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TCC - Refugiados Venezuelanos

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES 
CAROLINE DE ARRUDA SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
REFÚGIO – A PROTEÇÃO BRASILEIRA DOS REFUGIADOS 
VENEZUELANOS E SEUS IMPACTOS NO PAÍS A LUZ DA NOVA LEI 
DE MIGRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mogi das Cruzes – São Paulo 
2019 
 
 
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES 
 
CAROLINE DE ARRUDA SANTOS 
11151104037 
 
 
 
 
 
 
 
REFÚGIO – A PROTEÇÃO BRASILEIRA DOS REFUGIADOS VENEZUELANOS E 
SEUS IMPACTOS NO PAÍS A LUZ DA NOVA LEI DE MIGRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade de Mogi das 
Cruzes – Curso de Direito, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel 
em Direito. 
Prof. Orientador: Edison Yague Salgado 
 
 
 
 
Mogi das Cruzes – São Paulo 
2019 
 
 
REFÚGIO – A PROTEÇÃO BRASILEIRA DOS REFUGIADOS VENEZUELANOS E 
SEUS IMPACTOS NO PÁIS A LUZ DA NOVA LEI DE MIGRAÇÃO 
 
 
RESUMO: Estuda-se a questão do refugiado venezuelano em território 
nacional a luz da Nova Lei da Imigração, Lei 13.445/2017 através do contexto do 
recente e descontrolado fluxo de migrantes venezuelanos que cruzam a fronteira 
buscando por melhores condições de vida no Brasil, que passa a receber um grande 
número de imigrantes venezuelanos de forma a acarretar uma crise migratória e 
humanitária. O presente trabalho busca analisar os desdobramentos da migração 
venezuelana para o Brasil, contextualizando sua origem e consequências 
percebidas até o presente momento, e fazer uma análise acerca das medidas que 
vem sendo adotas, tanto em caráter provisório, quanto permanente, pelo país na 
recepção desses imigrantes que estão visivelmente vulneráveis e carecem de 
cuidados, visto que, são pessoas que se viram forçadas a se deslocarem para outro 
país por conta da instabilidade social, política e econômica, e consequentemente, 
humanitária na qual a Venezuela se encontra atualmente. 
Analisa-se a condição precária na qual esses imigrantes se submetem, 
como a falta de emprego, alimentos, abrigo, distanciamento do seio familiar e a 
xenofobia que enfrentam pela população brasileira. Em seguida verifica-se o 
progresso que governo brasileiro tem feito para receber esses imigrantes ao passo 
que, na pratica é tentando aplicar e instituir a Lei 13.445/2017 e as dificuldades que 
pode haver para a sua aplicabilidade, visto ser uma legislação recente, que teve um 
curto período entre o seu início de vigência e a real necessidade de implementação 
de modo que a percepção de sua eficácia tornou-se necessária e urgente, o que 
nem sempre ocorre com tamanha rapidez e perceptibilidade 
 
Palavras-chave: Refugio, Lei do Imigrante, Crise na Venezuela, Impactos da 
Imigração, Crise Migratória. De 3 a 5 palavras chave 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A atual realidade da migração venezuelana para o Brasil, principalmente 
nas zonas fronteiriças de ambos os países, vêm preocupando o governo brasileiro e 
 
 
a população brasileira, visto que há uma aparente falta de preparo dos órgãos 
públicos brasileiros para receber tal quantidade de imigrantes, principalmente 
quando estes estão se alocando em áreas que já possuem deficiência de serviços 
básicos, como é a realidade das cidades fronteiriças dos estado de Roraima, no 
norte do país. 
Diante desse contexto, e com base avanços trazidos pela Lei de Migração 
(13.445/2017), que garante aos migrantes os mesmos direitos dos cidadãos 
brasileiros, o trabalho terá como objeto de pesquisa o refugiado (trazendo o seu 
conceito, o seu histórico e sua atual realidade no mundo globalizado, através de 
dados), o refugiado no Brasil, com maior ênfase para o refugiado venezuelano, 
buscando entender o que tem levado milhares de venezuelanos a deixar seu país de 
origem, em busca de um destino com mais incertezas do que certezas, visto que 
esses destinos tem sido países que sofrem com grandes problemas em suas 
políticas internas e alguns com recessos econômicos alarmantes, como é o caso do 
Brasil, e também, a Lei de Migração (13.455/2017), que será o objeto de pesquisa 
que permitirá a aprofundação legal e jurídica dos direitos e deveres de ambos os 
lados – o refugiado, e o Estado Brasileiro. 
Ocorre que estamos diante do maior fluxo migratório dos últimos tempos, 
com números maiores do que o que estamos vendo já alguns anos nos países do 
Oriente Médio, o que vem alarmado a comunidade internacional, e preocupado a 
ONU (Organização das Nações Unidas) que vem se mobilizado através do seu 
principal órgão de Refugiados, a ACNUR, e pedindo ajuda ao maior número de 
países possíveis, para que estes recebam os refugiados de modo que respeitem os 
Direitos Humanos e cumpram os tratados internacionais que tratam do refugiado, 
dos quais são signatários. 
Ao mesmo tempo em que temos uma Lei, consideravelmente nova, que 
tenta tratar o imigrante, e principalmente o refugiado, com a maior responsabilidade 
possível, de modo que os direitos destes se igualem ao direito de qualquer outro 
brasileiro, prezando pela igualdade, sobretudo tendo como eixo central a proteção 
dos direitos humanos. 
 
2. CONCEITO DE REFUGIADOS 
 
 
O conceito de refugiado é amplo e dinâmico, pois se trata de uma 
definição que vem sendo construída desde o primórdio da humanidade, dos mais 
antigos relatos que se tem acesso, até os dias de hoje, e por se tratar de algo que 
volátil, será sempre um termo em construção, a depender do contexto vivido pela 
humanidade no momento de sua conceitualização. 
Nas pesquisas históricas, é possível encontrar, que desde a antiguidade, 
o refúgio é marcado por questões sociais, culturais, de gênero, políticas e religiosas, 
razões estas que propiciaram para que milhares de pessoas ao longo da história 
abandonassem suas nações, países e territórios, de forma voluntária ou involuntária, 
para buscar proteção internacional. Sendo assim, podemos conceituar o refúgio 
como o sendo quando ocorre migração pelas razões de perseguição por religião, 
raça, política ou nacionalidade, levando o indivíduo a abandonar o seu país de 
origem, a sua casa e a sua família na busca de asilo em outro país, tem-se a figura 
do refugiado” (SOARES, 2012, p. 36). 
Entretanto, foi a partir dos desdobramentos das Grandes Guerras que o 
conceito de refugiado foi melhor consolidado, visto que foi um momento de grande 
marco para o Direitos Humanos em todos os sentidos, sendo assim, olhando para o 
refugiado e suas condições e reforçando a necessidade de atenção para essas 
pessoas, que cresciam cada vez mais em número e passaram a chamar a atenção 
do Estado. Foi através desse contexto surgiu o instituto jurídico do refúgio. Para 
Barreto (2006), o instituto jurídico do refúgio está diretamente vinculado a uma 
ampla perseguição que proporciona um êxodo em massa das pessoas que a vem 
sofrendo, de forma que estas, buscando por melhores alternativas e qualidade de 
vida, cruzem fronteiras internacional, tendo como princípio à proteção às vítimas de 
perseguição e o combate a violação de direitos humanos fundamentais: 
Todo refugiado tem direito à proteção internacional e os Estados têm o 
dever jurídico de respeitar a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, 
sendo que muitos dos direitos relevantes à proteção dos refugiados são direitos 
fundamentais assegurados pela Declaração Universal (PIOVESAN, 2015, p. 132). 
 
3. HISTÓRICO DO REFUGIADO 
 
 
Os princípios internacionais que tratam sobre o refúgio têm como 
premissa e amparo a Convenção de Genebra de 1951, que traz garantias e direitos 
aos refugiados. Após a Primeira Guerra Mundial, e com o aumento de refugiados, 
principalmente na região da guerra, foi criada a Liga das Nações visando a proteção 
do refugiado. Entretanto, nesse período, a questão do refugiado foi tratada com algo 
passageiro, e concluiu-se que com o findar da guerra, encerraria essa intensificação 
na questão do refúgio. 
Nesse período, foram desenvolvidos órgãoscom o intuito de tratar da de 
forma especifica a temática do refugiado, tendo como principal órgão internacional o 
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Na época, através de 
assembleias internacionais, foi acordado o princípio de que esses órgãos 
internacionais cuidariam do futuro dos refugiados de forma a auxilia-los no regresso 
aos seus países, quando o motivo de perseguição for cessado. O ACNUR foi criado 
em 1950, com o objetivo de auxiliar a todos que sofrem violação dos Direitos 
Humanos básicos, através de perseguição. 
Foi através da ACNUR que foi definido o conceito de refugiado e sua 
definição, através de normativas, o refugiado teve sua situação jurídica 
regulamentada “em caráter universal a condição de refugiado, estabelecendo seus 
direitos e deveres, bem como instituindo obrigações aos Estados Membros de 
respeitar o Estatuto dos Refugiados e internalizarem em seus ordenamentos essas 
normas de proteção” (SOARES, 2012, p. 47). Trazendo a Convenção Relativa Ao 
Estatuto Dos Refugiados: 
Art. 1º 
Definição do termo “refugiado” 
A. Para fins da presente Convenção, o termo “refugiado” 
se aplicará a qualquer pessoa: 
2) Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos 
antes de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser perseguida 
por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social 
ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua 
nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse 
temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, 
se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no 
qual tinha sua residência habitual em consequência de 
tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido 
temor, não quer voltar a ele. 
B. 1). Para fins da presente Convenção, as palavras 
“acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 
 
 
1951”, do artigo 1º, seção A, poderão ser compreendidos 
no sentido de ou, a) “Acontecimentos ocorridos antes de 
1º de janeiro de 1951 na Europa”; ou b) “Acontecimentos 
ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 na Europa ou 
alhures;” (ONU, 1951). 
 
 Como retratado anteriormente, o tema do refúgio era tratado como 
sendo passageiro e com previsão a se acabar, o que acabou por ser uma falha em 
sua conceitualização, pois estava voltado especificamente para aquela região 
geográfica, e com aquela delimitação temporal (somente para casos anteriores a 
1951). Essas falhas apontadas dificultaram a aplicabilidade da Convenção em 
diversos países, devido sua limitação e, portanto, com a alteração ad Convenção 
através do Protocolo sobre o Estatuto do Refugiado, que ocorreu em 1967, houve a 
exclusão do da parte que trata do limite temporal. 
Finda a Segunda Guerra Mundial, o direito internacional dos refugiados 
começa a se institucionalizar, deixando o seu caráter de instrumento temporário de 
lado, e apresentando-se como importante vertente de proteção internacionais dos 
indivíduos. Os fatos ocorreram na Europa, contudo, não repercutiram apenas na 
proteção dos refugiados, mas em todo o direito internacional, implicando em 
profunda reestruturação de todos os mecanismos existentes de proteção dos 
indivíduos, visando evitar a repetição das graves violações registradas durante a 
Segunda Guerra. 
Celso Mello (2004), analisando a evolução histórica da personalidade 
internacional do indivíduo, afirmou que, no século XIX, em razão da necessidade de 
se afirmar a soberania absoluta do Estado, foi negada a subjetividade do indivíduo. 
As atrocidades cometidas durante a primeira metade do século XX tornaram 
imprescindível a reconfiguração da ordem internacional, levando à realocação do 
homem como sujeito de direito internacional, isto é, como titular de direitos e 
deveres no plano internacional. 
Neste contexto, consolidam-se três grandes vertentes da proteção 
internacional da pessoa humana, tratadas isoladamente pela doutrina, sobretudo por 
suas origens históricas, mas que interagem entre si e, portanto, não devem ser 
consideradas absolutamente independentes: o direito internacional dos direitos 
 
 
humanos, o direito internacional dos refugiados e o direito internacional humanitário 
(CANÇADO TRINDADE, 2003). 
Esses três institutos têm como origem de seus contornos atuais os 
grandes conflitos internos e internacionais que marcaram o final do século XIX e o 
início do século XX. O que os diferencia é a faceta de tais conflitos levada em 
consideração. O direito internacional humanitário contemporâneo originou-se da 
necessidade de minorar o sofrimento da população não engajada em hostilidades 
durante conflitos armados; o direito internacional dos refugiados, da necessidade de 
proteger o grupo populacional que, por sofrer perseguições em seu Estado de 
origem, em regra durante quadro de conflito interno generalizado, foge e aporta em 
um novo Estado; e o direito internacional dos direitos humanos contemporâneo, da 
necessidade de limitar-se a atuação de todas as esferas de poder do Estado 
especialmente em conflitos armados, mas também em situações ditas de 
normalidade, pois, constatou-se que, em regra, este é o principal violador dos 
direitos humanos (CANÇADO TRINDADE, 2003). 
Waldely (2014, p.49) afirma que “os refugiados são vistos como seres 
humanos em suspenso, pois seus direitos humanos não foram ideologicamente 
perdidos nem recebidos, mas é como se estivessem sido suspensos”. 
Dessa forma percebe-se que os direitos humanos parecem ter sido 
concebidos para funcionar na relação entre os indivíduos e suas nações e nesse 
contexto, não existe espaço para os refugiados. Então, o que se observa é que os 
refugiados têm seus direitos humanos frustrados duplamente: primeiro por seu 
próprio Estado, que não foi capaz de lhe dar proteção; e depois pelo Estado no qual 
buscou refúgio, que o coloca em um limpo e não lhe assegura o direito de 
recomeçar a vida com dignidade em outra nação (WALDELY, 2014). 
Haddad (2008, p.3) afirma que: “os refugiados são como indicadores 
humanos da falência da sociedade internacional”, pois, os Estados não se sentem 
obrigados a assistir os refugiados e quando o fazem, mesmo que minimamente, o 
fazem com ações de cunho caritativo, mas não com o entendimento de que o 
indivíduo sem pátria é um indivíduo internacional e, portanto, merece a proteção da 
comunidade internacional, tal como preceituam os tratados internacionais, conforme 
será visto a seguir 
 
 
 
3.1 Histórico do Refúgio no Brasil 
Houve a adesão por parte do Brasil ao a Convenção de 1951 apenas em 
1960, porem, somente duas décadas depois que se começou a pensar em políticas 
de desenvolvimentos a proteção internacional do refugiado Porém, foi nesse 
período, marcado por governos ditatórias em grande parte dos países da América, 
inclusive o Brasil, causaram saída em massa da população Brasileira para outros 
países, momento em que, novamente, não foi preciso reforçar a política de 
refugiados no país, ao ver das autoridades. 
 Em 1997, foi promulgada a Lei Federal 9.474 que tratou de acolher os 
princípios da Convenção de 1951. Assim, o art. 1º da Lei 9.474/97 estabelece a 
definição de refugiado adotada pelo Estado Brasileiro: 
Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo 
que: 
I - Devido a fundados temores de perseguição por 
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou 
opiniões políticas encontre-se fora de seu país de 
nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à 
proteção de tal país 
II - Não tendo nacionalidade e estando fora do país onde 
antes teve sua residência habitual, não possa ou não 
queira regressar a ele, em função das circunstâncias 
descritas no inciso anterior; 
III - Devido a grave e generalizada violação de direitos 
humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade 
para buscar refúgio em outro país. (BRASIL, 1997) 
 
 
Através da Lei nº 9474/97 foi estabelecido a forma para implementar o 
Estatuto dos Refugiados. Sendo considerada pela ONU como uma dasleis mais 
inovadoras e modernas, pois trata do refugiado zelando sua proteção de forma 
generosa. 
De acordo com o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), em seus 
dados de 2016, e graças a política inovadora e acolhedora na qual o Brasil vem 
implantado para tratar o Refúgio, hoje vivem aproximadamente 8.863 refugiados de 
um total de 79 nacionalidades distintas: 
 
 
 
 
Fonte: CONARE, 2016 
 
Importante ressaltar, no atual cenário geopolítico, o número de Sírios 
aumentou expressivamente, devido aos desdobramentos que vem ocorrendo na 
região e causam um dos maiores êxodos da história, superando em menos de 6 
anos a quantidade de refugiados provenientes da angola, como trata o gráfico a 
seguir, de julho de 2010, vejamos: 
 
 
Fonte: ACNUR, 2010 
 
4. CONTEXTO HISTÓRICO DA CRISE NA VENEZUELA 
 
A atual situação de crise na Venezuela se da por decorrência de 
instabilidade política, grande nível de recesso econômico, governo autoritário que 
caminha cada vez mais para uma ditadura, níveis alarmantes de violência, e 
escassez de recursos. Todos esses fatores contribuíram para uma dramática crise 
humanitária vivenciada pelos venezuelanos, que sob o comando de Nicolas Maduro, 
 
 
que deu continuidade a política Chavista de Hugo Chaves, em um governo que 
desde o seu início está em uma crescente crise sem precedente. 
Importante ressaltarmos que a República Bolivariana da Venezuela, 
situada na América do Sul, é um pais conhecido por suas grandes reservas de 
petróleo, que representa 96% da movimentação das exportações do país. Desde o 
início da exploração do petróleo no país, no governo de Juan Vicente Gómez, a 
Venezuela tinha como principal comprador os estados Unidos, o que tornou o país 
dependente financeiramente dos EUA. O país viveu décadas de crescimento, que 
vez ou outra era interrompida por crises petrolíferas, o que levou a população a fazer 
questionamentos a respeito dessa dependência, e os efeitos nocivos que ela poderia 
ter, em um possível rompimento com os EUA. 
Neste contexto de instabilidade decorrente, surgiu uma nova figura: Hugo 
Chaves. Eleito presidente da Venezuela por 3 mandatos seguidos, Chavez possuía 
um perfil político e presidência antagônico aos seus sucessores, visto ter 
fundamentos em uma política socialista e anti-imperialista, voltadas a ideologias de 
esquerda. 
Hugo Chavez manteve por alguns anos a economia em alta, devido as 
exportações com base no petróleo, porém, não favoreceu ou tratou de investir em 
qualquer outro setor de produtos para a diversificação da fonte da economia no país, 
que por ser totalmente dependente do petróleo, quando este estava com seus 
preços de barris em alta, a Venezuela lucrava em larga escala, mas quando não, 
sofria economicamente. Entretanto, com o passar do tempo, essa priorização no 
setor petrolífero, nacionalização de setores estratégicos e aproximação com Cube, 
distanciaram a Venezuela dos EUA, o que foi visto de forma muito negativa pela 
população, gerando brechas para a oposição, que aumentava cada vez mais. 
Com a morte de Chaves, Nicolas Maduro deu continuidade na “Era 
Chaves” em 2012. Em 2014, o preço do barril começou a cair drasticamente o que 
afetou diretamente a economia do país, e levou a crise financeira, e 
consequentemente, crise política. Cada vez mais, o país foi afundando-se em 
dividas públicas. 
 
5. CAUSAS DA IMIGRAÇÃO VENEZUELA PARA O BRASIL 
 
 
Devido os rumos das políticas governamentais da Venezuela terem 
caminhado para um crescente antagonismo entre o governo do atual Presidente, 
Nicolás Maduro e a oposição, que se vê cada vez mais representada, a instabilidade 
no país vem aumentando cada vez mais. O principal produto exportado pelo país, e 
consequentemente sua principal fonte movimentadora da economia sofre elevados 
custos de produção, controles cambiais e políticas de preços. Levando o país a um 
cenário cada vez mais alarmante, onde não é possível ver uma solução para esse 
atual andamento. 
Diante de todo esse contexto vivido pela Venezuela, sua população se vê 
obrigada a abandonar seus lares, e atravessar fronteiras em busca de melhores 
condições de vida, visto que se encontra em situação de total desamparo por parte 
do Estado, materializado na ausência das estruturas fundamentais como segurança, 
educação e saúde. Assim sendo, o contexto do aos que vive a Venezuela, leva 
países que tem recebido seus refugiados, como o Brasil a adotarem políticas 
publicas que garantam a assistência necessária a esses milhares de refugiados que 
necessitam de proteção internacional. 
 
6. REFÚGIADOS VENEZUELANOS NO BRASIL 
 
6.1 Impactos e desdobramentos da Imigração Venezuelana para o Brasil 
 
A velocidade e a escala dos movimentos populacionais da Venezuela são 
sem precedentes. A título de comparação, o número de venezuelanos que fugiram 
do país nos últimos anos é maior do que o número de solicitantes de asilo sírios e 
outros refugiados do Oriente Médio e do Norte da África que buscaram refúgio na 
Europa durante o auge da crise do Mediterrâneo entre 2014 e 2016 (RELIEF WEB, 
2018). 
As Nações Unidas estimam que o número de pessoas que deixaram e 
deixarão a Venezuela possa chegar a 5,3 milhões até o final de 2019, cerca de 16% 
da população do país (RELIEF WEB, 2018). 
Em meio a essa tensão, os políticos aumentaram sua retórica, exigindo 
medidas drásticas, como limitar a imigração da Venezuela, falando-se até em fechar 
a fronteira. Quando o então governo Michel Temer recusou-se a adotar medidas 
 
 
mais severas contra os venezuelanos, um senador de Roraima renunciou ao cargo 
de líder do governo no Senado. No entanto, há várias razões pelas quais essa crise 
dificilmente se transformará em uma crise regional genuína entre os governos 
brasileiro e venezuelano. 
Isto porque Roraima é o único estado brasileiro não conectado à rede 
energética nacional e depende da energia da Venezuela (RELIEF WEB, 2018). 
Vulnerável a apagões, uma disputa com o governo venezuelano pode ser 
devastadora para Roraima. 
Apesar de sua proximidade, o Brasil não é o primeiro destino para os 
venezuelanos em movimento, abrigando cerca de 85.000 imigrantes e refugiados 
venezuelanos, número muito inferior aos da Colômbia, Peru, Equador, Argentina ou 
Chile. Parte da razão pela qual o Brasil não é a primeira opção dos venezuelanos 
apesar da proximidade territorial é a improvável recepção calorosa (RELIEF WEB, 
2018). 
Para acolher os refugiados, o Governo do país que está concedendo 
refúgio precisa dispor de recursos públicos para dar-lhes abrigo, alimentação e 
atendimento médico e tendo em vista que o número de refugiados está cada vez 
maior, esses passam a ser um problema para as nações que o recebem (SILVA, 
BÓGUS e SILVA, 2017). 
Exemplo disso é a situação recente que tem sido vivenciada pelo Brasil 
com a chegada de refugiados venezuelanos ao país. Os venezuelanos chegam por 
Roraima e a maioria deles se instala nesse estado, o que tem gerado um grande 
problema social em razão da falta de postos de trabalho para estas pessoas, o que 
faz com que a maioria deles dependa de auxílio governamental e da sociedade civil 
para subsistir. A entrada em massa de venezuelanos em Roraima suscita também 
preocupação com a segurança pública, já que o índice de criminalidade aumentou 
em razão do grande número de refugiados em situação de miséria neste estado 
(SILVA, BÓGUS e SILVA, 2017). 
Da conjunção de tais fatores, resultam ações ambíguas: de um lado 
políticas públicas que têm como objetivo a repulsão de migrantes e a proteção das 
fronteiras, violando as obrigações contraídas internacionalmente; de outro, a 
mobilização de organizações sociais, como é o caso da Cáritas Brasileira que busca 
dar a essas pessoas o mínimo de dignidade. No entanto, encontram grandes 
 
 
dificuldades, pois no Sistema Internacional, os refugiados são considerados uma 
anomalia(LIMA et al., 2017). 
Arendt (1989) alerta sobre a distância entre o indivíduo e o Estado-nação, 
enfatizando a ausência de garantia de direitos aos refugiados. A relação entre 
Estado, cidadania e Direitos Humanos, veementemente proclamadas nas 
declarações de direito aderidas pela maioria dos países, mostra que a possibilidade 
de se exercer direitos não se estende a todos os indivíduos e os refugiados 
encontram-se neste grupo de excluídos. 
Na maioria das vezes os refugiados emigram porque o seu Estado não foi 
capaz de garantir seus direitos fundamentais, segurança e dignidade e quando 
buscam refúgio em outro país, esperam ter acolhimento e seus direitos 
resguardados, no entanto, veem suas expectativas frustradas, pois, a ordem 
internacional baseia-se em Estados-Nação soberanos e com isso as relações 
internacionais são relegadas a um segundo plano (BETTS, COSTELLO, ZAUN, 
2017). 
Arendt (1989) chega a dizer que a relação entre Estado e refugiados é 
paradoxal, pois, os refugiados por tudo que passam parecem perder características 
de “ser humano” e, consequentemente, perdem também seus direitos. No mesmo 
sentido, Waldely (2014) afirma que ao tornar-se refugiado passa a viver em um 
limbo de direitos. 
Segundo Lima et al. (2017), a proteção aos refugiados está fora – ou ao 
menos deveria estar – do plano político, isto é, não pode deixar de ser conferida, em 
hipótese alguma, em razão de interesses políticos do Estado receptor. Uma vez 
caracterizada a condição de refugiado, deve ser o indivíduo protegido. 
Enquanto isto a grande maioria dos refugiados vive perambulando pelas 
ruas das cidades que ficam na fronteira Brasil/Venezuela, sem abrigo, expostos a 
todo tipo de sofrimento: fome, violência, doenças, proliferação de escabiose e 
desemprego. A grande maioria dos que conseguem trabalho, aceita receber abaixo 
do salário mínimo. Há indícios também de trabalho escravo no meio rural. Sem 
cartão do SUS estas pessoas só têm acesso a serviços de saúde voluntários ou 
quando sobram vagas (CORREA, 2018). 
Em março de 2018, uma multidão expulsou os venezuelanos de um 
abrigo improvisado em Roraima e queimou seus pertences; em agosto de 2018, 
 
 
após outro ataque, uma turba empurrou cerca de 1.200 venezuelanos para o outro 
lado da fronteira enquanto a polícia assistia inerte; e em setembro de 2018, vários 
brasileiros lincharam um venezuelano sob a acusação de que se tratava de um 
assassino (CORREA, 2018). 
Entre esses migrantes, as mulheres são 
particularmente vulneráveis. Muitas recorrem ao trabalho sexual ou se tornam 
vítimas de tráfico sexual, estupro e sequestro. Enquanto alguns podem reconhecer 
essa vulnerabilidade, é fácil para os brasileiros nos Estados de fronteira ver algo 
diferente: os venezuelanos que chegam para levar seus empregos e alimentos, e 
trazer o crime em seu rastro. Ainda, ocorrem confrontos significativos entre 
brasileiros e venezuelanos e a grande maioria dos venezuelanos sofre com a 
xenofobia (VENEZUELANALYSIS, 2019). 
Outras mulheres e homens assumem trabalhos como limpar as janelas 
dos carros nos semáforos, pegar latas nas ruas para reciclagem ou outro trabalho 
informal que os deixa bem abaixo do que precisam para sobreviver. 
Embora a situação dos imigrantes venezuelanos continue delicada, houve 
alguns desenvolvimentos promissores. Em 2 de março de 2017, o Conselho 
Nacional de Migração do Brasil emitiu uma medida temporária permitindo que os 
imigrantes recebessem uma autorização de residência de dois anos. A agência 
federal de refugiados do Brasil (CONARE) trabalha para implementar esta nova lei, 
enquanto o Ministério da Justiça está estudando como tornar as permissões de 
residência mais acessíveis para os venezuelanos. Enquanto isso, a Justiça 
Federal em Roraima suspendeu as taxas de inscrição de R$ 311,22 para 
autorizações de residência de dois anos que eram proibitivamente caras para muitos 
dos imigrantes venezuelanos (GLOBO.COM, 2017). 
Em julho de 2017, o governo federal anunciou que alocaria R$ 480 mil 
para um abrigo em Boa Vista. Ao visitar outro abrigo em Manaus, o então ministro 
da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim garantiu que os migrantes 
venezuelanos teriam todo o apoio humanitário necessário por parte do governo 
brasileiro. No entanto, ele ressaltou que qualquer ajuda seria temporária. Esta 
declaração suscitou ainda mais dúvidas: se os venezuelanos são classificados como 
migrantes econômicos temporários, eles seriam obrigados a voltar depois de dois 
 
 
anos? O acesso mais fácil à residência temporária incentivará mais migração para o 
Brasil? (GLOBO.COM, 2017). 
 
6.2 Refugiados em Roraima – Resposta do Estado e ACO 3121 
 
Em Abril de 2018 o Estado de Roraima interpôs ao STF a Ação Civil 
Ordinária (ACO 3121) em face da União Federal, tendo como pedido principal, 
dentre outros pontos, a adoção de providencias da União para com problema da 
imigração, através do fechamento temporário da fronteira Brasil-Venezuela ou da 
limitação ao ingresso de imigrantes venezuelanos no Brasil. 
Na Ação Civil Originária, o Estado de Roraima alega que a desordem e 
descontrole nas fronteiras estariam lhe trazendo grandes prejuízos, ao mesmo 
tempo em que não houve repasse de recursos complementares da União para o 
auxílio dessa demanda no aumento significativo do número de refugiados vindos da 
Venezuela. 
A ACO interposta pelo Estado de Roraima em face da União, trouxe a 
tona mais destaques aos graves problemas provocados em várias cidades do 
Estados provenientes do descontrolado e intenso fluxo de pessoas oriundas da 
Venezuela. Como argumentos para a causa de pedir, descreve que os milhares de 
venezuelanos que chegam por terra ocupam praças e imóveis abandonados em 
diversas cidades proporcionando o aumento de doenças (muitas delas já 
erradicadas no Brasil), crescimento significativo na criminalidade e principalmente, a 
grande dificuldade que o Estado estava tendo para a promoção das necessidades 
básicas, tanto para a sua população original, quanto para os novos habitantes 
provindos da fronteira. 
O pedido foi indeferido pela ministra relatora Rosa Weber, que 
fundamentou sua decisão com base no princípio da dignidade da pessoa humana, 
previsto no artigo 4º, II, da Constituição Federal de 1988. A ministra trouxe a tona a 
vulnerabilidade desses imigrantes, alegando que a eles são conferidos a proteção 
dos direitos humanos que devem ser aplicados a toda e qualquer situação de fluxo 
de migração irregular. A ministra também alegou, em sua sentença, que além de o 
ACO além de possuir ausência de pressupostos legais para o seu provimento, a 
 
 
causa de pedir do governo de Roraima contraria “os fundamentos da constituição 
Federal, ás leis brasileiras e os tratados ratificados pelo Brasil”. 
 
7. A CONDIÇÃO DO REFUGIADO VENEZUELANO – A NOVA LEI DA 
IMIGRAÇÃO 
 
A nova Lei de Migração (LEI N. 13.445 de 24 de maio de 2017) de certa 
forma veio inovar do âmbito do Direito internacional e Direitos Humanos, visto que 
passa a tratar os migrantes como pessoas que realmente necessitam de proteção 
sob o prospecto da Dignidade Humana, sendo assim, a Lei possui grande destaque 
e visibilidade por parte dos órgãos internacionais, e outros países, justamente por 
fazer do Brasil um pioneiro nesse quesito, que é o tratamento de forma mais 
humana e aprimorada ao estrangeiro. 
Importante ressaltar, que grande parte dos venezuelanos que atravessam 
a fronteira e permeiam o território brasileiro não preenchem determinadas condições 
previamente e formalmente estabelecidas para que possam ser considerados 
imigrantes, tanto no Estatuto do Estrangeiro, quanto na nova Lei da Migração. 
Entretanto, a nova lei traz um importante ponto, de forma a abranger a 
porcentagem que não preenchem tais requisitos. Trata-se da expedição de um visto 
temporário para tais imigrantes que encontram-se em situação de acolhidahumanitária. A acolhida humanitária está prevista no artigo 14, que estabelece: 
 
Art.14. O visto temporário poderá ser concedido ao 
imigrante que venha ao Brasil com o intuito de 
estabelecer residência por tempo determinado e que se 
enquadre em pelo menos uma das seguintes hipóteses: I 
- o visto temporário tenha como finalidade: [...] c) acolhida 
humanitária; [...] § 3o O visto temporário para acolhida 
humanitária poderá ser concedido ao apátrida ou ao 
nacional de qualquer país em situação de grave ou 
iminente instabilidade institucional, de conflito armado, de 
calamidade de grande proporção, de desastre ambiental 
ou de grave violação de direitos humanos ou de direito 
internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na 
forma de regulamento. 
 
Sendo assim, a Lei da Migração, através deste artigo, traz a possibilidade 
de enquadrar grande parte dos Venezuelanos no território nacional, mesmo que 
 
 
estejam sob a condição temporária proveniente da acolhida humanitária. O que está 
sendo, de certa forma, uma solução momentânea para os venezuelanos que querem 
legalizar sua estadia no Brasil, visto que os pedidos de refúgio possuem um tramite 
mais demorado, ainda que devido ao seu aumento significativo. 
 
8. CONSEQUÊNCIAS DA NOVA LEI DE IMIGRAÇÃO – SOBERANIA NACIONAL 
 
É importante ressaltarmos no presente Artigo as consequências que a 
Nova Lei da imigração traz para o país em se tratando de soberania, em seu 
aspecto jurídico, visto que temos alguns pontos trazidos na Lei que podem ser 
interpretados como falhos nesse quesito. 
Podemos citar, por exemplo, o Art 3º, inciso III que trata da não 
criminalização, visto que se considerarmos o princípio básico da segurança e da 
proteção a soberania nacional, podemos entender que a entrada de pessoas no país 
sem a devida documentação, e sua permanência sem autorização pré-estabelecida 
violaria lei federal. 
Temos, também, o inciso XXI – “repúdio a práticas de expulsão ou de 
deportação coletivas”, nesse caso temos que levar em consideração, até mesmo 
para o futuro, a capacidade de absorção e acolhida do Estado brasileiro no que 
tange aos imigrantes, visto que o texto veda a autonomia do estado de não aceitar 
um grande número de pessoas vindo de um mesmo lugar, o que pode ser muito 
prejudicial aos brasileiros, principalmente em regiões que carecem de recursos, 
como é o caso da maior parte das regiões fronteiriças que podem se vir obrigadas a 
acolher imigrantes, de forma que não possam absorver tal demanda, e nem destinar 
recursos tanto aos brasileiros, quanto aos imigrantes em questão. Essa questão 
pode ser muito perigosa, pois pode criar conflitos entre a população brasileira que já 
habita a região e os imigrantes, que já veem acompanhados de um histórico 
delicado, tanto emocional, física e financeiramente. 
 
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Apesar de pouco debatida nos meios acadêmicos, a questão dos 
refugiados não pode ser considerada como assunto novo no campo das Ciências 
 
 
Políticas e Sociais, bem como das organizações voltadas para a proteção e 
efetivação dos direitos humanos. 
É possível percebermos que o conceito de refugiado ainda é amplamente 
abrangente ao longo da história, e que o Brasil, através de suas leis que tratam o 
assunto, é um grande destaque na comunidade Internacional, visto que trata do 
refugiado e do imigrante a luz dos Direitos Humanos e sua dignidade, tentando 
através destas leis, iguala-lo ao seu cidadão. 
A crise na Venezuela é urgente e um nítido reflexo e consequência da má 
gestão e política que se atenuou com a morte do ex-presidente Hugo Chavez. Não 
se trata mais de um problema interno, visto sua expansão e consequências, como o 
fluxo de imigrantes e a crescente onda migratória para os países vizinhos, como é o 
caso do Brasil. 
A nova lei da migração, lei nº 13.445/2017 veio num momento oportuno, 
pois logo após entrar em vigor, sua eficácia foi testada, tendo em vista os 
desdobramentos da imigração venezuelana e seus impactos com seu alto fluxo 
migratório para o Brasil. A Lei traz garantias e possibilidades aos venezuelanos que 
fogem de uma onda de violência, escassez de alimentos e direitos fundamentais e 
seu pais e têm se instalado no norte no Brasil, mais precisamente nas cidades 
fronteiriças do estado de Roraima e que buscam por estabilidade e ainda possuem 
esperança de uma vida um pouco mais digna, o que nitidamente não é fácil, visto 
que abrem mão de toda uma história para adentram em um novo país, com outra 
cultura, idioma, forte preconceito e perseguição, para terem ao menos suas 
necessidades atendidas. O Brasil se mostra amplamente humanitário e mais aberto 
a receber pessoas em situações extremas e caóticas, através dessa nova Lei que de 
modo geral visa as garantias fundamentais de todos. 
A chegada diária desse grande número de pessoas, que a partir de então 
possuem os mesmo direitos e garantias fundamentais dos nacionais, precisa de 
atenção aos problemas sociais em Roraima, e ações sociais do Estado brasileiro, 
que tenta responder aos desdobramentos de forma a amenizar os conflitos entre os 
povos. 
A ajuda humanitária, a proteção aos Direitos Humanos e a cooperação 
são fundamentais ao cuidado de milhões de refugiados ao redor do globo. Diante da 
existência de vários conflitos, exige-se dos Estados cooperação a buscar soluções. 
 
 
Quanto ao Brasil, o país tem demonstrado papel importante nas relações 
internacionais, seja no âmbito econômico, seja no âmbito político. 
Podemos citar como resposta do Estado Brasileiro a Operação Acolhida 
que se trata de um instrumento do Exército Brasileiro para apoiar, através de 
atenção as necessidades básicas, como alimentação e saúde ao imigrante e 
instalação de abrigos nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. A Operação tem sido 
um sucesso, e amenizado os impactos negativos que os imigrantes poderiam 
passar, visto que não se encontram desamparados e o Exército Brasileiro tem 
voltado grande parte de seus recursos e pessoas em prol desses imigrantes 
venezuelanos, o que o que é uma visível manifestação da aplicabilidade da Nova Lei 
da Migração. 
O constante fluxo migratório dos refugiados da Venezuela só pode ser 
resolvido com o apoio da sociedade civil das grandes metrópoles do Brasil, para 
assim, acelerarmos os processos de interiorização e dar suporte tanto aos 
imigrantes, quanto a população da Venezuela, visto que ambos carecem de 
recursos e atenção. 
 
10. REFERÊNCIAS 
 
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Disponível em <http://jornal.usp.br/atualidades/crise-na-venezuela-faz-crescer-o-
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<https://venezuelanalysis. com/news/14023>. Acesso em: 26 mai. 2019. 
 
Jornal NEXO. Como o Brasil Lida com a Imigração Venezuelana. Disponível em 
<https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/02/14/Como-o-Brasil-lida-com-a-
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