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1 O Capital - Crítica da Economia Política Segunda Aula Resumo da seção 1: Os dois fatores da mercadoria: valor de uso e valor. Consideremos o mercado da geometria plana. Aí a seguinte troca pode ocorrer: 4,5 centímetro quadrado Qual o valor de troca da mercadoria "triângulo"? Resposta: 4,5 mercadoria "quadrado unitário". Note que cm2 é o nome convencional da mercadoria "quadrado unitário". Por isso se diz que o valor de troca do triângulo é 4,5 cm2. Cada uma dessas mercadorias tem o seu valor de uso (dado aqui pela forma) O que essa igualdade expressa? Diz que o VALOR do "triângulo" é igual a 4,5 vezes o VALOR do "quadrado unitário". Notem, entretanto, que só o VALOR do "triângulo" é expresso. Pois, o valor de troca 4,5 cm2 é a forma de manifestação do VALOR do "triângulo". Qual é a substância do valor? No mercado da geometria plana, é a área em abstrato. Aqui, pois, VALOR é um quantum de área. 2 Consideremos, agora, a economia mercantil. Como foi visto, aí a substância do VALOR é o trabalho abstrato; e VALOR é um quantum de trabalho abstrato. Ora, vimos, também, que o valor não é algo que se manifesta a si mesmo. Ele aparece em público por meio do valor de troca, o qual vem a ser a sua forma de manifestação. • Trabalho humano abstrato!!!!!!!????????? O que é isto? Não é, em primeiro lugar, uma ABSTRAÇÃO SUBJETIVA, que ocorre na cabeça dos produtores mercantis ou na cabeça do cientista social. Diferentemente, é uma ABSTRAÇÃO OBJETIVA, que ocorre na prática social. • Essa abstração, ademais, não pode ter por referência o tempo de trabalho de cada indivíduo. Refere-se, diferentemente, a um tempo de trabalho médio que Marx chama de "tempo de trabalho socialmente necessário". Tempo de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer, nas condições dadas de produção socialmente normais, e com o grau social médio de habilidade e intensidade de trabalho. • Assim, quando muda esse tempo de trabalho, muda também o valor da mercadoria. Muda também o valor de troca? A grandeza de valor de uma mercadoria muda na razão direta do quantum, e na razão inversa da força produtiva do trabalho que nela se realiza. 3 Sobre a relação entre valor de uso e valor: “Uma coisa pode ser valor de uso, sem ser valor”. Exemplo? "Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho, sem ser mercadoria". Exemplo? "Nenhuma coisa pode ser valor, sem ser objeto de uso. Sendo inútil, do mesmo modo é inútil o trabalho nela contido. Seção 2: Duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias. Em resumo: A mercadoria é uma coisa dúplice: valor de uso portador de valor. O trabalho que produz mercadoria é também algo dúplice: trabalho concreto que conta como trabalho abstrato. [A] totalidade dos vários tipos de valores de uso... [reflete] uma divisão do trabalho... Ela é condição de existência da produção de mercadorias, embora, inversamente, a produção de mercadorias não seja condição de existência da divisão social do trabalho. Ademais, "numa sociedade cujos produtos assumem, genericamente, a forma mercadoria... desenvolve-se essa diferença qualitativa dos trabalhos úteis, executados independente uns dos outros, como negócios privados autônomos, num sistema complexo, numa divisão social do trabalho". "Como trabalho útil, o trabalho é uma condição da existência do homem, independentemente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre o homem e a natureza e, portanto, da vida humana". "O trabalho não é a única fonte dos valores de uso, da riqueza material. Dela o trabalho é o pai... e a natureza é a mãe". 4 Para Marx, ao contrário, o trabalho é a única fonte do valor- mercadoria. E é assim na sociedade produtora de mercadoria. Nela, o trabalho assume várias formas: trabalho de carpinteiro, trabalho de alfaiate, trabalho de professor, etc. "Abstraindo-se... do caráter útil do trabalho, resta apenas que ele é um dispêndio de força humana de trabalho... dispêndio produtivo de cérebro, músculos, nervos, mãos, etc. humanos." O trabalho enquanto algo fisiológico é, pois, a base do trabalho abstrato. Mas a abstração precisa ainda ser feita [...] "As diferentes proporções, nas quais as diferentes espécies de trabalho são reduzidas [a redução é a operação de abstração objetiva] [...] são fixadas por meio do processo social por trás das costas dos produtores e lhes parecem, portanto, ser dadas pela tradição". Entretanto, essas diferentes proporções mudam no tempo conforme aumenta a força produtiva do trabalho necessária para gerar cada espécie de mercadoria. [...] à crescente massa de riqueza pode corresponder um decréscimo simultâneo da grandeza de valor. Esse movimento contraditório origina-se do duplo caráter do trabalho. Força produtiva é sempre, naturalmente, força produtiva de trabalho útil concreto. Ela determina o grau de eficácia de uma atividade produtiva. ... Ao contrário, uma mudança da força produtiva não afeta ... de modo algum o trabalho representado no valor. Ou seja, uma hora de trabalho concreto, útil, produz 1 panela, 2 panelas, 3 panelas etc. conforme passa o tempo. Entretanto, um hora de trabalho abstrato gera sempre o mesmo VALOR.
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