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Resenha crítica sobre o documentário “A Corporação” A Corporação é um documentário de 2003, dirigido por Jennifer Abbott e Marck Achbar, baseado no livro de Joel Bakan A Corporação: a busca patológica por lucro e poder. O documentário procura debater a respeito do funcionamento das corporações e das consequências destes para os homens e para a sustentabilidade do meio ambiente, apresentando casos de crimes ambientais contra corporações, entrevistas de ativistas políticos e empresários, entre outros recursos que irão montar um perfil comportamental das grandes corporações. Ao longo do tempo as corporações evoluíram e se organizaram de forma complexa, aumentando o seu poder e aprimorando sua influência sobre a política, a economia e a sociedade. Ademais, o documentário apresenta um caso significativo, onde a Corte Superior dos Estados Unidos da América afirma que as corporações, diante da lei, teriam caráter de pessoa jurídica. Desse modo, os empresários responsáveis não seriam mais responsabilizados pelos crimes cometidos, mas a corporação em si. Como elas não podem cumprir pena pelos seus atos, outras formas de condenação foram criadas, por exemplo o pagamento de indenizações. As ocorrências de devastações locais e catástrofes podem ser vistas como uma brecha para aumentar o lucro, de maneira que grupos são explorados e guerras políticas incitadas para sustentar uma desorganização social que favoreça economicamente diversas corporações, bem como a privatização de patrimônios públicos e a exploração de recursos naturais, ainda, contam com trabalho escravo e infantil para produzir menores custos, e aumentar os lucros cada vez mais. Além disso, os consumidores são influenciados por propagandas persuasivas que se tornam mais constantes e difíceis de reconhecer, induzindo a atração por determinadas marcas, como se o uso dessas marcas fosse construir uma identidade. O documentário apresenta um conflito de pensamentos, ao mesmo tempo que expõe as afirmações dos ativistas engajados na causa ambiental, o autor também mostra o lado dos empresários envolvidos com as grandes corporações. Assim, acredito, tornar o debate mais rico. Tal divergência faz com que enxerguemos que as pessoas que estão no comando não são apenas criaturas que visam somente o lucro acima de qualquer outro valor, mas sim pessoas como nós que se importam com os impactos ambientais e humanos, tendo a possibilidade de investir na melhoria de tal. A dúvida que fica é se existe mesmo a possibilidade de haver uma real ética para o mercado, creio que não, uma vez que o investimento em ações de preservação geram visibilidade, retornando em lucro para a empresa em questão. Além disso, as corporações permanecem com práticas de poluição e exploração. Alegando, ainda, que é fundamental explorar em determinadas localidades para que possam aplicar práticas de redução de impacto em outros lugares. Julgo que a discussão criada sob a visão de psicopatia dessas empresas é coerente e curiosa, atraindo grande atenção, fazendo com que o ouvinte averigue as diferentes questões éticas e por diferentes pontos de vista, sendo esses pontos não apenas o funcionamento das grandes corporações, mas também a forma como agimos enquanto consumidores. Tal estrutura pode provocar uma retirada de responsabilização dos envolvidos com o gerenciamento dessas empresas. REFERÊNCIAS A CORPORAÇÃO. Direção: Jennifer Abbott e Marck Achbar. Produção: Joel Bakan. Roteiro: Joel Bakan. Intérpretes: Noam Chomsky, Steve Wilson, Jane Akre, Noami Klein, Michael Moore, Vandana Shiva. Canadá: Imagem Filmes, v. 1, 2003. 2h25min.
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