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Doença Renal Crônica (DRC) Definição Lesão renal ou taxa de filtração glomerular estimada (ou medida, a partir da urina 24h) abaixo de 60mL/min/1,73cm² (por superfície corpórea) que persiste por 3 meses ou mais Independe da causa Introdução Variação por técnica diagnóstica utilizada, dificuldade de verificação em mais de uma ocasião pode superestimar Ideal de diagnóstico: avaliação da função em três ocasiões no intervalo de 3 meses Os pacientes precisam ser observados. É muito comum falar para o paciente a porcentagem que o rim “funciona” para que eles tenham uma noção da sua doença, pois geralmente o paciente não procura o nefrologista espontaneamente Epidemiologia (2021) Taxa na população geral: aproximadamente 10-15% Hipertensos e diabéticos: parte da população que mais faz DRC Aumento substancial de mortalidade cardiovascular – necessidade de diagnóstico precoce (lembrar de rastrear) DRC é contribuinte para aterosclerose, sendo muito comum processos de calcificação de parede celular DRC é uma causa independente de aumento de mortalidade cardiovascular. É muito comum os pacientes morrerem por AVC, infarto, ou seja, evento cardiovascular (DRC tende a piorar doenças vasculares). Geralmente pacientes com DRC são cardiopatas e vasculopatas (conceits de alto risco de eventos cardiovasculares) Conforme DRC evolui, a taxa de excreção de fósforo na urina vai ficando mais prejudicada, ou seja, vai acontecendo hiperfosfatemia (aumento fósforo no sangue). Porém, o fósforo no sangue tem comunicação direta com o cálcio, podendo ser chamado de produto fósforo-cálcio: conforme o fósforo aumenta muito, o cálcio tenta acompanhar, mas há uma perda de comunicação entre cálcio corpóreo com PTH (glândula que controla), levando ao aumento da doença a paratideoide vai trabalhando de forma desorganizada e autonômica e o cálcio começa a não conseguir se comunicar, levando à deposição de cálcio e, ao mesmo tempo, perda do seu uso para remodelação óssea Recomendação de rastreio Quem? Hipertensos Diabéticos > 65 anos Como? CKD-EPI e estimativa da função renal através de uma creatinina sérica Urina 1 Chamada de biópsia líquida, devido a quantidade de exames que são identificados através dela, seja por proteína na urina, cilindros que mostra, perda de glicose na urina (em DM) Há uma taxa aceita de proteína encontrada na urina pois alguns tipos de proteínas passam por ela (exemplo: 𝛼2 microglobulina) Ao dosar uma urina de 24h para saber quanto sai de proteína nas 24h, talvez a medição não seja tão fiel. Pode ser feita uma amostra única de urina 1 com uma relação albumina/creatinina, para estimar se o paciente tem perda de proteína urinária e se ela é grande, pequena ou média. Quando desconfiar: quando tem o valor de urina basicamente normal ou quando há foi feito CDK-EPI e deu alteração (busca se o paciente teve alteração de taxa de filtração ou se tem lesão de barreira com perda de proteína) No laboratório, urina 1: “proteína” significa “albumina” Albuminúria ou proteinúria (<500mg/24, rel a/c é mais sensível) Valores normais Proteína total: 150mg/24h valores acima, colocar em uma graduação para classificar a gravidade Albumina: 30mg/24h usada como marcador de lesão pois é a proteína mais comum de ser excretada Observações: Perda de proteínas não seletivas: muitas vezes pode ocorrer perda de muitas proteínas no sangue, porém, quando é feita dosagem somente da albumina, isso pode não ser identificado. Ou seja, há alteração no valor total das proteínas mas não necessariamente há alteração no valor da albumina. Quando desconfiar: urina de 24h com valor alterado na proteína mas tem na urina 1 o valor de urina está praticamente normal Doença renal em DM é basicamente por perda de albumina Classificação do paciente Avaliação por dois tipos: taxa de filtração glomerular e nível de albumina Avaliação feita no doente renal crônico, mas também em todo paciente/em toda consulta Categorias de TFG: G1, G2, G3a, G3b, G4, G5 (a partir de G3: acompanhar o paciente, no mínimo, a cada 6 meses; sendo G4 a cada 3 meses e G5 mensalmente) Categorias do nível de albuminúria: A1, A2, A3 Rastrear paciente para saber se tem doença renal ou não: medição de proteína total ou albumina na urina Exemplos de classificação/nomenclatura para saber qual o paciente que está lindando: DRC por nefropatia de doença renal do diabetes estágio 3A; DRC por hipertensão arterial estágio 4 Fatores de risco Não modificáveis Idade: idosos Sexo masculino Etnia: não caucasianos Genética Modificáveis/progressão de doença Principais: controle de HAS e controle da proteinúria HAS Pacientes com DRC e têm pressão mal controlada: evoluem rapidamente Diretriz brasileira de HAS 2020 – PA alvo: 120x80mmHg porém, é necessário fazer base na individualização do paciente Proteinúria Reflete o grau de dano subjacente, ou seja, quanto maior a proteinúria, mais néfrons estão envolvidos na lesão e há menos néfrons com capacidade de compensação da lesão quanto maior a proteinúria, maior o grau de lesão e maior a chance do néfron ir esclerosando e perder TFG Graus de proteinúria mais elevados (>2g): espuma na urina (“espuma de colarinho de cerveja e que não se desfaz”) Também é causa de evolução de doença. Para isso: fazer controle por direta ou bloqueio do SRAA (Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona) Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA): controle pressórico e proteinúrico. Preservação dos glomérulos remanescentes. Dublo-bloqueio sem benefício IECA e BRA: responsáveis por controlar SRAA através de controle pressórico e controle de proteinúria + preservação de glomérulos remanescentes. Há situações que essas classes são boas e outras lesivas: na lesão renal aguda são lesivos, mas na LRC eles dilatam a arteríola aferente e melhoram a pressão, reduzindo a perda de proteína (faz queda de TFG por um período) - DRC em estágio 5 (TFG<15): IECA ou BRA para paciente que antes não usava, pode fazer ele entrar na diálise (pois vai reduzir a TFG dele). Ao colocar IECA ou BRA, temporariamente (por mais ou menos 30 dias), o paciente tem uma oscilação da TFG de aproximadamente de 30%, resultando em diálise para o paciente que estava com a TGF crítica - Pacientes que tem estabilidade (até mais ou menos 3A): coloca a medicação mesmo correndo o risco (TGF vai dimiuir) pois vai controlar proteinúria e pressão Outros Hiperglicemia Tabagismo Obesidade Uso abusivo álcool Fatores associados à síndrome metabólica: resistência insulínica, dislipidemia e hiperuricemia Apresentação clínica Assintomática até estágio 4 ou 5 Frequentemente descoberta em situações de urgência de suporte clínico ou dialítico Hipervolemia, sonolência, hipercalemia, acidose metabólica Importante: História clínica detalhada e exames prévios ajudam na avaliação Quando suspeitar de DRC Paciente com níveis altos de escórias nitrogenadas (ureia, creatinina) e pouco sintomático Marcas de arranhões na pele; pele hipocorada Presença de anemia normocítica e normocrõmica US rins e vias mostrando rins pequenos e sem diferenciação cortiço-medular Hipertrofia de ventrículo esquerdo Alteração no fundo de olho (doenças sistêmicas avançadas) Abordagem terapêutica Objetivo: postergar progressão para DRET (doença renal crônica estágio terminal) Controle de pressão arterial e proteinúria IECA/BRA-II Alisquireno (inibidor direto da renina) – substituto dos acima Controle ingesta proteica: 0,7g/kg peso corpóreo/dia Controle ingesta salina: 2 a 3 g/dia Controle das abordagens relacionadas à DRC Acidose metabólica (perda da excreçãoH+): oferta de bicarbonato via oral (pó) visando HCO3- 22-24 (valor normal) Anemia Doença mineral óssea Anemia na Doença Renal Crônica Introdução Frequente nos pacientes DRC avançado ou dialíticos Costuma surgir após estágio 3b Traz grande perda na qualidade de vida Aumenta riscos cardiovasculares Padrão normo-normo Ocorre por menores sobrevida e produção das hemácias: os pacientes já possuem uma produção reduzida de hemácias e também possuem várias perdas sanguíneas (principalmente dialíticos: coleta de sangue frequente: antes e depois da diálise, pesquisa de perfil sorologia, infecção viral, entre outros) Dialíticos: além de terem que fazer muita retirada de sangue para exames constantes, eles possuem o sangue passando por um circuito até chegar na máquina, para depois ser devolvido para eles. Por algum motivo (pode ser por pouca heparina ou pelo paciente estar mais desidratado), o sangue coagula. Ou seja, é necessário descartar todo o circuito, puncionar o paciente novamente e depois conectar na máquina novamente, resultando em perda sanguínea. Caso isso ocorra muitas vezes, o paciente tem muita perda sanguínea Coletas, perdas sanguíneas pelo sistema, gengivites A medula óssea não responde adequadamente aos estímulos da hipóxia para produção de eritropoietina (EPO) e indução da eritropoese EPO: produção pelos fibroblastos presentes no córtex renal, próximo ao epitélio tubular e capilares peritubulares. Ou seja, a produção não é feita no local correto, o que faz a produção ser mais reduzida Hipóxia vai induzir a produção de HIF (fatores de transcrição, geralmente subunidades 1-alfa ou 2-alfa), que vai estimulo de produção e ação da EPO na medula. ´ Opções de terapia Medicamentos Alfapoetina (mais disponível): 25-50u/kg/dia (limite de dose por dia) Darbepoetina CERA (melhor opção pois tem maior meia vida mas não tem disponível) Efeitos colaterais (para os 3 anteriores): Descontrole pressórico e efeito trombótico Estabilizadores de HIF Valores Se ferritina <100mg/L: corrigir previamente Lembrar: Ferritina alta, IST baixa: paciente tem alto estoque de ferro mas ele não consegue ser utilizado deficiência funcional (pois tem ferro no corpo mas ele não é usado) Ferritina baixa, IST baixa: deficiência real (falta ferro no paciente) OBS: IST índice de saturação de transferrina Conduta DRC conservador: ferro VO DRC dialítico: ferro EV Meta geral do tratamento Principais motivos de tratamento: proteção de evento cardiovascular + transplante renal Transplante renal não acontece por fila de espera, mas por compatibilidade do sistema HLA e sistema ABO Hb 10,5-12,5mg/dL Ferritina sérica 100 - 500mg/dL (DRC conservador) Ferritina sérica 200 - 500mg/L (dialítico) IST 20-40% Hipertensão Arterial Secundária Hipertensão renovascular Causa comum de HAS secundária Queda de perfusão renal: geralmente causada por estenose da artéria renal principal Pensar em dois cenários (fazem processo semelhante de doença, mas tem um perfil de paciente e causas diferentes): Doença renal vascular aterosclerótica (DRVA) Displasia fibromuscular (DFM) Classificação Hipertensão dois rins “(um-clipe)”: um rim tem estenose de artéria renal e o contra-lateral é pérvio (normal) Hipertensão um-rim “(um-clipe)”: toda massa renal afetada por lesão bilateral ou de rim único (foi feito o clampeamento de uma artéria renal ou das duas, levando a um acometimento de toda a massa renal) Oclusão luminal de, no mínimo, 7-80% para causar a hipertensão renovascular Hipertensão dois rins “(um-clipe)” Há uma assimetria renal: até 1,5cm é aceita alteração de tamanho entre os rins (geralmente o rim direito é mais baixo e um pouco menor) Diferença tamanho > 1,5cm: fazer pesquisa do por quê da diferença de tamanho se um está sofrendo uma estenose e está fazendo isquemia constante, o outro rim vai crescer pois está sofrendo filtração acelerada para dar conta da filtração do outro rim Menos sangue chega no rim e está sendo menos perfundido, ou seja, está em cenário de estresse ativação do mecanismo de compensação intrarrenal (estímulo de SRAA e abertura de arteríola para melhorar a perfusão, afim de melhorar filtração glomerular) Há aumento do SRAA em qualquer rim clipado: faz com que exista hipertensão angiotensina II dependente (excesso de constrição celular sistêmica para fazer chegar sangue no rim e manter a perfusão nele) Rim saudável: remete para o corpo na forma de hipertensão arterial (está chegando fluxo aumentado no rim saudável) SRAA é bloqueado no rim saudável, resultando em aumento de excreção de sódio pela urina (natriurese) faz chegar menos sódio no túbulo nos próximos processos (a falta de chegada de sódio na mácula do rim doente, faz ele entender que o corpo está sem líquido, aumentando o SRAA) resulta em cada vez mais hipertensão de angiotensina II Causa de doença renal crônica (ao longo do tempo o rim vai sendo prejudicado) É angiotensina II dependente Pessoa chega com hipertensão muito alta (pessoa chega com crise pressórica alta) IECA e BRA-II são usados pois há ativação de SRAA Hipertensão causa DRC Hipertensão um rim “(um-clipe)” Há redução de perfusão renal total: os dois rins tem carência pois o vaso está fechado Ativa SRAA Não há outro rim compensatório pois os dois estão afetados: há uma excreção de sódio reduzida (água e sal são reabsorvidos no túbulo contorcido distal) há aumento de volume sanguíneo corpóreo/água corpórea e PA mais volume-dependente (o sal e a água ingeridos não são eliminados) É volume-dependente IECA e BRA-II são utilizados pois tem que forçar natriurese (preferência por diurético de alça pois faz mais natriurese) Pessoa chega com muito volume/hipervolêmico no corpo (pessoa chega no pronto atendimento com edema agudo hipertensivo, com crise pressórica muito alta) Hipertensão causa DRC Doença renal aterosclerótica (DRVA) Principal causa de HAS secundária Comum em idosos Doença aterosclerótica sistêmica Característica comum: HAS iniciada tardiamente ou piora de HAS prévia (paciente começa a ter HAS com 65/70 anos de idade, sendo que HAS geralmente aparece com 45/50 anos) Pode causar Hipertensão dois rins “(um-clipe)” e Hipertensão um rim “(um-clipe)” LRA após início de IECA/BRA-II DRC inexplicada em idoso Edema agudo pulmonar Angioplastia (imagem ao lado): realizada para resolver a perfusão Pode causar Hipertensão dois rins “(um-clipe)” e Hipertensão um rim “(um-clipe)” Displasia fibromuscular 2ª principal causa de HAS secundária Crianças ou adultos jovens Doença cerebral associada até 30% dos casos adultos Pode causar Hipertensão dois rins “(um-clipe)” e Hipertensão um rim “(um-clipe)” Fisiopatologia desconhecida: aparentemente ocorre por uma disfunção de colágeno pois está associada a síndromes genéticas Associada a diversas síndromes genéticas (exemplo: Síndrome de Marfan Tratamento Mudança do estilo de vida Controle síndrome metabólica Controle pressórico Uso de IECA/BRA-II é fundamental Revascularização geralmente não traz total controle pressórico Custos X riscos: pacientes com perda de função renal ou descontrole pressórico com terapia otimizada Ponto delicado: IECA/BRA-II para estenose de rim único funcionante ou bilateral
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