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173 - Modelo Recurso Em Sentido Estrito

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DO NÚCLEO BANDEIRANTE/DF
Processo n.º:_______________________
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe que lhe move o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu procurador que esta subscreve, com fundamento no art. 588 do Código de Processo Penal, apresentar
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
em face da sentença de folhas 230/233, a qual pronunciou o réu pela prática das condutas descritas no art. 121, § 2º, II, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal Brasileiro..
Requer-se que, após análise do juízo de retratação, nos moldes do art. 589 do CPP e o trâmite legal, sejam os autos encaminhados ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios para reforma da decisão recorrida.
Nestes termos, pede deferimento.
Brasília – DF, 19 de maio de 2016.
________________________________
Roberto C. Aguiar Farias
Advogado
OAB/DF 50.395
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Processo n.º: ___________________
Recorrente: FULANO DE TAL
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Colenda Turma Criminal,
Fulano de tal foi indevidamente pronunciado como incurso nas condutas previstas no art. 121, § 2º, II, c/c art. 14,II, ambos do Código Penal Brasileiro. No entanto, a respeitável decisão merece reforma conforme a seguir exposto.
I – DOS FATOS:
Trata-se de ação penal contra FULANO DE TAL, que foi denunciado pela prática das infrações previstas no art. 121, § 2º, II, c/c art. 14,II, ambos do Código Penal Brasileiro.
Na exordial acusatória, consta que o réu, supostamente, teria desferido múltiplas facadas em Cicrana de Tal, sua companheira na época do fato, após uma discussão. A vítima resistiu aos ferimentos.
O crime teria sido cometido por motivo fútil, uma vez que ocorreu após uma discussão do casal pela vítima não querer sair em companhia do acusado, e que o réu se encontrava sobre efeito de drogas, tendo inclusive se internado dias após o ocorrido para tratar o vício.
Recebimento da denúncia aos 15 de abril de 2015, conforme fls. 122/126.
O denunciado foi citado (fls. 163) e apresentou resposta à acusação às fls. 170/171. No curso da instrução criminal, forma ouvidas diversas testemunhas e interrogado o acusado.
Em alegações finais, o Ministério Público manifestou-se pela pronúncia do acusado nos termos da denúncia (fls. 211/212).
A defesa pugnou pela desclassificação do delito, em razão da desistência voluntária e subsidiariamente requereu a retirada da qualificadora (fls. 218/229).
Ao final, o acusado foi pronunciado.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
1. DA IMPRONÚNCIA QUANTO AO CRIME DE HOMICÍDIO
Conforme delineado no art. 414 do CPP, não se convencendo da materialidade do fato ou da inexistência dos indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Nos Presentes autos verifica-se claramente que não é possível considerar que foram colhidos indícios suficientes de que o ora acusado teria animus necandi. Além disso, tendo em vista que o acusado é dependente químico e no momento dos fatos estava sob efeitos de drogas, estavam prejudicando suas faculdades mentais, não conseguindo discernir plenamente seus atos e consequência, tanto que não se recorda do ocorrido. Sem contar que, no momento em que se deu conta do que estava fazendo, por vontade própria, o réu não prosseguiu com a prática delitiva.
Analisando os depoimentos prestados e a decisão de pronúncia proferida pelo juízo de origem, percebem-se que foi tomado indício suficiente de autoria apenas partes dos depoimentos da vítima e testemunhas, sem levar em consideração os depoimentos como um todo. Pois, a própria vítima em depoimento reconhece que o réu pediu desculpas logo em seguida ao acontecimento, sem entender direito o que havia acontecido, além do que continuam casados e que seu marido tem se mostrado exemplar a ajudando com a casa e os filhos, ainda mais que está limpo das drogas.
Além disso, a única testemunha afirma não ter visto os golpes, apenas que quando chegou ao local o réu estava com uma faca na mão, ou seja, não podendo afirmar como de fato se deu o ocorrido.
Ocorre que é incabível aceitar que, uma testemunha que não presenciou realmente o fato possa ser tão importante ao ponto de acarretar na pronúncia do acusado. Sem contar que a própria vítima não considera que o réu tenha atentado contra sua vida, e que além do mais continua vivendo em harmonia com ele e seus filhos.
No caso em comento, muitas das provas usadas para fraudar a acusação do réu consistem em testemunhos e declarações de suposições ou que não foram levadas em conta como um todo.
É imperioso destacar que o próprio acusado afirma que estava sob efeito de entorpecentes e sequer se lembra de ter cometido tal ato, e que por vontade própria parou imediatamente a ação ao perceber o que estava fazendo, conforme dito pela própria vítima.
Diante disso, a tentativa de restrição da liberdade do indivíduo sem indícios suficientes é uma afronta ao direito de liberdade, pois o simples fato de ser processado e enfrentar um júri composto por leigos já lhe traz o estigma de culpado.
O acusado exercerá o seu direito de contraditório e ampla defesa, no caso de ratificação de decisão a que se recorre, porém o fará em cima de indícios insuficientes, indo de encontro ao Código de Processo Penal, em uma visão sistêmica, a própria Constituição, em clara violação ao princípio do in dubio pro reo, inclusive.
Neste sentido, decisão do egrégio Tribunal:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. DECISÃO DE IMPRONÚNCIA. AUSÊNCIA DE INDICIOS SUFICIENTES DA AUTORIA. SENTENÇA MANTIDA.
1. Não cabe a pronúncia quando ausentes indícios de autoria suficientes para que seja o réu levado a Júri Popular.2. Recurso conhecido e não provido.
(Acórdão 957750, 20120110109997APR, Relator: JESUINO RISSATO, 3ª TURMA CRIMINAL, data de julgamento: 28/7/2016, publicado no DJE: 2/8/2016. Pág.: 224/230)
PENAL E PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. RECURSO MINISTERIAL. INDÍCIOS DE AUTORIA. INSUFICIÊNCIA. DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS CONTRADITÓRIOS. AUSÊNCIA DE RECONHECIMENTO. IMPRONÚNCIA MANTIDA.
1. Embora a decisão de pronúncia seja fundada em mero juízo de probabilidade, e não de certeza, exige-se que os indícios de autoria sejam suficientes para demonstrar a viabilidade da acusação.
2. Mostram-se insuficientes para sustentar a decisão de pronúncia depoimentos testemunhais contraditórios, na fase judicial, sobretudo quando não apontam o réu como sendo autor do crime.3. Recurso conhecido e desprovido.
(Acórdão 950715, 20090110332295APR, Relator: JOÃO BATISTA TEIXEIRA, , Revisor: JESUINO RISSATO, 3ª TURMA CRIMINAL, data de julgamento: 23/6/2016, publicado no DJE: 30/6/2016. Pág.: 64/72)
PENAL E PROCESSUAL. PRONÚNCIA POR HOMÍCÍDIO SIMPLES. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA CITAÇÃO FICTA. IMPROCEDÊNCIA. PRETENSÃO À IMPRONÚNCIA. AUSÊNCIA INDÍCIOS DE AUTORIA. SENTENÇA REFORMADA.
1 Réu pronunciado por infringir o artigo 121 do Código Penal, eis que teria esfaqueado e matado desafeto durante um fuzuê acontecido numa festa há quase vinte e quatro anos.
2 Comprovado o exaurimento das tentativas de citação pessoal do réu não nulidade na citação por edital.
3 Testemunhos vagos e indiretos, por "ouvir dizer", só justificam a pronúncia do réu quando corroborados por outros elementos de convicção, propiciando um conjunto de indícios coerente. Inexistindo indícios suficientes da autoria, o réu deve ser impronunciado.4 Recurso provido. PENAL E PROCESSUAL. PRONÚNCIA
(Acórdão 580169, 20120110150647RSE, Relator: GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, data de julgamento: 12/4/2012, publicado no DJE: 23/4/2012. Pág.: 177)
Diante de todo exposto, restou claro que as provas carreadas aos autos não foram capazes de propiciar indícios suficientes de autoria.
Sendo assim, imperioso que o presente Recurso em Sentido Estrito seja julgado procedentepara, reformando a sentença de piso, declarar a impronúncia do acusado, com fulcro no art. 414, caput, do CPP.
1. DA ÚLTIMA RATIO
Cabe falar também que o réu após os fatos demonstrou arrependimento e uma melhora em seu convívio social. Internou-se para se curar do vício em drogas e como já dito, a própria vítima está ao seu favor, afirmando que ele tem ajudado em casa e com os filhos, além de estar “limpo” e buscando o melhor para sua vida e de sua família.
O Direito Penal não é ilimitado, pois sua intervenção somente deve ser utilizada quando todos os outros ramos do direito são ineficazes para o controle e proteção social. Portanto, se utiliza nele o princípio da intervenção mínima, ou seja, “ultima ratio”, somente utilizado quando os demais setores fracassam. E tal princípio é utilizado para conter possíveis arbítrios do Estado. Não podendo o direito penal de instrumento único de controle social.
O sistema penal brasileiro tem como princípio a ressocialização do preso, ou seja, a recuperação, reinserção do condenado à sociedade, para que ele se torne útil para si mesmo, sua família e sociedade.
No caso em questão, o réu já se encontra reinserido na sociedade, ajudando em casa e com os filhos, estando longe das drogas. Colocá-lo em cárcere não contribui para que ele fique longe das drogas e não o impede de cometer outros crimes. Pelo contrário, em contato com outros criminosos e com a grande facilidade de voltar ao mundo das drogas as chances de cometer outros crimes aumenta.
Além do mais, se o réu for preso causará uma desestrutura muito grande em sua família, principalmente no que diz respeito aos seus filhos, que cresceriam sem o pai presente. Elas precisam do pai tanto psicologicamente, como afetivamente e financeiramente. Ou seja, as crianças inocentes receberiam uma “pena” junto ao pai.
Portanto, por todos os elementos apresentados aqui, não há como vislumbrar que a condenação seria o melhor caminho tanto para o réu quanto para sua família.
1. DA DESCLASSIFICAÇÃO
Caso não se entenda pela impronúncia, cabe o pedido para a desclassificação de tentativa de homicídio para lesão corporal (art. 129 do CP). Pois como já mencionado, o réu não possui animus necandi, e por vontade própria, sem qualquer circunstância alheia a sua vontade, interrompeu a ação, ou seja, teve a desistência voluntária, o que inclusive foi confirmado pela própria vítima.
Sem contar que no dia em questão o réu se encontrava alterado por estar sob efeito de entorpecentes e que se mostrou demasiadamente arrependido dos seus atos.
Valendo ressaltar que o réu pediu desculpas em seguida à vítima e que os dois ainda se encontram casados e a vítima o elogiou, dizendo que o réu sempre foi uma pessoa tranquila e que ajuda com a casa e com os filhos, ainda disse que ele tem se mantido limpo das drogas.
Logo, fica caracterizado de diversas formas que não há que se falar em tentativa de homicídio, pois essa nunca foi a intenção, mas sim que se trata de uma lesão corporal.
Seria totalmente equivoco condenar alguém de forma tão severa por um ato que nem foi verdade. Sendo assim, cabe a desclassificação do homicídio tentado para lesão corporal.
Diante do exposto, imperioso que o presente apelo seja julgado procedente, havendo a devida desclassificação.
Há que se destacar que ainda que se pugne pela desclassificação da conduta do agente, em verdade nunca houve dolo nas ações perpetradas pelo acusado, visto que estava sob efeito das drogas e por isso não tinha condições de discernimento preservadas, não compreendendo os fatos, tão pouco a própria realidade que permeavam as circunstâncias dos fatos. Assim, diante da ausência de dolo e presente a inconsciência pelo uso das drogas, imperioso se faz o reconhecimento da excludente de ilicitude.
1. DA RETIRADA DAS QUALIFICADORAS
Subsidiariamente, apenas na improvável hipótese de que a tese da impronúncia não seja acolhida e nem da desclassificação, passa-se à análise das qualificadoras imputadas ao acusado.
A sentença de piso foi proferida no sentido de pronunciar o acusado imputando-lhes as qualificadoras previstas no art. 121, § 2º, II, do Código Penal, sob o argumento de que o crime teria sido praticado por motivo fútil, já que o acusado teria agido após uma discussão com a esposa, pois a mesma não queria sair em sua companhia.
Primeiramente, quanto à qualificadora do motivo fútil, importa ressaltar que, embora o Il. Parquet tenha oferecido denúncia afirmando que o crime teria sido cometido por futilidade, ficou caracterizado que o réu não estava em seu juízo perfeito, pois estava sob efeito de entorpecentes, sendo ele um viciado, não tendo ele, naquele momento, condições de discernir, de tal sorte que não imprimiu em seus atos dolo, razão pelo qual não estava imbuído de “animus necandi”.
Ocorre que restou demonstrado que a razão do cometimento do crime declinada pelo Ministério Público e aceita pelo juízo de origem não passa de mera suposição. Isso porque se baseou em provas insuficientes do que seria de fato tentativa de homicídio, pois como já dito, o réu parou a ação por vontade própria.
Contudo, sabe-se que presunções e elementos sem convicção não podem ser adotados como justificativas para um crime, sob pena de afronta ao devido processo legal.
Além do que a testemunha sequer viu a vítima sendo de fato agredida, apenas ouviu gritos e ao chegar ao local a vítima se encontrava no sofá e o réu com a faca na mão parado, não tendo presenciado qualquer ação.
Diante disso, verifica-se que não há qualquer esclarecimento de que de fato houve animus necandi do réu.
Uma vez que baseada em meros indícios que foram refutados tanto pelo réu quanto pela vítima, não tendo sido comprovada de qualquer forma, ou sequer havendo indícios suficientes de sua existência, requer a Defesa que seja retirada a qualificadora do art. 121, §, II, CP, referente ao motivo torpe.
III – DO PEDIDO
Diante do exposto, conforme o art. 414 do Código de Processo Penal, requer conhecimento e provimento do presente recurso para que seja reforma a sentença proferida pelo juízo de origem, determinando a impronúncia do acusado quanto ao crime de homicídio qualificado tentado.
Caso não seja este o entendimento sobre a matéria que seja considerada a excludente da ilicitude, tendo em vista que o acusado estava sob efeito de entorpecentes, o que acabou por retirar-lhe a plena capacidade de discernimento, visto que suas faculdades mentais restaram prejudicadas, bem como pelo fato de que deve considerar o princípio da intervenção mínima.
Caso não seja este o entendimento sobre a matéria em tela, requer que seja desclassificado o crime de homicídio para a lesão corporal do art. 129 do Código Penal;
Caso ainda não seja este entendimento, requer que seja afastada a qualificadora do motivo torpe (art. 121,§ 2º, II, do CP), por falta de animus necandi e pelo fato de foi baseado em meros indícios que foram refutados tanto pelo réu, quanto pela vítima.
Nesses termos, pede deferimento.
Brasília, 19 de maio de 2016.
________________________________
Roberto C. Aguiar Farias
Advogado
OAB/DF 50.395

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