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Migrações – Exercícios (Ufjf-pism 3 2016) Com aproximadamente 60 milhões de pessoas forçadas a se deslocar no mundo e as travessias em embarcações precárias pelo Mediterrâneo nas manchetes dos jornais, está cada vez mais comum ver os termos ‘refugiado’ e ‘migrante’ confundidos, tanto nos discursos da mídia, quanto do público em geral. Mas existe alguma diferença entre eles? E essa diferença é importante? Sim, existe uma diferença e sim, é importante. Os dois termos têm significados diferentes e confundir os mesmos acarreta problemas para ambas as populações. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/refugiado-ou-migrante-oacnur- incentiva-a-usar-o-termo-correto/>. Acesso em: 23 out. 2015. a) Diferencie refugiado de migrante. b) Que aspecto do deslocamento mundial de refugiados e migrantes está representado nessa imagem? 1. Migrações - governo de Bolsonaro abandona pacto mundial das migrações da ONU O presidente Jair Bolsonaro tomou posse no dia 1 de Janeiro. Uma de suas primeiras ações em política externa foi comunicar às Nações Unidas (ONU) a saída do Brasil do Pacto Global para a Migração, acordo que o país tinha aderido em dezembro, no final do mandato de Michel Temer. Através da rede social Twitter, Jair Bolsonaro comentou a decisão: "Não é qualquer um que entra em nossa casa, nem será qualquer um que entrará no Brasil via pacto adotado por terceiros". Segundo o líder do Executivo, a imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a soberania de cada país. Ele ainda alertou que "quem por ventura vier para cá deverá estar sujeito às nossas leis, regras e costumes, bem como deverá cantar nosso hino e respeitar nossa cultura". Em dezembro, o agora ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já havia antecipado em suas redes sociais que o novo governo se dissociaria do Pacto, avaliado por ele como "um instrumento inadequado para lidar com o problema". Segundo Araújo, o Brasil deve definir os critérios para o ingresso de imigrantes no país e "vai buscar um marco regulatório na área". Já Aloysio Nunes Ferreira, ex-ministro das Relações Exteriores, que defendeu o país durante as negociações, criticou Araújo e defendeu o Pacto, considerando a imigração uma questão global e compatível com a realidade brasileira. Para ele, o acordo procura "servir de referência para o ordenamento dos fluxos migratórios, sem a menor interferência com a definição soberana por cada país de sua política migratória". Apesar da saída do acordo, Bolsonaro afirmou que não vai recusar a entrada de venezuelanos no país. O Brasil enfrenta atualmente uma pressão migratória com a entrada diária de centenas de venezuelanos pela fronteira em Roraima, que fogem da crise política e econômica do país vizinho. O que é o pacto? O Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular é o primeiro acordo global da Organização das Nações Unidas para lidar com a migração internacional. Ele é uma espécie de compromisso feito por Estados-membros para fortalecer e aperfeiçoar mecanismos e políticas públicas para proteger e regular pessoas em movimento. A ideia é equilibrar as relações entre países e migrantes. Na prática, o documento serve como uma espécie de guia geral com recomendações sobre o tema e abre portas para aumentar a cooperação internacional na área, visando tornar a migração mais segura e digna para todos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreve o Pacto como um "mapa para prevenir sofrimento e caos". Para ele, o documento reconhece que todo indivíduo tem direito à segurança, dignidade e proteção. Ele afirma que o documento pede maior solidariedade com migrantes em situações de vulnerabilidade e abusos terríveis. Dessa forma, o migrante estaria mais protegido de situações como o trabalho escravo, o tráfico internacional de pessoas e a violação de direitos humanos. O texto detalha 23 medidas concretas, entre elas coletar dados, proporcionar documentos de identidade aos migrantes que carecem de documentos, acordar um tratamento particular a mulheres e crianças, administrar as fronteiras de modo coordenado com os vizinhos, deter migrantes irregulares apenas como último recurso, outorgar aos migrantes o acesso aos serviços sociais e impedir qualquer discriminação (de cunho étnico, político, religioso, entre outros). Os países-membros da ONU realizaram a assinatura do Pacto em dezembro, durante uma cúpula no Marrocos. Dos 193 países que compõem as Nações Unidas, 164 assinaram o documento, incluindo o Brasil, que se retirou em janeiro deste ano. O Pacto é o resultado de 18 meses de discussões e consultas entre os Estados-membros e outros atores, incluindo autoridades nacionais e locais, sociedade civil, setores privados e públicos e migrantes. O texto foi inspirado na Declaração de Nova Iorque para Refugiados e Migrantes, adotada por unanimidade pela Assembleia Geral da ONU em setembro de 2016. A desistência de países-chave Países como os Estados Unidos, Hungria, Austrália, Itália e Israel não apoiam o Pacto Global para a Migração. O principal argumento é que o texto representa uma possível ameaça à segurança ou à soberania do país - a noção de que os cidadãos de cada país têm a autoridade única e final para controlar os assuntos políticos e legais da nação. Dessa forma, ele entraria em confronto com políticas migratórias nacionais. Entre as medidas que desagradam parte dos países, o Pacto prevê que o migrante que estiver irregular não poderá ser deportado imediatamente e cada caso terá de ser analisado individualmente. O texto também proíbe as deportações coletivas e discriminação na análise sobre a permanência ou não do migrante, recomenda que a detenção seja o último recurso e orienta que o migrante tenha acesso à educação, saúde e informação. Os países não signatários também alegam que o documento pode encorajar novas ondas de migrações em larga escala, estimular a entrada de terroristas e promover uma possível ameaça à coesão e manutenção da cultura ocidental. Apesar das críticas, o Pacto não é juridicamente vinculante, ou seja, os países não são obrigados a seguirem suas orientações. O documento possui um caráter recomendatório de boas práticas a serem seguidas voluntariamente pelos países signatários, que podem criar suas próprias políticas. Um dos maiores críticos do Pacto é o presidente norte-americano, Donald Trump. Em 2017, ele retirou os Estados Unidos do acordo, considerando-o "incompatível" com a sua política e alegou a soberania do país sobre as regras de imigração. Em comunicado, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou que "decidiremos qual é a melhor maneira de controlar as fronteiras e quem será autorizado a entrar no nosso país". Em 2018, a gestão Trump foi criticada mundialmente sobre o endurecimento de sua política de imigração, que incluía a existência de centros de detenção de migrantes e a detenção de crianças desacompanhadas que cruzaram a fronteira do México com os Estados Unidos. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também rejeitou o Pacto. "Estamos comprometidos em proteger as nossas fronteiras contra os imigrantes ilegais. Isto é o que fizemos e isto é o que continuaremos fazendo", argumentou em comunicado. Em 2018, o governo israelense chegou a planejar a deportação forçosa em massa de milhares de imigrantes africanos. A medida foi muito criticada por ONG locais e pela comunidade internacional, pois ameaçaria de prisão quem se recusasse a retornar ao país de origem e colocaria em risco a vida de centenas de cristãos africanos que fugiram do Sudão e Eritreia por perseguição religiosa. O que motivou a criação do Pacto? A migração é um fenômeno humano que sempre existiu ao longo da história. O deslocamento é feito por pessoas que geralmente buscam melhores condições de vida.A ONU diz que a migração oferece grandes oportunidades para migrantes, para comunidades anfitriãs e para as comunidades de origem. Mas quando ela é feita de forma desordenada, pode criar problemas. "Num mundo onde ela é cada vez mais inevitável e necessária, a migração deve ser bem administrada e segura, e não irregular e perigosa", diz António Guterres, secretário-geral da ONU. O Pacto ganhou impulso após a crise migratória de 2015 na Europa; uma crise que marcou o maior influxo de refugiados e migrantes no continente desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo a ONU, existem hoje mais de 258 milhões de imigrantes no mundo, dos quais 50 milhões são crianças. Esse é o maior movimento de pessoas já visto na história. Espera-se que esse número cresça devido à globalização, mas também a fatores como a crescente desigualdade, conflitos armados, perseguições políticas, mudanças na demografia, problemas climáticos e crises econômicas. Muitas vezes a travessia para outro destino é feita de forma perigosa e representa risco de vida e violação de direitos humanos. Segundo dados da OIM, quase 3.400 migrantes e refugiados perderam suas vidas em todo o mundo em 2018. A maioria morreu tentando chegar à Europa pelo mar; muitos outros morreram tentando cruzar desertos ou passar por florestas. Por Carolina Cunha. REVOADA tarta : atenção para a data das questões. 1. (Pucrj 2016- adaptada) A Alemanha disse que poderá receber até 500 mil refugiados por ano nos próximos anos, mas voltou a pedir que outros países também recebam imigrantes e refugiados, diante da pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. Sigmar Gabriel, vice-chanceler alemão (equivalente ao cargo de vice-primeiro-ministro), disse que a economia alemã é forte e, assim, o país poderia aceitar um número desproporcional de imigrantes. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150908_europa_refugiados_hb> Acesso em: 17 de fev. 2016. Existe um paradoxo que o Governo [brasileiro] não discute, nem os estrangeiros que trabalham no país, nem os consultores especializados: apesar de necessitar de imigrantes, o Brasil é um país extremamente fechado para eles. Os estrangeiros representam somente 0,3% dos cerca de 200 milhões de habitantes do país, um número historicamente insignificante. A média mundial está em 3%. (...). MARTÍN, Maria. El Pais Brasil, publicado em 07/06/2015. Acesso em: 24 jun. 2015. Adaptado. Identifique um motivo para a insignificante porcentagem de novos imigrantes no país, atualmente. 2. (Uel 2017) Leia o texto a seguir. O Brasil é signatário da Convenção das Nações Unidas de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e do seu Protocolo de 1967. Em julho de 1997, promulgou a Lei de Refúgio nº 9.474/1997, que contempla os principais instrumentos regionais e internacionais sobre o tema e que garante documentos básicos aos refugiados, incluindo carteira de identidade e de trabalho, da liberdade de ir e vir no território nacional e outros direitos civis. Nos últimos cinco anos, as solicitações de refúgio no Brasil passaram de 966, em 2010, para 28.670, em 2015. Adaptado de: <http://www.justica.gov.br/noticias/brasil-tem-quase-9-mil-refugiados-de-79-nacionalidades-1>. Acesso em: 3 out. 2016. Nesse contexto, o Brasil recebeu um grande número de refugiados, sobretudo, de um país asiático, no qual mais da metade da população foi forçada a deixar as suas casas. Indique o nome desse país, a região geográfica de origem e a principal causa do grande fluxo de refugiados, que ocorre desde março de 2011. 3. (Unicamp 2019) A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) foi criada em dezembro de 1950 por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas. Iniciou suas atividades em janeiro de 1951. O Protocolo de 1967 reformou a Convenção de 1951 e expandiu o mandato da ACNUR para além das fronteiras europeias e das pessoas afetadas pela Segunda Guerra Mundial. Em 1995, a Assembleia Geral designou a ACNUR como responsável pela proteção e assistência dos apátridas em todo o mundo. Nas últimas décadas, os deslocamentos forçados atingiram níveis sem precedentes. Estatísticas recentes revelam que mais de 67 milhões de pessoas no mundo todo deixaram seus locais de origem por causa de conflitos, perseguições e graves violações de direitos humanos. (Adaptado de http://www.acnur.org/portugues/convencao-de-1951/. Acessado em 31/08/2018.). Levando em consideração os princípios da ONU, relacione a condição de refugiado com a noção de cidadania e de direitos humanos. 2. Imigração nos EUA - a política de tolerância zero e o drama das crianças na fronteira Imagem: John Moore/Getty Images/AFP Todos os dias, centenas de latino-americanos tentam cruzar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos com o México. Mas ao entrar no país sem permissão, elas podem enfrentar leis cada vez mais rígidas. Desde abril o governo do presidente Donald Trump coloca em prática uma política de “tolerância zero” que visa desencorajar a imigração sem documentos e que permite que todos os imigrantes ilegais adultos sejam acusados criminalmente. Se o adulto for pego atravessando a fronteira sem um visto, ele é levado a um centro federal de detenção de imigrantes até que se apresente ao juiz e seu caso seja avaliado. As detenções são por tempo indefinido. Como as crianças não podem ser mantidas nessas instalações com adultos, elas são separadas dos pais e levadas a abrigos, enquanto o processo corre na Justiça. Elas correm o risco de deportação imediata ou de meses em detenção. Desde que a política de tolerância zero entrou em vigor, o número de pessoas detidas na fronteira e as deportações em massa aumentaram. Em apenas três meses, quase duas mil crianças foram retiradas de seus pais ou tutores, incluindo crianças pequenas e bebês. Elas não sabem para onde seus responsáveis foram. A medida de separação de pais e filhos causou indignação internacional e gerou uma enxurrada de críticas. Imagens recentes de crianças trancadas em uma espécie de jaula chocaram o mundo. As crianças foram retiradas à força de pais imigrantes e refugiados que tentaram entrar ilegalmente no país. Existem ainda menores de idade que cruzaram a fronteira sozinhas, sem um responsável. Críticos compararam as instalações para menores de idade como semelhantes a uma prisão. O governo mexicano declarou que a separação de famílias viola os direitos humanos. Já a ONU, se referiu a essa medida como “desumana e inadmissível”, que viola os diretos da criança. Em visita às instalações, o senador democrata Jeff Merley constatou que um grande número de menores de idade estava dentro de “uma gaiola de arame de cerca de 10 x 10 metros trancada com cadeados”. Para a ex-primeira dama Laura Bush, as instalações são imorais e lembram os campos de detenção usados contra nipo-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Os médicos norte-americanos também criticaram a medida, alertando que a separação das famílias pode ser traumática para crianças. A Academia Americana de Pediatria advertiu que "experiências altamente estressantes, incluindo a separação da família, podem causar danos irreparáveis ao desenvolvimento ao longo da vida, alterando a arquitetura cerebral de uma criança". A maior instalação para menores fica na cidade de Brownsville (Texas), onde 1.500 crianças estão alojadas em um galpão que já foi um hipermercado. Elas têm entre 10 e 17 anos e foram detidas quando atravessavam a fronteira ilegalmente. Inicialmente, o presidente Donald Trump defendeu a política de seu governo. “Os EUA não serão um campo de migrantes e nem um campo de refugiados”, disse à imprensa. Masapós a pressão popular, o presidente americano recuou e no dia 20 de junho, assinou um decreto que garante que pais e filhos fiquem detidos no mesmo local. Ainda assim, Trump continuará a deter famílias, por tempo indeterminado. Segundo o presidente, o decreto vai "manter as famílias unidas e, ao mesmo tempo, garantir que temos uma segurança muito forte na fronteira, igual ou até mais reforçada do que antes." Políticas de imigração mais duras Em 2014, o ex-presidente norte-americano determinou que os pais seriam criminalizados e que as famílias ficariam detidas em centros de detenção familiar, onde as famílias aguardariam juntos as decisões sobre os processos de imigração e pedidos de asilo. A detenção seria uma forma de “desencorajar” a imigração, mas até o governo de Donald Trump, a regra não era aplicada com frequência. Desde que Trump está no comando da Casa Branca, as prisões de imigrantes aumentaram mais de 40% em relação ao mandato anterior. A questão da imigração e controle das fronteiras foi uma das principais promessas de sua campanha. Em 2016, durante as eleições, ele prometeu deportar todos os imigrantes que vivem nos EUA sem visto e construir um muro de separação entre o México e os EUA ao longo de toda a fronteira Sul. Trump também já foi autor de outras polêmicas, como a proposta de banir a imigração total de mulçumanos para evitar o terrorismo e de tolerar organizações de supremacia branca como apoiadores de sua campanha. Apesar de Trump voltar atrás na recente decisão de separar famílias, a política norte- americana de imigração ainda é questionada. "Nós nos opomos à separação dos filhos de suas famílias com fins de controle migratório, mas também nos opomos às detenções", afirmou o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Christophe Boulierac. Para a ONU, as famílias não devem ser consideradas criminosas e não precisam ter sua liberdade privada enquanto aguardam o processo judicial. A organização também considera que existem alternativas para a detenção, como abrigos mantidos por entidades e o monitoramento eletrônico. “Pedimos aos Estados Unidos que reformem sua política migratória e solicitamos a implantação de alternativas comunitárias e que não privem as crianças e as famílias da liberdade", declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Êxodo na América Central e crianças em vulnerabilidade O que que leva milhares de pessoas a arriscar tudo e realizar uma travessia perigosa e incerta? NA década anterior, A maior parte dos imigrantes que atravessavam a fronteira eram mexicanos em busca de trabalho. O perfil mudou gradualmente. Hoje, o maior fluxo de pessoas tem como origem países da América Central em crise. As famílias partem principalmente de Honduras, Guatemala e El Salvador, países que possuem uma das taxas de homicídios mais altas do mundo e que foram dominados pelo crime organizado. As famílias abandonam suas casas para fugir de problemas como a pobreza extrema, a instabilidade política e a violência das gangues e do narcotráfico. Segundo uma pesquisa da Vanderbilt University, o medo da violência das gangues é o principal motivo que leva os imigrantes a buscarem os Estados Unidos. Entre 2010 e 2014, cerca de um milhão de cidadãos salvadorenhos, guatemaltecos e hondurenhos foram retidos na fronteira dos EUA ou do México e mais de 800 mil acabaram deportados. A violência de gangues também é responsável por um fenômeno recente: a migração de crianças e adolescentes desacompanhados para os Estados Unidos. Elas fogem principalmente do aliciamento e das ameaças de morte. Um relatório da Unicef levantou que em 2016, mais de 20 mil crianças foram detidas na fronteira dos Estados Unidos com o México. Todas eram de El Salvador, Guatemala ou Honduras. Para a ONU, o cenário representa uma verdadeira crise humanitária. No caminho para os Estados Unidos, os menores de idade estão vulneráveis e correm risco de sequestro, tráfico, estupro e até mesmo de morte. Quando são detidas no território americano, o menor de idade tem o direito à audiência de imigração, mas não de um advogado. Se deportadas, as crianças correm o risco de serem atacadas ou mortas pelas próprias gangues que elas estavam fugindo. Por Carolina Cunha. REVOADA 1. (Unesp 2016) O entendimento dos processos sociais envolvidos nos fluxos de pessoas entre países, regiões e continentes passa pelo reconhecimento de que sob a rubrica migração internacional estão envolvidos fenômenos distintos, com grupos sociais e implicações diversas. A migração internacional, no contexto da globalização, é inevitável e deve ser entendida como parte das estratégias de sobrevivência, de impulso para alcançar novos horizontes, e a globalização, nesse contexto, age como fator de estímulo. (Neide L. Patarra. “Migrações internacionais: teorias, políticas e movimentos sociais”. Estudos Avançados, 2006. Adaptado.) Explique por que a globalização é um estímulo à migração internacional. 2. (Ufpr 2017) Envolvendo trabalho, política, imaginário, saúde, cultura, redes, desejos, gênero etc., desde Marcel Mauss ([1950], 2005) e Abdelmaleck Sayad (1998) se compreende a migração como um fato social total. [...]. A mobilidade do trabalho há tempos constitui um dos principais fatores das migrações. Mais recentemente, embora perceptíveis já há algum tempo, políticas migratórias transnacionais, guerras, conflitos étnicos e religiosos, mudanças climáticas e orientação sexual têm se destacado como motivações relevantes de fluxos migratórios e como chaves de análise para a sua melhor compreensão e formulação de políticas públicas voltadas a migrantes, apátridas, deslocados e refugiados. Travessia – Revista do Migrante, n.77, jul.-dez./2015, p. 5. Com base no trecho acima e nos conhecimentos sobre o fenômeno da migração internacional, faça o que se pede: Escreva um texto explicando por que migrantes e refugiados são considerados ora como uma solução, ora como um problema para os países de destino. 3. Entenda a arriscada travessia de imigrantes no Mediterrâneo Em quase 4 meses, cerca de 2 mil pessoas morreram na viagem. Conflitos crescentes e ação de traficantes aumentam o êxodo. Do G1, em São Paulo Mortesde imigrantes no mar Mediterrâneo crescem em 2015 (Foto: MARINA MILITARE/AFP) Apenas em uma semana, pelo menos 4 embarcações afundaram com imigrantes que faziam a travessia do Mediterrâneo, a partir do norte da África em direção a Europa. Desde 1º de janeiro de 2015, a Organização Internacional de Migração (OIM) estima que cerca de 2 mil pessoas morreram no trajeto, cifra que deve superar de longe os 3.200 no ano passado. O número ainda é bem maior que as 96 registradas em 2014 até abril, quando o clima ainda não é propício e as águas estão mais agitadas. Segundo a OIM, mais de 21 mil pessoas já empreenderam a viagem em 2015, em comparação às 26 mil do final de abril do ano passado, mas com um saldo de mortes cerca de 15 vezes maior até o momento. Em 2013, foram 700 mortos. Nos últimos anos, a Europa recebeu a maioria dos refugiados no mundo, que deixam suas terras para escapar principalmente de conflitos, como a guerra civil na Síria e na Líbia, ou de dificuldades econômicas. De acordo com Alto Commissariado da ONU para Refugiados (Acnur), cerca de 219 mil pessoas cruzaram o mar em busca de uma vida melhor na Europa no ano passado, quase 4 vezes mais pessoas que em 2013, quando 60 mil chegaram do outro lado da travessia. Em fuga No ano passado, os eritreus e sírios representaram os maiores grupos étnicos de refugiadosque chegaram à Europa. Um dos países mais jovens da África, a Eritreia viveu em guerra civil por décadas e a população sobrevive praticamente com agriculura de subsistência. Em 4 anos de guerra, mais de 215 mil pessoas morreram na Síria e 11,4 milhões fugiram de suas casas. E a situação piora, segundo o Acnur, que cita as atrocidades cometidas em particular pelo grupo Estado Islâmico (EI). Em 2014, os sírios lideraram as solicitações de asilo no mundo inteiro, com mais de 149.600 demandas. E a tendência não deve sofrer mudanças, segundo o órgão da ONU. Outro país afetado pelas ações do Estado Islâmico é o Iraque, cujos pedidos de asilo político cresceram 84% em 2014. Imigrantes resgatados esperam para desembarcar na cidade de Reggio Calabria (Foto: Adriana Sapone/AP) Negócio milionário A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas. A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo - uma única embarcação pode render US$ 1 milhão. Sem garantia de sucesso no pedido de refúgio, muitos imigrantes não conseguem ficar no destino final e são mandados de volta ao país de origem. Mas dificilmente eles desistem e tentam duas, três, quatro vezes, até receberem o asilo oficial. Menos pior A carga mais pesada de refugiados recai nos países do sul da Europa, em particular Grécia e Itália, que não são exemplo de economias em bom momento. No entanto, segundo relatos de viajantes, a situação ainda é muito melhor que na África. A Líbia é atualmente um dos principais portos de saída da África, pela proximidade e pelos conflitos recentes. A União Europeia estuda ações com os países vizinhos para bloquear as rotas utilizadas pelos migrantes. A chanceler alemã, Angela Merkel, citou a necessidade de lutar "contra o que origina esses fluxos de imigração", com o objetivo de impedir "que pessoas sigam morrendo de maneira tão cruel, na porta da Europa". Migrantes resgatados chegam à Itália, em barco da guarda costeira (Foto: AP Photo/Francesco Malavolta) Combate A imigração é um tema polêmico na Europa, principalmente com o avanço de partidos de extrema direita, que defendem leis anti-imigração usando a crise econômica como argumento para ganhar mais votos. As autoridades europeias lançaram várias missões para evitar mortes de imigrantes no Mediterrâneo. A mais importante delas, a Mare Nostrum, durou de outubro de 2013 até o final de 2014, dando lugar a outra menor, a Triton, e mais restrita a águas europeias. A diminuição do socorro pode ser um dos motivos do aumento de mortes. Agora as autoridades europeias correm para criar uma política que represente uma reação mais humana ao êxodo de pessoas, sem piorar a crise estimulando mais pessoas a partirem. Desastresrecentes Outubro de 2013: cerca de 360 pessoas morreram em naufrágio próximo à ilha de Lampedusa, Itália. Setembro de 2014: pelo menos 300 imigrantes naufragaram em Malta, quando traficantes fizeram um "assassinato em massa" depois que as pessoas se recusaram a mudar para uma embarcação menor. Fevereiro de 2015: pelo menos 300 imigrantes teriam se afogado quando 4 botes entraram em apuros depois de deixarem a Costa da Líbia com condições climáticas ruins. Abril de 2015: cerca de 400 imigrantes se afogaram quando o barco deles virou na costa da Líbia. Abril de 2015: cerca de 700 imigrantes teriam se afogado após o barco ter virado próximo à Lampedusa. Migrantes esperam para desembarcar depois de serem resgatados (Foto: AP Photo/Francesco Malavolta) 1. (Unicamp 2017) A charge de Carlos Latuff, publicada em 2016, faz associações sobre diversos processos do mundo contemporâneo. A primeira-ministra britânica, Theresa May, ouve uma voz enquanto carrega tijolos para a construção de um polêmico muro em Calais, na França. Por que a questão dos muros tornou-se um assunto recorrente na política internacional do século XXI? Justifique sua resposta a partir de uma das referências da charge. O que é o pacto? A desistência de países-chave O que motivou a criação do Pacto? Políticas de imigração mais duras Em 2014, o ex-presidente norte-americano determinou que os pais seriam criminalizados e que as famílias ficariam detidas em centros de detenção familiar, onde as famílias aguardariam juntos as decisões sobre os processos de imigração e pedidos de asil... Êxodo na América Central e crianças em vulnerabilidade O que que leva milhares de pessoas a arriscar tudo e realizar uma travessia perigosa e incerta? NA década anterior, A maior parte dos imigrantes que atravessavam a fronteira eram mexicanos em busca de trabalho. O perfil mudou gradualmente. Hoje, o mai... REVOADA 1. (Unesp 2016) O entendimento dos processos sociais envolvidos nos fluxos de pessoas entre países, regiões e continentes passa pelo reconhecimento de que sob a rubrica migração internacional estão envolvidos fenômenos distintos, com grupos sociais e... 3. Entenda a arriscada travessia de imigrantes no Mediterrâneo Em quase 4 meses, cerca de 2 mil pessoas morreram na viagem. Conflitos crescentes e ação de traficantes aumentam o êxodo.
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