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METODOLOGIA CIENTÍFICA unidade 1

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METODOLOGIA CIENTÍFICA
CAPÍTULO 1 - QUAL É A CONTRIBUIÇÃO DA METODOLOGIA CIENTÍFICA PARA A CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO?
1.1 Conhecimento e método científico
Você deve conhecer alguém metódico, certo? Mas saberia dizer quais são os atributos ou características de uma pessoa metódica? Ela pode ser identificada por seu modo de agir, cuja cautela e sensatez são comuns em suas ações.
As pessoas precisam ser norteadas por regras, sejam elas sociais, como a ética, que regula a conduta em sociedade; econômicas, que parametrizam as relações no mercado; ou de legislação trabalhista, que regulamenta o ofício profissional e as relações de trabalho em empresas. Isso significa que as regras são onipresentes, importantes instrumentos para manter o equilíbrio das relações entre as pessoas na sociedade.
O mesmo ocorre na execução de trabalhos de caráter científico, em que as regras estão presentes no método de pesquisa. Nesse sentido, podemos afirmar que o método ou a metodologia se configura como uma regra orientadora das práticas investigativas da ciência. Por meio do método, o pesquisador indica os caminhos trilhados para alcançar seus resultados. Assim, além de possibilitar o reconhecimento científico da sua pesquisa, é com o método que o pesquisador conta a história do seu trabalho, as decisões tomadas, as limitações, entre outros aspectos.
Dessa forma, também podemos afirmar que o conhecimento é reconhecido como científico a partir da aplicação do método científico, caracterizado como sendo objetivo, racional, sistemático, geral e verificável. Devemos igualmente acentuar que a ciência reconhece a existência de conhecimento fora dela, isto é, conhecimentos criados sem o emprego de abordagem metodológica tal e qual preconiza a ciência.
O conhecimento é o principal fator determinante no desenvolvimento da sociedade, mas você sabe o que é conhecimento? 
Segundo Magalhães (2005, p. 13, grifos do autor), “A palavra ‘conhecimento’ em nossa língua deriva do latim cognocere, cuja etimologia significa ‘conhecer junto’ ou ‘procurar saber’ e que, por sua vez, se relaciona com o grego gnosis, habitualmente traduzido com o próprio sentido de ‘conhecimento’”. O autor ainda lembra que outra palavra que facilita o entendimento sobre o conhecimento é o termo grego logos, que tem por significado “fala”, “razão” ou “entendimento”.
Podemos pensar sobre o conhecimento para além da origem e da evolução histórica do termo, ou seja, no contexto da sua história social, posto que diferentes acontecimentos influenciem o que é considerado conhecimento em épocas e lugares distintos. Na perspectiva marxista, por exemplo, a resposta para essa questão é determinada pela classe social. No âmbito da sociologia do conhecimento, evidencia-se o conhecimento como acontecimento localizado em determinado tempo, lugar e comunidade (BURKE, 2016). Já no âmbito da biologia do conhecimento, Matura e Varela (2011, p. 267) alertam que o conhecimento nos obriga a assumirmos “[...] uma atitude de permanente vigília contra a tentação da certeza”, desde que ele tanto revele quanto cumpra sua função de ocultação. 
Atualmente, muitas são as fontes de disseminação de informações e conhecimentos. Podemos citar como exemplos os livros, as páginas da internet, os panfletos, os artigos, as revistas, os CDs e os DVDs. No entanto, sem as conexões cognitivas, as informações contidas nesses meios de divulgação ficam sem sentido, uma vez que é o cérebro humano que tem a capacidade de processar e fazer as conexões, oferecendo sentido às informações e criando novos conhecimentos, em um ciclo virtuoso, em que um conhecimento gera outros.
Para Maturana e Varela (2011), os fenômenos cognitivos relacionam dois mundos singulares: a tradição biológica, comum entre os homens e suas heranças linguísticas; e as culturais, diversas e plurais.
Figura 1 - No mundo contemporâneo, o sentido social do conhecimento é poder.Fonte: woaiss, Shutterstock, 2018.
Assim, vimos até aqui o que é considerado conhecimento e o quanto isso pode variar com relação à local, época e grupo social a ser estudado. Por exemplo, em sociedades ocidentais modernas, o conhecimento das parteiras, antes valorizado em suas práticas sociais tradicionais, passou por um período obscuro, fato que vem sendo revisado e retomado em suas origens e valorização. Dessa forma, entendemos que o conhecimento científico em movimento dinâmico vai continuamente estabelecendo rupturas na forma de conhecer, construir tecnologias, elaborar métodos e se relacionar com outros tipos de conhecimento. 
1.1.1 O que é ciência? O que é conhecimento científico?
A ciência provê seu arcabouço de conceitos e definições a partir do que acontece na sociedade, constituindo-a em uma importante fonte para sua criação. No entanto, vale ressaltar que nem tudo que acontece na sociedade é abordado pela ciência. Apesar de relevantes, os conhecimentos sociais, de senso comum ou popular, mantêm-se, mas, em muitos casos, não são objetos de investigações científicas.
Desde os avanços da cibernética, a ciência propôs a descrição do funcionamento do sistema nervoso e do raciocínio humano mediante um modelo de lógica matemática, uma vez que muitos são os campos dedicados ao estudo das ciências cognitivas. A Neurociência, a Biologia do Conhecimento e a Inteligência Artificial, por exemplo, utilizam-se do rigor da metodologia científica para continuamente contribuir com a criação do conhecimento.
Dessa forma, definir a ciência consiste em uma tarefa complexa, pois, já que a sociedade é mutável, muitos de seus conceitos são efêmeros ou imprecisos. Demo (1995) reconhece que na ciência nada é mais controverso do que sua definição. Diante disso, o autor estabelece critérios possíveis para a condição definidora do que se pode chamar de ciência: a coerência entre argumentação, o corpo sistemático bem conduzido até suas conclusões congruentes entre si e entre as premissas iniciais, a consistência argumentativa e sua atualidade, a originalidade criativa e a objetivação como busca incessante da realidade (ainda que parcial e provisória). Esses fatores, individualmente, mostram a complexidade de definição do tema, e, quando se reúnem em um mesmo estudo, possuem o poder de comprometer completamente qualquer pesquisa.
Apesar de apresentar os fatores limitantes à definição de ciência, é possível encontrar entre pesquisadores e estudiosos um esforço autêntico no sentido de encontrar parâmetros capazes de definirem esse termo. Assim, para Gil (2011, p. 02), a ciência pode ser considerada “[...] uma forma de conhecimento que tem por objetivo formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada — se possível, com auxílio da linguagem matemática —, leis que regem os fenômenos”. 
A definição supracitada indica claramente que a realidade não é ampla, profunda e integralmente explicada em uma pesquisa, mas, sim, na sucessão de pesquisas, pois são os diferentes e descontínuos enfoques que oferecem uma visão mais ampla de compreensão da sociedade, sendo amparados por métodos que robustecem a ciência.
Ainda sob o prisma conceitual, a história do conhecimento científico reconhece o pensamento científico em suas diferentes e descontínuas formas, não como uma evolução linear e um progresso sucessivo, mas “[...] como resultado de diferentes maneiras de conhecer e construir os objetos científicos, de elaborar métodos e inventar tecnologias” (CHAUI, 2010, p. 223).
Figura 2 - O desenvolvimento científico e o tecnológico transformam a sociedade e a vida no planeta.Fonte: Wichy, Shutterstock, 2018.
O fato é que podemos reiterar que a ciência evolui tal e qual a sociedade por não haver sentido no afastamento da segunda em relação à primeira, uma vez que a ciência influencia e é simultaneamente influenciada pela economia, pela política, pela moral e por tudo que acontece na sociedade. Assim, a ciência busca elementos para a construção do conhecimento, o que ocorre em todas as áreas, fazendo com que ele seja algo amplo e complexo, mas fundamental para o desenvolvimento da espécie humana.
O quadro aseguir apresenta alguns exemplos de tipos de conhecimentos e suas aplicações.
O quadro indica a íntima relação da ciência com a sociedade para a criação do conhecimento científico, oferecendo claros sinais da amplitude do conhecimento. Além disso, podemos concluir que o conhecimento científico não é o único existente, além de não ser o único que depende de instrumentos metodológicos para ser aferido.
Magalhães (2005) considera que o Homem faz uso do conhecimento para transformar o meio em que vive, mantendo-se dominante na natureza. Isso decorre da sua capacidade intelectual de fazer uso do conhecimento para o desenvolvimento da espécie.
Para reforçar a ideia de que há amplas relações entre a sociedade e a ciência — e que o conhecimento popular ou de senso comum é relevante na constituição do conhecimento científico —, Francelin (2004, p. 30) afirma que “[...] os conceitos nascem do cotidiano, são apropriados pelo meio científico e tornam-se científicos ao romperem com esse cotidiano, com esse senso comum”. Dessa forma, vale destacar que, na relação entre sociedade e ciência, considerando situações coloniais, os conhecimentos dos colonizadores se tornaram dominantes, ao passo que os conhecimentos dos colonizados se tornaram subjugados, esquecidos ou desprestigiados. 
A aventura cibernética Matrix, de Lana Wachowski e Lilly Wachowski, é um clássico do cinema na abordagem de temas como conhecimento e ciência. Matrix, nesse caso, representa um sistema inteligente e artificial (criatura) que destrói a inteligência criadora (criador) e, assim, instaura a dúvida entre a realidade e a ilusão de um mundo real.
Com isso, podemos afirmar que o conhecimento científico não é definitivo, portanto, é provisório, podendo ligar um conhecimento ao outro, evidentemente, a partir de novos estudos. Para os atores do senso comum, seus conceitos e conhecimentos são definitivos, sendo que as modificações são difíceis de serem percebidas, justamente pela ausência de aplicação de método que afere essas mudanças.
Em ciências, os movimentos e as transformações se dão mediante a consistência das questões formuladas, da curiosidade em conhecer, da incerteza diante dos fenômenos, da lucidez em propor aos problemas naturais, físicos ou sociais outras possibilidades de investigação. Dessa forma, ciência e conhecimento científico se utilizam de processos metodológicos para a expansão das fronteiras da ciência, acolhendo todas as oportunidades para o avanço científico. 
1.2 Metodologia como processo de pesquisa
Você já imaginou como é complexo estudar a cultura de diferentes povos, o melhoramento genético de plantas e animais ou o próprio comportamento humano? Será que é possível desenvolver atividades sem registrá-las em detalhes? 
Na verdade, não é possível para nós, seres humanos, executarmos tarefas complexas sem entendermos sua lógica, e isso é proporcionado ou facilitado pela aplicação de métodos. O registro das atividades de pesquisa são requisitos importantes em qualquer abordagem metodológica, mas, antecipadamente, é comum não registrarmos tudo, e isso não é feito de má fé, mas porque o ser humano possui uma grande dificuldade de colocar no papel o que está pensando ou o que testemunha, sendo este um fator limitador mitigado pelo método científico. Entre seus objetivos, ele facilita a estruturação, o planejamento, o desenvolvimento, a execução e a análise em uma pesquisa. 
Antes de evoluirmos na discussão conceitual sobre o método, é importante saber o que é pesquisa. Segundo Magalhães (2005), pesquisar significa “buscar”, “inquirir”, consistindo em uma atividade que necessita de trabalho manual e mental. Assim, se por meio do método é criado o conhecimento científico, este, por sua vez, é fundamentado por teorias, que, na visão de Magalhães (2005, p. 34) significa “ver”, ou seja, “A teoria é uma visão generalizada de fenômeno de qualquer natureza, que possa ser comprovado de alguma forma [...]”. Essa forma de comprovação das visões generalizadas ocorre por meio do emprego do método.
Todo método requer registros que identifiquem o passo a passo de uma pesquisa em suas diferentes etapas, por isso, muitos autores definem método como o caminho trilhado em uma pesquisa. Segundo o Houaiss (2004, p. 494), método significa “[...] procedimentos, técnica ou meio para atingir um objetivo; processo organizado de ensino, pesquisa, apresentação, etc.”.
O método é uma ordem que você deve dispor para que tenha seu curso natural. Destaca-se que quando o pesquisador tem segurança de que os objetivos específicos atendem o objetivo geral, respondendo à pergunta ou ao problema de pesquisa, há condições de se iniciar a pesquisa. Dessa forma, uma pesquisa bem elaborada pode contribuir e revolucionar a ciência (são raras). Contudo, uma pesquisa em que os elementos metodológicos não mantêm interação, tende a marcar a vida do pesquisador como seu grande fracasso.
A aplicação do método nas pesquisas também objetiva sistematizar dados e informações por meio de processos cientificamente reconhecimentos, visando a criação de um conhecimento novo, a partir do conhecimento existente. Não estamos tratando de substituições de conhecimentos, mas de agregação e contribuição da ciência à sociedade.
A meta de toda equipe esportiva é vencer, mas você sabe que para reunir um time de vencedores é preciso criar condições para que sejam reunidas competências que se complementam, não é? Além disso, se faz necessário o planejamento, a estratégia, os planos e a tática. Ou seja, não é suficiente jogar e ter sorte, uma vez que é preciso ser metódico. Nesse sentido, Magalhães (2005, p. 19) afirma que o conhecimento não surge do nada, “[...] mas sim, do legado cultural que cada um de nós recebe na vida”. Por isso, é possível afirmar que cada pessoa é dotada de conhecimentos, mas, para torná-los cientificamente reconhecidos, é necessário o domínio de instrumentos metodológicos e do entendimento das técnicas de pesquisa, bem como da pesquisa por si como um processo de criação do conhecimento.
Sem dúvida alguma, mesmo considerando e reconhecendo a existência de conhecimento fora do âmbito científico, deve-se destacar dois aspectos: o primeiro diz respeito a necessidade precípua da aplicação de um método para que o conhecimento resultante de uma pesquisa tenha reconhecimento científico; em segundo lugar, na academia, produz-se conhecimento científico, portanto, há a necessidade de conhecimento e aplicação de métodos para as pesquisas nas diversas áreas.
Dessa forma, a metodologia científica aplicada exige dos pesquisadores, mais do que conhecimentos sobre o método e a área, temas ou assuntos pesquisados, muita disciplina para não extrapolar os limites, não ser prolixo ou sintético nos registros. Isto é, na pesquisa, o método facilita a compreensão do pesquisador sobre o fenômeno ou o evento investigado.
Gareth Morgan possui uma biografia interessante, cujas contribuições para as reflexões sobre métodos de pesquisa são amplamente reconhecidas na academia. Em sua obra “Imagens da Organização”, de 2002, o professor faz uma abordagem pragmática da aplicação de diferentes escolas do método científico, como o materialismo histórico, o positivismo e a fenomenologia. Vale a pena conferir!
Sem o método, há dificuldades de compreensão ampla e profunda dos fenômenos ou eventos que ocorrem na sociedade, e isso acontece por vários motivos, desde a falta de conhecimento de causas e efeitos, passando pela falta de argumentos e chegando, por exemplo, à não percepção de relações entre eventos ou fenômenos.
Nesse sentido, podemos afirmar que a aplicação de métodos científicos amplia a capacidade de visão do pesquisador sobre o objeto de pesquisa, facilita a compreensão e a análise dos resultados da pesquisa, amplia a compreensão sobre o tema, permite a descoberta de novos assuntos e campos de pesquisa e amplia a visão de mundo dos pesquisadores e leitores. O método científico, portanto, torna-se essencial para o desenvolvimento de qualquer pesquisa, sendo fundamental na criação do conhecimento.Podemos entender, então, que não importa se a pesquisa é de caráter qualitativo ou quantitativo, se terá uso de bancos de dados para o processamento, se os dados serão coletados por meio de modernos instrumentos tecnológicos ou se em um caderno ou prancheta. O importante mesmo é a escolha correta do método, a aplicação adequada de seus instrumentos e a postura ética do pesquisador, bem como a congregação de aspectos que levam ao desenvolvimento suave, natural e sem percalços de uma pesquisa. 
Atualmente, os conhecimentos retratam com maior fidelidade a realidade da sociedade, que, por sua vez, consegue perceber com mais clareza sua aplicabilidade para o seu próprio desenvolvimento. A pesquisa baseada em métodos fez evoluir consideravelmente a ciência, afastando o empirismo exacerbado de outros tempos. 
Inspirado em Magalhães (2005), consideramos que a ciência e a pesquisa devem muito ao empírico, à observação do fato ou evento em sua essência. No entanto, o perigo do empirismo consiste em tornar uma verdade absoluta naquilo que se experimenta pelos sentidos, que faz parte da percepção individual: “Os sentidos são nossa interface com a realidade, mas são também a origem dos enganos para nosso conhecimento, e que não há tantas realidades quanto existem diferentes olhares” (MAGALHÃES, 2005, p. 30). 
No atual momento, o rigor metodológico nas pesquisas afasta esse perigo típico do empirismo, qual seja a verdade universal a partir do olhar individual. Respeitados os elementos, a pesquisa tende a gerar conhecimentos relevantes por meio de resultados atraentes, permitindo o surgimento de novas relações de conhecimentos e campos de atuação para a pesquisa com o emprego do método.
A metodologia como processo científico é múltipla e diversificada, a ponto de abranger todos os procedimentos considerados úteis pelos cientistas. Exige, então, disciplina, clareza, atenção e domínio do campo de investigação para a escolha da metodologia mais adequada às condições da pesquisa a ser realizada. Assim, desde o pesquisador iniciante ao mais experiente, percorrer as etapas da pesquisa científica se torna fundamental. 
1.3 Etapas da pesquisa científica: escolha do tema e problema
Ver um filho entrar para uma universidade é o sonho da maioria dos pais, certo? Os jovens fecundam essa ideia durante o Ensino Médio, sendo que, após isso, surgem os vestibulares, as tensões, as festas e as alegrias. Ou seja, diversos sentimentos afloram quando esses indivíduos são aprovados para entrarem no Ensino Superior, quando fazem a matrícula na primeira fase de um curso de graduação. Contudo, muitos estudantes não sabem sobre qual tema e problema de pesquisa devem escrever em seus trabalhos de conclusão de curso (TCC). Para falar a verdade, a maioria não conhece a metodologia científica, mas os perseverantes que chegarem ao final do curso terão que escrever um trabalho baseado em uma pesquisa acadêmica, com aplicação de método, orientação e defesa.
No mundo acadêmico, especialmente na graduação, o professor orientador precisa ser paciente para compreender que os estudantes não possuem o preparo suficiente para entender teoricamente o método. Além disso, muitos professores conhecem os procedimentos metodológicos, mas poucos conhecem os métodos científicos, sendo que esse aspecto é muito importante quando ocorre o processo de orientação de TCC, em que o professor precisa compreender o tema e o problema propostos pelo estudante para identificar a melhor abordagem metodológica para a pesquisa a ser feita.
A relação entre orientador e orientando durante o processo de pesquisa precisa ser transparente, honesta e ética, ou seja, uma cumplicidade que possui data de início e término no relacionamento. Sem dúvida, essa relação e o próprio processo de orientação possui dificuldades. O texto “Dificuldades do processo de orientação em trabalhos de conclusão de curso (TCC): um estudo com os docentes do curso de Administração de uma instituição privada de Ensino Superior” traz algumas das dificuldades que podem ser resolvidas nesse processo. Você pode ler na íntegra em: <http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1011/1147>.
O tema e o problema de pesquisa podem até parecer fáceis de serem idealizados, mas a dificuldade está em escrevê-los e, principalmente, descrevê-los. Por isso, quanto mais bem preparado for o professor orientador, menos conturbada será a passagem do estudante pela fase de pesquisa para o TCC. Contudo, é lógico que o estudante orientando, apesar de inúmeros autores afirmarem que precisam agir com independência, por atividade e maturidade na relação com os orientadores, isso, na verdade pouco acontece. Por certo, há uma saudável relação de dependência, e isso não ocorre apenas em termos de conhecimentos. Isso significa que o professor é possuidor de um espectro de conhecimento mais robusto que o aluno. 
O filme Sociedade dos Poetas Mortos, de Peter Weir, lançado em 1989, exibe uma crítica poética e bem ilustrada sobre a educação tradicional nos Estados Unidos, na década de 1950; a educação centrada na autoridade do professor, sendo repetitiva e mecânica; e uma visão de educação para a liberdade de pensamento, para o estímulo à curiosidade investigativa. Vale a pena conhecer melhor o enredo.
Com pouca experiência e sem grandes estímulos institucionais, isso acaba por limitar a visão de mundo do estudante, sendo aspectos determinantes para equívocos na definição do tema e problema de pesquisa. A compreensão mais ampla e profunda do método científico requer tempo de maturação, esforço e dedicação aos estudos, condições facilitadoras à árdua tarefa da pesquisa. Esses aspectos agem, por outro lado, como facilitadores para o robustecimento da visão de mundo, que consiste em um importante fator nas decisões a serem tomadas.
Jovens estudantes podem até implicitamente saber o querem pesquisar, mas, para terem certeza, sobretudo da viabilidade da pesquisa, no amplo sentido do termo, Magalhães (2005, p. 33) sugere que pensem em quatro perguntas: “O que vai ser observado? Que técnicas serão usadas na observação? Como será registrada a observação? Como evitar erros gerados pela observação e interpretação da observação?”. Dessa forma, no dizer de Tunes, Melo e Menezes (2000, p. 98), é “[...] necessário que o pesquisador saiba escolher o problema de pesquisa, aja com iniciativa e independência do orientador, tenha imaginação criativa e outras qualidades semelhantes”.
Essas perguntas nos permitem afirmar que a boa escolha do método tende a respondê-las com certa facilidade, mas, antes do método, é fundamental o conhecimento amplo e aprofundado sobre o tema da pesquisa, pois é dessa forma que se define com clareza o problema.
A seguir, vejamos o relato de experiência do professor Macêdo (2004) sobre os estudos apresentados em sua tese de doutorado no Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Paris VIII.
O objetivo principal da tese de Macêdo foi a análise de dois programas de educação infantil públicos, em instituições localizadas em bairros periféricos de Salvador, na Bahia, sendo um de concepção compensatória e outro de concepção comunitária.
Mas como ele fez para chegar a esse objetivo?
O professor relata que após discutir em sua dissertação de mestrado a temática da educação infantil pública, cuja concepção supõe a educação como forma de compensar possíveis deficiências intelectuais, afetivas e culturais; foi instigado a aprofundar o estudo acerca das pedagogias compensatórias, refletindo sobre a natureza dessa concepção em sua própria formação e prática.
Esse aprofundamento de estudos o levou a conhecer diferentes programas de educação pré-escolar, oferecidos por organizações comunitárias em bairros da periferia de Salvador. Assim, o professor chegou à questão norteadora do estudo do doutorado “[...] através da análise de programas pré-escolares públicos concretos, como emergem e se dinamizam as perspectivas compensatória e comunitária em educação pré-escolar pública” (MACÊDO, 2004, p. 236).
Com isso, podemosentender que o problema precisa ser bem definido e delimitado, necessitando de objetividade para ser estruturado metodologicamente. O conhecimento profundo do tema permite ao pesquisador navegar em águas calmas. Contudo, um problema definido sem critérios tende a gerar confusões conceituais e equívocos teóricos, limitações de ordem para a pesquisa, levando, comumente, o pesquisador a desistir do trabalho.
Bonin (2010, p. 06) considera que, no processo de construção da problemática, 
[...] é preciso trabalhar o olhar para operar com sensibilidade e abertura para o concreto investigado. O olhar atento, aberto e reflexivo capacita a perceber que os objetos concretos podem oferecer resistências, “restos” que não se deixam enquadrar nas proposições explicativas com as quais vamos operando.
Figura 4 - Etapas do processo de desenvolvimento do método científico.Fonte: Andrea Danti, Shutterstock, 2018.
A escolha do problema de pesquisa não é neutra, nem desinteressada, uma vez que se relaciona com condições práticas de produção, fontes de financiamento e condições institucionais. Isso porque muitas dessas pesquisas respondem a demandas de empresas, órgãos governamentais, institutos de pesquisa, centros de tecnologia ou instituições educacionais. 
A formulação do problema de pesquisa é sempre um desafio que se impõe ao pesquisador. É recomendado fazer a formulação do problema na forma interrogativa, sendo que essa estrutura poderá favorecer a finalização do trabalho no momento de apresentação das conclusões, mediante a resposta ao questionamento inicial. Contudo, outras formas de enunciado do problema são encontradas na literatura científica também. 
O problema de pesquisa em si deve ser viável e adequado a investigação, dentro das condições práticas de sua execução, como tempo, recursos materiais, humanos e financeiros. Características relevantes são a clareza e a precisão com que são empregados os termos na formulação do problema, devendo guardar coerência e coesão dentro do campo de conhecimento delimitado, além de informar os limites de sua aplicabilidade. Os cuidados com os princípios éticos devem ser observados na formulação da pesquisa científica em todas as suas etapas.
Ter a real percepção de um problema é bem mais complexo do que “achar” que sabe da existência dele. Para o pesquisador, o problema precisa ser relevante cientificamente, socialmente, economicamente ou ambientalmente, isto é, ter relevância para a sociedade. Mas, também, dependendo do tipo de conhecimento criado sobre o problema, o pesquisador poderá optar em descrever aspectos relacionados e possíveis soluções. Assim, a pesquisa poderá ampliar as discussões sobre o problema, sem efetivamente resolvê-lo. Por isso, lembre-se de que o conhecimento é construído e que, muitas vezes, propor a resolução de um problema pode trazer frustrações. Dessa forma, tema e problema assumem importância no escopo de uma pesquisa, pois oferecem notoriedade à própria pesquisa e ao pesquisador, encontram reconhecimento e relevância por parte da sociedade, possuem escopo metodológico que os fundamentam e reúnem elementos para a viabilidade de uma pesquisa. 
Na construção metodológica da pesquisa, a articulação entre escolha do tema e a formulação do problema são o substrato necessário às etapas seguintes de definição dos objetivos geral e específicos.  
1.4 Etapas da pesquisa científica: objetivos
Você já pensou sobre o motivo de definirmos objetivos em uma pesquisa científica ou em um trabalho acadêmico? 
Ao definir os objetivos de um trabalho, você pode apresentar uma abordagem histórica, ser descritivo ou trazer um propósito para o objeto geral, que possui intimidade com o problema e com o tema. Pense, também, que os objetivos específicos são definidos para estabelecerem etapas e nortearem procedimentos de pesquisa, a fim de alcançar o objetivo geral.
Além disso, vale ressaltar que não se concebe projetos de pesquisa científica ou acadêmica apenas para vermos seus objetivos comprovados, mas, sim, para que demonstre a relevância do tema, a potencialidade do problema para novas investigações e a possibilidade de novos conhecimentos que podem ser criados.
Os métodos de verificação do conhecimento possuem uma história ao longo do tempo. Além disso, os instrumentos de validação do conhecimento sofreram e sofrem mudanças em cada época. A posição ocupada pela tradição oral na validação e na confiabilidade do conhecimento foi substituída pela escrita, contudo, essa transição foi lenta e gradual. Burke (2016, p. 101) apresenta como exemplo uma disputa entre o rei Henrique I e o arcebispo Canterbury, no século XII, em que os defensores do rei se referem a uma carta enviada pelo papa em apoio ao arcebispo como “[...] nada mais do que um pergaminho de pele de ovelha marcado com tinta preta”, indigno de comparação com as falas de três bispos. Atualmente, escrita e tradição oral ocupam espaço como instrumentos de validação e confiabilidade do conhecimento.
Com isso, na pesquisa científica, é de fundamental importância relacionar o objetivo ao problema e às hipóteses, posto que, no final, o pesquisador constata que cada um desses elementos responde o outro. Sobretudo, quando se trata de pesquisadores com pouca experiência, convém ao orientador o papel de efetivamente debater e atuar, visando a evitar um dos erros mais comuns nos trabalhos acadêmicos: transcrever o problema no objetivo, fazendo o famoso jogo de palavras por meio de sinônimos. Esse é um risco que, se não for percebido, tende a colocar em cheque qualquer pesquisa.
Você deve ter claro, também, que a relação entre o problema e o objetivo será mantida durante todo o processo de pesquisa, por isso, são complementares. Essa complementariedade fica evidente na dificuldade em formular os objetivos. Conforme apresenta Minayo, Deslandes e Gomes (1994, p. 42), em uma pesquisa científica, é possível a formulação de um objetivo geral “[...] de dimensões amplas”, complementados por outros objetivos específicos. 
Ademais, vale dizer que o exercício de elaboração dos objetivos é complexo, por isso, o pesquisador deve ter sempre em mente o problema de pesquisa, caso contrário, tende a cometer outro erro comum: dividir o objetivo geral entre os objetivos específicos, enquanto que, conforme caracterizado, os objetivos específicos são etapas para se alcançar o objetivo geral. Aliás, não pense que esse tipo de erro é cometido apenas por pesquisadores inexperientes, uma vez que ocorre com estudantes de graduação, especialização, mestrado e doutorado.
Objetivos realistas não são definidos de forma displicente ou apenas escritos para satisfazer uma etapa do projeto de pesquisa, por isso, também é importante dimensionar a contribuição do trabalho de pesquisa para a ciência. Isso significa que, de forma geral, todas as pesquisas oferecem contribuições, mas pouquíssimas revolucionam a ciência, pois esse não é o objetivo máximo da pesquisa, mas, sim, o primeiro, que é robustecer a ciência e criar conhecimento novo.
Você pode aprender um pouco mais sobre a complexidade, os requisitos e a importância do processo de elaboração de objetivos para uma pesquisa com a leitura do texto “Como Elaborar Objetivos de Pesquisa”, de Sandra Mattos. Ele está disponível em: <http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/Como%20elaborar%20Objetivos%20de%20Pesquisa.pdf>.
Como você sabe, os objetivos de uma pesquisa podem oferecer possibilidades interessantes para a pesquisa, mas, também, podem significar uma cilada, ou seja, tornar o trabalho sem efeito e genérico, cujo desdobramento é perceptível na vulnerabilidade das conclusões. Nesse contexto, Larocca, Rosso e Souza (2005, p. 126-127) apresentam categorias de objetivos de pesquisa, conforme identificados no quadro a seguir.
Quadro 2 - Classificação geral das categorias de objetivos de pesquisa.Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em LAROCCA, ROSSO e SOUZA, 2005.
O objetivo de um projeto de pesquisa enfatiza a verdadeira expressão do significado da pesquisa, contudo, ele não é determinantepara o êxito, mas, de forma isolada, pode fragilizar significativamente uma pesquisa.
Sendo assim, a metodologia científica, desde sua criação histórica e social, tem contribuído de forma significativa para a criação do conhecimento de maneira sistemática, rigorosa e racional, desenvolvendo e aplicando métodos e tecnologias capazes de proporem soluções a problemas e questões emergentes e contemporâneos.

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