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Correção PET 3 Sociologia 3º Ano Ensino Médio 2021 Todas as Semanas

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213
PLANO DE ESTUDO TUTORADO
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
TURNO:
TOTAL DE SEMANAS: 
NÚMERO DE AULAS POR MÊS: 
COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM
PET VOLUME: 03/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA:
BIMESTRE: 3º
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: 
SEMANA 1
EIXO TEMÁTICO: 
A abordagem sociológica de que s tõe s sociais n o Brasil c ontemp orâneo .
TEMA/TÓPICO: 
Sociedade e Espaç o Urbano.
HABILIDADE(S): 
Compreen der a f ormaçã o, a ge s tã o e os c onflitos de int eresse s present es no espaç o urbano.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Modernidade , Indus trializaçã o, Urbanizaçã o, S aúde Mental.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
História, Geogr afia, Filoso fia, Física.
TEMA: A urbanizaçã o indus trial e a tr ans formaçã o do Indivíduo
Olá Es tudant es! Voc ês já ouviram falar de um ramo da sociologia emp enhado em de svendar a realidade 
dos grande s centr os urbanos ? Da semana 1 a 3 vamos de sc obrir alguns temas trabal hados pela Socio-
logia Urbana. Em conjunto com a História e a Geogr afia, essa área de es tudos focaliza os proc essos 
sociais que tornaram a Cidade o centr o da organizaçã o social da Modernidade . Como e por que as Cida-
de s se de sen volvem? Que relaç õe s sociais sã o resp onsá veis pela cons truçã o das cidade s tais como as 
conhec emos h oje ? 
A Modernidade é marcada pelas profundas trans formaç õe s ec onômicas, políticas e cultur ais dec or-
rent es das Revoluções Burguesas dos séc . 18 e séc . 19, entr e elas, a acelerada urbanização. É princi-
palment e com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra e expandida por todo o mundo nos séculos 
seguint es, que a urbanizaçã o se intensifica a todo vapor, literalment e. Não se esqueça de como a in-
vençã o da máquina a vapor revolucion ou os tr ansp ortes e a in dús tria! Sur ge as sim, a Cidade Industrial 
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Moderna, também conhecida como Metrópole e, em alguns casos mais atuais, como Megalópole, onde 
a maior parte das pessoas vive hoje.
A Sociologia Clássica, que nasceu dentro e junto com as Cidades Modernas, tentou desvendar o impac-
to da urbanização sobre as pessoas, sobre sua psicologia e personalidade. Um pouco menos falado que 
os “três porquinhos” da Sociologia (Marx, Durkheim e Weber) o sociólogo alemão Georg Simmel (1858-
1918) desenvolveu importantes reflexões sobre o tema. No seu trabalho A Metrópole e a Vida Mental 
(1902) ele revela com fascínio e espanto como a vida das pessoas mudou vertiginosamente nas cidades 
cada vez maiores e com redes de interação cada vez mais complexas.
Simmel notou que na cidade moderna havia 
uma contradição entre o crescente indivi-
dualismo das pessoas e a crescente interde-
pendência entre elas. Para que a produção 
acelerasse e os lucros aumentassem, a in-
dustrialização capitalista fragmentou a forma 
como os bens de consumo eram produzidos. 
Nas fábricas cada um dos trabalhadores 
exercia funções bastante especializadas: um 
organizava as peças, outro montava o produ-
to, outro consertava as máquinas e assim por 
diante. Essa lógica da especialização acabou 
tomando conta da sociedade inteira. As pes-
soas passavam cada vez mais a se especiali-
zar em suas profissões, o que as tornava cada 
vez mais únicas, aumentando seu senso de individualidade. Ao mesmo tempo, como não tinham tempo 
para fazer todas as outras coisas necessárias para vida, elas se tornaram cada vez mais dependentes 
umas das outras. O padeiro veste a roupa feita pela costureira, a costureira come o pão feito pelo pa-
deiro e a médica, cujo trabalho é cuidar da saúde dos dois, come e veste o fruto do trabalho deles. Eis a 
interdependência.
Simmel viveu muito antes do nosso tempo, mas formulou um conceito, bastante atual, que nos ajuda a 
refletir sobre a aceleração da vida na cidade e suas consequências psíquicas: o conceito de intensifi-
cação da vida nervosa. Se você nasceu ou vive há muito tempo numa cidade grande, você nem deve 
pensar mais no quanto é difícil e desconfortável atravessar uma cidade com suas multidões, congestio-
namentos e poluição. A socialização urbana nos faz naturalizar a imensa quantidade de estímulos – 
imagens, sons, rostos, anúncios – e contratempos a que nos expomos diariamente. Já é automático 
para as pessoas da cidade desviar de outras ao mesmo tempo em que prestam atenção no sinal de pe-
destres e nos carros. Elas aprenderam a ignorar vários barulhos e a atentar para outros como as sire-
nes, buzinas e alarmes, a manter o foco quando tantas imagens passam pela janela do ônibus e a como 
agir quando estão cercadas por tantos rostos estranhos e desconhecidos.
Esse excesso de estímulos e sensações, caracte-
rístico das cidades grandes, fez com que as pes-
soas adquirissem uma postura psíquica defensiva 
em relação ao ambiente urbano, o que pode ser 
bastante estranho para as pessoas que vivem em 
cidades pequenas ou no meio rural: a atitude de 
reserva. Para preservar sua saúde mental, tentan-
do evitar o estresse que esse excesso de estímu-
los causa, as pessoas urbanas tendem a se fechar 
em si mesmas. Disso resulta um ar de indiferença, 
uma postura “blasê”, de distância emocional em 
relação aos desconhecidos, aos acontecimentos 
e ambientes urbanos. Os habitantes da cidade 
215
aprendem a se tornar indiferentes àquilo que não lhes diz respeito diretamente, a mergulhar em si mes-
mos, a prestar atenção apenas ao seu pequeno círculo de convívio.
Simmel observa também que as pessoas da cidade agem com a “cabeça”, enquanto no campo se age 
com o “coração”. Dessa forma, as relações urbanas seriam superficiais por serem extremamente racio-
nais (envolvendo cálculos para objetivos específicos). Na cidade moderna as pessoas passam a ser nú-
meros: números de identidade, de contas bancárias, de senhas nas filas de espera, traços da burocracia 
moderna. Quando uma pessoa é atendida em um supermercado, banco ou correio, ela se relaciona com 
um funcionário e não com outra pessoa. Pouco importa quem é o outro ou se está passando por alguma 
dificuldade. São então características típicas da vida na cidade moderna: a superficialidade, a raciona-
lidade e a impessoalidade.
Os avanços tecnológicos e a racionalização da vida (tudo calcu-
lado e controlado em prazos e procedimentos) faz com que o coti-
diano se torne ao mesmo tempo mais simples e mais complicado. 
Tomemos o exemplo dos automóveis e transportes públicos. Por 
um lado, eles são inovações tecnológicas que encurtam as dis-
tâncias e economizam o tempo das pessoas. Por outro, trazem 
contratempos como os congestionamentos nos horários de pico 
e os acidentes de trânsito. Surge, inclusive, com a inovação dos 
transportes, uma profissão bastante especializada, a Engenharia 
de Transportes, responsável por organizar as mãos das vias, os 
sinais de trânsito e os fluxos possíveis nas ruas e avenidas da ma-
lha urbana. O que seria de nós sem esses profissionais?! E o que 
seria deles sem o pão do padeiro?! 
Disponível em: <https://static.planejativo.com/uploads/novas/6e1506c4d3b1172416ae79cc424b3dd7.jpg>. Acesso em: 17 maio 2021.
A vida na cidade grande está repleta de contradições: o gosto pelo consumo de bens e cultura e a an-
gústia por não sermos capazes de tudo conhecer ou adquirir; a sensação da solidão mesmo estando 
no meio da multidão; o prazer de saber que não somos o foco da atenção dos outros, mas o medo de 
não sermos conhecidos por ninguém; a maior liberdade que temos de expressar nossas identidades e 
estilos sem dar explicações, mas o receio de não sermos ajudados por ninguém caso necessitemos. Na 
cidade moderna, ao mesmo tempo em que estamos próximos, podemos estar bastante distantes.
PARA SABER MAIS:
Sessão Pipoca: Desventuras de um dia, Brasil, 2004, Animação, 10 minutos. Direção de Adriana 
Meirelles. Logo cedo , trânsito e preocupações ocupam os pensamentos de Luiza. Mal começa a 
trabalhar, ela já se vê envolvida nas situações cotidianas que a irritame entediam. A vida na cidade 
grande não é um comercial de margarina. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=r-
K4it7cOtcU>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. 1 ed. São Paulo: Moderna, 2013. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
BOMENY, Helena et al. Tempos Modernos, Tempos de Sociologia. 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil/
FGV, 2010.
216
ATIVIDADES
1 – (PUC-PR 2012) Georg Simmel, em seu texto clássico A metrópole e a vida mental, menciona profundas 
alterações emocionais e sensitivas dos seres humanos causadas pela cidade grande. Sobre esse tema 
é CORRETO afirmar:
a) Simmel destaca que desde o início do processo de urbanização, os habitantes de grandes cida-
des desenvolvem ampla afetividade pelos moradores vizinhos bem como pelos seus contextos 
locais de habitação.
b) De influência marxista, Simmel desenvolve a base da sociologia urbana ao tratar a cidade como 
a forma predominante e efetiva de reconversão da relação exploratória plenamente capitalista.
c) As novas formas de associação e visão de mundo a partir da construção de novos laços urbanos 
é algo diagnosticado por Simmel, que estuda o impacto psicológico dos movimentos sociais que 
proliferaram ao longo do século XX.
d) De orientação weberiana, Simmel identifica um processo de suavização da exploração do tra-
balho no contexto urbano, por conta das novas possibilidades metropolitanas da modernidade.
e) O ponto central é a intensificação dos estímulos urbanos e o anonimato, que geram, por um lado 
uma ampliação da racionalidade e calculabilidade da vida e, por outro a atitude “blasê”, como 
forma de proteção emocional.
2 – A mente moderna tornou-se cada vez mais calculadora. A exatidão calculadora da vida prática que 
a economia monetária fez surgir corresponde ao ideal da ciência natural: transformar o mundo em um 
problema aritmético, para consertar cada parte do mundo através de fórmulas matemáticas. Por causa 
da economia monetária, os dias de tantas pessoas foram preenchidos com a pesagem, o cálculo, com 
determinações numéricas, com a valorização da quantidade frente à qualidade. 
SIMMEL, Georg. 1973 [1903]. “A metrópole e a vida mental”. In: VELHO, Otávio Guilherme (org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar 
Editores.
O trecho acima faz referência a um fenômeno marcante da vida moderna, sobretudo na cidade grande 
que é
a) a grande profusão de estímulos.
b) a racionalização da vida.
c) a interdependência.
d) o individualismo.
e) o anonimato.
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3 – (Enem-2003) Em um debate sobre o futuro do setor de transporte de uma grande cidade brasileira 
com trânsito intenso, foi apresentado um conjunto de propostas. entre as propostas reproduzidas 
abaixo, aquela que atende, ao mesmo tempo, a implicações sociais e ambientais nesses setor é
a) proibir o uso de combustíveis produzidos a partir de recursos naturais.
b) promover a substituição de veículos a diesel por veículos a gasolina.
c) incentivar a substituição do transporte individual por transportes coletivos. 
d) aumentar a importação de diesel para substituir os veículos a álcool.
e) diminuir o uso de combustíveis voláteis devido ao perigo que representam.
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SEMANA 2
EIXO TEMÁTICO: 
A abordagem sociológica de questões sociais no Brasil contemporâneo.
TEMA/TÓPICO: 
Sociedade e Espaço Urbano.
HABILIDADE(S): 
Compreender a formação, a gestão e os conflitos de interesses presentes no espaço urbano.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Capitalismo, Política, Gentrificação, Especulação Imobiliária, Equipamentos Urbs.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
História, Geografia, Filosofia.
TEMA: A Cidade e seus Conflitos 
Olá Estudantes! Voltemos a uma das melhores amigas 
da Sociologia: a História! Afinal de contas, a sociedade 
se faz através da História. Naqueles tempos da Revo-
lução Industrial, os conflitos de interesses existentes 
nas cidades estavam diretamente relacionados com a 
industrialização capitalista. De um lado, estavam os ca-
pitalistas donos das fábricas, muitas vezes associados e 
com grande influência sobre as prefeituras e as decisões 
políticas sobre o território da cidade. Do outro, estavam 
os sindicatos dos trabalhadores dos mais diversos se-
tores. Até os dias de hoje, a oposição entre os interesses 
das classes dominantes e do restante da população é a 
origem de grande parte dos conflitos no espaço urbano. 
É por isso que para se entender as cidades precisamos 
conhecer as relações sociais que nelas acontecem.
As relações conflituosas entre a população, os grandes 
proprietários e o poder público afetam diretamente a 
vida dos habitantes urbanos. Esse conflito se expressa, por exemplo, na desigualdade de acesso a ser-
viços, na distribuição da infraestrutura urbana, na violência (não só da criminalidade mas do próprio 
Estado), e nas várias formas da luta social (de associações, sindicatos, partidos e movimentos sociais) 
pelo direito à cidade, à cidadania e à moradia.
Os conceitos marxistas de valor de troca e valor de uso nos ajudam a entender a natureza dos conflitos 
de interesse entre as elites empresariais (“o Mercado”) e os interesses dos moradores da cidade, que 
são em sua grande maioria trabalhadores. Para os moradores o valor da cidade está na utilidade e na 
qualidade dos equipamentos urbanos como as moradias, o lazer, as escolas, os postos de saúde, os 
hospitais, o saneamento básico e o transporte público. Ou seja, para quem vive na cidade seu valor está 
na forma como ela beneficia a vida das pessoas, na forma como elas utilizam seu espaço, logo, a cidade 
tem um valor de uso para elas. 
219
Para as classes dominantes, proprietárias dos meios de produção de riqueza (bancos, indústrias, gran-
des terrenos, grandes redes de lojas, grandes empreiteiras, grandes redes imobiliárias), a cidade não 
é apenas o lugar onde as mercadorias são produzidas e consumidas. Para elas, a própria cidade, seu 
território, sua área construída, é uma mercadoria. Além do valor de uso ela também possui um valor de 
troca. Ou seja, seu espaço físico pode ser trocado e vendido para gerar lucro. Resumindo, para a popu-
lação em geral a cidade é um local para se viver, para o capitalista, uma oportunidade de extrair lucro.
Quando os membros da elite econômica não têm políticos que os representem, votando projetos de 
lei que beneficiem seus negócios na cidade, eles mesmos acabam ocupando cargos como vereadores, 
deputados, juízes, prefeitos, governadores e até mesmo presidentes. Assim, eles conseguem usar o 
Estado em seu próprio benefício. É por isso que em sociedades capitalistas existe uma forte tendência 
de o Estado beneficiar as elites, já que ele é apropriado por elas.
O avanço do interesse privado sobre o interesse público é uma das consequências da ideologia Neo-
liberal. Simplificando bastante, esse conjunto de ideias defende que todos os aspectos da vida podem 
se tornar fontes de lucro para a iniciativa privada. Ou seja, sob essa ideologia muito do que se considera 
direitos como saúde, educação, saneamento básico, transporte público ou aposentadoria podem e de-
vem se tornar negócios privados que geram lucros. São as empresas, no lugar do Estado, que passam a 
oferecer esses serviços. Daí o termo privatização. Quando uma empresa pública é privatizada, ela não 
pertence mais à sociedade e aos cidadãos. Com isso, o controle da sociedade sobre o preço da água 
tratada, por exemplo, no caso da privatização de uma companhia pública de saneamento básico, é re-
duzido. Agora essa companhia passa a ser propriedade de alguém ou algum grupo que vende o serviço. 
Frente a isso podemos considerar que existem duas tendências contrapostas na gestão das cidades. 
Uma mais econômica, que entende a cidade como um negócio a ser gerido para o interesse de poucos 
proprietários e outra, mais política, que defende a participação mais ampla da população na gestão ur-
bana. Note que essas duas tendênciaspodem estar presentes ao mesmo tempo em uma mesma gestão. 
Como há uma disputa de interesses, às vezes a Prefeitura ou a Câmara dos Vereadores pode sofrer 
pressões de ambos os lados e fazer concessões para um e outro, tentando agradar a gregos e troianos.
Na visão mais econômica, os equipamentos e 
serviços públicos prestados à população tendem a 
ser privatizados e o espaço urbano tende a ser ge-
rido como uma empresa. Você já ouviu falar em es-
peculação imobiliária? A especulação é uma das 
práticas mais características da sociedade capi-
talista. Como um dos principais objetivos do capi-
talismo é gerar cada vez mais lucros, as pessoas 
proprietárias dos grandes negócios estão sempre 
especulando. Ou seja, estão sempre procurando 
formas de fazer render o dinheiro que elas já têm 
investindo em negócios que gerem mais dinheiro 
ainda. No caso da especulação imobiliária, os pro-
prietários de grandes construtoras e do ramo da 
venda de imóveis passam a buscar na cidade re-
giões para investir e lucrar. 
A questão é que algumas dessas regiões já são 
habitadas pelas pessoas, que muitas vezes são 
pobres. Quando esses investimentos privados se 
instalam nessas regiões, como Shopping Centers e Condomínios de Luxo, isso atrai pessoas com maior 
renda para a região. Acontece também a melhoria nos serviços públicos disponíveis como asfalto, sa-
neamento e iluminação. Toda essa reforma acaba valorizando a região e aumentando os custos de vida. 
Mas como isso acontece? Bom, a oferta de novos serviços públicos aumenta as taxas e impostos. Além 
dos serviços públicos chegam novos comércios e facilidades, o que atrai pessoas com maior renda 
que podem consumir a preços mais altos. Assim, os preços do comércio, aluguéis, terrenos e imóveis 
220
aumentam. O resultado é que as pessoas mais pobres, que já viviam na região, não conseguem se man-
ter com os novos custos de vida. Isso as obriga a mudar para outras regiões da cidade. A esse fenômeno 
de “limpar”, “revitalizar” e “melhorar” certas áreas da cidade dá-se o nome de Gentrificação. A especula-
ção imobiliária gera a gentrificação que, por sua vez, expulsa os mais pobres das áreas mais centrais e 
valorizadas para as áreas mais periféricas e precárias. Se a iniciativa privada tem forte influência sobre 
a Prefeitura e a Câmara dos Vereadores, esses processos acontecem com mais facilidade. 
Na visão mais política, a gestão urbana deve promover a democratização da cidade e a resolução dos 
conflitos de interesse através da participação popular nas decisões relativas ao espaço urbano. A ad-
ministração pública (a Prefeitura e a Câmara dos Vereadores) têm instrumentos capazes de promover 
uma reforma urbana em que o interesse público, da população, seja colocado acima dos interesses pri-
vados, dos especuladores. Mecanismos da democracia representativa - como conselhos municipais, 
comitês de mobilização social, os vereadores - e da democracia direta - como plebiscitos, consultas e 
audiências públicas - são capazes de controlar a especulação imobiliária e reduzir a segregação espa-
cial na cidade.
Uma outra experiência que pode aumentar a participação popular é a do Orçamento Participativo. 
Através dele a população passa a ter o poder de decisão sobre como serão utilizados os recursos pú-
blicos da cidade. A Prefeitura promove uma reunião aberta expondo qual é a quantidade de recursos 
disponíveis para os investimentos públicos no ano seguinte. A partir daí, as diferentes regiões da ci-
dade se organizam e elegem conselheiros - que são moradores da comunidade - que, com a ajuda de 
técnicos, definem quais são as maiores necessidades de suas regiões. Essas demandas são enviadas 
para os vereadores e vereadoras da Câmara Municipal, que votam e aprovam como os recursos serão 
utilizados na solução dos problemas. Em seguida, a Prefeitura planeja e começa os projetos que serão 
desenvolvidos para a melhoria das condições de vida na cidade. Iniciativas como essa aumentam o 
poder de decisão sobre o espaço urbano dos moradores de áreas tradicionalmente excluídas como as 
favelas e as periferias.
PARA SABER MAIS: 
Sessão Pipoca: Recife, cidade roubada, Brasil, 2014, Vídeo, 13 minutos. Realização de Ernesto de 
Carvalho et al. O Movimento Social Ocupe Estelita apresenta os efeitos da gentrificação na cidade 
do Recife. O vídeo expõe a influência da especulação imobiliária na política urbana e a urgente ne-
cessidade do cancelamento do Projeto Novo Recife, um empreendimento amplamente prejudicial 
à saúde da cidade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dJY1XE2S9Pk>. Acesso 
em: 17 maio 2021.
Sessão Pipoca: Gentrificados, Brasil, 2014, Documentário, 13 minutos. Direção de Samuel Costa. 
O vídeo apresenta depoimentos de lideranças comunitárias e pessoas que tiveram que se mudar 
em função de obras públicas realizadas como preparativos para a Copa do Mundo 2014 e as Olim-
píadas 2016, nas capitais Belo Horizonte, Cuiabá, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro 
e São Paulo. O documentário contém análises de especialistas e juristas sobre as questões rela-
cionadas às remoções no Brasil, catalisadas pelos megaeventos. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=NiROOSI-je4&t=5s>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. 1 ed. São Paulo: Moderna, 2013. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
221
ATIVIDADES
1 – (Enem-2016) O conceito de função social da cidade incorpora a organização do espaço físico como 
fruto da regulação social, isto é, a cidade deve contemplar todos os seus moradores e não somente 
aqueles que estão no mercado formal da produção capitalista da cidade. A tradição dos códigos de 
edificação, uso e ocupação do solo no Brasil sempre partiram do pressuposto de que a cidade não tem 
divisões entre os incluídos e os excluídos socialmente.
QUINTO JR., L. P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Estudos Avançados (USP), n. 47, 2003 (adaptado).
Uma política governamental que contribui para viabilizar a função social da cidade, nos moldes indica-
dos no texto, é:
a) qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
b) implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.
c) proibição de construções residenciais em regiões íngremes.
d) disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.
e) desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.
2 – (Enem-2016) O mercado tende a gerir e regulamentar todas as atividades humanas. Até há pouco, 
certos campos – cultura, esporte, religião – ficavam fora do seu alcance. Agora, são absorvidos pela esfera 
do mercado. Os governos confiam cada vez mais nele (abandono dos setores de Estado, privatizações). 
RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e novas ameaças. Petrópolis: Vozes. 2003.
No texto é apresentada uma lógica que constitui uma característica central do seguinte sistema 
socioeconômico: 
a) Socialismo.
b) Feudalismo. 
c) Capitalismo. 
d) Anarquismo. 
e) Comunitarismo.
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222
3 – (UNISC-2014) A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que aconteceram no Brasil, 
deram início a uma série de projetos de revitalização direcionados a determinadas zonas urbanas em 
cidades como Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Manaus (AM). 
Um dos possíveis efeitos disto diz respeito ao enobrecimento dessas zonas por meio da especulação 
imobiliária que ocasionará, em muitos casos, a valorização de terrenos, casas e apartamentos. 
Consequentemente, poderá haver uma transformação, pautada em condições econômicas, no perfil 
das pessoas que passarão a viver e a consumir serviços em tais áreas. Qual alternativa apresenta o 
nome deste processo? 
a) Conurbação. 
b) Macrocefalia urbana. 
c) Gentrificação. 
d) Verticalização. 
e) Urbanização.
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223
SEMANA 3
EIXO TEMÁTICO: 
A abordagem sociológica de questões sociais no Brasil contemporâneo.
TEMA/TÓPICO:Sociedade e Espaço Urbano.
HABILIDADE(S): 
Compreender a formação, a gestão e os conflitos de interesses presentes no espaço urbano.
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Classes sociais, êxodo rural, periferia, mobilidade urbana, segregação espacial.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
História, Geografia, Filosofia, Biologia, Química, Português, Matemática.
TEMA: A Urbanização e a Segregação Socioespacial no Brasil 
Olá estudantes! Como vimos, a urbanização moderna acontece por causa da rápida industrialização 
que se dá, primeiro na Inglaterra do séc. 18, logo depois no restante da Europa Ocidental e nos séculos 
19 e 20 no restante do mundo de formas e em momentos diferentes. Vivemos até hoje os efeitos da 1ª 
Revolução Industrial. O impacto da industrialização sobre as populações atuais apresenta padrões pa-
recidos aos daqueles tempos.
A palavra proletariado tem a ver com a prole, ou seja, com a reprodução humana. Marx usa o termo para 
se referir à classe trabalhadora que se forma com o surgimento do sistema de fábricas. Para que as fá-
bricas funcionassem e gerassem lucro para os capitalistas era necessário um imenso número de traba-
lhadores. Era imprescindível que a classe trabalhadora se reproduzisse, gerasse sua prole, para ocupar 
os postos de trabalho cada vez mais crescentes e altamente precarizados daquela época. No início da 
Revolução Industrial as péssimas condições de trabalho eram responsáveis pela baixa expectativa de 
vida. A reprodução da classe trabalhadora, da força de trabalho era, assim, indispensável.
Mas se não havia fábricas antes da revolução industrial, onde estavam esses trabalhadores? E por que 
saíram de onde estavam para trabalhar nessas condições? O meio rural e sua produção era, antes das 
fábricas, onde se concentravam as principais atividades econômicas. Os trabalhadores eram campo-
neses, trabalhavam para os grandes proprietários de terra e para si mesmos em suas terras comunais, 
compartilhadas pela sua comunidade. Nos séculos antes da industrialização já vinha ocorrendo um pro-
cesso de expropriação dessas terras comunais. A capitalização e modernização da agricultura, mais 
lucrativa para os grandes proprietários rurais, fez com que esses se apoderassem gradativamente, pela 
lei e pelas armas, das terras dos camponeses.
Isso provocou o êxodo rural de milhares de famílias que expulsas de suas terras ancestrais vagavam 
em busca de trabalho. Com o surgimento das fábricas os grandes centros industriais cresceram ra-
pidamente absorvendo a grande mão de obra disponível desses camponeses. Essa acelerada e de-
sordenada urbanização é marcada pela miséria, violência e alcoolismo. A aglomeração, as péssimas 
condições sanitárias, a fome, a falta de esgotos e de água limpa nas casas proletárias, a acumulação do 
lixo e as precárias regras de higiene contribuíram para a proliferação de doenças e a intensificação de 
epidemias. Enfim, nos sécs. 18 e 19, as principais cidades europeias eram lugares pestilentos com um 
horizonte cinza e o ar pesado da fuligem das fábricas. Paradoxalmente, a sobrevivência era o que atraia 
os trabalhadores até elas.
224
O processo de urbanização no Brasil guarda algumas semelhanças com o da Revolução industrial. A 
Era Vargas (1930-1945) é quando a industrialização se consolida no país. É nesse período que o governo 
investe pesado na instalação de indústrias de transformação nos setores da siderurgia, petróleo, pe-
troquímica, hidrelétricas e mineração de ferro. Com isso, a partir dos anos 1950 o êxodo rural se intensi-
fica de maneira vertiginosa. As pessoas passam a deixar suas localidades no interior rumo às nascentes 
capitais industriais do país. Notável nesse período é o fluxo migratório do interior do Nordeste para as 
capitais do Sudeste. As condições precárias do campo, incluindo as secas e a violência dos grandes 
proprietários rurais, levam milhões de proletários brasileiros a buscar a sobrevivência nas cidades. 
Junto com o aumento do número de empregos na indústria, na construção civil e no comércio ocorre o 
crescimento desordenado das grandes cidades. Desde sua origem as cidades brasileiras jamais se carac-
terizaram pelo planejamento, mas pela contínua improvisação. O choque das massas migrantes do campo 
com o despreparo das cidades para o crescimento foi explosivo. As populações que chegaram progressi-
vamente às cidades entre 1940 e 2000 vão se estabelecendo nas áreas distantes do centro. Nessas áreas, 
por terem terras mais baratas ou pela ausência de seus proprietários, a simples ocupação dos terrenos é 
mais fácil. De forma geral, foi assim que se formaram as atuais periferias urbanas brasileiras.
Mas não é só na periferia física da cidade que os 
trabalhadores vão se instalar. É comum ver nas 
malhas urbanas brasileiras favelas e aglomera-
dos logo ao lado de bairros de classe média ou 
alta. As áreas centrais, mais privilegiadas, pro-
duzem uma demanda constante de serviços para 
a população mais pobre. Porteiros, seguranças, 
manutenção predial, jardinagem, construção ci-
vil, serviços domésticos. Essa demanda por ser-
viços motivou a ocupação informal de terrenos 
nas regiões centrais e assim surgem também 
as vilas e favelas urbanas. A dificuldade de mo-
bilidade urbana pela falta de transportes públi-
cos adequados que ligam o centro às periferias 
é também outro fator que explica a existência 
dessas comunidades no centro das cidades. Em 
outros casos pode ocorrer que a comunidade 
periférica se instalou antes de a cidade a “engo-
lir” com seu rápido crescimento. 
Entre os anos 1940 e 2000 a população brasileira triplicou. De 50 milhões passa para 180 milhões de ha-
bitantes. Na década de 1940, quase 80% da população vivia na zona rural e apenas 20% na zona urbana. 
Em 2000 o quadro já era completamente invertido, pouco mais de 20% viviam no campo enquanto qua-
se 80% viviam nas cidades. É no cenário dessa grande transformação demográfica que ocorre o “in-
chaço” das cidades brasileiras. Hoje a maior parte da nossa população, vive nas periferias dos grandes 
centros urbanos que, como vimos, tendem a ser mais desprovidas de equipamentos e serviços públicos 
de qualidade. Aos poucos as comunidades periféricas passam a se organizar em Associações de Mora-
dores e em Movimentos Sociais e a reivindicar direitos e serviços básicos como moradia, saneamento, 
asfalto, escolas, postos de saúde, quadras esportivas, etc. Exemplos conhecidos dessas iniciativas são 
a CUFA - Central Única das Favelas e o MTST - Movimento dos Trabalhadores sem Teto. Para além da 
busca do trabalho, pela sobrevivência, a migração para a cidade e a reivindicação por melhores condi-
ções de vida na periferia é uma busca constante pela cidadania, ou seja, pela participação política, pela 
participação nas decisões que afetam diretamente a vida das comunidades.
Atualmente as diferenças que caracterizam nossas cidades são notáveis. As desigualdades obser-
váveis no território urbano quando consideramos as formas de moradia, o acesso aos equipamentos 
públicos e aos meios de transporte revelam uma característica marcante das nossas cidades: a segre-
gação socioespacial urbana. A segregação socioespacial ocorre quando há a separação, o isolamento 
225
e a concentração de determinados grupos sociais em regiões determinadas da cidade. Em sociedades 
capitalistas como a do Brasil, são as classes populares que tendem ocupar as regiões mais afastadas e 
desatendidas pelo poder público. Essa distância física do centro significa também uma distância so-
cial que aprofunda as desigualdades sociais entre as pessoas na medida em que as oportunidades de 
trabalho, lazer e educação, por exemplo, se tornam menos acessíveis e menos próximas dos que mais 
necessitam delas.
A segregação espacial também reduz o contato com a diferença e a diversidade. Crianças e jovens que 
nunca saem dos espaços onde foram criados, seja nas favelas seja nos condomínios de luxo, tendem 
a naturalizar as distinções de classe que são históricas e socialmente construídas. A segregaçãoentre 
os grupos sociais no espaço da cidade impede que eles interajam e conheçam as visões de mundo e as 
condições de vida uns dos outros. Esta falta de interação dificulta o sentimento de empatia e o forta-
lecimento de uma geração de cidadãos críticos das desigualdades e dispostos a combatê-las.
PARA SABER MAIS:
Personalidade: Preto Zezé no Roda Viva, TV Cultura, 16/11/2020, 1h 32m. Presidente global da 
CUFA (Central Única de Favelas, https://www.cufa.org.br/), empresário e consultor de proje-
tos para empresas e governos, Preto Zezé é um dos principais responsáveis pela entidade, que 
promove atividades nas áreas de educação, cultura, esportes e lazer. É idealizador do movimento 
Cultura de Rua, uma rede de jovens das favelas empenhados na defesa dos direitos dos morado-
res das comunidades, através de ações sociais e culturais. À frente da CUFA, luta pela abertura de 
novos horizontes para a população vítima do racismo e das desigualdades sociais. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=mNKzafWTnbI>. Acesso em: 17 maio 2021.
Sessão Pipoca: Uma Onda no Ar, Brasil, 2002, Drama, 1h 32m. Direção Helvécio Ratton. A história 
da criação da Rádio Favela de Belo Horizonte - “a voz livre do morro”, como a chamavam seus 
idealizadores. A rádio pirata entrava no ar todos os dias no horário do programa estatal A Voz do 
Brasil. A tática e o amplo alcance dos transmissores da rádio, que mandavam suas ondas bem 
além da favela, incomodavam as autoridades. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-
v=X6aIyoOAWI8>. Acesso em: 17 maio 2021.
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. 1 ed. São Paulo: Moderna, 2013. 
DIMENSTEIN. Gilberto et al. Dez Lições de Sociologia para um Brasil Cidadão. 1 ed. São Paulo: FTD, 
2008.
QUINTANEIRO, Tânia. BARBOSA,Mª L. O. OLIVEIRA, Márcia G. M. Um toque de Clássicos.2 ed. Belo 
Horizonte: UFMG, 2017. 
226
ATIVIDADES
1 – Favelização é o processo de surgimento e crescimento do número de favelas em uma dada cidade 
ou local. Trata-se de um problema social, pois tais moradias constituem-se a partir das contradições 
econômicas, históricas e sociais, o que resulta na formação de casas sem planejamento mínimo, 
oriundas de invasões e ocupações irregulares.
O processo de favelização das cidades ocorre especialmente em virtude:
a) da urbanização desordenada e do processo de industrialização.
b) da crescente falta de postos de trabalho.
c) da ausência de espaços adequados à ocupação nos grandes centros urbanos.
d) da carência dos recursos públicos para investimento em moradias.
e) da desinformação da população sobre a disponibilidade de empregos.
2 – Leia a letra da seguinte canção:
Na linguagem corrente dos moradores de Belo Horizonte a cidade possui dois conhecidos pólos: a re-
gião centro-sul, dos bairros nobres, e a região norte, dos bairros mais populares. Na canção acima é 
possível identificar os seguintes aspectos problemáticos da realidade urbana moderna:
a) Industrialização, Êxodo Rural e Desenvolvimento Urbano. 
b) Gentrificação, Criminalidade e Especulação Imobiliária.
c) Mobilidade Urbana, Congestionamento do Trânsito, Individualismo.
d) Segregação Espacial, Mobilidade Urbana e Excesso de Estímulos.
e) Atitude de Reserva, Estresse e Segregação Espacial. 
jenergoncalves
Realce
jenergoncalves
Realce
227
3 – (Unicamp-2015) Paisagem de uma metrópole brasileira.
Considerando a imagem, assinale a alternativa correta. 
a) A organização do espaço geográfico nas metrópoles brasileiras caracteriza-se, na atualidade, 
pela tendência à homogeneização das formas de habitar, em função da existência de políticas 
urbanas e sociais exitosas.
b) Os moradores do condomínio fechado e os moradores da favela compartilham áreas comuns de 
lazer, fato que expressa o enfraquecimento dos conflitos entre as diferentes classes sociais na 
metrópole.
c) A concentração da riqueza permite a uma pequena parcela da sociedade viver em condomínios 
fechados de alto padrão, que, fortificados por aparatos de segurança, aprofundam a fragmenta-
ção do espaço urbano.
d) A favela é um espaço monofuncional, exclusivamente residencial, desprovido de serviços urba-
nos básicos como energia elétrica, água, saneamento, limpeza e, portanto, equilibradamente 
coeso à malha urbana.
e) A divisão social representa uma divisão igualitária de bens e por isso é considerada como 
algo inevitável.
jenergoncalves
Realce
228
SEMANA 4
EIXO TEMÁTICO: 
A Abordagem Sociológica de Que s tõe s Sociais n o Brasil Contemp orâneo .
TEMA/TÓPICO: 
Delinquência e Criminalidade . 
HABILIDADE(S): 
Diferenciar entr e e xplicaç õe s sociológicas e as de senso c omum sobr e as taxas de criminalidade .
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Racism o Científic o, Psic ologia, Leis e Normas, Cultur a, Desvio, S ançã o, Crime.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
Biologia, His tória, Filoso fia, P ortuguê s (Redaçã o).
TEMA: “Bandido bom, é ban dido morto”?
Voc ê com cer teza já deve ter ouvido essa expressã o por aí, sobr etudo nos últimos anos em que visõe s, 
discur sos e atitude s de ódio e mais “policiale scas” sobr e o problema da criminalidade têm se multipli-
cado na mídia, na política e nas conversas do cotidiano. A frase tem uma lógica própria: bandidos sã o 
um problema logo, matá -los é a soluçã o para a criminalidade , fim do problema. Soluçã o simple s para 
um problema simple s. Correto?
A simplicidade de ssa frase não ac ompan ha um fato básic o para as ment es pensant es e atentas: a so -
ciedade não é algo simple s. A sociedade é tã o comple xa que exigiu da humanidade a criaçã o de várias 
ciên cias para tentar compreen dê-la. Daí a exis tência das Ciências Sociais. A criminalidade , sen do um 
dos vários ac ontecim ent os que cons troem a nos sa sociedade , pode es tar relacionada a muitas outras 
que s tõe s sociais que , em princípio, um olhar sup er ficial nã o é capaz de p erceb er.
Afinal, o que é um bandido? Como ele apar ec e na sociedade ? Quais suas motivaç õe s? Por que as pes -
soas cometem crimes? O que sã o crimes? Como acabar com a criminalidade ? Es sas perguntas vêm 
mobilizando es tudiosos há mais de um século . No final do século 19, com a forte influên cia do Evolu-
cionismo e Darwinismo Social, muitos de fendiam que a criminalidade era uma car act erís tica gen éti-
ca. Ou seja, acr edita va-se que havia pessoas naturalment e criminosas. Nessa ép oca, homens como o 
criminologis ta italian o Cesare Lombroso, diziam que os “bandidos” podiam ser identificados pelo con-
junto de suas características físicas. Com essa teoria, a forma do crânio, o taman ho da mandíbula ou 
o compriment o dos braç os podiam inclusiv e de finir o tipo de crime que uma pessoa tendia a cometer. 
Soa f amiliar ? Voc ê c onsegue de finir a propensã o de alguém par a o crim e só de ba ter o olho?
229
As teorias biológicas do crime logo caíram por terra, por falta de evidências. Surgiram entã o tenta ti-
vas de explicar os crimes pela psicologia. A criminalidade es taria relacionada com as personalidades 
individuais das pessoas, suas índole s. Haveria as sim tipos de personalidade mais propensos ao crime. 
Tent ou-se entã o encontrar padrõe s comuns aos criminosos como “fraqueza de espírito” e “degen eraçã o 
moral”. Casos bem esp ecífic os de criminosos (presos em penit enciárias e manic ômios) foram explica -
dos as sim, ainda não resp ondendo à causa mais ampla da criminalidade . Exis tem tant os tipos diferent es 
de crimes, de as sas sina tos violent os e de svios de verbas públicas a disseminaçã o de “fake news” pelas 
rede s, que seria imp os sível a tribuir as m esmas car act erís ticas psic ológicas aos div ersos crimin osos.
Tanto as explicaç õe s biológicas quant o as psic ológicas da criminalidade consider am que o “desvio” é 
um sinal de que há algo errado com o indivíduo, e não com a sociedade . Os Crimes teriam mais a ver 
com o corpo e com a mente de uma pessoa que com suas relaç õe s sociais. Es sas tenta tivas de explicar 
a criminalidade foram durament e criticadaspelos es tudiosos que surgiram dep ois, muitos dele s soció -
logos. Para es tes a criminalidade só pode ser explicada consider ando a amplitude e a complexidade do 
contexto social e cultural onde se dão os crimes e os de svios. Por isso , qualquer tenta tiva de resp os ta 
para “por que as pessoas cometem crimes” deve ser sociológica. Es sa tenta tiva sociológica com cer te-
za começa com compreen der o que exatam ent e significa “crime” e “de svio”. Ser á que esse s conceit os 
sempr e significar am a mesma coisa em todas as ép ocas e lugares? Para ter cer teza de que es tam os 
falando a mesma língua, v amos a alguns c onceit os!
Desvio: de sc onformidade em relaçã o a um de terminado conjunto de normas ac eitas por um número 
significa tivo das pessoas de uma sociedade . Não se pode dividir uma sociedade de forma simplis ta 
entr e pessoas que de sviam e que não de sviam da regr a. A maioria das pessoas, incluindo o aut odeclar a-
do “cidadã o de bem”, em cer tas ocasiõe s, transgridem regr as de comportam ent o rec onhecidas. Geral-
ment e seguim os as normas sociais como resultado do proc esso de socializaçã o, fomos condicionados 
a segui-las.
Sanção: toda norma social es tá ac ompan hada de san çõe s, que sã o as reaç õe s das pessoas aos com-
portam ent os umas das outras. Es sas reaç õe s sinalizam se o comportam ent o do outro resp eita ou não 
as normas sociais. As sanções positivas rec ompensam os comportam ent os que seguem a norma. As 
sanções negativas punem os comportam ent os que fogem à norma. Sançõe s podem ser informais, 
quando as reaç õe s sã o mais esp ontân eas e de sor ganizadas (p. ex.: quando te chamam de cha ta(o), por 
não quer er sair com os amigos). Sançõe s tam bém podem ser formais, quando aplicadas por de termina -
do grupo de pessoas para gar antir que um conjunto esp ecífic o de normas seja seguido . Nas sociedades 
modernas os principais tipos de san çã o formal sã o impos tos pelos tribunais e prisões. Uma lei é uma 
san çã o formal de finida pelo governo como uma regr a que seus cidadã os devem seguir , ela é usada con-
tra pessoas que de scumpr em as n ormas sociais.
230
Crime: de svio e crime não sã o a mesma coisa apesar de muitas veze s ac ontec erem ao mesm o temp o 
na mesma açã o. O conceit o de de svio é muito mais amplo do que o de crime. Crime se refere apenas à 
conduta que contraria a lei formal de finida em uma sociedade em de terminada ép oca e lugar. Muitas 
formas de comportam ent o de sviante não so frem san çõe s legais. Os es tudos sobr e de svios podem ana -
lisar fenômenos tã o diversos quant o as praias de nudism o, a cultur a do funk, o uso religioso da cannabis 
e da a yahuasca.
Duas disciplinas relacionadas es tudam o crime e o de svio. A Criminologia, que es tuda principalm ent e 
os comportam ent os que rec eb em san çõe s da lei criminal, as taxas de criminalidade e as políticas 
públicas que buscam reduzir a criminalidade . E a Sociologia do Desvio, que além dos crimes, busca 
ent ender por que cer tos comportam ent os sã o amplam ent e consider ados de sviantes e como o de svio 
é atribuído a cer tos grupos sociais. Como veremos, as divisõe s de poder e a classe social influen ciam 
bas tant e as r egr as do jogo . Afinal, quais sã o as causas e quem de fine o que é crim e na sociedade ? 
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio e t al. Sociologia em Mo viment o. 1 ed. S ão Paulo: Moderna, 20 13. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. P orto Alegre: P enso , 20 12.
BOMENY, Helena et al. Temp os Modernos, Temp os de Sociologia. 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil/
FGV, 20 10.
SAPORI, Luis F. SOARES, Ary D. S . Por que Cresce a violência no Brasil? 1 ed. Belo Horizonte: Puc Mi-
nas/ Autêntica, 20 14. 
ATIVIDADES
1 – A Guerra de Canudos ac ontec eu entr e 1896 e 1897, num conflito armado que envolveu até o exércit o 
brasileir o contra ser tan ejos liderados por Antônio Consel heiro. Após sua captur a e morte, o crânio do 
líder foi enviado à Faculdade de Medicina da Bahia para es tudos, onde se esp erava encontrar sinais da 
“criminalidade na ta ”.
Disponível em: <https:// pt.wikipedia. org/wiki/Guerra_de_Canudos>. (adaptado) A cesso em: 12 jun , 202 1.
O texto faz referência à um e vent o his tórico brasileir o, ilustrativo da t enta tiva, ain da no século 19, de
a) as sociar car act erís ticas físicas a c omportam ent os violent os ou crimin osos.
b) as sociar de terminadas cr enças a m oviment os p olíticos.
c) prever moviment os sociais c ontrários ao go verno.
d) de sc onsider ar as idéias de C esar e Lom broso .
e) criar o que chamam os h oje de Medicina Legal.
jenergoncalves
Realce
jenergoncalves
Realce
jenergoncalves
Realce
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2 - Texto I
Texto II
Le andro Karnal de talha o que , a seu ver, seriam os valores por trás da expressã o “de bem”. Uma pessoa 
trabal hador a, hones ta, pai/ mãe de família, tement e a Deus, não as sas sino, não drogado e não envolvido 
com maracutaias políticas. “O curioso é isso es tar sempr e as sociado a um valor étic o. Ser pai deriva de 
ser fér til e ter capacidade repr odutiva, não de ser é tic o. Ser tement e a Deus implica uma ade sã o a um 
conjunto de crenças que me marcam e não, exatam ent e, uma pessoa ética. Tanto que os tement es a 
Deus levaram a inquisiçã o adiant e”, lembra o his toriador . [...] Para Es ther Solan o, socióloga e profes -
sor a da Unifesp (Universidade Feder al de São Paulo) “Se esse discur so [“de bem”] tem uma penetraçã o 
tã o grande é porque , his toricam ent e, o Brasil se configur ou nessa dicotomia do cidadã o de bem e o 
bandido, o inimigo. Há uma es trutura muito de sigual, de raça e de clas se , por trás disso ”, [...] o “de bem” 
es tar á ger alment e as sociado a pessoas brancas, de clas se s média e alta. O inimigo, por sua vez, ser á 
negr o e periféric o. [...] o bandido tam bém pode ser o político de de terminado par tido, o es tudant e que 
fuma mac onha”, exemplifica. [...]No confronto entr e bem e mal, continua Solan o, cria-se uma lógica 
de guerr a em que o cidadã o de bem deve ser protegido . E contra o inimigo vale tudo: inclusiv e matá -lo. 
“Isso es tab elec e a lógica de que nem todo mundo é cidadã o. Pode parec er uma ideia positiv a a de haver 
um cidadã o de b em, mas e ssa dic otomia é muit o perigosa par a a dem ocr acia ”, afirma a p esquisador a.
CARPANEZ, Juliana. O que está por trás do termo ‘cidadão de bem’, usado pelos presidenciáveis?, Uol, São Paulo, 20 18. (adaptado) 
Disponível em: https:// cutt.ly /gnSQNLe . Acesso: 12 jun. 202 1.
As críticas à expressã o “cidadã o de bem” present es nos textos I e II podem ser resumidas na seguint e 
afirmaçã o:
a) Es tá muito bem de finido para toda a sociedade que exis tem de fato grupos de sviantes e grupos 
não de sviantes. P or isso , aos de sviantes, de ve ser aplicada a “lei e a or dem” e o e xtermínio.
b) A expressã o é arbitr ária e pode criar visõe s prec onceituosas que legitimam atos de violência 
contra minorias sociais e as criminalizam por suas car act erís ticas cultur ais, raciais, ec onômicas 
e políticas.
c) A Democr acia só poder á ser de fato instaur ada quando toda a sociedade pensar e agir de 
uma única forma, seguin do e resp eitan do os valores tradicionais do trabal ho, da família e do 
cris tianism o.
d) É muito important e que o cidadã o de bem seja protegido dos bandidos. Por isso , a liberaçã o do 
porte de armas é ur gent e par a a gar antia do Es tado de Dir eit o no Brasil.
e) Só é cidadã o no Brasil aquele ou aquela que ac eita, sem que s tionar , as condiçõe s de vida e as 
leis, m esm o que e ssas nã o encontrem seus int eresse s e nã o melhorem suas c ondiçõe s de vida.
jenergoncalves
Realce
232
SEMANA 5
EIXO TEMÁTICO: 
A Abordagem Sociológica de Que s tõe s Sociais n o Brasil Contemp orâneo .
TEMA/TÓPICO:
Delinquência e Criminalidade . 
HABILIDADE(S): 
Diferenciar entr e e xplicaç õe s sociológicas e as de senso c omum sobr e as taxas de criminalidade .
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Senso comum, jus tiça, Durkheim, Marx, Capitalismo, Es tado , Mídia, Neoliberalism o, Criminalizaçã o 
da Pobreza.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
Filoso fia, His tória, Geogr afia, P ortuguê s (Redaçã o).
TEMA: As causas da criminalidade
O que leva alguém a matar, roubar , es tuprar, corromper ou ser corrompido? Por que algumas pessoas 
rompem com padrõe s morais e legais de comportam ent o e outras não? Os deba tes em torno de ssas 
perguntas não ger am consenso e polarizam as pessoas, ora consider ando o criminoso como vítima de 
uma sociedade p er versa e injus ta, or a c omo pessoa doent e que de ve ser e xcluída do c onvívio social.
Es se deba te é muito important e pois dep endendo de como o crime é compreen dido pelas pessoas um 
ou outro tipo de proc edim ent os de controle do crime sã o ado tados. As san çõe s formais e informais que 
prevalec em numa sociedade es tã o intimament e relacionadas com o senso comum das pessoas sobr e 
as causas da criminalidade . Se “bandido bom é bandido morto”, como a sociedade compreen de e lida 
com a que s tã o da criminalidade ? O abuso de poder policial e a “justiça com as próprias mãos” se jus ti-
ficam? O que f azem os par a reduzir a criminalidade dep ende de c omo conceb emos as causas do crim e.
As propos tas mais comuns no Brasil oscilam entr e a visã o da justiça punitivista, que de fende maior 
rigor da lei e na puniçã o do criminoso , e a visã o da justiça restaurativa, que enf atiza a nec essidade de 
medidas sociais e preventiv as para evitar que a exclusã o social leva as pessoas a esc olherem o crime a 
salários. As teorias e as pesquisas realizadas sobr e as causas dos crimes não chegar am a conclusõe s 
de finitivas. Não há cer tezas entr e os es tudiosos do tema. As controvérsias sã o grande s. A polêmica e a 
divergên cia imp eram no deba te.
É simplis ta acr editar que o criminoso é uma “pobre” vítima da sociedade , como tam bém não é correto 
afirmar que o criminoso faz esc olhas voluntárias sem qualquer influên cia do seu meio social. A cri-
minalidade é um problema comple xo e, ger alment e, problemas comple xos exigem explicaç õe s com-
plexas. Um consenso é cer to, a criminalidade resulta da interaçã o comple xa entr e vários fatores de 
ordem: a) individual: car act erís ticas psíquicas, personalidade e traje tória de vida de uma pessoa; b) 
interpessoal: as relaç õe s pessoais que a pessoa es tab elec e no seu cotidiano, capaze s de influen ciar 
seu comportam ent o; c) institucional: as leis penais e as organizaç õe s do Es tado resp onsá veis pela 
segur ança pública - polícia, jus tiça, prisã o e d) estrutural: nível mais amplo do fenômeno que inclui o 
valores cultur ais e a condiçã o socioec onômica da sociedade - a dis tribuiçã o da renda, a es tratificaçã o 
social, entr e outr os.
233
As teorias das ciên cias sociais sobr e o crime disc ordam no peso que dão a cada um de sse s fatores para 
explicar as causas da criminalidade . A seguir vamos conhec er, de forma bem resumida, três explica -
çõe s sociológicas sobr e as causas da criminalidade . Não se preocup e em memorizar os nomes, apenas 
as ideias ger ais!
Teoria Funcionalista: o conceit o de anomia, introduzido por Durkheim, suger e que nas sociedade s mo-
dernas exis te uma tensã o entr e os valores tradicionais como a família, e religiã o e os novos valores 
como ambiçã o de “se dar bem na vida”. Com isso os valores tradicionais sã o enfr aquecidos. A anomia 
surge quando, nessa transiçã o entr e velhos e novos valores, há uma indefinição sobre quais normas 
seguir. Isso faz com que as pessoas se sintam frus tradas, de sorientadas e ansiosas, o que pode inclu-
sive levar ao suicídio . O Sociólogo es tadunidense Rober t Merton usa o conceit o de anomia para expli-
car sobr etudo os crimes contra o patrimônio como roubos e furtos de obje tos, residên cias e carr os. 
Em sociedades industriais, como a nos sa, o sucesso econômico, a aquisiçã o de bens materiais e o 
consumism o sã o hiper es timulados. Ao mesm o temp o, não exis tem oportunidade s iguais para todos 
alcan çar em e sse suc esso .
Com isso , o crime contra o patrimônio ac ontec e quando a sociedade dá mais importân cia ao suc esso 
material e ao mesm o temp o dificulta o ac esso a ele , ger ando uma situaçã o de anomia moral. A obri-
gaçã o de ter que “subir na vida” e os obs tá culos concretos que se colocam para impedi-la pressiona 
as pessoas a progredir por qualquer meio legal ou ilegal. Assim, muitas veze s o que leva as pessoas a 
roubar em e furtar em não é a sobr evivência mas o próprio valor de “subir na vida”, cus te o que cus tar. 
Mas é preciso ter cuidado com a ideia de que as clas se s mais pobres sã o mais propensas ao crime por 
terem menos oportunidade s. A maioria das pessoas tende a adaptar seus son hos de suc esso à sua rea-
lidade , e som ent e uma minoria se volta para o crime. Em adiçã o, como veremos na semana que vem, a 
criminalidade tam bém envolve as clas se s mais altas com os crimes de “colarinho branco” de políticos 
e gr ande s empr esários.
Teoria dos Rótulos: outro sociólogo es tadunidense , Howard Beck er, tenta dem ons trar em seus es tu-
dos quem de fine o que sã o os comportam ent os de sviantes e por que cer tos grupos, e não outros, sã o 
rotulados. As pessoas que repr esentam a força da lei e da ordem e que têm o poder de de finir a mora-
lidade sã o as resp onsá veis pela maior par te da rotulaçã o do comportam ent o de sviante. Empresários, 
advogados, juízes, políticos, médic os, policiais, padres, pas tores sã o exemplos de grupos sociais que 
têm o poder de impor suas visõe s de mundo por meio de regr as e leis sobr e toda a sociedade . Como 
os rótulos sã o de finidos por grupos que es tã o acima na hierarquia social, as regr as que de finem o que 
é um de svio sã o formuladas, em sociedade s como a nos sa, pelos ricos para os pobres, pelos homens 
para as mulheres, pelos mais velhos para os jovens, pelos heteros se xuais para a comunidade LGBTQIA+ 
e pelos br ancos par a os nã o-brancos. 
Assim, os rótulos expressam a estrutura de poder da sociedade . Quem de fine quem . As pessoas que 
não compar tilham de sse s valores impos tos acabam ado tan do comportam ent os consider ados de svian-
tes, sen do rotuladas e tratadas como antis sociais pelas agências de controle, em esp ecial a polícia, a 
justiça e as instituições correcionais. A rotulaçã o não afeta apenas a maneira como os outros enxer-
gam um “de sviante” mas tam bém influen cia o seu senso de identidade. A experiên cia de ser rotulado 
como “marginal”, “criminoso ” ou “ex-presidiário ” por essas agên cias e grupos de fine a traje tória de vida 
de muitas pessoas, crian do situaç õe s como os “enquadr os” policiais, a discriminaçã o, as de tençõe s, o 
de sempr ego que favorec e seu (re)ingresso na “vida do crime” e até mesm o a morte pela mão dos agen -
tes de segur ança do Es tado . Es sa teoria expõe o poder que as agên cias de controle social têm de taxar 
cer tas pessoas e grupos como sen do “naturalment e” criminosos. Ela revela as relaç õe s de poder envol-
vidas na r otulaçã o do crime.
Teoria da Criminologia Crítica. Es sa teoria as sum e aber tam ent e que exis te uma relaçã o direta entr e 
pobreza e criminalidade . Influenciada por Karl Marx, nela o crime é fruto do conflito entre as classes 
sociais. No capitalism o a classe burguesa explora a classe trabalhadora. O de sempr ego e a pobreza sã o 
condiçõe s impos tas pelo sis tema a grande par te da clas se trabal hador a. Es sa situaçã o ger a um exér-
cito industrial de reserva que é um grupo de trabal hador es disp os tos a ac eitar as piores condiçõe s de 
trabal ho pela sobr evivência. Sob essas condiçõe s o crime seria entã o uma reaçã o racional e emocional 
234
da clas se dominada pela intensa opressã o de clas se . Mais do que uma es tratégia de sobr evivência, o 
comportam ent o de sviante poderia ser compreen dido como uma resposta política às de sigualdade s do 
sis tema capitalis ta. Ao dominar a sociedade a burgue sia de fine as leis e controla o aparatorepressivo 
do Estado - polícia, jus tiça e prisã o - que sã o criados para atender aos seus interesse s par ticular es e 
mant er seus privilégios. Na medida em que aumentam as de sigualdade s entr e a burgue sia e os traba -
lhador es, a lei se torna um important e instrument o para a conser vaçã o de ssa ordem contra as revoltas 
das “clas se s perigosas”. 
O sociólogo francês Loïc Wacquant, tem denunciado o que vem chaman do de “criminalização da po-
breza” nas sociedade s capitalis tas. Ele afirma que , com o avanço da ideologia Neoliberal, a criminaliza -
çã o da clas se trabal hador a têm aumentado . O “Estado Mínimo”, de fendido por essa ideologia burgue sa, 
de sobriga o Es tado de atender aos interesse s sociais da clas se trabal hador a reduzin do, por exemplo , 
seus direit os trabal his tas como o salário , a es tabilidade no empr ego e a aposentadoria. Ao mesm o tem-
po é criado um “Estado Máximo” policial e penit enciário que reprim e e criminaliza as manifes taç õe s de 
insa tis façã o da clas se trabal hador a. A política de criminalizaçã o da pobreza vem sempr e ac ompan hada 
de um pânico moral, que é um medo das clas se s baixas vis tas como criminosas pelas clas se s médias 
e altas. Es se pânic o moral é incentiv ado pelo Estado e pela Mídia como um meio de de sviar a atençã o 
do de sempr ego cresc ent e, do declínio salarial e de outras de sigualdade s profundas na sociedade que 
es tã o entr e as prin cipais causas da criminalidade . 
PARA SABER MAIS
Vídeo: Es te vídeo cur tinho do canal Meteór o apresenta criticam ent e o pap el do Populismo Penal 
Midiático no Brasil. Afinal, pra que ser ve e a quem interessa apresentar a criminalidade de forma 
esp etacularizada na TV? Disponível no Youtub e: <https:// www.youtub e.com/watch?v=aIAY2fkN-
FIo>. Acesso em: 13 jun . 202 1.
Documentário: Juízo, Brasil, 2008, Documentário, 1h 30m. Direçã o: Maria Ramos. O Documentário 
mos tra o julgament o de adole sc ent es que cometeram infraç õe s e propõe refle xõe s relacionadas a 
dificuldade s atuais que impedem o cumprim ent o do Es ta tuto da Criança e do Adole sc ent e. Juízo 
chama a atençã o aos perigos de um judiciário de spr epar ado que ignora os comple xos contextos 
reais vividos pela populaçã o brasileir a. Expõe as consequên cias de uma sociedade que rec omen-
da “juízo” a seus filhos, mas não o pratica. Voc ê consegue relacionar as cenas do docum entário 
com as teorias sobr e o crime apresentadas nes ta semana? Disponível no Youtub e: <https:// www.
youtub e.com/watch?v=YZpJBoKaHvQ>. Acesso em: 13 jun . 202 1.
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio e t al. Sociologia em Mo viment o. 1 ed. S ão Paulo: Moderna, 20 13. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. P orto Alegre: P enso , 20 12.
BOMENY, Helena et al. Temp os Modernos, Temp os de Sociologia. 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil/
FGV, 20 10.
SAPORI, Luis F. SOARES, Ary D. S . Por que Cresce a violência no Brasil? 1 ed. Belo Horizonte: Puc Mi-
nas/ Autêntica, 20 14.
 
235
ATIVIDADES
1 – Obser ve a char ge do car tunis ta Carlos La tuff , abaix o.
A crítica social present e na char ge acima refle te o padrão rec orrent e da morte de pessoas da clas se 
popular em operaç õe s policiais nas favelas do país. Casos rec ent es incluem a Chacina do Jacar ezinho e 
a morte da de sign er de interiores Kathlen Romeu (24), ambos do Rio de Jan eiro. Analisan do a crítica ao 
combate à criminalidade n o Brasil apr esentada na char ge , podem os c onsider ar que ela 
a) dem ons tra uma açã o imparcial dos agent es públic os de c ombate ao crim e organizado n o país.
b) apresenta uma a titude c onsonant e c om o de sejo da sociedade br asileir a nos dias de h oje .
c) retrata uma c ompreensã o diferent e da violên cia, dep endendo do olhar de quem a analisa.
d) revela uma açã o do Es tado br asileir o consonant e c om os prin cípios da cidadania plena.
e) revela o alt o grau de p ericulosidade das clas se s populares par a as clas se s média e alta.
jenergoncalves
Realce
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2 – Analise o gr áfic o abaix o:
De ac ordo c om as inf ormaç õe s acima, p odem os a firmar que:
a) mulheres morrem muit o mais p or homicídio do que os h omens.
b) jovens de 15 a 19 an os f ormam o grup o e tário c om o maior percentual de óbit os p or homicídio .
c) jovens de 25 a 29 an os f ormam o grup o e tário c om o menor percentual de óbit os p or homicídio .
d) homens mais velhos têm maiore s chan ce s de morrer vítimas de homicídio em relaçã o aos
mais jo vens.
e) as mulheres pos suem um percentual muito próximo da média brasileir a, principalm ent e entr e 15
a 29 an os.
3 - (Enem-2012) 
Texto I
O que vemos no país é uma esp écie de espr aiam ent o e a manifes taçã o da agr essividade através da 
violência. Isso se de sdobr a de maneira evident e na criminalidade , que es tá present e em todos os redu-
tos — seja nas áreas aban donadas pelo poder públic o, seja na política ou no futeb ol. O brasileir o não é 
mais violent o do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do rec onhecim ent o da cidadania e a 
ausên cia do Es tado em vários territ órios do país se impõem como um caldo de cultur a no qual a agr es-
sividade e a violên cia fin cam suas r aíze s.
Entrevis ta c om Joel Birman . A Corrupçã o é um crim e sem r os to. IstoÉ. Ediçã o 2099, 3 f ev. 20 10.
Texto II
Nenhuma sociedade pode sobr eviver sem canalizar as pulsõe s e emoç õe s do indivíduo, sem um contro-
le muito esp ecífic o de seu comportam ent o. Nenhum controle de sse tipo é pos sível sem que as pessoas 
antep onham limitaç õe s umas às outras, e todas as limitaç õe s sã o conver tidas, na pessoa a quem sã o 
impos tas, em m edo de um ou outr o tipo. 
ELIAS, N. O Proc esso Civilizador . Rio de Jan eiro: Jor ge Zahar , 1993.
jenergoncalves
Realce
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Consider ando-se a dinâmica do proc esso civilizador , tal como de scrit o no Texto II, o argument o do Tex-
to I acerca da violên cia e agr essividade na sociedade br asileir a e xpressa a:
a) incompa tibilidade entr e os modos dem ocr átic os de convívio social e a presen ça de apar atos de 
controle p olicial.
b) manut ençã o de práticas repr essivas herdadas dos períodos dita toriais sob a forma de leis e atos 
adminis trativos.
c) inabilidade das forças militares em conter a violência dec orrent e das ondas migratórias nas 
grande s cidade s br asileir as.
d) dificuldade his tórica da sociedade brasileir a em institucionalizar formas de controle social com-
patíveis c om valores dem ocr átic os.
e) incapacidade das instituiç õe s político-legisla tivas em formular mecanism os de controle social 
esp ecífic os à r ealidade social br asileir a.
jenergoncalves
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SEMANA 6
EIXO TEMÁTICO: 
A Abordagem Sociológica de Que s tõe s Sociais n o Brasil Contemp orâneo .
TEMA/TÓPICO: 
Delinquência e Criminalidade . 
HABILIDADE(S): 
Diferenciar entr e e xplicaç õe s sociológicas e as de senso c omum sobr e as taxas de criminalidade .
CONTEÚDOS RELACIONADOS: 
Meios de comunicaçã o de mas sa, senso comum, clas se social, consum o, masculinidade , crime 
organizado , milícia, tr áfic o de drogas, “crime de c olarinho branco”, corporaç õe s.
INTERDISCIPLINARIDADE: 
História, Geogr afia, Filoso fia, P ortuguê s (Redaçã o).
TEMA: Alguns asp ect os da criminalidade n o Brasil
Como vimos na semana anterior, a explicaçã o sobr e as causas da criminalidade não é simple s. Vamos 
agor a conhec er diferent es formas da manifes taçã o da criminalidade na sociedade brasileira. No iní-
cio dos anos 1980, a comunidade Cidade de Deus, na zona oe s te do Rio de Jan eiro, tinha se tornado co-
nhecida como uma das mais violentas do país. Os meios de comunicação, em sua maioria, re feriam -se 
à populaçã o do local como “perigosa ”, “bandida” e “sem escrúpulos”. Interessada em compreen der as 
causas da violência urbana, a antropóloga brasileir a Alba Zaluar, iniciou seus es tudos e pesquisas 
sobr e a c omunidade .
Em seu livro, A máquina e a revolta (1985), ela tenta de sna turalizar a ideia do sensocomum de que pobre-
za e violência es tã o diretam ent e relacionadas. Es sa relaçã o direta pos sui a seguint e lógica: as pessoas 
sã o violentas porque sã o pobres, sã o pobres porque não têm ac esso à educaçã o, não tendo educaçã o, 
não sab em votar nem exigir seus direit os. Nesse círculo vicioso , a criminalidade apar ec e como uma 
consequên cia aut omática da pobreza. Se fos se as sim todos os pobres seriam criminosos, e todos os 
criminosos seriam pobres. Isso es tá longe de ser verdade , como comprova a exis tência dos “crimes de 
colarinho branco” cometidos p or “cidadãos de bem” das clas se s médias e altas.
A grande maioria dos moradores de lugares violent os e segr egados - dem ons tram as pesquisas - sã o 
trabal hador es hones tos que repudiam a criminalidade e cujas as aspir aç õe s sã o bas tant e sem elhantes 
às da clas se média: ter uma casa confortá vel, oferec er uma boa educaçã o aos filhos, ver a família pro-
gredir por meio do tr abal ho hones to. Se a e xplicaçã o da violên cia nã o es tá na p obreza, on de e s tá?
Há sociedade s muito pobres, como a indiana, em que os índices de criminalidade sã o baixís simos, se 
compar ados com paíse s ricos como os Es tados Unidos. A desigualdade e não a pobreza, tende a re-
sultar em violência no contexto da sociedade de consumo. No Brasil, o ac esso ao consum o aument ou 
significa tivament e nas últimas décadas, mas es tá longe de incluir a todos. E mais: os pobres seguem 
tendo seus direit os civis (rela tivos às liberdade s de pos suir bens, ir e vir, não ser presos injustam ent e e 
não ser as sas sinado) muitas veze s de sresp eitados. Como vimos, seu ac esso aos equipam ent os urba-
nos e ser viços públic os de lazer , saúde e educaçã o, por exemplo , tam bém é menor se compar ado ao 
das clas se s médias e altas. D aí muita gent e dizer que , no Brasil, alguns sã o mais cidadã os que outr os. 
239
Alba Zaluar suger e que muitos jovens pobres optam por fazer par te de redes criminosas, porque elas 
podem lhe oferec er prestígio e poder. Um poder que se baseia sobr etudo numa cultura da masculini-
dade, uma maneira de ser que opera de ac ordo com a lógica da guerra, um ideal que busca rec onheci -
ment o por meio da imposição do medo. Es sa rede aspir a a um es tilo de vida em que gan ham de s taque 
bens de consumo cujo ac esso dificilm ent e poderia ser alcan çado por esse s jovens e seus familiares 
por meio do trabal ho. Assim como os jovens das camadas médias e das elit es, jovens pobres de sejam 
consumir o tênis de marca, a calça da moda, o celular mais modern o, ou seja, bens as sociados a alto 
pres tígio e s ta tus, que sã o veiculados diariam ent e pelos meios de comunicação de massa.
Mas como cons ta tam os cada vez mais, junto com o pres tígio e o poder gar antidos pelos lucros do trá-
fico de drogas vem a morte precoce e violenta. Alba Zaluar nos lembra, ainda, que a chan ce de morrer 
prec oc ement e não é exclusiv a dos jovens que ader em ao crime organizado: todos que moram em zonas 
dominadas pela lógica da guerr a, do tráfic o, es tã o igualment e expos tos à chan ce de morrer de forma 
violenta e arbitr ária. As pesquisas mos tram que nas regiões metropolitanas a maioria das mortes vio-
lentas vitimam rapaze s: jovens, negros e pardos. O fato de a maioria de presos ser em jovens, pobres, 
negr os e de socupados tam bém se deve à exitenscia de um “roteiro típico” seguido pela polícia, que as -
socia de ant emã o pobreza e juv entude , preta e par da, à criminalidade . Lem bra da Teoria dos Rótulos?
A emergên cia das milícias é outro asp ect o marcant e da criminalidade no Brasil, sobr etudo no Rio de 
Jan eiro. Milícias sã o organizações paramilitares, ou seja, que não fazem parte oficialm ent e das forças 
armadas nacionais. São grupos de cidadã os armados que atuam ilegalm ent e e de forma organizada. 
Elas atuam em favelas e comunidade s do Rio de Jan eiro sob o pretexto de combate ao tráfic o. Nelas 
policiais e ex-policiais organizam -se em grupos armados e cobram uma taxa da populaçã o em troca de 
“proteçã o”. De maneira ger al, após a expulsã o violenta dos traficant es, esse s grupos se instalam na área 
dominada, pas san do a cobrar dos moradores pela manut ençã o da “ordem” (segun do suas regr as) e pelo 
fornecim ent o de ser viços como a “TV a ga to”, gás, água e até mesm o aluguel de moradias e comércios. 
Algumas análise s apontam que as Milícias, apesar de ilegais, sã o o próprio Es tado , já que sã o compos -
tas por agent es da lei e têm repr esentant es e aliados entr e políticos e juízes. Es sa situaçã o deixa os 
moradores das comunidade s altam ent e vulneráveis aos abusos de poder da milícia. Se elas sã o par te 
da polícia, a quem os m oradores podem r ec orrer em sua de fesa? 
As pessoas ricas e poder osas tam bém cometem crimes cujas consequên cias podem ser muito mais 
abrangent es e prejudiciais do que os crimes cometidos pelas clas se s populares. O termo “crime de 
colarinho branco” faz referência às golas das camisas sociais brancas ger alment e utilizadas por em-
presários e políticos. Es se tipo de crime envolve por exemplo a sonegação de impostos (quando não se 
pagam os impos tos), a evasão de divisas (quando o dinheiro dos impos tos é mandado para contas no 
exterior), o enriquecimento ilícito (quando o dinheiro públic o é apropriado por pessoas par ticular es). A 
amplitude dos crimes de colarinho branco é mais difícil de ser avaliada, pois não apar ec e nas es ta tís ti-
cas oficiais. Os cus tos de sse s tipos de crime sã o enormes para a sociedade . O dinheiro dos impos tos 
de sviado , por exemplo , poderia equipar bairros periféric os ou melhorar as condiçõe s da saúde e edu -
caçã o públicas.
Há ainda o crime cometido por grandes corporações internacionais que sã o as grande s empr esas e 
marcas mundiais. O poder de influên cia cada vez maior das grande s corporaç õe s, bem como seu al-
can ce global, significa que nos sas vidas sã o influen ciadas diretam ent e por elas. São elas que mineram 
nos sas serr as à procur a de ferro e ouro e que produzem nos sos carr os, tele fones celular es e as marcas 
famosas de refriger antes e remédios que consumim os. O crime não pode ser ent endido apenas como 
cometido por uma pessoa contra outra, as corporaç õe s tam bém podem cometer atos criminosos que 
afetam t oda uma sociedade .
Em sociedades capitalistas onde as empr esas competem selv agem ent e entr e si, elas pos suem um for-
te potencial criminoso . Ou seja, elas consider am agir ou se omitir criminosam ent e na busca por “se dar 
bem” em relaçã o a corporaç õe s concorrent es. Dessa forma, pas sam a consider ar os danos que podem 
causar a toda uma sociedade como um simple s cálculo de risco financeiro. Se os danos, indep enden-
tement e de quais forem, forem menores que os lucros, não há problemas para essas empr esas. Desas-
tres ambientais, como os rec ent es rompiment os de barragens de rejeit os da mineraçã o, oc orridos em 
240
Mariana e Brumadinho, sã o um bom exemplo de s te modo irresp onsá vel de agir e se omitir das grande s 
corporaç õe s. Aos danos ambientais podem ser somados às condiçõe s precárias e perigosas de traba -
lho para seus empr egados, a burlagem e manipulaçã o das leis do Es tado , a son egaçã o de impos tos e a 
omis sã o de informaç õe s sobr e a presen ça de subs tân cias nociv as à saúde humana em seus produtos 
(como é o caso dos agrotóxicos e transgênicos). 
É mais difícil perceb er esse tipo de crime pois em crimes banais, como um as salt o, a proximidade físi -
ca entr e as pessoas é maior. No caso do crime corporativo as dis tân cias no temp o e no espaç o entr e 
as pessoas que fazem as decisõe s criminosas e as vítimas é maior. Muitas veze s as vítimas de crimes 
corporativos têm dificuldade s de ent ender que foram vitimizadas ou podem não sab er como buscar 
repar açã o para o crime. Também é mais difícil sab er quem culpar quando as decisõe s prejudiciais sã o 
tomadas por grupos de executiv os e acionistas do que por indivíduos isolados. Por isso , a violência dos 
crimes corporativos é menos visível, mas têm ger alment e impact os mais graves sobr e toda uma popu-
laçã o ou até mesm o sobr e o Plan eta Terra.
PARA SABER MAIS
Video Clipe: Soldado do Morro, Brasil, Video Clipe, 10 minutos, 1999. MV BILL. “Soldado do Morro” 
do álbum “Trafican do Informaçã o” de MV Bill fala de jovens na vida criminosa e do de sa fio do Brasil 
em criar alterna tivas para a juventude periférica. Atent e para a letra de sse Rap. Voc ê consegue 
perceb er nela uma explicaçã o sociológica para a criminalidade periférica no Brasil? Disponível no 
Youtub e: <https:// www.youtub e.com/watch?v=5dN3BdlYnTM>. Acesso em: 12 jun . 202 1.
Vídeo Clipe: Boca de Lobo, Brasil, 2018, Videoclipe, 5 minutos. Criolo. Com efeit os esp eciais e 
linguagem meta fórica Criolo expõe as contradiç õe s sociais do Brasil contemp orâneo . O vídeo faz 
várias referências às de sigualdade s e injustiças vividas pela populaçã o brasileir a. Voc ê conse -
gue relacionar os animais gigant es que de s troem a cidade e as pessoas aos “crimes de colarinho 
branco” das clas se s políticas, dos grande s grupos empr esariais e das corporaç õe s multinacio -
nais ? Disponível no Youtub e: 
<https:// www.youtub e.com/watch?v=jgekT -PEb6c>. A cesso em: 12 jun . 202 1.
241
REFERÊNCIAS
SILVA, Afrânio e t al. Sociologia em Mo viment o. 1 ed. S ão Paulo: Moderna, 20 13. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. P orto Alegre: P enso , 20 12.
BOMENY, Helena et al. Temp os Modernos, Temp os de Sociologia. 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil/
FGV, 20 10.
SAPORI, Luis F. SOARES, Ary D. S . Por que Cresce a violência no Brasil? 1 ed. Belo Horizonte: Puc Mi-
nas/ Autêntica, 20 14. 
ATIVIDADES
1 – Embora o Brasil não viva uma situaçã o de guerr a civil ou de atentados terroris tas, a violência tem sido 
um dos temas mais frequent es no noticiário nacional, uma preocupaçã o política e um torment o para o 
brasileir o comum, indep endent ement e de sua clas se social, de seu nível de instruçã o, de sua religiã o 
ou de sua inclinaçã o política. Vive-se atualm ent e um clima de medo e insegur ança gen eralizado . Es sa 
sensaçã o é confirmada pelas es ta tís ticas que revelam o aument o cresc ent e da criminalidade e, ao lado 
dela, da m ortalidade p or violência em n os so país, sen do o jovem a vítima pr eferencial.
BRYM, Rober t [e t al.] Sociologia: sua bús sola par a um novo mundo. S ão Paulo: Th omson Le arning, 2006. (A daptado)
Assinale a alt erna tiva que apr esenta as causas e s truturais da violên cia nas ár eas urbanas.
a) A violência urbana é fruto do consum o de drogas que conduz os usuários à formaçã o de gue tos 
e à fuga do m ercado de tr abal ho.
b) A ausên cia de uma política de as sis tência social que ampar e os pobres para que se mant enham 
dis tant es do crim e organizado .
c) A falta de inves timent o públic o no sis tema prisional, que pela falta de vagas, antecipa a liberdade 
condicional aos c ondenados.
d) A exclusã o social, provocada pelo de sempr ego es trutural e pela ausên cia de persp ectiv as, for-
nec e a base social par a a criminalidade urbana.
e) A violência urbana no Brasil se encontra res trita às gangue s juvenis que atuam nas áreas urba-
nas p ela ausên cia de p olíticas públicas v oltadas par a a orientaçã o social da juv entude .
2 – (UEL) O de sen volviment o da civilizaçã o e de seus modos de produçã o fez aumentar o poder 
bélic o entr e os homens, gen eralizan do no planeta a atitude de perman ent e violência. No mundo 
contemp orâneo , a formaçã o dos Es tados nacionais fez dos exércit os instituiç õe s de de fesa de fronteiras 
um fator es tratégic o de perman ent e disputa entr e naç õe s. Nos armam ent os militares se concentr a o 
grande potencial de de s truiçã o da humanidade . Cada Es tado , em nome da aut ode fesa e dos interesse s 
do cidadã o comum, de sen volve mecanism os de controle cada vez mais potent es e os tensiv os. O uso 
da força pelo Es tado trans forma-se em recur so cotidianam ent e utilizado no combate à violência e à 
criminalidade .
Adaptado de: COS TA, C. Sociologia: intr oduçã o à ciên cia da sociedade . S ão Paulo: Moderna, 1997 . p.283-285.)
jenergoncalves
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Sobr e violên cia e criminalidade n o Brasil, as sinale a alt erna tiva c orreta.
a) As políticas repr essivas contra o crime organizado sã o suficient es para erradicar a violência e a 
insegur ança nas cidade s.
b) As altas taxas de violência e de homicídios contra jovens em situaçã o de pobreza têm sido rever-
tidas c om a e ficá cia do sis tema prisional.
c) As de sigualdade s e as simetrias nas relaç õe s sociais, a discriminaçã o e o racism o sã o fatores 
que ac entuam a violên cia n o Brasil.
d) A violência urbana contemp orânea é resultado dos choque s entr e diferent es civilizaç õe s que se 
manifes tam nas m etrópoles br asileir as.
e) O rigor punitivo das agên cias oficiais no combate à criminalidade impede o surgiment o de jus ti-
ceiros e milícias.
3 – (Uel-2011) Observe a char ge .
A charge r emete a uma de terminada p ercep çã o exis tent e hoje entr e e s tratos da p opulaçã o brasileir a a 
resp eit o da que s tã o da segur ança pública. C om base na char ge , é c orreto afirmar:
a) As crian ças sã o as principais resp onsá veis pela visã o nega tiva que , socialm ent e, se cons truiu 
dos ór gã os de segur ança pública.
b) A vantagem da polícia em relaçã o ao ladrão é que a primeira usa arma de fogo enquant o o segun -
do e s tá res trito às armas br ancas.
c) Situaç õe s de exceçã o tendem a produzir, em parte da populaçã o, de scr édit o em relaçã o às ins-
tituiç õe s de pr oteçã o da cidadania.
d) A melhor maneira de se proteger é não sair à rua, pois pode haver conflitos entr e policiais e la-
drõe s, f azen do vítimas in oc ent es.
e) As diferenças entr e policiais e ladrõe s seriam clar as na consciên cia dos indivíduos se as mães 
educar em melhor seus fil hos a nã o cometer equív oc os.
jenergoncalves
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