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13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 1/16 Filoso�a do Direito Aula 1 - O que é Filoso�a do Direito? INTRODUÇÃO Neste primeiro momento importa investigar o conceito de Filoso�a do Direito, apresentar sua importância para a re�exão sobre a experiência jurídica, a clássica divisão e, em síntese, o caminhar na história do pensamento. OBJETIVOS 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 2/16 Identi�car o conceito de Filoso�a do Direito; Reconhecer a diferença entre Filoso�a do Direito e Ciência do Direito; Reconhecer a utilidade da Filoso�a do Direito. 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 3/16 FILOSOFIA DO DIREITO Você sabe o que signi�ca �loso�a do direito? O que diferencia a �loso�a de outras disciplinas? Não são poucos os autores em Direito que nos advertem que para compreendermos os debates contemporâneos, bem como as contradições que existem no mundo da sociabilidade, precisamos �losofar um pouco. philos + sophia = Filoso�a Amizade ou amor pela sabedoria, pelo conhecimento. Como preleciona Miguel Reale (2002, p. 5-6): Segundo Del Vecchio (1979), a �loso�a voltada para a realidade jurídica pode ser muito útil, pois a partir de seu olhar poderemos perceber dois elementos importantes, a saber: 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 4/16 • conhecer a nossa história para compreender o presente na sua relação com o passado; • desenvolver um olhar crítico-re�exivo sobre as teorias e institutos presentes na esfera jurídica. E acrescenta que não há como se desvincular direito de �loso�a, sob pena de uma visão empobrecida, imediatista e meramente utilitária da experiência jurídica. A Filoso�a do Direito é, por conseguinte, o campo de investigação da Filoso�a que tem por objeto de pesquisa o Direito, ou melhor, a experiência jurídica. Esta área de saber pode ser estudada do ponto de vista �losó�co, por �lósofos de formação ou por juristas, destacando temas como Justiça, Liberdade, Igualdade, entre outros. EM BUSCA DE UMA CONCEITUAÇÃO 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 5/16 Elaborar um conceito para esta área do conhecimento não é tarefa fácil, mas precisamos considerar algumas de�nições: PAULO NADER (2003, P. 11) “A Filoso�a Jurídica [�loso�a do direito] consiste na pesquisa conceitual do Direito e implicações lógicas, por seus princípios e razões mais elevados, e na re�exão crítico-valorativa das instiuições jurídicas.” JOÃO BAPTISTA HERKENHOFF (2010, P. 16) “A Filoso�a do Direito procura captar a realidade jurídica por meio de sua relação com as causas primeiras e os princípios fundamentais. Debruça-se sobre o estudo da natureza do Direito e de sua signi�cação essencial”. MIGUEL REALE (2002, P. 9) “A Filoso�a do Direito, esclareça-se desde logo, não é disciplina jurídica, mas é a própria Filoso�a enquanto voltada para uma ordem de realidade, que a ‘realidade jurídica’. Nem mesmo se pode a�rmar que seja Filoso�a especial, porque é a Filoso�a, na sua totalidade, na medida em que se preocupa com algo que possui valor universal, a experiência histórica e social do direito”. ALYSSON LEANDRO MASCARO (2010, P. 16) “A Filoso�a do Direito investiga o sentido de justo, por isso investiga as relações sociais mediadas pelo Direito, o justo é a legitimação �losó�ca e ética do direito”. EDUARDO C. B. BITTAR E GUILHERME ASSIS DE ALMEIDA (2004, P. 50) “A Filoso�a do Direito é um saber crítico a respeito das construções jurídicas erigidas pela Ciência do Direito e pela própria práxis do Direito. Mais que isso, é sua tarefa buscar os fundamentos do Direito, seja para cienti�car-se de sua natureza, seja para criticar o assento sobre o qual se fundam as estruturas do raciocínio jurídico, provocando, por vezes, �ssuras no edifício que por sobre as mesmas se ergue”. Fonte: Shutterstock Considerando as de�nições sugeridas, podemos concluir que Filoso�a do Direito é uma área da Filoso�a que investiga a experiência jurídica em todas as suas nuances. Investiga o que é Direito, analisa a relação entre direito e moral, problematiza o conceito de justiça, a efetividade social das normas, as ideologias que fundamentam as teorias e institutos jurídicos, identi�ca as contradições e paradoxos típicos das sociedades contemporâneas, dentre outras possibilidades. Partindo dessa ideia, podemos ressaltar que a Filoso�a do Direito apresenta algumas características conforme preleciona Eduardo C. B. Bittar e Guilherme Assis de Almeida, na obra Curso de Filoso�a do Direito, 2004, p. 50-54), a saber: 1 “É um saber crítico a respeito das construções jurídicas e práticas do Direito”; 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 6/16 2 “Apresenta como tarefa buscar os fundamentos do Direito”; 3 “É uma re�exão atenta às modi�cações no mundo jurídico e seus institutos”; 4 “Oferece suporte re�exivo ao legislador”; 5 “Desvela as ideologias que fundam certas práticas jurídicas”. QUEM É O FILÓSOFO DO DIREITO OU JURISFILÓSOFO? Fonte da Imagem: Brandon Bourdages / Shutterstock De acordo com Nader (2003, p.3), “se é verdade que a condição de �lósofo não se adquire por título universitário, senão pela constância do pensamento dialético, também é certo que somente atinge a situação de juris�lósofo o jurista que exercita, como hábito, a atitude �losó�ca”. Deve-se destacar, neste ponto, a �gura do �lósofo do direito ou juris�lósofo. Trata-se daquele que conhece as correntes �losó�cas, bem como as categorias lógicas do Direito, com o objetivo de avaliar o rigor lógico dos conceitos jurídicos e a adequação do Direito Positivo às necessidades sociais atuais. Miguel Reale (2002, p. 10), por exemplo, nos sugere algumas indagações típicas dos juris�lósofos: 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 7/16 Fonte: Irina Qiwi / Shutterstock , O que podemos inferir desta passagem de Miguel Reale? Podemos inferir que a Filoso�a do Direito investiga os fundamentos do Direito sem se preocupar com questões de ordem prática e, por isso, o que pode ser óbvio para o aplicador do Direito, não o é para o �lósofo do direito que indagará de maneira crítica e investigará seus pressupostos e ideologias. Por quê? Porque todo conhecimento é perspectivo e o Direito como construção humana é fenômeno cultural, como a arte, por exemplo. DIVISÃO DA FILOSOFIA DO DIREITO 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 8/16 Fonte da Imagem: Lane V. Erickson / Shutterstock A Filoso�a do Direito é um estudo re�exivo sobre o Direito, ou nos dizeres de Reale (2002, p. 10) “crítica da experiência jurídica” e se divide em: Parte geral - Ontognoseologia Jurídica; Parte especial - Epistemologia Jurídica e Deontologia Jurídica. Para Reale, existe uma terceira área da parte especial que é denominada de Culturologia Jurídica que investiga o Direito como fenômeno da cultura. O plano da Ontognoseologia estuda a experiência jurídica na relação entre sujeito e objeto. Na perspectiva do objeto, analisa-se o que é o Direito e na dimensão do sujeito, como esse objeto - o Direito -, se apresenta para a subjetividade na experiência jurídica do mundo da sociabilidade. Nos dizeres de Reale (2010, p. 301): No plano da re�exão epistemológica(glossário), entendendo epistemologia como uma teoria da ciência, investiga-se a o Direito como ciência. “Compete-lhe, outrossim, delimitar o campo da pesquisa cientí�ca do Direito, em suas conexões com outras ciências humanas” (REALE, 2010, p. 306). Nesta área, indaga-se qual a natureza e o papel da dogmática jurídica; como ocorrem a sistematização e integração dos institutos jurídicos, entre outras possibilidades. O plano deontológico ou axiológico (glossário) promove uma re�exão valorativa. Sendo o termo axiológico entendido como estudo dos valores. Segundo Reale (2010, p. 308), “a Deontologia Jurídica é a indagação do fundamento da ordem jurídica e da razão da obrigatoriedade das normas de Direito, da legitimidade da obediência às leis, o que quer dizer indagação dos fundamentos ou dos pressupostos éticos do Direito e do Estado.” Assim, indagar “O que é o Direito? ”, por exemplo, é uma preocupação do juris�lósofo e provoca outras pesquisas importantes sobre norma jurídica como expressão do Estado, bem como sobre o conceito de coação, a ideia de justiça ou a relação entre validade e efetividade (NADER, 2003). Trata-se de uma investigação �losó�ca norteada pelos princípios éticos, mormente pelo valor Justiça. Um bom exemplo está nos debates contemporâneos sobre eutanásia, aborto de anencéfalos, tortura, preconceito, racismo etc. que extrapolam os limites teóricos da ciência jurídica. VOCÊ SABIA? 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 9/16 A Culturologia Jurídica é uma área da Filoso�a do Direito que, segundo Reale (2010), investiga o Direito como fenômeno cultural. Há uma experiência jurídica que só é possível no plano da historicidade marcada por momentos culturais distintos e que se perpetuam ou não; que se prolongam ou não de geração em geração. Um exemplo interessante pode ser percebido na área do Direito de Família em que estamos ressigni�cando conceitos em razão de mudanças valorativas ao longo das gerações. EXISTE UMA HISTÓRIA DA FILOSOFIA DO DIREITO? Autores estrangeiros como Giorgio Del Vecchio (1878-1970), Gustav Radbruch (1878-1949) e autores nacionais como Miguel Reale (2002), Bittar e Almeida (2004) e Alysson Mascaro (2010) observam que existe uma história da �loso�a do direito, o que signi�ca dizer que a preocupação com a liberdade, justiça, lei, igualdade, legitimidade e bem comum, por exemplo, são tão antigas quanto a história do pensamento racional. E, nesta concepção, a�rma-se que existiu uma Filoso�a do Direito implícita inaugurada com o pensamento dos �lósofos pré-socráticos e que se estende até o �lósofo moderno Immanuel Kant (1724-1804). E uma História da Filoso�a do Direito de Hegel (1770-1831) até os tempos atuais. Parece-me, pois que cabe distinguir entre uma �loso�a jurídica implícita, que se prolonga, no mundo ocidental, desde os pré-socráticos até Kant, e uma Filoso�a Jurídica explícita, consciente da autonomia de seus títulos, por ter intencionalmente cuidado de estabelecer as fronteiras de seu objeto próprio nos domínios do discurso �losó�co. O surgimento da Filoso�a do Direito como disciplina autônoma foi resultado de longa maturação histórica, tornando-se uma realidade pienamente spiegata (glossário) (para empregarmos signi�cativa expressão de Vico) na época em que se deu a terceira fundação da Ciência Jurídica ocidental, isto é, a cavaleiro dos séculos XVIII e XIX (REALE, 2002, p. 286). , Por que implícita? Porque a re�exão sobre a experiência jurídica estava presente no interior das re�exões sobre a Filoso�a prática, em textos sobre ética. A própria obra República de Platão apresenta uma bela re�exão �losó�ca sobre uma sociedade justa, seja no livro I que indaga o que é justiça, seja no Mito de Er, no Livro X, que desvela o sentido de justiça retributiva no transcendente. A experiência jurídica era analisada no interior da re�exão sobre ética, sobre o justo e o bem comum., , A ideia de uma História da Filoso�a do Direito explícita decorre do advento de re�exões sobre o Direito de maneira autônoma com o surgimento de expoentes que se dedicaram a pensar a experiência jurídica sob o ponto de vista �losó�co (BITTAR; ALMEIDA, 2004). O que signi�ca dizer que surgiram obras especí�cas sobre o Direito, como por exemplo, a obra de Hans Kelsen, A teoria pura do direito., , Nesse sentido, podemos observar que existiu uma Filoso�a do Direito antiga e medieval, uma Filoso�a do Direito Renascentista e Moderna e uma Filoso�a do Direito contemporânea que, segundo Del Vecchio (1979, p. 31), nos oportunizam através de seus expoentes um “repositório de observações, de raciocínios, de distinções (...). No caso particular da Filoso�a do Direito, a história dela mostra-nos sobretudo que em todas as épocas se meditou sobre o problema do Direito e da Justiça”. 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 10/16 QUAL A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA DO DIREITO? Segundo Nader (2011, p.19), Fonte da Imagem: Que papel a Filoso�a do Direito possui no universo jurídico? Como podemos problematizar o lugar que o Direito ocupa no mundo da sociabilidade? Existem muitas pro�ssões importantes para a vida em sociedade, o Direito é apenas uma delas. Considerando esse lugar da experiência jurídica, como podemos analisar a contribuição da Filoso�a do Direito? Podemos partir da ideia segundo a qual a experiência social de cada um de nós revela as di�culdades e paradoxos que temos que enfrentar na vida. Percebemos a efetividade das normas jurídicas? A prioridade do bem comum e do justo? Há justiça social? É nesse ponto que a Filoso�a do Direito poderá nos oportunizar um olhar mais atento e e�ciente para enfrentar os grandes paradoxos das sociedades modernas. Segundo Herkenhoff (2011, p. 20), “a Filoso�a possui um duplo papel: 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 11/16 Na universidade, lugar da pesquisa, se a�gura como elemento provocador de novas pesquisas; Na vida pro�ssional, preside o pensamento e a prática jurídica”. Fonte: Shutterstock O Direito como fato ou fenômeno cultural (RADBRUCH, 1997) está sujeito a diversos olhares, o olhar �losó�co é apenas um deles ao lado do senso comum, do discurso religioso, do saber cientí�co. O Direito como fenômeno cultural pode ser estudado sob a ótica da História, da Antropologia, da Psicologia, da Filoso�a, da Economia e, também, da arte. COMO POSSO DIFERENCIAR FILOSOFIA DO DIREITO E CIÊNCIA DO DIREITO? Segundo Bittar e Almeida (2004) são áreas distintas que não se confundem porque fazem movimentos em direções opostas. A Nesse sentido, Del Vecchio (1979, p. 304) também observa: A Ciência do Direito tem seu marco inicial na norma jurídica em direção à sua aplicação no mundo da sociabilidade e suas consequências. 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 12/16 Filoso�a do Direito, ao contrário, para além da norma jurídica, investiga seus fundamentos, princípios, causas, em uma re�exão que considera o caminhar histórico, as ideologias, o pensamento político, as teorias �losó�cas, entre outros aspectos que estão na base da norma jurídica ou instituto jurídica em questão - um exercício do pensar que não se esgota e que nos ajuda a compreender o que está ocorrendo. , A diferença entre a Filoso�a e a Ciência do Direito reside, pois, no modo pelo qual cada uma delas considera o Direito:, , A primeira, no seu aspecto universal; A segunda, no seu aspecto particular. UMA CURIOSIDADE! Fonte da Imagem: //www.jornalgrandebahia.com.br/2014/06/a-lei-e-os-dramas-humanos-2/ 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16…13/16 Segundo Herkenhoff (2010, item 2.4), por ocasião da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, especi�camente nas cidades de Olinda e São Paulo, em 11 de agosto de 1827, o currículo do curso apresentava a disciplina sob o nome de “Direito Natural” no sentido de uma disciplina propedêutica, o que perdurou até 1891 até a reforma do positivista Benjamim Constant (glossário). Com essa reforma, a disciplina passou a ser designada como “Filoso�a e História do Direito”, ministrada no primeiro ano do curso. Em 1895, a disciplina foi desdobrada e passou a ser “Filoso�a do Direito”. Todavia em 1931, ocasião da organização da Universidade do Rio de Janeiro, a disciplina foi substituída pela “Introdução à Ciência do Direito” e passou a integrar o currículo do Doutoramento em Direito. Atualmente, a “Filoso�a” e a “Filoso�a do Direito” são disciplinas obrigatórias nos cursos de Direito. Para nossa re�exão terminamos este primeiro momento com os dizeres do ilustre professor João Baptista Herkenhoff (2010, p.5), a saber: A visão depreciadora da Filoso�a não tem fundamento. Pelo contrário, o conhecimento �losó�co é a base do saber. Além disso, a Filoso�a nos dá um norte, um horizonte. ATIVIDADES Vamos fazer uma atividade! Sobre os fundamentos da Justiça O que funda a justiça? Seus fundamentos estariam na razão, na linguagem, na transcendência divina, ou na consciência? Eis algumas das linhas de discussão que envolvem a questão dos fundamentos da justiça da qual nos ocuparemos agora. Antes de tudo, chamemos a atenção para o fato de que o senso comum tende sempre a confundir justiça com o Poder Judiciário. O termo “acesso à justiça”, tão propalado nos nossos dias, não diz nada além da possibilidade de acesso ao Poder Judiciário, no sentido do rompimento das barreiras que separam o cidadão da instituição destinada a proteger os seus interesses. Não diz do acesso à justiça, mas do alcance do órgão estatal que, por de�nição, é o lugar das lamentações em torno dos con�itos humanos gerados a partir da obrigatoriedade da coexistência a que todos estamos condenados por sentença dos deuses, desde as nossas obscuras origens. Portanto, deixamos claro que os fundamentos da justiça que buscamos jamais se comprometeram com as instituições destinadas à efetivação da sua e�cácia, ressalvada a con�guração aproximativa do ideal de justiça. A pergunta pelos fundamentos da justiça vai muito além da crença na sua realizabilidade institucional, uma vez que esta se mostra apenas na órbita dos possíveis e não na esfera fundante disso que nominamos justiça na milenar trajetória da vida do espírito. Começar a entender os fundamentos da justiça implica entender esse �uir da vivência na sua mais primitiva manifestação, pois é nesse campo primitivo, do atemático, da ausência de quaisquer categorias que se instaura o apelo à justiça. Mas o que é a justiça? De onde vêm e quais são os seus indicadores? Eis a questão! (Fonte: GUIMARÃES, Aquiles Côrtes. Pequena introdução à �loso�a política. A questão dos fundamentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 87-90.) Diante do texto apresentado, responda: É possível dizer que o texto apresenta uma re�exão �losó�ca sobre o Direito? Resposta Correta MÚLTIPLA ESCOLHA Questão 1: À pergunta “Que é �loso�a do direito?” Deve-se responder, portanto: Um saber que investiga a norma jurídica, sua validade e efetividade; Um saber que analisa o direito sob o ponto de vista não valorativo; Uma investigação sobre o direito na sua universalidade, segundo o ideal de justiça; 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 14/16 Uma exposição dogmática sobre a norma jurídica; Uma exposição sobre as condições legais e constitucionais da norma jurídica. Justi�cativa Questão 2: Aquele que conhece as correntes �losó�cas, bem como as categorias lógicas do Direito, com o objetivo de avaliar o rigor lógico dos conceitos jurídicos e a adequação do Direito às necessidades sociais contemporâneas é denominado de: Jurista Sociólogo do direito Operador jurídico Filósofo do Direito Técnico de jurisprudência Justi�cativa Questão 3: Segundo Miguel Reale, a Filoso�a do Direito divide-se em parte geral e parte especial. Nesse sentido, assinale a opção que apresenta as áreas que integram a parte especial da Filoso�a do Direito. Ontognoseologia, Epistemologia e Culturologia. Sociologia, Axiologia e Ontognoseologia. Epistemologia, Deontologia e Culturologia. Filoso�a, Sociologia e Culturologia. Gnosiologia, Axiologia e Metodologia. Justi�cativa 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 15/16 Glossário GUSTAVO VON HUGO Para saber um pouco mais sobre este jurista alemão acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Hugo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Hugo) EPISTEMOLÓGICO Fil. Ref. ou inerente à epistemologia, à teoria do conhecimento (concepção epistemológica); EPISTÊMICO. [F.: Do gr. episteme, és 'ciência, conhecimento' +- logo + - ico2]. Fonte: //www.aulete.com.br (//www.aulete.com.br/epistemol%C3%B3gico). AXIOLÓGICO Refere-se à axiologia. Fil. Qualquer das teorias, avaliações, análises e estudos que abordam a questão dos valores, esp. valores morais. [F.: axi(o)- + -logia ou do fr. axiologie.] Fonte: //www.aulete.com.br/axiologia (//www.aulete.com.br/axiologia). PIENAMENTE SPIEGATA Tradução livre do italiano “plenamente explicadas”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Hugo https://www.aulete.com.br/epistemol%C3%B3gico https://www.aulete.com.br/axiologia 13/09/2021 16:39 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 16/16 BENJAMIM CONSTANT Benjamim Constant Botelho de Magalhães (1836-1891), militar brasileiro que participou da guerra do Paraguai e adepto do positivismo. 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 1/12 Filoso�a do Direito Aula 2 - O conceito de Direito INTRODUÇÃO Nesta aula, estudaremos o conceito de Direito sob o ponto de vista da Filoso�a do Direito. Nesse estudo, identi�caremos diferentes de�nições para a palavra “direito”. Analisaremos, também, o que signi�ca norma agendi e facultas agendi, bem como o que podemos designar por direito natural e sua relação com o direito positivo. OBJETIVOS 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 2/12 Identi�car o conceito de Direito como objeto da Filoso�a do Direito; Reconhecer a diferença entre norma agendi e facultas agendi; Examinar o que signi�ca Direito Natural e Direito Positivo. 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 3/12 POR QUE O DIREITO É UM OBJETO DA FILOSOFIA DO DIREITO? Para Roberto Lyra Filho, “a maior di�culdade, numa apresentação do Direito, não será mostrar o que ele é, mas dissolver as imagens falsas ou distorcidas que muita gente aceita como retrato �el”. Fonte da Imagem: Para Filoso�a do Direito, a busca de uma conceituação sobre o que é Direito é uma tarefa importante e �losó�ca. O rigor conceitual é uma das características da Filoso�a. Trata-se de um tema típico da Filoso�a do Direito e não há conceito mais complexo de se analisar que este. E, neste ponto, podemos destacar que existem dois critérios básicos que nos auxiliam nesta tarefa, a saber: o critério nominal e o critério real ou lógico (HERKENHOFF, 2010). CRITÉRIO NOMINAL O que se entende por critério nominal? O termo nominal decorre da palavra “nome”. Nominal = Investigar o que o nome representa, pois sabemos que as palavras têm uma carga valorativa que se modi�ca ao longodo tempo. Fonte da Imagem: Acrópole de Atenas, uma típica polis grega. Um bom exemplo está na palavra grega pólis que representa a ideia de cidade-estado já que o mundo antigo grego não usava a palavra “Estado”, porque essa experiência política somente foi possível mais tarde na história da humanidade com o advento do Estado Moderno. CRITÉRIO REAL OU LÓGICO 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 4/12 Fonte da Imagem: O que se entende por critério real ou lógico? Real está relacionado com a concepção de realidade, como algo que é e, o termo lógico, no sentido de coerência. Assim, os dois critérios juntos são importantes, pois possibilitam compreender o que o Direito é efetivamente (HERKENHOFF, 2010). Para abraçarmos a tarefa de uma conceituação do objeto da Filoso�a do Direito, precisamos nos socorrer das lições de João Baptista Herkenhoff (2010) que nos oportuniza alguns pontos interessantes para análise. Segundo este Filósofo do Direito, temos dois tipos para de�nição nominal: Sabemos que uma palavra poderá adquirir vários sentidos como a palavra grega demos que poderá designar “povo” (um grupo de famílias identi�cadas na cidade de Atenas) ou “bairros” (subdivisão da cidade de Atenas) na Grécia antiga e, atualmente, o termo “povo” traz outras implicações porque designa um universal abstrato. No sentido etimológico, Direito decorre do termo latino directus. que Directus = Signi�ca literalmente qualidade do que está conforme à reta. Nos dizeres de João Baptista Herkenhoff (2010, p. 79): 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 5/12 VOCÊ SABIA? O que signi�ca jus? Existem autores que observam que jus decorre da concepção de justo ou justiça e, em nossa língua vernácula, originou as palavras justiça, juiz, juízo, jurisprudência, jurisdição, entre outras. Sob o ponto de vista semântico, a palavra “Direito” assumiu diferentes sentidos de acordo com o seu momento histórico. Como vimos, esteve ligado ao sentido de linha reta, conforme com a reta e depois em conformidade com a lei (lex) ou associado ao sentido de justo. O que importa perceber é que não existe uma única de�nição, nem a mais certa. DIFERENTES ACEPÇÕES DO VOCÁBULO “A função da regra é descrever brevemente uma realidade. Assim, não é o direito que deve ser tirado da regra, mas, do direito que existe, deve ser tirada a regra” (PAULUS, "Digesto", 50, 17, 1). Segundo Herkenhoff (2010), “o vocábulo Direito poderá assumir diferentes acepções tais como: 1. Conjunto de normas jurídicas ou Direito objetivo; 2. O sentido de se exigir um dever por parte de outro sujeito, também designado de Direito subjetivo - faculdade; 3. Como justo ou sentido de justiça; 4. Direito como ciência – área do conhecimento; 5. Direito como fato social; 6. Direito natural; 7. Direito positivo ou Estatal. , Gonçalves Jr (2012) observa que o Direito pertence ao mundo da cultura, por isso, é orientado por valores que divergem de acordo com a época e o lugar. Logo, trata-se de um conceito polissêmico. Por isso, o estudo sobre o Direito deve sinalizar o sentido que está sendo considerado pelo pesquisador., , Como adverte a epígrafe, o Direito não se reduz à regra jurídica, ao contrário, as regras jurídicas descrevem parcialmente o Direito, pois “as regras jurídicas não são o direito; descrevem o direito. O direito é algo que lhes preexiste, objeto de ‘pesquisa’ permanente e de discussão dialética, com o qual jamais coincidirão nossas fórmulas. Porque as regras descrevem o direito de modo sempre incompleto, seria errado atribuir-lhes uma ‘autoridade’ absoluta” (VILLEY, 2016, p. 67). 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 6/12 NORMA AGENDI OU FACULTAS AGENDI? Quando pensamos no Direito como norma jurídica estamos diante da ideia de normas reguladoras da conduta humana e que integram ramos diferentes do Direito. Assim, podemos encontrar normas jurídicas na área do Direito penal, normas jurídicas em Direito de Família e assim por diante. Fonte da Imagem: É nesse sentido que em uma dimensão positivista de�ne-se o Direito como o “conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os princípios de justiça” (NADER, 2011, p. 47). Esta não é a única de�nição possível, mas parte de uma visão de mundo especí�ca, a visão positivista, que priorizou a concepção de ordem, uma ordem estabelecida (LYRA FILHO,1999). VOCÊ SABIA? E o que signi�ca ordem jurídica? Nas lições de Paulo Nader (2011, p. 49, grifos no original) podemos destacar que para o autor ordem jurídica “é uma qualidade do Direito Positivo; é o sentido de harmonia e coerência lógica das normas vigentes. Ordem signi�ca disposição adequada das partes de um todo. Pressupõe, portanto, pluralidade de elementos”. Enquanto conjunto de normas jurídicas, ao lado das normas sociais e das normas morais, o Direito se manifesta em nossas vidas como dimensão objetiva. 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 7/12 Fonte da Imagem: / Shutterstock Podemos destacar como exemplo, o direito às férias, ao 13º salário, licença maternidade etc. Podemos designar de Direito objetivo ou norma agendi. , O direito objetivo, normalmente entendido como um conjunto composto das mais variadas normas, constitui um dado objetivo. É o conjunto de regras vigentes num determinado momento para reger as relações humanas, e que são impostas, coativamente pelo Estado, à obediência de todos. Acaba sendo designado por muitos como o direito enquanto norma (jus est agendi) (GONÇALVES Jr.; MACIEL, 2012, p. 324)., , Neste ponto, precisamos fazer uma pequena re�exão: há dissenso sobre o que podemos denominar de norma jurídica. Existem autores, e não são poucos, que defendem a tese segundo a qual princípios e decisões judiciais integram o que se chama pluralismo jurídico e, nesse aspecto, a norma jurídica teria um sentido mais amplo do que aquele atribuído pela corrente positivista, por exemplo., , Aceitar a existência de outros direitos que não o imposto pelo Estado representa não só se opor a uma única matriz cultural, mas também respeitar e proteger o direito à diferença, essencial para o futuro humano (GONÇALVES Jr.; MACIEL, 2012, p. 316). VOCÊ SABIA? 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 8/12 Que é pluralismo? O que podemos entender por este termo? De um modo geral, “signi�ca a coexistência de diferentes concepções de vida, cujo reconhecimento e legitimidade é requerido da Sociedade e do Estado. As democracias viabilizam diferentes concepções de vida” (GONÇALVES Jr.; MACIEL, 2012, p. 314). O Direito será visto, também, na sua dimensão subjetiva porque fornece as condições de possibilidade para o agir e viabiliza o exercício de direitos (NADER, 2011). Seria, para alguns, a consequência do direito objetivo, ou seja, o sujeito poderá requerer direitos individuais de acordo com a norma jurídica exigir algo do outro. “Essa faculdade de acionar o Poder Judiciário para reconhecer um direito garantido pelo ordenamento jurídico constitui o direito subjetivo” (MACIEL, 2012, p. 52). Há uma discussão in�ndável sobre a relação entre o Direito como norma objetiva, norma agendi e Direito como norma subjetiva, facultas agendi. Será que para a facultas agendi precisaria existir uma norma agendi anterior ou seria o contrário? Existem pensadores que defendem as duas teses cada qual com argumentos interessantes. Vejamos alguns! PONTES DE MIRANDA Pontes de Miranda (apud Maciel, 2012, p. 52) observaque a existência de um direito subjetivo pressupõe o direito objetivo. “Só após a incidência de regra jurídica é que os suportes fáticos entram no mundo jurídico, tornando-se fatos jurídicos. Os direitos subjetivos em todos os demais efeitos são e�cácia do fato jurídico; portanto, posterius”. VICENTE RÁO Vicente Ráo (apud Maciel, 2012, p. 52) observa o contrário de Pontes de Miranda, ao a�rmar a prioridade do indivíduo em relação ao Estado que, por sua vez, é devedor da prestação jurisdicional e, nesse sentido, o direito subjetivo é anterior e superior ao direito objetivo. MIGUEL REALE Para Miguel Reale, na Teoria Tridimensional do Direito, há correspondência entre ambos porque a norma é a integração de fato, valor e norma e se direciona a alguém para que se con�gure no mundo da vida, logo não poderia ser anterior, mas ambos são concomitantes e complementares (apud Maciel, 2012, p. 53). TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JR. Tércio Sampaio Ferraz Jr. (apud Maciel, 2012, p. 53) observa que o direito subjetivo ressalta a posição de um sujeito em uma situação comunicativa: “aponta para a posição de um sujeito numa situação comunicativa, que se vê dotado de faculdades jurídicas (modos de agir) que o titular pode fazer valer mediante procedimentos garantidos por normas”. Assim aponta elementos essenciais que caracterizam sua estrutura, a saber: • O sujeito de direito (pessoas ou entidades); • O conteúdo do direito (faculdade que possibilita constranger o outro); • O objeto do direito (o bem protegido); • Proteção do direito (possibilidade de fazer valer o direito pela via judicial). IMMANUEL KANT 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 9/12 Immanuel Kant (1724-1804), �lósofo do séc. XVII, na obra Metafísica dos Costumes (tradução Edson Bini, 2003, p. 76), nos ofereceu a seguinte de�nição �losó�ca para o Direito: “O direito é, portanto, a soma das condições sob as quais a escolha de alguém pode ser unida à escolha de outrem de acordo com uma lei universal de liberdade”. E elabora o princípio universal do direito à moda de seu princípio moral da seguinte maneira: “Age externamente de modo que o livre uso de teu arbítrio possa coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal”. O DIREITO NATURAL E O DIREITO POSITIVO Na análise do Direito como norma podemos identi�car, também, o conceito de Direito como direito natural. Para tanto, é preciso relembrar alguns aspectos históricos importantes. No mundo antigo, na Idade Média, no período do Renascimento e início do período Moderno predominou o Direito Natural e a corrente do jusnaturalismo. Por quê? Porque os povos antigos, de um modo geral, compreendiam o universo como uma ordem, uma estrutura ordenada e perfeita (FERRY, 2007). O direito natural seria o nomos (a norma) que é oferecido por esta ordem perfeita, o justo por natureza. Particularmente, na Idade Média, o direito natural assumiu status privilegiado por ter seu fundamento na ideia de Deus e, posteriormente, o sentido do direito natural ligou-se à ideia de razão, racionalidade. Trata-se de um conceito importante em Filoso�a do Direito porque conduz ao estudo dos pressupostos da experiência jurídica. Essa ideia foi transmitida através de importantes pensadores. Agora vamos testar seus conhecimentos. Responda: O que podemos entender por direito natural? Resposta Correta Quais as características deste direito? Resposta Correta Para saber mais sobre o Direito Natural, clique aqui. (glossário) , Na relação entre direito natural e direito positivo podemos ressaltar que o direito natural nos oferece as condições para avaliarmos o direito positivo no seu comprometimento com o justo (DEL VECCHIO, 1979). E, neste ponto, sabemos que muitos princípios do direito natural foram incorporados no ordenamento jurídico de regimes políticos democráticos, tais como: a ideia de liberdade, a concepção de iguald ade, a dignidade da pessoa humana, o sufrágio universal, a boa-fé, entre outros. Podem surgir discordâncias entre direito natural e direito positivo, mas sempre devemos pugnar por uma relação harmônica e preservar o espírito crítico para uma salutar discussão sobre o que é direito. ATIVIDADES https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON830/galeria/aula2/docs/direitonatural.pdf 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 10/12 Vamos fazer uma atividade! A obra “Antígona”, do dramaturgo grego Sófocles, até hoje considerada um dos mais importantes textos da literatura ocidental, retrata alguns dos mais caros valores humanos como amor, lealdade e dignidade. Além disso, já no Séc. V a.C. alguns de seus problemas mais fundamentais: o con�ito entre tradição e lei, entre lei natural e lei dos homens, além de tratar das relações entre o poder e o direito, o poder e a família, o direito positivo e as leis positivas. A peça inicia com Antígona discutindo com a irmã, Ismênia, o édito baixado pelo tio Creonte, rei de Tebas. No referido diploma legal, proibia-se a celebração fúnebre em honra de Polinicies. Isto porque este e o outro irmão de Antígona, Etéocles, haviam morrido em combate. Etéocles na defesa de Tebas, e Polinicies, por Argos, contra Tebas. Creonte, irmão de Jocasta e tio de Antígona, que, com a morte dos irmãos assume o poder em Tebas, promulga uma lei impedindo que os mortos que atentaram contra a lei da cidade (entre eles, Polinicies) fossem enterrados. Tal decisão acabava por caracterizar uma grande ofensa para o morto e sua família, pois se entendia que nestas circunstâncias a alma do morto não poderia fazer a transição adequada ao mundo dos mortos. Fiel aos laços de família, Antígona que acompanhara o pai, Édipo, até a morte, infringe o decreto de Creonte apresentando como alegação o fato de haver uma lei divina, universal, que transcende o poder de um soberano. Por isso, oferece ela ao irmão morto as cerimônias fúnebres tradicionais com impressionante destemor. A peça segue seu curso mostrando relações familiares passionais. Como consequência ao ato de desrespeito à ordem do déspota Creonte, Antígona é presa e conduzida a uma caverna, que lhe servirá também de túmulo ainda em vida. Sem conseguir dissuadir o pai, Hêmon, namorado de Antígona e �lho de Creonte, acaba por se matar, quando o rei já estava disposto a abrir mão da lei editada para salvar a vida de Antígona. Diante da síntese acima apresentada, responda por que o acaso narrado revela uma das preocupações da �loso�a Jurídica? Resposta Correta QUESTÃO 1: Conforme as lições do �lósofo do direito, João Baptista Herkenhoff, para conceituarmos o Direito precisamos considerar dois sentidos diferentes, a saber: O etimológico e o semântico. O jurídico e o axiológico. O hermenêutico e o epistemológico. O normativo e o subjetivo. O ontológico e o deontológico. Justi�cativa QUESTÃO 2: Enquanto conjunto de normas jurídicas, ao lado das normas sociais e das normas morais, o Direito se manifesta em nossas vidas. Este direito como norma agendi poderá ser designado também como: Direito subjetivo Direito objetivo Direito costumeiro Direito natural Direito quântico 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 11/12 Justi�cativa QUESTÃO 3: O direito natural é concebido como um conjunto de princípios que não dependem de acordos ou de uma legislação para existir ou ter importância. Nesse sentido, assinale a opção que apresenta uma característica do direito natural. Um direito que depende da sua região geográ�ca. Um direito que pode ser obtido por raciocínio indutivo. Um direito que precisa estar expresso na legislação. Um direito que pode ser obtido por raciocínio dedutivo. Um direito cuja origem está em fonte política. Justi�cativa Glossário HUGO GRÓCIO Jurisconsulto holandês que viveuentre 1583 e 1645, autor da obra De jure Belli et Pacis, de 1625, foi considerado importante expoente do jusnaturalismo e considerado o pai do Direito natural e do Direito Internacional. Fonte: NADER, Paulo. Filoso�a do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2011. HUGO GRÓCIO 13/09/2021 16:41 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 12/12 Jurisconsulto holandês que viveu entre 1583 e 1645, autor da obra De jure Belli et Pacis, de 1625, foi considerado importante expoente do jusnaturalismo e considerado o pai do Direito natural e do Direito Internacional. Fonte: NADER, Paulo. Filoso�a do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2011. 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 1/9 Filoso�a do Direito Aula 3 - As correntes do pensamento �losó�co jurídico INTRODUÇÃO Nesta aula, abordaremos as correntes do pensamento �losó�co jurídico particularmente em duas escolas: a do jusnaturalismo e a do positivismo jurídico com suas especi�cidades. Para tanto, iniciaremos com o estudo sobre escolas jurídicas para compreendermos as especi�cidades de cada corrente. OBJETIVOS 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 2/9 Identi�car o signi�cado de escolas do pensamento �losó�co jurídico; Analisar as características do jusnaturalismo; Analisar as características do positivismo jurídico. 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 3/9 AS CORRENTES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO JURÍDICO Como preleciona Ana Lucia Sabadell (2002) vivenciamos em cada época histórica, culturas jurídicas diferentes. Surgem teorias ou ideias que acabam ocasionando a formação de grupo de pensadores que classi�camos (organizamos) em escolas jurídicas. Trata-se de um grupo de pensadores que apresentam ideias comuns sobre o Direito. Não se trata de um lugar físico, ou que todos se conheçam necessariamente porque estamos no campo das ideias, das teorias. Então, Assim, os autores em Filoso�a do Direito nos oferecem uma classi�cação em dois grandes grupos: os jusnaturalistas ou jusmoralistas e os positivistas. É claro que em cada grupo ou escola existem diferenças teóricas e ideológicas. O que podemos analisar são os pontos básicos que os caracterizam de um modo geral e permite inseri-los juntos em uma delas. Vamos conhecê-los? JUSNATURALISMO É uma palavra decorrente da união dos termos jus e naturalismo e representa uma doutrina que valoriza o direito natural, o ius naturale, como um sistema de normas aplicáveis à conduta em sociedade. Segundo Guido Fassò (1997, p. 655) no verbete jusnaturalismo, da obra Dicionário de Política, de Norberto Bobbio, 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 4/9 O termo em questão, sob o ponto de vista �losó�co e político, poderá trazer alguma di�culdade em seu conceito em razão das diferentes acepções da expressão “direito natural” ao longo da história da Filoso�a. Assim, podemos analisar o direito natural sob o ponto de vista: da divindade; sob o ponto de vista mais estrito como conatural a todos os seres, ligada ao instinto; ou como lei ditada pela razão, em sua versão moderna. , Não obstante as diferenças, podemos perceber alguns pontos comuns como a tese segundo a qual o direito natural possui anterioridade e superioridade em face do direito positivo e, por conseguinte, se a�gura como importante legitimador das normas jurídicas e dos poderes do Estado (FASSÒ, 1997)., , Em razão desta concepção a�rmamos que o Jusnaturalismo representa uma escola de pensamento que defende tese da existência de um direito natural superior ao direito positivo e que lhe confere validade. VOCÊ SABIA? 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 5/9 Os pensadores jusnaturalistas também foram designados por jusracionalistas, no período moderno, porque conceberam a ideia de uma racionalidade universal. E, por isso também estão relacionados com os direitos fundamentais porque acreditavam na existência de valores universais e imutáveis pertencentes ao gênero humano. Nesta corrente, compreende-se a natureza humana racional como ponto fundamental e, por conseguinte, através da reta razão somos todos capazes de deduzir prescrições morais válidas universalmente como, por exemplo, “os pactos devem ser observados”. É neste sentido que encontramos a tese de que os direitos naturais decorrem da razão. Neste ponto, André Gualtieri de Oliveira (2012, p. 37) observa: POSITIVISMO JURÍDICO É uma corrente de pensamento que defende a ideia segundo a qual só existe um direito — o positivo. Fonte da Imagem: O modelo de Hans Kelsen ainda é predominante no estudo do Direito quando se observa o positivismo jurídico. Este modelo concebe a ciência jurídica como uma ciência dogmática, pois delimita como objeto do Direito apenas a norma jurídica, ou seja, o direito posto pelo Estado. 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 6/9 Fonte da Imagem: Segundo Miguel Reale, Kelsen nunca foi adepto da Escola de Viena, mas em verdade in�uenciado pela escola do Círculo de Viena, constituída por um grupo de professores antimetafísicos da Universidade de Viena, que contribuíram para o surgimento do neopositivismo vienense. Conforme assinala este pensador brasileiro, Kelsen esteve ligado à outra Escola de Viena, esta no domínio do Direito (REALE, 1990, p. 458). TEORIA PURA DO DIREITO Em sua teoria, o conhecimento jurídico deve ser neutro, o jurista não pode fazer juízos de valor sobre as normas, ou seja, o raciocínio jurídico deve versar sobre o que lícito ou ilícito, válido ou inválido, e�caz ou ine�caz (ASSIS et al, 2012). , O cientista do direito, segundo Kelsen, deve abster-se de valores estranhos ao objeto da ciência jurídica, porque nesse caso o conhecimento para ser cientí�co deve ser neutro em relação aos valores. Não é da competência da ciência jurídica discutir os �ns políticos desta ou daquela norma jurídica, se é justa ou não, mas ressaltar uma preocupação eminentemente jurídico-cientí�ca. Kelsen construiu a noção de norma hipotética fundamental como a primeira norma transcendental, uma norma suposta (glossário), como uma exigência lógica, uma �cção que sustenta o fundamento de validade da ordem jurídica. Assim, acreditou garantir a racionalidade da ordem jurídica. Agora, um pequeno teste: Você sabe como Kelsen de�niu “norma fundamental”? Resposta Correta , Agora clique aqui (galeria/aula3/docs/a03_t12a.pdf) e leia mais sobre a Teoria de Kelsen. https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON830/galeria/aula3/docs/a03_t12a.pdf 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 7/9 Fonte da Imagem: O �lósofo do Direito, Ronald Dworkin, na obra Levando os direitos a sério (2002, p. 27) nos oportuniza sintetizar as ideias centrais desta corrente quando assevera que o Direito é o conjunto de regras identi�cáveis; regras jurídicas e direito são sinônimos e que se há uma obrigação jurídica possível signi�ca que a situação fática se enquadra em uma regra jurídica válida. En�m, o modo como a ciência jurídica se organiza atualmente foi consequência de uma longa trajetória. Surgiram teorias ou ideias que acabaram ocasionando a formação de grupos de pensadores em escolas jurídicas como aquelas que acabamos de estudar e outras como o realismo jurídico, historicismoe a teoria tridimensional do Direito de Miguel Reale, por exemplo. ATIVIDADE PROPOSTA Leia a citação a seguir do próprio Hans Kelsen, na obra Teoria pura do direito, e responda à pergunta: Como podemos compreender o sentido de justiça segundo este autor? “Quando a Teoria Pura do Direito delimita a natureza, ela procura os limites que separam a natureza do espírito. A ciência do direito é ciência espiritual e não ciência natural. (...) Quando o Direito se apresenta como elemento da moral, isso se torna obscuro, se signi�car uma exigência natural para que o direito seja apresentado como moral, ou, se isso signi�car que o direito, como parte integrante da moral, possui um caráter efetivamente moral, tenta-se atribuir um valor absoluto ao direito, levando-se em conta a moral. Como categoria moral, direito signi�ca o mesmo que justiça. Essa é a expressão para a verdadeira ordem social, ordem essa que alcança plenamente seu objetivo ao satisfazer a todos. A aspiração da justiça é — encarada psicologicamente — a eterna aspiração da felicidade, que o homem não pode encontrar sozinho e, para tanto, procura-se na sociedade. A felicidade social é denominada justiça. (...) Justiça é um ideal irracional. Seu poder é imprescindível para a vontade e o comportamento humano, mas não o é para o conhecimento. A este só oferece o direito positivo, ou melhor, encarrega-se dele” (KELSEN, H. Teoria pura do direito. São Paulo: RT, 2007. p. 60-62.) Resposta Correta Questão 1: A corrente de pensamento que concebe a natureza humana como fundamentalmente racional e assevera que através da reta razão somos todos capazes de deduzir prescrições morais válidas universalmente é: Historicismo jurídico Realismo Jurídico Positivismo jurídico 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 8/9 Jusnaturalismo Dogmatismo Justi�cativa Questão 2: A Teoria Pura do Direito de Kelsen observa a “pureza metódica que consiste na adstrição da teoria a fatores estritamente jurídicos, sem a ingerência de ideologias e das ciências da natureza” (NADER, 2011, p. 238). Este método foi denominado de: Princípio metodológico fundamental Princípio do imperativo categórico. Princípio geral do Direito. Princípio da justiça como equidade Princípio do mínimo existencial. Justi�cativa Questão 3: O �lósofo do Direito, Ronald Dworkin, na obra Levando os direitos a sério (2002) nos oportuniza sintetizar as ideias centrais do pensamento juspositivistas e uma delas é: A predominância do direito natural. A redução do direito à lei. A fundamentação do direito positivo no direito natural. 13/09/2021 16:43 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 9/9 A validade fundada no conceito de justiça. A legitimidade moral da norma. Justi�cativa Glossário NORMA SUPOSTA Em sua teoria da norma suposta, segue-se o conjunto normativo da Constituição, a primeira norma posta, bem como todas as demais. Nesta concepção, a validade da norma jurídica decorre de sua origem na autoridade competente. A validade repousa na competência normativa do seu editor (ASSIS et al, 2012). 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 1/10 Filoso�a do Direito Aula 4 - O Direito e a moral INTRODUÇÃO Nesta aula, estudaremos o termo direito, um termo polissêmico e sua polêmica relação com a moral. OBJETIVOS 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 2/10 Identi�car as particularidades da relação entre Direito e moral; Problematizar �loso�camente o conceito de Direito; Problematizar �loso�camente o sentido de moral. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 3/10 O QUE É DIREITO? Fonte da Imagem: “Quanto mais aprendemos sobre o Direito mais nos convencemos de que nada importante sobre ele é de todo indiscutível” (DWORKIN, 2007) A palavra “direito” apresenta duas formas distintas em latim: jus, juris e directum. Jus, juris ligam-se à ideia de relação entre pessoas e, no caso, relação jurídica de direitos. Directum nos oportuniza a ideia de linha reta como metáfora na qual o Direito deve ser um caminho reto, conforme a lei e que denota retidão moral e jurídica (ASSIS et al, 2013, p. 29). Atenção! , Inferimos que ambas as formas podem ser traduzidas no sentido de relação jurídica entre sujeitos. Mas o Direito é um vocábulo plurívoco ou polissêmico. Neste sentido, encontramos diferentes modos de compreendê-lo. Nalini (2008), observa que o termo pode ser muito bem percebido, até mesmo pelo senso comum, no sentido daquilo que é correto., , Sob o ponto de vista �losó�co estamos diante de um conceito “semanticamente vazio” que dependerá do contexto., , O que isto signi�ca?, , Signi�ca dizer que não existe um conceito estabelecido como certo. Existem muitos autores que abraçaram a tarefa de conceituação do termo Direito e trazem diferentes contribuições. Pode-se a�rmar que até o séc. XIX o termo Direito estava vinculado a uma “arte empírica”; um “conjunto de aspirações subjetivas de justiça”; “formas de comportamento causal” e “normas positivas de conduta” (NALINI, 2008). Fonte da Imagem: Meilun/Shutterstock 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 4/10 Assim, podemos conceber o Direito, no sentido grego clássico, como nomos e ligado à verdade; podemos repensar o sentido do direito natural desenvolvido pelos estoicos com re�exos no cristianismo medieval e, nesse contexto, compreender a dicotomia direito natural e direito positivo. Segundo Nalini (2008) as duas formas se complementam. O direito positivo é uma ordenação criada pelo Estado. Fonte da Imagem: Immanuel Kant (1724-1804), na obra Metafísica dos costumes, por exemplo, apresenta uma de�nição �losó�ca importante para o Direito como o “conjunto das condições, por meio das quais o arbítrio de um pode está de acordo com o arbítrio de um outro segundo uma lei universal da liberdade”. A partir dessa conceituação, à moda do seu imperativo categórico, elaborou um princípio para a esfera da legalidade: o princípio universal do Direito. Este princípio expressa a necessidade de coexistência dos arbítrios segundo uma lei universal. Uma lei universal do Direito determinando que devo agir externamente de forma tal que preciso sempre respeitar a liberdade do arbítrio do outro como uma obrigação que me determina a razão, isto é, “age exteriormente de maneira que o uso livre do teu arbítrio possa estar de acordo com a liberdade de qualquer outro, segundo uma lei universal”. Em Kant, podemos encontrar uma boa de�nição �losó�ca para o Direito. Conforme preleciona André Gualtieri de Oliveira (2012, p. 25), Outros autores como Miguel Reale (1910-2006) investigam uma possível conceituação no horizonte de valores da Ciência do Direito, sendo certo dizer que para esta corrente de pensamento o Direito estará sempre vinculado ao sentido de justo. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 5/10 A cada época, surgem novos valores, ocorrem fatos sociais diferentes que exigem a atenção do jurista e, em uma relação dialética, esses elementos movimentam a experiência jurídica. A experiência citadina é a experiência das normas e as normas jurídicas ocupam um lugar especial em razão de sua obrigatoriedade. Não obstante a controvertida conceituação do Direito, vamos partir de uma ideia comumente aceita que o Direito envolve a justiça como elemento fundante de suarazão de ser e pode se materializar em normas jurídicas, diretrizes e princípios. DO QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO SE TRATA DE MORAL? A ética e a moral (glossário) são conceitos diferentes, mas confundidos com frequência pelo senso comum. Sob o ponto de vista etimológico, ética é um termo que deriva da palavra grega ethos que já observamos que designa costume, hábitos e práticas de uma cultura e liga-se ao sentido de caráter (ARANHA; MARTINS, 2014). A palavra moral decorre do latim mos, mores que também signi�ca maneira de se comportar regulada pelo uso, ou seja, costumes (ARANHA; MARTINS, 2014). A moral é histórica e vincula-se a determinada cultura com seus padrões. Agora, responda: O que é moralidade num dado tempo e lugar?(DUPRÉ, 2015). Resposta Correta VOCÊ SABIA? Sobre esse sentido pejorativo, vale a pena observar que o termo ética passou a ser mais usado no Brasil em razão de uma desmoralização da palavra moral que se vinculou aos cursos de moral e cívica, frequentes durante o regime autoritário-militar de 1964 a 1985 (SROUR, 2008, p. 15). Há uma diversidade de sentido entre ética e moral. Como surgiu a confusão? ethiké é o adjetivo derivado de ethos que gerou a palavra ética. O termo ethiké apareceu no pensamento de Aristóteles para designar um saber relativo à maneira de se comportar. E, é por isso, que para os �lósofos gregos foi considerada “uma forma de conhecimento que diz respeito aos comportamentos” (DROIT, 2014, p. 15). Fato moral, objeto dos estudos éticos, ocorre quando agentes morais agem no mundo, fazem escolhas que impactam na vida de outras pessoas e isso poderá ocorrer de maneira positiva ou negativa. A partir de nossas ações podemos prejudicar ou não outras pessoas. Há sempre a presença do outro em nossas vidas. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 6/10 Fonte da Imagem: Segundo Srour (2008, p. 7), fatos morais “são fatos sociais que dizem respeito ao bem e ao mal, juízos sobre as condutas dos agentes, convenções históricas sobre o que é certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo”. A nossa época “já não vive sob a in�uência de uma moral dominante capaz de reger tudo. Pelo contrário, o que domina, na maioria das vezes, são dúvidas sobre as regras a seguir, perplexidades sobre os princípios a serem aplicados” (DROIT, 2014, p. 21). Não há como negar que preceitos morais são relativos, efêmeros, passageiros (SROUR, 2008). Os fatos morais podem assumir três dimensões diferentes: MORAIS Um fato social moral será aquele em que há uma conduta conforme as regras morais dominantes (SROUR, 2008). Se, em uma comunidade, onde há a necessidade de racionamento de água e energia elétrica, por exemplo, e seus habitantes fazem um uso consciente de tais bens estão agindo conforme a moral dominante, logo praticam fatos morais. IMORAIS Se �zerem um uso abusivo desses recursos, considerado como consumo irresponsável, estaremos diante de um fato imoral, uma conduta imoral (SROUR, 2008). AMORAIS (NEUTRO) Um fato social será amoral ou neutro, por exemplo, quando estamos diante de situações sociais corriqueiras ou triviais, tais como: ir ao cinema, visitar amigos, viajar, ler um romance, ir ao futebol etc., não implicam efeitos morais sobre outras pessoas. Fonte da Imagem: A moral associa-se a uma realidade histórico-concreta (SROUR, 2008), por isso, o que é considerado como moralmente certo em determinada cultura e época não possui o caráter de valor absoluto porque trata-se de um valor que poderá se modi�car. A POLÊMICA RELAÇÃO DO DIREITO COM A MORAL Para compreendermos a relação entre Direito e moral, precisamos observar dois pontos de vista: a visão do positivismo e a visão de doutrinas jurídicas não positivistas. Para o juspositivismo, de um modo geral, o Direito está separado da esfera da moral. Basta lembrarmos a ideia kelseniana do corte axiológico que já estudamos. Para as doutrinas não positivistas elementos morais devem estar presentes na esfera do Direito, porque Direito e moral estariam conectados (OLIVEIRA, 2012). 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 7/10 Para Hans Kelsen, Direito e moral são independentes e não têm nem sequer uma área de interseção. Segundo Oliveira (2012) quando estamos no âmbito deste debate temos que perceber que as normas sociais, que nascem da liberdade, se dividem em normas morais e normas jurídicas. Norma social é gênero e normas jurídicas e normas morais, espécies do gênero. Com isso o autor observa a tese de Robert Alexy segundo a qual há uma conexão importante entre elas que provoca inúmeros debates ao longo da história. Atualmente o senso comum acredita que Direito é apenas a lei. Para os antigos a lei era a materialização de um hábito, uma prática social, envolvia hábitos, costumes, crenças religiosas e também o édito dos governantes. Nas sociedades pré-capitalistas, moral e Direito estavam misturados de maneira que uma regra moral era punida com a pena capital. As civilizações antigas organizavam sua compreensão unindo as duas esferas. Afresco mostra reunião do Senado, em que Cícero, um dos grandes oradores e jurisconsultos do séclo I a.C, discursa para os magristrados. Atenção! , Para ler mais sobre a Relação do Direito com a moral clique aqui (galeria/aula4/docs/a04_t15a.pdf). A bilateralidade do Direito é atributiva, objetiva e, portanto, há exigibilidade. Na moral, a bilateralidade é subjetiva, não há o poder de exigir, o sujeito realizará ou não de acordo com sua consciência, sua subjetividade. ATIVIDADES Nesta aula estudamos a relação entre Direito e moral, vimos que somos sujeitos sociais submetidos a uma dupla legislação da liberdade: as normas jurídicas e as normas morais. Nesse sentido, assista ao breve vídeo O que é moral?, do Prof. Clóvis de Barros Filhos: Fonte: //blog.msmacom.com.br/a-republica-romana/ https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON830/galeria/aula4/docs/a04_t15a.pdf 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 8/10 Agora que já assistiu ao vídeo, responda: A concepção do professor nos ajuda a compreender a diferença entre Direito e moral? Por quê? Resposta Correta Questão 1: Estudamos que a conceituação do Direito é sempre controvertida. Todavia, podemos partir de uma ideia comumente aceita. Assinale a a�rmativa que expressa a ideia mais comum de Direito que temos atualmente. Um conjunto de princípios éticos norteadores da conduta social. Um conjunto de normas positivadas criadas pelo Estado e que integram um ordenamento jurídico. Um conjunto de normas sociais que não possuem coercitividade. Um conjunto de fatos morais que exercem coatividade interna nos sujeitos. Um conjunto de normas sociais como espécie do gênero normas morais. Justi�cativa Questão 2: Atualmente o senso comum acredita que Direito é apenas a lei. Para os antigos a lei era a materialização de um hábito, uma prática social que envolvia hábitos, costumes, crenças religiosas e também o édito dos governantes. No séc. XIX, o positivismo apresentou uma tese sobre a relação entre Direito e moral. Assinale a opção que apresenta a ideia positivista. Para o positivismo jurídico, o Direito e a moral estão interligados como normas sociais morais. Para o positivismo jurídico, o Direito é uma parte importante da moral como norma social. Para o positivismo jurídico, o Direito não se reduz ao sentido de Lei, mas integra hábitos e costumes. Para a corrente do positivismo jurídico, Direito e moral são esferas autônomas, desconectadas. Para o positivismo jurídico, Direito e moral são apenas aspectos diferentes de uma mesma legislação. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167…9/10 Justi�cativa Questão 3: Estudamos que em uma possível diferenciação entre Direito e moral o dever, no âmbito da moral, pode ser visto como puro, mas, na esfera do Direito, como impuro, no sentido de ser in�uenciado por elementos externos à vontade. Esta tese foi formulada por: Immanuel Kant Miguel Reale Hans Kelsen André Gualtieri de Oliveira Cícero, senador romano. Justi�cativa 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A16… 10/10 Glossário MORAL 1. Fil. Conjunto de regras de conduta, inerente ao espírito humano, aplicáveis de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, ou a grupo ou pessoa determinada, proveniente dos estudos �losó�cos sobre a moral. 2. Conjunto de regras e princípios de decência que orientam a conduta dos indivíduos de um grupo social ou sociedade (moral burguesa, moral cristã). Fonte: //www.aulete.com.br/moral (//www.aulete.com.br/moral) https://www.aulete.com.br/moral 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 1/9 Filoso�a do Direito Aula 5 - A justiça INTRODUÇÃO Nesta aula, estudaremos o termo Justiça, um termo polissêmico. Descreveremos as origens da ideia de justo e suas diferentes concepções. A elucidação sobre o conceito de justiça nos leva a pensar sobre Direito, Poder e Estado. OBJETIVOS 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 2/9 Identi�car as duas principais acepções para o termo justiça; Problematizar �loso�camente a relação justiça, felicidade, liberdade, utilidade, igualdade e paz. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 3/9 O QUE É JUSTIÇA? Fonte da Imagem: en.wikipedia.org/wiki/Amartya_Sen O que nos move, com muita sensatez, não é a compreensão de que o mundo é privado de uma justiça completa — coisa que poucos de nós esperamos —, mas a de que a nossa volta existem injustiças claramente remediáveis que queremos eliminar. Amartya Sem Para os so�stas personi�cados na �gura de Trasímaco, justiça é o interesse do mais forte, sendo, portanto, a prática da injustiça mais interessante, atraente. Sócrates, como �lósofo, observa a impossibilidade da ideia sustentada pelo interlocutor, assegurando que sem justiça, sociedade alguma seria possível. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 4/9 Mas o que é justiça? Como a identi�camos? Qual o papel da racionalidade e da razoabilidade na compreensão desse valor? Será que a justiça não estaria muito mais ligada ao modo como agimos do que às instituições que nos circundam? , Muitas investigações partem de análises em que se focalizam instituições descurando do papel fundamental que temos como sujeitos. Uma re�exão sobre a justiça deve indagar também que tipo de vida somos capazes de escolher (SEN, 2011). Sob o ponto de vista �losó�co, podemos observar duas percepções principais para o termo justiça. A primeira compreensão considera a ideia de conformidade da conduta a uma determinada norma. Julga-se o comportamento de alguém em relação a uma norma. Nesse tipo de percepção, temos que buscar esclarecimentos em Aristóteles que concebeu, na obra Ética a Nicômaco, Livro V, a ideia de que tudo o que é conforme a lei é justo. Para ele, a justiça é a virtude mais perfeita porque envolve todas as outras virtudes e nos liga à alteridade (ABBAGNANO, 1982) . No livro V da Ética a Nicômaco (item 1), Aristóteles observou que: 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 5/9 Fonte da Imagem: en.wikipedia.org/wiki/Ulpian Mais tarde, no contexto romano, Ulpiano observa o sentido de justiça que será adotado pelos jurisconsultos, como a vontade de dar a cada um o que é seu, de�nição problematizada muito antes pelos gregos, particularmente por Platão, no Livro I, da República em que o personagem Sócrates refuta essa tese. Essa ideia presente na obra Digesto (livro I, 1, 10) de Ulpiano, “vontade constante e perpétua de dar a cada um o seu” (suun cuique tribure) con�gura outra forma de designar justiça como conformidade à lei. Por quê? Porque pressupõe que o “seu” foi determinado por uma norma, ou seja, assegurado em uma lei anterior (ABBAGNANO, 1962). VOCÊ SABIA? Essa noção de justiça como conformidade, apesar de muito polemizada como tautológica, inclusive por Hans Kelsen, permaneceu de certo modo entre alguns pensadores; em Thomas Hobbes, por exemplo, quando sustentava no leviatã a necessidade da existência de um poder central forte, coercitivo, para manutenção dos pactos. Assim, Hobbes acreditava em uma justiça como conformidade ao que fora ajustado no pacto. Interessante que a ideia de justiça passa então a ter uma relação forte com uma norma estabelecida anteriormente para assegurar um direito. E o próprio Immanuel Kant, na obra Metafísica dos costumes, na Divisão da Doutrina do Direito, item A, número 3, a�rma sobre a expressão romana: 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 6/9 Existem também teorias, como a de Hans Kelsen, que observaram esse primeiro signi�cado como a manutenção de normas positivadas — uma justiça segundo o Direito, porque expressa a conformidade à lei. Nesta primeira acepção, a ideia que precisamos guardar é a de uma justiça como conformidade à norma, seja ela uma norma moral, um direito natural ou uma norma jurídica. Trata-se de um sentido ligado à pessoa e o seu comportamento (ABBAGNANO, 1962). E, neste sentido, liga-se à dimensão ética. Por quê? Porque a ética é a ciência que estuda a moral, as nossas formas de viver e agir, o cumprimento das regras e o respeito aos valores compartilhados. A segunda acepção que a Filoso�a oferece ao termo justiça refere-se à norma em si e não mais à pessoa e seu comportamento. Segundo Abbagnano (1962, p. 566), liga-se ao sentido de e�ciência da norma para viabilizar as relações humanas: “Neste caso, obviamente, o objeto do juízo é a própria norma”. , Neste ponto, os autores observaram diferentes �ns para o termo, entendendo-o como garantidor da comunidade humana. A justiça será um instrumento e poderá estar ligada a �ns como a felicidade, a utilidade, a liberdade, igualdade e a paz (ABBAGNANO, 1962). Vejamos como se liga a cada um destes �ns. Quanto à felicidade, a tese de Aristóteles, no Livro V da Ética a Nicômaco, é a de que são justas as coisas que procuram salvaguardar a felicidade (bem comum) na comunidade política. Este �lósofo nos oportunizou uma interessante classi�cação da justiça em justo universal e particular. No sentido particular dividida em justiça distributiva e justiça corretiva. Vejamos: JUSTIÇA UNIVERSAL OU TOTAL Justiça no sentido amplo, conformidade ao nomos. JUSTIÇA PARTICULAR Hábito de realizar a igualdade. Divide-se em justo particular distributivo e corretivo. Justiça particular distributiva: desvela a igualdade na devida proporção. São as ações da sociedade política com seus membros. Igualdade proporcional. Justiça particular corretiva: regula as relações entre cidadãos e usa o critério do justo meio ou igualdade matemática. Subdivide- se em: comutativa ou judicial. Igualdade matemática. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 7/9 Nesta acepção o termo justiça perde o seu caráter de valor absoluto como entendiam os jusnaturalistas, particularmente Hugo Grócio, e passa a não ser mais um �mem si mesmo, mas um instrumento para realização e outra coisa. A relação entre justiça e liberdade aparece no pensamento kantiano quando surge o sentido de justiça como a existência de liberdades compatibilizadas entre si, em uma dada sociedade. Na Crítica da razão prática observa o sentido de justo quando assevera que ninguém poderá nos constranger a ser feliz à sua maneira, mas a cada um é dado o direito a buscar a felicidade pela via que lhe parecer boa, desde que não prejudique o direito do outro de fazer a mesma coisa. Ou, ainda, no célebre escrito, Ideia de uma história universal sob o ponto de vista cosmopolita, na tese V, em que reforça a ideia de liberdade sob leis como expressão de uma constituição civil justa (ABBAGNANO, 1962). Quanto à paz, muitos pensadores compreendem que a justiça seria um critério importante para salvaguardar a paz. Interessante que esta ideia pode ser vista em Thomas Hobbes quando, na obra De Cive (I, § 15), sustenta a tese do fato da violência em que o homem é mal por natureza e, neste horizonte, somente um ordenamento justo poderia assegurar a paz sufocando qualquer possibilidade de guerra de todos contra todos. O que nos motivaria a sair do estado de natureza para este �lósofo político, em que há violência de todos contra todos, é a busca pela paz. Fonte da Imagem: Mais tarde, Kelsen contrapôs justiça e paz, quando assegurou em sua Teoria pura do Direito, que a justiça seria um ideal irracional, não realizável, e, somente a norma jurídica seria capaz de assegurar a paz. E muitos teóricos assimilaram essa ideia kelseniana e passaram a valorizar a norma jurídica pela sua funcionalidade negativa de evitar con�itos (ABBANGNANO, 1962). A ideia de justiça como igualdade pode ser identi�cada nas teorias �losó�cas, a começar pelo pensamento de Pitágoras, que considera a igualdade na reciprocidade, ou seja, posso esperar do outro aquilo que ele poderá esperar de mim. A justiça como igualdade baseou-se nessa ideia de expectativas recíprocas entre cidadãos de uma mesma comunidade. Quando analisamos o termo justiça, observando uma história das deias, percebemos, não obstante sua esperança sempre frustrada, uma resistente exigência sendo revigorada dia a dia, por ser talvez a mais antiga aspiração humana. Atualmente podemos pensar em suas diversas representações: como conformidade à lei; como instrumento para diferentes �ns humanos; como igualdade entre as partes; como função distributiva em uma sociedade em que há uma grande demanda de bens e poucos bens disponíveis; 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 8/9 como entende o senso comum que a liga às decisões judiciais ou ao proferir um juízo de valor diante de algum acontecimento: “a justiça foi feita”. Justiça é um conceito polissêmico que vai desde a virtude grega até a legalidade de nossos dias: no sentido antropológico, liga-se à existência humana; em um aspecto psicossociológico, uma expectativa individual de reparação de um dano sofrido; no viés social e político, enquanto reconhecimento da necessidade de regras para existência coletiva. Talvez uma forma de reconhecimento do outro (FARAGO, 2004). Há muitas leituras possíveis para o termo justiça, sugerimos aqui uma abordagem re�exiva sobre algumas. ATIVIDADES O professor de Direito Constitucional, Luis Roberto Barroso, ministro do STF, apresenta uma de�nição para o termo justiça. Veja: VÍDEO Agora que já assistiu ao vídeo, responda: Na história das ideias a quem atribuímos essa formulação e o que signi�ca? Resposta Correta EXERCÍCIOS Questão 1: Reconhecemos que precisamos de regras para a vida em sociedade. Neste ponto, a justiça é uma condição importante ao pacto. Para alcançarmos a paz e evitarmos uma situação de violência generalizada, precisamos cumprir o acordo. Essa tese sobre a justiça foi elaborada por: Aristóteles Immanuel Kant Hans Kelsen David Hume Thomas Hobbes Justi�cativa Questão 2: “Justiça seja feita!” — Essa é uma ideia corriqueira no mundo da vida. Todavia, estudamos que existem duas acepções importantes que a �loso�a do Direito destaca para o termo justiça, a saber: Justiça como equidade e como julgamento meditativo pessoal. Justiça como conformidade à lei e justiça como instrumento para outros �ns. Justiça como conformidade à norma e justiça como virtude. 13/09/2021 16:45 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A1678… 9/9 Justiça como instrumento para liberdade e justiça como medida e equilíbrio. Justiça como polissemia e justiça como julgamento justo. Justi�cativa Questão 3: A ideia de justiça como igualdade pode ser identi�cada nas teorias �losó�cas, a começar pelo pensamento de Pitágoras. A justiça como igualdade baseou-se em: igualdade como proporcionalidade. equidade. expectativas recíprocas entre cidadãos. igual distribuição de bens. dar a cada um o que é seu. Justi�cativa Glossário 13/09/2021 16:46 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 1/10 Filoso�a do Direito Aula 6 - A liberdade INTRODUÇÃO Nesta aula, estudaremos o termo liberdade, a partir de duas formas distintas, a liberdade negativa e a positiva. Estudaremos ainda a clássica distinção relacionada às liberdades civis e políticas. OBJETIVOS 13/09/2021 16:46 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 2/10 Identi�car duas formas de liberdade; a negativa e a positiva. Problematizar o conceito de liberdade na sua relação com o direito na teoria kantiana. 13/09/2021 16:46 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 3/10 O QUE É LIBERDADE? “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós / Das lutas na tempestade / Dá que ouçamos tua voz”. (Hino da Proclamação da República do Brasil) Uma das categorias mais importantes, na história da humanidade, a liberdade, presente no Hino da Proclamação da República, se a�gura valiosa para todos os seus defensores e até para seus detratores, porque representa, em um sentido amplo, in�nitas possibilidades de escolhas para alcançarmos os objetivos de uma vida. Trata-se de um conceito que poderá apresentar muitas de�nições possíveis, mas todas convergem para uma ideia fundamental: a liberdade está inserida no campo das interações entre pessoas ou grupos. Fonte da Imagem: O que signi�ca liberdade? Será livre arbítrio? Será que é fácil perceber que desfrutamos de uma liberdade? E que liberdade seria essa? Realmente somos livres? 13/09/2021 16:46 Disciplina Portal https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4847263F234ABAF19DC2C771057D5F6153F893C655DDA5EF2423A167… 4/10 Fonte da Imagem: sumkinn / Shutterstock São indagações que o senso comum poderá formular para, em um esforço de autocompreensão, justi�car suas ações. Apesar da grande maioria limitar à liberdade ao sentido de livre arbítrio, vamos caminhar mais adiante e analisar, com a ajuda dos pensadores, dois signi�cados relevantes para o termo. Os dois signi�cados traduzem, em verdade, duas formas de liberdade: a liberdade negativa e a liberdade positiva. Liberdade negativa Vejamos agora a de�nição de “liberdade negativa” a partir do ponto de vista de três grandes �lósofos: NORBERTO BOBBIO O �lósofo do Direito italiano, Norberto Bobbio, na obra, Igualdade e Liberdade (1996), observa que a liberdade negativa é aquela em que o sujeito poderá agir ou não sem sofrer qualquer in�uência ou constrangimento. Costuma-se ligar o sentido negativo de liberdade à ideia de emancipação relativa a uma tutela ou dominação, sendo o sujeito alguém livre para seguir sem próprio caminho. Assim, nos diz o �lósofo: A liberdade negativa
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