetto 
et al. (1988), Van Soest (1994), McDonald et al. (2010), Bertechini (2012), Gonçalves, 
Borges e Ferreira (2009), Machado e Geraldo (2011), Silva et al. (2018), Medeiros, 
Gomes e Bungesnstab (2015). 
Para que os animais de produção possam desempenhar suas funções de modo 
eficiente nos seus diferentes estágios fisiológicos, estudar e compreender suas 
exigências nutricionais, bem como a composição química dos alimentos se torna 
fundamental. 
 
A nutrição animal é a ciência que estuda o correto fornecimento dos nutrientes 
às células dos animais domésticos, e tem como objetivo final transformar 
recursos alimentares de menor valor nutricional em alimentos para o 
consumo humano de melhor valor biológico, tais como carne, ovos, leite, entre 
outros (MACHADO; GERALDO, 2011, p. 8). 
 
O maior custo operacional em uma empresa agropecuária é a conta da 
alimentação. Para manter esse custo baixo, é preciso fornecer a quantidade certa de 
alimento para os animais de acordo com a categoria em que eles se encontram. O 
excesso de alimentos é um desperdício. A subnutrição diminui o desempenho e a 
rentabilidade dos animais. Portanto, a alimentação e nutrição adequada são cruciais 
para a rentabilidade de qualquer empresa agropecuária. 
O termo “Nutrição Animal” é geralmente usado para descrever propriedades de 
absorção e utilização de nutrientes, incluindo a conversão ótima de alimentos para 
desempenho, saúde e geração de produtos. Segundo Bertechini (2004, p. 4), “[...] o 
objetivo final da nutrição animal é de transformar recursos alimentares de menor valor 
nutricional em alimentos para o consumo humano, de melhor valor biológico”. 
Segundo McDonald et al. (2010), os alimentos são substâncias que, depois de 
serem ingeridas por animais, podem ser digeridas, absorvidas e usadas. Em um sentido 
mais amplo, a palavra "alimento" é usada para se referir a todos os produtos 
comestíveis. 
De acordo com Andriguetto et al. (1988, p. 18), “[...] o conceito de alimento é 
muito amplo, pois engloba todas a substâncias que podem ser incluídas nas dietas dos 
animais por conterem nutrientes”. 
 
1. CONCEITOS NUTRICIONAIS 
 
O principal objetivo de se listar e comentar alguns dos principais conceitos 
nutricionais é que servirão de referência educacional e recurso para os discentes. Esta 
listagem também será útil ao ler artigos sobre nutrição animal e alimentação. 
 
Digestão: é o conjunto das transformações mecânicas e químicas que os alimentos 
sofrem ao longo de um sistema digestório, para se converterem em compostos menores 
hidrossolúveis e absorvíveis pelo organismo. 
Absorção: envolve os processos químicos e físicos relacionados com o transporte dos 
nutrientes pela membrana do intestino e seu transporte até a circulação sanguínea ou 
linfática. 
Metabolismo: conjunto de reações químicas responsáveis pelos processos de síntese 
e degradação dos nutrientes na célula. O metabolismo pode estar em estado anabólico, 
que é a síntese, ou seja, formação de compostos, ou pode estar em catabolismo, em que 
há degradação, ou "quebra" de compostos. 
Valor nutricional (VN): segundo Van Soest (1994), para atender as exigências 
nutricionais de crescimento, manutenção, reprodução e lactação, torna-se necessário 
conhecer a composição química dos alimentos (os alimentos diferem na percentagem 
de nutrientes) utilizados na alimentação dos animais de produção. 
 
[...] considerando-se os vários aspectos do valor nutricional dos alimentos e 
sua determinação, o crescente avanço no conhecimento da composição 
nutricional dos alimentos e das metodologias de análise é essencial na tomada 
de decisão da melhor prática nutricional para atender as exigências 
nutricionais em cada fase do ciclo de vida dos animais (MEDEIROS; GOMES; 
BUNGESNSTAB, 2015, p. 15). 
 
 
Digestibilidade: a disponibilidade dos nutrientes para atender as exigências 
nutricionais dos animais depende da digestibilidade dos alimentos, pois ela determina 
a quantidade que é absorvida por um animal. De acordo com Andriguetto et al. (1984, 
p. 72), “[...] a digestibilidade é definida como sendo a fração do alimento consumido 
que não é recuperada nas fezes”. A digestibilidade varia de acordo com o tipo de 
alimento utilizado, bem como o tipo de animal (ruminante ou não ruminante). 
Palatabilidade: refere-se ao apelo e à aceitabilidade dos alimentos para animais. A 
palatabilidade é afetada pelo odor, textura, umidade, forma física e temperatura do 
alimento. Para que uma forragem seja considerada "de alta qualidade", geralmente, 
deve ser altamente palatável porque a qualidade inclui ingestão, e a palatabilidade é 
necessária para altos níveis de ingestão. A palatabilidade é uma característica da planta 
que pode ser medida quando o animal tem a oportunidade de alimentar-se 
seletivamente. 
Fatores antinutricionais: além de nutrientes, os alimentos podem conter vários 
compostos nocivos que podem afetar negativamente o desempenho animal e causar 
doenças ou mesmo a morte. Esses compostos são chamados de fatores antinutricionais 
e incluem: taninos, nitratos, alcaloides, cianoglicosídeos, estrogênios e micotoxinas. 
Alimentos de alta qualidade devem estar livres de níveis prejudiciais de componentes 
antinutricionais. 
Ingestão de Matéria Seca: a ingestão de matéria seca é a quantidade (ou a previsão 
da quantidade) de matéria seca consumida pelo animal e é um conceito central para 
qualquer discussão sobre nutrição animal. Normalmente, no caso de animais 
ruminantes, a ingestão aumenta à medida que a digestibilidade da forragem aumenta. 
No entanto, componentes antinutricionais como taninos e alcaloides em alimentos e 
forragens podem diminuir a ingestão. A ingestão de matéria seca é afetada pela 
condição do animal (por exemplo, idade, peso corporal, gestação, nível de produção de 
leite etc.), fatores de alimentação (por exemplo, palatabilidade, equilíbrio da dieta, 
fatores antinutricionais no alimento etc.) e o ambiente de alimentação (por exemplo, 
temperatura, umidade etc.). 
 
 
 
1.1 Classificação dos Animais de acordo com a Alimentação e Sistema 
Digestório 
 
A classificação nutricional dos animais leva em consideração as particularidades 
que caracterizam a fisiologia digestiva nos aspectos anátomo-fisiológicos da digestão, 
absorção e destinos metabólicos dos nutrientes dietéticos. Os animais são classificados 
de acordo com o comportamento alimentar em: 
1) Carnívoros – digestão química: cães, gatos, aves de rapina. 
2) Herbívoros – digestão química, enzimática (microbiana): bovinos, equinos, 
caprinos, ovinos. 
3) Onívoros – digestão química: suínos, homem, frangos de corte, galinhas poedeiras, 
codornas. 
Os animais podem ser considerados de acordo com a anatomia do sistema 
digestório, o que permite agrupá-los em: 
1) Monogástricos: carnívoros; herbívoros como o coelho e o cavalo; onívoros como 
as aves e os suínos. São os animais que apresentam um estômago simples. 
2) Ruminantes: ovinos, caprinos, bovinos, bubalinos. São animais chamados de 
poligástricos, pois o estômago é dividido em rúmen, retículo, omaso e abomaso. 
 
 
Figura 1 - Semiologia do trato digestório dos ruminantes. Fonte: Portal São Francisco (2015). 
 
Podemos destacar algumas características que diferem os animais ruminantes 
dos monogástricos: 
a) Boca com a seguinte dentição permanente: incisivo (0/4), caninos (0/0), pré-
molares (3/3) e molares (3/3), em que o numerador representa os dentesda arcada 
superior e o denominador os dentes da arcada inferior. Os ruminantes não têm os 
incisivos superiores e caninos, sendo a preensão do alimento realizada com os incisivos 
inferiores, superfície superior, lábios e língua. 
b) Saliva com produção contínua, sem enzimas em sua composição, com presença 
de fonte de minerais (fósforo e sódio) e nitrogênio para os microrganismos e com ação 
tamponante, antitimpânica e antiespumante. 
c) Estômago com quatro compartimentos: rúmen, retículo, omaso e abomaso, 
sendo os três primeiros aglandulares. O desenvolvimento do rúmen ocorre 
normalmente nos ovinos aos dois meses e nos bovinos aos 4 a 5 meses, quando os 
animais lactentes seguem a mãe em pastagens. O desenvolvimento do rúmen pode ser 
antecipado durante o processo de desmama precoce, em que os animais lactentes são 
forçados a consumirem dietas sólidas em substituição ao leite em idade mais jovem, 
podendo a desmama precoce, ou remoção total do leite da dieta dos bezerros, ocorrer 
por volta de um mês, quando eles já estão consumindo em torno de 600 gramas de 
concentrado/animal/dia em adição a alimentos volumosos (LANA, 2005, p. 22). 
 
1.2 Fisiologia da Digestão 
 
O sistema digestório possui como função principal a digestão e absorção dos 
nutrientes e excreção dos produtos não utilizados. Nos mamíferos, o sistema digestório 
possui boca, faringe, esôfago, estômago (rúmen, retículo, omaso e abomaso no caso 
dos principais ruminantes domésticos), intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), 
intestino grosso (ceco, cólon e reto), ânus e glândulas acessórias (glândulas salivares, 
pâncreas e fígado) (LANA, 2007). 
Adaptações do sistema digestório dos animais ruminantes (rúmen e retículo) e 
dos herbívoros não ruminantes (ceco e cólon desenvolvidos) favoreceram o 
estabelecimento de populações microbianas constituídas de bactérias, protozoários e 
fungos anaeróbicos, que apresentam como importantes funções a fermentação dos 
alimentos fibrosos, transformando-os em produtos absorvíveis pelo sistema digestório 
e utilizáveis como fonte de energia pelo animal, que são os ácidos graxos voláteis. Além 
disso, os microrganismos sintetizados no rúmen são carreados com a digesta para o 
intestino delgado e, após digeridos, suprem boa parte das necessidades de aminoácidos 
e vitaminas do complexo B e K. 
 
1.2.1 Ingestão de alimentos 
 
A ingestão de alimentos consiste em preensão, mastigação e deglutição. A 
preensão está relacionada à introdução do alimento na cavidade bucal e varia entre as 
espécies animais. Tomemos, como exemplos, o cão, que utiliza o focinho, enquanto o 
equino utiliza o lábio (o superior), os ruminantes usam principalmente a língua, 
porque esta é cheia de papilas ásperas e é móvel, e os suínos usam o focinho, que 
seleciona o alimento, e o lábio inferior. 
A mastigação é o mecanismo de trituração dos alimentos, envolvendo 
principalmente os dentes molares, visando a aumentar a área de ação enzimática e 
facilitar a deglutição. A mastigação está relacionada com o tipo de alimento e o animal: 
o cão mastiga de modo mais rápido e o equino mais lentamente, ao passo que os 
bovinos apresentam a primeira fase rápida e a segunda (ruminação) mais lenta. Isso é 
de enorme importância para reduzir o tamanho das partículas dos alimentos e 
umedecê-los, visando a facilitar a deglutição. Os herbívoros trituram mais os alimentos 
por conseguirem deslizar os dentes lateralmente. Bovinos, ovinos e caprinos possuem 
32 dentes e os equinos, de 36 a 44 dentes. Os frangos de corte e as galinhas poedeiras 
não possuem dentes. 
 
 
Figura 2 - Dentição de bovinos. Fonte: Lance rural (2021). 
 
 
Figura 3 - Dentição de um cavalo. Fonte: Clube do Cavalo Freio de Prata (2016). 
 
INDICAÇÃO DE VÍDEO 
Sobre a cronologia dentária de equinos, assista ao vídeo disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=tdzx3a_3M5Y. 
 
SAIBA MAIS 
Sobre a dentição de bovinos, consulte o site: 
https://carneanguscertificada.com.br/site/blogInfo/34. 
 
A deglutição consiste na passagem do alimento da cavidade bucal para a faringe, 
sendo dividida em três fases: 
1) Oral, que é de ação voluntária até o alimento chegar ao istmo das fauces; 
2) Faríngea (rápida); 
3) Esofágica. 
 
1.3 Teorias da Regulação do Consumo 
 
A fome é o desejo fisiológico por alimentos após um período de jejum e o apetite 
é a resposta do animal à presença de alimentos. O hipotálamo, região ventral do 
diencéfalo, é um dos responsáveis pela regulação do apetite. Existem dois centros 
principais que atuam na regulação do apetite: o centro da fome (núcleo lateral do 
hipotálamo) e o centro da saciedade (núcleo ventromedial). A lesão desses centros 
causa respostas inversas (LANA, 2005). 
https://carneanguscertificada.com.br/site/blogInfo/34
Os mecanismos relacionados ao controle do apetite pelo hipotálamo são o efeito 
químico, a exemplo do nível de açúcar ou de lipídio no sangue, e o efeito térmico, sendo 
o hipotálamo um dos responsáveis pelo controle da temperatura corporal, sendo a 
baixa temperatura estimulante do apetite. A regulação do apetite ocorre também pela 
influência gástrica, em que há redução no apetite pelos detectores de ácidos graxos 
voláteis na parte dorsal do rúmen e pelo limite físico causado em consequência da 
distensão do estômago por alimentos. 
 
1.4 Nutrientes e suas Finalidades (Classificação) 
 
Os nutrientes são substâncias ou estruturas dos alimentos que são necessários 
e/ou utilizados para alimentação e desempenho animal (viver e crescer). O esquema 
de composição química dos alimentos é apresentado na Figura 4. 
 
Figura 4 – Esquema de composição química dos alimentos. Fonte: Andriguetto et al. (1988). 
 
 
Diferentes tipos e classes de animais têm diferentes exigências nutricionais. A 
exigência nutricional refere-se às quantidades mínimas de nutrientes (energia, 
proteínas, gorduras, minerais e vitaminas) necessários para atender às necessidades 
de manutenção, crescimento, reprodução, produção e trabalho dos animais. Os 
animais em crescimento e produção necessitam de mais nutrientes do que os adultos. 
O alimento pode ser dividido em uma parte úmida (água) e uma parte sólida 
(matéria seca). A relação entre umidade e matéria seca (MS) varia, dependendo do tipo 
de alimento ou ingrediente e o método de processamento. 
A MS representa tudo o que contém uma amostra de alimento, exceto água; isso 
inclui proteínas, fibras, gorduras, minerais e vitaminas. Na prática, é o peso total do 
alimento menos o peso da água, expresso em percentagem (%). É determinado pela 
secagem da amostra do alimento em um forno, até a amostra atingir um peso estável. 
Essa é normalmente uma análise simples. 
Os ingredientes para alimentação são descritos de acordo com seu conteúdo de 
nutrientes. A análise de nutrientes de diferentes tipos de alimentos permite comparar 
o valor deles, a fim de proporcionar uma combinação perfeita para satisfazer as 
exigências nutricionais dos animais de produção. Dessa forma, é possível fornecer uma 
ração equilibrada ao animal. 
1.4.1 Água 
 
A água compõe cerca de 75,0% do peso de um animal adulto e até 90,0% do peso 
de um recém-nascido. Encontra-se em todas as células do organismo animal. A 
quantidade necessária por um animal está relacionada à atividade que ele desempenha 
e ao seu estádio de crescimento ou produção (lactação, gestação etc.). A água é 
essencial para a sobrevivência de um animal. 
A água pode entrar no corpo dos animais de diferentes maneiras. A maior parte 
dela entra por meio do seu consumo. Ela também é encontrada nos alimentos que um 
animal consome e pode ser produzida por meio de reações bioquímicas, bem como 
pode ser perdida por meio da urina, fezes, suor e vapor dos pulmões. A água consumida 
por um animal deve estar limpa e fresca, devendo sempre estar disponível para os 
animais. 
As duas principais funções da água no corpo são:regular a temperatura corporal 
e ajudar no transporte de nutrientes. 
A pecuária pode ter problemas de saúde resultantes de água de baixa qualidade. 
Uma empresa agropecuária bem-sucedida exige um bom abastecimento de água, tanto 
em termos de quantidade como de qualidade. Fornecimento seguro de água é 
absolutamente essencial para o rebanho. Se o rebanho não beber bastante água potável 
todos os dias, a ingestão de alimentos (volumosos e concentrados) e a produção cairão, 
e o produtor perderá dinheiro. 
 
1.4.2 Proteínas 
 
As proteínas são formadas fundamentalmente por carbono, hidrogênio, 
oxigênio e nitrogênio. A proteína é um nutriente essencial para a vida dos animais. 
Segundo McDonald et al. (2010, p. 53), as proteínas são encontradas em todas as 
células vivas, sendo que cada espécie tem suas proteínas específicas. As proteínas têm 
a função principal de compor as estruturas do organismo dos animais como, por 
exemplo: tecido muscular, órgãos internos, pele, pelos, penas, unhas, bicos, chifres, 
glóbulos de sangue, anticorpos, enzimas, hormônios, tendões, artérias, DNA, 
cartilagens etc. Podemos dizer que as proteínas são essenciais para as células em 
crescimento, estão incluídas nas estruturas do corpo, bem como podem ser utilizadas 
como energia. 
 
Após a ingestão das proteínas pelos animais, são elas desdobradas em 
aminoácidos no processo digestivo. São então absorvidas no trato digestivo, 
caindo na corrente circulatória. Ao nível dos tecidos de cada órgão ou tecido 
retira os aminoácidos necessários para refazer suas proteínas 
(ANDRIGUETTO et al., 1988, p. 29). 
 
Na sua composição, as proteínas possuem longas cadeias de vários tipos de 
aminoácidos (AAs). Os aminoácidos são classificados de acordo com a sua importância 
para satisfazer uma necessidade em: essenciais (AAE) e não essenciais (AANE). Os 
AAE são de grande importância ao desenvolvimento dos animais, uma vez que estes 
não são capazes de sintetizá-los, sendo necessária a adição deles nas dietas. Já os AANE 
são sintetizados no organismo animal. 
 
As plantas e muitos microrganismos são capazes de sintetizar proteínas a 
partir de compostos nitrogenados simples, como os nitratos. Os animais não 
podem sintetizar o grupo amino e, para construir proteínas do corpo, devem 
ter uma fonte alimentar de aminoácidos. Certos aminoácidos podem ser 
produzidos de outros por um processo conhecido como transaminação, mas 
os esqueletos de carbono de vários aminoácidos não podem ser sintetizados 
no corpo animal; estes são referidos como aminoácidos essenciais ou 
indispensáveis (McDONALD et al. 2010, p. 58). 
 
A descrição dos principais aminoácidos essenciais e não essenciais é 
apresentada no Quadro 1. 
 
AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS AMINOÁCIDOS NÃO ESSENCIAIS 
Arginina (menos para suínos) Ácido aspártico 
Fenilalanina Ácido glutâmico 
Histidina Ácido hidroxiglutâmico 
Isoleucina Alanina 
Leucina Cistina 
Lisina Citrolina 
Metionina Hidroxiprolina 
Treonina Norleucina 
Triptofano Prolina 
Valina Serina 
Glicina (para aves: pintos) Tirosina 
 Glicina (exceto aves) 
Quadro 1 – Descrição dos principais aminoácidos (essenciais e não essenciais). Fonte: McDonald et 
al. (2010). 
 
1.4.3 Glicídios ou Carboidratos 
 
Os carboidratos são componentes dos alimentos que fornecem energia, sendo 
compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio. Eles devem representar cerca de 75,0% 
da dieta dos animais de produção. A energia que eles fornecem força movimentos 
musculares, produz o calor do corpo (que ajuda a manter o animal aquecido), bem 
como auxilia no uso de proteínas e gorduras pelo organismo. 
Os carboidratos podem ser classificados em: estruturais (complexos) e não 
estruturais (simples). Os carboidratos estruturais (complexos) formam a parede 
celular da planta e incluem celulose, hemicelulose, lignina e pectina, sendo mais 
difíceis de digerir do que os carboidratos simples. Essas substâncias são encontradas 
principalmente em forragens (pastagens). A descrição dos carboidratos estruturais é 
apresentada no Quadro 2. 
 
CARBOIDRATO DESCRIÇÃO 
Celulose 
 
A celulose é um importante carboidrato estrutural que está 
presente nas paredes celulares da planta. A celulose é uma 
parte importante da fibra estrutural em forragens e pode ser 
utilizada por microrganismos no rúmen. 
Hemicelulose 
 
A hemicelulose é um carboidrato que existe em quase todas as 
paredes celulares da planta, juntamente com a celulose. À 
medida que o teor de hemicelulose aumenta na alimentação 
animal, a ingestão voluntária de alimentos geralmente 
diminui. 
Lignina 
 
A lignina é um composto complexo de carboidratos, um 
componente estrutural importante de plantas maduras, 
contida na porção fibrosa de hastes de plantas, folhas, espigas 
e cascas. Não é digerível e, portanto, tem um impacto negativo 
na digestibilidade da celulose. À medida que o teor de lignina 
em uma alimentação aumenta, a digestibilidade da celulose 
diminui, reduzindo assim a quantidade de energia 
potencialmente disponível para o animal. 
Pectina 
 
A pectina é um polissacarídeo intercelular que funciona como 
uma cola celular. Como os carboidratos não estruturais, é 
facilmente degradada no rúmen. 
Quadro 2 – Descrição dos carboidratos estruturais (complexos). Fonte: Andriguetto et al. (1988).
 
 
Os carboidratos não estruturais (CNE), também chamados de 
carboidratos simples, são os amidos (encontrados principalmente nas porções de grãos 
ou semente e/ou raiz das plantas) e açúcares, armazenados dentro da célula que podem 
ser facilmente digeridos pelo animal. Por isso, são considerados como uma fonte de 
energia prontamente disponível. A descrição dos carboidratos não estruturais é 
apresentada no Quadro 3. 
 
CARBOIDRATO DESCRIÇÃO 
Açúcares 
 
Existem dois tipos de açúcares: açúcares simples, ou 
monossacarídeos, e açúcares duplos, ou dissacarídeos. 
Glucose, galactose e frutose são açúcares simples. Maltose, 
lactose e sacarose são açúcares duplos. A glicose é uma 
excelente fonte de energia para a maioria das células. 
Amido O amido é uma importante fonte de energia. O amido é 
convertido em glicose no processo digestivo. 
Quadro 3 – Descrição dos carboidratos não estruturais (simples). Fonte: Andriguetto et al. (1988). 
 
1.4.4 Lipídeos 
 
Os lipídeos são substâncias encontradas em tecidos vegetais e animais que são 
insolúveis em água, mas solúveis em benzeno ou éter; os lipídeos incluem glicolipídios, 
fosfoglicerídeos, gorduras, óleos, ceras e esteroides. 
Gorduras e óleos também são conhecidos como lipídeos. Um lipídeo é um 
componente alimentar que fornece energia e também é a forma como os animais 
armazenam energia. As gorduras são sólidas e os óleos são líquidos à temperatura 
ambiente. 
As gorduras contêm as maiores quantidades de energia. Na verdade, as gorduras 
contêm 2,25 vezes mais energia que os carboidratos. As gorduras desempenham um 
papel importante no fornecimento de energia necessária para um animal para a 
manutenção normal do corpo. Boas fontes de gorduras em rações de animais 
(monogástricos) incluem farinha de carne e osso ou farinha de peixe. 
 
1.4.5 Vitaminas 
 
As vitaminas são substâncias orgânicas que geralmente funcionam como partes 
de sistemas enzimáticos essenciais para muitas funções metabólicas. Elas participam 
do metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios; regulam a produção de 
componentes corpóreos (ossos, peles, hormônios, nervos, sangue etc.); participam da 
resposta imunológica; e previnem o aparecimento de doenças relacionadas a 
deficiências nutricionais. 
 
As vitaminas são substâncias de natureza orgânica, cujas estruturas e 
propriedades são, mais ou menos, facilmente destruídas pelos agentes físicos 
e químicos. Estas substâncias, que o organismo animal não pode elaborar, são 
indispensáveis à vida dos seres superiores. Sua ausência (avitaminose) causa 
distúrbios característicos geralmente mortais. Sua ação

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